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2.2. O estu<strong>do</strong> paleoetnobotânico<br />
2.2.1. Amostragem e recuperação de fitoclastos<br />
Numa escavação arqueológica a recolha de carvões e sementes deve ser encarada<br />
como um processo rotineiro, a par da recolha de outros artefactos. No entanto, as suas<br />
singularidades exigem estratégias distintas (Martínez, et al., 2003).<br />
Estão longamente descritas na bibliografia as correctas meto<strong>do</strong>logias de campo que<br />
visam a recolha de macro-restos vegetais (veja-se, em especial, Martínez, et al., 2003;<br />
Badal et al.. 2003; Buxo, 1997 e 1990) Esta recolha deverá constituir uma amostragem com<br />
valor representativo para o tipo de estu<strong>do</strong> que se almeja realizar. Como Badal et al. (2003)<br />
referem, os vestígios arqueológicos são sempre parciais pois representam somente uma<br />
parte <strong>do</strong> que foi utiliza<strong>do</strong>. Dessa parte só se conservaram os mais resistentes ou os que<br />
foram deposita<strong>do</strong>s num contexto que facilitou a sua conservação. Da parte conservada nem<br />
sempre se escava tu<strong>do</strong>. Por isso, a parte recolhida e a porção estudada – caso seja<br />
impossível o seu estu<strong>do</strong> integral – devem ser representativas <strong>do</strong> conjunto.<br />
Para além da recolha fortuita ou pontual existem méto<strong>do</strong>s sistemáticos <strong>do</strong>s quais se<br />
salientam:<br />
- Recolha integral <strong>do</strong> depósito<br />
- Recolha localizada<br />
- Amostragem intervalada<br />
- Amostragem em coluna estratigráfica<br />
- Amostragem probabilística ou aleatória<br />
- Amostras de volumes constantes por estrato<br />
- Amostragem por estimativa<br />
Martínez, et al. (2003) aconselham a articulação de uma amostragem por estimativa<br />
com a recolha integral <strong>do</strong> sedimento de alguns contextos. A amostragem por estimativa<br />
pressupõe a recolha e flutuação inicial de um volume constante de terra, como teste,<br />
dependen<strong>do</strong> a continuação da recolha da riqueza em macro-fosseis verificada.<br />
Contu<strong>do</strong>, como salientam os autores, a aplicação deste modelo implica a presença de<br />
uma pessoa que se dedique ao tratamento e recolha de amostras, e ainda infra-estruturas<br />
que garantam a execução da tarefa. O volume de sedimento que deve ser analisa<strong>do</strong> é<br />
demasia<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> e só uma máquina de flutuação permite o tratamento das amostras em<br />
tempo útil <strong>do</strong> decorrer <strong>do</strong>s restantes trabalhos de campo.<br />
Na impossibilidade de criar estas condições, o critério mínimo passa pela recolha de<br />
amostras de forma sistemática em to<strong>do</strong>s os estratos que visivelmente apresentem macrorestos<br />
vegetais (Martínez, et al., 2003).<br />
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