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LISBOA renova votos DE PROTAGONISMO (2).pdf - RUN UNL ...

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Lisboa “<strong>renova</strong> <strong>votos</strong>” de protagonismo: património (i)material, criatividade e emoção – um manifesto por um<br />

território mais competitivo e inclusivo<br />

Judite Lourenço Reis ▪ Março | 2012<br />

Mestrado em Metropolização, Planeamento Estratégico e Sustentabilidade<br />

Pois recuemos ao final do século XIX, porque foi na passagem deste para o século XX<br />

que Lisboa começou a viver as festas dos santos que comemoramos em Junho,<br />

Sobretudo São João e Santo António, de uma forma que podemos considerar algo<br />

espontânea, com uma intervenção mínima do poder municipal na efervescência<br />

generalizada que durante algumas noites ocupava toda a cidade e, muito<br />

particularmente, “o seu coração” […] A festa, com os seus excessos inevitáveis, invadia<br />

as ruas e largos da cidade com enfeites, iluminações, fogueiras, bailes, música e grupos<br />

de jovens em “ranchadas” e “marchas aux flambeaux” barulhentas e vistosas, que se<br />

dirigiam às fontes e chafarizes, ao Rossio e Praça da Figueira, visitavam os jornais<br />

sediados no Bairro Alto e colectividades. Tais festividades incluíam não apenas<br />

elementos de fundo rural, fruto da conjuntura sócio-demográfica da cidade nessa época,<br />

como também incorporavam toda uma gama de aspectos diversificados, específicos da<br />

organização social e cultural de uma cidade - como bem exemplifica o ênfase posto nas<br />

iluminações públicas, numa cidade ainda maioritariamente às escuras, nos pontos de<br />

abastecimento de água e comida, lugares por excelência de intenso convívio interclassista<br />

e inter-étnico. […] [e devia ser “preocupação de quem tinha responsabilidades<br />

intelectuais e políticas […] pensar no papel central que a “grande festa popular” devia<br />

assumir na “planificação de um desenvolvimento nacional futuro”] que implicasse toda<br />

a cidade e a projectasse para o exterior, trazendo-lhe benefícios materiais e simbólicos.<br />

(COR<strong>DE</strong>IRO, 2003: 188).<br />

Actualmente, Junho continua a significar as marchas, os ensaios, o despique, a sardinha<br />

assada, as fêveras, o coirato, o caldo-verde e um afluxo oceânico de gente, que se traduz<br />

num saldo positivo para o comércio, tal como foi em 1932. Com o apadrinhamento de<br />

Leitão de Barros, então director do jornal “Notícias Ilustrado”, e com o apoio de<br />

Norberto de Araújo do jornal “Diário de Lisboa” nasceram as marchas de Lisboa.<br />

Embora em 1932 tivessem concorrido só três bairros, a saber Alto do Pina, Bairro-Alto<br />

e Campo-de-Ourique, ainda que a Madragoa, Alfama e Alcântara tenham também<br />

participado.<br />

Com o bairro da Madragoa em mente, retoma-se os ensinamentos de J. Rémy e L.<br />

Voyé. Estes advertem para o facto destes bairros se verem “ameaçados” com a saída dos<br />

jovens, ainda que seja um processo paulatino - já que a ligação ao bairro é muito forte e<br />

as alternativas disponíveis não são necessariamente sedutoras para jovens criados num<br />

ambiente de interconhecimento, de confiança e de solidariedade - não pode ser<br />

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