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Manual do Comitê Transfusional - Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ<br />

MANUAL DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

CONTEÚDO:<br />

I- APRESENTAÇÃO<br />

II- ORGANIZAÇÃO DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

III- TRANSFUSÃO - NORMATIZAÇÃO DE SOLICITAÇÃO E<br />

ATENDIMENTO<br />

IV- HEMOCOMPONENTES - DIRETRIZES PARA TRANSFUSÃO<br />

V- TRANSFUSÃO DE SANGUE AUTÓLOGO (AUTO-<br />

TRANSFUSÃO)<br />

VI- TRANSFUSÃO DE SANGUE DE DOAÇÃO ESPECÍFICA<br />

(DIRIGIDA)<br />

VII- EFEITOS ADVERSOS DA TRANSFUSÃO<br />

VIII- ANEXOS<br />

IX- BIBLIOGRAFIA


I – APRESENTAÇÃO<br />

No final <strong>do</strong> primeiro semestre <strong>do</strong> ano passa<strong>do</strong>, por iniciativa da Diretoria Clínica e<br />

com o objetivo de normatizar a prescrição e aplicação de hemocomponentes no <strong>Hospital</strong>,<br />

foi cria<strong>do</strong> o <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong> Multidisciplinar <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>Alemão</strong> Oswal<strong>do</strong> <strong>Cruz</strong>.<br />

Desde então, com absoluta independência operacional, esse <strong>Comitê</strong> se reuniu<br />

periodicamente para elaborar um <strong>do</strong>cumento que pudesse servir de referência para as<br />

diretrizes transfusionais que julgasse adequadas. Entendia, porém que a legitimidade dessas<br />

diretrizes só seria plenamente alcançada na medida em que pudesse ser realizada uma<br />

ampla discussão das mesmas. Nesse senti<strong>do</strong>, disponibilizou-se na rede <strong>do</strong> HAOC uma<br />

versão preliminar <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento para que o mesmo pudesse ser discuti<strong>do</strong> por toda<br />

comunidade <strong>do</strong> hospital. Por um mês o <strong>do</strong>cumento ficou exposto a críticas e sugestões. Ao<br />

final desse perío<strong>do</strong> foram incorporadas valiosas contribuições oriundas de colegas de<br />

diversas especialidades.<br />

O texto que agora apresentamos é o resulta<strong>do</strong> desse trabalho e deve ser entendi<strong>do</strong><br />

não como fruto <strong>do</strong> esforço isola<strong>do</strong> <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> <strong>Comitê</strong>, mas como gera<strong>do</strong> em sintonia<br />

com o pensamento <strong>do</strong> Corpo Clínico <strong>do</strong> nosso <strong>Hospital</strong>.<br />

A partir de agora esse <strong>do</strong>cumento servirá como base para a indicação e a realização<br />

<strong>do</strong>s procedimentos transfusionais no <strong>Hospital</strong> <strong>Alemão</strong> Oswal<strong>do</strong> <strong>Cruz</strong>. Nele estão contidas<br />

as informações necessárias para que as condutas transfusionais se processem à luz das reais<br />

evidências científicas e em obediência às normatizações já existentes por parte das agencias<br />

regula<strong>do</strong>ras.<br />

Evidentemente que embora pronto, o texto não é definitivo. Eventuais imperfeições<br />

constatadas serão corrigidas. Nesse senti<strong>do</strong>, estão previstas atualizações periódicas. Tem-se<br />

claro, porém que muito se avançou. Com a homogeneização <strong>do</strong>s procedimentos baseada no<br />

rigor científico no campo da hemoterapia o HAOC dá mais um grande passo em direção à<br />

qualidade total de suas atividades.<br />

2<br />

COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

Dezembro de 2006


.<br />

COMPOSIÇÃO INICIAL DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

Dr. Jorge Sabbaga Dr. Joselito Bomfim Brandão<br />

Presidente, médico intensivista Secretário Geral, médico hemoterapeuta<br />

Dr. Celso Massumoto Dr. Edmir Felix da Silva Jr.<br />

Membro, médico hematologista Membro, médico pneumologista<br />

Enf. Fabiana C. M. Mancusi Dr. Milton Dantonio<br />

Membro, enfermeira <strong>do</strong> Setor de TMO Membro, médico anestesiologista<br />

Dr. Renato Bertolucci Enf. Sandra Maria Merotti<br />

Membro, médico Diretor Técnico <strong>do</strong> HAOC Membro, enfermeira de Hemoterapia<br />

AGRADECIMENTOS:<br />

Nossos agradecimentos aos colabora<strong>do</strong>res:<br />

Dr. Almiro <strong>do</strong>s Reis Jr., Dr. João Carlos de Campos Guerra, Dr. João Plínio Souza Rocha,<br />

Dr. Joel Avancini Rocha Filho, Dr. Luis Edmun<strong>do</strong> Pinto da Fonseca, Dr. Luis Fernan<strong>do</strong><br />

Alves Mileo, Dr. Ricar<strong>do</strong> Caponero, Dr. Ricar<strong>do</strong> Souza Nani e Dr. Ricchard Halti Cabral.<br />

COMPOSIÇÃO ATUAL DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

Dr. Celso Massumoto Dr. Joselito Bomfim Brandão<br />

Presidente, médico hematologista Secretário Geral, médico hemoterapeuta<br />

Dr. Jorge Sabbaga Dr. Edmir Felix da Silva Jr.<br />

Membro, médico intensivista Membro, médico pneumologista<br />

Enf. Fabiana C. M. Mancusi Dr. Cassio Campello de Menezes<br />

Membro, enfermeira <strong>do</strong> Setor de TMO Membro, médico anestesiologista<br />

Dr. Renato Bertolucci Enf. Sandra Maria Merotti<br />

Membro, médico Diretor Técnico <strong>do</strong> HAOC Membro, enfermeira de Hemoterapia<br />

3


ÍNDICE Página<br />

I- APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 2<br />

II- ORGANIZAÇÃO DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

1- INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 6<br />

2-ATRIBUIÇÕES E PARTICIPANTES................................................................................ 6<br />

III- TRANSFUSÃO - NORMATIZAÇÃO DE SOLICITAÇÃO E ATENDIMENTO<br />

1- INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 9<br />

2- SOLICITAÇÃO DE TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES........................... 9<br />

3- AMOSTRA PRÉ-TRANSFUSIONAL............................................................................. 10<br />

4- EXAMES IMUNOHEMATOLÓGICOS PRÉ-TRANSFUSIONAIS........................... 11<br />

5-ATENDIMENTO À REQUISIÇÃO DE TRANSFUSÃO............................................... 12<br />

6- ADMINISTRAÇÃO DE TRANSFUSÃO E REGISTROS ............................................ 13<br />

7- RESERVA DE HEMOCOMPONENTES PARA CIRURGIA...................................... 14<br />

8- LISTA DE RESERVA PRÉ-OPERATÓRIA DE CONC. DE HEMÁCIAS ................ 14<br />

IV- DIRETRIZES PARA TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES<br />

IV-A TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS<br />

A-1- INDICAÇÕES ................................................................................................................. 16<br />

A-2-TRANSFUSÃO DE SANGUE TOTAL.......................................................................... 16<br />

A-3- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS............................................ 16<br />

A-4- ASPECTOS PRÁTICOS DA TRANSFUSÃO DE CONC. DE HEMÁCIAS ........... 20<br />

A-5- ADIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS AO CONCENTRADO DE HEMÁCIAS................... 20<br />

A-6- TRANSFUSÃO EM PACIENTES FEBRÍS.................................................................. 20<br />

A-7- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS - LEUCORREDUZIDO.. 21<br />

A-8- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS - IRRADIADO................. 21<br />

A-9- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS - LAVADO....................... 22<br />

IV-B TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS<br />

B-1- INDICAÇÕES....................................................................................................................... 23<br />

B-2- TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PLAQUETAS......................................................... 23<br />

B-3- TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PLAQUETAS EM SITUAÇÕES ESPECIF....... 23<br />

B-4- TRANSFUSÃO TERAPÊUTICA DE PLAQUETAS........................................................ 25<br />

B-5- TRANSFUSÃO TERAPÊUTICA DE PLAQUETAS EM SITUAÇÕES ESPECIF...... 25<br />

B-6- CONTRA-INDICAÇÕES FORMAIS À TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS................ 27<br />

B-7- DOSES E INTERVALOS DE ADMINISTRAÇÃO ......................................................... 27<br />

B-8- COMPATIBILIDADE ABO e Rh(o)................................................................................... 27<br />

B-9- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS - LEUCORREDUZIDO..... 27<br />

B-10- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS - IRRADIADO.................. 28<br />

B-11- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS - LAVADO ....................... 28<br />

B-12- CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE DE PLAQUETAS............................................. 28<br />

B-13- PLAQUETAS POR AFÉRESE X PLAQUETAS RANDÔMICAS.............................. 28<br />

B-14- TROMBOCITOPENIA E ANEMIA................................................................................. 28<br />

B-15- REAÇÕES ADVERSAS À TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS..................................... 28<br />

IV-C TRANSFUSÃO DE PLASMA FRESCO CONGELADO<br />

C-1- DEFINIÇÃO.......................................................................................................................... 29<br />

C-2- OBTENÇÃO.......................................................................................................................... 29<br />

4


C-3- CARACTERÍSTICAS.......................................................................................................... 29<br />

C-4- INDICAÇÕES....................................................................................................................... 29<br />

C-5- DOSE....................................................................................................................................... 30<br />

C-6- CONTRA-INDICAÇÕES.................................................................................................... 30<br />

C-7- COMPATIBILIDADE......................................................................................................... 30<br />

IV-D TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO<br />

D-1- DEFINIÇÃO/OBTENÇÃO.................................................................................................. 31<br />

D-2- CARACTERÍSTICAS.......................................................................................................... 31<br />

D-3- INDICAÇÕES....................................................................................................................... 31<br />

D-4- ASPECTOS PRÁTICOS DA TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO..................... 31<br />

V- TRANSFUSÃO DE SANGUE AUTÓLOGO (AUTO-TRANSFUSÃO)<br />

1- INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 32<br />

2- TIPOS DE TRANSFUSÃO/DOAÇÃO AUTÓLOGA.......................................................... 32<br />

2-1- DOAÇÃO / COLETA AUTÓLOGA PRÉ-OPERATÓRIA............................................. 32<br />

2-2- DOAÇÃO / COLETA AUTÓLOGA PERI-OPERATÓRIA............................................ 34<br />

2-2.1-RECUPERAÇÃO INTRA-OPERATÓRIA DE SANGUE (Cell-saver)........................ 34<br />

2-2.2-HEMODILUIÇÃO NORMOVOLÊMICA...................................................................... 35<br />

VI- TRANSFUSÃO DE SANGUE DE DOAÇÃO ESPECÍFICA (DOAÇÃO DIRIGIDA) ............... 37<br />

VII - EFEITOS ADVERSOS DA TRANSFUSÃO<br />

1-INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 39<br />

2-EFEITOS ADVERSOS IMEDIATOS DA TRANSFUSÃO................................................ 39<br />

3-EFEITOS ADVERSOS TARDIOS DA TRANSFUSÃO .................................................... 45<br />

VIII- ANEXOS<br />

1- REQUISIÇÃO DE TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES E PROCEDIMENTOS... 48<br />

2- REGISTRO DE COLETA DE AMOSTRA PRÉ-TRANSFUSIONAL............................. 49<br />

3- LISTA DE RESERVA PRÉ-OPERATÓRIA DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS.. 50<br />

4-TERMO DE RESPONSABILIDADE - TRANSFUSÃO DE EXTREMA URGÊNCIA.. 51<br />

5-REGISTRO DE INSTALAÇÃO DA TRANSFUSÃO.......................................................... 52<br />

6-REGISTRO DE MONITORIZAÇÃO DA TRANSFUSÃO............................................... 52<br />

7-SOLICITAÇÃO DE COLETA DE SANGUE PARA AUTO-TRANSFUSÃO ………… 53<br />

8- PRESCRIÇÃO DE SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE FERRO ........................................ 54<br />

9-CONDUTA IMEDIATA EM SUSPEITA DE REAÇÃO TRANSFUSIONAL................ 55<br />

IX- BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................... 56<br />

5


II-ORGANIZAÇÃO DO COMITÊ TRANSFUSIONAL<br />

II - 1- INTRODUÇÃO<br />

A transfusão de hemocomponentes ainda é uma terapia que envolve riscos, às vezes<br />

mortais. Sen<strong>do</strong> assim, sua utilização pressupõe a existência de um Serviço de Hemoterapia<br />

de qualidade, responsável, que tenha conhecimento perfeito <strong>do</strong>s hemocomponentes que<br />

utiliza, bem como um perfeito entrosamento com os profissionais requisitantes e com os<br />

demais setores <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, em especial com o Setor de Enfermagem.<br />

A indicação da transfusão, a preparação <strong>do</strong> hemocomponente a ser usa<strong>do</strong>, bem<br />

como sua administração implicam procedimentos de grande responsabilidade médica, daí a<br />

importância da existência de um COMITÊ TRANSFUSIONAL, MULTIDISCIPLINAR,<br />

para orientar e integrar estas atividades, visan<strong>do</strong> a maior segurança para os pacientes, para<br />

os membros <strong>do</strong> Corpo Clínico, para o Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC e para o <strong>Hospital</strong>.<br />

O Regulamento Técnico para Procedimentos de Hemoterapia da ANVISA-<br />

Ministério da Saúde - RDC No. 153 de 14 de junho de 2004, faz as seguintes referências ao<br />

<strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong>:<br />

“A.5- O SERVIÇO DE SAÚDE QUE TENHA SERVIÇO DE HEMOTERAPIA DEVE<br />

CONSTITUIR UM COMITÊ TRANSFUSIONAL, MULTIDISCIPLINAR, DO QUAL FAÇA PARTE UM<br />

REPRESENTANTE DO SERVIÇO DE HEMOTERAPIA QUE O ASSISTE”.<br />

“A.8- O SERVIÇO DE HEMOTERAPIA DEVE IMPLEMENTAR PROTOCOLO PARA<br />

CONTROLAR AS INDICAÇÕES, O USO E O DESCARTE DOS COMPONENTES SANGÜÍNEOS”.<br />

“A.9- A TRANSFUSÃO DE SANGUE E COMPONENTES DEVE SER UTILIZADA<br />

CRITERIOSAMENTE, TENDO EM CONTA QUE É UM PROCEDIMENTO QUE NÃO ESTÁ ISENTO<br />

DE RISCOS. SUA INDICAÇÃO PODERÁ SER OBJETO DE ANÁLISE PELO SERVIÇO DE<br />

HEMOTERAPIA.”.<br />

“I.7.8- O MÉDICO DO SERVIÇO DE HEMOTERAPIA PODE SUSPENDER UMA<br />

TRANSFUSÃO, QUANDO CONSIDERÁ-LA DESNECESSÁRIA. ESTES CASOS DEVEM SER<br />

DISCUTIDOS NO COMITÊ TRANSFUSIONAL DA INSTITUIÇÃO”.<br />

II - 2- ATRIBUIÇÕES, PARTICIPANTES, ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO<br />

1- Descrição<br />

As Normas da ANVISA e das Agências Acredita<strong>do</strong>ras determinam que os Hospitais<br />

garantam o uso apropria<strong>do</strong> de hemocomponentes, exigin<strong>do</strong> para tal a criação de um <strong>Comitê</strong><br />

<strong>Transfusional</strong>, Multidisciplinar.<br />

O <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong> deve discutir, dentre outros, os seguintes aspectos<br />

relaciona<strong>do</strong>s ao uso <strong>do</strong>s hemocomponentes:<br />

a) Solicitação<br />

b) Distribuição, manuseio e administração<br />

c) Gerenciamento<br />

d) Monitorização das respostas <strong>do</strong>s pacientes<br />

2- Participantes, Estrutura e Funcionamento<br />

Devem fazer parte <strong>do</strong> <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong> (CT), membros representativos <strong>do</strong> Corpo<br />

Clínico, da Enfermagem, da Administração e <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>. Em<br />

6


sua estrutura deve haver um Presidente e um Secretário. O Representante Médico <strong>do</strong><br />

Serviço de Hemoterapia é um membro obrigatório <strong>do</strong> <strong>Comitê</strong>, não deven<strong>do</strong> no entender<br />

deste comitê, ser seu Presidente para não comprometer a transparência <strong>do</strong> processo que está<br />

se propon<strong>do</strong>.<br />

O <strong>Comitê</strong> deve estabelecer Diretrizes (“Guidelines”) para a administração de cada<br />

hemocomponente, valen<strong>do</strong>-se da literatura médica como referência.<br />

Já que é fundamental que os membros <strong>do</strong> Corpo Clínico participem ativamente no<br />

processo de monitorização, é imprescindível que as Diretrizes sejam formalmente<br />

aprovadas por eles antes de sua implantação.<br />

As Diretrizes Transfusionais devem orientar os médicos solicitantes sobre práticas<br />

transfusionais, para as quais existem evidências baseadas na prática e em estu<strong>do</strong>s clínicos.<br />

