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Clóvis Ricardo Montenegro de Lima Maria Nélida Gonzalez ... - Ibict

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seja, não existe um mundo real a priori ao discurso. Assim, a crença metafísica 3<br />

da existência <strong>de</strong> uma Realida<strong>de</strong> Primeira, que antece<strong>de</strong> a todo e qualquer relato<br />

torna-se problemática. Acreditar que existe uma realida<strong>de</strong> que prece<strong>de</strong> o<br />

discurso significa afirmar a existência <strong>de</strong> um sujeito todo po<strong>de</strong>roso, capaz <strong>de</strong><br />

estabelecer a verda<strong>de</strong> sobre os fatos.<br />

Em sua obra Warheit und Rechtfertigung (1999), Habermas, já no segundo<br />

parágrafo da introdução, nesse sentido, escreve: “como conciliar a suposição<br />

<strong>de</strong> um mundo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> nossas <strong>de</strong>scrições, idêntico para todos os<br />

observadores, com a <strong>de</strong>scoberta da filosofia da linguagem segundo a qual<br />

nos é negado um acesso direto, não mediatizado pela linguagem, à realida<strong>de</strong><br />

‘nua’” 4 . Mais adiante ao escrever que: “após a virada linguística, foi-nos vedado<br />

um acesso a uma realida<strong>de</strong> interna ou externa, que não fosse mediado pela<br />

linguagem” 5 , Habermas reforça o status conquistado pela filosofia da linguagem<br />

em relação a filosofia da consciência que “... privilegiara o interior em relação ao<br />

exterior, o privado em relação ao público, a imediação da vivência subjetiva em<br />

relação à mediação discursiva” 6 . Enfim, para Habermas, após a virada linguística,<br />

houve um nivelamento entre sujeito e objeto na produção do conhecimento.<br />

A partir <strong>de</strong>sse momento “... a linguagem presta-se tanto à comunicação como<br />

à representação; e o proferimento linguístico é, ele mesmo, uma forma <strong>de</strong> agir<br />

que serve ao estabelecimento <strong>de</strong> relações interpessoais” 7 .<br />

Por outro lado, Foucault, em sua analítica interpretativa da socieda<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna, se afasta da tradição filosófica que utiliza a linguagem para<br />

representar a realida<strong>de</strong>. Seu trabalho caracteriza-se pelo esforço <strong>de</strong> pensar<br />

fora dos dualismos metafísicos que a filosofia oci<strong>de</strong>ntal herdou dos gregos:<br />

as oposições entre essência e aci<strong>de</strong>nte, aparência e realida<strong>de</strong>. A linguagem nos<br />

permite compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> somente a partir daquilo que as <strong>de</strong>scrições<br />

linguísticas nos oferecem. Para o filósofo, a linguagem é fundamentalmente<br />

3 Na tradição filosófica a metafísica é <strong>de</strong>finida como a ciência primeira, por ter como objeto o objeto <strong>de</strong><br />

todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os outros.<br />

4 HABERMAS, Jürgen. Verda<strong>de</strong> e justificação: ensaios filosóficos. Tradução <strong>de</strong> Milton C. Mota. São<br />

Paulo: Loyola, 2004a, p. 8.<br />

5 HABERMAS, Jürgen. Verda<strong>de</strong> e justificação: ensaios filosóficos. Tradução <strong>de</strong> Milton C. Mota. São<br />

Paulo: Loyola, 2004a, p. 19.<br />

6 HABERMAS, Jürgen. Verda<strong>de</strong> e justificação: ensaios filosóficos. Tradução <strong>de</strong> Milton C. Mota. São<br />

Paulo: Loyola, 2004a, p. 9.<br />

7 HABERMAS, Jürgen. Verda<strong>de</strong> e justificação: ensaios filosóficos. Tradução <strong>de</strong> Milton C. Mota. São<br />

Paulo: Loyola, 2004a, p. 9.<br />

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