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são josé laPa

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22<br />

A<br />

Entrevista<br />

Pode não ser simples dar com o Espaço das Aguncheiras.<br />

Primeiro, segue-se como se o destino<br />

fosse o Meco, mas daí continua-se rumo ao cabo<br />

Espichel. Saindo da estrada, estamos, então,<br />

nesta cooperativa criada com o objectivo de, entre pinheiros<br />

e os tons do céu, transformar a Natureza em palco,<br />

diminuindo as fronteiras entre os actores e o público. A<br />

responsável por este sonho, onde há teatro em noites de<br />

Verão e residências para artistas nas noites de Inverno, é<br />

São José Lapa, nome incontornável da arte de representar<br />

made in Portugal, que aqui promove o respeito pela<br />

Natureza e o apoio a jovens actores. Pese a singularidade<br />

do projecto, apoios <strong>são</strong> poucos ou nenhuns, o que não a<br />

impede de, como ao longo da vida, fazer aquilo que mais<br />

gosta, desta vez, acompanhada pela sua filha, actriz e<br />

artista plástica, Inês Lapa Lopes.<br />

Enquanto preparávamos esta nossa conversa, demos<br />

por nós a pensar que a São José, principalmente nos<br />

últimos anos, tem dado um<br />

número reduzido de entrevistas.<br />

É uma opção?<br />

Eu tenho 60 anos, feitos este<br />

ano, e a verdade é que, a partir<br />

de uma determinada idade, há<br />

muito pouco a acrescentar ao que<br />

já se disse no passado. Para além<br />

disso, não tenho feito televi<strong>são</strong><br />

ultimamente, algo que já sinto<br />

necessidade de voltar a fazer,<br />

diga-se, e desta forma não sinto<br />

grande necessidade dessa exposição.<br />

Vou fazendo outras coisas<br />

que me dão enorme gozo… ainda<br />

«para se<br />

poder falar<br />

sobre arte é<br />

necessário<br />

que não<br />

exista tanta<br />

gente em<br />

lobbies e que<br />

se olhe a<br />

arte de uma<br />

forma mais<br />

democrática»<br />

recentemente fui júri das provas de aptidão profissional do<br />

Chapitô, e foi algo que me deu imenso prazer, pois considero<br />

o circo sem animais uma belíssima forma de arte.<br />

Tudo o que é arte acaba por dar-lhe prazer?<br />

Sim, de uma maneira geral, embora eu não comungue<br />

dessa perspectiva de que tudo é arte. A arte é algo burilado,<br />

é conseguir fazer que quem vê e que quem o faz cada vez<br />

tenha mais vontade, que funcione como detonador, como<br />

prazer, mesmo de desprazer quando é hard art. Olhe, e<br />

já que falávamos de entrevistas, gostaria que existissem<br />

mais revistas da especialidade sobre arte. Mas para se<br />

poder falar sobre arte é necessário que não exista tanta<br />

gente em lobbies e que se olhe a arte de uma forma mais<br />

democrática.<br />

Foi por ter essa vi<strong>são</strong> democrática da arte que<br />

se apaixonou pelo espaço onde hoje existem as<br />

Aguncheiras?<br />

Não, penso que não… Eu ia passar muitas vezes férias para<br />

Primeiros<br />

Passos<br />

▶ Sete anos<br />

mais nova do<br />

que a sua irmã,<br />

Fernanda Lapa,<br />

São José acabou<br />

por se aproximar<br />

do teatro devido<br />

a ela. Fernanda<br />

havia escolhido o<br />

mundo do palco e<br />

da representação,<br />

e o pai de ambas<br />

decidiu que<br />

São José a<br />

acompanharia.<br />

«Claro que acabei<br />

por participar numa<br />

peça dela, chamada<br />

Deseja-se Mulher.<br />

Estávamos em<br />

1971», recorda.<br />

▶ Mais tarde<br />

rumaria a Viseu,<br />

lutando por algo<br />

em que ainda<br />

hoje acredita, a<br />

descentralização<br />

do teatro, e voltaria<br />

a Lisboa ao fim<br />

de três anos,<br />

participando em<br />

nova peça da sua<br />

irmã, Casamento<br />

Branco. O papel<br />

valer-lhe-ia o prémio<br />

de Melhor Actriz<br />

do Ano, atribuído<br />

pela Associação<br />

Portuguesa de<br />

Críticos de Teatro,<br />

e o convite para o<br />

Teatro Nacional,<br />

que aceitou em<br />

1985 (onde estaria<br />

durante 15 anos).<br />

▶ Quanto à<br />

televi<strong>são</strong>, São<br />

José Lapa entrou<br />

na «caixinha<br />

mágica»<br />

através de<br />

Herman José,<br />

que a convidou,<br />

primeiro,<br />

para Humor<br />

de Perdição<br />

e, depois, para<br />

Casino Royale.

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