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MARIA JOSÉ PEREIRA DE OLIVEIRA DIAS<br />

DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS PROFESSORES EM PROCESSO<br />

DE FORMAÇÃO<br />

GOIÂNIA-GO<br />

2009


DESAFIOS E PERSPECTIVAS DOS PROFESSORES EM PROCESSO<br />

DE FORMAÇÃO 1<br />

RESUMO<br />

Maria José Pereira de Oliveira Dias 2<br />

Ao pensar sobre a formação de <strong>professores</strong> é preciso analisar a trajetória histórica pela qual a educação superior<br />

v<strong>em</strong> percorrendo até chegar ao t<strong>em</strong>po presente. É importante destacar que foram grandes os <strong>desafios</strong> enfrenta<strong>dos</strong><br />

nas lutas incessantes por igualdade de direito na educação e melhores condições de acessibilidade <strong>dos</strong> cidadãos<br />

aos direitos sociais no contexto educativo. Neste artigo t<strong>em</strong>-se como objetivo apresentar, de forma sucinta, a<br />

trajetória e os conflitos pelos quais a formação de <strong>professores</strong> t<strong>em</strong> passado no decorrer de quase quatro décadas,<br />

destacar a importância da formação inicial e continuada para a profissionalização docente, procurando<br />

d<strong>em</strong>onstrar que a identidade do professor deve-se, dentre outros fatores, a estas modalidades de formação;<br />

apresentar alguns <strong>desafios</strong> encontra<strong>dos</strong> na formação inicial e continuada <strong>dos</strong> <strong>professores</strong>, a partir do perfil de um<br />

grupo de <strong>professores</strong> que cursa especialização <strong>em</strong> docência universitária <strong>em</strong> uma Instituição de Ensino Superior<br />

<strong>em</strong> Goiânia, que dentre outros t<strong>em</strong>as expressam os motivos que os levaram a fazer um curso de especialização<br />

na área educacional, quais tendências pedagógicas fundamentam as suas práticas, e as dificuldades que eles têm<br />

enfrentado na construção da sua profissionalidade docente. Por fim, a discussão levantada nesta pesquisa pode<br />

ser analisada como uma contribuição importante para discussões e reflexões sobre o processo da formação de<br />

<strong>professores</strong> e os grandes <strong>desafios</strong> que os mesmos enfrentam por causa das transformações aceleradas que se t<strong>em</strong><br />

vivenciado a cada dia <strong>em</strong> todo contexto social.<br />

PALAVRAS-CHAVE: formação de <strong>professores</strong>, formação inicial e continuada,<br />

profissionalização, identidade docente.<br />

Introdução<br />

Ao pensar sobre a formação de <strong>professores</strong> é preciso analisar a trajetória histórica que<br />

a educação superior v<strong>em</strong> percorrendo até chegar ao t<strong>em</strong>po presente. É importante destacar que<br />

foram grandes os <strong>desafios</strong> enfrenta<strong>dos</strong> nas lutas incessantes por igualdade de direito na<br />

educação e melhores condições de acessibilidade <strong>dos</strong> cidadãos aos direitos sociais no contexto<br />

educativo.<br />

Historicamente, a educação superior v<strong>em</strong> sendo constituída <strong>em</strong> meio às conturbadas<br />

mudanças no processo de transformação social. Para Coelho (2005), desde a Idade Média, as<br />

1 Texto produzido durante o curso de especialização <strong>em</strong> Docência Universitária na UCG, Goiânia, orientado pela<br />

Profa. Dra. Lúcia Maria de Assis.<br />

2 Aluna do Curso de Especialização <strong>em</strong> Docência Universitária da Universidade Católica de Goiás.<br />

2


instituições de ensino superior enfrentaram várias imposições político-sociais, o que acabou<br />

refletindo no campo da educação, destacando-se a falta de valorização do trabalho docente <strong>em</strong><br />

to<strong>dos</strong> os níveis de ensino. Nos dias atuais, pode-se observar pelas inúmeras mudanças nas<br />

legislações, momentos <strong>em</strong> que as instituições de ensino submet<strong>em</strong>-se às leis que, <strong>em</strong> geral,<br />

atend<strong>em</strong> predominant<strong>em</strong>ente ao modelo político-econômico-social cont<strong>em</strong>porâneo,<br />

caracterizado pelo individualismo, pela competitividade e pela tendência privatista do modelo<br />

neoliberal de mercado. Esse modelo, via de regra, é impregnado de concepções valorativas e<br />

quantitativas; visando o lucro das organizações, cujas produções passam pelo aligeiramento<br />

<strong>dos</strong> sujeitos, quase s<strong>em</strong>pre submeti<strong>dos</strong> aos novos paradigmas tecnológicos. Nesse contexto,<br />

Sobrinho (1998, p.139) destaca que “a história das universidades é um aspecto da história das<br />

instituições das sociedades”.<br />

Coelho (2005) destaca que é na formação de pessoas que pesquisam, aprend<strong>em</strong>,<br />

ensinam que a universidade constrói sua própria identidade. Esta identidade é construída<br />

também na medida <strong>em</strong> que consegue corresponder aos fatores necessários para que as bases<br />

sociais, culturais e intelectuais desenvolvam aspectos críticos e reflexivos. Assim, a<br />

universidade ainda precisa amadurecer a concepção de formação humana, no sentido de ir<br />

além <strong>dos</strong> anseios que o meio social, político e econômico exig<strong>em</strong>.<br />

Segundo Coelho (2005) e Pimenta (2002) a principal característica das universidades<br />

está vinculada ao ensino, à pesquisa e à extensão. Assim, o seu verdadeiro papel no meio<br />

social é dedicar-se à produção de conhecimento científico na formação do hom<strong>em</strong> crítico-<br />

reflexivo, possibilitando a sua inserção desafiadora na construção de uma sociedade cada vez<br />

mais justa. Para tanto, a identidade da universidade é formada na medida <strong>em</strong> que consegue<br />

corresponder aos fatores de que a base social necessita, nos aspectos culturais, intelectuais,<br />

tecnológicos, políticos, econômicos. Portanto, o papel que a Universidade deveria cumprir é<br />

o de dedicar-se ao conhecimento na formação integral do sujeito, para que o este possa<br />

criticamente contribuir para uma atuação transformadora no próprio meio social. Nesse<br />

sentido, a formação desse hom<strong>em</strong>/sujeito deve ser sustentada por conhecimentos científicos,<br />

tendo como base as teorias-práticas articuladas ao processo ensino-aprendizag<strong>em</strong>. Muitas<br />

vezes a ação docente é realizada de forma artesanal e mecânica, e por isto surge a necessidade<br />

de compreender o conhecimento científico para que haja aprimoramento intelectual (teorias<br />

científicas) e ação pedagógica (práxis - que é a reflexão da teoria na prática pedagógica).<br />

Assim, este artigo t<strong>em</strong> como objetivo apresentar, de forma sucinta, a trajetória e os<br />

conflitos pelos quais a formação de <strong>professores</strong> t<strong>em</strong> passado no decorrer de algumas décadas.<br />

A primeira parte destaca a importância da formação inicial e continuada para a<br />

