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grupo imigrante italiano curato de colombo, paraná, 1888 – 1910.

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FÁBIO LUIZ MACHIOSKI<br />

A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL<br />

EM UM<br />

GRUPO IMIGRANTE ITALIANO<br />

CURATO DE COLOMBO, PARANÁ, <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong><br />

Monografia apresentada à disciplina <strong>de</strong> Estágio<br />

Supervisionado em Pesquisa Histórica como<br />

requisito parcial à conclusão do Curso <strong>de</strong> História,<br />

Setor <strong>de</strong> Ciências Humanas, Letras e Artes,<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.<br />

Orientador: Prof. Sergio Odilon Nadalin.<br />

CURITIBA<br />

2004


Dedico este trabalho<br />

a todos os filhos, netos e bisnetos<br />

daqueles <strong>italiano</strong>s que um dia partiram<br />

<strong>de</strong> seu longínquo país para fazer <strong>de</strong><br />

Colombo sua terra <strong>de</strong> adoção,<br />

pessoas que ainda hoje exclamam<br />

com orgulho a seguinte frase:<br />

Siamo Tutti Buona Gente!!!<br />

A<br />

Miguel e Cleonice,<br />

Guilherme, Gian e Giovani<br />

pelo incentivo <strong>de</strong> todas as horas.<br />

Edilson e Elaine<br />

pela amiza<strong>de</strong> sem fim.<br />

E ao professor<br />

Sergio Odilon Nadalin<br />

pelo zelo na orientação e revisão <strong>de</strong>ste estudo.<br />

Meu muito obrigado.<br />

ii


Há um sol que fecunda esta terra<br />

Amplo altar <strong>de</strong> trabalho e oração<br />

E há outra luz a aquecer nossa alma<br />

Que alegra o olhar, a voz e o coração<br />

Essa é a herança que os antepassados<br />

Lá da Itália pátria canção<br />

A nós legaram brasileiros <strong>de</strong> hoje<br />

Que idolatramos este rincão<br />

Colombo berço querido,<br />

teu futuro soberbo será<br />

És a capital da uva,<br />

no estado do Paraná<br />

As vi<strong>de</strong>iras tão ricas e tão puras<br />

Que este solo abençoado produz<br />

Tem a essência do símbolo santo<br />

Do sangue vivo <strong>de</strong> Jesus<br />

Há nas grutas <strong>de</strong> Bacaetava<br />

Assombrosa expressão do Senhor<br />

Que doou maravilha tão rara<br />

À paisagem <strong>de</strong> paz e <strong>de</strong> amor<br />

Pelos vales, o milho e o tomate<br />

Sobre os montes alveja o calcário<br />

Eis Colombo a crescer sobre as bençãos<br />

De Nossa Senhora do Rosário<br />

iii<br />

Vera Vargas


SUMÁRIO<br />

LISTA DE TABELAS......................................................................................................... v<br />

LISTA DE MAPAS............................................................................................................ vii<br />

RESUMO.......................................................................................................................... viii<br />

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 1<br />

CAPÍTULO 1<br />

DA ITÁLIA PARA O BRASIL:<br />

A TRAJETÓRIA DE UM GRUPO IMIGRANTE......................................................... 4<br />

1.1 NA ITÁLIA PARTIR SE TORNA A SOLUÇÃO......................................................... 4<br />

1.2 O PARANÁ DENTRO DO CENÁRIO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL.................... 10<br />

1.3 NO PARANÁ OS ITALIANOS INAUGURAM COLOMBO..................................... 14<br />

CAPÍTULO 2<br />

O PAPEL DA RELIGIÃO NA PRESERVAÇÃO<br />

DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS IMIGRANTES ITALIANOS................................. 20<br />

2.1 O CURATO DE COLOMBO<br />

E A CONSTRUÇÃO DE UMA CULTURA IMIGRANTE............................................... 20<br />

2.2 A RECONSTITUIÇÃO DAS FAMÍLIAS<br />

DOS IMIGRANTES ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO.................................. 30<br />

CAPÍTULO 3<br />

AS PRÁTICAS RELIGIOSAS E FAMILIARES<br />

E A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL............................................... 35<br />

3.1 O MATRIMÔNIO......................................................................................................... 35<br />

3.2 O COMPADRIO............................................................................................................ 39<br />

3.3 A NOMEAÇÃO DOS ÍTALOS-BRASILEIROS......................................................... 43<br />

CONCLUSÃO.................................................................................................................... 52<br />

FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 54<br />

ANEXOS............................................................................................................................. 57<br />

iv


LISTA DE TABELAS<br />

TABELA 1 - PROCEDÊNCIA GERAL DOS IMIGRANTES ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO................. 6<br />

TABELA 2 - PROCEDÊNCIA DOS IMIGRANTES VÊNETOS................................................................... 10<br />

TABELA 3 - COLÔNIAS ITALIANAS QUE FORMARAM A FREGUESIA DO CURATO DE COLOMBO............ 19<br />

TABELA 4 - CLASSIFICAÇÃO DOS CASAIS - <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong>..................................................................... 33<br />

TABELA 5 - CASAMENTOS <strong>1888</strong><strong>–</strong>1899 / ORIGEM DOS CÔNJUGES...................................................... 36<br />

TABELA 6 - CASAMENTOS 1900<strong>–</strong>1910 / ORIGEM DOS CÔNJUGES...................................................... 37<br />

TABELA 7 - CASAMENTOS <strong>1888</strong><strong>–</strong>1910 / ORIGEM DOS CÔNJUGES...................................................... 38<br />

TABELA 8 - ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899....... 40<br />

TABELA 9 - ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> 1900<strong>–</strong><strong>1910.</strong>..... 41<br />

TABELA 10 - BATISMOS DE <strong>1888</strong><strong>–</strong>1910 / RAZÃO DE SEXOS................................................................. 44<br />

TABELA 11 - CLASSIF. DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong><strong>–</strong><strong>1910.</strong>........ 44<br />

TABELA 12 - PARCELA DOS PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES <strong>–</strong> <strong>1888</strong><strong>–</strong><strong>1910.</strong>.............................. 45<br />

TABELA 13 - ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “M”- <strong>1888</strong>-1899................ 47<br />

TABELA 14 - ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “M”- 1900-<strong>1910.</strong>............... 48<br />

TABELA 15 - ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “M”- <strong>1888</strong>-1899................ 48<br />

TABELA 16 - ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “M”- 1900-<strong>1910.</strong>............... 48<br />

TABELA 17 - ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “E”- <strong>1888</strong>-1899.................. 49<br />

TABELA 18 - ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “E”- 1900-<strong>1910.</strong>..................49<br />

TABELA 19 - ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “E”- <strong>1888</strong>-1899.................. 50<br />

v


TABEAL 20 - ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES, FAMÍLIAS “E”- 1900-<strong>1910.</strong>................. 50<br />

TABELA A.1 <strong>–</strong> ESCOLHA DOS PADRINHOS EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong>........................ 57<br />

TABELA A.2 <strong>–</strong> BATISMOS DE <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1899 / RAZÃO DE SEXOS.............................................................................. 57<br />

TABELA A.3 - BATISMOS DE 1900 <strong>–</strong> 1910 / RAZÃO DE SEXOS............................................................................... 58<br />

TABELA A.4 <strong>–</strong> CLASSIF. DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899....... 58<br />

TABELA A.5 <strong>–</strong> CLASSIF. DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> 1900-<strong>1910.</strong>.......59<br />

TABELA A.6 <strong>–</strong> OCORRÊNCIA DE PRENOMES COMBINADOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong>......................................................... 59<br />

TABELA A.7 <strong>–</strong> OCORRÊNCIA DOS PRENOMES FEMININOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong>........................................................... 62<br />

TABELA A.8 <strong>–</strong> OCORRÊNCIA DOS PRENOMES MASCULINOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong><strong>1910.</strong>........................................................ 65<br />

TABELA A.9 <strong>–</strong> PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-<strong>1910.</strong>......................................................... 69<br />

TABELA A.10 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA, F. “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899................... 70<br />

TABELA A.11 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA, F. “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899................... 71<br />

TABELA A.12 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA, F. “E” <strong>–</strong> 1900-<strong>1910.</strong>.................. 72<br />

TABELA A.13 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA, F. “E” <strong>–</strong> 1900-<strong>1910.</strong>.................. 73<br />

TABELA A.14 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA, F. “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899.................. 74<br />

TABELA A.15 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA, F. “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899.................. 75<br />

TABELA A.16 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA, F. “M” <strong>–</strong> 1900-<strong>1910.</strong>................. 76<br />

TABELA A.17 <strong>–</strong> ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA, F. “M” <strong>–</strong> 1900-<strong>1910.</strong>................. 77<br />

vi


LISTA DE MAPAS<br />

MAPA 1 <strong>–</strong> REGIÕES SETENTRIONAIS ITALIANAS FORNECEDORAS DE IMIGRANTES............. 7<br />

MAPA 2 <strong>–</strong> COLÔNIA ALFREDO CHAVES - 1878................................................................................... 17<br />

MAPA 3 <strong>–</strong> COLÔNIA PRESIDENTE FARIA - 1886.................................................................................. 23<br />

MAPA 4 <strong>–</strong> COLÔNIA EUFRAZIO CORREA - <strong>1888</strong>................................................................................. 24<br />

MAPA 5 <strong>–</strong> COLÔNIA ANTONIO PRADO - 1886...................................................................................... 29<br />

vii


RESUMO<br />

As reflexões apresentadas na presente pesquisa inserem-se nos estudos da imigração<br />

no Brasil (final do s.XIX, início do XX). Trata-se <strong>de</strong> uma investigação sobre o processo <strong>de</strong><br />

preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural em um <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong> (Paraná). Para<br />

elaboração do nosso problema apoiamo-nos em duas idéias <strong>de</strong> fundamental importância<br />

para os estudos do fenômeno da imigração, a da cultura <strong>imigrante</strong> e a <strong>de</strong> contatos culturais.<br />

Nesse sentido analisamos aqui algumas ações dos <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong> cinco colônias <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s<br />

que formaram uma comunida<strong>de</strong> religiosa única (Curato <strong>de</strong> Colombo). Investigamos seus<br />

primeiros anos <strong>de</strong> contato com a socieda<strong>de</strong> receptora tendo como objetivo verificar se esses<br />

estrangeiros e também seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes agiram ou não no intuito <strong>de</strong> preservar sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. Afim <strong>de</strong> obter dados quantitativos a respeito da população <strong>de</strong>sses núcleos<br />

coloniais, serviu-nos <strong>de</strong> fonte os registros paroquiais concernentes a comunida<strong>de</strong> estudada.<br />

São registros <strong>de</strong> casamentos e <strong>de</strong> batismos que atualmente pertencem ao acervo da Paróquia<br />

Nossa Senhora do Rosário, matriz do então Curato <strong>de</strong> Colombo. Tais documentos foram<br />

utilizados para a reconstituição das famílias, metodologia já consagrada nas análises <strong>de</strong><br />

Demografia Histórica, possibilitando o contato com até três gerações <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s.<br />

Coube-nos, em um primeiro momento, explicar o processo migratório sofrido por este<br />

<strong>grupo</strong>. Vimos que se trata, em sua maioria <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s provenientes da região do<br />

Vêneto, pequenos proprietários que tiveram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emigrar <strong>de</strong>vido aos processos<br />

<strong>de</strong> transição <strong>de</strong>mográfica e expansão do capitalismo pela qual toda a Europa passava. Em<br />

contrapartida o Brasil estava carente <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra em seus latifúndios por causa do<br />

processo abolicionista e viu na vinda <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s uma solução para o problema <strong>de</strong> mão<strong>de</strong>-obra<br />

<strong>de</strong>corrente. Fora <strong>de</strong>sse contexto, observamos a especificida<strong>de</strong> das províncias do Sul<br />

do Brasil no cenário da política imigratória brasileira. A província paranaense,<br />

particularmente, estava preocupada com a carestia <strong>de</strong> alimentos, e por isso pautou sua<br />

política na instalação <strong>de</strong> colônias <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s fornecedoras <strong>de</strong> gêneros alimentícios ao<br />

redor dos centros urbanos. Esse foi o motivo da instalação das colônias italianas que<br />

estamos estudando: todas localizavam-se perto ou <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> Curitiba. Essas colônias<br />

formaram um <strong>grupo</strong> homogêneo, na medida que eram vizinhas e conviviam entre si. Por<br />

meio <strong>de</strong> suas práticas religiosas, consi<strong>de</strong>rando que essa era uma das maneiras com que<br />

esses indivíduos se inseriam na socieda<strong>de</strong>, pu<strong>de</strong>mos analisar três formas <strong>de</strong> preservação da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural étnica: o matrimônio, o compadrio e a nomeação dos filhos dos<br />

<strong>imigrante</strong>s. Percebemos que esses <strong>imigrante</strong>s, com o intuito <strong>de</strong> preservarem sua cultura,<br />

pautavam suas escolhas em elementos que carregavam a mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que a sua. No<br />

caso do matrimônio poucos eram os que se casavam com indivíduos <strong>de</strong> outra etnia. Isso<br />

também se verificou na escolha dos padrinhos <strong>de</strong> batismos para os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Para a<br />

terceira forma <strong>de</strong> preservação o que percebemos é que as crianças ítalo-brasileiras recebiam<br />

nomes oriundos <strong>de</strong> um estoque limitado. Este era constituído por nomes que tinham sua<br />

versão em <strong>italiano</strong> e por nomes <strong>de</strong> santos, estes últimos <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong><br />

apresentada pelo <strong>grupo</strong>. Da mesma forma, pela própria família, incluindo os parentes<br />

“espirituais”, padrinhos e madrinhas. Entretanto, como se constatou, sobretudo eram<br />

transmitidos os nomes dos avós. Dessa forma, pu<strong>de</strong>mos classificar o nome <strong>de</strong> batismo<br />

como um signo <strong>de</strong> preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> em um <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> <strong>de</strong> origem italiana.<br />

Palavras-chave: Imigração; Preservação; Cultura; I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; Contato.<br />

viii


INTRODUÇÃO<br />

A historiografia paranaense a tempo vem se preocupando com o estudo da<br />

imigração, mais especificamente com análises <strong>de</strong>mográficas. De forma mais ou menos<br />

exaustiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1970 alemães, poloneses e <strong>italiano</strong>s constituem objeto <strong>de</strong><br />

investigações nesta perspectiva metodológica. 1 Tal <strong>de</strong>dicação por parte <strong>de</strong> nossos<br />

historiadores visou reconstituir um quadro, tanto quanto possível, completo da socieda<strong>de</strong><br />

paranaense. Foi nessa direção que o Departamento <strong>de</strong> História da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná conduziu seus estudos para a história social regional. 2<br />

Portanto, as reflexões que serão apresentadas no presente trabalho têm como ponto <strong>de</strong><br />

partida os resultados <strong>de</strong> estudos já realizados sobre o tema da imigração, no intuito <strong>de</strong> dar<br />

continuida<strong>de</strong> a pesquisa da história social do Paraná.<br />

Outro motivo que nos levou a se <strong>de</strong>bruçar sobre o assunto foi a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fontes primárias, fontes essas que ainda não haviam sido visitadas com a merecida<br />

<strong>de</strong>dicação. Para esse fato já nos chamava a atenção Altiva Pilatti Balhana ao afirmar que,<br />

consi<strong>de</strong>rando o excepcional crescimento <strong>de</strong>mográfico e a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> elementos<br />

étnicos na composição da população paranaense, são necessários estudos que tratem, com<br />

metodologia e técnicas a<strong>de</strong>quadas, dos problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mografia, procurando utilizar as<br />

fontes primárias existentes e, ainda, na sua quase totalida<strong>de</strong> não exploradas. 3<br />

Mesmo não sendo a presente pesquisa um estudo do âmbito populacional, e sim um<br />

estudo metodológico quantitativo, o seu <strong>de</strong>senvolvimento se apoiou em dados provenientes<br />

da reconstituição <strong>de</strong> famílias, metodologia privilegiada nos estudos <strong>de</strong> Demografia<br />

Histórica. Para esse fim foram utilizadas em nosso trabalho as fontes paroquiais, ou seja,<br />

assentos <strong>de</strong> batismos e casamentos, referentes ao <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> que servirá <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong><br />

estudo em nossa investigação. Este tipo <strong>de</strong> fonte se torna uma preciosida<strong>de</strong> para esse tipo<br />

<strong>de</strong> análise ao consi<strong>de</strong>rarmos que os contingentes <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s constituem durante muito<br />

tempo uma comunida<strong>de</strong> relativamente fechada, na qual a organização da igreja e suas<br />

práticas representam a mais antiga instituição <strong>de</strong>sse <strong>grupo</strong>.<br />

1 ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e<br />

a família <strong>imigrante</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p. 62.<br />

2 BALHANA, Altiva P. História Demográfica do Paraná. In: Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; Vol. I. org. Cecília<br />

Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002. p. 273.<br />

3 Ibid., p.273.


Algumas idéias, elaboradas pelos estudos anteriores a respeito da imigração, são <strong>de</strong><br />

fundamental importância para as discussões inseridas neste trabalho. Refiro-me,<br />

principalmente, aos conceitos <strong>de</strong> cultura <strong>imigrante</strong> e, consequentemente, <strong>de</strong> contato<br />

cultural. O primeiro refere-se à constituição <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong>senvolvida em<br />

função dos anseios do <strong>imigrante</strong> e da resposta do mesmo em relação à socieda<strong>de</strong> receptora.<br />

A segunda diz respeito à relação que esses <strong>grupo</strong>s <strong>de</strong> estrangeiros e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

passam a manter com a nova socieda<strong>de</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>ssas perspectivas, existem ainda outras duas idéias caras a nossa<br />

discussão, como a da autopreservação e da integração. São essas duas vertentes que<br />

constituem ponto <strong>de</strong> partida da presente pesquisa, na medida em que se preten<strong>de</strong> verificar<br />

até que ponto, em um <strong>grupo</strong> específico <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s, são encontradas ações que tinham por<br />

objetivo afirmar uma cultura <strong>imigrante</strong>, e ao mesmo tempo analisar como essas ações<br />

serviram para integração dos estrangeiros com a socieda<strong>de</strong> receptora sem que o <strong>grupo</strong><br />

per<strong>de</strong>sse seus valores étnicos.<br />

Em outras palavras o que se preten<strong>de</strong> apresentar são relações sociais do <strong>grupo</strong>, afim<br />

<strong>de</strong> verificar a preservação da cultura <strong>imigrante</strong> e as formas que esse <strong>grupo</strong> estrangeiro<br />

encontrou para se integrar à socieda<strong>de</strong> brasileira. Assim, a autopreservação e a integração<br />

constituir-se-iam nas duas variáveis fundamentais que po<strong>de</strong>riam explicar todo o processo<br />

<strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um <strong>grupo</strong> étnico. 4<br />

