23 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais
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6 Novembro <strong>de</strong> 2008<br />
Revista <strong>de</strong><br />
ESTUDOS&INFORMAÇÕES<br />
Apraça Dom Silvério, no centro <strong>de</strong> Barbacena,<br />
na Zona da Mata <strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>, é especial.<br />
Ali, ficava o 9º Batalhão <strong>de</strong> Polícia <strong>Militar</strong><br />
(BPM). Naquele quartel, entre 1933 e 1934, o Capitão<br />
Médico Guimarães Rosa, <strong>do</strong>no <strong>de</strong> um vernáculo ímpar<br />
e uma erudição i<strong>de</strong>m, serviu à PMMG. Tais predica<strong>do</strong>s<br />
praticamente o obrigaram a escrever o discurso <strong>de</strong> inauguração<br />
da se<strong>de</strong> <strong>do</strong> 9º BPM. Foi um discurso inesquecível.<br />
O ora<strong>do</strong>r, como homenagem <strong>do</strong>s companheiros<br />
pelas palavras, recebeu o apeli<strong>do</strong> <strong>de</strong> o “Sentinela da Mantiqueira”.<br />
Alguns já <strong>de</strong>sconfiavam, mas as palavras ditas<br />
pelo Capitão Médico pressentiam o que o mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobriria<br />
algum tempo mais tar<strong>de</strong>. O texto era escrito por<br />
um <strong>do</strong>s gênios da literatura mundial. Em plena praça<br />
Dom Silvério, nascia o mito <strong>de</strong> João Guimarães Rosa.<br />
Tinha início o jeito simples <strong>de</strong> escrever <strong>do</strong> Joãozito (como<br />
a família o chamava). A pena encanta<strong>do</strong>ra que escreveria<br />
o ícone “Gran<strong>de</strong> sertão: veredas” estava sen<strong>do</strong><br />
afiada. E os 12 meses, em Barbacena, servin<strong>do</strong> à Polícia<br />
<strong>Militar</strong>, transformaram-se em um laboratório <strong>de</strong> experiências<br />
que influenciaram toda sua obra. Agora, nas<br />
comemorações <strong>do</strong> centenário <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> Guimarães<br />
Rosa, celebra<strong>do</strong>s no dia 27 <strong>de</strong> junho, relembrar esse<br />
passa<strong>do</strong>, portanto, contribui para lançar uma outra<br />
luz na compreensão <strong>de</strong> seus textos.<br />
O 9º Batalhão trocou <strong>de</strong> casa e hoje está instala<strong>do</strong><br />
na praça João Guimarães Rosa, no bairro Santa Cecília,<br />
em Barbacena. Na antiga se<strong>de</strong>, funciona atualmente a<br />
Escola <strong>de</strong> Aplicação Santo Agostinho, que ostenta orgulhosamente<br />
uma placa que funciona como lembrança<br />
viva da antiga se<strong>de</strong> que abrigou Guimarães Rosa.<br />
Quan<strong>do</strong> prefaciou o livro “9º BPM – Sua história, sua<br />
gente: Coronel Octávio Diniz, Capitão Guimarães Rosa<br />
e outros bravos e portas...”, o Coronel Adilson Cerqueira<br />
Soares não teve dúvida em ressaltar a importância da<br />
instituição Policial <strong>Militar</strong> na vida literária, militar e profissional<br />
<strong>do</strong> escritor. O sucessor <strong>de</strong> Guimarães Rosa na<br />
Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras (ABL), Mário Palmérico,<br />
lembrou <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rosa, quan<strong>do</strong> tomou posse <strong>de</strong><br />
sua ca<strong>de</strong>ira, em 1968.<br />
“Por ali (Cordisburgo) transitava <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>: boia<strong>de</strong>iros,<br />
caixeiros-viajantes, gradua<strong>do</strong>s da polícia <strong>de</strong>stacada no<br />
calcanhar geralista e, não raro, os pelotões <strong>de</strong> captura,<br />
os famigera<strong>do</strong>s volantes da temida – pois tal e qual primorosa<br />
– tropa militar daqueles tempos. Foi mais tar<strong>de</strong>