3


profissionalização docente, d<strong>em</strong>onstrando que a identidade do professor deve-se, dentre<br />

outros fatores, à sua formação inicial e continuada. Na segunda parte, serão apresenta<strong>dos</strong><br />

alguns <strong>desafios</strong> encontra<strong>dos</strong> na formação inicial e continuada <strong>dos</strong> profissionais da educação,<br />

com base <strong>em</strong> um perfil de um grupo de <strong>professores</strong> que cursa especialização <strong>em</strong> docência<br />

universitária <strong>em</strong> uma IES <strong>em</strong> Goiânia 3 . Dentre outros t<strong>em</strong>as, expressam os motivos que os<br />

levaram a fazer um curso de especialização na área educacional, b<strong>em</strong> como as tendências<br />

pedagógicas que fundamentam as suas práticas e algumas dificuldades que eles têm<br />

enfrentado na construção da sua profissionalidade docente.<br />

1. Formação Inicial e Impasses Sociais<br />

São grandes os <strong>desafios</strong> que a profissionalização 4 docente t<strong>em</strong> enfrentado atualmente.<br />

Essas dificuldades são, <strong>em</strong> grande parte, decorrentes do modelo social cont<strong>em</strong>porâneo e das<br />

políticas neoliberais que modificam as formas de relacionamento entre os diversos atores<br />

sociais. Portanto, é neste contexto que se redefine o papel da educação, do professor e do<br />

conhecimento que, de certa forma, está sendo transmitido e utilizado para atender quase<br />

exclusivamente o mercado produtivo. Em geral, o conhecimento amplo pode até ser<br />

apresentado na cultura escolar, mas o “mercado” de trabalho competitivo não o valoriza, pois<br />

o que mais interessa é a produção prática, competente e aligeirada (Cunha, 2005).<br />

Constata-se também que é grande e desafiadora a procura pela formação de<br />

<strong>professores</strong>, mas são poucas as pesquisas que direcionam esses profissionais da educação para<br />

um trabalho que se faça efetivar a qualidade no ambiente educativo (Guimarães, 2004). Muito<br />

se discute sobre o importante papel da instituição de educação e os docentes, mas esses<br />

discursos não são suficientes para que os projetos educacionais ganh<strong>em</strong> legitimidade. O fator<br />

que delineará o trabalho qualitativo do professor é sua formação profissional. No entanto, a<br />

formação inicial é o ponto de partida para a profissionalização docente. Esse conhecimento,<br />

constituído no decorrer do processo educativo é o único meio para compreensão da necessária<br />

formação permanente, tendo <strong>em</strong> vista o desenvolvimento profissional e integral desse<br />

profissional.<br />

3 Em abril de 2007 foram aplica<strong>dos</strong> 30 questionários abertos a uma turma de especialização lato sensu <strong>em</strong><br />

docência universitária da UCG, <strong>em</strong> Goiânia. Deste grupo, dez responderam e devolveram os questionários. São<br />

pessoas graduadas <strong>em</strong> diversas áreas, sendo que alguns já lecionam no ensino médio.<br />

4 A profissionalização refere-se às condições ideais que venha garantir o exercício profissional de qualidade.<br />

Essas condições são: formação inicial e formação continuada, nas quais o professor aprende e desenvolve as<br />

competências, habilidades e atitudes profissionais; r<strong>em</strong>uneração compatível com a natureza e as exigências da<br />

profissão; condições de trabalho (recursos físicos e materiais, ambiente e clima de trabalho, práticas de<br />

organização e gestão) (LIBANEO, 2004, p. 75)<br />

4


É importante enfatizar que, há mais de três décadas, a formação de <strong>professores</strong> v<strong>em</strong><br />

passando por diversas mudanças e transformações causadas por processos políticos,<br />

econômicos e sociais. Esses <strong>desafios</strong> pod<strong>em</strong> ser atribuí<strong>dos</strong>, <strong>em</strong> parte, às características de uma<br />

sociedade cujos interesses são, <strong>em</strong> sua maioria, contrários aos interesses das classes sociais<br />

majoritárias.<br />

Certamente outros fatores como as intervenções tecnológicas e científicas têm afetado<br />

também, de forma significativa, a profissionalização docente neste contexto cont<strong>em</strong>porâneo.<br />

Com isto grande parte do processo de escolarização t<strong>em</strong> ficado <strong>em</strong> segundo plano, pois a era<br />

da tecnologia t<strong>em</strong> tomado o t<strong>em</strong>po e informado com muito mais agilidade e rapidez do que as<br />

instituições educativas consegu<strong>em</strong> acompanhar. O que antes era de responsabilidade quase<br />

exclusiva das instituições de ensino, hoje é mais abrangente, pois o acesso às informações é<br />

cada vez mais facilitado pelas Novas Tecnologias da Comunicação e Informação – NTCI,<br />

resultado do modelo social <strong>em</strong>ergente que t<strong>em</strong> desenvolvido tecnologias cada vez mais<br />

avançadas. Pode-se dizer que, nesse contexto, há aspectos bons e ruins a se considerar. Nesse<br />

sentido afirma Libâneo (2004, p.78) “[...] nesta nova configuração de sociedade, a geração de<br />

novos conhecimentos estaria diretamente associada ao desenvolvimento científico e à<br />

inovação tecnológica”. O mais grave nesse processo de avanços sociais, políticos,<br />

econômicos, culturais e tecnológicos é o fato de se profissionalizar o ensino de modo a<br />

atender predominant<strong>em</strong>ente as expectativas do mercado capitalista.<br />

Guimarães (2004) afirma que as concepções ideológicas das políticas educacionais<br />

derivadas desta conjuntura pod<strong>em</strong> até promover discursos varia<strong>dos</strong> sobre qualidade na<br />

educação, mas o apoio efetivo ao ensino é insuficiente para aprofundamento nos projetos que<br />

possibilitam fundamentar os processos educativos na formação docente. O que de fato<br />

delineará o trabalho qualitativo do professor não é somente a formação inicial 5 , mas também a<br />

formação contínua 6 , e esse investimento realizado na formação docente, o permitirá<br />

qualificar-se profissionalmente. Citando Woodward (2000), Marin (2003) enfatiza que a<br />

identidade profissional 7 docente nos dias atuais vive momento conflituoso e frustrante, devido<br />

a tantas mudanças e cobranças oriundas <strong>dos</strong> setores sociais do mundo cont<strong>em</strong>porâneo. Isto<br />

5 A formação inicial refere-se ao ensino de conhecimentos teóricos e práticos destina<strong>dos</strong> a formação profissional,<br />

completa<strong>dos</strong> por estágios (LIBÂNEO, 2004, p.227).<br />

6 A formação contínua é o prolongamento da formação inicial visando ao aperfeiçoamento profissional teórico e<br />

prático no próprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para além do<br />

exercício profissional (LIBÂNEO, 2004, p.227).<br />

7 [...] a identidade profissional é o conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes, valores que defin<strong>em</strong> e<br />

orientam a especificidade do trabalho de professor (LIBÂNEO, 2004, p.81)<br />

5


t<strong>em</strong> afetado significativamente o processo educacional e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a formação de<br />

<strong>professores</strong>, causando assim, uma “crise na sua identidade profissional”.<br />

De acordo com Guimarães (2004), a formação de <strong>professores</strong> v<strong>em</strong> recebendo destaque<br />