Sendo bastante homogêneo o <strong>grupo</strong> analisado, e consi<strong>de</strong>rando que, como<br />

acreditamos, seus membros agiram, mesmo inconscientemente, no intuito <strong>de</strong> preservar suas<br />

tradições e suas práticas culturais, esse trabalho preten<strong>de</strong> ainda analisar a intensida<strong>de</strong> com a<br />

qual essa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural foi preservada. O que se preten<strong>de</strong>, enfim, é analisar alguns<br />

aspectos do processo <strong>de</strong> autopreservação do <strong>grupo</strong>, através das práticas religiosas e<br />

familiares dos mesmos.<br />

Nessa direção, serão apresentadas três formas <strong>de</strong> preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />

<strong>imigrante</strong>: o matrimônio, o compadrio e a nomeação da primeira geração <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

Formas <strong>de</strong> preservação que dizem respeito à escolhas realizadas no matrimônio e no<br />

momento do batismo <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Escolhas essas que po<strong>de</strong>m, enfim, apontar para<br />

4 ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional<br />

e a família <strong>imigrante</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p. 71.<br />

2


a preservação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica, ou para uma maior integração com a socieda<strong>de</strong><br />

receptora.<br />

Para as duas primeiras formas <strong>de</strong> preservação acima apresentadas, o matrimônio e o<br />

compadrio, essa escolha diz respeito aos indivíduos que irão fazer parte da família,<br />

consi<strong>de</strong>rando aqui que os padrinhos estão ligados espiritualmente à família. A respeito da<br />

terceira forma, o que se está propondo é que, no momento do batismo <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,<br />

o <strong>imigrante</strong> batizaria seu filho com um nome que <strong>de</strong>monstrasse que aquele indivíduo tem<br />

uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural. Acredita-se que, na perspectiva étnica, um nome po<strong>de</strong> se<br />

constituir num sinal ou signo, um dos traços diacríticos que as pessoas procuram e exibem<br />

para <strong>de</strong>monstrar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. 5 Observa-se também que a nomeação dos filhos resulta <strong>de</strong><br />

uma prática social largamente reconhecida, em que o nome é signo <strong>de</strong> reconhecimento e <strong>de</strong><br />

pertencimento. 6<br />

Tal estudo visa, ainda, os seguintes objetivos: iniciar a análise do processo <strong>de</strong><br />

integração <strong>de</strong>sse <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s, que mais tar<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão ser aprofundadas<br />

consi<strong>de</strong>rando as mudanças ocorridas na constituição e organização da comunida<strong>de</strong> étnica,<br />

sobretudo, ao pensarmos na segunda e terceira gerações dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sse <strong>grupo</strong>;<br />

verificar se <strong>de</strong> fato a nomeação constitui um instrumento <strong>de</strong> preservação em uma cultura<br />

étnica, no processo <strong>de</strong> contatos culturais que se <strong>de</strong>senvolvem entre um <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> origem<br />

<strong>imigrante</strong> e a socieda<strong>de</strong> receptora; e afirmar a importância da religião na construção <strong>de</strong> uma<br />

cultura <strong>imigrante</strong>.<br />

Portanto, a discussão <strong>de</strong>ssa pesquisa gira em torno do processo <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong><br />

uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural em um <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s através <strong>de</strong> algumas ações ligadas a sua<br />

prática religiosa, como a escolha dos novos parentes, noivos e compadres, assim como a<br />

escolha dos nomes dos primeiros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes nascidos na pátria <strong>de</strong> adoção.<br />

5 BARTH, 1998: 194. Apud: NADALIN & BIDEAU. Comment <strong>de</strong>s luthériens allemands sont-ils <strong>de</strong>venus<br />

<strong>de</strong>s brésiliens? (un essai methodologique). 14 e Entretiens du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.)<br />

[Texto em português publicado no Boletim <strong>de</strong> História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003,<br />

p. 04.<br />

6 GÉLIS. Apud: NADALIN & BIDEAU, op. cit., p. 04.<br />

3


CAPÍTULO 1<br />

DA ITÁLIA PARA O BRASIL:<br />

A TRAJETÓRIA DE UM GRUPO IMIGRANTE<br />

1.1 NA ITÁLIA PARTIR SE TORNA A SOLUÇÃO<br />

Para construir a história do <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong> que servirá <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong><br />

investigação neste trabalho, é necessário que antes compreendamos o processo <strong>de</strong> migração<br />

sofrido pelo mesmo. A história <strong>de</strong> um <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> sempre se divi<strong>de</strong> em dois<br />

momentos: antes e <strong>de</strong>pois do ato <strong>de</strong> emigrar. Cabe então ao historiador do social essa tarefa<br />

complexa e <strong>de</strong>licada <strong>de</strong> reuni-los, pois se <strong>de</strong>bruçar sobre apenas o momento posterior à<br />

emigração po<strong>de</strong>ria resultar numa avaliação incorreta. 7<br />

De fato, não se po<strong>de</strong> esquecer que estes homens e mulheres tinham uma história<br />

anterior ao ato <strong>de</strong> emigrar, e que é nessa história que eles pautaram seus hábitos e seus<br />

anseios. Hábitos e anseios estes que estarão fortemente presentes no momento em que estes<br />

migrantes se tornarem <strong>imigrante</strong>s, ou seja, no momento em que chegarem na terra <strong>de</strong><br />

adoção. Portanto, antes <strong>de</strong> verificar quais foram os motivos que levaram o Brasil, e <strong>de</strong><br />

maneira específica o Paraná, a investirem na entrada <strong>de</strong> estrangeiros, temos que analisar as<br />

condições que fizeram da Itália, da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX até o início do século<br />

XX, um país fornecedor <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s.<br />

O contexto em que a Itália expulsora se inseriu foi o do avanço do capitalismo e da<br />

transição <strong>de</strong>mográfica na Europa. 8 Momento em que os países europeus tornavam-se<br />

industrializados e que pressões econômicas e sociais foram geradas pelo avanço<br />

<strong>de</strong>mográfico, que fez a Europa aumentar sua população duas vezes e meia. Este fato foi<br />

observado na incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção dos exce<strong>de</strong>ntes populacionais do meio rural no<br />

7 ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os Italianos em São Paulo (1870-1920). Brasiliense: 1986. p.11.<br />

8 Segundo ANDREAZZA e NADALIN transição <strong>de</strong>mográfica é a <strong>de</strong>signação dada ao fenômeno populacional<br />

ocorrido inicialmente na Europa e que se refere à passagem <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que se equilibrava com níveis<br />

elevados <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>, para uma fase que anunciava outro equilíbrio com níveis baixos <strong>de</strong><br />

natalida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>. Como a natalida<strong>de</strong> manteve-se durante algum tempo nos antigos níveis, e a<br />

mortalida<strong>de</strong> diminuiu, o fenômeno gerou exce<strong>de</strong>ntes populacionais na Europa. Imigrantes no Brasil,<br />

Colonos e Povoadores. Nova Didática. p. 27.<br />

4


mercado <strong>de</strong> trabalho das áreas urbanas. Assim surgiu em toda Europa um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-obra que a industrialização tardia <strong>de</strong> países como a Itália e a Alemanha, não tinham<br />

como absorver.<br />

Estes foram os principais motivos que impulsionaram a constante emigração<br />

italiana. Em um primeiro momento, a tentativa para solucionar o problema da falta <strong>de</strong><br />

emprego foi a migração interna, do campo para a cida<strong>de</strong>. Porém, como já dissemos, a<br />

industrialização italiana não era capaz <strong>de</strong> absorver os exce<strong>de</strong>ntes do campo. Então a<br />

solução foi emigrar, atravessando o oceano. O que nos permite afirmar, finalmente, que a<br />

emigração européia para a América po<strong>de</strong> ser vista como a continuida<strong>de</strong> da migração do<br />

campo para a cida<strong>de</strong>.<br />

Torna-se evi<strong>de</strong>nte, também, que a transição <strong>de</strong>mográfica, a expansão do capitalismo<br />

e as gran<strong>de</strong>s migrações formam um conjunto <strong>de</strong> processos interligados igualmente no<br />

espaço. As diversas ondas emigratórias européias, que atingiram o apogeu na passagem do<br />

século XIX para o XX e retomaram com outras características no período entreguerras,<br />

acompanharam <strong>de</strong> certa forma o avanço da transição <strong>de</strong>mográfica e do capitalismo,<br />

expandindo-se sucessivamente do Noroeste para o Sul e Leste Europeus. 9<br />

Isso explica, no caso da emigração italiana, o fato <strong>de</strong> que, entre as primeiras<br />

correntes <strong>de</strong> estrangeiros <strong>de</strong>ssa origem vindos para o Brasil, predominem <strong>italiano</strong>s<br />

setentrionais. É <strong>de</strong>sta região que provém a maior parte do <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s instalado nas<br />

colônias que estamos investigando, inauguradas entre 1878 e <strong>1888</strong>. Talvez esta seja a<br />

primeira resposta para nossa pesquisa, pois no momento em que <strong>de</strong>finimos a região <strong>de</strong><br />

origem do <strong>grupo</strong> investigado po<strong>de</strong>mos analisar a realida<strong>de</strong> vivida por este antes <strong>de</strong> emigrar.<br />

Porém, antes <strong>de</strong> tratarmos do modo <strong>de</strong> vida que esses <strong>italiano</strong>s apresentavam no<br />

momento em que <strong>de</strong>cidiram <strong>de</strong>ixar a Europa, queremos afirmar <strong>de</strong> maneira mais concreta o<br />

fato <strong>de</strong> que os estrangeiros <strong>de</strong>ssa origem vindos para as colônias que estamos investigando<br />

proce<strong>de</strong>m das regiões setentrionais da Itália, sobretudo da região do Vêneto.<br />

9 ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sergio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e<br />

a família <strong>imigrante</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> População, 11(1):61-87, jan./jun.1994, p.63.<br />

5


Para isso construímos uma tabela, e posteriormente um mapa, com base nas atas <strong>de</strong><br />

casamentos dos <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong>ssas colônias. Dos 518 indivíduos, registrados nos 259<br />

assentos matrimoniais arrolados em nossa pesquisa, encontramos 271 <strong>imigrante</strong>s do qual se<br />

conhece a região <strong>de</strong> procedência, observando-se a seguinte distribuição:<br />

TABELA 01 <strong>–</strong> PROCEDÊNCIA GERAL DOS IMIGRANTES ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO<br />

Regiões Vêneto Lombardia Trento Piemonte Itália Total<br />

Número 208 10 9 4 40 271<br />

% 76,7 3,7 3,3 1,5 14,8 100<br />

Fonte: Registros Matrimonias dos Arquivos Paroquiais <strong>de</strong> Santa Felicida<strong>de</strong> e Colombo.<br />

Fica claro que a origem regional da maioria dos <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s instalados nas<br />

colônias investigadas é o Vêneto, com quase 80% <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong>, isso sem<br />

somarmos a porcentagem <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong>ssa origem provavelmente inseridos entre<br />

aqueles que o registro só faz menção a Itália em geral. De qualquer forma, todas as regiões<br />

que aparecem são do norte, e consi<strong>de</strong>rando a área setentrional como um todo, po<strong>de</strong>mos<br />

levar em conta a semelhança das características sócio-econômicas entre as regiões que a<br />

constituem.<br />

Faz-se importante, para a compreensão do processo migratório, que analisemos <strong>de</strong><br />

maneira particular as características da região que forneceu o maior contingente <strong>de</strong><br />

emigrantes. Na pratica, a região do Vêneto se divi<strong>de</strong> em áreas <strong>de</strong> colinas e montanhas,<br />

como Vicenza, Treviso, Belluno e Udine, e áreas <strong>de</strong> planícies, como Verona, Rovigo,<br />

Padova e Venezia. A divisão da proprieda<strong>de</strong> obe<strong>de</strong>cia o seguinte critério: pequenas e<br />

médias nas regiões <strong>de</strong> montanha e colinas; gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s, já com caráter capitalista,<br />

nas regiões <strong>de</strong> planície. 10<br />

As famílias que, num primeiro momento, abandonaram a Itália pertenciam, em<br />

gran<strong>de</strong> parte, ao universo dos pequenos proprietários e dos arrendatários. Isso se explica<br />

pela forma como ocorreu a penetração capitalista no campo: concentração da proprieda<strong>de</strong>;<br />

altas taxas <strong>de</strong> impostos sobre a terra, que impeliram o pequeno proprietário a empréstimos e<br />

ao conseqüente endividamento; oferta, pela gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> produtos a preços<br />

10 Ibid., p.28.<br />

6


inferiores no mercado, eliminando a concorrência do pequeno agricultor; e, finalmente, a<br />

sua transformação em mão-<strong>de</strong>-obra para a indústria nascente. 11<br />

MAPA 1 <strong>–</strong> REGIÕES SETENTRIONAIS ITALIANAS FORNECEDORAS DE IMIGRANTES.<br />

Não fica difícil enten<strong>de</strong>r porque foram eles, os pequenos proprietários, arrendatários<br />

ou meeiros, os primeiros a abandonarem a Itália. É só nos aprofundarmos mais nas<br />

condições <strong>de</strong> vida que essa porção da população italiana estava enfrentando para enten<strong>de</strong>r<br />

a causa <strong>de</strong>stes terem sido os primeiros a <strong>de</strong>sembarcarem no Brasil.<br />

A produção <strong>de</strong>sses pequenos proprietários se apoiava no trabalho <strong>de</strong> toda família, e<br />

era da terra que eles tiravam a maioria dos alimentos para a sua sobrevivência. Esse hábito<br />

milenar ligado à pequena proprieda<strong>de</strong> criava a ilusão, para esses camponeses, <strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>pendência. As famílias vênetas, que contavam com doze ou até quinze elementos ao<br />

todo, viviam do pequeno núcleo <strong>de</strong> terra que lhes pertencia. O pai era a autorida<strong>de</strong> máxima<br />

e o <strong>grupo</strong> se mantinha unido enquanto a proprieda<strong>de</strong> fornecia os recursos necessários à sua<br />

manutenção.<br />

Toda a população, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais abastados até os mais pobres, alimentavam-se<br />

basicamente <strong>de</strong> polenta, preparada com a farinha <strong>de</strong> milho. Quando a mesa era farta, o<br />

11 ALVIM, Zuleika M.F. Brava Gente! Os Italianos em São Paulo (1870-1920). Brasiliense: 1986. p.23.<br />

7


cardápio não passava <strong>de</strong> peixe, ovo, salames e verduras e raramente se comia pão <strong>de</strong><br />

farinha <strong>de</strong> trigo e carne <strong>de</strong> gado. O vinho era tomado somente na época da colheita da uva;<br />

<strong>de</strong>pois, só se consumia o “vinhete”, espécie <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior obtido da segunda<br />

prensagem das uvas com água. 12<br />

Não só a dieta <strong>de</strong>sses camponeses era precária, mas também as suas roupas e suas<br />

habitações eram <strong>de</strong>primentes. Aquelas, tantos dos homens como das mulheres, eram<br />

grosseiras, tecidas em casa. Em geral eram feitas <strong>de</strong> algodão cru e <strong>de</strong> lã mista. Seus sapatos<br />

e tamancos também eram <strong>de</strong> confecção caseira, feitos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e alguma lã qualquer. A<br />

gran<strong>de</strong> maioria vivia <strong>de</strong>scalça e só cobriam os pés no inverno. 13 A moradia <strong>de</strong>sses pequenos<br />

proprietários também <strong>de</strong>ixava muito a <strong>de</strong>sejar, como po<strong>de</strong>mos perceber por meio <strong>de</strong> um<br />

relato encontrado na obra <strong>de</strong> Zuleika Alvim, que <strong>de</strong>screve as casas <strong>de</strong>ssa porção da<br />

população italiana como<br />

“casebres baixos, cheios <strong>de</strong> frestas, caindo aos pedaços, que<br />

<strong>de</strong>ixavam transparecer, pelos buracos usados como janelas e<br />

pelas fissuras dos muros, a mais triste miséria; no interior, poucos<br />

cômodos imundos (...), as pare<strong>de</strong>s revestidas <strong>de</strong> pó secular (...);<br />

o chão do térreo é <strong>de</strong> terra ou <strong>de</strong> pedras mal ajustadas, o plano<br />

superior é formado por tabuleiros bamboleantes, as pequenas<br />

janelas on<strong>de</strong> normalmente faltam os batentes, são tapadas por<br />

vidros ou folhas <strong>de</strong> papel, os únicos móveis são um leito ou dois<br />

sobre cavaletes, um baú e os utensílios indispensáveis para a<br />

cozinha e a agricultura. (...) o número <strong>de</strong> cômodos <strong>de</strong> uma<br />

casa é variável, mas sempre muito inferior a necessida<strong>de</strong> da<br />

família (...) cada quarto serve a três ou quatro pessoas, (...).<br />

Assim como <strong>de</strong>screvemos são quase todas as casas dos<br />

trabalhadores da terra ” 14<br />

Portanto, o que observamos é que essa porção da população italiana vivia num<br />

estado <strong>de</strong> extrema pobreza, e que, por esse motivo, gastavam suas vidas unicamente na luta<br />

pela sobrevivência. Sendo assim, po<strong>de</strong>mos imaginar que o mundo <strong>de</strong>sses homens e<br />

mulheres ligados a terra era formado pelos limites da comunida<strong>de</strong>, e que o i<strong>de</strong>al econômico<br />

<strong>de</strong>sses camponeses era o da auto-suficiência. Consequentemente a organização social e<br />

familiar era estritamente local, on<strong>de</strong> o cotidiano variava do trabalho para a Igreja. Sem<br />

dúvida eram esses dois valores, o amor a terra e a religião, que impulsionavam a existência<br />

12 Ibid., p.31.<br />

13 Ibid., p.32.<br />

14 Cit. in: FRANZINA, E. Apud: ALVIM, Z, op. cit., p.31 e 32.<br />

8


<strong>de</strong>sses camponeses e os faziam <strong>de</strong>dicar a vida inteira para a manutenção <strong>de</strong> seu pedaço <strong>de</strong><br />

terra e <strong>de</strong> sua família.<br />

Porém, essa tarefa <strong>de</strong> manter a sobrevivência da família por meio da pequena<br />

proprieda<strong>de</strong> se tornou cada vez mais difícil, e boa parte <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se ao<br />

problema da divisão continua da terra. Entre esses pequenos proprietários o hábito <strong>de</strong><br />

dividir a terra quando os filhos se casavam começara há muito tempo. Como conseqüência,<br />

<strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> terra, a maioria <strong>de</strong>ssas famílias <strong>de</strong> camponeses tinham filhos trabalhando<br />

como braccianti, trabalhadores braçais, nas gran<strong>de</strong>s fazendas, ou filhas nas pequenas<br />

indústrias artesanais. 15<br />

Traçada essa paisagem <strong>de</strong> pobreza causada pela industrialização e pelo gran<strong>de</strong><br />

aumento <strong>de</strong>mográfico po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r quais os motivos que levaram muitos camponeses<br />

a abandonar sua terra natal para se aventurarem em outros continentes. A falta <strong>de</strong> terra e a<br />

falta <strong>de</strong> emprego na Itália fizeram com que muitas famílias encontrassem na emigração a<br />

única solução para a sua sobrevivência. Assim fica fácil compreen<strong>de</strong>r o porque a pequena<br />

proprieda<strong>de</strong> se tornou sinônimo <strong>de</strong> pobreza, e ainda, proletarização sinônimo <strong>de</strong> expulsão.<br />

