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Custódia de Jesus Gonçalves Pereira Do Sentimento em Florbela ...

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Porém, o tom irónico que assum<strong>em</strong> estas últimas palavras,<br />

reforçado pelo itálico, parece <strong>de</strong>scartar a hipótese <strong>de</strong> ser este o verda<strong>de</strong>iro<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>Florbela</strong>.<br />

As cartas a que nos referimos foram escritas entre 1906 e 1930 e<br />

compiladas <strong>em</strong> dois volumes – V e VI - por Rui Gue<strong>de</strong>s. Dado que estas<br />

abrang<strong>em</strong> 24 anos da vida <strong>de</strong> <strong>Florbela</strong>, apresentam, forçosamente,<br />

diversos estilos. As mais antigas, escritas na infância e adolescência são<br />

simples e <strong>de</strong>safectadas, revelando a ingenuida<strong>de</strong> própria da ida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que<br />

são produzidas, como se po<strong>de</strong> constatar pela imag<strong>em</strong> seguinte <strong>de</strong> um<br />

postal dirigido a Mariana Espanca, anteriormente referido.<br />

Embora não seja nosso propósito analisar a escrita epistolográfica<br />

<strong>de</strong> <strong>Florbela</strong>, salientamos que na fase adulta as cartas dirigidas a Júlia<br />

Alves e Guido Battelli, por ex<strong>em</strong>plo, começam com um tom cerimonioso e<br />

distante para, gradualmente, adquirir<strong>em</strong> um tom afectivo por vezes<br />

exagerado, levando a duvidar da sua sincerida<strong>de</strong>. “Nunca é tão hipócrita<br />

como nessas cartas a Guido Battelli. A hipocrisia toma nela o tom da mais<br />

requintada sensibilida<strong>de</strong>.” [ BESSA-LUÍS: 2001, p. 166].<br />

Hipocrisia ou sensibilida<strong>de</strong>, na correspondência trocada com Júlia<br />

Alves discute literatura, a vida e a morte, sentimentos <strong>de</strong> carácter pessoal<br />

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