Não se deve esperar que essas Diretrizes contemplem to<strong>do</strong>s os casos em que se indique<br />

transfusão. Haverá situações clínicas nelas não contempladas, em que a transfusão poderá<br />

ser necessária. Nestes casos deve-se obedecer ao bom senso e à experiência <strong>do</strong>s elementos<br />

envolvi<strong>do</strong>s no caso. Poderá haver, também, situações contempladas pelas Diretrizes que<br />

não serão necessariamente melhoradas com a transfusão. Em to<strong>do</strong>s os casos, a razão da<br />

solicitação <strong>do</strong> hemocomponente deve estar evidenciada na <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> prontuário<br />

médico.<br />

3- Avaliação da Indicação da Transfusão<br />

A avaliação pode ser feita prospectivamente (antes da transfusão) ou<br />

retrospectivamente (após a transfusão). Teoricamente, é preferível a avaliação prospectiva,<br />

pois pode identificar transfusões desnecessárias e corrigir uma solicitação inadequada em<br />

tempo hábil, benefician<strong>do</strong> assim, o paciente. Para hemocomponentes de alto custo, a<br />

avaliação prospectiva é a mais adequada. Da mesma forma, uma solicitação potencialmente<br />

perigosa pode também requerer uma avaliação prospectiva. Por exemplo, uma solicitação<br />

de transfusão de plaquetas para um paciente com púrpura trombocitopênica trombótica ou<br />

uma solicitação de quatro unidades de concentra<strong>do</strong> de hemácias para uma criança. Para a<br />

maioria <strong>do</strong>s casos que envolvem um grande número de transfusões, as avaliações<br />

retrospectivas são adequadas e são as mais usadas.<br />

Para cada transfusão, pelo menos as seguintes informações devem ser<br />

<strong>do</strong>cumentadas:<br />

a) Pedi<strong>do</strong> médico<br />

b) Indicação<br />

c) Resulta<strong>do</strong>s laboratoriais ou clínicos relaciona<strong>do</strong>s, antes e após a transfusão<br />

d) Avaliação <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong><br />

Membro(s) <strong>do</strong> CT deve(m) fazer revisões <strong>do</strong>s registros manuais ou eletrônicos,<br />

usan<strong>do</strong> as Diretrizes desenvolvidas pelo <strong>Comitê</strong> como referência (ex.: nível de<br />

hemoglobina, contagem de plaquetas, diagnóstico). Quan<strong>do</strong> houver questões sobre a<br />

indicação e resulta<strong>do</strong>s da transfusão, os registros no prontuário devem ser revistos em<br />

reunião <strong>do</strong> <strong>Comitê</strong>.<br />

Se o CT, na avaliação, não encontrar os elementos que justifiquem a transfusão,<br />

deve-se contatar o médico <strong>do</strong> paciente. Esta providência normalmente é feita por carta, pelo<br />

7


Presidente <strong>do</strong> <strong>Comitê</strong>. A resposta <strong>do</strong> médico solicitante deverá justificar a<br />

transfusão. Se não for satisfatória, surge uma oportunidade para se orientar o médico por<br />

carta. Se a carta for ignorada, ou se a resposta retornada for insatisfatória o Diretor Clínico<br />

deve ser solicita<strong>do</strong> para participar <strong>do</strong> processo de avaliação.<br />

4- Monitorização<br />

O uso de hemocomponentes deve ser monitoriza<strong>do</strong> da forma que seja mais<br />

adequada para o <strong>Hospital</strong>. A monitorização pode ser feita em relação a um médico ou um<br />

grupo de médicos solicitantes (por exemplo, uma equipe médica ou um setor <strong>do</strong> hospital); a<br />

um diagnóstico clínico ou cirúrgico (por exemplo, número de unidades de concentra<strong>do</strong>s de<br />

hemácias usa<strong>do</strong>s num procedimento de prótese de quadril; uso de plaquetas durante uma<br />

cirurgia cardíaca; total de hemocomponentes usa<strong>do</strong>s durante um transplante hepático ou<br />

num grupo particular de um diagnóstico). Esta investigação deve ser feita com o espírito de<br />

uma revisão colaborativa e as intervenções corretivas devem ser educacionais.<br />

Há outras situações que comportam monitorizações e que podem ser acompanhadas<br />

por meio de indica<strong>do</strong>res forneci<strong>do</strong>s pelo Serviço de Hemoterapia: desprezo de<br />

hemocomponentes prepara<strong>do</strong>s e não transfundi<strong>do</strong>s (ex.: descongelamento de plasma fresco;<br />

preparação de um pool de plaquetas); unidades autólogas coletadas e não transfundidas e<br />

número de unidades preparadas e reservadas para uma determinada intervenção cirúrgica e<br />

não transfundidas.<br />

5- Sumário<br />

É exigi<strong>do</strong> que os Hospitais tenham um <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong>, mas<br />

independentemente disso, entendemos que ele é extremamente útil para a Instituição no<br />

tocante a assuntos relaciona<strong>do</strong>s à transfusão, nos quais o Serviço de Hemoterapia não pode<br />

e nem deve atuar sozinho. O Serviço de Hemoterapia deve ser um elemento facilita<strong>do</strong>r,<br />

para que os componentes <strong>do</strong> comitê possam se engajar e trabalhar com uma filosofia<br />

proativa, nunca punitiva.<br />

As tarefas de auditar e monitorizar a utilização de hemocomponentes não são atos<br />

de sofisticação. São simplesmente uma forma de se ter normas e condutas apropriadas, que<br />

devem ser revistas periodicamente, visan<strong>do</strong> o melhor resulta<strong>do</strong> e a maior segurança <strong>do</strong>s<br />

pacientes.<br />

Como em to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>do</strong> atendimento médico de alta qualidade, na prática<br />

transfusional é importante dizer o que se faz, fazer o que se diz e <strong>do</strong>cumentar o que foi<br />

feito.<br />

8


III- TRANSFUSÃO - NORMATIZAÇÃO DE SOLICITAÇÃO E<br />

ATENDIMENTO<br />

III - 1- INTRODUÇÃO<br />

À medida que o <strong>Hospital</strong> <strong>Alemão</strong> Oswal<strong>do</strong> <strong>Cruz</strong> vem evoluin<strong>do</strong> em qualidade,<br />

complexidade e volume de atendimento, o Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC tem ti<strong>do</strong> a<br />

maior preocupação em acompanhar esta evolução. Preocupa<strong>do</strong>s com a qualidade e<br />

segurança <strong>do</strong>s procedimentos hemoterapêuticos, achamos por bem normatizar algumas<br />

condutas rotineiras relacionadas aos diversos setores <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>. Tal normatizaçao é de<br />

interesse geral e procura atender às determinações Normativas da ANVISA-Ministério da<br />

Saúde.<br />

O objetivo <strong>do</strong> presente <strong>do</strong>cumento é o de apresentar ao Corpo Médico e ao Corpo de<br />

Enfermagem <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> <strong>Alemão</strong> Oswal<strong>do</strong> <strong>Cruz</strong> algumas orientações sobre as condutas<br />

mais importantes em relação à solicitação e ao recebimento de hemocomponentes.<br />

III - 2- SOLICITAÇÃO DE TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES<br />

A solicitação para o atendimento rotineiro de transfusão deverá ser feita na<br />

prescrição médica e em formulário impresso padroniza<strong>do</strong> em três vias (anexo 1). Devem<br />

ser atendi<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os itens da RDC No. 153 já referida, que transcrevemos abaixo:<br />

“I.1.1.- AS SOLICITAÇÕES PARA TRANSFUSÃO DE SANGUE OU COMPONENTES DEVEM<br />

SER FEITAS EM FORMULÁRIOS ESPECÍFICOS QUE CONTENHAM INFORMAÇÕES SUFICIENTES<br />

PARA UMA CORRETA IDENTIFICAÇÃO DO RECEPTOR.<br />

DO FORMULÁRIO DEVEM CONSTAR, PELO MENOS, OS SEGUINTES DADOS: NOME E<br />

SOBRENOME DO PACIENTE, SEXO, IDADE, PESO, NÚMERO DO PRONTUÁRIO OU REGISTRO<br />

DO PACIENTE, NÚMERO DO LEITO (NO CASO DE PACIENTE INTERNADO), DIAGNÓSTICO,<br />

ANTECEDENTES TRANSFUSIONAIS, HEMOCOMPONENTE SOLICITADO, (COM O RESPECTIVO<br />

VOLUME OU QUANTIDADE), TIPO DA TRANSFUSÃO, RESULTADOS LABORATORIAIS QUE<br />

JUSTIFIQUEM INDICAÇÃO DO HEMOCOMPONENTE, DATA, ASSINATURA E NÚMERO DO CRM<br />

DO MÉDICO SOLICITANTE.<br />

UMA REQUISIÇÃO INCOMPLETA, INADEQUADA OU ILEGÍVEL NÃO DEVE SER ACEITA PELO<br />

SERVIÇO DE HEMOTERAPIA”.<br />

“I.1.2 –QUANTO AO TIPO, A TRANSFUSÃO PODE SER CLASSIFICADA EM:<br />

a) “PROGRAMADA”, PARA DETERMINADO DIA E HORA;<br />

b) “NÃO URGENTE”, A SE REALIZAR DENTRO DAS 24 HORAS;<br />

c) “URGENTE”, A SE REALIZAR DENTRO DAS 3 HORAS; OU<br />

d) “DE EXTREMA URGÊNCIA”, QUANDO O RETARDO NA ADMINISTRAÇÃO DA<br />

TRANSFUSÃO PODE ACARRETAR RISCO PARA A VIDA DO PACIENTE.<br />

I.1.2.1 AS TRANSFUSÕES DEVEM SER REALIZADAS, PREFERENCIALMENTE, NO<br />

PERÍODO DIURNO”.<br />

É fundamental ressaltar que o pedi<strong>do</strong> médico é um <strong>do</strong>cumento de extrema<br />

importância, não só pelos aspectos normativos (legais), mas também pelos aspectos<br />

médico, técnico e administrativo.<br />

9


III- 3- AMOSTRA PRÉ-TRANSFUSIONAL<br />

A obtenção das amostras pré-transfusionais de sangue é uma das etapas mais<br />

importantes dentro da terapia transfusional. Sua cuida<strong>do</strong>sa coleta e adequada identificação<br />

são etapas fundamentais para a qualidade e segurança da transfusão. As amostras de sangue<br />

para provas pré-transfusionais têm validade de 72 horas.<br />

1- COLETA DAS AMOSTRAS<br />

De acor<strong>do</strong> com a RDC No. 153, já referida:<br />

“I.3.4-AS AMOSTRAS USADAS PARA AS PROVAS PRÉ-TRANSFUSIONAIS DEVEM SER<br />

COLETADAS PARA ESTE FIM ESPECÍFICO”<br />

Como a responsabilidade pelo preparo <strong>do</strong> sangue ou <strong>do</strong>s hemocomponentes para<br />

transfusão é <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC, ele não pode utilizar amostras coletadas<br />

por um outro setor <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong>, com exceção <strong>do</strong> Centro Cirúrgico. Nas Seções, no Day<br />

Clinic, no Pronto-Atendimento e na UTI a coleta destas amostras, incluin<strong>do</strong> as usadas para<br />

reserva pré-operatória de sangue, é de responsabilidade <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong><br />

HAOC.<br />

A coleta das amostras para reserva pré-operatória de sangue é registrada na<br />

Anotação de Enfermagem <strong>do</strong> Prontuário <strong>do</strong> paciente por meio de um texto em carimbo<br />

(anexo 2).<br />

O Serviço de Hemoterapia tem defini<strong>do</strong> para quais intervenções cirúrgicas serão<br />

coletadas amostras pré-transfusionais, de acor<strong>do</strong> com uma lista própria, denominada Lista<br />

de Reserva Pré-operatória de Concentra<strong>do</strong>s de Hemácias – LRCH (anexo 3). No modelo<br />

atual da Programação Cirúrgica elaborada diariamente pelo <strong>Hospital</strong>, consta uma coluna<br />

específica denominada B (Banco de Sangue), sinalizan<strong>do</strong> com a letra S, para quais<br />

procedimentos cirúrgicos serão coletadas amostras pré-transfusionais pelo Serviço de<br />

Hemoterapia.<br />

É importante que o médico anestesiologista rotineiramente verifique nas Anotações<br />

de Enfermagem, <strong>do</strong> Prontuário <strong>do</strong> Paciente, se há registro da coleta das amostras prétransfusionais<br />

pelo Serviço de Hemoterapia. Se preferir, ele pode obter esta informação por<br />

telefone contatan<strong>do</strong> o Serviço de Hemoterapia<br />

Há certas situações onde o Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC pode não ter coleta<strong>do</strong><br />

as amostras para tipagem e/ou reserva pré-operatória de Concentra<strong>do</strong>s de Hemácias:<br />

a) Quan<strong>do</strong> o Serviço de Hemoterapia não teve conhecimento da internação <strong>do</strong><br />

paciente, por não constar seu nome na Programação Cirúrgica;<br />

b) Quan<strong>do</strong> o paciente internou-se e imediatamente foi encaminha<strong>do</strong> para o Centro<br />

Cirúrgico;<br />

c) Quan<strong>do</strong> a cirurgia não faz parte da Lista de Reserva Pré-Operatória de<br />

Concentra<strong>do</strong> de Hemácias - LRCH (anexo 3).<br />

Nas situações acima, a responsabilidade pela coleta e identificação das amostras<br />

pré-transfusionais será <strong>do</strong> médico anestesiologista, portanto, ele precisará ficar atento para<br />

a possibilidade das amostras pré-transfusionais não terem si<strong>do</strong> coletadas.<br />

10


O Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC se incumbirá de manter em todas as salas <strong>do</strong><br />

Centro Cirúrgico os conjuntos com os três tubos abaixo descritos para coleta das amostras<br />

de sangue, com as etiquetas de identificação afixadas e padronizadas de acor<strong>do</strong> com as<br />

normas da Resolução Ministerial referida :<br />

-1 (um) ou 2 (<strong>do</strong>is) tubos secos, com gel-separa<strong>do</strong>r (tampa plástica amarelada). O<br />

segun<strong>do</strong> tubo seco será usa<strong>do</strong> para exame de HIV pré-transfusional quan<strong>do</strong> da primeira<br />

internação ou da reinternação <strong>do</strong> paciente.<br />

-1 (um) tubo com anticoagulante EDTA (tampa de cor roxa).<br />

2- IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS<br />

A etiqueta <strong>do</strong>s tubos deverá ser obrigatoriamente preenchida nos seguintes<br />

campos: Procedência (N o . da sala cirúrgica) - Nome <strong>do</strong> paciente - N o . de Registro/SAME -<br />

Data e Nome da pessoa que realizou a coleta da amostra. Este nome também é<br />

fundamental, pois esta etiqueta tem valor como <strong>do</strong>cumento comprobatório. O funcionário<br />

<strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC está autoriza<strong>do</strong> a recusar amostra que não esteja<br />

exatamente de acor<strong>do</strong> com o estabeleci<strong>do</strong>. Não há emergência ou pressa que justifique<br />

uma amostra inadequadamente colhida e/ou inadequadamente identificada, pois tal prática<br />

poderá vir a se transformar em fator de risco para o paciente.<br />

Neste aspecto a RDC N o . 153 determina:<br />

“I.3- AMOSTRAS DE SANGUE PARA PROVAS PRÉ-TRANSFUSIONAIS<br />

I.3.1 TODOS OS TUBOS DEVEM SER ROTULADOS NO MOMENTO DA COLETA COM O<br />

NOME COMPLETO DO RECEPTOR, SEU NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO E DATA DA COLETA. A<br />

IDENTIFICAÇÃO DA AMOSTRA PODE, TAMBÉM, SER FEITA POR CÓDIGOS DE BARRAS.<br />

TUBOS QUE NÃO ESTEJAM CORRETAMENTE IDENTIFICADOS<br />

NÃO DEVEM SER ACEITOS PELO SERVIÇO DE HEMOTERAPIA.<br />

I.3.2 DEVE EXISTIR UM MECANISMO QUE PERMITA A IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA<br />

QUE REALIZOU A COLETA DA AMOSTRA DE SANGUE”.<br />

III - 4- EXAMES IMUNOHEMATOLÓGICOS PRÉ-TRANSFUSIONAIS<br />

Nas amostras de sangue <strong>do</strong> paciente são realizadas os seguintes testes: Tipagem<br />

ABO-Rh e, eventualmente, fenotipagem para outros antígenos eritrocitários; Pesquisa de<br />

Anticorpos Irregulares (PAI) -anticorpos imunes anti-eritrocitários- e eventual identificação<br />

desse ou desses anticorpos. Para preparação de transfusão de concentra<strong>do</strong> de hemácias<br />

realiza-se também a Prova <strong>Cruz</strong>ada Maior (de compatibilidade), nesta utilizan<strong>do</strong>-se<br />

hemácias <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e soro <strong>do</strong> paciente. Na unidade de concentra<strong>do</strong> de hemácias a ser<br />

utilizada é obrigatória a redeterminação (retipagem direta) pré-transfusional <strong>do</strong> grupo<br />

sangüíneo (ABO).<br />

Se a pesquisa de anticorpos detectar a presença de aloanticorpos anti-eritrocitários,<br />

faz-se a identificação deste(s) e, por fenotipagem, escolhe-se o concentra<strong>do</strong> de hemácias<br />

negativo para o(s) antígeno(s) correspondente(s). Dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> número de anticorpos<br />

presentes e de sua(s) especificidade(s), poderá ser uma tarefa difícil e demorada encontrarse<br />

o concentra<strong>do</strong> de hemácias compatível. O tempo necessário para os testes prétransfusionais<br />

pode variar de menos de uma hora (se não houver nenhuma dificuldade <strong>do</strong><br />

ponto de vista imunohematológico) até um ou mais dias.<br />

11


As provas de compatibilidade são realizadas nas seguintes etapas: centrifugação<br />

imediata, incubação a 37 C e de teste de antiglobulina humana (Soro de Coombs), com<br />

leitura e registro das várias etapas.<br />

É desnecessária a realização de prova de compatibilidade antes da transfusão de<br />

plasma, plaquetas e crioprecipita<strong>do</strong>.<br />

III - 5 - ATENDIMENTO À REQUISIÇÃO DE HEMOCOMPONENTES<br />

Objetivan<strong>do</strong> uma transfusão com o menor risco possível, a preparação dela deve ser<br />

cercada de to<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, demandan<strong>do</strong>, no caso de Concentra<strong>do</strong> de Hemácias, um mínimo<br />

de 40 minutos, desde que o Serviço de Hemoterapia já possua amostra de sangue <strong>do</strong><br />

paciente e que este não apresente nenhum Anticorpo Irregular. Porém, há situações de<br />

emergência em que não se dispõe deste tempo; daí, ser importante que toda solicitação de<br />

hemocomponente mencione se a transfusão deverá ser: PROGRAMADA, NÃO<br />

URGENTE, URGENTE ou DE EXTREMA URGÊNCIA. (Ver Item 2- I.1.2). No caso de<br />

transfusão de extrema urgência o médico solicitante deverá assinar o Termo de<br />

