DE ARRIANO DE NICOMÉDIA André Luiz Leme
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por exemplo, afirma que o princípio hereditário não era uma regra absoluta na monarquia<br />
macedônia. Por isso, haveria sim outros candidatos na disputa pelo trono real, competindo<br />
com Alexandre 1 . Portanto, a questão da ascensão de Alexandre teria se demonstrado muito<br />
mais complexa do que aquela apresentada por Arriano. Mas por que ele teria então<br />
simplificado tal momento? Acreditamos que, ao optar por não esclarecer melhor essa<br />
questão, o autor estaria mesmo poupando Alexandre de qualquer questionamento primeiro<br />
sobre a legitimidade de sua ascensão. Sua figura histórica, portanto, começa a ser moldada<br />
mais pelo seu lado positivo. Segundo Mossé, a ascensão de Alexandre teria sido garantida<br />
apenas quando ele buscou um fortalecimento no exército, sua verdadeira base de apoio<br />
para vencer seus concorrentes ao trono e legitimar sua posição como novo monarca 2 . Por<br />
isso, vemos um Alexandre, na narrativa de Arriano, que buscou logo ratificar sua posição<br />
como novo líder (hegemon) da expedição contra os Persas – cumprindo o desejo de<br />
expansão prometido anteriormente por Felipe II e certamente ambicionado pelo exército.<br />
Arriano apresenta um Alexandre que irá enfrentar uma série de dificuldades para<br />
manter e legitimar sua posição como novo monarca. Deste modo, se o autor não<br />
demonstrou anteriormente qualquer forma de contestação à ascensão de Alexandre na<br />
Macedônia, o mesmo não pode ser dito em relação à Grécia (Tebas) e aos povos<br />
fronteiriços (Trácia). São revoltas que surgem e que configuram situações de risco ao novo<br />
rei. Destarte, sentimos agora as várias conseqüências da transição do reinado. Alexandre,<br />
frente às circunstâncias de cada momento, aparece agindo rapidamente, utilizando-se da<br />
violência e punindo severamente os rebelados (como exemplos frente aos demais). Punia-<br />
se os revoltos, mas também beneficiava-se os aliados, principalmente com acordos de<br />
união. Em suma, trata-se de um modo agressivo de fazer política, mas que demonstra a<br />
preocupação do macedônio em garantir a união do mundo grego e pacificar sua retaguarda<br />
antes de partir rumo ao Oriente. Paulatinamente, vai legitimando cada vez mais sua<br />
posição. Importante destacar que Arriano encontra espaço, em diferentes momentos da<br />
narrativa histórica, para sempre exaltar o personagem Alexandre. Este, no geral, é visto<br />
como um homem de várias virtudes: tolerante, prudente, versátil, destemido, corajoso e<br />
portador de um “vivo interesse”, um sentimento que o leva à realização de grandes feitos.<br />
Aos poucos, delineia-se a personificação de um líder ideal – ou seja, um grande exemplo<br />
de comando.<br />
1 LOZANO VELILLA, A. El mundo helenístico. Madrid: Editorial Sintesis, 1992, p.28.<br />
2 MOSSÉ, C. Alexandre, o Grande. Trad. Anamaria Skinner. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p.20.