<strong>dos</strong> órgãos e instituições que administram as políticas educacionais. Nesta visão, a produção<br />

científica começa a despontar e ampliar no contexto nacional e internacional, o que pode ser<br />

percebido por meio das leis e diretrizes oriundas do poder público, que v<strong>em</strong> dando ênfase à<br />

docência <strong>em</strong> to<strong>dos</strong> os níveis educacionais. Em abril de 2007, discutiu-se amplamente na mídia<br />

nacional uma proposta do governo tendo <strong>em</strong> vista fixar um piso salarial mínimo de oitocentos<br />

reais (o equivalente a pouco mais de dois salários mínimos) para to<strong>dos</strong> os <strong>professores</strong> da<br />

Educação Básica no Brasil. No ano seguinte, o Governo Federal decretou e sancionou a Lei<br />

Nº 11.738, de Julho de 2008, onde regulamenta no Art. 2º que “[...] O piso salarial<br />

profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de<br />

R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação <strong>em</strong> nível médio, na<br />

modalidade Normal[...]”. Da<strong>dos</strong> do censo indicam que 40% <strong>dos</strong> <strong>professores</strong> da educação<br />

básica receb<strong>em</strong> o equivalente a um salário mínimo.<br />

Pode-se afirmar, segundo Guimarães (2004, p.32), que os investimentos que a<br />

educação recebe são frutos de acor<strong>dos</strong> políticos e econômicos que determinam as formas de<br />

utilização e desenvolvimento educacional. A educação e o trabalho docente, nesse sentido,<br />

serv<strong>em</strong> como ferramenta para manter a configuração social imposta pelos modelos e ideários<br />

sociais. “Esse caráter de mediação, no caso, entre governo e sociedade, inerente ao trabalho<br />

do professor, justifica os investimentos de organismos diversos na configuração de uma<br />

identidade do professor na sociedade”.<br />

Nóvoa (1995) & Guimarães (2004) destacam ainda que a educação deve trabalhar <strong>em</strong><br />

sintonia com os probl<strong>em</strong>as coloca<strong>dos</strong> pela sociedade, pois, mesmo <strong>em</strong> meio a tantas<br />

dificuldades existentes, os profissionais da educação têm se esforçado para atender às<br />

d<strong>em</strong>andas escolares de diferentes formas. Suas ações difer<strong>em</strong> nas características da<br />

profissionalidade docente, de acordo com as experiências vividas tanto enquanto alunos<br />

quanto no curso de sua formação. O que se observa, entretanto, é que, via de regra, os<br />

processos educativos nas Instituições de Ensino Superior são mais focaliza<strong>dos</strong> nas teorias do<br />

que nas práticas que, <strong>em</strong> geral, ganham maior ênfase ao final do curso.<br />

Segundo Guimarães (2004), a formação inicial deve ser somada a uma<br />

interdependência entre o conhecimento e a prática vivenciada pelo professor no ambiente<br />

educativo, levando <strong>em</strong> consideração os <strong>desafios</strong> ali encontra<strong>dos</strong>. É na ação pedagógica e na<br />

inter-relação entre a teoria e a prática que o professor compreende como administrar os<br />

6


conflitos desenvolvi<strong>dos</strong> no ambiente escolar, permitindo assim o autocontrole da situação<br />

exposta. Libâneo (2003, p.82) completa dizendo que “[...] experiências de aprendizag<strong>em</strong><br />

possibilitam mais qualidade cognitiva no processo de construção e reconstrução de conceitos,<br />

procedimentos e valores”. Assim, percebe-se que é na interação do professor com as<br />

situações concretas de trabalho que as competências profissionais serão apuradas e<br />

aperfeiçoadas. Nesse sentido, pode-se dizer que a educação t<strong>em</strong> um papel importante na<br />

construção do hom<strong>em</strong>, a fim de que o mesmo seja efetivamente constituído como cidadão<br />

participante do desenvolvimento social. Vale ressaltar que o processo educativo é desafiador,<br />

principalmente quando se depara com situações cotidianas que não colaboram para o<br />

desenvolvimento da educação de qualidade 8 . No entanto, a superação desses <strong>desafios</strong><br />

contribuirá para a construção da identidade profissional docente, influenciando também na<br />

ampliação <strong>dos</strong> conhecimentos e saberes necessários para uma atuação pedagógica que<br />

responda às d<strong>em</strong>andas do seu entorno sócio-cultural e político.<br />

Cabe enfatizar que, <strong>em</strong> geral, os cursos de formação de <strong>professores</strong> falham <strong>em</strong> relação<br />

à prática pedagógica. É importante entender que o contexto da prática pedagógica inter-<br />

relacionado à teoria são aspectos importantes a uma formação consistente. A falta de preparo<br />

nos aspectos pedagógico-didáticos <strong>dos</strong> <strong>professores</strong> do Ensino Superior, dentre outros fatores<br />

envolvendo a ação docente, t<strong>em</strong> colaborado para que o processo de ensino torne-se cada vez<br />

mais precário na atuação pedagógica <strong>dos</strong> futuros profissionais da área. Rosa (2003, p.166)<br />

afirma:<br />

Tais dificuldades são justificadas, via de regra, pela precária formação<br />

teórica e prática para o exercício do magistério realizada nos cursos de<br />

licenciatura e pela ausência dessa formação nos cursos de Bacharelado.<br />

Soma-se a isso a pouca exigência da legislação educacional brasileira (Lei de<br />

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96 – LDB) quanto à<br />

formação profissional do professor no momento de seu ingresso na docência<br />

universitária.<br />

Libâneo (2004, p. 83), por sua vez, assim se posiciona: “[...] é certo que formação<br />

geral de qualidade <strong>dos</strong> alunos depende de formação de qualidade <strong>dos</strong> <strong>professores</strong>”. Assim<br />

amplia-se o conhecimento sobre a profissionalização docente, buscando compreender o<br />

porquê da necessidade de uma formação sólida e ao mesmo t<strong>em</strong>po maleável. Para Guimarães<br />

(2004) a docência é individual, cada professor constrói a sua forma de atuação, por meio <strong>dos</strong><br />

8 Educação de qualidade é aquela que promove para to<strong>dos</strong> o domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de<br />

capacidades cognitivas, operativas e sociais necessários ao atendimento de necessidades individuais e sociais <strong>dos</strong><br />

alunos, à inserção no mundo do trabalho, à constituição da cidadania, tendo <strong>em</strong> vista a construção de uma<br />

sociedade mais justa e igualitária (LIBÂNEO, 2003, p. 111).<br />

7


saberes constituí<strong>dos</strong> no decorrer do seu processo de formação. Muitos <strong>professores</strong> sent<strong>em</strong><br />

dificuldades <strong>em</strong> articular o conhecimento científico com a ação pedagógica. Essa ação<br />

reflexiva e articulada deve-se à formação inicial que definirá de fato o processo educativo; já<br />

a ação continuada contribuirá significativamente para o processo de reflexão e ampla<br />

formação, proporcionado um crescimento progressivo das funções intelectuais e a prática<br />

docente.<br />

Ainda para Guimarães (2004) os saberes profissionais docentes são constituí<strong>dos</strong> no<br />

processo histórico do professor, por isto são individuais e possu<strong>em</strong> características próprias e<br />

conflituosas, onde o conhecimento é produzido por meio da prática, somada à reflexão,<br />

assegurando-se também as experiências de atuações. Assim, pode-se dizer que o ensino é o<br />

conhecimento inacabado. Coelho (2005) também destaca que o conhecimento vai além da<br />

realidade vivida, supera todas as dicotomias do ensino-aprendizag<strong>em</strong>. O aprender na<br />

perspectiva do saber crítico e reflexivo é um processo permanente, autônomo e criativo.<br />

