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Clóvis Ricardo Montenegro de Lima Maria Nélida Gonzalez ... - Ibict

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empiricamente verificável a um dado empírico igualmente constatável que<br />

aponta para certos limites naturais <strong>de</strong> uma condição humana precária, a visão<br />

sloterdijkiana pareceria mais apropriada. Vejamos, contudo, como Habermas<br />

se associa a tal critério empírico.<br />

Habermas cita a corporalida<strong>de</strong> como uma característica fundamental<br />

da autocompreensão ético-existencial do indivíduo, encontrando nela um<br />

fundamento <strong>de</strong> sua visão <strong>de</strong> comportamento moral. Noutro lugar, falando<br />

propriamente sobre os vínculos precários <strong>de</strong> co-<strong>de</strong>pendência social, afirma<br />

que “morais (são) as intuições que nos informam sobre como <strong>de</strong>vemos agir<br />

para compensar, por meio do cuidado e do respeito, a extrema vulnerabilida<strong>de</strong><br />

das pessoas” (HABERMAS, 2000, p. 18). Essa i<strong>de</strong>ia reaparece em O futuro da<br />

natureza humana, quando afirma que comportamento moral <strong>de</strong>ve ser entendido<br />

“como uma resposta construtiva às <strong>de</strong>pendências e carências <strong>de</strong>correntes da<br />

imperfeição da estrutura orgânica e da fragilida<strong>de</strong> permanente da existência<br />

corporal” (HABERMAS, 2004, p. 47). Segundo Habermas, “(...) o ser<br />

humano nasce ‘incompleto’, no sentido biológico, e passa a vida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

do auxílio, da atenção e do reconhecimento do seu ambiente social (...)”<br />

(HABERMAS, i<strong>de</strong>m, p. 48).<br />

Ora, retomando a questão supracitada, se Habermas afirma a<br />

incompletu<strong>de</strong> e a imperfeição do humano, <strong>de</strong>vido às suas características<br />

biológicas, por que não <strong>de</strong>veríamos, do ponto <strong>de</strong> vista moral, intervir sobre a<br />

constituição biogenética do humano, com o intuito <strong>de</strong> reduzir tal incompletu<strong>de</strong><br />

e imperfeição, reduzindo, assim, sua <strong>de</strong>pendência? Isso não representaria um<br />

incremento substancial daquilo que se chama <strong>de</strong> autonomia e autenticida<strong>de</strong>?<br />

A<strong>de</strong>mais, consi<strong>de</strong>rando que, factualmente, existem pessoas com um nível ainda<br />

maior <strong>de</strong> incompletu<strong>de</strong>s e imperfeições, haja vista terem sido acometidas por<br />

certas doenças ou <strong>de</strong>ficiências que as diferenciam do restante da espécie 7 , por<br />

que não evitar que certos exemplares da espécie sejam submetidas a um nível<br />

superior <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, o que, assim entendo, po<strong>de</strong> comprometer radicalmente<br />

tanto a sua autocompreensão especista, haja vista ser uma anormalida<strong>de</strong>,<br />

quanto o exercício da autonomia? Para Habermas, não. A autonomia, entendida<br />

7 HABERMAS (2004), p. 75. Numa nota <strong>de</strong> rodapé (n. 45), ele faz uma concessão ampla à <strong>de</strong>finição<br />

puramente biomédica <strong>de</strong> doença e <strong>de</strong>ficiência como anormalida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>svios ou carências funcionais em<br />

relação aos outros indivíduos da mesma espécie, objetivamente constatáveis.<br />

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