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Clóvis Ricardo Montenegro de Lima Maria Nélida Gonzalez ... - Ibict

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Uma aproximação entre essas duas tendências somente é possível<br />

quando consi<strong>de</strong>ramos que o objetivo <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> justa e livre<br />

consiste na permissão que ela conce<strong>de</strong> aos seus cidadãos <strong>de</strong> serem<br />

irracionais, ou privatizantes ou estetizantes contanto que utilizem o<br />

tempo que lhes pertence e não causem danos a outros nem lancem<br />

mão <strong>de</strong> recursos utilizados por pessoas menos favorecidas 24 .<br />

Nesse ponto, Rorty chega à conclusão <strong>de</strong> que é necessário assumir<br />

uma posição na qual nos contentamos em saber que a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> autocriação<br />

e <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> tem o mesmo valor. No entanto elas são, <strong>de</strong>finitivamente,<br />

incomensuráveis. Esta posição é caracterizada como a <strong>de</strong> um liberal irônico<br />

que está ciente <strong>de</strong> que suas convicções mais profundas são contingentes e <strong>de</strong><br />

que a esperança que nutre <strong>de</strong> que o sofrimento, a cruelda<strong>de</strong> e a humilhação<br />

acabem é falível. Além disso, ele não sabe dar uma resposta à questão: por que<br />

<strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser cruéis? Por que a cruelda<strong>de</strong> é perniciosa?<br />

Segundo Rorty, todo aquele que acredita na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

respostas é, no fundo, um metafísico. Porém existe, segundo ele, outra saída,<br />

a da utopia liberal apoiada em uma ironia universal que implica renúncia às<br />

pretensões racionais <strong>de</strong> uma teoria e a passagem para a narrativa edificante 25 .<br />

É possível notar que a concepção <strong>de</strong> Habermas quanto à tensão<br />

entre o privado e o público provoca mais divergência do que coincidências,<br />

as quais não po<strong>de</strong>m ser discutidas aqui. Por isto, consi<strong>de</strong>ro a<strong>de</strong>quado finalizar<br />

a presente comunicação chamando a atenção para dois pontos presentes no<br />

pensamento <strong>de</strong> Habermas:<br />

24 Ibid., 13.<br />

25 Ibid., 16.<br />

– para Habermas, a filosofia não po<strong>de</strong> abandonar a pretensão da<br />

racionalida<strong>de</strong>. Porque a morte, a liquidação ou a <strong>de</strong>missão pura e<br />

simples da filosofia implicariam igualmente a morte da convicção<br />

segundo a qual as i<strong>de</strong>ias do verda<strong>de</strong>iro e do incondicional são<br />

condições necessárias, quando se trata <strong>de</strong> formas humanas <strong>de</strong><br />

convivência que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um jogo entre o privado e o<br />

público.<br />

19

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