Carnaúba dos Dantas Portalegre Entrevista - Fundação Jose Augusto
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<strong>Carnaúba</strong> <strong>dos</strong> <strong>Dantas</strong> - Terra do Monte do Galo e de grandes músicos<br />
Comida para cabra da peste<br />
O tradicional chouriço seridoense é comida para cabra forte. O doce preparado por<br />
Maria Gorette Santos e sua mãe Alzira Marta <strong>Dantas</strong>, 78 anos, leva sangue de porco,<br />
banha derretida, garapa de rapadura, leite de coco, farinha e condimentos.<br />
Fazer a chouriçada dá um trabalho que só sabe quem vê. “Gosto de fazer na parte da<br />
noite. Começando às 16h, termina lá pelas duas da manhã”. O tacho de ferro, no<br />
quintal da casa de Dona Gorette, fica apoiado por três pedras. O fogo a lenha dá um<br />
toque ainda maior de rusticidade ao trabalho braçal de preparo do chouriço.<br />
O porco pode ser matado na véspera para retirar o sangue. “Quanto mais sangue,<br />
melhor”. As rapaduras são colocadas de molho, também um dia antes do preparo,<br />
para desmanchar. Gorette utiliza a garapa de cem rapaduras para um tacho. Despeja<br />
também um balde de banha de porco derretida e farinha para engrossar um pouco.<br />
Por último, coloca o leite de dez cocos.<br />
Gorette conta com a ajuda da mãe para mexer o tacho sem parar um só instante. “É<br />
um trabalho que não pode parar, se não mexer, desgraça o chouriço”. O caldo vai<br />
engrossando e escurecendo até chegar no ponto de acrescentar erva doce, gengibre<br />
ralado, cravo e farinha de castanha. “Quando começa a ferver, conta quatro horas<br />
de fervura”.<br />
O tacho de ferro é alugado por cinco reais. “O dinheiro não dá para comprar<br />
um tacho, custa oitenta”. Depois de pronto, as cozinheiras enchem os potes de<br />
margarina e latas de leite com o chouriço ainda quente para, em seguida, decorar<br />
com castanhas inteiras. O trabalho não pára por aí. “Boto a lata na cabeça e vou<br />
vender de porta em porta”.<br />
A “Espécie”, tipo de chouriço sem sangue de porco, também é vendida por Gorette.<br />
Mas o doce mais procurado é a receita tradicional. E haja sangue frio.<br />
CLÁUDIO GALVÃO História da música potiguar passa por ele<br />
Por Tácito Costa e Gustavo Porpino<br />
Fotos: Anchieta Xavier<br />
professor aposentado e emérito da UFRN, Cláudio <strong>Augusto</strong> Pinto Galvão, 67 anos, sócio do<br />
O Instituto Histórico e Geográfico do RN, é autor de uma obra seminal para a cultura potiguar:<br />
“A Modinha Norte-rio-grandense”, editada em 2000. Escreveu também “O Cancioneiro de Othoniel<br />
Menezes”, “Cancioneiro de Auta de Souza”, as biografias <strong>dos</strong> músicos Tonheca <strong>Dantas</strong> (“A Desfolhar<br />
Saudades”) e Oswaldo de Souza (“O Canto do Nordeste”), e “Campo da Esperança”, que conta a vida do<br />
padre polonês Jan Wisniewski, que passou pelos campos de concentração nazistas e morou em Natal. O<br />
historiador e pesquisador está com dois livros prontos, o que conta a história do Teatro Alberto Maranhão,<br />
que será editado pela <strong>Fundação</strong> José <strong>Augusto</strong>, e o primeiro volume da “História da Música no Rio<br />
Grande do Norte” (1850-1950) aguardando editora. Pós-graduado pelo Institut Interfacultaire d’Etudes<br />
Médiévales da Universidade de Louvain, Bélgica, Cláudio Galvão criou e chefiou o Departamento de<br />
Arte, o Núcleo de Arte e Cultura (NAC) e o Laboratório de Conservação e Restauração de Documentos<br />
Históricos (LABRE), da UFRN. Na entrevista que deu a Preá, em seu apartamento, acompanhada em<br />
alguns momentos por sua esposa, Mailde Pinto, Cláudio Galvão falou sobre sua vida e seus trabalhos.<br />
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