Responsabilidade, constante no verso <strong>do</strong> impresso próprio para solicitação de transfusão<br />

(anexo 4)<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a RDC N o . 153 determina que:<br />

“I.1.3 TRANSFUSÃO DE EXTREMA URGÊNCIA<br />

A LIBERAÇÃO DE SANGUE TOTAL OU CONCENTRADO DE HEMÁCIAS SEM PROVAS DE<br />

COMPATIBILIDADE PODE SER FEITA, DESDE QUE OBEDECIDAS AS SEGUINTES CONDIÇÕES:<br />

a) O QUADRO CLÍNICO DO PACIENTE JUSTIFIQUE A EXTREMA URGÊNCIA, ISTO É, QUANDO<br />

O RETARDO NO INÍCIO DA TRANSFUSÃO POSSA LEVAR O PACIENTE AO ÓBITO.<br />

b) EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO ESCRITO NO SERVIÇO, ESTIPULANDO O MODO COMO<br />

ESTA LIBERAÇÃO SERÁ REALIZADA.<br />

c) TERMO DE RESPONSABILIDADE ASSINADO PELO MÉDICO RESPONSÁVEL PELO PACIENTE<br />

NO QUAL AFIRME EXPRESSAMENTE CONCORDAR COM O PROCEDIMENTO.<br />

d) AS PROVAS PRÉ-TRANSFUSIONAIS DEVEM SER REALIZADAS ATÉ O FINAL, MESMO QUE A<br />

TRANSFUSÃO JÁ TENHA SIDO COMPLETADA.<br />

I.1.3.1 O MÉDICO SOLICITANTE DEVE SER INFORMADO DOS RISCOS E SERÁ<br />

RESPONSÁVEL PELAS CONSEQÜÊNCIAS DO ATO TRANSFUSIONAL, SE A EMERGÊNCIA<br />

HOUVER SIDO CRIADA POR SEU ESQUECIMENTO OU OMISSÃO.<br />

I.1.3.1.1. SE NÃO HOUVER AMOSTRA DO PACIENTE NO SERVIÇO, ESTA DEVE SER<br />

COLHIDA ASSIM QUE POSSÍVEL. NOS CASOS DE TRANSFUSÃO EM CARÁTER DE EXTREMA<br />

URGÊNCIA, EM QUE NÃO HÁ TEMPO PARA TIPIFICAR O SANGUE DO RECEPTOR, É<br />

RECOMENDÁVEL O USO DE SANGUE O NEGATIVO. NÃO HAVENDO ESTE TIPO DE SANGUE<br />

EM ESTOQUE NO SERVIÇO, PODERÁ SER USADO SANGUE O POSITIVO, SOBRETUDO EM<br />

PACIENTES DO SEXO MASCULINO OU EM PACIENTES DE QUALQUER SEXO COM MAIS DE<br />

45 ANOS DE IDADE.<br />

I.1.3.2 O ENVIO DA BOLSA NÃO IMPLICA INTERRUPÇÃO DAS PROVAS PRÉ-<br />

TRANSFUSIONAIS, QUE DEVEM CONTINUAR A SER FEITAS NORMALMENTE. EM CASO DE<br />

ANORMALIDADE NESTAS PROVAS, O MÉDICO-ASSISTENTE DEVE SER IMEDIATAMENTE<br />

NOTIFICADO, E A DECISÃO SOBRE A SUSPENSÃO OU CONTINUAÇÃO DA TRANSFUSÃO<br />

DEVE SER TOMADA EM CONJUNTO POR ESTE E POR MÉDICO DO SERVIÇO DE<br />

HEMOTERAPIA”.<br />

12


Quan<strong>do</strong> em função <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s testes de compatibilidade verificar-se que não<br />

existe disponibilidade de sangue compatível para o paciente, o Serviço de Hemoterapia<br />

comunicará o fato ao médico solicitante e, em conjunto, decidirão sobre a conduta frente à<br />

situação.<br />

III - 6 - ADMINISTRAÇÃO DE TRANSFUSÃO E REGISTROS<br />

Nas Seções, no Day Clinic, no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI), e no<br />

Pronto Atendimento, a responsabilidade pela administração <strong>do</strong>s hemocomponentes é <strong>do</strong><br />

Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC. O transfusionista solicitará a requisição de transfusão<br />

(anexo 1) e verificará se está de acor<strong>do</strong> com a solicitação telefônica. Em seguida, verificará<br />

também a prescrição médica, checará a identificação <strong>do</strong> paciente e, após verificar os sinais<br />

vitais deste, administrará o hemocomponente e acompanhará a transfusão nos primeiros 10<br />

minutos. A seguir, checará a transfusão na Prescrição Médica e registrará na Anotação de<br />

Enfermagem, por meio de um texto em carimbo (anexo 5): o tipo de hemocomponente<br />

instala<strong>do</strong>, o número da bolsa, o volume aproxima<strong>do</strong>, o fluxo de gotejamento, a região <strong>do</strong><br />

acesso venoso, a hora e seu nome. Para a vigilância e o encerramento da transfusão o<br />

Serviço de Hemoterapia conta com a assistência da Enfermagem <strong>do</strong> Setor, porém existe<br />

uma norma no Serviço de Hemoterapia de que um funcionário, após aproximadamente uma<br />

hora <strong>do</strong> início da transfusão, retorne ao leito <strong>do</strong> paciente para proceder uma monitorização<br />

da transfusão, isto é, verificar se a transfusão está ocorren<strong>do</strong> ou ocorreu sem<br />

intercorrências. Esta monitorização também é registrada na Anotação de Enfermagem por<br />

meio de um carimbo próprio (anexo 6).<br />

Na UTI, no Centro Cirúrgico e no Setor de Hemodiálise, o Serviço de Hemoterapia<br />

conta com a colaboração <strong>do</strong>s profissionais destes setores para instalação, vigilância e<br />

encerramento da transfusão <strong>do</strong>s hemocomponentes. Na UTI e no Setor de Hemodiálise, o<br />

funcionário <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC solicitará a requisição de transfusão<br />

(anexo 1) e verificará se está de acor<strong>do</strong> com a solicitação telefônica. Em seguida, verificará<br />

também a Prescrição Médica e entregará o(s) hemocomponente(s) ao enfermeiro ou<br />

auxiliar de enfermagem responsável, com a Guia de Fornecimento correspondente, junto ao<br />

leito <strong>do</strong> paciente. Este profissional de enfermagem terá a responsabilidade de conferir a<br />

identificação <strong>do</strong> receptor constante na etiqueta da(s) bolsa(s) e conferir o número de <strong>do</strong>ação<br />

constante nesta etiqueta com o constante no rótulo adesivo da bolsa <strong>do</strong> hemocomponente.<br />

Deverá preencher a data, a hora e seu nome nos campos apropria<strong>do</strong>s da Guia de<br />

Fornecimento, acusan<strong>do</strong> o recebimento <strong>do</strong>(s) correspondente(s) hemocomponente(s). Em<br />

seguida o funcionário que entregou o(s) hemocomponente(s) registrará esta entrega na<br />

Anotação de Enfermagem.<br />

No Centro Cirúrgico, o funcionário <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia, solicitará a<br />

requisição de transfusão (anexo 1) ao profissional de enfermagem e verificará se está de<br />

acor<strong>do</strong> com a solicitação telefônica. Entregará o(s) hemocomponente(s) a este profissional,<br />

juntamente com duas vias da Guia de Fornecimento correspondente, que após a conferência<br />

13


necessária, conforme parágrafo anterior, deverá preencher a data, a hora e seu nome nas 2<br />

vias da Guia, acusan<strong>do</strong> o recebimento <strong>do</strong>(s) correspondente(s) hemocomponente(s). A(s)<br />

unidades(s) <strong>do</strong>(s) hemocomponente(s) serão entregues ao médico anestesiologista,<br />

juntamente com a 2 a . via da Guia de Fornecimento. Nesta guia será anota<strong>do</strong> o destino de<br />

cada hemocomponente, ou seja, se ele foi transfundi<strong>do</strong> ou devolvi<strong>do</strong>. Ela será assinada e<br />

carimbada pelo médico anestesiologista e será anexada ao Prontuário <strong>do</strong> paciente. Neste<br />

senti<strong>do</strong>, com o objetivo de rastreabilidade <strong>do</strong>s hemocomponentes, a RDC No. 153<br />

determina que:<br />

“K.1-É OBRIGATÓRIO QUE FIQUE REGISTRADO NO PRONTUÁRIO OS NÚMEROS E A<br />

ORIGEM DOS HEMOCOMPONENTES TRANSFUNDIDOS, BEM COMO A DATA EM QUE A<br />

TRANSFUSÃO FOI REALIZADA”<br />

Na suspeita de qualquer reação transfusional a administração <strong>do</strong> hemocomponente<br />

deverá ser interrompida e o fato comunica<strong>do</strong> imediatamente ao Serviço de Hemoterapia. O<br />

médico hemoterapeuta avaliará o paciente e tomará a conduta adequada para o caso,<br />

notifican<strong>do</strong> em seguida o médico solicitante da transfusão.<br />

III -7- RESERVA DE HEMOCOMPONENTES PARA CIRURGIA<br />

Consideran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os aspectos referi<strong>do</strong>s acima sobre solicitação de sangue e<br />

hemocomponentes e seu atendimento pelo Serviço de Hemoterapia, é prudente que os<br />

Cirurgiões procurem obter um histórico transfusional de seu paciente para verificar se ele é<br />

um politransfundi<strong>do</strong> ou se tem algum antecedente de complicação transfusional, como<br />

sensibilização a aloantígenos eritrocitários ou reações transfusionais. No caso de paciente<br />

sensibiliza<strong>do</strong> em transfusões anteriores, ou mesmo por gestações múltiplas, é muito<br />

importante que o paciente seja encaminha<strong>do</strong> previamente ao Serviço de Hemoterapia para<br />

que se colha amostras de seu sangue para se antecipar um estu<strong>do</strong> imunohematológico e que,<br />

com isso, seja possível fazer-se um planejamento pré-transfusional com segurança. Este<br />

cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong> encaminhamento prévio <strong>do</strong> paciente é cada vez mais importante em vista da<br />

recente prática de os pacientes se internarem no dia da cirurgia, às vezes até poucas horas<br />

antes <strong>do</strong> ato cirúrgico.<br />

No caso <strong>do</strong> paciente apresentar história de reações transfusionais, também é<br />

importante que o cirurgião consulte o médico <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia para receber<br />

orientações sobre algum tipo de tratamento a ser feito no hemocomponente que será<br />

reserva<strong>do</strong> para a cirurgia ou sobre a indicação de medicação profilática pré-transfusional.<br />

III - 8 - LISTA DE RESERVA PRÉ-OPERATÓRIA DE CONCENTRADOS DE<br />

HEMÁCIAS -LRCH<br />

É fundamental que o cirurgião e o anestesiologista tenham prévio conhecimento da<br />

existência ou não de Concentra<strong>do</strong> de Hemácias reserva<strong>do</strong> para seu paciente no Serviço de<br />

Hemoterapia e de sua quantidade, ou se há apenas amostras colhidas para tipagem e<br />

pesquisa de anticorpos irregulares, ou mesmo se nada foi inicia<strong>do</strong> neste senti<strong>do</strong>. Os<br />

terminais de informática <strong>do</strong> <strong>Hospital</strong> apresentam a Lista de Programação Cirúrgica Diária,<br />

14


a qual contém uma coluna identificada pela letra B (Banco de Sangue) que indica com a<br />

letra S (Sim) para quais intervenções cirúrgicas deverão ser coletadas amostras de sangue<br />

para exames pré-transfusionais. Para obter a informação segura, o anestesiologista e/ou<br />

cirurgião deve(m) consultar o prontuário de enfermagem <strong>do</strong> paciente para verificar se<br />

houve coletas das amostras pré-transfusionais, buscan<strong>do</strong> o registro delas em um texto em<br />

carimbo (anexo 2). O Serviço de Hemoterapia elaborou uma lista, denominada Lista de<br />

Reserva Pré-Operatória de Concentra<strong>do</strong>s de Hemácias – LRCH (anexo 3), a qual relaciona<br />

os tipos de procedimentos cirúrgicos com o número de unidades (U) de Concentra<strong>do</strong> de<br />

Hemácias reservadas ou apenas os procedimentos imunohematológicos, ou seja: tipagem e<br />

pesquisa de anticorpos irregulares (T + P.A.I.). O Serviço de Hemoterapia tem o<br />

compromisso de manter a reserva da(s) unidade(s) ou da tipagem e pesquisa de anticorpos,<br />

de acor<strong>do</strong> com a LRCH, desde que seja informa<strong>do</strong> previamente <strong>do</strong> procedimento cirúrgico,<br />

pela Folha de Programação Cirúrgica Diária ou pelo encaminhamento prévio <strong>do</strong> paciente,<br />

conforme sugeri<strong>do</strong> no item anterior.<br />

Caso determina<strong>do</strong> paciente e/ou procedimento cirúrgico apresente(m) características<br />

peculiares em relação à possibilidade de uso de hemocomponentes, o cirurgião deverá fazer<br />

uma comunicação, de preferência por escrito, ao Serviço de Hemoterapia solicitan<strong>do</strong> um<br />

número de unidades reservadas diferente <strong>do</strong> constante na LRCH. Por outro la<strong>do</strong>, caso não<br />

se consiga reservar o número de unidades indicadas na LRCH, tal fato será informa<strong>do</strong> ao<br />

cirurgião, com a maior antecedência possível.<br />

A LRCH é construída com base em da<strong>do</strong>s locais e, portanto, ela pode variar de<br />

hospital para hospital. Procedimentos com uma pequena probabilidade de necessitar<br />

transfusão, isto é: mais de 90% <strong>do</strong>s pacientes não são transfundi<strong>do</strong>s naquele referi<strong>do</strong> tipo de<br />

procedimento, o Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC deverá apenas proceder a tipagem e<br />

pesquisa de anticorpos antieritrocitários irregulares (P.A.I.). Procedimentos com 10% ou<br />

mais de probabilidade de necessitar transfusão deverão ter bolsas de concentra<strong>do</strong> de<br />

hemácias reservadas. O número de unidades reservadas deverá ser suficiente para satisfazer<br />

a solicitação de sangue em pelos menos 90% <strong>do</strong>s pacientes submeti<strong>do</strong>s à determinada<br />

cirurgia.<br />

15


IV- HEMOCOMPONENTES - DIRETRIZES PARA TRANSFUSÃO<br />

IV-A-- TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS<br />

IV-A- 1 - INDICAÇÕES<br />

As hemácias são transfundidas para melhorar a capacidade de transporte de<br />

oxigênio <strong>do</strong> paciente. Nem toda anemia exige transfusão de hemácias, pois na vigência<br />

desta, o organismo lança mão de mecanismos compensatórios, como aumento <strong>do</strong> débito<br />

cardíaco, que conseguem reduzir a hipóxia. Além disto, a oferta de oxigênio para os teci<strong>do</strong>s<br />

pode exceder em muito a capacidade destes para extraí-lo.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, considera-se que as anemias em que a <strong>do</strong>sagem de hemoglobina<br />

seja superior a 10g/dl (ou com hematócrito superior a 30%) são bem toleradas e, só<br />

excepcionalmente, requerem transfusão de hemácias. Inversamente, é geralmente aceito<br />

que em situações nas quais a hemoglobina é inferior a 6g/dl existe grande risco de hipóxia<br />

tecidual e de comprometimento das funções vitais, já que abaixo deste limite os<br />

mecanismos compensatórios já não são eficazes para prevenir o dano tecidual.<br />

Entre 6 e 10g/dl de hemoglobina, a anemia pode ou não exigir transfusão, fican<strong>do</strong> a<br />

indicação na dependência da avaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> clínico <strong>do</strong> paciente, da <strong>do</strong>ença de base, da<br />

causa da anemia, da rapidez com que esta pode ser corrigida por outros meios que não a<br />

transfusão e da eficácia <strong>do</strong>s mecanismos de compensação.<br />

A conduta na anemia sintomática deve ser orientada conforme o risco <strong>do</strong> paciente,<br />

basea<strong>do</strong> na <strong>do</strong>ença de base, idade e presença de <strong>do</strong>enças cardíaca ou pulmonar associadas.<br />

Deve-se lembrar que as anemias de instalação crônica, nas quais houve tempo de se<br />

estabelecerem os mecanismos de compensação, geralmente são melhor toleradas, enquanto<br />

as anemias agudas, principalmente aquelas com hipovolemia associada, implicam em maior<br />

agressividade terapêutica.<br />

IV-A- 2- TRANSFUSÃO DE SANGUE TOTAL<br />

Praticamente não há mais nenhuma indicação, na prática médica, para a transfusão<br />

de sangue total. Este produto não tem nenhuma vantagem sobre o concentra<strong>do</strong> de hemácias<br />

pois o aumento pós-transfusional <strong>do</strong> hematócrito é idêntico àquele obti<strong>do</strong> com os<br />

concentra<strong>do</strong>s de hemácias e o risco de sobrecarga volêmica é maior, assim como o risco de<br />

reações transfusionais, já que o sangue total contém muito mais proteínas e células não<br />

viáveis – plaquetas – <strong>do</strong> que o concentra<strong>do</strong> de hemácias. A única indicação para a<br />

transfusão de sangue total é a exsangüineotransfusão em recém-nasci<strong>do</strong>s.<br />