Dessa forma po<strong>de</strong>mos classificar o <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong> que primeiro chegou ao Brasil<br />

como pequeno agricultor proveniente das regiões montanhosas da parte setentrional da<br />

Itália. Isso se afirma ao observarmos a tabela abaixo (tabela 2), que apresenta a maior parte<br />

dos vênetos instalados nas colônias que aqui servem como objeto <strong>de</strong> pesquisa como<br />

provenientes <strong>de</strong>ssas regiões que abrigavam o pequeno proprietário <strong>italiano</strong>.<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir quem foram os emigrantes <strong>de</strong> origem italiana que se<br />

<strong>de</strong>slocaram num primeiro momento e que vieram instalar-se nas colônias por nós<br />

estudadas, inseridas no contexto paranaense. Também, essa primeira analise nos permitiu<br />

saber quais foram os motivos que fizeram esses camponeses abandonar a Itália. Cabe agora<br />

<strong>de</strong>finirmos quais foram os atrativos que os trouxeram para o Brasil. Porém, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já<br />

po<strong>de</strong>mos afirmar qual foi o sonho <strong>de</strong>sses homens e mulheres ao <strong>de</strong>ixar a terra natal: uma<br />

porção <strong>de</strong> terra que ficasse perto <strong>de</strong> uma igreja, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem se sentir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />

afim <strong>de</strong> reconstruir um mundo à semelhança do que <strong>de</strong>ixaram para trás.<br />

15 Os braccianti, como explica Zuleika Alvim, eram uma categoria <strong>de</strong> trabalhadores rurais temporários, que<br />

só trabalhavam nos momentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, e que recebiam por dia ou por cota.<br />

9


TABELA 02 <strong>–</strong> PROCEDÊNCIA DOS IMIGRANTES VÊNETOS<br />

Origem Regiões do Vêneto Nº <strong>de</strong> Imigrantes %<br />

Regiões <strong>de</strong> montanha<br />

1.Vicenza 80 38,5<br />

2.Treviso 63 30,3<br />

3.Udine 17 8,2<br />

4.Belluno 4 1,9<br />

Subtotal 164 <strong>imigrante</strong>s 78,9<br />

Regiões <strong>de</strong> planície<br />

5.Padova 41 19,7<br />

6.Venezia 3 1,4<br />

Subtotal 44 <strong>imigrante</strong>s 21,1<br />

Total 6 Regiões 208 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> casamentos.<br />

1.2 O PARANÁ DENTRO DO CENÁRIO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL<br />

Des<strong>de</strong> o período colonial havia no Brasil uma política imigratória com a finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ocupar vazios <strong>de</strong>mográficos, para assim garantir aos portugueses a posse da terra.<br />

Sobretudo, havia a preocupação em ocupar aqueles territórios que eram disputados com os<br />

espanhóis. Portanto, havia uma política <strong>de</strong> colonização, uma vez que incentivava o<br />

povoamento do Brasil.<br />

Porém, até 1808, data da instalação da Corte Portuguesa no Rio <strong>de</strong> Janeiro, a<br />

população do país, incluindo neste o território que hoje compõe o estado do Paraná, se<br />

fizera exclusivamente <strong>de</strong> portugueses, escravos africanos e índios, formando essas raças a<br />

socieda<strong>de</strong> tradicional do Brasil. Com a chegada <strong>de</strong> D. João VI adotaram-se medidas para<br />

aumentar a população do país, principalmente no sul, on<strong>de</strong> as fronteiras estavam em litígio<br />

<strong>de</strong>vido a presença espanhola.<br />

No que se refere ao território paranaense, porém, sua região era mal povoada, com<br />

sertões brutos e <strong>de</strong>sabitados, inclusive em áreas não muito distante <strong>de</strong> Curitiba. 16 Neste<br />

sentido, no mês <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1808 surgem duas Cartas Régias que almejavam resolver a<br />

questão. A primeira, foi publicada em 5 <strong>de</strong> novembro e oferecia a concessão <strong>de</strong> sesmarias<br />

aos que tomassem armas para conquistar em <strong>de</strong>finitivo as terras dos Campos Gerais e <strong>de</strong><br />

16 WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001; p.145.<br />

10


Guarapuava, afim <strong>de</strong> cultivá-las em favor do Estado. Já a segunda Carta Régia data <strong>de</strong> 25<br />

<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1808 e, por esse instrumento, D. João tornou possível a concessão <strong>de</strong> terras<br />

para os estrangeiros resi<strong>de</strong>ntes no Brasil. 17<br />

Esse último <strong>de</strong>creto inaugurou uma política imigratória que abria as portas aos<br />

estrangeiros. Para atrair <strong>imigrante</strong>s, o governo prometia uma série <strong>de</strong> vantagens aos<br />

europeus que viessem se estabelecer no Brasil, entre as quais <strong>de</strong>ve ser salientadas a<br />

possibilida<strong>de</strong> da aquisição <strong>de</strong> terras, o financiamento <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> trabalho e, ainda,<br />

ajuda financeira. Nessa direção, a primeira colônia instalada em território que mais tar<strong>de</strong><br />

veio a pertencer a Província do Paraná, foi e a <strong>de</strong> Rio Negro, que já em 1816 recebeu 50<br />

casais <strong>de</strong> açorianos encaminhados pelo governo da Capitania <strong>de</strong> São Paulo e, em 1829, os<br />

primeiros alemães. 18<br />

Com a in<strong>de</strong>pendência em 1822 essas políticas imigratórias implantadas no Brasil se<br />

fortaleceram, pois o governo da jovem nação americana procurou resolver o problema da<br />

ocupação efetiva do solo, que se fazia necessária não só para assegurar a soberania<br />

nacional, como também para valorizar a economia do novo país. 19 Porém, as tensões<br />

políticas dos anos seguintes, como a renúncia <strong>de</strong> Dom Pedro I e o período regencial,<br />

provocaram uma estagnação no processo imigratório. Em <strong>de</strong>corrência, o fluxo enfraqueceu<br />

e, entre 1829 e 1835, não foi registrada nenhuma entrada <strong>de</strong> estrangeiros no país. 20<br />

Mas o governo queria a manutenção da imigração e, nesse sentido, começou a<br />

transferir a responsabilida<strong>de</strong> do assentamento <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s para as províncias. Nessa<br />

direção os indivíduos que entraram no país a partir <strong>de</strong> 1836 foram dirigidos a colônias<br />

organizadas por governos locais ou por particulares. Outro fato importante e que favoreceu<br />

o novo impulso dado à política imigratória, é que em 1848 o governo imperial conce<strong>de</strong>u às<br />

províncias uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>volutas para a colonização, possibilitando que<br />

elas promovessem o estabelecimento <strong>de</strong> núcleos coloniais.<br />

Nesse contexto, foram fundadas mais duas colônias no território que viria pertencer<br />

à província paranaense, ambas sob a iniciativa <strong>de</strong> particulares. A primeira foi a Colônia<br />

17<br />

NADALIN, Sergio Odilon. Paraná: ocupação do território, populações e migrações. Curitiba: SEED,<br />

2001. p. 61.<br />

18<br />

MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do<br />

povoamento do Paraná, pp. 58 e 59.<br />

19<br />

BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.<br />

Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.157.<br />

11


Thereza, fundada pelo médico João Maurício Faivre em 1847, nas margens do rio Ivaí, com<br />

<strong>imigrante</strong>s franceses. A segunda foi a colônia do Superaguy, fundada por Carlos Perret<br />

Gentil em Guarequeçaba, no ano <strong>de</strong> 1852, com colonos suíços, franceses e alemães. 21<br />

Portanto, no momento <strong>de</strong> sua emancipação política, em 1853, a Província do Paraná<br />

possuía apenas três colônias: a colônia Rio Negro (1829), a colônia Theresa (1847) e a<br />

colônia Superaguy (1852).<br />

Sendo assim, logo que assumiu a Província, o presi<strong>de</strong>nte Zacarias <strong>de</strong> Góes e<br />

Vasconcelos percebeu que precisaria promover o aumento da população por meio da<br />

criação <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> colonização estrangeira. Além da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação territorial,<br />

a jovem província <strong>de</strong>parava-se com uma série <strong>de</strong> outros problemas, entre os quais os<br />

principais eram a falta <strong>de</strong> trabalhadores para abrir e conservar estradas e a necessida<strong>de</strong><br />

urgente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma agricultura <strong>de</strong> subsistência para suprir a falta <strong>de</strong> alimentos.<br />

O problema da falta <strong>de</strong> gêneros alimentícios <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que um gran<strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> escravos foi retirado das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subsistência na década <strong>de</strong> 1850 para<br />

aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra nas gran<strong>de</strong>s lavouras paulistas, principalmente <strong>de</strong> café.<br />

Como resultado começou a <strong>de</strong>cair a produção <strong>de</strong> alimentos em todo o país, fenômeno<br />

conhecido como carestia. Devido ao <strong>de</strong>sprezo manifestado pelo brasileiro, e pelo<br />

paranaense em particular, ao trabalho agrícola, que era consi<strong>de</strong>rado uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> baixo<br />

status social, a vinda <strong>de</strong> “colonos morigerados e laboriosos” passou a ser consi<strong>de</strong>rada como<br />

único meio a<strong>de</strong>quado para solucionar o problema da crise <strong>de</strong> escassez e carestia <strong>de</strong> produtos<br />

agrícolas. 22<br />

Nesse contexto a principal função da imigração no Brasil <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o<br />

preenchimento dos vazios <strong>de</strong>mográficos e outras duas necessida<strong>de</strong>s passam a pautar a<br />

entrada <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s. Uma é a introdução <strong>de</strong> estrangeiros para substituir a mão-<strong>de</strong>-obra<br />

escrava cada vez mais escassa nas gran<strong>de</strong>s lavouras <strong>de</strong> café paulistas. Outra voltada para a<br />

formação <strong>de</strong> colônias em pequenas proprieda<strong>de</strong>s que produzissem os alimentos <strong>de</strong><br />

subsistência.<br />

20<br />

NADALIN, Sergio Odilon. Op. Cit., 2001. p. 61.<br />

21<br />

Ibid., p. 67.<br />

22<br />

BALHANA, Altiva P. História Demográfica do Paraná. In: Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; Vol. I. org. Cecília<br />

Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p. 275.<br />

12


Em um primeiro momento os latifundiários do café <strong>de</strong>senvolveram uma política<br />

acirrada contra a introdução <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s em pequenas proprieda<strong>de</strong>s, sustentando que a<br />

imigração <strong>de</strong>veria fornecer unicamente trabalhadores para as fazendas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> café<br />

que estavam em expansão. Nesse sentido, em 1850 o legislativo do Império, influenciado<br />

pelos gran<strong>de</strong>s cafeicultores, proibiu a aquisição <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>volutas por outro título senão o<br />

da compra. 23 Isso impediria que os <strong>imigrante</strong>s chegados no Brasil conseguissem para<br />

cultivo pequenos lotes, forçando-os a trabalhar nas gran<strong>de</strong>s lavouras.<br />

Porém, o agravamento da falta <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong> também na<br />

província paulista fez com que muitos latifundiários mudassem <strong>de</strong> opinião. Assim, em 30<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1854 o <strong>de</strong>creto nº 1.318 favorecia a imigração pelos estímulos concedidos a<br />

posse da terra, possibilitando o seu acesso a qualquer indivíduo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua<br />

nacionalida<strong>de</strong>, e conce<strong>de</strong>ndo auxílios em favor da colonização. 24<br />

Dessa forma as províncias estavam livres para promover a imigração, afim <strong>de</strong><br />

resolver o problema da carestia. Esse problema que tomava conta <strong>de</strong> todo o país po<strong>de</strong> ser<br />

observado no Paraná através <strong>de</strong> um trecho do Relatório do Presi<strong>de</strong>nte da Província <strong>de</strong> 1858:<br />

“É para se lamentar que esta província, cujos terrenos produzem<br />

com abundância a mandioca, o arroz, o café, a cana, o fumo, o<br />

milho, o centeio, a cevada, o trigo e todos os gêneros alimentícios,<br />

compensando tão prodigiosamente os trabalhos do agricultor,<br />

receba da marinha e por preços tão exagerados a mor parte<br />

daqueles gêneros. Este estado <strong>de</strong> cousas porém tenho que<br />

continuará e que só quando colonos morigerados e laboriosos<br />

vierem povoar vossas terras vastas e fecundas, aparecerá<br />

abastança dos gêneros alimentícios e abundantes sobras do<br />

consumo irão dar nova vida ao comércio <strong>de</strong> exportação dos<br />

produtos agrícolas.” 25<br />

Portanto, ao contrário <strong>de</strong> outras regiões do Império, como era o caso da província<br />

paulista, on<strong>de</strong> a imigração se <strong>de</strong>stinava a suprir a carência <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra na gran<strong>de</strong><br />

lavoura <strong>de</strong> exportação, no Paraná, a não ser a eventual introdução <strong>de</strong> trabalhadores para as<br />

23 BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. Alguns Aspectos Relativos<br />

aos Estudos <strong>de</strong> Imigração e Colonização. In: Colonização e Migração. São Paulo, 1969, p.358.<br />

24 Ibid., p. 358.<br />

25 Relatório do Presi<strong>de</strong>nte Francisco Liberato <strong>de</strong> Matos, apresentado na abertura da Assembléia Legislativa<br />

Provincial, em 7 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1858. Curytiba, Typografia Paranaense, 1857, p.21.<br />

13


obras públicas, sobretudo a construção <strong>de</strong> estradas, o problema imigratório foi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo<br />

colocado no sentido <strong>de</strong> criar-se uma agricultura <strong>de</strong> abastecimento. 26<br />

Outros dois fatores que favoreceram a implantação <strong>de</strong> colônias em terras<br />

paranaense, assim como em toda a região Sul, foi a situação <strong>de</strong> clima e solo, que aqui se<br />

apresentavam <strong>de</strong> maneira muito semelhante à Europa. Dessa maneira, acreditamos que seja<br />

fácil compreen<strong>de</strong>r como o território da Província do Paraná inseriu-se na política<br />

imigratória brasileira.<br />

Sendo assim, o governo da província paranaense <strong>de</strong>senvolveu uma política<br />

imigratória, sempre visando a criação <strong>de</strong> núcleos coloniais voltados para a agricultura <strong>de</strong><br />

abastecimento, que atraiu uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> europeus, oriundos <strong>de</strong> diversas regiões.<br />

Primeiramente vieram contingentes alemães, suíços, franceses e ingleses e, mais tar<strong>de</strong>,<br />

<strong>italiano</strong>s e poloneses e, finalmente, ucranianos e holan<strong>de</strong>ses, entre outros. Dentre esse<br />

<strong>grupo</strong>s, os que mais se <strong>de</strong>stacam na contribuição <strong>de</strong>mográfica do Paraná, em termos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, são os seguintes: Poloneses (49,2%), Ucranianos (14,1%), Alemães (13,3%) e,<br />

finalmente, Italianos (8,9%), formando as outras etnias apenas 14,5%. 27<br />

1.3 NO PARANÁ OS ITALIANOS INAUGURAM COLOMBO<br />

O <strong>grupo</strong> específico que preten<strong>de</strong>mos analisar está inserido entre os 8,9%,<br />

representados pelos <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s estabelecidos no Paraná. Foi a partir <strong>de</strong> 1875 que<br />

esse contingente começou a chegar em gran<strong>de</strong>s levas, sendo a maioria <strong>italiano</strong>s proce<strong>de</strong>ntes<br />

do Vêneto. 28 A maior parte <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s que entraram no Brasil no século XIX,<br />

sobretudo na segunda meta<strong>de</strong>, embarcava no porto <strong>de</strong> Gênova e, obrigatoriamente, assim<br />

como para qualquer <strong>imigrante</strong> proce<strong>de</strong>nte da Europa, <strong>de</strong>sembarcava na Ilha das Flores (baía<br />

<strong>de</strong> Guanabara), no Rio <strong>de</strong> Janeiro. 29 Nessa ilha eram realizados os registros exigidos pelo<br />

sistema político e também uma série <strong>de</strong> exames médicos. Do porto do Rio <strong>de</strong> Janeiro os<br />

26<br />

BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.<br />

Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.162.<br />

27<br />

I<strong>de</strong>m, p.184.<br />

28<br />

MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do<br />

povoamento do Paraná, p. 176.<br />

29<br />

FERRARINI, Sebastião. O Município <strong>de</strong> Colombo. Curitiba: Champagnat, 1992; p. 53.<br />

14


<strong>imigrante</strong>s eram embarcados em navios menores com <strong>de</strong>stino às províncias, on<strong>de</strong> eram<br />

aguardados.<br />

Para os <strong>imigrante</strong>s que vinham para a jovem Província do Paraná a porta <strong>de</strong> entrada<br />

era o porto D. Pedro II, em Paranaguá. Nesta localida<strong>de</strong>, mais uma vez passavam por um<br />

registro, semelhante ao praticado na Ilha das Flores. 30 Foi ao pé da Serra do Mar que os<br />

<strong>italiano</strong>s formaram os primeiros núcleos coloniais. Este local apresentava um solo muito<br />

fértil e água em abundância, por isso foi escolhido pelo governo para implantação <strong>de</strong><br />

colônias.<br />

O primeiro empreendimento foi instalado nessa região em 1875 e <strong>de</strong>ve-se a chegada<br />

da primeira leva <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s no Paraná. Assim surgiu a colônia Alexandra que<br />

foi estabelecida pelo empresário <strong>de</strong> colonização Sabino Tripotti. Apesar <strong>de</strong>ssas condições<br />

favoráveis muitos dos primeiros colonos não se adaptaram à umida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> problemas<br />

relacionados à má administração da colônia Alexandra por parte do empresário<br />

mencionado. Ele não estaria preocupado com o estabelecimento dos colonos: na verda<strong>de</strong><br />

queria atrair o maior número <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s simplesmente para obter mais lucros.<br />

Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas questões, o governo provincial criou a colônia Nova Itália para<br />

receber os <strong>imigrante</strong>s que se recusavam ficar em Alexandra, como também as novas levas<br />

<strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s que continuavam a chegar. Esse novo empreendimento tinha a se<strong>de</strong> em<br />

Morretes e abrangia o total <strong>de</strong> doze núcleos coloniais, esten<strong>de</strong>ndo-se até Antonina. Porém,<br />

a experiência anterior criou um clima <strong>de</strong>sfavorável para a colonização no litoral paranaense<br />

<strong>de</strong> modo que os estrangeiros ali instalados sentiram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remigrar para o<br />

planalto; para isso, contaram com o apoio do governo. Esse fato se insere no programa<br />

colonizador elaborado na administração do Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Província Adolpho Lamenha<br />

Lins, que direcionou a ativida<strong>de</strong> colonizadora para os arredores <strong>de</strong> Curitiba, e <strong>de</strong> modo<br />

geral para o planalto curitibano. 31<br />

Dessa forma, foram fundadas as primeiras colônias <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s localizadas <strong>de</strong>ntro<br />

ou perto da capital paranaense. Relativamente ao número <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s entrados no período<br />

forte da imigração italiana no Paraná, entre os anos <strong>de</strong> 1875 a 1878, foi pequeno o<br />

contingente que se fixou em <strong>de</strong>finitivo na região litorânea. Os <strong>de</strong>mais, por iniciativa<br />