Nesse sentido, também se faz necessário, na competência profissional do professor, o<br />

desenvolvimento da ação no trabalho docente articulada com o processo contínuo-reflexivo da<br />

própria prática. Para Guimarães (2004, p.50) [...], “os saberes profissionais <strong>dos</strong> <strong>professores</strong><br />

não são unifica<strong>dos</strong> <strong>em</strong> torno de uma disciplina, uma tecnologia ou uma teoria de ensino”.<br />

Assim, esses saberes profissionais são individualiza<strong>dos</strong> de acordo com as construções que<br />

cada um desenvolveu, seja pelos saberes acadêmicos, seja pelo senso comum. Com isto, a<br />

docência é realizada de acordo com a atividade desenvolvida ou também com base nas<br />

experiências de profissionais. Portanto,<br />

“[...]os saberes de uma cultura profissional [...] constitu<strong>em</strong>-se numa forma de<br />

integrar a formação da profissionalidade e o desenvolvimento de uma<br />

identidade profissional, principalmente “para si”, contrapondo-se às<br />

maneiras como a profissão é predominant<strong>em</strong>ente representada na sociedade,<br />

tendo-se como âncora a formação, no caso, a inicial” (GUIMARÃES, 2004,<br />

p.55).<br />

O saber profissional docente determina a forma como o professor se envolve com o<br />

trabalho pedagógico, possibilitando-lhe crescimento profissional por meio da formação geral,<br />

e que contribuirá para que o mesmo possa participar de importantes mudanças que vão ao<br />

encontro da sua profissão. No entanto,<br />

“[...] a atuação do professor é norteada por conhecimentos específicos da<br />

profissão, a dificuldade <strong>em</strong> estabelecê-los, além da insuficiente pesquisa a<br />

respeito, está ligada também a natureza da ação educativa escolar, [...] a<br />

prática docente pressupõe uma base de conhecimentos teórico-práticos que o<br />

8


professor deve dominar articular e transformar, no contexto do ensino,<br />

mantendo-se coerente com a dimensão ética dessa prática, uma vez que sua<br />

atuação envolve a formação de atitudes e convicções que induz<strong>em</strong> uma<br />

concepção de vida e mundo do aluno” (PERRENOUD, KINCHELOE,<br />

GAUTHIER, THERRIEN, apud GUIMARÃES 2004, p.55-56).<br />

É necessário destacar que o profissional docente deve estabelecer uma reflexão<br />

constante de autoconhecimento da prática pedagógica. Nessa dialética de auto-reflexão, o<br />

docente aprimorará sua formação teórico-prática. No entanto, para Guimarães (2004), as<br />

práticas formativas 9 serão desenvolvidas, predominant<strong>em</strong>ente, por meio da formação inicial<br />

nos cursos de graduação. Mas, posteriormente isto será ampliado com a formação continuada<br />

com base <strong>em</strong> pesquisas desenvolvidas <strong>em</strong> sua profissionalização. Assim, alguns fatores<br />

contribu<strong>em</strong> para o desenvolvimento das práticas formativas, que são: os currículos gerais das<br />

instituições; a postura do professor <strong>em</strong> relação ao aluno e o estabelecimento das formas de<br />

ensinar o conhecimento científico instituído pelo professor.<br />

Nessa linha de análise, é importante destacar a identidade profissional 10 do professor.<br />

Conforme Guimarães (2004), muitas são as dificuldades científicas <strong>em</strong> definir de fato a<br />

questão <strong>em</strong> pauta. Para esse autor, a identidade profissional docente está substancialmente<br />

associada à forma como a profissão docente está sendo dominada, destacada e construída<br />

socialmente. A identidade profissional na formação de <strong>professores</strong> também está ligada aos<br />

processos burocráticos sociais e profissionais. Desse modo, como foi dito, historicamente, a<br />

identidade profissional docente t<strong>em</strong> sido abalada no contexto atual, devido a tantas pressões<br />

sociais impostas à profissão, causando um grande mal estar entre os <strong>professores</strong> e os cursos<br />

que se encarregam da sua formação.<br />

Para Guimarães, a falta de reconhecimento social e de prestígio da profissão docente<br />

faz com que o professor se sinta retraído ao se identificar com a profissão. Nesse sentido, a<br />

formação inicial deve colocar <strong>em</strong> destaque a valorização da docência, mas também mostrar a<br />

realidade e as dificuldades encontradas no processo educativo. A formação inicial e<br />

continuada têm que cumprir o papel de mostrar ao futuro profissional da educação a realidade<br />

tal como é, s<strong>em</strong> maquiar os fatos, no sentido de ampliar seu conhecimento para que<br />

9 Práticas formativas refer<strong>em</strong>-se a maneiras b<strong>em</strong> identificáveis de ensinar, mas também à qualidade das relações<br />

entre professor e aluno, ao ex<strong>em</strong>plo profissional, à autoridade intelectual do professor formador, entre muitas<br />

outras ocorrências que os alunos pod<strong>em</strong> avaliar como importantes para o aprendizado do ser professor<br />

(GUIMARÃES, 2004, p.56)<br />

10 A identidade profissional além de relacionada a aspectos objetivos (formas e estratégias de sua configuração<br />

na sociedade, conjunto de saberes e destrezas profissionais), refere-se também a disposições pessoais <strong>em</strong> relação<br />

a uma profissão, a um determinado estado de espírito quanto a pertencer a um grupo de pessoas que têm,<br />

basicamente, um modo comum de produzir a existência (ABDALA apud GUIMARÃES, 2004, p.59)<br />

9


futuramente possa mudar o quadro existente de descontentamento e angústia gerada pela<br />

profissão. O referido autor assim define esta situação:<br />

“[...] não é fácil ao professor identificar-se com uma profissão cuja imag<strong>em</strong><br />

social não oferece referências positivas comuns e mobilizadoras. O papel da<br />

formação inicial, longe de ignorar e muito menos de esconder essa realidade,<br />

é expô-la à discussão, ao estudo não idealizado da situação. E não só os<br />

possíveis resulta<strong>dos</strong> e conclusões a respeito são formativos, mas também o é<br />

seu significado, como estratégia formativa, nos vários aspectos que ela<br />

contém”.<br />

Com base no exposto, pode-se afirmar que os cursos de formação de <strong>professores</strong><br />

dev<strong>em</strong> ensinar aos futuros docentes, juntamente com os conhecimentos científicos, como lidar<br />

e enfrentar alguns probl<strong>em</strong>as na realidade profissional do magistério. Sabe-se que é um<br />

processo de identificação com a profissão para que os futuros <strong>professores</strong> não chegu<strong>em</strong> ao<br />

final do curso com expectativas frustradas e descontentes na atuação profissional.<br />

