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Clóvis Ricardo Montenegro de Lima Maria Nélida Gonzalez ... - Ibict

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agenda global 4 . Todavia, antes <strong>de</strong> propor minha tese principal eu gostaria <strong>de</strong><br />

apresentar três argumentos em favor do Estado.<br />

O primeiro argumento utilizado a partir da sociologia histórica. Não<br />

obstante o Estado ter sofrido ataques dos mercados, ninguém <strong>de</strong>ve esquecer,<br />

todavia, que o Estado-nação é um si mesmo uma invenção relativamente<br />

recente. Territorialida<strong>de</strong>, monopólio legítimo da violência, exércitos<br />

permanentes, administração, execução e produção <strong>de</strong> leis, cultura fiscal,<br />

passaportes, todas estas características do Estado espraiaram-se por todo<br />

mundo nos últimos dois ou três séculos. O fato <strong>de</strong> que há hoje mais Estados<br />

que antes testemunha a globalização do Estado, não a sua falência. Hoje, uma<br />

vez que Estados islâmicos auto<strong>de</strong>clarados, como o Irã ou a Arábia Saudita,<br />

proclamam a ummah, a comunida<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> muçulamos, o fazem no<br />

formato institucionalizado do Estado-nação. Ah se os economistas políticos<br />

consultassem os sociólogos historiadores do Estado! Se eles tivessem lido<br />

Perry An<strong>de</strong>rson (1974), Michael Mann (1993) ou mesmo Anthony Gid<strong>de</strong>ns<br />

(1985), eles teriam, sem dúvida, chegado e conclusões diferentes. A difusão e<br />

institucionalização dos Estados-nacionais, e não sua falência, aparece <strong>de</strong> fato<br />

como o fator <strong>de</strong>cisivo da política mundial.<br />

O segundo argumento <strong>de</strong>riva da economia política internacional. Não<br />

se <strong>de</strong>ve esquecer que as condições institucionais do livre mercado são, em<br />

4 Na sociologia, o papel do Estado na globalização é uma questão controversa. Enquanto pessimistas<br />

argumentam que o po<strong>de</strong>r do Estado é inversamente proporcional ao po<strong>de</strong>r do mercado, otimistas<br />

buscam no Estado a esperança <strong>de</strong> que este possa regular a economia. Revisando a literatura, Raewyn<br />

Connell (2007: 58-59) lista as diversas posições encontradas no campo – variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mais <strong>de</strong>sanimador<br />

ao relativamente ensolarado: “Bauman aceita a tese dos Estados em <strong>de</strong>clínio, incapazes <strong>de</strong><br />

regular uma economia que está agora efetivamente fora <strong>de</strong> controle. Arrighi sugere que muitos Estados<br />

no sistema mundial nunca <strong>de</strong>tiveram muito po<strong>de</strong>r, sendo esta a visão geral na abordagem do sistemamundo.<br />

Therborn pensa que os Estados são ainda po<strong>de</strong>rosos na maior parte do mundo e Guillén concorda,<br />

enfatizando que estes po<strong>de</strong>m escolher diferentes vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Evans consi<strong>de</strong>ra o<br />

Estado contingente enquanto um <strong>de</strong>stino, enquanto Mann enfatiza a diversida<strong>de</strong> das formas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Para Sklair, a economia internacional tem crescido em importância com o Estado-nação, mas não há<br />

nada <strong>de</strong> fragmentado quanto a isso. Robinson concorda e vê o po<strong>de</strong>r empresarial materializado em um<br />

Estado transnacional. Meyer nega que exista tal coisa. Sassen enxerga o po<strong>de</strong>r empresarial refletido em<br />

alguma <strong>de</strong>sterritorialização da soberania. Gid<strong>de</strong>ns e Beck, enquanto concordam que a economia esteja<br />

fora <strong>de</strong> controle, são otimistas quanto ao po<strong>de</strong>r do Estado para controlar eventos – se a vonta<strong>de</strong> estatal<br />

for reforçada por uma dose extra <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia e socieda<strong>de</strong> civil. Albrow interpreta um Estado global<br />

emergente, não pelo capital mas pelas ativida<strong>de</strong>s dos cidadãos orientados pelos interesses comuns na<br />

socieda<strong>de</strong> mundial”. Minha própria posição é alinhada com os últimos autores e consi<strong>de</strong>ra o Estado<br />

como um ator estratégico na transição <strong>de</strong> um mundo global para um mundo cosmopolita.<br />

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