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23 - Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais

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que Guimarães Rosa, convivência <strong>de</strong> velhos milicianos,<br />

camaradas <strong>do</strong> 9° Batalhão na papelada <strong>do</strong>s porões <strong>de</strong><br />

outros quartéis, pô<strong>de</strong> dar-se à paciente investigação <strong>do</strong>s<br />

figurantes da variada comparsaria <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> sertão: veredas”,<br />

discursou Palmérico.<br />

Para enten<strong>de</strong>r a vida militar <strong>de</strong> Guimarães Rosa, é importante<br />

voltar um pouco antes <strong>de</strong> seus dias no 9º BPM.<br />

Em 1925, aos 16 anos, ele faz sua matrícula na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong> (atual Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

<strong>Minas</strong> <strong>Gerais</strong>). Em 1930, <strong>do</strong>is fatos marcam sua vida. O<br />

primeiro é o casamento com Lígia Cabral Penna, mãe <strong>de</strong><br />

suas duas filhas, Vilma e Agnes. A formatura em Medicina<br />

também pontua esse ano. Depois disso, são <strong>do</strong>is<br />

anos exercen<strong>do</strong> a profissão em Itaguara, que então pertencia<br />

ao município <strong>de</strong> Itaúna, no Centro-Oeste mineiro.<br />

Na cida<strong>de</strong>, Rosa permaneceu até 1932 ao <strong>de</strong>cidir ter<br />

sua primeira experiência na área militar. De 1933 a 1934,<br />

é o Capitão Médico <strong>do</strong> 9º BPM. Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixa a Corporação,<br />

é aprova<strong>do</strong> em concurso para o Itamarati e vai<br />

ser diplomata na Europa.<br />

Após os dias <strong>de</strong> Itaguara, Guimarães Rosa foi servir<br />

como médico voluntário da Força Pública, durante<br />

a Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932, in<strong>do</strong> parar no<br />

setor <strong>do</strong> Túnel. Em seguida, presta concurso para integrar<br />

o quadro da Força Pública. Em 1933, parte para<br />

assumir o cargo <strong>de</strong> Capitão Médico <strong>do</strong> 9º BPM, em Barbacena.<br />

Na “Cida<strong>de</strong> das Rosas”, o Rosa experimenta<br />

sensações que mudam sua maneira <strong>de</strong> ver o mun<strong>do</strong>,<br />

como ele <strong>de</strong>ixa bem claro em um discurso que teve com<br />

Gunter Lorenz, em Gênova, na Itália, em 1965, no Congresso<br />

<strong>de</strong> Escritores Latino-Americanos, conforme aponta<br />

o estu<strong>do</strong> recente <strong>do</strong> 2º Sargento PM Francisco Neto,<br />

auxiliar P/5 da 13ª Cia. Ind. Mat.<br />

De acor<strong>do</strong> com Neto, em plena Europa, Rosa, mesmo<br />

nos tempos em que contemplava o crepúsculo europeu<br />

como diplomata, jamais se esquecia da Zona da Mata mineira.<br />

“Nunca é mais bonito que o pôr-<strong>do</strong>-sol em Barbacena”,<br />

costumava dizer. Ainda segun<strong>do</strong> Neto, no diálogo<br />

com o escritor Gunter Lorenz, Rosa voltou a recordar <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> em que esteve com a PMMG. “Fui médico, rebel<strong>de</strong>,<br />

solda<strong>do</strong>. Foram etapas importantes <strong>de</strong> minha vida,<br />

e, a rigor, esta sucessão constitui um para<strong>do</strong>xo. Como<br />

médico, conheci o valor místico <strong>do</strong> sofrimento; como<br />

rebel<strong>de</strong>, o valor da consciência; como solda<strong>do</strong>, o valor da<br />

possibilida<strong>de</strong> da morte”, pontuou Rosa a Lorenz.<br />

"Quan<strong>do</strong> escrevo, repito o que<br />

já vivi antes. E para estas duas<br />

vidas, um léxico só não é<br />

suficiente. Em outras palavras,<br />

gostaria <strong>de</strong> ser um crocodilo<br />

viven<strong>do</strong> no rio São Francisco.<br />

Gostaria <strong>de</strong> ser um crocodilo<br />

porque amo os gran<strong>de</strong>s rios,<br />

pois são profun<strong>do</strong>s como a<br />

alma <strong>de</strong> um homem. Na<br />

superfície são muito vivazes e<br />

claros, mas nas profun<strong>de</strong>zas<br />

são tranqüilos e escuros<br />

como o sofrimento<br />

<strong>do</strong>s homens."<br />

Revista <strong>de</strong><br />

ESTUDOS&INFORMAÇÕES<br />

Novembro <strong>de</strong> 2008 7

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