Ofélia (Liliam L<strong>em</strong>mertrz) e Hamlet (Walmor)
Olhava aquela multidão <strong>em</strong> sua casa, correspondia a todas as vibrações; por dentro raciocinava por onde seguir: textos <strong>em</strong> português! A saída, talvez: só encenar textos escritos por brasileiros, cont<strong>em</strong>porâneos... N<strong>em</strong> importava, se bons ou ruins... Havia uma geração nova de dramaturgos, leria todos... Ou, qu<strong>em</strong> sabe, dizer poesia. Ah, a poesia! S<strong>em</strong>pre foi começo da articulação da linguag<strong>em</strong> artística de toda civilização... – Meu amigo, o que não é teatro? Tudo é teatro! (trecho de Um Hom<strong>em</strong> Indignado) Walmor Chagas estava convencido, e Flávio Império id<strong>em</strong> – e o Living Theatre era a prova disso – de que qualquer pessoa poderia tornar-se um ator. Bastava ter conhecimento de sua própria história, o movimento interno de suas <strong>em</strong>oções, o controle físico de seus movimentos e gestos, a capacidade de quebrar tabus e expor-se publicamente... Propunham-se tornar isso viável, rapidamente, com o suporte do psicodrama, que usava para fins terapêuticos das técnicas que os dois, ator e diretor, dominavam com perfeição – aquelas do teatro. Flávio Império, baseando-se <strong>em</strong> texto de Brecht, com o Teatro Universitário Paulista - Tusp, usando mais ou menos as mesmas técnicas aplicadas a atores praticamente amadores, <strong>em</strong> Os Fuzis de Dona Tereza, obtivera um espetáculo surpreendente. Walmor ansiava pela incursão ao mundo cênico desestruturalizado, e os dois un<strong>em</strong>se a José Gaudêncio, um dos pro<strong>em</strong>inentes psicanalistas que aplicavam o método de Moreno, o psicodrama. Bastou correr a notícia pela cidade – e o mundo era tão pequeno àquela época! – que o grupo experimental estava formado. Disposto a uma vivência, que, <strong>em</strong> no máximo três meses, redundaria <strong>em</strong> grupo tão coeso e influente quanto The Living Theatre e num espetáculo teatral... Dirigido pelos geniais Flávio Império e Walmor Chagas. Havia tanta gente querendo fazer parte, parecia que a classe teatral inteira fora convocada para uma (<strong>em</strong> desuso, agora no início dos anos 70) antiga passeata. Veteranos do restaurante Gigetto, aspirantes dos restaurantes Piolim e Eduardo’s, havia de tudo: atores e atrizes de todas as facções (a cena brasileira desintegrava-se - e a morte de Cacilda Becker coincidira ser marco nesse processo desencadeado pelo Ato Institucional nº 5), bailarinos & bailarinas, psiquiatras, fotógrafos, estudantes da EAD (Escola de Arte Dramática), da recém-criada ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes), da tradicional FAU/USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), atletas da Escola de Educação Física, pesquisadores das artes cênicas, cantores de ópera, curiosos... Houve que se colocar um limite, tanta era a procura. Exercícios extenuantes, laboratórios excitantes, psicodramas onde todo mundo representava, over do over, e ninguém acreditava – a não ser o perplexo psicanalista, que não conseguia distinguir o que era teatro do que seria, afinal, verdade. São célebres as performances da bailarina Marilena Ansaldi, os gritos trocados entre Beatriz Segall e Tereza Rachel e, juntas aos berros, com a pesquisadora Heloísa Margarido, então jov<strong>em</strong> e bela namorada do próprio Flávio Império. 53
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