16


IV-A - 3- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS<br />

IV-A-3-1- TRANSFUSÃO EM CIRURGIA<br />

1 - Transfusão no pré-operatório<br />

Durante muito tempo as transfusões no pré-operatório de procedimentos cirúrgicos<br />

eletivos eram realizadas para respeitar a chamada regra <strong>do</strong>s 10/30, uma regra que<br />

estabelecia que não se devia operar eletivamente pacientes com <strong>do</strong>sagem de hemoglobina<br />

inferior a 10 g/dl e/ou hematócrito inferior a 30%. Os defensores desta regra acreditavam<br />

que pacientes anêmicos tinham a cicatrização dificultada no pós-operatório, apresentavam<br />

risco de <strong>do</strong>ença cardiovascular ou cerebrovascular aguda, estavam mais expostos a<br />

infecções e tinham risco aumenta<strong>do</strong> de hemorragias.<br />

Nas últimas décadas, porém, esta regra foi radicalmente contestada, com base em<br />

diversos estu<strong>do</strong>s que mostraram, entre outras coisas, que:<br />

a) A relação entre anemia e cicatrização pós-cirúrgica só existe nas anemias<br />

intensas (hemoglobina inferior a 5 g/dl ou hematócrito inferior a 15%).<br />

b) O risco de isquemia coronariana ou cerebral per-operatória só está presente nas<br />

anemias intensas (hemoglobina inferior a 6 g/dl e hematócrito inferior a 18%),<br />

ou em pacientes com <strong>do</strong>ença cardíaca ou aterosclerose cerebral prévia e<br />

hematócrito inferior a 30% (hemoglobina menor que 10g/dl).<br />

c) A associação entre anemia pré-operatória e risco de infecção pós-operatória<br />

nunca foi demonstrada. Ao contrario, existem hoje diversos estu<strong>do</strong>s que<br />

sugerem uma relação entre transfusão pré-operatória e infecção<br />

(imunomodulação).<br />

d) Também não há estu<strong>do</strong> demonstran<strong>do</strong> correlação entre anemia e hemorragia<br />

perioperatória, exceto em pacientes com trombocitopenia, em que a anemia é<br />

um fator de risco para a ocorrência de sangramento.<br />

Todas essas evidências conduzem às seguintes recomendações, quanto à transfusão<br />

de concentra<strong>do</strong> de hemácias no pré-operatório de cirurgias eletivas:<br />

1 a ) A taxa de hemoglobina nunca deve ser o único parâmetro a ser avalia<strong>do</strong> e nem pode ter<br />

um valor decisório absoluto. As condições clínicas <strong>do</strong> paciente devem ser analisadas<br />

cuida<strong>do</strong>samente e a <strong>do</strong>sagem de hemoglobina (ou hematócrito) é apenas mais um <strong>do</strong>s<br />

critérios a ser leva<strong>do</strong> em conta.<br />

2 a ) Em pacientes sem <strong>do</strong>ença cardíaca, cerebral ou pulmonar preexistentes, não há<br />

indicação para elevar o hematócrito a 30% no pré-operatório. Hematócrito de 24% já é<br />

aceitável nestas circunstâncias.<br />

3 a ) Em pacientes com <strong>do</strong>ença cardíaca, pulmonar ou cerebrovasculares preexistente, devese<br />

elevar o hematócrito para 30% no pré-operatório de intervenções cirúrgicas eletivas.<br />

17


A mesma recomendação deve ser feita em pacientes i<strong>do</strong>sos (idade superior a 70 anos), pelo<br />

risco de <strong>do</strong>enças coronariana ou cerebrovasculares silenciosas.<br />

4 a ) Em pacientes com trombocitopenias intensas (contagem de plaquetas inferior a<br />

50.000/µL), consideran<strong>do</strong> a complexidade <strong>do</strong> procedimento cirúrgico, o hematócrito préoperatório<br />

deve ser eleva<strong>do</strong> para 30%.<br />

5 a ) Sempre que possível, deve-se evitar a transfusão eletiva nas 24 horas que antecedem o<br />

procedimento cirúrgico, para atenuar as conseqüências de possível hiperviscosidade<br />

sangüínea durante o ato cirúrgico.<br />

2 – Transfusão no per-operatório<br />

A transfusão de concentra<strong>do</strong> de hemácias está indicada durante o ato cirúrgico<br />

quan<strong>do</strong> a perda sangüínea aproximada for superior a 25%, consideran<strong>do</strong>-se o nível de<br />

hemoglobina inicial. Outros critérios sugeri<strong>do</strong>s são: hemoglobina inferior a 6 g/dl,<br />

independente das condições hemodinâmicas e sinais de hipóxia decorrente de perda aguda<br />

de sangue.<br />

3 – Transfusão no pós-operatório<br />

No pós-operatório, a indicação de transfusão de concentra<strong>do</strong> de hemácias deve<br />

seguir as mesmas regras utilizadas para a transfusão em Clínica Médica ou em Terapia<br />

Intensiva, descritas a seguir, quan<strong>do</strong> os pacientes são interna<strong>do</strong>s nestas unidades após o ato<br />

operatório.<br />

IV-A-3-2- TRANSFUSÃO EM CLÍNICA MÉDICA<br />

Apesar de todas as ressalvas que possam ser feitas à utilização <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />

gatilhos transfusionais, isto é, escolha de determina<strong>do</strong>s níveis de hematócrito ou<br />

hemoglobina a partir <strong>do</strong>s quais se deve ou não indicar uma transfusão, a transfusão em<br />

pacientes clínicos e anêmicos raramente está indicada com hemoglobina superior a 10 g/dl,<br />

e quase sempre está indicada quan<strong>do</strong> a hemoglobina é menor que 6 a 7 g/dl. Entre estes<br />

<strong>do</strong>is limites, a decisão de transfundir o paciente deve ser tomada com base na análise<br />

individual de cada caso.<br />

É importante destacar que em pacientes com <strong>do</strong>enças pulmonares obstrutivas<br />

crônicas (DPOC), os níveis de hemoglobina podem ser bastante eleva<strong>do</strong>s (16/18g/dl, por<br />

exemplo) e que diminuições destes níveis para, por exemplo, 13g/dl, podem ser mal<br />

tolera<strong>do</strong>s e exigir transfusão de concentra<strong>do</strong>s de hemácias. De maneira geral, em pacientes<br />

com DPOC sintomáticos deve-se manter a hemoglobina acima de 10g/dl.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong>, pacientes com cardiopatias, sobretu<strong>do</strong> isquêmicas, também<br />

toleram muito mal a anemia ou as quedas relativamente brandas <strong>do</strong> hematócrito. Nestes<br />

18


casos, a transfusão de concentra<strong>do</strong>s de hemácias deve ser feita para manter os níveis de<br />

hemoglobina acima de 9-10 g/dl.<br />

IV-A-3-3- TRANSFUSÃO EM TERAPIA INTENSIVA<br />

Em pacientes interna<strong>do</strong>s em Unidades de Terapia Intensiva, há uma tendência de se<br />

manter o hematócrito mais eleva<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista que possíveis mecanismos<br />

compensatórios para a anemia estão geralmente comprometi<strong>do</strong>s neste grupo de indivíduos.<br />

Porém, consideran<strong>do</strong> o atual esta<strong>do</strong> de conhecimento, a recomendação é de que, em<br />

pacientes cardiopatas em terapia intensiva, a hemoglobina seja mantida acima de 10g/dl;<br />

nos demais pacientes, as transfusões com hemoglobina acima de 10g/dl estão quase sempre<br />

contra indicadas. Com hemoglobina entre 7 e 10g/dl, a decisão de transfundir ou não, deve<br />

ficar a cargo da equipe médica <strong>do</strong> paciente, que para tomar desta decisão deve levar em<br />

conta to<strong>do</strong>s os parâmetros clínicos disponíveis, além da <strong>do</strong>sagem da hemoglobina.<br />

4-A-3-4- TRANSFUSÃO NA ANEMIA HEMOLÍTICA AUTO-IMUNE<br />

Nas anemias hemolíticas auto-imunes os pacientes apresentam auto-anticorpos<br />

dirigi<strong>do</strong>s contra antígenos chama<strong>do</strong>s públicos, por estarem presentes nas hemácias de to<strong>do</strong>s<br />

os indivíduos. Assim sen<strong>do</strong>, não existe sangue compatível para a transfusão nestes<br />

pacientes. A transfusão de concentra<strong>do</strong> de hemácias está indicada apenas nos casos em que<br />

a anemia leva à hipóxia grave e ao comprometimento das funções vitais,<br />

independentemente <strong>do</strong> hematócrito.<br />

Deve-se evitar ao máximo a transfusão de concentra<strong>do</strong>s de hemácias na AHAI,<br />

pelos riscos que representa – de aceleração de hemólise autóloga e de hemólise rápida das<br />

hemácias transfundidas – Porém, em caso de risco de vida iminente, a transfusão deve ser<br />

feita, mesmo saben<strong>do</strong>-se que as hemácias são “incompatíveis”. Nestes casos, recomenda-se<br />

que as hemácias sejam transfundidas lentamente (máximo de 1ml/kg/hora), com cuida<strong>do</strong>sa<br />

observação de efeitos colaterais e, também, com o objetivo de minimizar os riscos de<br />

sobrecarga volêmica em pacientes extremamente anêmicos.<br />

4-A-3-5- TRANSFUSÃO NA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)<br />

Os pacientes porta<strong>do</strong>res de insuficiência renal crônica quase sempre apresentam<br />

graus acentua<strong>do</strong>s de anemia, devi<strong>do</strong> à diminuição <strong>do</strong>s níveis séricos de eritropoetina;<br />

contu<strong>do</strong>, a transfusão de hemácias na IRC pode e deve ser evitada, valen<strong>do</strong>-se da reposição<br />

de eritropoetina. Esta alternativa terapêutica diminuiu drasticamente a necessidade<br />

transfusional nestes pacientes. A transfusão é necessária nos pacientes que apresentam<br />

hemoglobina inferior a 6 a 7 g/dl, o que, praticamente, só acontece naqueles que não<br />

utilizam eritropoetina, ou que apresentam algum tipo de problema com esta medicação.<br />

19


Caso os pacientes com IRC necessitem transfusão de concentra<strong>do</strong>s de hemácias,<br />

esta deve ser feita durante a diálise, para evitar o risco de sobrecarga volêmica.<br />

4-A-3-6- TRANSFUSÃO NAS HEMORRAGIAS AGUDAS<br />

Classicamente, a transfusão de concentra<strong>do</strong>s de hemácias nas hemorragias agudas é<br />

recomendada a partir de uma perda volêmica superior a 25/ 30% da volemia total. O<br />

hematócrito não é um bom parâmetro para guiar a decisão de transfundir ou não, devi<strong>do</strong> ao<br />

fato de que ele só começa a diminuir entre uma e duas horas depois <strong>do</strong> início da<br />

hemorragia.<br />

A transfusão de hemácias está indicada nas hemorragias agudas em função <strong>do</strong>s<br />

sinais clínicos. Quan<strong>do</strong> a freqüência cardíaca eleva-se acima de 100-120 bpm há hipotensão<br />

arterial, o débito urinário cai, o enchimento capilar fica retarda<strong>do</strong> (maior que 2 segun<strong>do</strong>s), a<br />

freqüência respiratória aumenta e o nível de consciência se altera (ansiedade, obnubilação,<br />

síncope), é praticamente certo que a perda volêmica foi importante e que o paciente deve<br />

ser transfundi<strong>do</strong> imediatamente.<br />

IV-A- 4 -ASPECTOS PRÁTICOS DA TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE<br />

HEMÁCIAS<br />

Existia uma antiga máxima em hemoterapia que estabelecia que quem precisava de<br />

uma bolsa de sangue não precisava de nenhuma. A tendência atual vai mais no senti<strong>do</strong><br />

oposto que é o de transfundir uma quantidade de hemácias suficiente para a correção <strong>do</strong>s<br />

sinais/sintomas de hipóxia ou para que o nível de hemoglobina atinja um nível aceitável.<br />

Considera-se que a transfusão de uma bolsa (uma unidade) de concentra<strong>do</strong> de<br />

hemácias (CH), normalmente, eleva o hematócrito em 3 pontos e nível de hemoglobina em<br />

1g, em um adulto médio (70 kg). No entanto, estes números são aproxima<strong>do</strong>s. Para<br />

determinar com precisão o efeito de uma transfusão, em termos da elevação da<br />

hemoglobina, é preciso conhecer a volemia <strong>do</strong> paciente e a massa de hemoglobina contida<br />

em uma bolsa de concentra<strong>do</strong> de hemácias, que normalmente varia de 55 a 65g.<br />

A fórmula para este cálculo é:<br />

No. de unidades de CH = Volemia (litros)/100 x (Hb desejada - Hb paciente)<br />

Quantidade de Hemoglobina por bolsa<br />

IV-A- 5- ADIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS AO CONCENTRADO DE HEMÁCIAS<br />

As hemácias não podem ser transfundidas na mesma via venosa juntamente com<br />

outro tipo de medicamento. É desnecessário diluir o concentra<strong>do</strong> de hemácias para infusão<br />

20


porque o Serviço de Hemoterapia deste hospital na obtenção deste hemocomponente<br />

adiciona rotineiramente 100 ml de solução preservante SAG-Manitol, o que reduz o<br />

hematócrito permitin<strong>do</strong> um bom fluxo na transfusão, mesmo com o uso de agulhas de<br />

pequeno calibre ou de catéteres “port a cath”.<br />

IV-A - 6- TRANSFUSÃO EM PACIENTES FEBRIS<br />

A febre não se constitui em contra-indicação absoluta à transfusão de concentra<strong>do</strong><br />

de hemácias. É importante tentar baixar a febre, com o uso de antitérmicos, antes da<br />

transfusão, porque a volta da febre pode ser um sinal de hemólise ou de outro tipo de reação<br />

transfusional. Se, porém, houver urgência, a transfusão pode ser feita mesmo em presença<br />

de febre.<br />

IV-A-7- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS -<br />

LEUCORREDUZIDO<br />

Recomenda-se a transfusão de concentra<strong>do</strong> de hemácias-leucorreduzi<strong>do</strong> em<br />

pacientes politransfundi<strong>do</strong>s ou que sejam candidatos a receber múltiplas transfusões, a fim<br />

de reduzir a aloimunização a antígenos leucocitários. Também é indicada para reduzir o<br />

risco <strong>do</strong> paciente apresentar a Reação Febril Não-Hemolítica. Recomenda-se, também, nos<br />

casos de pacientes CMV negativos e para pacientes potenciais receptores de transfusão de<br />

plaquetas, já que a refratariedade plaquetária está relacionada à aloimunização a antígenos<br />

leucocitários..<br />

IV-A- 8- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS – IRRADIADO<br />

A irradiação de concentra<strong>do</strong>s de hemácias é indicada para reduzir o risco da Doença<br />

<strong>do</strong> Enxerto Contra Hospedeiro – <strong>Transfusional</strong> (DECH-T)), em inglês transfusionassociated<br />

graft-vs-host disease (TA-GVHD), que é uma ocorrência rara, mas de alta<br />

letalidade, que ocorre por reação <strong>do</strong>s linfócitos T <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r contra antígenos <strong>do</strong> receptor;<br />

em outras palavras: “o hemocomponente rejeita o paciente”. Tipicamente o T-GVHD é<br />

caracteriza<strong>do</strong> por febre e eritema, que em geral se iniciam uma a duas semanas após a<br />

transfusão. Em seguida, os pacientes desenvolvem diarréia, disfunção hepática grave e<br />

aplasia de medula. Além de rara, a incidência desta <strong>do</strong>ença diminui acentuadamente quan<strong>do</strong><br />

se utiliza concentra<strong>do</strong>s de hemácias com tempo de armazenamento superior a três dias. É<br />

importante ressaltar também que o compartilhamento de antígenos de histocompatibilidade<br />

entre <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e receptor de sangue é o principal fator de risco para a ocorrência <strong>do</strong> T-<br />

GVHD. Países com miscigenação racial pequena tendem a apresentar uma menor<br />

diversificação populacional de antígenos HLA e, por isso, apresentam uma incidência<br />

maior de T-GVHD. Esses países, como Japão, por exemplo, a<strong>do</strong>tam rigorosas diretrizes,<br />

com o intuito de prevenir esta <strong>do</strong>ença. O mesmo rigor, no entanto, não é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> por outros<br />

países como EUA e Inglaterra. Recomendamos irradiar os concentra<strong>do</strong>s de hemácias que se<br />

destinam aos seguintes pacientes:<br />

21


1) Neonatos;<br />

2) Porta<strong>do</strong>res de Doença de Hodgkin;<br />

3) Naqueles que se encontram no pré, peri e até seis meses de pós-transplante de<br />

medula óssea – autólogo ou alogênico;<br />

4) Naqueles trata<strong>do</strong>s por análogos de Purina, ex.: Fludarabina, Cladribina e<br />

Deoxicoformicina;<br />

5) Receptores que sejam parentes em primeiro grau <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sangue ou<br />

hemocomponente;<br />

O benefício da utilização rotineira de concentra<strong>do</strong>s de hemácias irradia<strong>do</strong>s para pacientes<br />

diferentes <strong>do</strong>s acima lista<strong>do</strong>s não está ainda demonstra<strong>do</strong>.<br />

IV-A- 9- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE HEMÁCIAS – LAVADO<br />

O Concentra<strong>do</strong> de Hemácias Lavadas é o hemocomponente obti<strong>do</strong> após lavagens<br />

(no mínimo três) com solução isotônica de cloreto de sódio, com a finalidade de retirar a<br />

maior quantidade possível de plasma. Em função <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>, o produto pode<br />

conter ainda quantidades variáveis <strong>do</strong>s leucócitos e plaquetas originalmente presentes na<br />

unidade original, não sen<strong>do</strong> indica<strong>do</strong> para redução <strong>do</strong> risco de aloimunização HLA. É<br />

indica<strong>do</strong> para prevenir reação alérgica intensa a proteínas plasmáticas <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e também<br />

para pacientes deficientes de IgA. No procedimento de lavagem ocorre perda de até 15 %<br />

<strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de hemácias.<br />

IV-B -TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS<br />

IV-B -1- INDICAÇÕES<br />

A transfusão de plaquetas pode ser realizada na profilaxia ou no tratamento de<br />

hemorragias, em pacientes com trombocitopenia ou trombocitopatia.<br />

IV-B -2- TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PLAQUETAS<br />

Tem como objetivo prevenir hemorragias espontâneas ou induzidas por pequenos<br />

traumas ou por procedimentos invasivos (Ver abaixo item 3.4).<br />

Está indicada nos pacientes com trombocitopenias agudas por deficiência de<br />

produção, quan<strong>do</strong> a contagem de plaquetas for inferior a 10.000/µl ou inferior a 50.000/µl<br />

antes de procedimentos invasivos.<br />

Nos pacientes com trombocitopatia hereditária ou adquirida, independentemente da<br />

contagem de plaquetas, está indicada quan<strong>do</strong> forem submeti<strong>do</strong>s a procedimentos invasivos.<br />

