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deixis, tempo e narração - Repositório Aberto da Universidade do ...

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Este poder <strong>do</strong> homem sobre o <strong>tempo</strong> é o poder de o<br />

configurar narrâtivamente, conferin<strong>do</strong>-lhe a única forma de<br />

"reali<strong>da</strong>de" que o <strong>tempo</strong> pode ter, e que é, como já o ex­<br />

plicitou Santo Agostinho, um efeito <strong>da</strong> memór ia e/ou <strong>da</strong><br />

expectativa (ver, adiante, 11,1. e 111,4.). A concepção de<br />

<strong>tempo</strong> constrói-se imaginariamente, isto é, resulta <strong>da</strong> pos­<br />

sibili<strong>da</strong>de de re-ver imagens de acontecimentos presentes na<br />

memória ou de pre-ver, associan<strong>do</strong> essas imagens de forma<br />

nova, acontecimentos futuros; resulta, pois, <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de<br />

global de evocar (tornar presente pela voz) o que está<br />

ausente (ver, adiante, 1,3.4.).<br />

A necessi<strong>da</strong>de de narrar impõe-se ao homem com<br />

várias finali<strong>da</strong>des, várias motivações, to<strong>da</strong>s elas fun<strong>da</strong>men­<br />

tais de um ponto de vista cogn it ivb ( 23 ). Narrar para vencer<br />

a irreversibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>tempo</strong> transforman<strong>do</strong>-a, fictivamente,<br />

em reversibili<strong>da</strong>de. Narrar para constituir uma memória comum,<br />

condição <strong>da</strong> comunicação e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de. Narrar para cons­<br />

truir uma visão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, para o conf igurar e (re)conf igurar<br />

segun<strong>do</strong> o modelo <strong>tempo</strong>ral <strong>do</strong> agir humano. 0 verbo, que já os<br />

Gregos tinham caracteriza<strong>do</strong> como palavra <strong>da</strong> acção e palavra<br />

<strong>tempo</strong>ral ("Zeitwort", em alemão), consubstancia a essência<br />

narrativa <strong>da</strong> linguagem e, através <strong>do</strong>s seus des<strong>do</strong>bramentos<br />

flexionais - os <strong>tempo</strong>s - reflecte e, simultaneamente, torna<br />

possível a estruturação <strong>tempo</strong>ral <strong>da</strong> <strong>narração</strong>.<br />

Diz H. Weinrich, um autor que sublinhou por<br />

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