Na verdade, estamos - Visão Judaica
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Caminho para<br />
o Mar Morto<br />
tem beleza muito especial<br />
Edda Bergmann *<br />
srael é um país que se percorre<br />
em cerca de 5 horas<br />
de Norte a Sul e em apenas<br />
uma de Leste a Oeste.<br />
Uma piada comum com quem chega<br />
é aquela em que o turista diz para o<br />
amigo israelense “amanhã vou sair para<br />
conhecer Israel”. E o amigo responde:<br />
“e o que você vai fazer à tarde?”.<br />
Pequeno em tamanho e bem servido<br />
de estradas, o lugar é no entanto<br />
tão rico em diversidade natural que<br />
dificilmente alguém levará apenas este<br />
tempo para dar um giro decente.<br />
Saindo de Jerusalém um dos primeiros<br />
pontos a que o turista se dirige<br />
é o Leste, a fim de descobrir os mistérios<br />
do Mar Morto, que na <strong>verdade</strong> não<br />
passa de um grande lago. Israel também<br />
apelidou de mar outro lago, o de<br />
Tiberíades como o Mar da Galiléia.<br />
É na região do Mar Morto, de beleza<br />
impar e aterradora que estão<br />
duas importantes atrações nacionais:<br />
Qumran, a aldeia onde foram encontrados<br />
os manuscritos do Mar Morto<br />
e Massada, a cidade fortaleza erguida<br />
sobre um imenso platô de 400<br />
metros de altura, de onde se tem uma<br />
vista espetacular da região até as<br />
montanhas da Jordânia.<br />
Uma hora de carro nesta estrada<br />
que corta o deserto de Judá, de Oeste<br />
para Leste e atingimos o ponto<br />
mais baixo da terra, 400 metros abaixo<br />
do nível do mar.<br />
O cenário até lá é em tons ocre e<br />
terra, enfeitados por pedaços verdes<br />
onde tamareiras robustas oferecem<br />
fontes em abundância já que <strong>estamos</strong><br />
em plena época da colheita.<br />
Plantações irrigadas de citros, melões,<br />
uvas sem semente também são<br />
avistadas com freqüência.<br />
Israel é auto-suficiente na<br />
maioria dos alimentos, mas importa<br />
carne e trigo.<br />
O cheiro de enxofre ainda pode<br />
ser sentido quando se entra num dos<br />
spas construídos para receber os turistas.<br />
Neles é possível embelezar-se<br />
com banhos de lama rica em minerais,<br />
antes de ir flutuar. O índice de<br />
salinidade dos quase 30% inviabiliza<br />
a vida nestas águas e impede que<br />
o corpo afunde.<br />
O Mar Morto é alimentado principalmente<br />
pelas águas do rio Jordão,<br />
mas sua salinidade extrema tem<br />
provocado sua lenta evaporação ao<br />
longo dos anos.<br />
Estima-se que o mar tenha<br />
perdido 12 metros de altura nos<br />
últimos cem anos.<br />
Massada é um libelo da liberdade<br />
do povo hebreu contra a dominação<br />
estrangeira.<br />
Heródes construiu uma fortaleza<br />
e um palácio imponente no alto deste<br />
monte no final do século I a.C.,<br />
estabelecendo aqui um refúgio seguro<br />
para o caso de uma investida<br />
inimiga e temia que Cleópatra tentasse<br />
estender seu império desde o<br />
Egito até a Judéia.<br />
Mas foram os próprios judeus que<br />
tomariam a montanha para resistir à<br />
dominação romana no conhecido<br />
movimento da Revolta <strong>Judaica</strong>, iniciado<br />
em Jerusalém e que durou de<br />
66 a 73 d.C. depois que Herodes já<br />
tinha morrido.<br />
Lá no alto se refugiaram 967 judeus<br />
zelotes, ortodoxos que após demorada<br />
e heróica resistência cometeram<br />
suicídio coletivo, preferindo a<br />
morte à rendição aos 15 mil homens<br />
das tropas da 10ª legião romana.<br />
O relato de dois sobreviventes<br />
inspirou Flávio Josefus que escreveu<br />
com detalhes a história da<br />
“Guerra dos Judeus”.<br />
Massada também ilustra a capacidade<br />
estratégica dos engenheiros<br />
de Herodes.<br />
A primeira pergunta que se faz quando<br />
se está lá no alto sob um sol de 35<br />
graus é como ele poderia ter abastecido<br />
de água uma cidade onde mesmo<br />