2. Desafios Profissionais na Formação Continuada <strong>dos</strong> Professores<br />

Buscando compreender como os <strong>desafios</strong> profissionais se processam na prática<br />

formativa <strong>dos</strong> <strong>professores</strong> ou de pessoas que desejam se tornar <strong>professores</strong>, far-se á nesta<br />

parte do trabalho, a identificação de algumas características do perfil <strong>dos</strong> alunos de um curso<br />

de formação continuada de <strong>professores</strong> universitários, na modalidade de Pós-graduação Lato<br />

Sensu. Pretende-se identificar os motivos pelos quais os alunos escolheram um curso de<br />

formação de <strong>professores</strong> e quais concepções de educação conseguiram apreender no decorrer<br />

do processo de formação. Por fim, pretende-se também analisar se houve mudanças<br />

significativas nas suas concepções e práticas depois do processo de formação e quais são as<br />

suas <strong>perspectivas</strong> futuras quanto à realidade da prática docente.<br />

Os cursos de Pós-Graduação no Brasil começaram a desenvolver-se mais intensamente<br />

a partir da década de 60, <strong>em</strong> meio às muitas pressões sociais, políticas, econômicas e<br />

tecnológicas da época, b<strong>em</strong> como por influência do poder oriundo <strong>dos</strong> governos militares.<br />

Nesse contexto, progressivamente o conhecimento evoluía, o mercado de trabalho se expandia<br />

e passava a exigir cada vez mais profissionais com qualificações especializadas. Vale ressaltar<br />

que nesse momento histórico a educação era compreendida como promotora de status social,<br />

e também como a esperança para o desenvolvimento do país, conforme Dias Sobrinho (1998).<br />

De acordo com a Lei 5.540/1969, a Pós-Graduação fragmentou-se <strong>em</strong> formação do<br />

pesquisador ou formação e capacitação do docente universitário. É importante enfatizar que o<br />

10


crescimento nesta área foi visível principalmente nas décadas de 1970/80 quando se atendia a<br />

uma densa procura por esta modalidade de ensino. Assim, já na década de 1980, com a<br />

Resolução 12/1983 do Conselho Federal de Educação, começam a despontar cursos de<br />

especialização e qualificação docentes. Esses cursos são denomina<strong>dos</strong> atualmente de Pós-<br />

Graduação Lato Sensu, com carga horária mínima de 360 horas, cujo currículo cont<strong>em</strong>pla, de<br />

forma privilegiada, as disciplinas específicas ligadas à Metodologia do Ensino Superior<br />

(Masetto,1998).<br />

Todavia, há algumas décadas, a Pós-Graduação v<strong>em</strong> desenhando programas, dentro<br />

das universidades que atendam a cursos de diversas modalidades. Observa-se, entretanto, um<br />

crescimento maior na área de formação de <strong>professores</strong>, no sentido de ampliar os<br />

conhecimentos quanto às concepções de educação existentes, mostrando caminhos para o<br />

desenvolvimento científico para aqueles que, de alguma forma, quer<strong>em</strong> contribuir na ação e<br />

reflexão no campo da docência <strong>em</strong> geral.<br />

De acordo com Souza (2001), na LDB 9394/96, a Pós-Graduação é divida <strong>em</strong> dois<br />

níveis: stricto sensu, que corresponde aos programas de Mestrado e Doutorado e lato sensu<br />

que corresponde aos cursos cujos objetivos são técnico-profissionais e científicos, específicos<br />

a uma área de atuação profissional. A especialização está voltada para a prática profissional e<br />

fornece somente o certificado, o que não é o caso do mestrado que t<strong>em</strong> características mais<br />

acadêmicas para pesquisa.<br />

Para Dias Sobrinho (1998), dentro das universidades, os cursos de Pós-Graduação<br />

desenvolv<strong>em</strong> boa parte do trabalho com a pesquisa científica. Muitas vezes, somente num<br />

curso de formação continuada é que os alunos passam a vivenciar de fato a pesquisa. É esta<br />

modalidade de ensino que acaba comportando a maior parte da ação do pesquisador <strong>em</strong> todo<br />

processo de ensino superior. Para Isaia (2006) “no tripé da universidade – ensino, pesquisa e<br />

extensão estão cont<strong>em</strong>pladas as diversas ações formativas necessárias aos processos<br />

constitutivos de ser professor”. Entende-se, dessa forma, que se faz necessária uma<br />

preparação mais aguçada principalmente ao profissional docente que irá atuar no Ensino<br />

Superior. É necessário refletir que ter somente uma titulação não significa que o professor<br />

possua uma formação de qualidade.<br />

Percebe-se que, <strong>em</strong> meio a muitas dificuldades, os cursos de formação continuada na<br />

área de formação de <strong>professores</strong> estão, cada vez mais, sendo procura<strong>dos</strong> tanto por<br />

profissionais da educação, quanto de outras áreas que buscam se fundamentar<strong>em</strong> de forma<br />

significativa acerca <strong>dos</strong> processos formativos.<br />

11


2.1 Atuação profissional e <strong>perspectivas</strong> atuais<br />

A caracterização e o perfil <strong>dos</strong> estudantes concluintes do curso de Especialização <strong>em</strong><br />

Educação - Docência Universitária, da Universidade Católica de Goiás – UCG, foi realizada<br />

por meio de um questionário. Quanto ao gênero, <strong>dos</strong> dez participantes que compõ<strong>em</strong> a<br />

amostra, sete são do sexo f<strong>em</strong>inino três do sexo masculino. Quatro possu<strong>em</strong> até trinta anos de<br />

idade, quatro estão com idade entre 41 e 50 anos, um <strong>dos</strong> participantes está na média de 31 e<br />

40 e um com idade acima de cinqüenta anos. A maioria <strong>dos</strong> sujeitos possui cursos de Pós-<br />

graduação <strong>em</strong> outras áreas de conhecimento, sendo um mestre, cinco especialistas e quatro<br />

são gradua<strong>dos</strong>. Quanto ao t<strong>em</strong>po de atuação, três participantes possu<strong>em</strong> até cinco anos de<br />

docência, seis não possu<strong>em</strong> experiência no Ensino Superior e somente um t<strong>em</strong> entre seis a dez<br />

anos de prática pedagógica. Três <strong>dos</strong> participantes são forma<strong>dos</strong> <strong>em</strong> Pedagogia (uma<br />

pedagoga possui também a formação <strong>em</strong> Administração de Empresas). E os outros sete são<br />

forma<strong>dos</strong> <strong>em</strong> Psicologia, História, Nutrição, Ciências Econômicas, Direito, Arquitetura e<br />

Enfermag<strong>em</strong>.<br />

Com base no quadro apresentado, Pimenta (2002) identifica algumas características do<br />

professor e da profissão, indicando o que teria levado os sujeitos a essas escolhas, mostrando<br />

também os <strong>desafios</strong> encontra<strong>dos</strong> que afetarão ou não sua identidade docente. “Os<br />

pesquisadores <strong>dos</strong> vários campos de conhecimento [...] adentram o campo da docência no<br />

ensino superior como decorrência natural dessas suas atividades e por razões e interesses<br />

varia<strong>dos</strong>”. Atualmente t<strong>em</strong> sido comum que pesquisadores de diversas áreas de conhecimento<br />

procur<strong>em</strong> um curso de formação de <strong>professores</strong> universitários por motivos varia<strong>dos</strong>. Em<br />

muitos casos o faz<strong>em</strong> s<strong>em</strong> saber exatamente o significado e o papel do profissional da<br />

educação. Cabe ressaltar que esses mesmos profissionais pod<strong>em</strong> até contribuir com os<br />

conhecimentos diferencia<strong>dos</strong> de suas áreas, porém muitos desconhec<strong>em</strong> e não reflet<strong>em</strong> sobre<br />

o verdadeiro papel do professor e o grande significado que existe por traz da profissão<br />

docente.<br />

Com base nestas constatações, procurou-se analisar a construção da identidade desses<br />