30 Ibid., p. 63.<br />

31 BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.<br />

Curitiba: GRAFIPAR, 1969; p.169.<br />

15


própria, ou com o auxílio governamental, foram transferindo-se para o planalto<br />

curitibano. 32<br />

Esse programa colonizador visava implantar colônias agrícolas nas proximida<strong>de</strong>s<br />

dos centros urbanos, com o objetivo <strong>de</strong> colocá-las em contato com os mercados<br />

consumidores. Assim, nos arredores <strong>de</strong> Curitiba foram instalados numerosos núcleos<br />

coloniais situados a distâncias que variavam <strong>de</strong> 2 quilômetros até 30 quilômetros do centro<br />

urbano da capital paranaense.<br />

É nesse contexto que po<strong>de</strong>mos inserir a inauguração dos núcleos coloniais que<br />

formaram o <strong>grupo</strong> homogêneo que estamos investigando. Como exemplo, po<strong>de</strong>mos a<br />

fundação da colônia Alfredo Chaves, a mais antiga das colônias que formaram o <strong>grupo</strong>.<br />

Sobre essa colônia, uma notícia importante é encontrada no Jornal Dezenove <strong>de</strong> Dezembro,<br />

que informa sobre a sua estrutura, bem como sobre sua emancipação, um ano <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua<br />

fundação:<br />

“No dia 04 do corrente realizou-se a emancipação da colônia<br />

Alfredo Chaves, fundada em setembro do ano findo, proce<strong>de</strong>ndo-se<br />

nessa ocasião a distribuição dos títulos provisório <strong>de</strong> lotes <strong>de</strong><br />

terras aos colonos. Situada a 23 Km <strong>de</strong>sta Capital, assenta em<br />

terrenos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>. Conta 80 lotes, sendo 40 urbanos e<br />

40 rurais, formando os primeiros a povoação que se <strong>de</strong>nomina -<br />

Alfredo Chaves, composta pelas ruas Therezio, Antunes, Limoeiro,<br />

Chalréo e Torres. Ocupa a colônia a área total <strong>de</strong> 4.847.970<br />

metros quadrados. Sua população é <strong>de</strong> 162 pessoas, sendo 48<br />

homens, 42 meninos, 42 mulheres e 30 meninas.” 33<br />

Nesse documento encontramos informações importantes para o <strong>de</strong>senrolar <strong>de</strong> nossa<br />

pesquisa: a distância da colônia à capital da província, assim como o número <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s,<br />

a área da colônia, a data <strong>de</strong> sua emancipação, suas ruas etc. Porém, o que mais chama<br />

atenção nesse documento é o fato do núcleo possuir 80 lotes, subdivididos igualmente em<br />

lotes urbanos e rurais. Os primeiros eram <strong>de</strong>stinados à construção das casas <strong>de</strong>sses<br />

<strong>imigrante</strong>s, da igreja da colônia, da escola e ao futuro estabelecimento <strong>de</strong> casas comerciais;<br />

32 BALHANA, A.P. Santa Felicida<strong>de</strong>: um processo <strong>de</strong> assimilação. Curitiba, 1958, p. 31.<br />

33 Dezenove <strong>de</strong> Dezembro, 09/01/1879. Arquivo do Círculo <strong>de</strong> Estudos Ban<strong>de</strong>irantes. Jornais do século XIX.<br />

16


já os lotes rurais eram dispostos em linhas vicinais e serviam para a ativida<strong>de</strong> agrícola dos<br />

colonos. 34<br />

Esse fato nos permite imaginar que a colônia foi induzida a formar não só uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong> subsistência, mas também uma vila. Essas intenções<br />

estão <strong>de</strong>monstradas na planta da colônia:<br />

MAPA 2 <strong>–</strong> COLÔNIA ALFREDO CHAVES <strong>–</strong> 1878. 35<br />

34<br />

ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:<br />

Editora Nova Didática, p.45.<br />

35<br />

Planta da Colônia Alfredo Chaves. Acervo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado Paraná. Redução<br />

do original na escala 1:10.000.<br />

17


Tal hipótese é confirmada ao constatarmos que esse núcleo <strong>de</strong>u origem ao<br />

município <strong>de</strong> Colombo, ao ser elevado à categoria <strong>de</strong> Vila pelo <strong>de</strong>creto nº 11 <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1890:<br />

“Art. 1º - Fica elevada à categoria <strong>de</strong> vila, com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong><br />

‘Colombo’, a povoação sita na colônia Alfredo Chaves.” 36<br />

Tanto o mapa como o extrato <strong>de</strong> jornal que apresentamos acima, trazem<br />

informações sobre os lotes da colônia, e nos revelam que os <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s ali<br />

instalados <strong>de</strong>veriam se <strong>de</strong>dicar a agricultura <strong>de</strong> subsistência, em pequenas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais, suposição que é confirmada ao analisarmos mais um extrato <strong>de</strong> fonte:<br />

“Fundada em setembro <strong>de</strong> 1878 por <strong>italiano</strong>s do Padre Angelo<br />

Cavalli, que recusaram estabelecer-se no Piraquara, está situada<br />

em terrenos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e a pouca distância da Colônia Santa<br />

Cândida, arredores <strong>de</strong> Curitiba. Os colonos acham-se<br />

satisfeitíssimos, a ponto <strong>de</strong> preferirem trabalhar em seus lotes, a<br />

aprontarem estradas...” 37<br />

Este último documento permite duas observações sobre os <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong>ssa colônia.<br />

Primeiro, a participação <strong>de</strong> um <strong>imigrante</strong> sacerdote, que com certeza serviu <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r para<br />

esses colonos <strong>italiano</strong>s remigrados do litoral para o planalto curitibano, indica que a cultura<br />

<strong>de</strong>sse <strong>grupo</strong> estava ligada a religião. Da mesma forma o fato <strong>de</strong> optar por uma região, ao<br />

mesmo tempo que rejeitou outra, nos faz imaginar que esses <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s formavam<br />

um <strong>grupo</strong> homogêneo e que essa, provavelmente, foi uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> autopreservação, na<br />

medida em que o <strong>grupo</strong> não quis se misturar com outro.<br />

Enfim, todos os documentos apresentados acima nos informam sobre a formação <strong>de</strong><br />

um núcleo colonial in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong> certa forma isolado, pois estava localizado a uma<br />

distância consi<strong>de</strong>rável, na época, do centro urbano <strong>de</strong> Curitiba. Esse fato sugere que nesse<br />

núcleo colonial formou-se um <strong>grupo</strong> étnico cultural bem homogêneo, capaz <strong>de</strong> agir mesmo<br />

que inconscientemente para autopreservar suas tradições, suas práticas específicas, em<br />

resumo sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />

36 Leis do Estado do Paraná, volume dos anos 1890 <strong>–</strong> 1891, p.19.<br />

37 Correspondência do Governo do Estado, livro 567, ano <strong>de</strong> 1879. Arquivo Público do Estado do Paraná.<br />

18


Além da colônia Alfredo Chaves, já apresentada acima, esse <strong>grupo</strong> homogêneo <strong>de</strong><br />

<strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s que estamos investigando foi formado por mais quatro colônias, cujos<br />

principais dados são informados pela tabela abaixo:<br />

TABELA 3 - COLÔNIAS ITALIANAS QUE FORMARAM A FREGUESIA DO CURATO DE COLOMBO<br />

Ano Município Colônia Distância<br />

da<br />

Capital<br />

1878 Curitiba Alfredo<br />

Chaves<br />

1886 Curitiba Antônio<br />

Prado<br />

1886 Curitiba Presi<strong>de</strong>nte<br />

Faria<br />

1887 Curitiba Maria<br />

José<br />

<strong>1888</strong> Bocaiúva Euphrázio<br />

Correia<br />

Área<br />

em<br />

hectares<br />

Número<br />

<strong>de</strong><br />

Lotes<br />

Número<br />

<strong>de</strong><br />

Imigrantes<br />

Grupos<br />

étnicos<br />

19<br />

Localida<strong>de</strong><br />

24 Km 431,3 40 220 Italianos Butiatumirim<br />

18 Km 414,9 54 248 Italianos e<br />

poloneses<br />

Tamandaré<br />

20 Km 493,4 50 450 Italianos Canguiri<br />

19 Km 128,0 13 78 Italianos Canguiri<br />

34 Km 426,9 33 198 Italianos Capivary<br />

*Tabela construída basicamente pelas informações <strong>de</strong> duas obras:<br />

1- BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. História do Paraná. 1º vol.<br />

Curitiba: GRAFIPAR, 1969; pp.165 e 166.<br />

2- MARTINS, Romário. Quantos somos e Quem somos, dados para a história e a estatística do povoamento<br />

do Paraná, pp. 148, 152 e 160.<br />

Portanto, nosso objeto <strong>de</strong> estudo é constituídos pelos <strong>italiano</strong>s e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

cinco colônias: Alfredo Chaves (1878), Antonio Prado (1886), Presi<strong>de</strong>nte Faria (1886),<br />

Maria José (1887) e Euphrazio Correa (<strong>1888</strong>). 38 Esse foi o primeiro passo da presente<br />

pesquisa, ou seja, estabelecer o <strong>grupo</strong> homogêneo que pretendíamos analisar. Definiu-se<br />

um <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong> origem italiana que se estabeleceu ao redor da capital<br />

paranaense, no que hoje conhecemos como Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba, mais<br />

especificamente <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s que se estabeleceram em colônias que formaram a<br />

freguesia do Curato 39 da Vila <strong>de</strong> Colombo como veremos mais adiante, inaugurado em<br />

1895, e que <strong>de</strong>ram origem ao município <strong>de</strong> mesmo nome.<br />

38 Essas foram as cinco colônias instaladas em território que hoje pertencem ao Município <strong>de</strong> Colombo.<br />

Diferentemente do que afirma Sebastião Ferrarini, na obra o Município <strong>de</strong> Colombo. Curitiba :<br />

Champagnat: 1992, a colônia Santa Gabriela não foi instalada no bairro Ressaca da vila <strong>de</strong> Colombo,<br />

consequentemente não fez parte <strong>de</strong>ste <strong>grupo</strong>, essa colônia se localizava em território que hoje pertence a<br />

municipalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Almirante Tamandaré.<br />

39 Jurisdição religiosa referente a uma povoação pastoreada por um cura, um sacerdote que resi<strong>de</strong> no local e<br />

ali exerce a função vigário.


CAPÍTULO 2<br />

O PAPEL DA RELIGIÃO NA PRESERVAÇÃO<br />

DA IDENTIDADE ÉTNICA DOS IMIGRANTES ITALIANOS<br />

2.1 O CURATO DE COLOMBO E A CONSTRUÇÃO DE UMA<br />

CULTURA IMIGRANTE<br />

Antes <strong>de</strong> tratarmos da metodologia adotada para a análise das fontes paroquiais<br />

referentes ao <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s que estamos investigando preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar como a<br />

religião po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada a principal vertente na construção <strong>de</strong> uma cultura <strong>imigrante</strong>.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta constatação é afirmar a preciosida<strong>de</strong> dos registros paroquiais, na medida<br />

que neles estão contidas informações referentes a principal ativida<strong>de</strong> social <strong>de</strong>senvolvida<br />

por esses <strong>imigrante</strong>s.<br />

Os <strong>italiano</strong>s da região do Vêneto, assim como os poloneses e outros europeus que se<br />

tornaram <strong>imigrante</strong>s, eram católicos fervorosos a ponto <strong>de</strong> terem seu cotidiano dividido<br />

apenas entre o trabalho e a igreja. Dessa forma não é difícil compreen<strong>de</strong>r que, ao chegarem<br />

em uma terra <strong>de</strong>sconhecida, seriam esses valores que pautariam a construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

étnica <strong>de</strong>sses estrangeiros. Os <strong>imigrante</strong>s encontravam na fé religiosa e na assistência <strong>de</strong><br />

seus pastores um elo <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação cultural que possibilitava<br />

ultrapassar o trauma da mudança e da adaptação às novas contingências e estruturas. 40<br />

Na verda<strong>de</strong> o que queremos <strong>de</strong>monstrar é que as práticas religiosas <strong>de</strong>sses<br />

estrangeiros extrapolaram o campo espiritual e assumiram um papel social. Em outras<br />

palavras estamos afirmando que a comunida<strong>de</strong> constituída em torno da religião serviu não<br />

só para a prática da fé, mas também para que esses <strong>imigrante</strong>s fossem inseridos na nova<br />

socieda<strong>de</strong>. Não se trata da restauração do universo sócio-cultural do <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong>, mas<br />

<strong>de</strong> reencontrar os valores que provocaram atitu<strong>de</strong>s, comportamentos e projetos <strong>de</strong> vida, que<br />

serviram <strong>de</strong> fatores para o processo <strong>de</strong> integração com a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua nova pátria. 41<br />

40 BALHANA, Altiva P. Religião e Imigração no Brasil Meridional. In: WESTPHALEN, Cecília Maria<br />

(Org.). Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; v. III. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.295.<br />

41 SANTIN, Silvino. Integração sócio-cultural do <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong> no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. In: DE BONI,<br />

Luis Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre: Fondazione Giovanni Agnelli, 1996.<br />

p. 595.<br />

20


O fato era que esses <strong>imigrante</strong>s não <strong>de</strong>scansavam enquanto não construíssem uma<br />

capela e não tivessem um padre para rezar a missa. 42 Nesse sentido, o primeiro passo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> obterem uma pequena porção <strong>de</strong> terra para construírem suas casas e<br />

<strong>de</strong>senvolverem sua ativida<strong>de</strong> agrícola, era unir forças para a construção <strong>de</strong> uma igreja. Este<br />

local serviria para o encontro dos moradores da colônia, on<strong>de</strong> além <strong>de</strong> cumprirem com seus<br />

preceitos religiosos po<strong>de</strong>riam conversar a respeito do seu dia-a-dia, trocar experiências,<br />

escapando ao isolamento social.<br />

Nessa perspectiva, po<strong>de</strong>mos afirmar que esse processo unia os moradores da<br />

colônia e fortalecia os seus laços <strong>de</strong> vizinhança, criando assim uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para o <strong>grupo</strong>.<br />

Isso na realida<strong>de</strong> era uma retomada da vida coletiva que era <strong>de</strong>senvolvida no país <strong>de</strong><br />

origem. Ou seja, através da prática religiosa os <strong>imigrante</strong>s queriam reorganizar-se social e<br />

culturalmente, mantendo seus valores étnicos. Além da língua origem, o que criava um<br />

sentimento <strong>de</strong> coletivida<strong>de</strong> entre esses <strong>italiano</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes era o fato <strong>de</strong> que se<br />

consi<strong>de</strong>ravam católicos, e essa catolicida<strong>de</strong> permitia que eles se i<strong>de</strong>ntificassem uns com<br />

outros.<br />

O <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s que estamos observando com certeza passou por esse processo,<br />

isso po<strong>de</strong> ser comprovado pelo documento que apresentamos logo abaixo. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

abaixo-assinado no qual quarenta e um <strong>italiano</strong>s da Colônia Alfredo Chaves solicitam ao<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Província a construção <strong>de</strong> uma igreja e um cemitério.<br />

“Nós, abaixo assinados, colonos resi<strong>de</strong>ntes na colônia Alfredo<br />

Chaves, pedimos a V. Ex.ª que man<strong>de</strong> colocar a Igreja e o<br />

cemitério da dita colônia que muito precisamos para conseguir a<br />

nossa religião, o que esperamos em V. Ex.ª esse benefício moral e,<br />

outrossim, lembramos a V. Ex.ª que para a construção <strong>de</strong>sses<br />

edifícios po<strong>de</strong>rá o governo utilizar-se das ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> dois<br />

barracões existentes nesta colônia. Colônia Alfredo Chaves, 21 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1879.” 43<br />

42 ALVIM, Zuleika. Imigrantes: a vida privada dos pobres do campo. In: SEVCENKO, NICOLAU (Org.).<br />

História da vida privada no Brasil. v.3. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p.261.<br />

43 Correspondência Oficial da Província. Ano <strong>de</strong> 1879, Livro 583. p. 20 e 21. Arquivo Público<br />

21


Fica claro por meio <strong>de</strong>ste documento que esses <strong>imigrante</strong>s consi<strong>de</strong>ravam<br />

indispensável para o seu “benefício moral” a existência <strong>de</strong> um local on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem se<br />

reunir em comunida<strong>de</strong> para “ter sua religião”. Isso se explica pelo fato <strong>de</strong> que o espaço<br />

vital do homem vai além das dimensões biológicas, ele amplia-se a um sistema <strong>de</strong> valores,<br />

ao qual chamamos <strong>de</strong> cultura. 44<br />

Outra informação que chama bastante atenção é que esse abaixo-assinado foi<br />

organizado rapidamente, apenas quatro meses <strong>de</strong>pois da instalação <strong>de</strong>sse núcleo colonial<br />

que foi inaugurado em setembro <strong>de</strong> 1878. Isso permite afirmar que, ao unir forças em favor<br />

<strong>de</strong> sua prática religiosa, esse <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> colonos rapidamente abandonou o isolamento social<br />

no qual possivelmente estavam vivendo. Na verda<strong>de</strong>, acreditamos que, por <strong>de</strong> trás <strong>de</strong>ssa<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> fé, esses estrangeiros carregavam também um outro <strong>de</strong>sejo. Queriam ter um lugar<br />

que fosse comum a todos, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem inserir-se socialmente, e que lhes possibilitassem<br />

um sentimento <strong>de</strong> pertencimento.<br />

Nessa mesma direção, po<strong>de</strong>mos apresentar aqui outro acontecimento comum para<br />

as colônias que investigamos, também inserido no campo da religiosida<strong>de</strong>, mas que acentua<br />

a busca por um lugar <strong>de</strong> convívio social. O fato é que em mais <strong>de</strong> uma das colônias que<br />

investigamos os <strong>imigrante</strong>s uniram suas forças para obter um terreno que fosse <strong>de</strong>stinado<br />

unicamente para a construção <strong>de</strong> uma capela. Além <strong>de</strong> pagarem pelo seus lotes particulares<br />

eles juntavam as economias <strong>de</strong> todos os colonos no intuito <strong>de</strong> quitar um terreno que<br />

pertence a todos da comunida<strong>de</strong>. Isso ocorreu, por exemplo, nos núcleos Presi<strong>de</strong>nte Faria e<br />

Eufrazio Correia. Sobre o primeiro, os registros contidos no livro “Cadastro da Colônia<br />

Presi<strong>de</strong>nte Faria” conservado pelo Arquivo Público do Estado do Paraná, trazem a seguinte<br />

informação ao se referir sobre os proprietários dos lotes <strong>de</strong>ssa colônia:<br />

“ ... Lote nº 49 - Annibale Ferrarini. Quitado: 15/09/1893.<br />

Lote nº50 <strong>–</strong> João Vicentin. Quitado: 24/04/1895.<br />

Lote nº 51 - Igreja da Colônia Presi<strong>de</strong>nte Faria. Quitado: 14/11/1899 ...” 45<br />

