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Rapaz Comum<br />

Por Arthur Dantas. Colaborou Tiago Moraes<br />

“Se o rap fosse um partido, pra mim, ele seria o presidente!”<br />

A frase foi dita pelo DJ Pampa, do grupo Relatos da Invasão, e o presidente em questão seria<br />

Kléber Geraldo Lelis Simões, mais conhecido como KL Jay, DJ do grupo Racionais MCs.<br />

Chamá-lo somente de DJ do Racionais – o que não é pouco, dado que o grupo é desde sempre<br />

o mais importante da história do rap nacional – é reduzi-lo ao seu lado “celebridade”: KL Jay<br />

é pai de cinco filhos, administra em parceria com Xis a 4P – selo, loja de roupas e salão de<br />

cabeleireiros –, cuida de parte dos negócios do Racionais MCs e ainda tem seu próprio selo,<br />

a Equilíbrio Discos. Sobretudo, é um dos personagens mais queridos do rap nacional.<br />

Conversando com ele, fica fácil entender por quê: bastante articulado, KL Jay sorri, brinca,<br />

mas sabe defender seus pontos de vista de forma enfática. E, apesar de ser reconhecido<br />

nacionalmente desde o estrondoso sucesso do álbum Sobrevivendo no Inferno (1997) e de sua<br />

passagem como VJ pelo programa Yo!, da MTV Brasil, mantém a simplicidade de quem um dia foi<br />

office-boy (“Mesmo com ginásio completo, fazendo contas bem etc., não conseguia emprego<br />

melhor. Foi o rap que me fez ver o preconceito, o racismo, o que o sistema faz.”).<br />

Em determinado ponto de nosso papo, falamos sobre Chuck D, lendário líder do<br />

Public Enemy. “Ele é muito humilde, trata todo mundo bem. Esse é o comportamento dos<br />

reis né? A humildade.” A descrição serve perfeitamente para definir o próprio KL Jay,<br />

que continua sendo o bom e velho “rapaz comum” da Zona Norte de São Paulo. “Eu estava<br />

preparado para um possível sucesso. A gente [os membros do Racionais] tava vacinado<br />

sobre isso, porque via pessoas que ficaram pretensiosas por causa da fama. O sistema faz<br />

isso: tem que andar com segurança, com carro do ano, engordar, mudar o cabelo, andar<br />

com jóias... Eu viajei com o lance de dinheiro, caí um pouco no jogo também.<br />

Mas sempre tive pra mim que eu queria continuar indo beber meu suco na rua, andar<br />

de Metrô, de ônibus, quero continuar andando no bairro. O sucesso vem e você tem que<br />

saber lidar com esse veneno. Vejo um monte de gente se perder,” reflete o DJ.<br />

A entrevista teve como mote o lançamento de sua mixtape Fita Mixada Rotação 33,<br />

seu segundo trabalho-solo (o primeiro foi o álbum duplo KL Jay na Batida, Vol. III, de 2004),<br />

contando com participação de nove MCs e redesenhando faixas previamente lançadas de<br />

artistas como Xis, MV Bill, RZO, Sabotage, SP Funk, SNJ, GOG e 509-E, por exemplo.<br />

O trabalho começa com um improviso ao vivo de Mano Brown e Ice Blue, em um show em<br />

Porto Alegre, abrindo alas pra faixa Bem Pior, do primeiro álbum do Xis, devidamente<br />

retrabalhada por KL Jay. No meio, ainda sobra um toque do DJ para o grupo RZO: misturando<br />

trechos de faixas diversas, ele manda um recado para o lendário grupo da Zona Oeste _ está<br />

na hora de voltar. O disco é curto – na medida para animar qualquer festa por aí. Nada para<br />

se espantar, já que KL Jay é um dos melhores DJs da noite paulistana desde sempre.

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