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Clóvis Ricardo Montenegro de Lima Maria Nélida Gonzalez ... - Ibict

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As socieda<strong>de</strong>s industrializadas produzem quantida<strong>de</strong>s crescentes <strong>de</strong><br />

riquezas com quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>crescentes <strong>de</strong> trabalho. Contudo, essas socieda<strong>de</strong>s<br />

não produzem uma cultura <strong>de</strong> trabalho que, <strong>de</strong>senvolvendo plenamente as<br />

capacida<strong>de</strong>s individuais, permite aos indivíduos <strong>de</strong>senvolverem-se livremente,<br />

durante seu tempo disponível, pela cooperação voluntária, as ativida<strong>de</strong>s<br />

científicas, artísticas, políticas etc. Não há “sujeito social” capaz, cultural e<br />

politicamente, <strong>de</strong> impor uma redistribuição do trabalho <strong>de</strong> tal modo que<br />

todos possam ganhar sua vida trabalhando, mas trabalhando cada vez menos<br />

e recebendo, sob a forma <strong>de</strong> rendimentos crescentes, sua parte da riqueza<br />

crescente socialmente produzida.<br />

À medida que se esten<strong>de</strong>m os horizontes <strong>de</strong> tempo disponível, o tempo<br />

<strong>de</strong> não-trabalho po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser o avesso do tempo <strong>de</strong> trabalho: po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ser o tempo <strong>de</strong> repouso, <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> forças, tempo <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s acessórias, complementares da vida <strong>de</strong> trabalho; <strong>de</strong> preguiça, o outro<br />

lado da constrição ao trabalho forçado, hetero<strong>de</strong>terminado; <strong>de</strong> divertimento,<br />

o avesso do trabalho anestesiante e esgotante em sua monotonia. Aumentam<br />

a possibilida<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturá-lo por meio <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s e<br />

outras relações nas quais os indivíduos <strong>de</strong>senvolvem suas faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outra<br />

maneira, adquiram outras capacida<strong>de</strong>s, conduzam uma outra vida:<br />

Novas relações <strong>de</strong> cooperação, <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong> troca, po<strong>de</strong>m ser<br />

tecidas no tempo disponível e inaugurar um novo espaço social e<br />

cultural, feito <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s autônomas, <strong>de</strong> fins livremente escolhidos.<br />

Uma nova relação, invertida, entre o tempo <strong>de</strong> trabalho e o tempo<br />

disponível ten<strong>de</strong>, então, a se estabelecer: as ativida<strong>de</strong>s autônomas<br />

po<strong>de</strong>m tornar-se prepon<strong>de</strong>rantes com relação a vida <strong>de</strong> trabalho, a<br />

esfera do liberda<strong>de</strong> com relação à esfera da necessida<strong>de</strong>. O tempo da<br />

vida não precisa mais ser gerido em função do tempo do trabalho. É o<br />

trabalho que <strong>de</strong>ve encontrar seu lugar subordinado em um projeto <strong>de</strong><br />

vida (GORZ, 2007, p. 95).<br />

Gorz (2007, p. 96) pensa que os indivíduos serão então mais exigentes<br />

quando a natureza, o conteúdo, as finalida<strong>de</strong>s e a organização do trabalho.<br />

Não aceitarão o “trabalho idiota” nem a submissão a uma vigilância e a uma<br />

hierarquia opressivas. A liberação do trabalho será conduzida à liberação no<br />

trabalho, sem por isso transformá-lo em livre ativida<strong>de</strong> pessoal que coloca a<br />

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