44 SANTIN, Silvino. Integração sócio-cultural do <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong> no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. In: DE BONI,<br />

Luis Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre: Fondazione Giovanni Agnelli, 1996.<br />

p. 599.<br />

45 Cadastro do Núcleo Presi<strong>de</strong>nte Faria. Livro nº 10, 1886. Arquivo Público do Estado do Paraná.<br />

22


MAPA 3 <strong>–</strong> COLÔNIA PRESIDENTE FARIA (1886) 46<br />

46 Planta da Colônia Presi<strong>de</strong>nte Faria. Redução do original na Escala 1:10.000. Instituto <strong>de</strong> Terras e<br />

Cartografia <strong>de</strong> Curitiba.<br />

23


O mesmo ocorre para o núcleo Eufrazio Correa que teve seu lote número 20<br />

separado para a construção da igreja e do cemitério, como nos informa o livro <strong>de</strong> cadastro<br />

da respectiva colônia no momento em que trata dos nomes dos proprietários dos seus lotes:<br />

“... Lote nº 20 <strong>–</strong> Este lote é do patrimônio da Igreja e do Cemitério<br />

com área <strong>de</strong> 135.655 m 2 , ... 47<br />

MAPA 4 <strong>–</strong> COLÔNIA EUFRAZIO CORREIA (<strong>1888</strong>) 48<br />

47 Cadastro do Núcleo Eufrazio Correa. Livro nº 15, <strong>1888</strong>. Arquivo Público do Estado do Paraná.<br />

48 Planta da Colônia Eufrasio Correia. Redução do original na 1:10.000. Instituto <strong>de</strong> Terras e Cartografia <strong>de</strong><br />

Curitiba.<br />

24


Porém essa questão não era resolvida simplesmente com a construção <strong>de</strong> uma<br />

capela, pois outros fatores impediam que as necessida<strong>de</strong>s religiosas <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s<br />

fossem supridas <strong>de</strong> imediato. Entre estes, os mais importantes eram a distância dos núcleos<br />

coloniais e a falta <strong>de</strong> sacerdotes para realizar as celebrações. Diante <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> os<br />

<strong>imigrante</strong>s da região que <strong>de</strong>sejassem cumprir com os seus preceitos religiosos precisavam<br />

<strong>de</strong>slocar-se até o perímetro urbano <strong>de</strong> Curitiba. Foi na Paróquia Nossa Senhora da Luz que<br />

os <strong>italiano</strong>s instalados nos núcleos que investigamos celebraram seus primeiros atos<br />

religiosos indispensáveis, como batizados, casamentos e óbitos.<br />

Outra forma <strong>de</strong> solucionar o problema da falta <strong>de</strong> assistência religiosa foi<br />

apresentada somente em 1885. A partir <strong>de</strong>ste ano os colonos passaram a receber visitas<br />

esporádicas <strong>de</strong> missionários <strong>italiano</strong>s que os confortavam espiritualmente. Em 1886, o<br />

missionário apostólico Pe. Pietro Cobalcchini recebeu a autorização do Bispo Diocesano<br />

Dom Lino Deodato Rodrigues <strong>de</strong> Carvalho para batizar e casar os colonos <strong>italiano</strong>s do<br />

Paraná. 49<br />

Porém, esse trabalho itinerante dos missionários não solucionou a carência religiosa<br />

dos colonos <strong>italiano</strong>s que almejavam ter o seu próprio pároco. Na tentativa <strong>de</strong> solucionar o<br />

problema, no ano <strong>de</strong> 1887 o Pe. Pietro Colbacchini dirigiu-se às autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas<br />

solicitando medidas para regularizar o atendimento religioso nessas colônias. Em 5 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro do mesmo ano o Bispo <strong>de</strong> São Paulo transferiu a responsabilida<strong>de</strong> ao Vigário<br />

Geral Forense <strong>de</strong> Curitiba, para que este, conhecendo melhor as circunstâncias locais,<br />

encontrasse a melhor solução para o problema. 50 O resultado foi a criação <strong>de</strong> uma<br />

Capelania Curada Italiana, inaugurada pelo <strong>de</strong>creto episcopal <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> <strong>1888</strong>.<br />

Este <strong>de</strong>creto estabelecia em seu primeiro artigo que essa capelania seria constituída pelos<br />

seguintes indivíduos:<br />

“catholicos imigrados da Itália e seus filhos domiciliados nos exnúcleos<br />

coloniais ora emancipados que são os seguintes: Dantas ou<br />

Água Ver<strong>de</strong>, Santa Felicida<strong>de</strong>, Campo Comprido, e Alfredo Chaves<br />

da Parochia <strong>de</strong> Nossa Senhora da Luz <strong>de</strong> Corityba; Antônio<br />

Rebouças ou Timbutuva e Jugica Men<strong>de</strong>s da Parochia <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Pieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Largo; Santa Maria do Novo Tyrol,<br />

49 BALHANA, Altiva P. Arquivo da Paróquia <strong>de</strong> Santa Felicida<strong>de</strong>. In: WESTPHALEN, Cecília Maria (Org.).<br />

Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; v. I. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.298.<br />

50 BALHANA, Altiva P. Religião e Imigração no Brasil Meridional. In: WESTPHALEN, Cecília Maria<br />

(Org.). Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; v. III. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.299.<br />

25


Murici e Zacarias da Parochia do Patrocínio <strong>de</strong> São José dos<br />

Pinhaes da comarca eclesiástica <strong>de</strong> Corityba da Província do<br />

Paraná, <strong>de</strong>ste Bispado, que <strong>de</strong> sua muito livre e espontânea<br />

vonta<strong>de</strong>, se quiserem inscrever como aplicados ou jurisdicionados<br />

nesta Cappelania.” 51<br />

Também ficou <strong>de</strong>terminado por esse <strong>de</strong>creto que a se<strong>de</strong> da Capelania ficaria<br />

localizada na Colônia Dantas (atual bairro Água Ver<strong>de</strong> em Curitiba) e que seu primeiro<br />

Capelão seria o Padre Pietro Cobalcchini. Porém, em 1889 o referido cura fixou residência<br />

na Colônia Santa Felicida<strong>de</strong>, transferindo para lá a se<strong>de</strong> da Capelania Italiana. Portanto, a<br />

partir <strong>de</strong> <strong>1888</strong> os <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s das colônias instaladas ao redor <strong>de</strong> Curitiba passaram<br />

a receber assistência religiosa permanente. A partir <strong>de</strong>sta data os registros <strong>de</strong> batizados e <strong>de</strong><br />

casamentos foram <strong>de</strong>positados nos livros <strong>de</strong>ssa capelania.<br />

Po<strong>de</strong>mos afirmar que esse foi um passo muito importante para a construção da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong>sses colonos, na medida que agora possuíam um lí<strong>de</strong>r espiritual, e<br />

mais que isso, um <strong>imigrante</strong> como eles. Padre Pietro Colbacchini era vêneto, como a<br />

maioria <strong>de</strong> seus paroquianos, portanto portador das mesmas tradições culturais e podia<br />

comunicar-se com eles no seu dialeto próprio. 52<br />

Este sacerdote permaneceu à frente da capelania até o ano <strong>de</strong> 1894, ano em que<br />

regressou a Itália. Deste ano até o seguinte a assistência religiosa aos colonos <strong>italiano</strong>s<br />

ficou por conta do Pe. Francesco Bonato. Em 1895 chegaram mais dois missionários<br />

<strong>italiano</strong>s, os padres Faustino Consoni e Franscesco Bresciani, o que possibilitou uma<br />

reorganização da capelania. Isso foi feito pelo <strong>de</strong>creto do Bispo <strong>de</strong> Curitiba, Dom José <strong>de</strong><br />

Camargo Barros, na data <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1895. 53<br />

Por meio <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>creto houve o <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong> cinco colônias da Capelania<br />

Italiana, Alfredo Chaves, Presi<strong>de</strong>nte Faria, Maria José, Antonio Prado e Eufrasio Correia,<br />

todos situados perto ou <strong>de</strong>ntro da recém criada Vila <strong>de</strong> Colombo. Conforme as<br />

informações obtidas do documento apresentado a seguir, o <strong>de</strong>sligamento <strong>de</strong>ssas colônias<br />

está relacionado a criação do Curato <strong>de</strong> Colombo, em 28 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1895, data na qual o<br />

51 Cópia da Portaria <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> <strong>1888</strong>, referente à Capelania Italiana, transcrita no Livro 2 da<br />

Vigararia Geral Forense, p. 118. Curitiba, <strong>1888</strong>. Arquivo da Cúria Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba.<br />

52 BALHANA, Altiva P. Arquivo da Paróquia <strong>de</strong> Santa Felicida<strong>de</strong>. In: WESTPHALEN, Cecília Maria (Org.).<br />

Un Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; v. I. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p.299.<br />

53 Idid, p.302.<br />

26


Padre Francesco Bonato passou a residir na respectiva vila, ficando responsável pelos cinco<br />

núcleos <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s que por ali se localizavam.<br />

“Dom José <strong>de</strong> Camargo Barros, por mercê <strong>de</strong> Deus e da Santa Sé<br />

Apostólica, Bispo da Diocese <strong>de</strong> Curitiba...<br />

...Aten<strong>de</strong>ndo a necessida<strong>de</strong> urgente que há <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r-se com<br />

administração dos Sacramentos e socorros espirituais aos fiéis do<br />

Município Civil da Vila Colombo, até agora pertencentes à<br />

Capelania Curada Italiana, já ereto em freguesia civil, mas ainda<br />

sem os requisitos legais e canônicos para uma paróquia e tendo em<br />

vista o bem espiritual dos fiéis daquela parte do Bispado: Havemos<br />

por bem erigir ali, como <strong>de</strong> fato ereto fica, pelo presente ato oficial,<br />

um <strong>curato</strong>, com todos os privilégios e regalias <strong>de</strong> direito, tendo<br />

como limites os mesmos limites do Município, e este até que<br />

observadas as prescrições canônicas seja possível a elevação <strong>de</strong><br />

Curato a categoria <strong>de</strong> Paróquia. E para este fim damos Comissão<br />

ao Rev mo . Padre Francisco Bonato a fim <strong>de</strong> que possa instalar este<br />

novo Curato, fazer aquisição dos livros necessários, a saber, o<br />

livro <strong>de</strong> Tombo e os livros <strong>de</strong> assentos <strong>de</strong> Batismo, <strong>de</strong> Casamento e<br />

<strong>de</strong> Óbito, os quais po<strong>de</strong>rá abrir, numerar, rubricar e encerrar<br />

conforme o direito e uso na Diocese e administrar os Sacramentos,<br />

e no praso <strong>de</strong> trinta dias requerer-nos sua Provisão anual <strong>de</strong> Cura<br />

<strong>de</strong>ste novo Curato...” 54<br />

Dessa forma fica constituída a comunida<strong>de</strong> religiosa que preten<strong>de</strong>mos analisar,<br />

formada pelos <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong> cinco colônias <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s, sendo ainda uma <strong>de</strong>las mista,<br />

contendo <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong> origem polonesa, e também pelos luso-brasileiros que habitavam o<br />

lugar. Com a formação <strong>de</strong>ste novo <strong>curato</strong> os <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s <strong>de</strong>ssas cinco colônias<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> conviver somente com os elementos da mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica e são inseridos<br />

em uma comunida<strong>de</strong> que passaria a aten<strong>de</strong>r também os indivíduos <strong>de</strong> outras etnias,<br />

incluindo os luso-brasileiros. É neste contexto que percebemos todo o processo <strong>de</strong> criação<br />

do <strong>grupo</strong> homogêneo que estamos investigando, na medida que inserido em uma<br />

comunida<strong>de</strong> formada por diferentes elementos étnicos, o <strong>grupo</strong> passaria agir para preservar<br />

a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural.<br />

Os fatos mostraram que em um primeiro momento os <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s<br />

encontraram-se abandonados, isolados socialmente, na medida que não possuíam<br />

assistência religiosa e não tinham um local para praticar sua religião e assim inserir-se na<br />

socieda<strong>de</strong>. Em um segundo momento, no intuito <strong>de</strong> saírem do isolamento social, foram<br />

54 Livro Tombo, número I, p.1. Acervo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.<br />

27


conduzidos a formar uma comunida<strong>de</strong> religiosa, com pessoas que possuíssem a mesma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural, buscando assim superar o abandono a que foram submetidos. Só<br />

mais tar<strong>de</strong> veio o terceiro passo, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração com os brasileiros e os<br />

<strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong> outras nacionalida<strong>de</strong>s.<br />

O que estamos investigando é o comportamento dos <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s nessa<br />

micro-socieda<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> suas práticas religiosas. Queremos perceber a especificida<strong>de</strong><br />

dos comportamentos <strong>de</strong>sses estrangeiros diante do contato cultural dos mesmos com a<br />

socieda<strong>de</strong> receptora e com os elementos <strong>de</strong> outra etnia <strong>imigrante</strong>. Acreditamos que a<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica é um modo particular <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, construída pela situação<br />

resultante dos contatos culturais; a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> expressa-se em um conjunto <strong>de</strong><br />

representações que um <strong>grupo</strong> social se faz <strong>de</strong>limitando suas fronteiras e marcando suas<br />

diferenças em relação aos outros <strong>grupo</strong>s com os quais está em contato. 55 Em outras<br />

palavras, o que queremos afirmar é que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica aparece no contraste das<br />

relações interétnicas, ou seja, trata-se da afirmação <strong>de</strong> um “nós” diante dos “outros”.<br />

O que nos permite dizer que o <strong>grupo</strong> estudado era homogêneo, além da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pertencerem a um mesmo contigente étnico, é exatamente o fato <strong>de</strong> que formaram uma<br />

mesma comunida<strong>de</strong> religiosa. A homogeneida<strong>de</strong> do <strong>grupo</strong> não foi estabelecida tão somente<br />

pelas fronteiras físicas da Vila <strong>de</strong> Colombo, ou seja, pelas colônias que se localizavam<br />

<strong>de</strong>ntro dos limites da dita vila. A união <strong>de</strong>sses colonos <strong>de</strong>ve-se muito mais a existência <strong>de</strong><br />

um <strong>curato</strong>, mas especificamente <strong>de</strong> um sacerdote, que portava os mesmos traços étnicos<br />

<strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s. Mas mais que isso, esse cura lhes oferecia uma unida<strong>de</strong> religiosa, on<strong>de</strong>,<br />

ao mesmo tempo, podiam preservar seus valores culturais e integrar-se a socieda<strong>de</strong><br />

receptora. Isso fica constatado ao lermos um trecho do relatório da visita pastoral <strong>de</strong> 1897<br />

feita pelo Bispo Diocesano Dom José <strong>de</strong> Camargo Barros, no qual refere-se a respeito das<br />

capelas que faziam parte do Curato:<br />

“...Dentro dos limites da Villa, alem da Egreja que esta servindo <strong>de</strong><br />

matriz, existem mais cinco capellas, em diversos pontos da<br />

povoação, todas provisionadas com a provisão quinquenal. A<br />

Capella <strong>de</strong> Nossa Senhora da Sau<strong>de</strong>, na Colonia Canguery, <strong>de</strong><br />

55 ORO, Ari Pedro. “Mi son talian”: Consi<strong>de</strong>rações sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. In: DE BONI, Luis Alberto (Org.). A presença italiana no Brasil. v. 3. Porto Alegre:<br />

Fondazione Giovanni Agnelli, 1996. p. 611 e 612.<br />

28


ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> tamanho regular, tem como proprieda<strong>de</strong> algum<br />

terreno; a Capella <strong>de</strong> São Sebastião, no bairro da Ressaca,<br />

assoalhada, mas ainda não forrada, é feita <strong>de</strong> tijolos; a Capella da<br />

Colonia Antonio Prado, que embora esteja collocada na villa <strong>de</strong><br />

Tamandaré e parochia <strong>de</strong> Corytiba por estar além do rio Atuba, é<br />

entretanto frequentada pelos colonos, que em gran<strong>de</strong> parte achamse<br />

aquem do rio; e no caminho para Bocayuva estão as Capellas do<br />

Espírito Santo e <strong>de</strong> São Pedro, esta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e aquella, <strong>de</strong><br />

pare<strong>de</strong> barroteada, ambas forradas e assoalhadas...” 56<br />

Este documento informa que o Curato <strong>de</strong> Colombo era constituído pelas seguintes<br />

igrejas: a capela que servia <strong>de</strong> matriz localizada na Colônia Alfredo Chaves, a capela da<br />

Colônia do Canguery <strong>–</strong> que correspondia aos núcleos Presi<strong>de</strong>nte Faria e Maria José <strong>–</strong>, a<br />

capela do bairro <strong>de</strong>nominado Ressaca, constituído por brasileiros, a capela da Colônia<br />

Antonio Prado, que se localizava na Vila <strong>de</strong> Tamandaré e duas capelas que ficavam no<br />

caminho para a localida<strong>de</strong> vizinha: a primeira, a capela do Espírito Santo, também formada<br />

por brasileiros e ainda <strong>de</strong>ntro dos limites da Vila <strong>de</strong> Colombo e a segunda, a capela São<br />

Pedro, porém pertencia a Colônia Eufrázio Correa, que já estava nos limites <strong>de</strong> Bocaiúva.<br />

MAPA 5 <strong>–</strong> COLÔNIA ANTÔNIO PRADO (1886) 57<br />

56 Livro Tombo, número I, p.25. Acervo da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.<br />

57 Planta da Colônia Antonio Prado. Redução do original na 1:10.000. Instituto <strong>de</strong> Terras e Cartografia <strong>de</strong><br />

Curitiba.<br />

29


O que chama atenção é o fato <strong>de</strong> que duas colônias, Antônio Prado e Eufrazio<br />

Correa, estavam fora do perímetro da Vila <strong>de</strong> Colombo, porém faziam parte da unida<strong>de</strong><br />

religiosa criada neste local. Isso com certeza <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que foi nesta unida<strong>de</strong><br />

religiosa que os colonos <strong>de</strong>sses núcleos encontraram elementos que os permitissem<br />

integrar-se à socieda<strong>de</strong> sem per<strong>de</strong>rem sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. Assim fica confirmado que foi<br />

esta comunida<strong>de</strong> religiosa, <strong>de</strong>nominada Curato <strong>de</strong> Colombo, que permitiu que esses<br />

<strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s construíssem uma cultura <strong>imigrante</strong> no momento em que se integravam<br />

à socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

2.2 A RECONSTITUIÇÃO DAS FAMÍLIAS DOS IMIGRANTES<br />

ITALIANOS DO CURATO DE COLOMBO<br />

Depois <strong>de</strong> explicada a maneira como se formou o <strong>grupo</strong> relativamente homogêneo<br />

que estamos investigando, cabe agora tratarmos das fontes e da metodologia que utilizamos<br />

para a obtenção <strong>de</strong> dados concretos sobre a preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong>sses<br />

colonos <strong>italiano</strong>s. Seguindo a nossa linha <strong>de</strong> raciocínio, a partir da qual acreditamos que a<br />

religião foi a principal forma encontrada por esses estrangeiros para integrar-se com a<br />

socieda<strong>de</strong> receptora sem abandonar os seus valores culturais, escolhemos como fontes os<br />

registros religiosos referentes a esses <strong>imigrante</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Consi<strong>de</strong>rando como<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte aquele indivíduo que tivesse pelo menos um <strong>de</strong> seus genitores com<br />

ascendência italiana, po<strong>de</strong>ndo ser ele filho ou neto <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>.<br />

