Contribuição para o Estado da Arte das continuidades e mudanças ...
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78<br />
08.<br />
Eduardo Medeiros<br />
sAúDE E DOENçA<br />
<strong>da</strong> chaMa<strong>da</strong> “Medicina tradicional”<br />
Mesmo antes <strong>da</strong> questão dos régulos e outras autori<strong>da</strong>des comunitárias,<br />
a Medicina Tradicional foi objecto de interesse e de estudo em Moçambique<br />
durante a época samoreana (Vd. os relatórios locais <strong>da</strong> OMS,<br />
CRDS e MISAU desses anos). E não estou a falar apenas do Gabinete<br />
de Medicina Tradicional do Ministério <strong>da</strong> Saúde e <strong>da</strong>s suas publicações<br />
sobre Plantas Medicinais. Digamos o seguinte: à medi<strong>da</strong> que a Medicina<br />
Moderna se tornou incapaz de resolver problemas de Medicina Curativa<br />
(devido à guerra e seus traumatismo, aumento <strong>da</strong> malária, hiv/si<strong>da</strong>, etc.,<br />
destruição pela RENAMO de centrenas de Postos de Saúde de nível primário<br />
espalhados pelo país, numa clara política de destruir as conquistas <strong>da</strong><br />
Independência neste e outros domínios), tudo isto em comandita com as<br />
privatizações no domínio <strong>da</strong> saúde nas principais ci<strong>da</strong>des, o discurso sobre<br />
a Medicina Tradicional e suas “contribuições benéficas e necessárias” passou<br />
a ter lugar. Vd os jornais e revistas moçambicanas desse período 16 .<br />
Por isso, muito naturalmente, começaram a ser “recuperados” textos<br />
etnográficos sobre as práticas tradicionais relativas à doença e à saúde,<br />
novos textos foram publicados a partir de 1980, assim como alguns estudos<br />
sobre questões culturais com interesse <strong>para</strong> implementação de projectos<br />
de educação <strong>para</strong> a saúde e de medicina preventiva.<br />
Recordemos:<br />
Cerca de 20 milhões de habitantes de Moçambique contam com<br />
cerca de 500 médicos, ou seja um médico <strong>para</strong> 40 mil moçambicanos<br />
16 Recentemente pudemos ler no Canal Moçambique a seguinte declaração do director adjunto <strong>da</strong><br />
Facul<strong>da</strong>de de Medicina <strong>da</strong> UEM: “muitos diabéticos e pacientes de hipertensão arterial crónica não seguem<br />
a medicação hospitalar que lhes é prescrita, o que contribui <strong>para</strong> a ocorrência de muitos óbitos<br />
no país. Estes doentes optam pelo recurso a curandeiros e quando optam ou retornam ao tratamento<br />
hospitalar, em muitos casos, já é tarde demais” (Mamudo Ismail ao Canal Moçambique, n.º 224, 28 de<br />
Dezº 2006:4.<br />
E-booK CEAUP 2007