Contribuição para o Estado da Arte das continuidades e mudanças ...
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40<br />
02.<br />
Eduardo Medeiros<br />
qUEsTõEs<br />
UrbANAs<br />
A população urbana de Moçambique cresceu e continua a crescer a<br />
um ritmo quase exponencial e o <strong>Estado</strong> ain<strong>da</strong> não encontrou modos adequa<strong>da</strong>s<br />
<strong>para</strong> li<strong>da</strong>r com as mu<strong>da</strong>nças do meio urbano (sendo que as do<br />
mundo rural passam hoje pelas privatizações <strong>da</strong>s terras e pelos fingimentos<br />
de territórios linhageiros com régulos e curandeiros). Como vimos<br />
mais acima, à <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> Independência, em 1975, somente 9% <strong>da</strong> população<br />
do país vivia em áreas urbanas e apenas uma minoria entre esta era<br />
negra. Vinte e cinco anos depois, 30% <strong>da</strong> população moçambicana vive<br />
em meio urbano ou suburbano. E prevê-se que nos próximos 25 anos mais<br />
de metade <strong>da</strong> população do país viverá em megametrópoles. Ou seja: em<br />
apenas quatro gerações o modo de produção, consumo e reprodução de<br />
vi<strong>da</strong> camponesa, base <strong>da</strong> antiga socie<strong>da</strong>de moçambicana pré-colonial e<br />
colonial, será substituído por uma economia basea<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de ou em<br />
relações económicas de tipo urbano e suburbano onde milhares de refugiados<br />
ou desalojados pela guerra e pela pobreza rural se instalaram.<br />
No dobrar do Milénio, apenas 5% dos residentes urbanos estavam<br />
integrados numa economia formal; os restantes 95% eram oficialmente<br />
desempregados, o que significa que sobreviviam e ganhavam a vi<strong>da</strong> no<br />
sector de activi<strong>da</strong>des económicas ditas informais ou na agricultura de<br />
subsistência.<br />
Ao longo de todos estes anos foi sendo considera<strong>da</strong> população urbana<br />
a que residia: a) nas antigas sedes distritais, hoje sedes provinciais,<br />
em 1960 e 1970; b) nas capitais provinciais e nas ci<strong>da</strong>des Chókwè e Nacala,<br />
em 1980, e c) nas 23 ci<strong>da</strong>des do país em 1991. Curiosamente, não<br />
têm sido considera<strong>da</strong>s do ponto de vista de relações urbanas as grandes<br />
aldeias que se mantiveram dos Aldeamentos coloniais e <strong>da</strong>s Aldeias Comunais<br />
pós-Independência, que continuam a existir.<br />
E-booK CEAUP 2007