22


IV-B-3-TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PLAQUETAS EM SITUAÇÕES<br />

ESPECÍFICAS<br />

IV-B-3-1- NA APLASIA DE MEDULA PÓS-QUIMIOTERAPIA E/OU<br />

RADIOTERAPIA<br />

Está indicada quan<strong>do</strong> a contagem de plaquetas for inferior a 10.000/µl, ou inferior a<br />

50.000/µl antes de procedimentos invasivos.<br />

Em pacientes que apresentem fatores de risco para hemorragias, tais como grandes<br />

esplenomegalias, febre, uso de antibióticos ou antifúngicos, este gatilho pode ser mais alto<br />

(15.000 ou até 20.000 plaquetas/µl).<br />

IV-B-3-2- NA TROMBOCITOPENIA DAS ANEMIAS APLÁSTICAS E<br />

SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS - SMD.<br />

Não há consenso de que a transfusão profilática de plaquetas em pacientes estáveis,<br />

com plaquetopenia crônica por deficiência de produção, reduza a ocorrência de<br />

sangramentos graves.<br />

IV-B-3-3- NA PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA (PTI)<br />

Não há indicação de transfusão profilática de plaquetas na PTI.<br />

Na preparação para esplenectomia recomenda-se não transfundir profilaticamente<br />

antes da cirurgia, mas deixar reservadas 2 (duas) <strong>do</strong>ses de concentra<strong>do</strong> de plaquetas-CP<br />

(randômicas ou manuais) ou 2 (duas) unidades de concentra<strong>do</strong> de plaquetas (CPA) obtidas<br />

por aférese, as quais serão utilizadas durante o ato cirúrgico, se houver sangramento<br />

importante.<br />

Cada <strong>do</strong>se de CP corresponde a 1 (uma) unidade para cada10 kg de peso <strong>do</strong> receptor<br />

ou a uma unidade obtida por aférese (CPA).<br />

IV-B-3-4-EM PACIENTES TROMBOCITOPÊNICOS QUE SERÃO<br />

SUBMETIDOS A ATOS CIRÚRGICOS OU PROCEDIMENTOS INVASIVOS<br />

Recomenda-se a transfusão profilática de plaquetas sempre que a contagem estiver<br />

abaixo de 50.000/µl nas seguintes situações:<br />

Anestesia peridural.<br />

Biópsia transbrônquica.<br />

Biópsia hepática.<br />

Laparotomia.<br />

Punção de veias profundas.<br />

Paracentese e toracocentese.<br />

Extração dentária.<br />

Biópsia gástrica (en<strong>do</strong>scópica).<br />

23


Em cirurgias neurológicas e oftalmológicas é recomenda<strong>do</strong> que a contagem de<br />

plaquetas esteja igual ou acima 100.000/µl.<br />

Nas cirurgias cardíacas com circulação extracorpórea, não há consenso na literatura<br />

sobre a contagem mínima de 50.000 ou 100.000/µl.<br />

Em to<strong>do</strong>s os casos acima, recomenda-se a transfusão profilática de plaquetas<br />

imediatamente antes <strong>do</strong>s procedimentos.<br />

Nos procedimentos de punção lombar e broncoscopia (sem biópsia) a contagem de<br />

plaquetas deve estar acima de 20.000/µl.<br />

IV-B-3-5- EM TROMBOCITOPENIAS SECUNDÁRIAS A HIPERESPLENISMO<br />

Não há indicação para a transfusão profilática de plaquetas em pacientes com<br />

trombocitopenia causada por hiperesplenismo, exceto nas situações de preparação para<br />

procedimentos invasivos. Neste caso, a transfusão deve ser feita imediatamente antes <strong>do</strong><br />

procedimento.<br />

IV-B-3-6- EM TROMBOCITOPATIAS HEREDITÁRIAS E ADQUIRIDAS<br />

Não há indicação de transfusão profilática de plaquetas em pacientes porta<strong>do</strong>res de<br />

trombocitopatias hereditárias (Glanzman, Bernard-Soulier, síndrome <strong>do</strong> pool plaquetário e<br />

outros) ou adquiridas, exceto se a transfusão for realizada antes de um procedimento<br />

invasivo.<br />

IV-B-3-7- NA DENGUE HEMORRÁGICA<br />

A trombocitopenia que acompanha os casos de dengue hemorrágica é causada pela<br />

presença de anticorpos que, dirigi<strong>do</strong>s contra proteínas virais, apresentam reação cruzada<br />

contra antígenos plaquetários. Na prática, esta plaquetopenia se comporta como a da PTI e,<br />

portanto, não há indicação para a transfusão profilática de plaquetas, independentemente da<br />

contagem de plaquetas no sangue periférico.<br />

A transfusão profilática de plaquetas também não está indicada nas<br />

trombocitopenias que podem acompanhar a Leptospirose e as Riquetsioses.<br />

IV-B-3-8- NA COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD)<br />

Não há indicação para transfusão profilática de plaquetas na CIVD.<br />

IV-B-3-9- EM TROMBOCITOPENIAS INDUZIDAS PELA HEPARINA<br />

As transfusões profiláticas de plaquetas estão contra-indicadas na trombocitopenia<br />

induzida pela heparina, por aumentarem consideravelmente o risco de trombose.<br />

IV-B-3-10- NA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – AIDS<br />

Na trombocitopenia <strong>do</strong>s pacientes com AIDS deve ser considerada a etiologia.<br />

Quan<strong>do</strong> de causa imunológica, não há indicação para transfusão de plaquetas. Quan<strong>do</strong><br />

decorrente da deficiência de produção requer abordagem semelhante à proposta em B.2-2.<br />

24


IV-B-3-11- EM TRANSFUSÃO MACIÇA<br />

Não há indicação <strong>do</strong> emprego profilático de plaquetas pós-transfusão maciça de<br />

hemácias ou de sangue total, exceto antes de procedimentos invasivos.<br />

IV-B- 4 - TRANSFUSÃO TERAPÊUTICA DE PLAQUETAS<br />

O objetivo da transfusão terapêutica de plaquetas não é elevar a contagem de<br />

plaquetas acima de um certo limite, mas ajudar a corrigir o distúrbio hemostático, que pode<br />

estar contribuin<strong>do</strong> para a hemorragia.<br />

A transfusão terapêutica de plaquetas está indicada no paciente que apresenta<br />

disfunção plaquetária e hemorragia com risco de vida, independentemente da contagem de<br />

plaquetas.<br />

A transfusão terapêutica de plaquetas também está indicada no paciente com<br />

hemorragia em curso e contagem de plaquetas inferior a 50.000/µl.<br />

IV-B-5- TRANSFUSÃO TERAPÊUTICA DE PLAQUETAS EM SITUAÇÕES<br />

ESPECÍFICAS`<br />

IV-B-5-1-EM TROMBOCITOPENIA DE CONSUMO (PÚRPURA<br />

TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA-PTI, DENGUE HEMORRÁGICA E<br />

HIPERESPLENISMO) E NAS TROMBOCITOPATIAS<br />

Não há indicação de transfusão de plaquetas, exceto na presença de hemorragias<br />

ativas, com risco de vida. Nestes casos deve haver monitorização clínica cuida<strong>do</strong>sa.<br />

A transfusão também deve ser realizada nos casos com manifestação sugestiva de<br />

hemorragia intracraniana.<br />

IV-B-5-2- EM CIRURGIA CARDÍACA<br />

Na cirurgia cardíaca com circulação extracorpórea a transfusão terapêutica de<br />

plaquetas está indicada sempre que o paciente apresentar sangramento difuso, independente<br />

da contagem de plaquetas.<br />

No pós-operatório imediato, há indicação de transfusão de plaquetas se houver<br />

sangramento e:<br />

a) a contagem de plaquetas for inferior a 50.000/ µl, ou<br />

b) houver sangramento difuso, independente da contagem de plaquetas.<br />

IV-B-5-3- EM COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD)<br />

A transfusão de concentra<strong>do</strong> de plaquetas está indicada somente na presença de<br />

hemorragia ativa. Neste caso recomenda-se monitorização clínica cuida<strong>do</strong>sa.<br />

IV-B-5-4- EM PACIENTES REFRATÁRIOS<br />

Uma das grandes complicações que surgem em pacientes que recebem constantes<br />

transfusões de plaquetas é a refratariedade. Este termo designa uma situação na qual as<br />

transfusões plaquetárias deixam de ser eficazes. Isto se traduz pela ausência de resposta<br />

25


clínica nos pacientes que recebem as transfusões e/ou que não aumentam a contagem de<br />

plaquetas no sangue periférico, como espera<strong>do</strong>. Geralmente uma <strong>do</strong>se padrão de plaquetas -<br />

em média 6 (seis) unidades randômicas ou 1 (uma) unidade de plaquetas por aférese-<br />

aumenta a contagem de plaquetas em 30 a 40.000 plaquetas/µl entre 10 (dez) minutos e 1<br />

(uma) hora após a transfusão.<br />

A refratariedade pode ser de etiologia imune ou não imune. De um mo<strong>do</strong> geral 50%<br />

<strong>do</strong>s casos de refratariedade são de etiologia não imune, a saber: infecções graves e<br />

septicemias, sobretu<strong>do</strong> se acompanhadas de febre, uso de antibióticos, como Vancomicina e<br />

Ciprofloxacin e antifúngicos, como Anfotericina B, grandes esplenomegalias, hemorragias<br />

ativas e CIVD.<br />

A refratariedade de etiologia imune é devi<strong>do</strong> à aloimunização contra antígenos HLA<br />

de classe I, presentes em todas as células nucleadas <strong>do</strong> organismo, inclusive as plaquetas, e<br />

contra antígenos plaquetários específicos, bem mais rara que a anterior. A refratariedade de<br />

origem imune, na maioria das vezes, é decorrente de transfusões repetidas de concentra<strong>do</strong><br />

de plaquetas, mas pode também ser resulta<strong>do</strong> de incompatibilidade materno-fetal, uso de<br />

plaquetas ABO-incompatíveis ou de repetidas transfusões de hemocomponentes. Ressaltese<br />

que nem to<strong>do</strong> paciente que desenvolve alo-anticorpos anti-HLA torna-se refratário.<br />

Recomenda-se que em to<strong>do</strong>s os pacientes submeti<strong>do</strong>s a transfusões repetidas de<br />

plaquetas por trombocitopenia, seja realizada uma contagem diária de plaquetas no sangue<br />

periférico.<br />

Suspeita-se de refratariedade plaquetária, quan<strong>do</strong> não há resposta hemostática nem<br />

aumento da contagem de plaquetas após duas transfusões consecutivas de concentra<strong>do</strong>s de<br />

plaquetas ABO-compatíveis.<br />

Quan<strong>do</strong> houver suspeita de refratariedade recomenda-se solicitar parecer <strong>do</strong> médico<br />

hemoterapeuta ou encaminhar o paciente para o médico hematologista.<br />

IV-B- 6- CONTRA-INDICAÇÕES FORMAIS À TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS<br />

A transfusão profilática de plaquetas está contra-indicada nas seguintes situações<br />

clínicas:<br />

Síndrome hemolítico-urêmica;<br />

Púrpura pós-transfusional;<br />

Púrpura trombocitopênica imunológica estável.<br />

Púrpura trombocitopênica trombótica - PTT.<br />

IV-B-7- DOSES E INTERVALOS DE ADMINISTRAÇÃO<br />

IV-B-7-1-TRANSFUSÃO PROFILÁTICA<br />

Recomenda-se, na transfusão profilática de plaquetas, a <strong>do</strong>se de 1 (uma) unidade<br />

para cada 10 kg de peso <strong>do</strong> paciente. Na maioria das vezes, a transfusão profilática precisa<br />

ser repetida a cada 24 a 48 horas. Recomenda-se o controle diário da contagem de plaquetas<br />

em pacientes que recebem transfusões profiláticas.<br />

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IV-B-7-2- TRANSFUSÃO TERAPÊUTICA:<br />

As <strong>do</strong>ses na transfusão terapêutica devem ser de 1 (uma) unidade para cada 5 a 10<br />

kg de peso e os intervalos de administração devem ser mais curtos (8 a 12 horas), até que a<br />

hemorragia seja controlada.<br />

IV-B- 8- COMPATIBILIDADE ABO e Rh(o)<br />

Transfusões de plaquetas ABO-incompatíveis não estão contra-indicadas, embora o<br />

ideal seja sempre a transfusão de plaquetas ABO-compatíveis. Deve-se considerar,<br />

especialmente em crianças e nas transfusões repetidas, a possibilidade de hemólise induzida<br />

pelo plasma ABO-incompatível.<br />

Pacientes que apresentam fator Rh negativo devem preferencialmente receber<br />

plaquetas de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res com fator Rh negativo, pois os concentra<strong>do</strong>s de plaquetas contêm<br />

sempre uma pequena quantidade de hemácias contaminantes, que podem sensibilizar os<br />

pacientes que são Rh negativo, induzin<strong>do</strong>-os a formar anticorpos anti-D. Na maioria <strong>do</strong>s<br />

casos, é impossível transfundir esses pacientes apenas com plaquetas Rh negativo. Quan<strong>do</strong><br />

se usa plaquetas Rh positivo em pacientes com Rh negativo, recomenda-se a utilização de<br />

imunoglobulina anti-D, na <strong>do</strong>se de 25 µg (125 UI) para cada 1 (um) ml de hemácias<br />

contaminantes até 72 horas depois da transfusão para prevenir a sensibilização <strong>do</strong> paciente.<br />

Esta recomendação deve ser estritamente seguida em crianças <strong>do</strong> sexo feminino e mulheres<br />

adultas em idade fértil.<br />

IV-B-9-TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS –<br />

LEUCORREDUZIDO<br />

Recomenda-se a transfusão de plaquetas leucorreduzidas em pacientes que são<br />

candidatos a receber múltiplas transfusões, para reduzir a aloimunização a antígenos<br />

leucocitários, que está relacionada à refratariedade a transfusões de concentra<strong>do</strong>s de<br />

plaquetas. Também indicada para reduzir o risco <strong>do</strong> paciente apresentar a Reação Febril<br />

Não-Hemolítica. Recomenda-se, também, nos casos de pacientes CMV negativos.<br />

IV-B-10- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS -IRRADIADO<br />

As indicações para irradiação de plaquetas são as mesmas da irradiação de<br />

concentra<strong>do</strong> de hemácias referidas no item IV–A-8 (Transfusão de Concentra<strong>do</strong> de<br />

Hemácias – Irradia<strong>do</strong>), acrescidas de receptores de plaquetas de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res seleciona<strong>do</strong>s<br />

HLA compatíveis.<br />

IV-B-11- TRANSFUSÃO DE CONCENTRADO DE PLAQUETAS-LAVADO<br />

O Concentra<strong>do</strong> de Plaquetas – Lava<strong>do</strong> é o hemocomponente obti<strong>do</strong> após lavagens<br />

(no mínimo três) com solução isotônica de cloreto de sódio, com a finalidade de retirar a<br />

maior quantidade possível de plasma. É indica<strong>do</strong> para prevenir reação alérgica intensa a<br />

proteínas plasmáticas <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e também para pacientes deficientes de IgA. No<br />

procedimento de lavagem não ocorre alteração qualitativa nas plaquetas, mas ocorre perda<br />

de até 30% em sua quantidade.<br />

27


IV-B-12- CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE DE PLAQUETAS<br />

Os concentra<strong>do</strong>s plaquetários devem ser armazena<strong>do</strong>s sob agitação constante. Uma<br />

vez retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s agita<strong>do</strong>res eles devem ser transfundi<strong>do</strong>s o mais rapidamente possível.<br />

As plaquetas devem ser transportadas e conservadas a temperaturas entre 20 e 24 ºC.<br />

IV-B-13- PLAQUETAS POR AFÉRESE X PLAQUETAS RANDÔMICAS<br />

A diferença básica <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tipos de concentra<strong>do</strong>s de plaquetas é a exposição <strong>do</strong><br />

paciente a um menor número de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res quan<strong>do</strong> ele é transfundi<strong>do</strong> com plaquetas obtidas<br />

de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r único (por aférese), sen<strong>do</strong>, portanto, menor o risco residual da transfusão.<br />

IV-B -14- TROMBOCITOPENIA E ANEMIA<br />

Recomenda-se que a <strong>do</strong>sagem de hemoglobina em pacientes com trombocitopenia<br />

e/ou refratários à transfusão de plaquetas, seja mantida acima de 8g/dl.<br />

IV-B-15- REAÇÕES ADVERSAS À TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS<br />

As reações adversas mais freqüentes são: reação transfusional febril não hemolítica<br />

(RTFNH), reações urticariformes, contaminações bacterianas, alo-imunização, Doença <strong>do</strong><br />

Enxerto Versus Hospedeiro-<strong>Transfusional</strong> (T-GVHD), <strong>do</strong>enças infecciosas causadas por<br />

vírus ou protozoários transmiti<strong>do</strong>s pelo sangue e Edema Agu<strong>do</strong> Não Cardiogênico<br />

Relaciona<strong>do</strong> à Transfusão (TRALI, <strong>do</strong> inglês transfusion-related acute lung injury).<br />

IV-C- TRANSFUSÃO DE PLASMA FRESCO CONGELADO<br />

IV-C- 1- DEFINIÇÃO<br />

O Plasma é a parte líquida <strong>do</strong> sangue. Constituí<strong>do</strong> basicamente de água,<br />

aproximadamente 7% de proteínas (albumina, globulinas, fatores de coagulação e outras),<br />

2% de carboidratos e lipídeos.<br />

IV-C- 2- OBTENÇÃO<br />

O Plasma Fresco Congela<strong>do</strong> (PFC) pode ser obti<strong>do</strong> a partir da centrifugação de uma<br />

unidade de sangue total ou por meio de equipamento separa<strong>do</strong>r de células (Aférese) e<br />

congela<strong>do</strong> em até no máximo 8 (oito) horas após a coleta, para que se garanta a viabilidade<br />

