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Número 7 - CEART - Udesc

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MÓIN-MÓIN<br />

Assim, o mamulengo é evocado, muitas vezes, a partir de uma<br />

idealização, e não realmente daquilo que se verifica em campo.<br />

Parece-me, assim, que dentro das necessidades desses discursos,<br />

importa menos o que seria realmente o mamulengo, e mais a justificativa<br />

ideológica de algo genuinamente brasileiro. Além disso,<br />

um determinado conceito de cultura popular, que apóia a constituição<br />

de tais projetos, é uma idéia homogeneizadora, que impede<br />

observar os fenômenos dentro da dinâmica processual que lhes é<br />

própria, de enxergar quem são de fato seus atores e como agem.<br />

Há uma ideologia clara por trás de alguns autores e artistas e no<br />

modo como eles constroem suas definições acerca do mamulengo.<br />

Em muitos casos, transparece o desejo de se construir o projeto<br />

de um teatro nacional de “raízes populares”, em que os elementos do<br />

teatro popular sejam alçados e ganhem visibilidade no cânone teatral.<br />

Com esta reflexão, não pretendo me colocar numa posição de restringir<br />

ou policiar o campo de definições, ou atribuir um verdadeiro<br />

sentido ao mamulengo. Como o mamulengo também é constituído<br />

por esta imagem idealizada, o mais interessante seria entender o porquê<br />

da eficácia em evocar o mamulengo como justificativa de projetos<br />

de identidade nacional. Também não se trata de julgar quem<br />

pode ou não se definir como mamulengueiro, um debate recorrente<br />

nesse campo de tensões. O que está em jogo é entender os critérios<br />

de quem se define como tal e, a partir daí, problematizar conceitos<br />

e definições. Não acredito que esta discussão possa enfraquecer o<br />

trabalho dos mamulengueiros na Zona da Mata, os portadores deste<br />

conhecimento específico, até porque os processos de legitimação<br />

para tornar-se mestre mamulengueiro neste contexto, também têm<br />

se modificado nos últimos anos. Portanto, não se pode correr o risco<br />

de que sejam criados perfis estereotipados de mestres, baseados em<br />

noções ambíguas, como a idéia de que há um único mamulengo de<br />

“raiz”. A discussão é polêmica, há muitas maneiras de compreendêla,<br />

assim, é preciso ampliar e não dogmatizar o debate.<br />

Outros circuitos, novos contextos<br />

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Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas

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