Essa escolha metodológica consi<strong>de</strong>rou que a organização da vida religiosa da<br />

comunida<strong>de</strong> foi uma das primeiras preocupações dos colonos, <strong>de</strong> maneira que os registros<br />

das igrejas, geralmente mais cuidadosos, mais capazes <strong>de</strong> uma administração continuada e<br />

quase sempre apresentando fundos melhor conservados, encerram dados passíveis <strong>de</strong><br />

quantificação que possibilitam não apenas estatísticas <strong>de</strong> nascimentos, casamentos e<br />

mortes, mas, ainda, outras coleções <strong>de</strong> cifras que permitem indicações relacionadas à<br />

organização econômico-social da comunida<strong>de</strong>. 58<br />

58 BALHANA, Altiva P.; MACHADO, Brasil P. e WESTPHALEN, Cecília M. Alguns Aspectos Relativos<br />

aos Estudos <strong>de</strong> Imigração e Colonização. In: Colonização e Migração. São Paulo, 1969, p.377.<br />

30


Sendo assim, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> nossa pesquisa foram arrolados os<br />

registros paroquiais referentes a um período <strong>de</strong> vinte e dois anos, <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a <strong>1910.</strong> Esse<br />

recorte temporal foi <strong>de</strong>finido por uma série <strong>de</strong> fatores. Sobre o seu início, em <strong>1888</strong>,<br />

po<strong>de</strong>mos apresentar os seguintes motivos: este ano correspon<strong>de</strong> à data em que era<br />

inaugurada a última colônia italiana que viria fazer parte do <strong>grupo</strong> que investigamos; foi,<br />

também, a partir <strong>de</strong>ste ano que o <strong>grupo</strong> em questão passou a ter assistência religiosa<br />

permanente e, consequentemente, passou a pertencer <strong>de</strong> fato a uma instituição na nova<br />

socieda<strong>de</strong> ao qual estava inserido. Por outro lado, o ano <strong>de</strong> 1910 assinala aproximadamente<br />

um espaço <strong>de</strong> 22 anos, compreen<strong>de</strong>ndo a primeira geração dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses<br />

<strong>imigrante</strong>s. 59<br />

Com o intuito <strong>de</strong> perceber as possíveis mudanças no processo <strong>de</strong> integração do<br />

<strong>grupo</strong> na socieda<strong>de</strong>, o período estudado, <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a 1910, foi dividido em duas fases, sendo<br />

a primeira <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a 1899 e a segunda <strong>de</strong> 1900 a <strong>1910.</strong> Os primeiros onze anos<br />

correspon<strong>de</strong>m ao período <strong>de</strong> transição, no qual os <strong>imigrante</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes saíram do<br />

isolamento social, unindo-se a indivíduos com a mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica e em seguida a<br />

uma comunida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> começaram ter contato com uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> elementos étnicos. Os<br />

onze anos seguintes, <strong>de</strong> 1900 a 1910, referem-se ao período em que o <strong>grupo</strong> <strong>de</strong>ve-se<br />

integrar <strong>de</strong> uma forma mais consistente a socieda<strong>de</strong> receptora, ao mesmo tempo que<br />

constrói uma cultura <strong>imigrante</strong> para preservar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica.<br />

Depois <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>finido o recorte temporal fomos atrás das fontes que<br />

forneceriam os dados quantitativos referentes ao <strong>grupo</strong> e o período selecionado. Estas<br />

fontes encontram-se distribuídas em dois acervos: os registros referentes aos anos <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a<br />

1895 foram encontrados no arquivo da Paróquia São José, localizada no bairro <strong>de</strong> Santa<br />

Felicida<strong>de</strong> em Curitiba, on<strong>de</strong> na época ficava a se<strong>de</strong> da Capelania Italiana Curada. Nesse<br />

local foram arroladas as informações <strong>de</strong> dois livros: o livro número 1 <strong>de</strong> batismo, contendo<br />

os registros <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a 1892; e o livro número 1 <strong>de</strong> casamento, que registra as atas <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a<br />

1897.<br />

Por sua vez os registros referentes a 1895 até 1910 foram encontrados no arquivo da<br />

Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Colombo, on<strong>de</strong> no respectivo período ficava a<br />

capela da Colônia Alfredo Chaves, que servia <strong>de</strong> matriz para o Curato <strong>de</strong> Colombo. Nesse<br />

59 Estamos consi<strong>de</strong>rando aqui que uma geração consiste o espaço <strong>de</strong> vintes anos ou um pouco mais.<br />

31


acervo foram arroladas as informações <strong>de</strong> cinco livros: o livro número 1 <strong>de</strong> batismo,<br />

contendo registros dos anos <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a 1895, em boa parte cópia do livro 1 <strong>de</strong> Santa<br />

Felicida<strong>de</strong>, servindo portanto para pura conferência; o livro número 2 <strong>de</strong> batismo, contendo<br />

os assentos <strong>de</strong> 1895 a 1900; o livro 3 <strong>de</strong> batismo, referente aos registros <strong>de</strong> 1900 a 1908, o<br />

livro 4 <strong>de</strong> batismo, que traz os dados dos anos <strong>de</strong> 1908 a 1910; e, por fim, o livro número 1<br />

<strong>de</strong> casamento, contendo registros <strong>de</strong> 1895 até <strong>1910.</strong> 60<br />

Esses dados foram arrolados <strong>de</strong> forma exaustiva conforme as técnicas<br />

propostas por Louis Henry e traduzidas por Altiva Pilatti Balhana. 61 Assim foram arrolados<br />

um total <strong>de</strong> 1462 batismos e 259 casamentos. Unindo essas duas formas <strong>de</strong> documento<br />

conseguimos recuperar dados <strong>de</strong> até três gerações das famílias dos <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s que<br />

investigamos. Esse método <strong>de</strong> reconstituição <strong>de</strong> famílias, concebido inicialmente para<br />

análise <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong>, tornou-se hoje um instrumento precioso que propicia maior<br />

abrangência aos estudos <strong>de</strong> história social. 62 Assim obtivemos a reconstituição das famílias<br />

<strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s, ou seja, constituímos as genealogias <strong>de</strong> suas famílias. Tais genealogias,<br />

que constituem um dos instrumentos <strong>de</strong> análise quantitativa e comparativa da história<br />

social, possibilitam a comparação entre as gerações, mostrando a significação e os limites<br />

do papel da herança, bem como <strong>de</strong> fatores circunstanciais. 63<br />

Na tentativa explicar melhor a respeito do método que utilizamos,<br />

apresentaremos as informações concernentes a uma família e os respectivos dados<br />

encontrados sobre a mesma em cada um dos tipos <strong>de</strong> registros que arrolamos. Da ata <strong>de</strong><br />

casamento obtivemos: em 15 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1893, na capela <strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário <strong>de</strong><br />

Vila Colombo, Colônia Italiana <strong>de</strong> Alfredo Chaves, o padre Pietro Cobalcchini celebrou o<br />

casamento <strong>de</strong> Pedro Lazzarotto e Maria Bertolin. O noivo era nascido em Valstagna,<br />

diocese <strong>de</strong> Pádua na Itália, filho do casal <strong>imigrante</strong> João Baptista Lazzarotto e Pasqua<br />

Lazzarotto. A noiva, por sua vez, nascida em Marostica, diocese <strong>de</strong> Vicenza, Itália, filha <strong>de</strong><br />

Giacomo Bertolin e Ursula Ignazza, também <strong>imigrante</strong>s.<br />

60 Convém esclarecer que o livro número 1 foi dividido em 1 e 1b. Sendo o primeiro uma cópia dos registros<br />

do livro 1 <strong>de</strong> Santa Felicida<strong>de</strong>, servindo apenas para a confirmação dos dados. E o segundo, <strong>de</strong>nominado 1b,<br />

consiste nos dados <strong>de</strong> 1892<br />

61 BALHANA, Altiva Pilatti. Reconstituição <strong>de</strong> Famílias: instrumento <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>mográfica. In: Un<br />

Mazzolino <strong>de</strong> Fiori; Vol. III. Org. Cecília Maria Westphalen. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002, p. 60 a 65.<br />

62 ibid. p. 61.<br />

63 ibid., p.61.<br />

32


Já pelos registros <strong>de</strong> batismos foram fornecidas as seguintes informações:<br />

No dia 07 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1894, na capela <strong>de</strong> Nossa Senhora do Rosário, Colônia Alfredo<br />

Chaves da Vila Colombo, o padre Pietro Colbacchini batizou a João Baptista Lazzarotto,<br />

filho do casal Pedro Lazzarotto e Maria Bertolin, nascido no dia 22 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1894. Da<br />

mesma forma foram coletadas as informações sobre os outros oito filhos gerados pelo casal<br />

no período que vai até 1910: Pasqua (1896), Ursula (1898), Antonio Jacob (1899), José<br />

(1901), Philomena (1904), Angela Rosa (1906), Erminia (1908) e José (1910).<br />

Esse procedimento metodológico apoia-se no fato <strong>de</strong> que o casamento é o ponto <strong>de</strong><br />

partida para reconstituição <strong>de</strong> uma família. Porém, uma boa parte das famílias que esse<br />

recorte temporal nos permitiu a reconstituição, são classificadas como “E”, ou seja, tem a<br />

data <strong>de</strong> casamento <strong>de</strong>sconhecida. No nosso caso, isso <strong>de</strong>ve-se a duas realida<strong>de</strong>s, a primeira<br />

<strong>de</strong>las é que alguns casamentos foram realizados antes <strong>de</strong> <strong>1888</strong>, po<strong>de</strong>ndo ter acontecido<br />

ainda na Itália, e a segunda <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que alguns casamentos foram registrados nas<br />

paróquias próximas. Porém, a exemplo da genealogia que mostramos, a maioria das<br />

famílias foram classificada como “M”, ou seja, tiveram a data <strong>de</strong> casamento conhecida. 64<br />

Isso po<strong>de</strong> ser facilmente visualizado na tabela abaixo:<br />

TABELA 4 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong> CLASSIFICAÇÃO DOS CASAIS - <strong>1888</strong> - 1910<br />

Classificação<br />

dos<br />

Casais<br />

Número<br />

<strong>de</strong><br />

Casais<br />

Casamento<br />

Externo<br />

Famílias (E)<br />

178<br />

Casamento<br />

Conhecido<br />

Famílias (M)<br />

Mães<br />

Solteiras<br />

Total<br />

% 40,3 58,6 1,1 100<br />

Número <strong>de</strong><br />

Filhos<br />

Gerados<br />

649<br />

% 44,4 55,3 0,3 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Casamentos e Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

259<br />

808<br />

05<br />

05<br />

442<br />

1462<br />

Portanto, do total <strong>de</strong> 442 genealogias, 178 foram classificadas como famílias do tipo<br />

“E”, 259 como famílias do tipo “M”, e ainda 5 famílias foram constituídas <strong>de</strong> mães<br />

solteiras. Para as uniões <strong>de</strong> tipo “E” foram encontrados 649 <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, já para os casais<br />

64 ibid., p. 64.<br />

33


do tipo “M” encontramos 808 crianças, e por fim, 5 <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes provém <strong>de</strong> mães solteiras.<br />

A diferença <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> família para o outro se torna gritante, ao observarmos que as<br />

<strong>de</strong>scobertas que po<strong>de</strong>mos fazer mudam bruscamente <strong>de</strong> uma para outra.<br />

No caso das famílias “M”, po<strong>de</strong>mos reconstituir até três gerações da genealogia,<br />

graças ao registro <strong>de</strong> casamento que informa o nome dos pais dos cônjuges. Para as famílias<br />

“E” po<strong>de</strong>mos reconstituir apenas duas gerações, pois nos assentos <strong>de</strong> batismos não são<br />

informados os nomes dos avós. Já para os casos <strong>de</strong> mães solteiras, não é possível nem<br />

<strong>de</strong>scobrir duas gerações inteiras, na medida que o nome do pai não aparece no registro <strong>de</strong><br />

batismo. Porém, em todos esses casos, po<strong>de</strong>mos reconstituir a família “espiritual” dos<br />

batizados, ou seja, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir quem foram seus padrinhos. Dessa forma, a partir dos<br />

registros religiosos, existe a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seguir, ao longo do ciclo, as relações entre o<br />

indivíduo, sua família, seus parentes mais próximos longínquos e sua comunida<strong>de</strong>, por<br />

meio da escolha dos compadres e comadres. 65<br />

Assim, ao reconstituirmos as famílias <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s, po<strong>de</strong>mos perceber as<br />

relações existentes entre os membros do <strong>grupo</strong>, e também entre o <strong>grupo</strong> e a socieda<strong>de</strong><br />

receptora. Em outras palavras, os registros religiosos usados para reconstituir as famílias <strong>de</strong><br />

<strong>imigrante</strong>s mostram as relações <strong>de</strong>sses estrangeiros com a comunida<strong>de</strong>, o comportamento<br />

<strong>de</strong>sses frente aos elementos portadores da mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e frente aos elementos <strong>de</strong><br />

outra i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica.<br />

65 ibid., p. 65.<br />

34


CAPÍTULO 3<br />

AS PRÁTICAS RELIGIOSAS E FAMILIARES<br />

E A<br />

PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL<br />

3.1 O MATRIMÔNIO<br />

Tendo a religião ocupado um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na vida <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s e<br />

seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, nos <strong>de</strong>bruçaremos sobre as suas práticas <strong>de</strong> fé afim <strong>de</strong> encontrar nelas as<br />

ações <strong>de</strong> autopreservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica do <strong>grupo</strong>. Como já afirmamos, as práticas<br />

religiosas <strong>de</strong>sses colonos trazem informações preciosas sobre a construção <strong>de</strong> sua cultura<br />

<strong>imigrante</strong>, sobre a afirmação <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural e, ainda, sobre a integração<br />

<strong>de</strong>sses estrangeiros e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes com a socieda<strong>de</strong> receptora.<br />

Essas práticas religiosas são na verda<strong>de</strong> “ritos <strong>de</strong> passagem”, ou seja, um conjunto<br />

<strong>de</strong> cerimônias <strong>de</strong> transição que acompanham o ciclo do homem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu nascimento até<br />

sua morte. Estas formas rituais <strong>de</strong> passagem foram introduzidas na liturgia cristã e foram<br />

preservadas sobretudo entre as populações rurais. 66<br />

Em um primeiro momento queremos perceber como o sacramento do matrimônio<br />

serviu para que esse contingente <strong>de</strong> camponeses <strong>italiano</strong>s preservasse sua cultura. Estamos<br />

consi<strong>de</strong>rando que os casamentos eram momentos importantes para a comunida<strong>de</strong> étnica,<br />

pois esse acontecimento unia duas famílias diversas por laços <strong>de</strong> parentesco. Porém, antes<br />

<strong>de</strong> apresentarmos os dados quantitativos relacionados aos registros <strong>de</strong> casamentos do <strong>grupo</strong>,<br />

convém que analisemos como é que se dava a escolha dos cônjuges nessa socieda<strong>de</strong> que<br />

tinha uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> elementos étnicos.<br />

Os contatos interétnicos entre os indivíduos que formavam essa socieda<strong>de</strong> se davam<br />

principalmente, nos finais semana e sobretudo na igreja. 67 Isso permite que imaginemos que<br />

a escolha dos cônjuges acontecia por ocasião das missas da comunida<strong>de</strong>. Nessas ocasiões<br />

66<br />

BALHANA, Altiva P. Santa Felicida<strong>de</strong>: um processo <strong>de</strong> assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA<br />

LTDA, 1958, 171.<br />

67<br />

ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:<br />

Editora Nova Didática, p. 45.<br />

35


todas as famílias da colônia se faziam presentes e, consequentemente, as moças e os<br />

rapazes se conheciam e podiam iniciar um namoro. Também as festas religiosas, as<br />

procissões e, ainda os gran<strong>de</strong>s trabalhos agrícolas que reuniam gente moça pertencente as<br />

famílias diversas, propiciavam ocasiões favoráveis ao começo <strong>de</strong> um romance. 68<br />

Nessa direção po<strong>de</strong>mos afirmar mais uma vez que a prática religiosa <strong>de</strong>sses<br />

<strong>imigrante</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes não era tão somente uma prática <strong>de</strong> fé, mas também uma<br />

prática social que servia para a integração dos estrangeiros na nova socieda<strong>de</strong>. Nesse<br />

sentido, como já dissemos no capítulo anterior, dividimos o período <strong>de</strong> <strong>1888</strong> a 1910 em<br />

duas fases, afim <strong>de</strong> perceber as mudanças no processo <strong>de</strong> preservação e integração.<br />

A primeira fase engloba os anos em que a forma <strong>de</strong> convívio social do <strong>grupo</strong> passa<br />

por uma transição, pois <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> conviver somente com indivíduos da mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

étnica e passam a se relacionar com elementos <strong>de</strong> outras etnias, sobretudo a brasileira. Para<br />

essa fase, que vai <strong>de</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong>1899, encontramos 98 registros <strong>de</strong> matrimônio. Com os dados<br />

<strong>de</strong>sses assentos matrimoniais construímos a tabela abaixo:<br />

Origem dos<br />

Cônjuges<br />

Italiano<br />

Brasileiro<br />

Outro<br />

TABELA 05 - CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

CASAMENTOS <strong>1888</strong> <strong>–</strong>1899 / ORIGEM DOS CÔNJUGES<br />

Italiana Brasileira Outra Total<br />

n.a % n.a % n.a % n.a %<br />

n.a 87 05 05 97<br />

% 89 5 5 99<br />

n.a 01 - - 01<br />

% 1 - - 1<br />

n.a - - - -<br />

% - - - -<br />

n.a 88 05 05 98<br />

Total<br />

% 90 5 5 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

n.a.= números absolutos.<br />

Como po<strong>de</strong>mos perceber, nessa primeira fase 89% dos casamentos<br />

apresentam ambos os cônjuges <strong>de</strong> origem italiana, 5% são uniões <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s e brasileiras,<br />

68 BALHANA, Altiva P. Santa Felicida<strong>de</strong>: um processo <strong>de</strong> assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA<br />

LTDA, 1958, p. 193.<br />

36


e outros 5% são casais formados por <strong>italiano</strong>s e mulheres <strong>de</strong> outras etnias <strong>imigrante</strong>s; por<br />

fim, apenas 1%, o equivalente a um casal, apresenta a união entre brasileiro e italiana. 69<br />

A segunda fase correspon<strong>de</strong> aos anos em que o <strong>grupo</strong> integrou-se <strong>de</strong> forma mais<br />

consistente a socieda<strong>de</strong> receptora, ao mesmo tempo que construiu uma cultura <strong>imigrante</strong><br />

para preservar seus valores étnicos. Para essa segunda fase encontramos 161 registros<br />

matrimoniais que por sua vez tornaram possível a construção da seguinte tabela:<br />

