11.05.2013 Views

Ana em Veneza

Ana em Veneza

Ana em Veneza

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

51<br />

nesse ànterim que JoÜo SilvÇrio Trevisan insere Alberto Nepomuceno,<br />

<strong>em</strong> busca de seu espaÄo na histâria da mÖsica brasileira. Ele nos leva ç<br />

reflexÜo atravÇs de sua singularidade, nos leva- ç porta do pensamento<br />

atravÇs de caminhos sinuosos.<br />

Pod<strong>em</strong>os relacionar a singularidade e o sacrifàcio ç morte como<br />

sâ ela sendo singular e Önica ao nÜo utilizar artifàcios, particulares ou<br />

universais. Ela prâpria Ç o que filâsofo francÑs Gilles Deleuze entende<br />

por repetiÄÜo, nÜo representa uma generalidade. A definiÄÜo de<br />

repetiÄÜo para Deleuze Ç o contrÉrio daquilo que entend<strong>em</strong>os por<br />

“repetiÄÜo” e daquilo que se compreende ordinariamente por “repetiÄÜo”<br />

sob a concepÄÜo da generalizaÄÜo e generalidade. A repetiÄÜo nÜo estÉ<br />

ligada, para Deleuze, ç reproduÄÜo do mesmo e do s<strong>em</strong>elhante, mas ç<br />

produÄÜo da singularidade e do diferente. Para isso nos val<strong>em</strong>os de<br />

Deleuze a respeito da ideia de singularidade <strong>em</strong> seu livro DiferenÖa e<br />

repetiÖÇo:<br />

Nossa vida moderna Ç tal que, quando nos<br />

encontramos diante das repetiÄÅes mais<br />

mecánicas, mais estereotipadas, fora de nâs e <strong>em</strong><br />

nâs, nÜo cessamos de extrair delas pequenas<br />

diferenÄas (...) a tarefa da vida Ç fazer que<br />

coexistam todas as repetiÄÅes num espaÄo <strong>em</strong> que<br />

se distribui a diferenÄa. (DELEZE, 2006, p.16)<br />

è na diferenÄa que pod<strong>em</strong>os encontrar o singular. Estendendo o<br />

pensamento sobre a repetiÄÜo deleuziana <strong>em</strong> seu livro LÉgica do sentido<br />

t<strong>em</strong>os: “Se a repetiÄÜo existe, ela exprime, ao mesmo t<strong>em</strong>po, uma<br />

singularidade contra o geral, uma universalidade contra o particular, um<br />

notÉvel contra o ordinÉrio, uma instantaneidade contra a variaÄÜo, uma<br />

eternidade contra a permanÑncia (...) a repetiÄÜo Ç a transgressÜo”<br />

(DELEUZE, 2006, p.21). A generalidade pressupÅe uma substituiÄÜo de<br />

termos. Ao contrÉrio, a repetiÄÜo deleuziana representa singularidade,<br />

<strong>em</strong> que impossibilita essa troca de termos. Ela Ç insubstituàvel, assim<br />

como Alberto Nepomuceno.<br />

O posicionamento de JoÜo SilvÇrio Trevisan nos impÅe atravÇs de<br />

suas reflexÅes sobre a singularidade do mÖsico Alberto Nepomuceno<br />

uma virada transgressora s<strong>em</strong>elhante ao que Deleuze propÅe <strong>em</strong> seu<br />

comum e o desejo (e a angÖstia) do ser-comum que os fundamentalismos instrumentalizam<br />

crescent<strong>em</strong>ente.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!