11.05.2013 Views

Ana em Veneza

Ana em Veneza

Ana em Veneza

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

37<br />

Quando esse fluxo se esgota porque a m<strong>em</strong>âria e<br />

a tradiÄÜo comuns jÉ nÜo exist<strong>em</strong>, o indivàduo<br />

isolado, desorientado e desaconselhado (o<br />

mesmo adjetivo <strong>em</strong> al<strong>em</strong>Üo: “ratlos”), reencontra<br />

entÜo o seu duplo herâi solitÉrio do romance,<br />

forma diferente de narraÄÜo que Benjamin, apâs<br />

a Teoria do romance, de LukÉcs, analisa como<br />

forma caracteràstica da sociedade burguesa<br />

moderna. (GAGNEBIN, 1996, p.11)<br />

A histâria concebida como ruànas para Benjamin encontra seu<br />

lugar na modernidade atravÇs do esfacelamento da Erfahrung<br />

(experiÑncia coletiva) <strong>em</strong> detrimento da Erlebnis (experiÑncia<br />

individual). Fragmenta-se a experiÑncia coletiva e <strong>em</strong> seu lugar entra a<br />

individual. Essa Ç mais uma caracteràstica do indivàduo moderno e<br />

solitÉrio, representado tÜo b<strong>em</strong> atravÇs do herâi do romance moderno. A<br />

simples existÑncia <strong>em</strong> uma cidade Ç suficiente para afirmar a perda da<br />

experiÑncia, seu esfacelamento e fragmentaÄÜo.<br />

Na modernidade, a ciÑncia e sua busca de resultados absolutos<br />

tomam o lugar, na forma do experimento, da experiÑncia, ou seja,<br />

experiÑncia e experimento se difer<strong>em</strong>. A experiÑncia nÜo Ç calculÉvel, Ç<br />

um deixar levar-se. A ideia defendida por Benjamin Ç a de que a Önica<br />

experiÑncia que pode ser transmitida nos dias de hoje Ç a da<br />

impossibilidade da experiÜncia como Erfahrung. O ser fragmentado e<br />

separado de sua Erfahrung despede-se tambÇm de sua capacidade<br />

imaginativa, destrâi-se consequent<strong>em</strong>ente a capacidade do hom<strong>em</strong><br />

moderno de sonhar. A este pensamento, acrescenta Agamben <strong>em</strong> seu<br />

livro InfÅncia e histÉria: destruiÖÇo da experiÜncia e orig<strong>em</strong> da<br />

histÉria: “ç expropriaÄÜo da experiÑncia, a poesia responde<br />

transformando esta expropriaÄÜo <strong>em</strong> uma razÜo de sobrevivÑncia e<br />

fazendo do inexperienciÉvel a sua condiÄÜo normal” (AGAMBEN,<br />

2005, p.52). 14<br />

14 Em InfÅncia e histÉria, Agamben trabalha a relaÄÜo entre experiÑncia e conhecimento, a<br />

importáncia do jogo como um ritual, assim como a construÄÜo do sentido de pertencimento e o<br />

reconhecimento da linguag<strong>em</strong> nesse processo. O jogo carrega <strong>em</strong> si o sagrado e por intermÇdio<br />

seu mantÇm a histâria e o passado. NÜo Ç um livro sobre a histâria da infáncia, mas um estudo<br />

que busca entender a infáncia como experiÑncia constituinte do hom<strong>em</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!