<strong>do</strong>s fatores de coagulação. Se congela<strong>do</strong> após este prazo passa a se chamar Plasma Comum,<br />

o qual não é mais utiliza<strong>do</strong> para transfusão.<br />

IV-C – 3 - CARACTERÍSTICAS<br />

Uma unidade de PFC tem um mínimo de 170 ml de volume e é conserva<strong>do</strong> congela<strong>do</strong> em<br />

temperatura inferior a -20°C. Após descongela<strong>do</strong> deve ser transfundi<strong>do</strong> em até no máximo<br />

6 (seis) horas, devi<strong>do</strong> à labilidade de alguns fatores de coagulação.<br />

IV-C - 4- INDICAÇÕES<br />

Em virtude <strong>do</strong>s riscos inerentes às transfusões e da disponibilidade de<br />

hemoderiva<strong>do</strong>s específicos, atualmente as indicações terapêuticas da transfusão de plasma<br />

28


fresco congela<strong>do</strong> são restritas. Enquanto não se dispuser <strong>do</strong> deriva<strong>do</strong> industrializa<strong>do</strong><br />

ou outro recurso terapêutico, as indicações de transfusão de plasma fresco congela<strong>do</strong> são:<br />

a- Graves coagulopatias de consumo, com sangramento ativo e grande diminuição na<br />

concentração sérica de múltiplos fatores. Esta situação clínica exige transfusão de PFC<br />

sempre que houver hemorragia e evidências laboratoriais de deficiências de fatores –<br />

prolongamento <strong>do</strong> Tempo de Protrombina (TP) ou Tempo Parcial de Tromboplastina<br />

Ativada (TTPa) de no mínimo 1,5 vezes.<br />

b- Transfusão maciça (mais de duas volemias em menos de 24 horas) desde que haja<br />

persistência de hemorragia e/ou sangramento microvascular, associa<strong>do</strong>s à alteração<br />

significativa da hemostasia (prolongamento de, no mínimo, 1,5 vezes o TP, o TTPa ou o<br />

INR).<br />

c- Tratamento de hemorragias em hepatopatias com deficiências de múltiplos fatores e<br />

alterações no coagulograma.<br />

Considera-se geralmente como alteração significativa <strong>do</strong> coagulograma um TP, ou TTPa<br />

superior a 1,5 vezes <strong>do</strong> valor normal. O uso de complexo protrombínico associa<strong>do</strong> pode<br />

aumentar a eficácia <strong>do</strong> plasma na correção da coagulopatia.<br />

d- Pré ou peri-operatório de transplante hepático, especialmente durante a fase anepáti-<br />

ca da intervenção cirúrgica, quan<strong>do</strong> o INR for superior a 1,5 ou R no tromboelastograma<br />

for superior a 15, associa<strong>do</strong> a sangramento.<br />

e- Tromboses por Déficit de Anti-Trombina III. O produto de escolha é o concentra<strong>do</strong><br />

de Anti-Trombina III.<br />

f- Correção de hemorragias por uso de anticoagulantes cumarínicos (efeito Warfarin)<br />

ou reversão rápida <strong>do</strong>s efeitos cumarínicos. O produto de escolha nesta situação é o<br />

complexo protrombínico. Como a disponibilidade deste tipo de concentra<strong>do</strong> ainda é<br />

pequena nos hospitais, o uso de PFC é uma alternativa aceitável.<br />

g- Reposição de Fatores de coagulação durante plasmaféreses terapêuticas.<br />

h- Paciente com edema angioneurótico (edema de Qüincke) recidivante causa<strong>do</strong> por<br />

déficit de inibi<strong>do</strong>r de C1-esterase.<br />

i- No tratamento da Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) e da Síndrome<br />

Hemolítico-Urêmica <strong>do</strong> adulto (SHU).<br />

IV-C - 5- DOSE:<br />

A <strong>do</strong>se indicada para transfusão de plasma fresco congela<strong>do</strong> para reverter o efeito<br />

warfarin normalmente é de 5 a 8 ml/kg. Nas demais situações a <strong>do</strong>se inicial é usualmente<br />

de 10 a 20 ml/kg.<br />

IV-C- 6- CONTRA-INDICAÇÕES:<br />

a- Expansor volêmico<br />

b- Hipovolemias agudas (com ou sem hipoalbuminemia)<br />

c- Sangramentos sem coagulopatia<br />

d- Imunodeficiências/fonte de imunoglubulina<br />

e- Septicemias<br />

f- Grandes Queima<strong>do</strong>s<br />

g- Complemento de alimentação parenteral<br />

29


h- Manutenção da Pressão Oncótica <strong>do</strong> Plasma<br />

i- Tratamento de pacientes hipovolêmicos e mal distribuí<strong>do</strong>s, com ou sem<br />

hipoalbuminemia.<br />

j- Tratamento da Desnutrição<br />

k- Profilaxia de hemorragias em hepatopatas (exceto em preparações cirúrgicas ou<br />

procedimentos invasivos).<br />

l- Fórmula de reposição nas transfusões maciças.<br />

m- Acelerar processo de cicatrização.<br />

n- Recomposição de sangue total, exceto quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> em exsangüíneotransfusão<br />

de recém-nasci<strong>do</strong>.<br />

IV-C -7- COMPATIBILIDADE:<br />

A escolha <strong>do</strong> plasma a ser transfundi<strong>do</strong> deve obedecer às regras de compatibilidade,<br />

consideran<strong>do</strong>-se os anticorpos presentes no plasma e os antígenos eritrocitários <strong>do</strong> paciente.<br />

IV-D - TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO<br />

IV-D- 1- DEFINIÇÃO/ OBTENÇÃO<br />

Crioprecipita<strong>do</strong> é a fração <strong>do</strong> plasma insolúvel a frio, obtida a partir <strong>do</strong> plasma<br />

fresco congela<strong>do</strong>.<br />

IV-D - 2- CARACTERÍSTICAS<br />

Cada unidade (10 a 20 ml) contém de 80 a 120 UI de Fator VIII e 140 mg/dl de<br />

fibrinogênio, além <strong>do</strong>s fatores XIII e de von Willebrand<br />

IV-D- 3- INDICAÇÕES<br />

a- Reposição de fibrinogênio em pacientes com hemorragia e déficits isola<strong>do</strong>s<br />

congênitos ou adquiri<strong>do</strong>s de fibrinogênio, quan<strong>do</strong> não se dispuser <strong>do</strong> concentra<strong>do</strong> de<br />

fibrinogênio industrial.<br />

b- Reposição de fibrinogênio em pacientes com coagulação intravascular<br />

disseminada – CIVD e graves hipofibrinogenemias (nível de fibrinogênio inferior a 1 g/l).<br />

c- Componente da fórmula da cola de fibrina autóloga para uso tópico.<br />

d- Hipofibrinogenemia associada à transfusão maciça de sangue.<br />

IV-D- 4- ASPECTOS PRÁTICOS DA TRANSFUSÃO DE CRIOPRECIPITADO<br />

IV-D-4-1 – COMPATIBILIDADE<br />

Em função <strong>do</strong> pequeno volume de cada unidade de Crioprecipita<strong>do</strong>, ela não precisa<br />

ser necessariamente compatível ABO.<br />

IV-D-4-2 - DOSE<br />

Cada unidade transfundida aumentará o fibrinogênio em 5-10 mg/dl em um adulto<br />

médio. O número de unidades a transfundir deve considerar que o nível hemostático a ser<br />

atingi<strong>do</strong> deve ser superior a 100 mg/dl.<br />

30


V-TRANSFUSÃO DE SANGUE AUTÓLOGO (AUTO-TRANSFUSÃO)<br />

V-1- INTRODUÇÃO<br />

O objetivo de todas as formas de transfusão autóloga é o de evitar a transfusão de<br />

sangue alogênico. Ela pode ser necessária, por exemplo, quan<strong>do</strong> existe dificuldade de se<br />

obter sangue compatível para um paciente em particular por ele necessitar de um tipo<br />

sangüíneo raro ou apresentar múltiplos anticorpos anti-eritrocitários, mas frequentemente é<br />

usada como uma estratégia para evitar os riscos (infecciosos e imunológicos) da transfusão<br />

alogênica.<br />

V-2-TIPOS DE TRANSFUSÃO/DOAÇÃO AUTÓLOGA<br />

V-2-A- Doação/Coleta Autóloga Pré-Operatória<br />

V-2-A-1- Conceito:<br />

Neste tipo de transfusão colhe-se uma ou mais unidades de sangue total <strong>do</strong> paciente<br />

previamente a uma cirurgia eletiva. Destas unidades são obti<strong>do</strong>s os Concentra<strong>do</strong>s de<br />

Hemácias, que após receberem a adição de uma solução preservante, ex.: SAG-Manitol, são<br />

armazenadas em refrigeração e têm validade de 42 dias. Após este prazo a bolsa <strong>do</strong><br />

hemocomponente é desprezada.<br />

V-2-A-2- Riscos:<br />

Uma vez que mesmo a transfusão de sangue autólogo não é isenta de riscos<br />

(condição clínica <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente, contaminação bacteriana <strong>do</strong> hemocomponente,<br />

sobrecarga volemica, etc.), sua indicação também deve ser criteriosa.<br />

V-2-A-3- Contra-indicações:<br />

São contra-indicações absolutas a insuficiência cardíaca descompensada, a angina<br />

pectoris instável e a presença de infecção ativa ou tratamento antimicrobiano.<br />

Também são contra-indicações o <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente ter ti<strong>do</strong> diarréia nos últimos 7 dias<br />

ou lesões micóticas na pele <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is membros superiores em região utilizada para punção<br />

(região de fossa cubital) para coleta <strong>do</strong> sangue.<br />

V-2-A-4- Acesso venoso:<br />

Como a agulha da bolsa de coleta é de calibre padrão (16 G), é necessário que o<br />

paciente possua acesso venoso adequa<strong>do</strong> em um <strong>do</strong>s membros superiores (região de fossa<br />

cubital).<br />

V-2-A-5- Idade:<br />

Não há limites de idade para o paciente, porém o médico solicitante deverá fazer<br />

uma avaliação cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> paciente i<strong>do</strong>so.<br />

31


V-2-A-6- Hemoglobina ou Hematócrito:<br />

A concentração de hemoglobina ou o hematócrito <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente não deve ser<br />

inferior a 11 g/dl e 33%, respectivamente.<br />

V-2-A-7-Suplementação de Ferro:<br />

É recomendável que o paciente receba uma suplementação oral de ferro quan<strong>do</strong> ele<br />

apresenta <strong>do</strong>sagem de hemoglobina ou hematócrito limítrofes, respectivamente 11,0 g/dl e<br />

33%, ou quan<strong>do</strong> há programação de coleta de duas ou mais unidades de sangue. Idealmente<br />

essa suplementação deve ser prescrita pelo médico solicitante <strong>do</strong> procedimento antes da<br />

coleta da primeira unidade de sangue. No anexo 8 há, a título de sugestão, um modelo desta<br />

prescrição.<br />

V-2-A-8-Volume coleta<strong>do</strong>:<br />

O volume de sangue total coleta<strong>do</strong> não pode exceder 8 ml/kg de peso para as<br />

mulheres e 9 ml/kg de peso para os homens, nunca ultrapassan<strong>do</strong> o volume total de 500 ml.<br />

Para pacientes com peso inferior a 50 kg, o Serviço de Hemoterapia reduzirá o volume de<br />

anticoagulante na bolsa de coleta proporcionalmente ao volume de sangue que será<br />

coleta<strong>do</strong>.<br />

V-2-A-9- Intervalo entre <strong>do</strong>ações:<br />

Não deve ser colhi<strong>do</strong> sangue <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente dentro das 72 horas anteriores á<br />

cirurgia. O intervalo entre cada <strong>do</strong>ação não deve ser inferior a 7 dias, a não ser em situações<br />

excepcionais, devidamente justificadas por escrito por um médico <strong>do</strong> serviço de<br />

hemoterapia.<br />

V-2-A-10- Solicitação médica:<br />

Para este procedimento requer-se a solicitação <strong>do</strong> médico assistente, conforme<br />

modelo sugeri<strong>do</strong> (anexo 7) e a aprovação <strong>do</strong> médico hemoterapeuta após avaliação <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente.<br />

V-2-A-11- Hemocomponente obti<strong>do</strong> e disponível:<br />

Para não expor a bolsa de sangue aos riscos de centrifugação, ela é mantida em<br />

repouso para que a sedimentação das hemácias ocorra apenas por ação da gravidade. No dia<br />

seguinte à coleta, separa-se o Concentra<strong>do</strong> de Hemácias e o Plasma sobrenadante. Este<br />

último, por não ter si<strong>do</strong> congela<strong>do</strong> em até 8 horas da coleta, não mais possuiu alguns fatores<br />

de coagulação, não sen<strong>do</strong> mais classifica<strong>do</strong> como plasma fresco e sim como plasma<br />

comum, e este não tem indicação para uso em transfusão.<br />

V-2-A-12 – Uso exclusivamente autólogo:<br />

As unidades coletadas são identificadas como exclusivamente para uso autólogo,<br />

portanto, quan<strong>do</strong> não transfundidas serão desprezadas.<br />

32


V-2-A-13 – Exames sorológicos:<br />

As <strong>do</strong>ações autólogas são submetidas aos mesmos exames sorológicos e<br />

imunohematógicos (Tipagem e Pesquisa de Anticorpos Irregulares) realiza<strong>do</strong>s nas <strong>do</strong>ações<br />

alogênicas.<br />

a- Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os exames sorológicos da rotina apresentarem resulta<strong>do</strong>s Nãoreagentes<br />

(Negativos), o <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente receberá o resulta<strong>do</strong> desses exames sorológicos,<br />

como nas <strong>do</strong>ações alogênicas.<br />

b- Se algum exame apresentar resulta<strong>do</strong> Reagente, o <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r-paciente receberá uma<br />

carta informan<strong>do</strong> desse resulta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo, com solicitação para que<br />

procure o seu médico a este respeito. O médico solicitante também será informa<strong>do</strong> sobre<br />

este resulta<strong>do</strong> por meio de uma cópia da carta referida.<br />

V-2-A-14 – Paciente com exame sorológico reagente:<br />

Os pacientes que possuem sorologia reagente para qualquer das <strong>do</strong>enças testadas<br />

(Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, HTLV I/II e HIV), poderão ser aceitos<br />

nos programas de auto-transfusão. Nestes casos, a legislação vigente da ANVISA<br />

determina que haja uma identificação com etiqueta especial, indican<strong>do</strong> a situação<br />

sorológica da bolsa <strong>do</strong> hemocomponente, e que haja concordância explícita, por escrito, <strong>do</strong><br />

médico assistente <strong>do</strong> paciente e <strong>do</strong> médico <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia sobre a aceitação no<br />

programa.<br />

V-2-A-15 – Prova de compatibilidade:<br />

Por razões de legislação e de segurança, no momento da internação <strong>do</strong> paciente será<br />

colhida uma amostra de seu sangue para a realização da prova de compatibilidade (prova<br />

cruzada) com sua(s) unidade(s) de concentra<strong>do</strong> de hemácias reservada(s).<br />

V-2-A-16– Reserva de unidades alogênicas:<br />

Se a quantidade de unidade autólogas disponíveis for menor que a quantidade<br />

padrão de unidades reservadas para aquele determina<strong>do</strong> procedimento, constante da Lista<br />

de Reserva pré-operatória de Concentra<strong>do</strong> de Hemácias – LRCH (anexo 3), o Serviço de<br />

Hemoterapia deixará preparadas as unidades alogênicas necessárias para completar aquele<br />

número de unidades da LRCH.<br />

V-2-B- Doação/Coleta Autóloga Peri-Operatória<br />

O sangue pode ser coleta<strong>do</strong> <strong>do</strong> paciente imediatamente antes da cirurgia (diluição<br />

normovolêmica) ou recupera<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo cirúrgico ou circuito extra-corpóreo (recuperação<br />

intra-operatória).<br />

33


V-2-B-1- Recuperação Intra-Operatória de Sangue (Cell-saving)<br />

a- Conceito:<br />

É o processo de recuperação intra-operatória de sangue que utiliza um equipamento<br />

especial (Recupera<strong>do</strong>ra intra-operatória de sangue, ou cell saver). Por meio dele, o sangue<br />

proveniente <strong>do</strong> campo operatório ou <strong>do</strong> reservatório de cardiotomia – <strong>do</strong> equipamento de<br />

circulação-extra corpórea- é aspira<strong>do</strong>, anticoagula<strong>do</strong>, centrifuga<strong>do</strong> e lava<strong>do</strong> com solução<br />

fisiológica. Obtém-se o Concentra<strong>do</strong> de Hemácias, que é encaminha<strong>do</strong> automaticamente<br />

para uma bolsa de transferência provida de um filtro de microagrega<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> à<br />

disposição da equipe cirúrgica para sua reinfusão no paciente.<br />

b- Contra-indicações:<br />

Não é permitida pela legislação vigente da ANVISA a recuperação intra-operatória<br />

de sangue quan<strong>do</strong> existem riscos de veicular ou disseminar agentes infecciosos e ou células<br />

neoplásicas.<br />

c- Indicações:<br />

Esta técnica é utilizada em cirurgias cardíacas como revascularização <strong>do</strong> miocárdio,<br />

troca de válvula e transplante; cirurgia vascular como aneurisma de aorta; cirurgia de<br />

coluna vertebral como correção de escoliose; e transplante hepático.<br />

d- Cuida<strong>do</strong>s:<br />

-Agentes coadjuvantes tópicos de coagulação como colágeno, celulose, gelatina e<br />

trombina, e antibióticos tópicos ou cimentos cirúrgicos, aplica<strong>do</strong>s no campo operatório não<br />

devem ser aspira<strong>do</strong>s para o equipamento de recuperação intra-operatória de sangue.<br />

