Carnaúba dos Dantas Portalegre Entrevista - Fundação Jose Augusto

Portalegre - Jardim dos cajus e borboletas
Auto conta a vida da índia Cantofa
Os índios tapuias, primeiros habitantes
de Portalegre, revoltaram-se entre as
décadas de 1680 e 1720, quando os
criadores de gado puseram currais nas
suas terras. A paz, segundo contam, só
voltou quando lhes deram terras para
viverem. Alguns anos depois teria vivido
a índia Luiza Cantofa, conhecida em sua
época por ser feiticeira. A vida da índia
e os confrontos entre os tapuias e os
fazendeiros são retratados no “Auto de
Cantofa”, peça teatral baseada em texto
do cordelista e professor Aucides Sales.
O poeta escreveu em versos a lenda de
Cantofa e Jandí em 2000.
Ao povo peço licença
À musa inspiração
Mode eu cantar um drama
Vivido neste sertão
Da índia que apunhalaram
Em riba do coração
Seu nome era Cantofa
Tinha uma neta, Jandí
Era uma menina fêmea
Bonita como Araci
A estrela da manhã
Tapuias do Apodi
Segundo a lenda, a índia Luiza Cantofa
teria sido assassinada em 1825, na
presença de sua neta Jandí, próximo ao
olho d’água da Bica, enquanto rezava o
Ofício de Nossa Senhora. A cova da índia,
local onde teria sido enterrada Cantofa,
pode ser visitada percorrendo uma trilha
a partir do terminal turístico da Bica. O
pedaço de terra da sepultura não possui
vegetação. Os nativos acreditam que as
plantas não brotam no local porque ali
foi enterrada a índia feiticeira.
Os estudantes da escola municipal
Filomena Sampaio de Souza,
responsáveis pela apresentação, gostaram
da oportunidade de aprender um pouco
sobre a história de Portalegre enquanto
praticam o teatro. Daniel Souza Oliveira,
16 anos, lembra que o grupo de teatro já
existia, “mas não havia a preocupação de
resgatar a cultura local”. A peça envolve
vinte alunos e conta também com a
participação do coral da escola cantando
os versos do cordel “Cantofa e Jandí”. A
lenda da índia tapuia foi encenada para
os portugueses de Portalegre, em recente
visita feita aos potiguares, e durante a
Festa de Nossa Senhora da Conceição,
no final de novembro.
Antônia Lúcia Vaz Soares, diretora da
escola, destaca que “os alunos se integram
mais e tem mais compromisso quando
participam de atividades culturais”.
A professora acredita que o grupo de
teatro tem contribuído para melhorar
a auto-estima dos alunos. Os alunos da
escola também organizam a quadrilha
“Alegria da Serra”, um dos destaques da
programação do tradicional São João
Alegre.
Babau pinta as paisagens locais
O estudante Marcos Luiz Soares de Oliveira, 21 anos,
mais conhecido como Babau, está começando nas artes
plásticas. Ele aprendeu a pintar com o irmão Sandro
Oliveira há 7 anos. O ateliê, na própria casa do pintor,
abriga as pinturas com paisagens do município. “Já
pintei a antiga bica e fiz também uma tela retratando
a bica atual”, diz, lembrando que a tela mais recente
foi comprada pelo grupo de portugueses que visitou
Portalegre.
O irmão de Marcos foi morar em São Paulo, mas o
pintor pensa em continuar residindo em Portalegre.
O artista plástico já expôs suas telas nas escolas do
município e pretende começar a ensinar aos colegas.
“Quero fazer um grupo de artesanato”.
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