LISBOA renova votos DE PROTAGONISMO (2).pdf - RUN UNL ...
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Lisboa “<strong>renova</strong> <strong>votos</strong>” de protagonismo: património (i)material, criatividade e emoção – um manifesto por um<br />
território mais competitivo e inclusivo<br />
Judite Lourenço Reis ▪ Março | 2012<br />
Mestrado em Metropolização, Planeamento Estratégico e Sustentabilidade<br />
“Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento”<br />
…combinando História com Criatividade<br />
Albert Einstein<br />
Foram as palavras de Peter Kageyama que nos inspiraram para as “pequenas” coisas<br />
que aqui vamos propor.<br />
Em geral, uma cidade torna-se criativa por um conjunto de muitos, normalmente<br />
milhares de pequenos atos: uma obra de arte pública, um banco confortável, uma<br />
cafeteria local, uma árvore bem localizada, um edifício, um bar delicioso, uma banda<br />
musical fantástica, uma rua onde adolescentes tentam novas manobras de skate. A<br />
cidade se torna criativa ao dar vazão a um conjunto de condições, por meio das quais<br />
esses pequenos atos podem acontecer e vão se somando mais rápido do que os<br />
problemas que lhes fazem de contraponto. (2011: 56).<br />
Um uso público para uma das ruas do bairro da Madragoa, no sentido que lhe atribuiu<br />
Bauman (2006) 152 , de forma a buscar “febrilmente os caminhos” que conduzem à<br />
comunidade 153 e, assim, “contribuir para recuperar [esse] nome do paraíso perdido” a<br />
que “esperamos ansiosamente retornar”. Acepção de comunidade que parece receber<br />
inspiração em Max Weber, pois comunidade e sociedade coexistem.<br />
Façamos algo para que a cidade, composta pelos seus bairros, pelos seus lugares,<br />
caminhe nesse sentido e contrarie a tendência de individuação 154 imposta pela pós-<br />
152 Optou-se por deixar o testemunho de Z. Bauman, porque nos parece menos dentro da arena académica do que se<br />
julga merecer, segundo o sociólogo: O espaço é «público» à medida que permite o acesso de homens e mulheres sem<br />
que precisem ser previamente «seleccionados». Nenhum «passe» é exigido, e não se registam entradas e saídas. Por<br />
isso, a presença num espaço público é anónima, e os que nele se encontram são estranhos uns aos outros, assim<br />
como são desconhecidos para os empregados da manutenção. Os espaços públicos são os lugares nos quais os<br />
estrangeiros se encontram. De certa forma eles condensam – e, por assim dizer, encerram – traços distintivos da<br />
vida urbana. É nos locais públicos que a vida urbana e tudo aquilo que a distingue das outras formas de convivência<br />
humana atingem sua mais completa expressão, com alegrias, dores, esperanças e pressentimentos que lhe são<br />
característicos. (2006: 69-70).<br />
153 O sentido de comunidade de Bauman: (…) um lugar «cálido», um lugar confortável e aconchegante. É como um<br />
tecto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como uma lareira diante da qual aquecemos as mãos num dia<br />
gelado (…) (2006: 7-9).<br />
154 Richard Sennett no instigante trabalho Declínio do Homem Público, apontou essa procura pelo «similar». Em<br />
que a recusa da alteridade, da turbulência e do incómodo, que se pressupõe do outro lado, aponta à sensação do “nós”<br />
e transforma o “outro” num outsider. Esta “tirania da intimidade” que corre nos carris da “cultura do individualismo”<br />
enfatiza comportamentos de hipervalorização da intimidade, da privacidade e do silêncio, perseguindo a obsessão de<br />
transformar o mundo “num espelho de mim” que acaba por ser o principal responsável pela “morte do espaço<br />
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