hoje o acesso só é facilitado pela existência<br />
de um bondinho teleférico.<br />
E a resposta é uma aula de engenharia<br />
civil. O governador mandou<br />
represar as águas das famosíssimas<br />
torrentes do Neguev, um fenômeno<br />
que ainda hoje acontece sete vezes<br />
por ano na região.<br />
Herodes desviava as abundantes<br />
águas para 11 cisternas construídas<br />
nas encostas da montanha e conseguia<br />
assim suprir as necessidades do<br />
povo. Além disso, Herodes construiu<br />
enormes silos para estocar grãos e<br />
sementes que duravam muito mais<br />
devido à umidade do ar de 15%.<br />
Massada é até hoje o sítio arqueológico<br />
mais visitado do país.<br />
Atravessar o deserto de Judá e<br />
investigar o passado da região onde<br />
está também Massada, a antiga fortaleza<br />
construída por Herodes no<br />
século I d.C. faz parte do caminho<br />
para o Mar Morto cuja beleza desolada<br />
é algo impressionantemente visível<br />
aos olhos dos visitantes desta<br />
região e deixa o turista encantado<br />
com suas diversidades de tudo o que<br />
é conhecido.<br />
* Edda Bergmann é vice-presidente Internacional da B’nai B’rith.<br />
VISÃO JUDAICA Dezembro de 2004/janeiro de 2005 Tevet/Shevat 5765<br />
Estudar na Escola Israelita:<br />
Sim ou não?<br />
Sheilla Figlarz *<br />
Está na hora de matricularmos<br />
nossos filhos para o próximo<br />
ano letivo.<br />
Por que não na EIBSG?<br />
<strong>Na</strong>s outras escolas, as crianças<br />
estudam História da Arte. <strong>Na</strong> EIBSG<br />
estudam a História da Arte e também<br />
a História <strong>Judaica</strong> e História<br />
do Povo Judeu.<br />
<strong>Na</strong>s outras escolas, estudam inglês.<br />
<strong>Na</strong> EIBSG além dela, estudam<br />
o hebraico.<br />
<strong>Na</strong>s outras escolas, estudam<br />
Música. <strong>Na</strong> EIBSG estudam canções<br />
de Purim, Pêssach, Rosh<br />
Hashaná, Chanucá.<br />
<strong>Na</strong>s outras escolas, estudam Artes.<br />
<strong>Na</strong> EIBSG estudam Talmud e Torá.<br />
A pergunta que faço a todos os<br />
pais é: na hora em que estas crianças<br />
se depararem com fatos, como<br />
os que estão ocorrendo hoje, nos<br />
cursinhos, nas universidades e na<br />
mídia, onde o anti-semitismo corre<br />
solto, quem vai responder por<br />
eles? O inglês, a música, as artes, a<br />
história geral?<br />
Cultura se obtém em espetáculos<br />
de teatro, concertos, cinema,<br />
televisão, ballet, internet, livros,<br />
muitos livros...<br />
E judaísmo?<br />
Infelizmente, o que se vê na<br />
maioria das casas, é a assimilação<br />
dos pais e avôs. Queremos nos pa-<br />
recer, cada vez mais, com os outros<br />
povos. Mas não nos iludamos: somos<br />
diferentes. Nem melhores, nem<br />
piores; apenas diferentes.<br />
É do nosso patriarca Abrão que<br />
aprendemos que D-us é um só.<br />
É do Egito que aprendemos o<br />
que é escravidão.<br />
É do Monte Sinai que aprendemos<br />
o que é ética e moral.<br />
É da destruição dos dois Templos<br />
que aprendemos o que é não<br />
aceitação.<br />
É da Inquisição que aprendemos<br />
que querem nos reformar.<br />
É do Holocausto que aprendemos<br />
que para o mundo não somos<br />
ninguém.<br />
É do Estado de Israel, do começo<br />
da nossa história - este mesmo<br />
Estado que temos que defender todos<br />
os dias - que redescobrimos que<br />
somos gente.<br />
E que sobrevivemos graças a<br />
nossa persistência.<br />
E sobrevivemos graças a nossa<br />
crença.<br />
Sobrevivemos graças aos nossos<br />
estudos.<br />
Para continuarmos nesse caminho,<br />
nossos filhos têm que aprender<br />
o que é ser judeu.<br />
* Sheilla Figlarz é cientista social,<br />
mediadora, árbitra e diretora de<br />
Operações e Marketing do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
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