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A HISTÓRIA CONTADA PELA CAÇA OU PELO CAÇADOR? - PACS

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O “ProSavana”, em particular o desenho de um Plano diretor para o desenvolvimento da Agricultura<br />

para o Corredor de Nacala (capitaneado pela Embrapa em cooperação com a JICA), se articula<br />

com grandes obras de infraestrutura num complexo mina-ferrovia-porto/aeroporto, conduzido<br />

pela Vale 31 . A Fundação Getúlio Vargas 32 é outro ator que vem tendo um papel crescente<br />

nesse arranjo, em particular na atração de investimentos privados na região, tendo lançado em<br />

julho de 2011 um fundo para “promover o desenvolvimento social, ambiental e econômico ao longo<br />

do Corredor de Nacala, usando a experiência do Brasil na área do agronegócio” 33 . A meta é levantar<br />

uS$ 2 bilhões e atrair investidores e produtores privados para atuarem na região. Adicionalmente,<br />

o governo brasileiro teria aberto uma linha de crédito de uS$ 97,59 milhões para a aquisição<br />

de maquinário e equipamento agrícola no Brasil, como parte do “Programa mais Alimentos” do<br />

Ministério do desenvolvimento Agrário 34 .<br />

No âmbito do ensino técnico, o SENAI possui 29 projetos na África subsaariana. Em Angola, há a<br />

instalação de centros de formação profissionalizante desde o fim da guerra civil. Segundo IPEA<br />

& Banco mundial (2011, p. 66), entre 1999 e 2006, mais de 3 mil angolanos foram formados com<br />

cooperação brasileira. Em Moçambique, está sendo criado um Centro Nacional de Formação Profissional<br />

com base no modelo brasileiro. Nessa área, mais uma vez, os interesses empresariais<br />

se cruzam com a atuação da cooperação técnica. Esse mesmo estudo apontou para o apoio<br />

do SENAI à Odebrecht, em 2007, no lançamento do Centro Integrado de Formação tecnológica<br />

(CINFOtEC) em Luanda. Já a Vale solicitou, em 2008, o apoio do SENAI para um programa de<br />

treinamento de trabalhadores em Moçambique. Em 2011, a Petrobras tanzania Limited (PEtAN)<br />

solicitou os serviços do SENAI para realizar um programa de capacitação em parceria com o governo<br />

desse país (Ibid., p. 69).<br />

Por fim, o sucesso dos programas sociais do governo Lula, no plano doméstico, teriam feito do<br />

Brasil um exportador de “tecnologia social” para outros países em desenvolvimento. Essa outra<br />

dimensão da “internacionalização do Brasil” transcendeu os vetores sociais e comerciais e se<br />

tornou um importante componente da política externa atual para a África (WHItE 2010, 228).<br />

O Brasil assume o papel, reforçado por atores como o Banco Mundial e FAO, do “modelo que<br />

deu certo” na combinação de crescimento econômico e inclusão social. A posição de potência<br />

emergente alçou o Brasil a uma posição de proximidade e de conhecimento dos problemas vivenciados<br />

pelos países em desenvolvimento, que torna natural a transferência direta de soluções<br />

brasileiras para a realidade desses países. Isso se deu com programas de transferência de renda,<br />

como o “Bolsa Família” (GIuGALE, 2012), com o Programa Aquisição de Alimentos, com o Mais Alimentos<br />

em com o desenho de uma política para a segurança alimentar e nutricional no âmbito<br />

dos países e da CPLP 35 .<br />

31 - Por sua vez, em grande parte construído por empreiteiras brasileiras como a Odebrecht e tendo, em alguns casos como no aeroporto<br />

de Nacala, financiamento do BNdES.<br />

32 - A inserção da FGV nessa iniciativa se dá em grande parte por meio da FGV Projetos e no âmbito do projeto tropical Belt que desde<br />

2006 visa à construção de modelos sustentáveis e inovadores que ajudem o desenvolvimento de países situados na região tropical do<br />

planeta.<br />

33 -http://www.africa21digital.com/economia/ver/20000521-fundacao-getulio-vargas-vai-lancar-fundo-para-mocambique (acesso em<br />

julho de 2012).<br />

34 - Ibid. Segundo esta fonte, “Este crédito foi cedido a Moçambique pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) e será na forma de<br />

empréstimo concessional para ser amortizado num período de 17 anos, com um período de graça de cinco anos e uma taxa de juros de<br />

dois por cento”.<br />

35 - Em julho de 2012, por exemplo, foi criado -inspirado no brasileiro- o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP que<br />

tem o objetivo de reproduzir no continente africano o modelo brasileiro de estrutura e instância de participação que possibilita à sociedade<br />

civil participar, em articulação com os governos, da formulação de políticas públicas para a segurança alimentar.

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