TABELA 06 - CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

CASAMENTOS 1900 <strong>–</strong>1910 / ORIGEM DOS CÔNJUGES<br />

Origem dos Italiana Brasileira Outra Total<br />

Cônjuges n.a % n.a % n.a % n.a %<br />

n.a 125 25 03 153<br />

Italiano % 78 15 2 95<br />

n.a 06 - - 06<br />

Brasileiro % 4 - - 4<br />

n.a 02 - - 02<br />

Outro % 1 - - 1<br />

n.a 133 25 3 161<br />

Total % 83 15 2 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

n.a.= números absolutos.<br />

Ao observarmos os números <strong>de</strong>ssa segunda fase po<strong>de</strong>mos perceber uma série <strong>de</strong><br />

pequenas mudanças: o casamento entre <strong>italiano</strong>s e italianas cai para 78%; em contrapartida<br />

as uniões <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s com brasileiras aumenta para 15%, aumentando também o número <strong>de</strong><br />

casamentos entre brasileiros e italianas, chegando a 4%; o casamento entre <strong>italiano</strong>s e<br />

mulheres <strong>de</strong> outras etnias estrangeiras cai para 2%; porém nessa fase encontramos também<br />

uniões entre homens <strong>de</strong> outra origem <strong>imigrante</strong> e italianas, representando 1%.<br />

Em ambas as fases a maior parte dos casamentos foi realizado na forma<br />

endogâmica, fato esse relacionado à escolha do cônjuge. A maioria dos <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s<br />

e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes preferiu escolher como companheiro um indivíduo que portasse as<br />

mesmas características étnicas que a sua. Isso se verifica principalmente para a primeira<br />

fase, porque nesses anos casaram os jovens que nasceram na Itália e que vieram para o<br />

69 Ao classificar os cônjuges como <strong>italiano</strong> ou italiana estamos incluindo os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ssa origem étnica.<br />

37


Brasil ainda crianças, ou seja, eram <strong>italiano</strong>s <strong>de</strong> fato que estavam casando-se e preferiam<br />

um cônjuge que também tivesse essa origem étnica.<br />

Já na segunda fase quem estava casando eram ítalo-brasileiros, ou seja, jovens que<br />

já haviam nascido no Brasil. Nesse momento o número <strong>de</strong> casamentos endogâmicos<br />

diminui, apesar <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> união continuar apresentando a maior percentagem. De<br />

qualquer forma, nesse segundo período notamos o aumento <strong>de</strong> casamentos interétnicos,<br />

sobretudo entre <strong>italiano</strong>s e brasileiros; esse fato confirma que nessa fase o <strong>grupo</strong> étnico<br />

iniciou uma maior integração com a socieda<strong>de</strong> receptora.<br />

Porém essa integração ainda estava no início e o que predominava era a preservação<br />

da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica do <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong>. Isso po<strong>de</strong> ser observado na tabela construída para<br />

o período como um todo, <strong>1888</strong> a 1910:<br />

Origem dos<br />

TABELA 7 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

CASAMENTOS <strong>1888</strong> - 1910 <strong>–</strong> ORIGEM DOS CÔNJUGES<br />

Italiana Brasileira Outra Total<br />

Cônjuges n.a % n.a % n.a % n.a %<br />

n.a 212 30 08 250<br />

Italiano % 82 11 3 96<br />

n.a 07 - - 07<br />

Brasileiro % 3 - - 3<br />

n.a 02 - - 02<br />

Outro % 1 - - 1<br />

n.a 221 30 08 259<br />

Total % 86 11 3 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> casamentos<br />

n.a.= números absolutos.<br />

Em suma, os dados referentes ao período total <strong>de</strong>monstram que o <strong>grupo</strong> preservou<br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica por meio do matrimônio. Para esses 22 anos foram encontrados um<br />

total <strong>de</strong> 259 assentos <strong>de</strong> casamento distribuídos da seguinte maneira: 82% foram uniões <strong>de</strong><br />

caráter endogâmico em que os cônjuges eram <strong>de</strong> origem italiana, 11% foram casamentos<br />

entre <strong>italiano</strong>s e brasileiras, 3% entre <strong>italiano</strong>s e mulheres <strong>de</strong> outra etnia <strong>imigrante</strong>, e 3%<br />

entre brasileiros e italianas. Apenas 1%, o correspon<strong>de</strong>nte a duas uniões, entre homens <strong>de</strong><br />

outra etnia estrangeira e italianas.<br />

38


Esses dados nos revelam que afim <strong>de</strong> consolidar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> o <strong>grupo</strong> manteve um<br />

comportamento endogâmico, observado principalmente na escolha do cônjuge. Essa<br />

manutenção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica <strong>de</strong>ve-se ao crescimento vegetativo do próprio <strong>grupo</strong>.<br />

Porém, foram encontrados alguns casos em que um dos cônjuges provinha <strong>de</strong> uma colônia<br />

italiana vizinha que não pertencia ao <strong>grupo</strong> homogêneo, mas que portava as características<br />

étnicas. Outro dado interessante é que encontramos alguns casos <strong>de</strong> casamentos<br />

consangüíneos, que talvez se efetuaram na tentativa <strong>de</strong> preservar as características étnicas<br />

familiar. Como exemplo po<strong>de</strong>mos citar o registro <strong>de</strong> Angelo Cavalli e Anna Cavalli, nessa<br />

ata <strong>de</strong> casamento encontramos registrada a dispensa <strong>de</strong> consangüinida<strong>de</strong> por 2º grau.<br />

Por outro lado, os dados nos permitiram perceber o começo do processo <strong>de</strong><br />

integração do <strong>grupo</strong> a socieda<strong>de</strong> receptora. Isso é observado nas 37 uniões, correspon<strong>de</strong>ntes<br />

a 14%, em que elementos <strong>de</strong> origem italiana se misturaram a indivíduos brasileiros.<br />

Sobretudo, os homens <strong>de</strong> origem italiana uniram-se a mulheres brasileiras. Esse tipo <strong>de</strong><br />

casamento era mais cogitado do que os entre <strong>italiano</strong>s e elementos <strong>de</strong> outra etnia <strong>imigrante</strong>;<br />

no entanto, representou apenas 4% do total, correspon<strong>de</strong>ndo a 10 uniões conjugais. Isso se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que nessa comunida<strong>de</strong> predominavam os indivíduos <strong>italiano</strong>s e brasileiros.<br />

Porém, os casamentos com os elementos <strong>de</strong> outras etnias <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong>monstram a<br />

diversida<strong>de</strong> étnica da região, na medida que encontramos <strong>italiano</strong>s e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes casados<br />

com indivíduos <strong>de</strong> ascendência alemã, inglesa, austríaca, prussiana, e também polonesa,<br />

pois uma das colônias que estudamos, o núcleo Antonio Prado, foi constituído por<br />

<strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s e poloneses.<br />

3.2 O COMPADRIO<br />

Outra prática religiosa que po<strong>de</strong> nos informar sobre o processo <strong>de</strong> preservação da<br />

cultura <strong>imigrante</strong> <strong>de</strong>sses <strong>italiano</strong>s e sobre a integração dos mesmos a socieda<strong>de</strong> receptora é<br />

o compadrio. Estamos consi<strong>de</strong>rando que o compadrio também é um tipo <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong><br />

parentesco, na medida que o padrinho e a madrinha ficam ligados espiritualmente a família.<br />

Muitas vezes na falta dos pais, ou <strong>de</strong> um parente <strong>de</strong> sangue, são os padrinhos que acabam<br />

zelando pela vida da criança.<br />

39


Além <strong>de</strong> uma prática religiosa o apadrinhamento serve como um “mecanismo” ou<br />

uma “ferramenta” para alargar ou intensificar relações sociais. 70 Nesse sentido po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar que o compadrio serviu tanto para que o <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

afirmasse sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica, como também para que o <strong>grupo</strong> estabelecesse relações com<br />

a socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

Da mesma forma que fizemos para o casamento, apresentaremos os dados das duas<br />

fases do período que analisamos, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber as mudanças ocorridas na<br />

escolha dos padrinhos para as crianças <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s. Para a primeira fase <strong>–</strong><br />

aquela que compreen<strong>de</strong> os primeiros anos em que os <strong>imigrante</strong>s <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> conviver<br />

unicamente com indivíduos <strong>de</strong> mesma etnia e começam a se relacionar com a nova<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>–</strong>, foram encontrados 540 registros <strong>de</strong> batismos. Esses documentos nos<br />

possibilitaram a construção da seguinte tabela:<br />

TABELA 8 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> <strong>1888</strong> -1899<br />

Madrinhas Origem<br />

Italiana<br />

Origem<br />

Brasileira<br />

Outra<br />

Etnia<br />

Total<br />

Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %<br />

Origem<br />

n.a. 450 13 03 466<br />

Italiana % 83 2 1 86<br />

Origem<br />

n.a. 18 56 - 74<br />

Brasileira % 3 11 - 14<br />

Outra<br />

n.a. - - - -<br />

Origem % - - - -<br />

Total n.a. 468 69 03 540<br />

% 86 13 1 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

n.a.= número absoluto.<br />

Nessa primeira fase os padrinhos dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s eram constituídos da<br />

seguinte maneira: 83% das crianças tinham ambos padrinhos <strong>de</strong> origem italiana; 11%<br />

tinham ambos padrinhos <strong>de</strong> origem brasileira; 3% tinham padrinhos brasileiros e madrinhas<br />

<strong>de</strong> origem italiana; 2% tinham padrinhos <strong>de</strong> origem italiana e madrinhas brasileiras; e<br />

70 LANA, Marcos P. D. A dívida divina: troca e patronagem no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro. Campinas, SP:<br />

Editora UNICAMP, 1995, p. 198.<br />

40


somente 1% das crianças, o que correspon<strong>de</strong> a 3 batismos, tiveram padrinhos <strong>de</strong> origem<br />

italiana e madrinhas <strong>de</strong> outra origem <strong>imigrante</strong>. 71<br />

Para a segunda fase, que correspon<strong>de</strong> aquela em que o <strong>grupo</strong> está se relacionando <strong>de</strong><br />

maneira mais consistente com a socieda<strong>de</strong> receptora, encontramos 922 assentos <strong>de</strong><br />

batismos, que por sua vez forneceram os dados expostos na tabela seguinte:<br />

TABELA 9 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ESCOLHA DOS PADRINHOS DE BATISMO EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> 1900-1910<br />

Madrinhas Origem Origem Outra Total<br />

Italiana Brasileira Etnia<br />

Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %<br />

Origem n.a. 743 33 3 779<br />

Italiana % 80,5 3 0,5 84<br />

Origem n.a. 37 99 - 136<br />

Brasileira % 4 11 - 15<br />

Outra n.a. 3 - 4 7<br />

Origem % 0,5 - 0,5 1<br />

Total n.a. 783 132 7 922<br />

% 85 14 1 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

n.a.= número absoluto.<br />

Nesse segundo momento observamos a seguinte constituição para os padrinhos dos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s: 80,5% das crianças tinham ambos os padrinhos <strong>de</strong><br />

origem italiana, 11% tinham ambos os padrinhos brasileiros, 4% tinham o padrinho<br />

brasileiro e a madrinha <strong>de</strong> origem italiana, 3% tinham padrinho <strong>de</strong> origem italiana e<br />

madrinha brasileira, 0,5% tinham ambos os padrinhos <strong>de</strong> outra origem <strong>imigrante</strong>, 0,5%<br />

tinham padrinho <strong>de</strong> outra origem estrangeira e madrinha <strong>de</strong> origem italiana. Por fim, 0,5%<br />

tinham padrinho <strong>de</strong> origem italiana e madrinha <strong>de</strong> outra origem <strong>imigrante</strong>.<br />

Entre as duas fases não encontramos transformações bruscas no padrão <strong>de</strong> escolha<br />

dos padrinhos. 72 Uma pequena mudança, pouco significativa, ocorre com a queda da<br />

percentagem <strong>de</strong> crianças com ambos os padrinhos <strong>de</strong> origem italiana, que cai <strong>de</strong> 83% para<br />

80,5%. Porém, essa forma <strong>de</strong> compadrio era a que predominava em todo o período (Tabela<br />

71<br />

Ao classificarmos os padrinhos como indivíduos <strong>de</strong> origem italiana estamos incluindo os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

<strong>italiano</strong>s.<br />

72<br />

Isso po<strong>de</strong> ser verificado ao comparamos as duas tabelas com a tabela A1 formada com os dados referentes<br />

ao período como um todo que se encontra na seção <strong>de</strong> anexos <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

41


A.1. em anexo) Os <strong>imigrante</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes escolhiam indivíduos portadores da<br />

mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural para serem seus compadres; em outras palavras, os colonos<br />

<strong>de</strong> origem italiana escolhiam elementos da mesma origem para apadrinharem seus filhos.<br />

Portanto, as famílias <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s mantiveram sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica<br />

também na hora <strong>de</strong> escolher os padrinhos dos seus filhos. Isso se dava por meio <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> reforçado por meio do parentesco espiritual. Muitas vezes<br />

encontramos um casal que homenageava outro, dando-lhe o filho para apadrinhar; em<br />

seguida, e reciprocamente, recebia o filho dos compadres para o apadrinhamento, o que<br />

servia para fortalecer os laços <strong>de</strong> vizinhança e <strong>de</strong> pertença ao <strong>grupo</strong> homogêneo. Também<br />

era comum oferecer as crianças para pessoas da própria família batizar, como avós e os<br />

tios, o que <strong>de</strong> modo igual reforçava o sentimento <strong>de</strong> pertença.<br />

Porém, muitas vezes o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aparentar-se espiritualmente com alguma pessoa<br />

ou família <strong>de</strong> prestígio prevalece sobre os laços do parentesco <strong>de</strong> sangue. 73 Isso po<strong>de</strong> ser<br />

observado no <strong>grupo</strong> investigado na medida que alguns casais aparecem como padrinhos <strong>de</strong><br />

um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> crianças. Entre os padrinhos <strong>italiano</strong>s, os casais mais cotados<br />

são: Venanzio Trevisan e Rosa Bertolin e também Alfeo Puppi e Apollonia Bontorin. Já<br />

entre os casais brasileiros mais requisitados po<strong>de</strong>mos citar José Leal Fontoura e Francisca<br />

Ceverina da Silva, assim como o Coronel João Gualberto Bithencourtt e Dona Ersilia<br />

Bithencourtt.<br />

Muitos ainda costumavam escolher o padrinho em uma família e a madrinha em<br />

outra, para assim aparentarem-se espiritualmente com duas famílias diferentes. É nesse<br />

contexto que se inserem muitos dos casais <strong>de</strong> padrinhos formados por um indivíduo <strong>de</strong><br />

origem italiana e por outro <strong>de</strong> origem diferente. Esse fato aponta para a integração do <strong>grupo</strong><br />

com as pessoas <strong>de</strong> outra origem étnica. Porém, a integração é melhor visualizada quando os<br />

pais da criança escolhem compadres brasileiros. Esse tipo <strong>de</strong> compadrio é observado em<br />

10,5% dos casos que encontramos, o que indica que uma parcela <strong>de</strong>sse <strong>grupo</strong> se integrou<br />

por laços <strong>de</strong> parentesco espiritual com a socieda<strong>de</strong> receptora.<br />

73 BALHANA, Altiva P. Santa Felicida<strong>de</strong>: um processo <strong>de</strong> assimilação. Curitiba: Tip. João Haupt & CIA<br />

LTDA, 1958, p. 176.<br />

42


3.3 A NOMEAÇÃO DOS ÍTALOS-BRASILEIROS<br />

Outra forma <strong>de</strong> preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural po<strong>de</strong> se verificar pela<br />

nomeação dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s. Como dissemos na introdução <strong>de</strong>sse trabalho o<br />

que se está propondo é que no momento do batismo <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes o <strong>imigrante</strong><br />

batizaria seu filho com um nome que <strong>de</strong>monstrasse que aquele indivíduo tem uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica. Estamos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a idéia <strong>de</strong> que, na perspectiva étnica, um nome po<strong>de</strong><br />

se constituir num sinal ou signo, um dos traços diacríticos que as pessoas procuram e<br />

exibem para <strong>de</strong>monstrar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. 74<br />

Consi<strong>de</strong>rando ainda que a preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica consiste na afirmação <strong>de</strong><br />

um “nós” diante dos “outros”, os <strong>imigrante</strong>s escolhiam para os seus filhos nomes que<br />

apresentassem a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural do <strong>grupo</strong>, para que <strong>de</strong>ssa forma esses <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

cultivassem um sentimento <strong>de</strong> pertença e ao mesmo tempo fossem vistos como diferentes<br />

pela socieda<strong>de</strong> receptora. Em outras palavras estamos apostando na idéia <strong>de</strong> que a<br />

nomeação dos filhos resulta <strong>de</strong> uma prática social largamente reconhecida, em que o nome<br />

é signo <strong>de</strong> reconhecimento e <strong>de</strong> pertencimento. 75<br />

Nessa direção, acreditamos que, ao optar por um nome <strong>de</strong> batismo, os pais <strong>de</strong> uma<br />

criança são ou estão influenciados por uma <strong>de</strong>terminada herança; ou seja, os nomes são<br />

emprestados <strong>de</strong> uma estoque cultural, e a maneira <strong>de</strong> grafá-los ou pronunciá-los referem-se<br />

a língua falada ou escrita. 76 Imaginamos que essa tenha sido uma realida<strong>de</strong> para os<br />

<strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s instalados nas colônias que estamos analisando, na medida que<br />

preservaram por muito tempo o uso do dialeto vêneto para se comunicar, principalmente no<br />

convívio familiar <strong>–</strong> ainda hoje, não é difícil encontrar netos e bisnetos <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s<br />

<strong>italiano</strong>s que, ao se encontrarem, comunicam-se no dialeto <strong>de</strong> seus avós.<br />

Sendo assim, nos propusemos a reconstruir o estoque cultural <strong>de</strong> nomes usados<br />

pelos <strong>imigrante</strong>s para batizar seus filhos. Para isso contamos os prenomes mais freqüentes<br />

74 BARTH, 1998: 194. Comment <strong>de</strong>s luthériens allemands sont-ils <strong>de</strong>venus <strong>de</strong>s brésiliens? (un essai<br />

methodologique). 14 e Entretiens du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.) [Texto em português<br />

publicado no Boletim <strong>de</strong> História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003, p. 04.<br />

75 GÉLIS. Apud: NADALIN & BIDEAU, op. cit., p. 04.<br />

76 NADALIN, Sérgio O. & BIDEAU, Alain. Como luteranos alemães tornaram-se brasileiros? 14 e Entretiens<br />

du Centre Jacques Cartier (Lyon, França, 2001.) [Texto em português publicado no Boletim <strong>de</strong><br />

História Demográfica. São Paulo, 10(29):01-39, 2003, p. 04.<br />

43


nos 1462 registros <strong>de</strong> batismos arrolados nesta pesquisa. Em um primeiro momento, afim<br />

