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Para começar, conte-nos sobre a sua formação artística.<br />
Me formei em Design Gráfico em 2005. Mas me considero mais um<br />
autodidata, já que meu trabalho vem se desenvolvendo desde 1997,<br />
quando comecei a criar minhas primeiras fontes e experimentar com<br />
colagens. Na verdade, minha primeira e frustrante opção foi a faculdade<br />
de Publicidade e Propaganda, que acabei largando no sexto período<br />
porque literalmente não conseguia mais suportar as aulas e toda a<br />
hipocrisia. Minha segunda opção então foi a faculdade de Design Gráfico,<br />
mas, se pudesse voltar atrás, teria feito Belas Artes ou optado por estudar<br />
ilustração fora.<br />
Fale um pouco sobre o seu trabalho autoral e comercial.<br />
Meu trabalho autoral começou em 1997, quando lancei a primeira versão<br />
do [site] Misprinted Type. Foi na mesma época em que a internet chegou<br />
até a minha casa e em que pude conhecer um pouco da estética grunge<br />
que estava rolando nos anos 1990.<br />
Me identifiquei muito com as colagens, com as sujeiras, desconstruções<br />
e tudo o que fugia do perfeccionismo que até então eu vinha tentando<br />
alcançar com meus desenhos de retratos. Já meu trabalho comercial veio<br />
como uma conseqüência dos meus trabalhos autorais. Normalmente os<br />
clientes já me contratam para ter um trabalho na linha dos meus<br />
trabalhos pessoais.<br />
Porque você assina seus trabalhos autorais como Misprinted Type e os<br />
comerciais como Eduardo Recife? A lógica não seria o inverso?<br />
Sim, seria (risos)… Mas não foi intencionalmente que isto aconteceu. A<br />
idéia que sempre tive do Misprinted Type era que o nome fosse um<br />
playground, um espaço onde eu poderia expor minhas idéias, criações,<br />
etc. Não queria misturar meus trabalhos comerciais nele e nem criar outro<br />
projeto com um nome completamente diferente para expor esses<br />
trabalhos, então a única idéia que me surgiu foi a de criar o [site]<br />
eduardorecife.com.<br />
No seu website você afirma que desenha desde pequeno, mas hoje<br />
vejo nos seus trabalhos muito mais colagens do que desenhos. Como foi<br />
essa transição? Se cansou de desenhar?<br />
Não cansei de desenhar. Na verdade eu desenho o tempo todo! Mas gosto<br />
muito de colagens e das várias formas de experimentações possíveis<br />
que ela permite. Acabei integrando nas colagens traços de desenhos,<br />
alfabetos, rabiscos. Tudo influencia tudo.<br />
Hoje é cada vez mais comum o uso de samplers na composição de<br />
uma música, mas isso é diferente de como foi duas décadas atrás,<br />
quando o Beastie Boys lançou o clássico Paul’s<br />
Boutique, com dezenas de colagens e trechos<br />
de músicas de artistas renomados como James<br />
Brown, Led Zeppelin, Pink Floyd e The Beatles<br />
entre muitos outros. Hoje é praticamente impossível<br />
samplear coisas desse tipo sem ter<br />
que pagar milhares de dólares em direitos<br />
autorais ou encarar um processo legal. Você<br />
também “sampleia” bastante coisa para criar<br />
sua arte, não é? Como funciona esse processo<br />
de pesquisa, e onde você costuma garimpar<br />
essas imagens? Já teve problemas com direitos<br />
autorais?<br />
A pesquisa é fundamental. Há alguns anos eu ia<br />
semanalmente a alguns sebos no centro da cidade.<br />
Voltava com os dedos pretos de pó e com a<br />
garganta fechada de poeira, mas valia a pena.<br />
Para trabalhar com colagens, você tem que ter um<br />
arsenal de imagens por perto. Hoje em dia ainda<br />
vou ocasionalmente a alguns dos poucos sebos que<br />
sobraram na cidade e compro algumas coisas pelo<br />
Ebay também.<br />
Nunca tive problemas com direitos autorais. Acho<br />
que o bom senso deve ser empregado nas imagens<br />
Técnica mista “Love”