-Têm si<strong>do</strong> reportadas complicações em pacientes com anemia falciforme.<br />

e- Tempo para reinfusão:<br />

O Concentra<strong>do</strong> de Hemácias obti<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo operatório deverá ser transfundi<strong>do</strong><br />

em até 4 horas após coleta.<br />

f- Registros:<br />

O procedimento de recuperação intra-operatória de sangue e o volume de<br />

concentra<strong>do</strong> de hemácias (ou quantidades de unidades) reinfundi<strong>do</strong> devem ser registra<strong>do</strong>s<br />

no prontuário <strong>do</strong> paciente.<br />

g- Eventos adversos e <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong>:<br />

Eventos adversos sérios devem ser reporta<strong>do</strong>s ao <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong> <strong>do</strong> hospital.<br />

V-2-B-2- Hemodiluição Normovolêmica<br />

a- Conceito:<br />

É a coleta de uma ou mais unidades de sangue de um paciente no centro cirúrgico,<br />

imediatamente antes ou após a indução da anestesia, seguida da reposição simultânea de<br />

solução de cristalóides ou colóides a fim de manter o volume circulatório corpóreo.<br />

b- Indicação:<br />

A hemodiluição normovolêmica somente deverá ser utilizada quan<strong>do</strong> o potencial de<br />

perda sangüínea for superior a 20% da volemia sangüínea e a concentração de hemoglobina<br />

for superior a 11,0 g/dl.<br />

34


c- Riscos:<br />

Deve-se tomar cuida<strong>do</strong> com pacientes i<strong>do</strong>sos em função de um maior risco de<br />

<strong>do</strong>ença cardíaca isquêmica subjacente ou outra <strong>do</strong>ença grave.<br />

d – Hemodiluição e circulação extra-corpórea:<br />

Em pacientes com <strong>do</strong>ença miocárdica severa, por exemplo disfunção ventricular de<br />

moderada a severa, angina instável, estenose aórtica severa ou lesão importante de tronco<br />

coronariana esquer<strong>do</strong>, deverá se ter extrema cautela ao se realizar este procedimento de<br />

hemodiluição pelo fato deles serem submeti<strong>do</strong>s a hemodiluição durante o “bypass”<br />

pulmonar (circulação extra-corpórea).<br />

e - Solicitação:<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se o mesmo impresso de Requisição de Transfusão de<br />

Hemocomponentes e de Procedimentos (anexo 1), no campo Procedimentos, na linha<br />

outros, solicitar ao Serviço de Hemoterapia o procedimento de Hemodiluição, indican<strong>do</strong> o<br />

número de bolsas, próprias para coleta <strong>do</strong> sangue. Esta solicitação deve ser feita com<br />

antecedência mínima de 30 minutos para que se providencie a substituição da agulha<br />

original da bolsa de coleta por uma conexão tipo “luer” com extremidade “macho”, que<br />

será conectada pelo anestesiologista à conexão tipo “luer lock” complementar para a coleta<br />

de sangue.<br />

f- Volume:<br />

O volume aproxima<strong>do</strong> de sangue a ser removi<strong>do</strong> (em ml) para se obter o<br />

hematócrito deseja<strong>do</strong> pode ser calcula<strong>do</strong> usan<strong>do</strong> a fórmula abaixo:<br />

V = VST x [(Hti – Htf) / Htm]<br />

Onde V= volume a ser removi<strong>do</strong> em ml, VST= volemia sangüínea estimada<br />

(normalmente 70 ml/kg de peso corpóreo), Hti= hematócrito inicial, Htf =<br />

hematócrito deseja<strong>do</strong> (final) e Htm = hematócrito médio (média de Hti e Htf)<br />

g- Tempo para reinfusão:<br />

As unidades devem ser identificadas e utilizadas em até 8 horas após a coleta, se<br />

forem mantidas entre 20 e 24º C e devem permanecer na sala de cirurgia em que o paciente<br />

está sen<strong>do</strong> opera<strong>do</strong>, durante to<strong>do</strong> o transcorrer <strong>do</strong> ato cirúrgico.<br />

h- Registros:<br />

O número de unidades de sangue e o volume total removi<strong>do</strong> devem ser registra<strong>do</strong>s<br />

no prontuário <strong>do</strong> paciente.<br />

i-Eventos adversos e <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong>:<br />

Eventos adversos sérios devem ser reporta<strong>do</strong>s ao <strong>Comitê</strong> <strong>Transfusional</strong> <strong>do</strong> hospital.<br />

35


VI- TRANSFUSÃO DE SANGUE ESPECÍFICO – DOAÇÃO<br />

ESPECÍFICA<br />

VI-1 –Conceito<br />

Trata-se da transfusão de hemocomponentes cuja <strong>do</strong>ação (Doação Específica) foi<br />

realizada especificamente para determina<strong>do</strong> paciente. Na <strong>do</strong>ação para este tipo de<br />

transfusão o candidato deverá preencher os mesmos requisitos para <strong>do</strong>ação de unidade não<br />

específica, além da compatibilidade ABO/Rho(D) entre o <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e o paciente.<br />

VI-2- Indicação<br />

Pode ser indicada para pacientes que apresentam anticorpos contra antígenos de alta<br />

freqüência ou uma combinação de anticorpos tal, que dificulta o encontro de sangue<br />

compatível; paciente politransfundi<strong>do</strong> cujos membros da família possam prover os<br />

hemocomponentes, principalmente plaquetas por aférese HLA compatíveis; ou crianças<br />

com trombocitopenia aloimune neonatal cuja mãe possa <strong>do</strong>ar plaquetas por aférese.<br />

VI-3- Solicitação médica<br />

O paciente ou seu acompanhante deverá apresentar ao Serviço de Hemoterapia uma<br />

solicitação médica para este tipo de transfusão.<br />

VI-4- Informações ao paciente<br />

O paciente será informa<strong>do</strong> que nem todas as unidades <strong>do</strong>adas ficarão disponíveis<br />

para transfusão específica, pois além <strong>do</strong> possível descarte de alguma unidade por exame<br />

sorológico reagente, pode também haver alguma com incompatibilidade ABO/Rho(D) com<br />

o mesmo.<br />

VI-5- Irradiação de hemocomponentes <strong>do</strong>a<strong>do</strong>s por parente de 1º. Grau<br />

Em situações de parentesco de 1º grau, para prevenção de Doença <strong>do</strong> Enxerto<br />

Contra o Hospedeiro - <strong>Transfusional</strong> (T-DECH ) - ver referência no item IV-A, subitem 8 e<br />

item IV-B, subitem10-, a unidade de concentra<strong>do</strong> de hemácias e/ou de concentra<strong>do</strong> de<br />

plaquetas deverá ser irradiada.<br />

VI-6- Não utilização da unidade <strong>do</strong>ada<br />

Caso a unidade <strong>do</strong> hemocomponente não seja transfundida no paciente específico<br />

até o momento de sua alta, ela passará a ser reintegrada ao estoque <strong>do</strong> Serviço de<br />

Hemoterapia, fican<strong>do</strong> disponibilizada para transfusão em outros pacientes. Se o médico<br />

solicitante da transfusão de sangue específico tiver interesse em manter a unidade reservada<br />

por mais tempo, deverá comunicar o fato ao médico <strong>do</strong> Serviço de Hemoterapia para que<br />

juntos determinem um prazo para reintegração da unidade ao estoque.<br />

VI-7 – Comentários<br />

As solicitação deste tipo de transfusão para as indicações não referidas devem ser<br />

desestimuladas, pois além de contrariar a legislação vigente da ANVISA em relação ao<br />

anonimato <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r, o expõe no caso de um seus testes sorológicos apresentar resulta<strong>do</strong><br />

36


Reagente, pois acarretará no descarte da unidade <strong>do</strong> hemocomponente <strong>do</strong>a<strong>do</strong>. Ainda,<br />

devi<strong>do</strong> aos laços afetivos entre <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r e paciente, por constrangimento, pode haver indução<br />

à omissão de informações importantes durante a triagem clínica confidencial, expon<strong>do</strong> o<br />

paciente a riscos.<br />

VII- EFEITOS ADVERSOS DA TRANSFUSÃO<br />

VII-1 -INTRODUÇÃO<br />

Toda transfusão de sangue ou hemocomponente é acompanhada de risco inerente.<br />

Em toda suspeita de reação adversa, a transfusão deve ser imediatamente<br />

interrompida e o fato comunica<strong>do</strong> ao Serviço de Hemoterapia e ao médico <strong>do</strong> paciente. Esta<br />

comunicação deve ser imediata devi<strong>do</strong> a um possível risco letal associa<strong>do</strong> a estas reações.<br />

O anexo 9 apresenta uma tabela com resumo das principais ações na suspeita de<br />

reação transfusional.<br />

Os efeitos adversos mais importantes são as reações hemolíticas (agudas e tardias) e<br />

as contaminações bacterianas. As reações adversas imediatas manifestam-se por febre,<br />

calafrios e urticária. Em seu estagio inicial, é difícil determinar-se a causa de uma reação.<br />

Em alguns casos de reações urticariformes brandas ou na presença de reações febris<br />

de repetição em pacientes politransfundi<strong>do</strong>s, o médico pode optar por reiniciar a transfusão<br />

da mesma unidade após avaliação e tratamento <strong>do</strong> paciente.<br />

VII-2-EFEITOS ADVERSOS IMEDIATOS DA TRANSFUSÃO<br />

VII-2-1- Reação Febril Não Hemolítica<br />

Causa: Febre e calafrios durante a transfusão são possivelmente causa<strong>do</strong>s por anticorpos <strong>do</strong><br />

receptor reagin<strong>do</strong> com antígenos leucocitários ou fragmentos leucocitários no<br />

hemocomponente ou ainda devi<strong>do</strong> às citocinas que se acumulam no hemocomponente<br />

durante o armazenamento. A febre ocorre mais comumente em transfusão de plaquetas (10<br />

a 30 %) que de hemácias (1 a 2 %).<br />

É importante distinguir este tipo de febre daquela devi<strong>do</strong> à <strong>do</strong>ença de base <strong>do</strong> paciente<br />

ou a uma infecção. Daí a importância de se checar a temperatura pré-transfusional.<br />

Conduta: Administração de antipiréticos (dipirona ou acetaminofen).<br />

Investigação: A febre pode ser o sinal inicial de uma reação transfusional mais grave,<br />

como reação hemolítica e sepse, e por isso deve ser investigada seriamente.<br />

Para os casos de picos febrís ou calafrios isola<strong>do</strong>s, o médico <strong>do</strong> Serviço de<br />

Hemoterapia pode optar por reiniciar a transfusão. Se a febre for acompanhada de<br />

mudanças significativas na pressão arterial ou de outros sinais e sintomas, a transfusão deve<br />

ser interrompida e a reação investigada.<br />

37


Prevenção: Alguns pacientes que apresentam reações febrís terão reações similares em<br />

transfusões subseqüentes. Muitas são prevenidas com a leucorredução <strong>do</strong><br />

hemocomponente.<br />

VII-2-2- Reações Urticariformes (Alérgicas)<br />

Causa: Ocorrem em aproximadamente 1 % <strong>do</strong>s receptores e são causadas por proteínas<br />

plasmáticas. Em raras ocasiões podem estar associadas com edema de laringe e<br />

broncoespasmo.<br />

Conduta: Se a urticária ocorrer isoladamente (sem febre ou outros sinais), interromper a<br />

transfusão temporariamente. Se os sintomas forem leves, administrar um anti-histamínico<br />

(ex: difenidramina 25 a 50 mg) e reiniciar a transfusão se houver melhora, respeitan<strong>do</strong> o<br />

tempo estipula<strong>do</strong> para a infusão. Se o paciente desenvolver urticária extensa ou eritema<br />

cutâneo extenso durante a transfusão, administrar corticóide. É prudente que a transfusão<br />

seja encerrada.<br />

Investigação: No caso de reação urticariforme leve, sem outros sinais ou sintomas, não é<br />

necessário submeter os hemocomponentes à investigação pelo médico <strong>do</strong> Serviço de<br />

Hemoterapia. Geralmente é possível reiniciar a transfusão. Tal decisão deve ser tomada<br />

pelo médico responsável.<br />

Prevenção: Pacientes com freqüentes reações urticariformes podem responder bem à<br />

administração de anti-histamínicos meia hora antes da transfusão. Se as reações são<br />

recorrentes e especialmente graves, a transfusão de hemácias lavadas pode ser útil.<br />

VII-2-3-Reações Alérgicas Graves (Anafiláticas)<br />

Podem se iniciar após a infusão de poucos mililitros de sangue, com sintomas que são<br />

suaves no início, mas que podem evoluir para perda progressiva de consciência, choque e,<br />

em raros casos, morte.<br />

As reações anafiláticas (mediadas por IgE) e anafilactóides (não mediadas por IgE)<br />

têm sinais de instabilidade cardiovascular, incluin<strong>do</strong> hipotensão, taquicardia, perda de<br />

consciência, arritmia, choque e parada cardíaca. Algumas vezes, há envolvimento<br />

respiratório, com dispnéia, estri<strong>do</strong>r, tosse e broncoespasmo. Pode haver também<br />

envolvimento cutâneo, com eritema generaliza<strong>do</strong> e urticária.<br />

Causa: Pacientes com deficiência congênita de IgA, quan<strong>do</strong> possuem anticorpos anti- IgA,<br />

podem apresentar essas reações.<br />

Conduta: Parar a transfusão imediatamente. Pode ser necessário realizar cuida<strong>do</strong>s<br />

intensivos, incluin<strong>do</strong> suporte respiratório (oxigenioterapia, entubação orotraqueal). Pode ser<br />

indica<strong>do</strong> o uso de Epinefrina. Usualmente 0,3 a 0,5 ml de solução 1: 1000 s.c.ou i.m., ou<br />

i.v. lento em casos de maior gravidade. A transfusão não deve ser reiniciada sob nenhuma<br />

circunstância.<br />

Investigação: Dosar IgA e anticorpos anti-IgA no paciente<br />

38


Prevenção: Pacientes com anticorpos anti-IgA necessitam de hemocomponentes especiais,<br />

tais como hemácias ou plaquetas lavadas ou produtos plasmáticos prepara<strong>do</strong>s a partir de<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res deficientes de IgA.<br />

VII-2-4-Reações Hemolíticas Agudas<br />

Causa: A maioria das reações hemolíticas é causada por transfusão de sangue ABO<br />

incompatível. Geralmente resultam de erros humanos, tais como transfusão de sangue ao<br />

paciente erra<strong>do</strong> ou identificação inadequada das amostras pré-transfusionais.<br />

Pode ocorrer hemólise não-imune de hemácias na bolsa de sangue ou durante sua<br />

administração. As principais causas são: mudanças de temperatura, flui<strong>do</strong>s não isotônicos<br />

(medicamentos, água destilada e soro glicosa<strong>do</strong> 5%) ou forças mecânicas (bombas de<br />

infusão rápida através de agulhas de fino calibre, bombas de rolamento de circulação extracorpórea<br />

etc.).<br />

Sinais e sintomas: Calafrios, febre, <strong>do</strong>r ao longo da linha de infusão, <strong>do</strong>rso e tórax,<br />

hipotensão arterial, urina escura, sangramento incontrolável devi<strong>do</strong> à CIVD etc.<br />

Conduta: Parar a transfusão imediatamente. Notificar o Banco de Sangue com urgência.<br />

Esses pacientes usualmente requerem suporte de UTI e a terapia inclui tratamento vigoroso<br />

da hipotensão arterial e manutenção <strong>do</strong> fluxo renal.<br />

Prevenção: Identificação adequada <strong>do</strong> paciente desde a coleta da amostra até a<br />

administração <strong>do</strong> sangue. A etiquetagem correta das amostras e <strong>do</strong> hemocomponente é<br />

essencial. A prevenção de hemólise não imune requer observância de correto manuseio,<br />

armazenamento e administração <strong>do</strong>s hemocomponentes.<br />

VII-2-5-Contaminação Bacteriana<br />

Causa: Bactérias podem ser introduzidas na bolsa de sangue no momento da coleta ou de<br />

fontes como pele <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r, bacteremia <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r ou materiais e equipamento utiliza<strong>do</strong>s<br />

durante a coleta de sangue ou durante o processamento. As bactérias podem se multiplicar<br />

durante o armazenamento. Estão implicadas bactérias Gram positivas e Gram Negativas.<br />

As plaquetas são mais freqüentemente implicadas <strong>do</strong> que as hemácias, pelo fato das<br />

primeiras não serem armazenadas sob refrigeração.<br />

Sintomas: Febre alta, hipotensão arterial profunda, náuseas e/ou diarréia.<br />

Conduta: Parar a transfusão imediatamente e notificar o Serviço de Hemoterapia. Após o<br />

suporte inicial, devem ser colhidas culturas sangüíneas e iniciada terapêutica com<br />

antimicrobianos de amplo espectro. A investigação laboratorial deve incluir cultura <strong>do</strong><br />

hemocomponente envolvi<strong>do</strong>.<br />

39


Prevenção: Inspecionar os hemocomponentes antes da transfusão. Alguns<br />

hemocomponentes contamina<strong>do</strong>s por bactérias podem ser reconheci<strong>do</strong>s (grumos e/ou<br />

coloração anormal). A manutenção das hemácias em temperatura adequada de refrigeração<br />

é importante. O tempo da transfusão não deve ser superior a 4 (quatro) horas.<br />

VII-2-6-TRALI (Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão)<br />

TRALI, <strong>do</strong> inglês transfusion related lung injury, é um diagnóstico clínico de<br />

exclusão quan<strong>do</strong> não existe causa cardíaca ou outras para explicar o edema pulmonar.<br />

Caracteriza<strong>do</strong> por angústia respiratória aguda e edema pulmonar, bilateral, simétrico, com<br />

hipoxemia, desenvolven<strong>do</strong> entre 2(duas) e 8 (oito) horas após o início da transfusão. O<br />

exame de raio X de tórax mostra imagem compatível com infiltra<strong>do</strong> intersticial ou alveolar.<br />

Causa: Efeitos vasculares pulmonares ocorrem em conseqüência de citocinas no<br />

hemocomponente ou da interação entre os antígenos leucocitários <strong>do</strong> paciente e anticorpos<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r (ou vice-versa).<br />