<strong>professores</strong> que procuram os cursos para se iniciar<strong>em</strong> profissionalmente no campo da<br />

docência universitária. Presume-se que acredit<strong>em</strong> na possibilidade de adquirir<strong>em</strong> com o curso,<br />

contribuições e subsídios teóricos e práticos para a sua atuação no magistério com mais<br />

qualidade.<br />

Primeiramente, analisaram-se os motivos que levaram os sujeitos da pesquisa a<br />

escolher<strong>em</strong> o curso de especialização <strong>em</strong> Docência Universitária. As respostas indicam que as<br />

12


motivações foram bastante variadas. Dos participantes, seis expressaram que o motivo da<br />

procura por um curso de formação continuada no âmbito da educação foi a profissionalização<br />

e capacitação no campo da docência. Também citaram a possibilidade de aperfeiçoamento e<br />

aprimoramento <strong>dos</strong> conhecimentos na área educacional, compreendendo o verdadeiro papel<br />

do professor. Outros fatores foram cita<strong>dos</strong> de forma isolada por uma pequena parte <strong>dos</strong><br />

sujeitos da pesquisa, como: “interesse <strong>em</strong> trabalhar numa instituição de ensino superior”,<br />

“dificuldade na prática docente”, “o nome bonito do curso”, “necessidade de buscar novas<br />

opções de trabalho e vontade de estudar”. Dois participantes buscaram um curso de formação<br />

continuada pela possibilidade de diversificar e ampliar as oportunidades de trabalho, tendo a<br />

docência como uma profissão compl<strong>em</strong>entar a que já atuam.<br />

De acordo com Cunha (2005), a profissionalização docente nos dias atuais t<strong>em</strong> sido<br />

muito mais cobrada, pois o modelo de sociedade vigente t<strong>em</strong> como base econômica a<br />

expansão do capitalismo, o que torna a profissionalização um desafio constante. Surge, no<br />

entanto, uma grande preocupação diante desse quadro, no sentido de que muitas instituições<br />

de ensino superior não se preocupam <strong>em</strong> como, porque e por quais motivos esses<br />

profissionais estão fazendo escolhas <strong>em</strong> ministrar aulas no magistério superior. Assim, essas<br />

Instituições de Ensino Superior encarregam-se somente <strong>em</strong> saber a quantidade de<br />

teoria/conhecimento que o professor possui, e ele muitas vezes passa pela docência de forma<br />

mecânica como qualquer outra profissão técnica. O que se vê de fato é um mal-estar docente,<br />

um ensino cada vez mais precário e a profissão ainda mais desvalorizada e estigmatizada por<br />

parte da sociedade, segundo Pimenta (2002).<br />

Desse modo, um <strong>dos</strong> sujeitos respondeu que procurou um curso de Pós-graduação <strong>em</strong><br />

formação de <strong>professores</strong> no intuito de “profissionalizar-se como professor e não apenas ser<br />

um profissional do Direito que dá aula”; observa-se uma preocupação <strong>em</strong> obter<br />

conhecimentos na área educacional, o que pode ser um indício de que esteja havendo um<br />

movimento rumo às mudanças de concepções acerca da função docente. De acordo com<br />

Guimarães (2004), é na ação do professor no exercício da docência somando aos seus<br />

conhecimentos científicos que ele (o professor) construirá sua profissionalidade docente. Um<br />

<strong>dos</strong> objetivos <strong>dos</strong> cursos de formação continuada de <strong>professores</strong> é propor ao docente uma<br />

reflexão sist<strong>em</strong>ática do contexto da sala-de-aula, assim como também definir o seu importante<br />

papel como docente universitário. Dos participantes deste trabalho, dois relatam que um <strong>dos</strong><br />

aspectos que os levaram a procurar o curso de formação continuada no campo da docência<br />

superior foi a grande dificuldade da prática docente, deixando claro que gostariam de ver os<br />

fundamentos e as práticas pedagógicas um pouco mais cont<strong>em</strong>pladas pelo currículo do curso.<br />

13


De acordo com Pimenta (2002), é na formação continuada que a profissionalização<br />

docente se efetiva, somada aos vários fatores, como a bagag<strong>em</strong> científica e a prática docente<br />

construída ao longo da profissão. Assim, o conhecimento científico constituído no processo<br />

de formação inicial e continuada, b<strong>em</strong> como a prática pedagógica são fatores necessários para<br />

a construção <strong>dos</strong> processos formativos da docência.<br />

Dessa forma, com base nas concepções teóricas e metodológicas da ação docente,<br />

questionou-se também que visão teriam <strong>em</strong> relação às tendências educacionais e quais<br />

fundamentavam sua atuação docente na prática educativa. Percebe-se que nesse momento da<br />

pesquisa houve uma divisão significativa nos da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>. Um <strong>dos</strong> participantes da pesquisa<br />

fundamenta o seu trabalho <strong>em</strong> vários teóricos, como: Paulo Freire, Alicia Fernandez, Sara<br />

Paim, Piaget, Vygotsky, Phillipe Perrenoud, Miguel Arroyo, Cipriano Luckesi, Fernando<br />

Hernandez. Já outros seis procuram fundamentar<strong>em</strong>-se, cada um a sua maneira, nas teorias de<br />

Libâneo, Paulo Freire, Piaget, Vygotsky e Rousseau. Por fim, três não quiseram opinar por<br />

não ter<strong>em</strong> experiência na prática docente. É importante destacar que um <strong>dos</strong> participantes<br />

relatou que, apesar de não concordar com o ecletismo teórico, acha interessante destacar as<br />

idéias de aprendizado pela faixa etária de Piaget, a concepção de Sócrates, “maiêutica”, e a<br />

teoria de desenvolvimento de Vygotsky. Percebe-se que a teoria mais citada nestes da<strong>dos</strong> foi a<br />

“probl<strong>em</strong>atizadora”, de Paulo Freire. Cinco <strong>dos</strong> participantes afirmaram que utilizam essa<br />

concepção de educação para compreender a ação docente.<br />

Dentre os el<strong>em</strong>entos que cont<strong>em</strong>plam as expectativas profissionais e acadêmicas, dois<br />

