baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial
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Nessa primeira fase, descobre – e prefere – o formato da minissérie, fazendo o padre<br />
Olavo na adaptação para a TV (88) da consagrada peça teatral de Dias Gomes,<br />
O Pagador de Promessas (que vira encenada originalmente no TBC).<br />
Nada de contrato fixo. Estipula para si direito à liberdade b<strong>em</strong> distante da submissão<br />
que a maior parte dos atores cambia pelos padrões do star syst<strong>em</strong> da televisão.<br />
Vez por outra, inventa uma outra maneira de permanecer na mídia, mas s<strong>em</strong> atuar<br />
<strong>em</strong> telenovela. Torna-se apresentador dos programas Mundo <strong>em</strong> Guerra (Rede<br />
Globo, viaja o mundo todo, fazendo reportagens sobre guerras); Qu<strong>em</strong> Sabe Sabe<br />
(TV-Cultura, 83) e Bar Acad<strong>em</strong>ia (talk-show <strong>em</strong> que entrevista grandes compositores<br />
da música popular brasileira, Rede Manchete, 84).<br />
A fama popular não é um objetivo, mas um meio para continuar fazendo teatro e<br />
cin<strong>em</strong>a. Agrega atores – <strong>em</strong> especial uma jov<strong>em</strong> atriz-revelação, Lucélia Santos, e o<br />
velho amigo Ítalo Rossi, e produz peças e recitais para circular<strong>em</strong> pelo Brasil inteiro,<br />
ganhando muito dinheiro. Como passam a agir os atores do star syst<strong>em</strong> da TV,<br />
também ele usufrui da propaganda de sua presença na telinha, mas de modo muito<br />
pessoal – ligado aos anos do desbunde, num hedonismo b<strong>em</strong> típico da década de<br />
70, e não como laboratório para seu próximo personag<strong>em</strong> <strong>em</strong> telenovela...<br />
É claro que o Cin<strong>em</strong>a continuou s<strong>em</strong>pre nos planos e sonhos do ator. Mas para<br />
ele, nenhum papel principal nas duas décadas <strong>em</strong> que o Cin<strong>em</strong>a Brasileiro (por<br />
meio da Embrafilme) conseguia manter-se digno no <strong>em</strong>bate com a avassaladora<br />
dominação da Rede Globo de Televisão. Apenas participações especiais calcadas<br />
na persona cin<strong>em</strong>atográfica que criara para si, mesmo s<strong>em</strong> a existência de um Cin<strong>em</strong>a<br />
capaz de assimilá-la.<br />
Só lhe ofereceriam caracteres da classe alta – muitos <strong>em</strong>presários, outros tantos<br />
publicitários, alguns mandatários do rei, vários senadores e até um presidente da<br />
República... Especialíssimas aparições, todas elas respaldadas por seu próprio mito.<br />
Mito de tal forma convincente que, <strong>em</strong> 1982, consegue o feito de levar o prêmio<br />
de Melhor Ator do Festival de Cin<strong>em</strong>a de Gramado, mesmo s<strong>em</strong> ser o protagonista<br />
n<strong>em</strong> de Luz Del Fuego n<strong>em</strong> de Asa Branca – Um Sonho Brasileiro, filmes pelos<br />
quais concorria no certame. Mesmo diante de interpretações marcantes e favorecidas<br />
pelo fato de ser<strong>em</strong> personagens protagonistas, como a do veterano Reginaldo<br />
Farias (Pra Frente Brasil) e do estreante Edson Celulari (Asa Branca) – que o próprio<br />
Walmor carrega nos braços com provocante elegância tão insubstituível para cena<br />
quanto inesquecível para qu<strong>em</strong> a assistiu.<br />
É notável ainda sua participação <strong>em</strong> Parahyba, Mulher Macho (83), encarnando o<br />
presidente João Pessoa, especialmente no momento do assassinato: a perplexidade<br />
ponderada <strong>em</strong> fração de segundos na dor mais que física, histórica, do rosto de<br />
Walmor enquanto tomba ao chão.