Conduta: O suporte sintomático para angústia respiratória inclui administração de oxigênio<br />

e pode requerer entubação traqueal e ventilação mecânica. Os sintomas geralmente têm<br />

resolução entre 24 – 48 horas.<br />

Prevenção: Se for demonstra<strong>do</strong> que o anticorpo <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r causou a reação pulmonar<br />

aguda, não deve ser utiliza<strong>do</strong> o hemocomponente plasmático deste <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r. Se o anticorpo<br />

envolvi<strong>do</strong> foi <strong>do</strong> receptor, é recomenda<strong>do</strong> o uso de hemocomponentes celulares filtra<strong>do</strong>s.<br />

VII-2-7-Sobrecarga de Volume<br />

Causa: Pacientes com <strong>do</strong>ença cardiopulmonar e crianças correm risco de sofrer uma<br />

sobrecarga de volume, especialmente durante uma transfusão rápida.<br />

Conduta: Parar a transfusão, administrar oxigênio e diuréticos.<br />

Prevenção: Evitar flui<strong>do</strong>s desnecessários e utilizar velocidade de infusão apropriada.<br />

VII-2-8-Hipotermia<br />

Causa: Infusão rápida de grandes volumes de hemocomponente armazena<strong>do</strong> contribui para<br />

a hipotermia. As crianças estão particularmente em risco durante exsangüíneo-transfusão<br />

ou transfusão maciça.<br />

Prevenção e conduta: Aquece<strong>do</strong>res de sangue apropria<strong>do</strong>s devem ser utiliza<strong>do</strong>s durante<br />

transfusão maciça ou exsangüíneo-transfusão. Medidas adicionais incluem aquecimento de<br />

40


outros flui<strong>do</strong>s intravenosos e a utilização de dispositivos para manutenção da temperatura<br />

corpórea.<br />

VII-2-9-Toxicidade ao Citrato<br />

Causa: Citrato é o anticoagulante utiliza<strong>do</strong> em hemocomponentes. Normalmente é<br />

rapidamente metaboliza<strong>do</strong> pelo fíga<strong>do</strong>. A administração rápida de grandes quantidades de<br />

hemocomponente estoca<strong>do</strong> pode causar hipocalcemia e hipomagnesenemia pelo fato <strong>do</strong><br />

citrato se ligar ao cálcio e magnésio. Isto pode resultar em depressão miocárdica e<br />

coagulopatia. Pacientes com maior risco são aqueles com disfunção hepática e neonatos<br />

com função hepática imatura, quan<strong>do</strong> a transfundi<strong>do</strong>s com grandes volumes<br />

.<br />

Conduta: A diminuição da velocidade de infusão ou a parada temporária da transfusão<br />

permite que o citrato seja metaboliza<strong>do</strong>. Pode ser necessária a terapia de reposição para<br />

hipocalcemia ou hipomagnesenemia sintomáticas.<br />

VII-2-10-Efeitos <strong>do</strong> Potássio<br />

Causa: As hemácias armazenadas liberam potássio gradativamente durante o perío<strong>do</strong> de<br />

armazenamento. A irradiação gama de hemácias aumenta a taxa de liberação <strong>do</strong> potássio.<br />

Pode ocorrer hipercalemia clinicamente significante durante a transfusão rápida de<br />

grandes volumes de hemácias mais velhas em recém-nasci<strong>do</strong>s e crianças.<br />

Prevenção: Evitar armazenar hemácias irradiadas por tempo prolonga<strong>do</strong>. Em transfusões<br />

rápidas de grandes volumes em crianças (cirurgia cardíaca, circulação extra-corpórea,<br />

exsangüíneo transfusão), é recomenda<strong>do</strong> o uso de unidades de hemácias com menos de 7<br />

(sete) dias de armazenamento.<br />

41


TABELA: Efeitos adversos da transfusão e seu manejo<br />

Categoria 1: Reações Leves<br />

Sinais Sintomas Causa Possível Conduta Imediata<br />

Urticária / eritema Pruri<strong>do</strong> Alérgica 1. Parar a transfusão<br />

2. Contatar Serviço de<br />

Hemoterapia<br />

3. Anti-histamínico, se<br />

necessário<br />

4. A transfusão pode ser<br />

reiniciada se não existirem<br />

outros sinais / sintomas<br />

Categoria 2: Reações moderadamente graves<br />

Eritema<br />

Urticária<br />

Rigidez<br />

Febre<br />

Agitação<br />

Taquicardia<br />

Sinais Sintomas Causa Possível Conduta Imediata<br />

Ansiedade<br />

Pruri<strong>do</strong><br />

Palpitações<br />

Dispnéia leve<br />

Cefaléia<br />

Alérgica<br />

(moderadamente grave)<br />

Reações febrís nãohemolíticas:<br />

anticorpos<br />

de leucócitos ou de<br />

plaquetas<br />

Anticorpos a proteínas<br />

incluin<strong>do</strong> IgA<br />

Possível contaminação<br />

com pirogênios e/ou<br />

bactérias<br />

42<br />

1. Parar a transfusão e<br />

manter o acesso venoso com<br />

solução salina<br />

2. Contatar o médico <strong>do</strong><br />

Serviço de Hemoterapia<br />

3. Pode ser necessário antihistamínico<br />

ou anti-térmico<br />

4. Investigação posterior e<br />

conduta de acor<strong>do</strong> com<br />

parâmetros clínicos<br />

Categoria 3: Reações potencialmente fatais<br />

Sinais Sintomas Causa Possível Conduta Imediata<br />

Rigidez<br />

Ansiedade<br />

Hemólise<br />

1. Parar a transfusão e<br />

Agitação<br />

Dor torácica<br />

intravascular aguda manter o acesso venoso com<br />

Hipotensão<br />

Dor no local da infusão (“sangue erra<strong>do</strong>”) solução salina<br />

Taquicardia<br />

Angústia respiratória<br />

2. Contatar o médico<br />

Urina escura<br />

Dor lombar / <strong>do</strong>rsal Contaminação 3. A conduta imediata<br />

Sangramento<br />

Cefaléia<br />

bacteriana e choque necessita:<br />

inexplica<strong>do</strong> (CIVD) Dispnéia<br />

séptico<br />

I. flui<strong>do</strong> para hipotensão<br />

arterial<br />

Sobrecarga de II. oxigênio<br />

volume<br />

III. epinefrina para<br />

anafilaxia<br />

Anafilaxia<br />

IV. diurético para<br />

sobrecarga de volume<br />

TRALI<br />

4. Conduta posterior de<br />

acor<strong>do</strong> com a causa<br />

provável


VII-3-EFEITOS ADVERSOS TARDIOS DA TRANSFUSÃO<br />

VII-3-1-Hemólise Tardia<br />

Causa: Os pacientes podem desenvolver anticorpos contra antígenos de hemácias. Os<br />

anticorpos podem ocorrer naturalmente ou podem surgir como conseqüência de transfusão<br />

prévia ou gestação. Uma reação hemolítica tardia ocorre quan<strong>do</strong> o paciente desenvolve um<br />

anticorpo contra um antígeno das hemácias transfundidas. O anticorpo pode causar uma<br />

diminuição da sobrevida da hemácia, com surgimento de febre, icterícia e um incremento<br />

no nível de hemoglobina abaixo <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>. A maioria das reações hemolíticas tardias<br />

produz poucos sinais e podem passar despercebidas; entretanto, há relatos de sérias<br />

conseqüências em pacientes em condição clínica grave.<br />

Prevenção: A pesquisa de aloanticorpos (Pesquisa de anticorpos irregulares – P.A.I.) é<br />

realizada na rotina <strong>do</strong>s testes pré-transfusionais. Quan<strong>do</strong> algum anticorpo é detecta<strong>do</strong>, ele é<br />

identifica<strong>do</strong> e é providenciada unidade de sangue negativa para o antígeno correspondente.<br />

Algumas vezes o título <strong>do</strong> anticorpo cai a níveis muito baixos, pode não ser<br />

detecta<strong>do</strong> nos testes pré-transfusionais e pode, nesta situação, levar a um quadro de<br />

hemólise tardia.<br />

VII-3-2-Aloimunização<br />

3-2-1 Hemácias<br />

Pacientes em desenvolvimento de aloanticorpos são assintomáticos. O aloanticorpo<br />

é descoberto na realização <strong>do</strong>s testes pré-transfusionais. Devem ser transfundidas unidades<br />

com hemácias negativas para o correspondente antígeno.<br />

Prevenção: A aloimunização para os antígenos Rho (D) é rotineiramente prevenida pela<br />

transfusão de hemácias negativas para este antígeno, em pacientes Rho (D) negativos.<br />

Isso é importante em mulheres com potencial para engravidarem, porque os<br />

anticorpos contra esse antígeno podem causar a Doença Hemolítica Peri-Natal (DHPN).<br />

Pacientes de Risco: Pacientes com Anemia Falciforme ou síndromes de<br />

hemoglobinopatias, que são cronicamente transfundi<strong>do</strong>s, apresentam alto risco de formação<br />

de aloanticorpos. Antes de iniciar o regime transfusional estes pacientes devem ter<br />

fenotipagem completa de suas hemácias. É recomendável a transfusão de hemácias<br />

Compatíveis para os antígenos Rhesus e Kell.<br />

3-2-2 Plaquetas<br />

Quan<strong>do</strong> pacientes trombocitopênicos não obtêm o incremento plaquetário póstransfusional<br />

espera<strong>do</strong>, eles são ditos refratários. Isso usualmente ocorre em pacientes que<br />

43


ecebem transfusões freqüentes de plaquetas. Existem causas clínicas e imunológicas da<br />

refratariedade plaquetária.<br />

Causas clínicas: Sepse, CIVD, sangramento, febre, algumas drogas (anfotericina,<br />

vancomicina e ciprofloxacin) e esplenomegalia.<br />

Causas imunológicas : Desenvolvimento de anticorpos contra antígenos leucocitários<br />

humanos (“HLA”) ou antígenos plaquetários humanos (“HPA”)<br />

Conduta: A refratariedade imunológica pode ser evitada pela transfusão de plaquetas<br />

compatíveis HLA ou HPA de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r único (plaquetas por aférese)..<br />

Prevenção: A leucorredução de hemocomponentes a níveis inferiores a 10 6 leucócitos por<br />

unidade, reduz a possibilidade de aloimunização. Isso pode ser obti<strong>do</strong> pelo uso filtro de<br />

leucócitos.<br />

VII-3-3-Doença <strong>do</strong> Enxerto Contra o Hospedeiro –<strong>Transfusional</strong>, DECH-T<br />

(“TA-GVHD”)<br />

Causa: A DECH-T ocorre quan<strong>do</strong> os linfócitos viáveis <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r em produtos sangüíneos<br />

celulares reagem contra um receptor de transfusão, susceptível .Esses linfócitos <strong>do</strong> <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r<br />

causam danos nos órgãos alvos, especialmente medula óssea, pele, fíga<strong>do</strong> e trato<br />

gastrintestinal. A síndrome compreende febre, eritema, pancitopenia, disfunção hepática e<br />

diarréia, e é fatal em mais de 80 % <strong>do</strong>s casos. O quadro se instala entre 8-10 (oito e dez)<br />

dias após a transfusão, com um maior intervalo em crianças.<br />

Os relatos mais comuns para a DECH-T são em receptores imunocompetentes, de<br />

sangue de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res biologicamente relaciona<strong>do</strong>s (<strong>do</strong>ação específica ou dirigida) ou<br />

<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res HLA idênticos. Esta <strong>do</strong>ença também pode ocorrer em receptores<br />

imunoincompetentes.<br />

Prevenção: Irradiação gama de produtos sangüíneos celulares (sangue total, hemácias,<br />

plaquetas e granulócitos) para pacientes de risco.<br />

Pacientes de Risco:<br />

-Receptores de sangue de <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res biologicamente relaciona<strong>do</strong>s ou HLA compatíveis.<br />

-Transfusão intrauterina e receptores de exangüíneo-transfusão.<br />

-Pacientes com imunodeficiência celular congênita.<br />

-Pacientes receben<strong>do</strong> transfusão de granulócitos.<br />

-Pacientes com Doença de Hodgkins<br />

-Receptores de células tronco-hematopoéticas alogênicas ou autólogas, periféricas ou de<br />

medula óssea, nos transplantes de medula óssea.<br />

-Pacientes com Anemia aplástica receben<strong>do</strong> imunossupressão.<br />

-Pacientes trata<strong>do</strong>s com drogas de análogos da purina.<br />

44


VII-3-4-Efeitos Imunomodulatórios<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s sugerem uma relação entre transfusão de sangue e aumento <strong>do</strong> risco<br />

de infecção ou recorrência de câncer. Entretanto, esta relação permanece questionável.<br />

VII-3-5-Acúmulo de Ferro<br />

Causa: O acúmulo de ferro é uma conseqüência prevista da transfusão crônica de<br />

hemácias. A toxicidade no organismo começa quan<strong>do</strong> os sítios de estoque de ferro no<br />

retículoen<strong>do</strong>telial tornam-se satura<strong>do</strong>s. A disfunção hepática e endócrina leva a uma<br />

morbidade significante e a complicação mais séria é a cardiotoxicidade com arritmia e<br />

insuficiência cardíaca congestiva. Os pacientes que recebem transfusão cronicamente,<br />

normalmente têm os níveis de ferro monitoriza<strong>do</strong>s pelo seu médico.<br />

Tratamento e Prevenção: Deve-se introduzir a terapia com quelação <strong>do</strong> ferro<br />

(deferoxamina por via subcutânea) na situação de terapia transfusional crônica.<br />

VII-3-6-Transmissão de Doença Infecciosa<br />

Uma variedade de agentes infecciosos pode ser transmitida por transfusão. A<br />

evidência definitiva da transmissão por transfusão requer demonstração da soroconversão<br />

ou nova infecção no receptor e o isolamento de um agente com identificação genômica no<br />

receptor e no <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r implica<strong>do</strong>. A forte evidência presuntiva da transmissão transfusional<br />

inclui a soroconversão <strong>do</strong> receptor dentro de um intervalo apropria<strong>do</strong> após a transfusão, o<br />

reconhecimento de um marca<strong>do</strong>r apropria<strong>do</strong> no <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r implica<strong>do</strong> na investigação ou<br />

ambos.<br />

45


VIII -ANEXO 1: Requisição de transfusão de hemocomponentes<br />

46


VIII -ANEXO 2: Registro de coleta de amostra pré-transfusional de sangue para<br />

intervenção cirúrgica<br />

Colhida amostra sangüínea para tipagem, teste de Coombs Direto,<br />

Pesquisa de Anticorpos Irregulares e/ou Provas de Compatibilidade<br />

para fins transfusionais.<br />

Hora ____ : ____ Func. Serv. de Hemoterapia___________________<br />

47


VIII– ANEXO 3: Lista de reserva pré-operatória de concentra<strong>do</strong> de hemácias<br />

48


VIII - ANEXO 4: Termo de Responsabilidade para Situações de Extrema Urgência<br />

49


VIII -ANEXO 5: Registro da instalação da transfusão<br />

Instala<strong>do</strong> hemocomponente________________________ nº_______________<br />

Vol. aprox. _______ ml.______ gotas/min. Acesso:______________________<br />

Hora: ______ : ______ Transfusionista: ______________________________<br />

Obs: Se houver intercorrência, favor avisar o Serviço de Hemoterapia.<br />

VIII -ANEXO 6: Registro de monitorização de transfusão<br />

Hora ____ : ____ Verificação de<br />

transfusão__________________<br />

50


VIII - ANEXO 7: Modelo de solicitação de coleta de sangue para transfusão autóloga<br />

Data:<br />

Ao<br />

Serviço de Hemoterapia <strong>do</strong> HAOC<br />

Solicito a coleta de ........ (....por extenso......) bolsas de sangue para autotransfusão no(a)<br />

paciente ...................................................................... , que será submeti<strong>do</strong>(a) à cirurgia de<br />

.............................................................., prevista para ..../..../......<br />

Assinatura:___________________________________________<br />

Nome por extenso e CRM (ou carimbo) <strong>do</strong> médico solicitante<br />

51


VIII – ANEXO 8: Modelo de prescrição de suplementação oral de Ferro<br />

Data:<br />

Para<br />

Sr. (a)<br />

Uso interno:<br />

ILOBAN –30 cápsulas ......................................................01 caixa<br />

Tomar 01 cápsula meia hora antes <strong>do</strong> almoço e 01 cápsula meia hora<br />

antes <strong>do</strong> jantar até o dia da cirurgia.<br />

Obs.: Não tomar com leite.<br />

Se apresentar náusea ou <strong>do</strong>r gástrica manter apenas a <strong>do</strong>se da<br />

noite por 30 dias.<br />

_______________________________<br />

52


VIII- ANEXO 9: Conduta imediata em suspeita de reação transfusional<br />

.<br />

Reconhecer Reagir Informar<br />

Febre<br />

Calafrios<br />

Hipo / hipertensão<br />

Dor (ao longo da<br />

linha de infusão, tórax<br />

ou <strong>do</strong>rso)<br />

Angústia respiratória<br />

aguda /estri<strong>do</strong>r /<br />

sibilos<br />

Urina escura<br />

Sangramento /<br />

(CIVD)<br />

Urticária<br />

Cuida<strong>do</strong>s imediatos de<br />

enfermagem<br />

Parar a transfusão<br />

Providências<br />

Providenciar<br />

cuida<strong>do</strong>s de<br />

emergência e<br />

suporte médico<br />

Manter o acesso<br />

venoso com salina<br />

53<br />

Avisar o médico <strong>do</strong><br />

paciente e o Serviço<br />

de Hemoterapia<br />

Documentar os<br />

sinais e sintomas no<br />

prontuário <strong>do</strong><br />

paciente


IX - BIBLIOGRAFIA<br />

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Indicação de Uso de Crioprecipita<strong>do</strong>. Resolução RDC No. 23, de 24 de janeiro de<br />

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29) BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diretrizes para uso de Plasma<br />

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31) BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diretrizes para Transfusão de<br />

Hemácias. Consulta Pública No. 37 de 29 de maio de 2004.<br />

55

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