<strong>dos</strong> sujeitos pesquisa<strong>dos</strong> acreditam que o curso causou impactos positivos quanto à ação<br />

pedagógica do docente no ensino superior e a enorme responsabilidade do professor<br />

universitário <strong>em</strong> sua atuação na formação do indivíduo social. Outro participante afirmou que<br />

o curso abordou o t<strong>em</strong>a funcionamento administrativo das IES de forma satisfatória. Um<br />

outro relatou que o curso proporcionou uma “visão mais ampla do ensino superior e da<br />

responsabilidade de ser professora-motivadora e não apenas dadora de aulas”. Três <strong>dos</strong><br />

sujeitos disseram que <strong>em</strong> algumas disciplinas o curso proporcionou boas expectativas no<br />

aluno, mas por outro lado faltou “explorar mais o conhecimento como um todo”. Três<br />

participantes da pesquisa revelaram-se insatisfeitos com o curso s<strong>em</strong>, entretanto, explicitar<strong>em</strong><br />

as suas opiniões.<br />

Analisando-se os da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> referentes às abordagens educacionais <strong>em</strong> confronto<br />

com a realidade da prática pedagógica, seis <strong>dos</strong> sujeitos da pesquisa disseram que, <strong>em</strong> geral, a<br />

teoria fica muito distante e muito aquém da prática no contexto educativo, e que não há<br />

articulação entre a teoria e a prática. Para Guimarães (2004), o processo de profissionalização<br />

14


docente precisa se diferenciar das outras profissões no sentido de constituição do<br />

conhecimento científico. Sabe-se que a prática é importante quando está b<strong>em</strong> articulada à<br />

teoria. Somente a prática pela prática não é suficiente para formar um profissional da<br />

educação, pois, assim, dificilmente se preocupará com uma ampla formação <strong>dos</strong> alunos,<br />

especialmente quanto aos aspectos relaciona<strong>dos</strong> às questões políticas e cidadania. Na visão de<br />

quatro <strong>dos</strong> pesquisa<strong>dos</strong>, as abordagens educacionais chegam a ser compreendidas como<br />

utópicas dentro do processo de ensino-aprendizag<strong>em</strong>. Segundo um deles “[...] ainda é preciso<br />

fazer junção entre teoria e prática que permita ao educador trabalhar a realidade s<strong>em</strong> separar<br />

pressupostos teóricos”. To<strong>dos</strong> os participantes externaram que existe a necessidade de se<br />

promover uma maior articulação entre teoria a prática. De modo geral esses profissionais<br />

atribu<strong>em</strong> ao curso de formação continuada a função de preparar o profissional da educação<br />

para o enfrentamento <strong>dos</strong> me<strong>dos</strong>, conflitos e inseguranças geradas na ação docente cotidiana.<br />

Para Guimarães (2004), a formação inicial é o ponto de partida para a formação do<br />

professor, mas a formação continuada desenvolverá a amplitude do crescimento profissional<br />

do professor. Sendo assim, a profissão docente necessita sair do processo artesanal e atingir a<br />

subjetividade do conhecimento científico, pois supõe uma sustentação teórica e prática para<br />

ser reconhecida e valorizada como um fator importante no contexto social. Cabe ressaltar que<br />

os saberes profissionais <strong>dos</strong> <strong>professores</strong> são construí<strong>dos</strong> cotidianamente, adicionando-se o<br />

t<strong>em</strong>po de atuação mais o conhecimento científico somado à interação com outros<br />

profissionais da educação. Dessa forma, o professor adquirirá, gradativamente, melhores<br />

experiências. É na formação inicial e continuada que o professor terá oportunidade de lapidar<br />

e exercitar seu trabalho como docente.<br />

No que se refere ao curso de formação continuada (especialização), questiona-se o<br />

mesmo é suficiente para a atuação profissional com segurança. Para quatro respondentes,<br />

(40% do total), o curso possibilita mudanças na prática pedagógica, desde que o professor<br />

esteja aberto a mudar e aprofundar-se nos estu<strong>dos</strong> da área. Para cinco respondentes, que<br />

representam 50% do total, o curso não proporciona a segurança necessária, pois esta v<strong>em</strong> com<br />

o t<strong>em</strong>po de atuação na prática. Nesta mesma linha, um participante relata que o curso está<br />

mais ligado à mercantilização do ensino e menos à qualidade de atuação docente. Percebe-se<br />

que os participantes deste curso se queixam da falta de estágio, ou seja, de uma prática aliada<br />

à teoria, para que o aluno tenha um contato direto com a ação docente mais profissionalizada.<br />

À luz das contribuições de Guimarães (2004), as práticas formativas são desenvolvidas por<br />

meio <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong> constituí<strong>dos</strong>, assim como também a autonomia intelectual do docente,<br />

15


além da interação que existe entre professor e aluno. Nesse sentido, quando não há uma<br />

abertura maior para que um desses fatores se efetive, o processo fica realmente incompleto.<br />

Assim, com base nos da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>, percebe-se que o discurso <strong>dos</strong> sujeitos nesse<br />

momento parece contraditório ao afirmar<strong>em</strong> que de Docência Universitária proporcionou<br />

algumas mudanças nos processos formativos da atuação docente. Contudo, percebe-se que<br />

sete <strong>dos</strong> dez participantes concordam que o curso causou algum impacto reflexivo e ampliou<br />

de certa forma sua visão sobre docência superior, passando a analisar cientificamente as<br />

questões da formação pedagógica do ensino superior. Somente três do total relataram não<br />

saber exatamente se o curso proporcionou mudanças. Dessa forma, pode-se afirmar que a<br />

identidade do professor está substancialmente associada à forma <strong>em</strong> que a profissão docente<br />

está sendo conduzida, destacada e construída socialmente. Assim, o processo de<br />

desvalorização da profissão docente da forma como t<strong>em</strong> sido construída a identidade do<br />

professor, seja individual ou coletivamente, pode ter influenciado essas respostas, de acordo<br />

com a abordag<strong>em</strong> de Valter Guimarães (2004). Muitas vezes a docência superior t<strong>em</strong> sido<br />

observada como um status social a mais, tendo <strong>em</strong> vista a falta de experiência na área. Pela<br />

falta de significação social da profissão docente, o professor se sente retraído <strong>em</strong> querer<br />

identificar-se com a sua profissão. Nesse sentido, é na formação inicial, ou seja, na graduação,<br />

que se deve colocar <strong>em</strong> debate as questões de valorização da profissão docente tal como é,<br />

mostrando a realidade e as dificuldades encontradas neste contexto, Guimarães (2004).<br />

Portanto, procurou-se saber <strong>dos</strong> sujeitos desse processo de formação continuada se os<br />

mesmos ainda se sentiam estimula<strong>dos</strong> a continuar <strong>em</strong> processo de formação para tornar<strong>em</strong>-se<br />

<strong>professores</strong>. A metade <strong>dos</strong> participantes, ou seja, cinco <strong>dos</strong> dez sujeitos <strong>em</strong> análise sent<strong>em</strong>-se<br />

bastante motiva<strong>dos</strong> <strong>em</strong> continuar investindo na sua formação e na sua prática docente. Este<br />

trabalho de identificação com a profissão escolhida deve partir no início da formação inicial<br />

do professor, para que ele não fique procurando uma formação continuada com o objetivo de<br />

se identificar com a profissão escolhida, pois este não é o objetivo maior desse processo de<br />

formação. Constatou-se, que quatro <strong>dos</strong> sujeitos da pesquisa disseram não sentir<strong>em</strong> tanto<br />

estímulo devido ao fator econômico, que não há uma devida valorização desse profissional<br />

nos diversos segmentos sociais e políticos. Já com relação à ação do professor, um <strong>dos</strong><br />

participantes que respondeu sim à questão disse sentir prazer ao pensar na responsabilidade<br />

social de poder contribuir na transformação do aluno e nos processos sociais.<br />