<strong>de</strong> encontrarmos um estoque para os nomes femininos e outro para os nomes masculinos,<br />

separamos os registros pelo sexo das crianças. 77 Essa primeira tarefa resultou em uma<br />

tabela, que indica que no período investigado foram registrados os batismos <strong>de</strong> 765<br />

meninos e 697 meninas.<br />

TABELA 10 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

BATISMOS DE <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1910 / RAZÃO DE SEXOS<br />

Ano Meninos Meninas Total RS<br />

<strong>1888</strong> - 1899 282 258 540 109,3<br />

1900 - 1910 483 439 922 110<br />

<strong>1888</strong> - 1910 765 697 1462 109,7<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

Outro fato importante que convêm comentar é que foram encontrados nomes<br />

combinados para uma boa parte, mais ou menos 1/3, dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s,<br />

como po<strong>de</strong>mos ver na outra tabela colocada logo abaixo. 78 Dessa forma queremos <strong>de</strong>ixar<br />

claro que o número <strong>de</strong> prenomes contabilizados não correspon<strong>de</strong> ao número <strong>de</strong> registros.<br />

TABELA 11 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1899 -<br />

Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total<br />

<strong>1888</strong> -1899 389 151 540<br />

1900 <strong>–</strong> 1910 691 231 922<br />

<strong>1888</strong> - 1910 1080 382 1462<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

Superadas essas etapas <strong>de</strong>finimos que os nomes que possivelmente foram<br />

emprestados do estoque cultural seriam aqueles que se repetissem no mínimo cinco vezes,<br />

então pu<strong>de</strong>mos verificar que os nomes femininos e masculinos mais cogitados foram:<br />

77 Fizemos a separação para os vinte dois anos que analisamos, estes dados ano a ano estão em duas tabelas,<br />

A2 e A3, respectivamente, colocadas na seção <strong>de</strong> anexos <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

78 A contabilida<strong>de</strong> dos nomes simples e combinados foi feita ano por ano e seus resultados po<strong>de</strong>m ser<br />

visualizados nas tabelas A4 e A5, <strong>de</strong>positadas em anexo.<br />

44


TABELA 12 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

PARCELA DOS PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong><br />

E.C. Masculino Nº <strong>de</strong> Casos E.C. Feminino Nº <strong>de</strong> Casos<br />

1. João (Giovanni) 106 1. Maria 166<br />

2. Antonio 102 2. Angela 60<br />

3. Jose (Giuseppe) 79 3. Joanna (Giovanna) 48<br />

4. Pedro (Pietro) 72 4. Rosa 47<br />

5. Luis (Luigi) 49 5. Anna 34<br />

6. Angelo 40 6. Catharina (Catherina) 30<br />

7. Francisco (Francesco) 38 7. Luisa (Luigia) 22<br />

8. Domingos (Domenico) 27 8. Theresa (Theresia) 21<br />

9. Baptista 25 9. Lucia 19<br />

10. Jacó (Giacomo) 19 10. Antonia 18<br />

10 Prenomes<br />

Masculinos<br />

mais cogitados<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

557<br />

10 Prenomes<br />

Femininos<br />

Mais cogitados<br />

O que observamos é que um número muito pequeno <strong>de</strong> nomes engloba um número<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> crianças: os 10 prenomes masculinos mais cogitados foram encontrados em<br />

557 meninos e os 10 prenomes femininos que mais aparecem englobaram 465 meninas.<br />

Como afirmamos anteriormente, consi<strong>de</strong>ramos que os possíveis nomes emprestados<br />

do estoque cultural seriam aqueles que se repetissem no mínimo cinco vezes. Dessa forma<br />

construímos uma tabela com todos os nomes que possivelmente seriam <strong>de</strong>sse estoque. (ver<br />

tabela A.9.) 79 Essa tabela nos informa que para o caso masculino, dos 172 prenomes<br />

encontrados, 42 po<strong>de</strong>m ter sido emprestado do estoque cultural, na medida que englobaram<br />

728 meninos, enquanto que os outros 130 nomes referem-se a apenas 212 crianças. O<br />

mesmo acontece no caso feminino pois, dos 154 prenomes encontrados, 50 nomes estão<br />

presentes em 736 meninas, enquanto os outros 104 referem-se a somente 167 crianças.<br />

Devido a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vezes que esses nomes se repetem po<strong>de</strong>mos afirmar que<br />

foram emprestados <strong>de</strong> um estoque cultural para que o <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s<br />

batizassem seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Isso fica mais fácil <strong>de</strong> perceber se observarmos que tipo <strong>de</strong><br />

nomes eram esses. Uma boa parte <strong>de</strong>sses prenomes possuíam a sua versão em <strong>italiano</strong> e,<br />

por isso, eram atribuídos aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s. Certamente era pelo nome na<br />

versão italiana que os pais chamavam os seus filhos, já que comumente falavam o dialeto<br />

79 A tabela referente a todos os nomes que possivelmente foram emprestados do estoque cultural foi colocada<br />

no anexo <strong>de</strong>vido a sua extensão, correspon<strong>de</strong> a tabela A.9.<br />

465<br />

45


vêneto e não o português. Como exemplo po<strong>de</strong>mos citar os seguintes nomes: João era<br />

certamente chamado <strong>de</strong> Giovanni, Pedro <strong>de</strong> Pietro, Jacó <strong>de</strong> Giacomo, Jeronymo <strong>de</strong><br />

Girolamo, Catharina <strong>de</strong> Catherina, Luisa <strong>de</strong> Luigia, Dominga <strong>de</strong> Domenica, e assim por<br />

diante.<br />

Esses nomes também possibilitavam que os pais chamassem os filhos, e<br />

consequentemente a comunida<strong>de</strong> étnica conhecessem os seus indivíduos, por meio <strong>de</strong><br />

apelidos, por exemplo: João podia ser apelidado <strong>de</strong> Gioanin, Nin ou Nini; José <strong>de</strong> Beppi;<br />

Luis <strong>de</strong> Didio. Esses <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes continuarão a se sentir <strong>imigrante</strong>s enquanto Francisco se<br />

mantiver Francesco, Giuseppe continuar Beppi, e muitas vezes serem assim conhecidos,<br />

mesmo que preconceituosamente, pelos nativos da socieda<strong>de</strong>. Da mesma forma esses<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s continuarão a se sentir <strong>imigrante</strong>s enquanto continuarem falando<br />

em casa o idioma <strong>de</strong> seus pais e avós. 80<br />

Além <strong>de</strong> nomes possíveis <strong>de</strong> tradução outro conjunto <strong>de</strong> prenomes constituiu esses<br />

estoque cultural <strong>imigrante</strong>: referimo-nos aos nomes <strong>de</strong> santos. Esses prenomes eram<br />

atribuídos aos filhos <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong><br />

apresentada pelo <strong>grupo</strong>. Nada mais natural para uma comunida<strong>de</strong> que pautava sua vida pelo<br />

trabalho e pela religião. Assim compunha esse estoque uma série <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> santos e<br />

santas, entre os quais: Antonio, João Baptista, Agostinho, Sebastião, Vicente, Maria, Rosa,<br />

Anna, Magdalena, Cecilia etc.<br />

Todos esses nomes não eram escolhidos aleatoriamente, pois obe<strong>de</strong>ciam a uma<br />

série <strong>de</strong> influências, sobretudo <strong>de</strong> natureza familiar: com freqüência, o nome atribuído à<br />

criança era homenagem a um dos membros da família. Na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir quais eram<br />

essas influências, investigamos todos os nomes por meio das genealogias das famílias<br />

<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s. No âmbito familiar, as influências encontradas foram<br />

dos avós, tanto paternos como maternos; da mesma forma, foram <strong>de</strong>tectadas influências do<br />

pai e da mãe e da família “espiritual”, ou seja, do padrinho e da madrinha.<br />

Outras crianças ainda recebiam a influência religiosa, na medida que eram batizados<br />

com os nomes dos santos <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção dos pais, do santo do dia, ou próximo do dia, do<br />

batismo ou nascimento.<br />

80 ANDREAZZA, Maria L.; NADALIN, Sergio O. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba:<br />

Editora Nova Didática, p. 08.<br />

46


Em outros não percebemos influência, simplesmente observamos que eram nomes<br />

contidos no estoque cultural (E.C.). Finalmente, algumas crianças foram batizadas com<br />

outros nomes. Entre esses outros prenomes, estavam nomes brasileiros, adjetivos como<br />

Benvenuta (Benvinda) e Fortunato (Sortudo), assim como nomes referentes a lugares como<br />

America, Italia, Romano e Colombo.<br />

Nessa direção, construímos tabelas para dois tipos diferentes <strong>de</strong> famílias, para<br />

aquelas <strong>de</strong> tipo “M”, que nos possibilitaram saber o nome dos avós, e para aquelas do tipo<br />

“E”, sobre as quais só sabíamos o nome dos pais e dos filhos. Essas tabelas foram<br />

construídas separadamente para meninos e para meninas, assim como para a primeira e<br />

segunda fase do período investigado. Também foram construídas tabelas separadas para os<br />

prenomes combinados, na medida que esses eram formados por uma combinação <strong>de</strong><br />

influências. 81<br />

No caso dos meninos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes das famílias “M”, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da fase em que<br />

nasceram e como po<strong>de</strong>mos observar nas duas tabelas abaixo, houve uma maior influência<br />

por parte dos “nonos”, ou seja, dos avôs, sobretudo paternos. Em segundo lugar, esses<br />

meninos eram influenciados pelos padrinhos, em terceiro pela figura do pai e em quarto<br />

pelo religião, na medida que recebiam nomes <strong>de</strong> santo. 82<br />

- TABELA 13 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô 20 12 32 Santo * 1<br />

Avó <strong>–</strong> versão masculina. 1 0 1 Padrinho 3<br />

Pai 0 - 0 Madrinha <strong>–</strong> versão masculina. 0<br />

Mãe <strong>–</strong> versão masculina. - 0 - Estoque Cultural 14<br />

Outros 9<br />

Total 21 12 33 Total 27<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

81<br />

Foi possível montar uma tabela sobre os prenomes <strong>de</strong> forma combinada, esta encontrasse na seção <strong>de</strong> anexo<br />

<strong>de</strong>ste trabalho.<br />

82<br />

Para perceber a influência religiosa por meio dos nomes dos santos observamos se as datas <strong>de</strong> batismo ou<br />

nascimento correspondiam ao dia, ou estavam próximas ao dia, que a igreja <strong>de</strong>dica ao referido santo. Para isso<br />

tivemos a ajuda <strong>de</strong> manual intitulado Os santos <strong>de</strong> cada dia escrito por José Benedito Alves. SP: Paulinas,1990.<br />

47


TABELA 14 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> 1900-1910<br />

Origem Infl.<br />

paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô 52 49 101 Santo * 12<br />

Avó <strong>–</strong> versão masculina. 1 4 5 Padrinho 36<br />

Pai 14 - 14 Madrinha <strong>–</strong> versão masculina. 0<br />

Mãe - versão masculina. - 2 2 Estoque Cultural 56<br />

Outros 44<br />

Total 67 55 122 Total 148<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

No caso das meninas oriundas das famílias “M”, como vemos nas duas tabelas mais<br />

abaixo, percebemos uma maior influência por parte das “nonas”, das avós, sobretudo da<br />

avó paterna. A segunda maior influência era a da madrinha, a terceira era religiosa,<br />

sobretudo a influência <strong>de</strong> Nossa Senhora, e em quarto lugar essas meninas recebiam os<br />

nomes dos “nonos”, avôs, na versão feminina.<br />

TABELA 15 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

Subtotal Outras influências<br />

Avô <strong>–</strong> versão feminina. 4 0 4 Santo * 1<br />

Avó 14 13 27 Padrinho <strong>–</strong> versão feminina. 1<br />

Mãe - 1 1 Madrinha 3<br />

Pai <strong>–</strong> versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 18<br />

Outros 5<br />

Total 18 14 32 Total 28<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

TABELA 16 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> 1900-1910<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô - versão feminina. 1 2 3 Santo * 11<br />

Avó 58 31 89 Padrinho <strong>–</strong> versão feminina. 0<br />

Mãe - 3 3 Madrinha 19<br />

Pai - versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 59<br />

Outros 31<br />

Total 59 36 95 Total 120<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

48


Para os meninos das famílias do tipo “E” <strong>–</strong> e na medida que não temos informações<br />

a respeito dos nomes dos avós <strong>–</strong>, observamos que a maior influencia foi a do padrinho e<br />

logo <strong>de</strong>pois a religiosa, por meio dos nomes <strong>de</strong> santos. Em terceiro lugar ficou a influência<br />

do nome do pai, em quarto do nome da mãe na versão masculina, e por fim, em quinto<br />

lugar a influência do nome da madrinha na versão masculina.<br />

TABELA 17 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô - - - Santo * 21<br />

Avó - versão masculina. - - - Padrinho 19<br />

Pai 8 - 8 Madrinha <strong>–</strong> versão masculina. 0<br />

Mãe - versão masculina. - 3 3 Estoque Cultural 69<br />

Outros 29<br />

Total 8 3 11 Total 138<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

TABELA 18 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> 1900-1910<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô - - - Santo * 13<br />

Avó - versão masculina. - - - Padrinho 16<br />

Pai 6 - - Madrinha <strong>–</strong> versão masculina. 3<br />

Mãe - versão masculina. - 2 2 Estoque Cultural 48<br />

Outros 23<br />

Total 6 2 8 Total 103<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

Já para as meninas <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> famílias do tipo “E”, a influência que mais<br />

apareceu foi a da madrinha, seguida da influência religiosa verificada pelos prenomes <strong>de</strong><br />

santas, logo <strong>de</strong>pois ficou a influência do prenome da mãe, e ainda em quarto lugar pu<strong>de</strong>mos<br />

observar a influência do nome do pai na versão feminina.<br />

49


TABELA 19 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1899<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô - versão feminina. - - - Santo * 15<br />

Avó - - - Padrinho <strong>–</strong> versão feminina. 3<br />

Mãe - 7 7 Madrinha 16<br />

Pai - versão feminina. 3 - 3 Estoque Cultural 63<br />

Outros 17<br />

Total 3 7 10 Total 114<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

TABELA 20 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA SIMPLES. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> 1900-1910<br />

Origem Infl.<br />

Paterna<br />

Infl.<br />

materna<br />

subtotal Outras influências<br />

Avô - versão feminina. - - - Santo * 11<br />

Avó - - - Padrinho <strong>–</strong> versão feminina. 0<br />

Mãe - 1 1 Madrinha 11<br />

Pai - versão feminina. 0 - 0 Estoque Cultural 52<br />

Outros 15<br />

Total 0 1 1 Total 89<br />

* Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos e Registros <strong>de</strong> Casamentos.<br />

As observações para os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que possuem prenomes combinados<br />

caminham na mesma direção apresentada para as crianças <strong>de</strong> prenomes simples. Para os<br />

meninos e meninas que possuem prenome combinado e pertencem as famílias do tipo “M”,<br />

percebe-se que as maiores influências são as paternas e maternas, sobretudo dos “nonos” e<br />

“nonas”, sobressaindo a influência paterna. Para os meninos e meninas que possuem<br />

prenome combinado e são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes das famílias do tipo “E”, predomina a influência<br />

dos parentes “espirituais”, padrinhos e madrinhas, assim como a influência religiosa por<br />

meio da atribuição <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> santos e santas. 83<br />

A escolha dos nomes das crianças, como percebemos, respeitava sempre a tradição<br />

<strong>de</strong> que os filhos <strong>de</strong>viam portar os nomes dos avós, sobretudo o nome dos avós paternos.<br />

Sobre este fato po<strong>de</strong>mos citar um exemplo curioso encontrado na genealogia do casal João<br />

83 Devido ao tamanho, as tabelas sobre os prenomes combinados encontram-se no anexo, são elas as tabelas<br />

A.10 a A.17.<br />

50


Baptista Lovato e Joanna Carlesso. O primeiro filho do casal recebeu o nome do avô<br />

paterno, Giacomo Lovato. Porém o primogênito veio a falecer, então o segundo filho<br />

homem do casal voltou a ser batizado com o nome do avô paterno, mas da mesma forma<br />

essa criança acabou falecendo. Na continuida<strong>de</strong>, o terceiro filho homem do casal, mais uma<br />

vez, foi nomeado com o nome do avô paterno, Giacomo Lovato.<br />

Portanto, verificamos que a maior influência na escolha dos nomes dos<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes resultava da influência paterna, sobretudo dos avós. Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong><br />

que essas famílias eram estruturadas <strong>de</strong> maneira patriarcal, <strong>de</strong> forma que o pai era<br />

autorida<strong>de</strong> do núcleo familiar e todos <strong>de</strong>viam honrá-lo antes <strong>de</strong> qualquer outra pessoa.<br />

Sobre o fato <strong>de</strong> serem os avós que mais transferiam os seus nomes para os netos, po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar que se tratava <strong>de</strong> um vínculo entre as gerações, que <strong>de</strong>stacava os laços entre os<br />

“nonos” e seus netos, preservando assim a memória e a história da família, apesar da<br />

distância espacial que as vezes separava os seus membros. Também, <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong><br />

religiosida<strong>de</strong> apresentada por esse contigente <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes eram<br />

atribuídos aos filhos o nome dos padrinhos, assim como o nome <strong>de</strong> santos que eram<br />

venerados pelos pais.<br />

Dessa forma po<strong>de</strong>mos observar como a nomeação dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes serviu para a<br />

preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> etno-cultural do <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s que investigamos.<br />

Os nomes que os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes recebiam originavam-se ou da família, contando aqui a<br />

família “espiritual”, ou da religiosida<strong>de</strong> do <strong>grupo</strong>. Normalmente esses nomes possuíam sua<br />

versão em <strong>italiano</strong>, <strong>de</strong> modo que, <strong>de</strong>ssa maneira, o <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong> po<strong>de</strong>ria se<br />

sentir portador das mesmas características étnicas <strong>de</strong> seus pais e seus avós, preservando<br />

<strong>de</strong>ssa maneira seus a cultura <strong>imigrante</strong> do <strong>grupo</strong>.<br />

51


CONCLUSÃO<br />

Ao concluirmos essa pesquisa po<strong>de</strong>mos afirmar sem medo que o <strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>italiano</strong>s<br />

e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que formaram a freguesia do Curato <strong>de</strong> Colombo, construiu uma<br />

cultura <strong>imigrante</strong> <strong>de</strong> fato, pois conseguiu afirmar a sua homogeneida<strong>de</strong> frente à varieda<strong>de</strong><br />

étnica da socieda<strong>de</strong> em que fora inserido. As fontes permitiram a análise <strong>de</strong> um período<br />

<strong>de</strong>licado para o <strong>grupo</strong>, pois tratavam das primeiras relações sociais capazes <strong>de</strong> fazer com<br />

que esses estrangeiros e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes mantivessem contatos culturais permanentes<br />

com os indivíduos <strong>de</strong> outra origem étnica.<br />

Nessa direção, o que percebemos é que o <strong>grupo</strong> não se fechou por completo, mas<br />

agiu para preservar sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Isso ficou confirmado no momento em que<br />

visualizamos os dados quantitativos capturados nos assentos religiosos do <strong>grupo</strong><br />

investigado. