Contribuição para o Estado da Arte das continuidades e mudanças ...
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Eduardo Medeiros<br />
2006 GASPAR, Dowyvan Gabriel – “É <strong>da</strong>ndo que se recebe”: a Igreja Universal do<br />
Reino de Deus e o negóio <strong>da</strong> fé em Moçambique. Bahia, Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong><br />
Bahia, Facul<strong>da</strong>de de Filosofia e Ciências Sociais e Humanas, epartamento de<br />
História, Programa de pós-Graduação, 2006 (Tese de Mestrado).<br />
4. 2. islamismo<br />
Estimava-se em 1982 que existiam em Moçambique 2, 249 milhões<br />
de muçulmanos, numa população de 11.673.725. Ou seja: cerca de 20%<br />
<strong>da</strong> população total assumia-se como muçulmana. Neste ano, em plena<br />
guerra civil, o Presidente Samora Machel proporcionou um encontro<br />
com os principais chefes religiosos de Moçambique. Da área do Islão, há<br />
um que lhe mereceu uma atenção especial: Mualana Abubacar, do Conselho<br />
Islâmico, o qual defendia um Islão Unido, uma teologia mais fiel<br />
<strong>para</strong> o Islão <strong>da</strong>s Confrarias e o Amor à Pátria. O Conselho Islâmico fora<br />
fun<strong>da</strong>do no início dos anos ’80 por Abubacar Ismail Manshira, e foi a voz<br />
do wahabismo em Moçambique. Sobre esta corrente, ver Monteiro, 1993<br />
e 2004. To<strong>da</strong>via, a unici<strong>da</strong>de não sortiu efeito porquanto o Congresso<br />
Islâmico que já existia entre os muçulmanos de origem hindostânia continuou<br />
a não se entender com o Conselho. Mesmo assim, a iniciativa de<br />
Samora e do governo foi proveitosa pois ganharam o apoio dos comerciantes<br />
e de chefes <strong>da</strong>s Confrarias a quem foi facilita<strong>da</strong> a construção de<br />
mesquitas e madrassas e outras iniciativas islâmicas.<br />
Nesta procura de alargamento <strong>da</strong>s bases de apoio <strong>da</strong> FRELIMO <strong>para</strong><br />
as eleições multipartidárias de 1994, um grupo de deputados deste partido<br />
reúne-se com alguns chefes de Confrarias e propô-lhes a Lei dos<br />
feriados muçulmanos em troca de favores eleitorais. Mas passa<strong>da</strong>s as<br />
eleições, a Lei foi reprova<strong>da</strong> em 2001 pelo Presidente Joaquim Chissano<br />
com base na laici<strong>da</strong>de do <strong>Estado</strong>. O bom entendimento com o Conselho<br />
pareceu atenuar-se, pois este continuou a defender que «seria um gesto<br />
boa vontade, conciliação do espírito democrático e convivência nacional<br />
entre os moçambicanos» (apud Costa, 2006, 9). Mesmo assim, houve a<br />
partir de 1982 uma grande expansão <strong>da</strong> rede escolar islâmica, que, nas<br />
ci<strong>da</strong>des, principalmente em Maputo, incluem disciplinas não religiosas,<br />
como português, matemática, informática, etc.<br />
E-booK CEAUP 2007