É importante ressaltar que, desse mesmo grupo, um <strong>dos</strong> <strong>professores</strong>/sujeitos respondeu<br />

que quer fazer parte do grupo de <strong>professores</strong> que faz diferença quanto à prática pedagógica.<br />

Observa-se que do grupo de pesquisa<strong>dos</strong> que responderam não, houve qu<strong>em</strong> dissesse que não<br />

16


sabe se continuará a trilhar o caminho da docência superior, pois a baixa r<strong>em</strong>uneração que o<br />

professor enfrenta no mercado de trabalho é desestimulante. Destes sujeitos, um justifica que<br />

“exist<strong>em</strong> grupos fecha<strong>dos</strong> de <strong>professores</strong> que atuam na área da docência, que não permit<strong>em</strong><br />

que outros profissionais façam parte do processo de atuação no magistério superior”.<br />

Nota-se, <strong>em</strong> linhas gerais, que a maioria <strong>dos</strong> sujeitos buscou o curso de formação<br />

continuada para melhor capacitar-se e profissionalizar-se no campo da docência. Porém, sabe-<br />

se que muitos são os <strong>desafios</strong> encontra<strong>dos</strong> na prática pedagógica e, como os el<strong>em</strong>entos<br />

constitutivos da profissão docente 11 não foram delinea<strong>dos</strong> no processo de sua formação<br />

inicial, ainda na graduação, alguns <strong>dos</strong> sujeitos tentaram neste curso compreender com mais<br />

amplitude o significado do papel do professor na atuação da docência superior.<br />

3. Considerações Finais<br />

Este trabalho possibilitou identificar, compreender e desvelar alguns <strong>desafios</strong><br />

enfrenta<strong>dos</strong> no campo da formação de <strong>professores</strong> nos dias atuais.<br />

De certo modo, ao analisar algumas características da formação inicial e continuada,<br />

identificou-se o quanto a identidade profissional do professor é pouco definida no decorrer do<br />

seu processo de formação. Assim, mesmo os alunos <strong>dos</strong> cursos de formação de <strong>professores</strong><br />

chegam ao final da graduação s<strong>em</strong> de fato ter<strong>em</strong> consciência acerca da sua profissionalidade<br />

docente. O que se t<strong>em</strong> visto, <strong>em</strong> alguns casos, são alunos ingressando <strong>em</strong> cursos de<br />

especialização ou outros de formação continuada, s<strong>em</strong> saber o que fazer com o título<br />

adquirido. Entretanto, esta modalidade de formação deve cumprir um papel compl<strong>em</strong>entar à<br />

formação do sujeito que, <strong>em</strong> tese, já deveria conhecer os benefícios que esta etapa de<br />

formação poderia lhe acrescentar.<br />

Diante do exposto, compreende-se o quanto é importante o papel das Instituições de<br />

Ensino Superior no sentido de abordar<strong>em</strong>, no decorrer do processo de formação, a realidade<br />

da profissão, seus <strong>desafios</strong>, suas dificuldades e seus pontos fortes com a mesma profundidade<br />

que ensinam os conhecimentos específicos <strong>em</strong> cada área. A produção do conhecimento é tão<br />

importante quanto a formação integral do acadêmico. Formação docente está voltada para a<br />

realidade humana, preparando também para um mundo repleto de <strong>desafios</strong> apresenta<strong>dos</strong> pela<br />

sociedade e pelo mundo do trabalho.<br />

11 “[...] Formação acadêmica, conceitos, conteú<strong>dos</strong> específicos, objetivos, regulamentação, código de ética”. E<br />

quando essas características não acontec<strong>em</strong> de forma integral na formação inicial é importante que isto<br />

corresponda na formação continuada, Pimenta (2002).<br />

17


Isaia (2006, p.74) descreve que “A indefinição identitária pode levar a uma formação<br />

difusa da identidade docente e mostrar-se como um <strong>dos</strong> fatores responsáveis pela separação<br />

entre o ato de ensinar e o de pesquisar, ainda presentes na acad<strong>em</strong>ia”. Nesse sentido, é na<br />

formação inicial que o professor delineará o caminho da docência e da pesquisa, e também o<br />

ser pesquisador. Já na formação continuada, o docente poderá compl<strong>em</strong>entar os<br />

conhecimentos constituí<strong>dos</strong> para sua formação profissional. Porém, de acordo com os<br />

resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nesta pesquisa, e dentro da perspectiva de formação de <strong>professores</strong>, pode-<br />

se perceber que ainda exist<strong>em</strong> alunos que procuram cursos de formação continuada para<br />

compreender de fato o que é ser professor. Ora, a qualificação do trabalho docente não<br />

depende somente de um fator, mas sim de vários que compl<strong>em</strong>entarão sua profissionalidade,<br />

ou seja, um somatório <strong>dos</strong> saberes, <strong>dos</strong> fazeres, do conhecimento científico e da relação com a<br />

prática docente. Assim sendo, a docência envolve a formação profissional e a formação<br />

cidadã, <strong>em</strong>basada <strong>em</strong> um conjunto de fatores que fundamentará o ato de ensinar, (Isaia 2004).<br />

Evidencia-se, neste estudo, a importância de a formação de <strong>professores</strong> ser sustentada<br />

pelo conhecimento científico articulado às práticas pedagógicas. Sabe-se que a<br />

profissionalização do docente certamente dependerá da qualidade da formação profissional<br />

constituída no decorrer do processo de ensino-aprendizag<strong>em</strong>. Quanto à formação continuada,<br />

seja <strong>em</strong> que nível for, é tão importante quanto a formação inicial, <strong>em</strong>bora, especificamente<br />

para o professor, o processo formativo traga muito mais responsabilidade, pois certamente o<br />

ato de ensinar supõe conhecimento e prática constantes e atualizadas.<br />

Para que os <strong>desafios</strong> encontra<strong>dos</strong> no decorrer do processo de atuação sejam<br />

enfrenta<strong>dos</strong> com discernimento e sabedoria, faz-se necessário que o sujeito estabeleça uma<br />

relação de valorização e identificação com a profissão docente. Assim, o reconhecimento do<br />

docente deve se estender à categoria profissional, para que também a sociedade <strong>em</strong> geral<br />

perceba de fato a importância do papel exercido por esses profissionais na transformação<br />

social e na melhoria das condições de vida das pessoas.<br />

Pode-se concluir que são grandes os <strong>desafios</strong> das Instituições de Ensino Superior no<br />

preparo <strong>dos</strong> <strong>professores</strong> para uma atuação coerente e comprometida com a realidade atual. De<br />

fato, a responsabilidade do docente universitário no momento da sua ação <strong>em</strong> sala de aula<br />

deve ser condizente com os saberes necessários, num movimento mútuo de articulação com as<br />

teorias <strong>em</strong> construção. Nesse processo, é importante destacar que o educador/professor t<strong>em</strong><br />

um papel muito importante nessa construção, junto com os d<strong>em</strong>ais segmentos sociais, das<br />

competências técnicas, políticas, sociais e humanas necessárias para a formação das novas<br />

gerações de profissionais <strong>em</strong> todas as áreas do conhecimento.<br />

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19


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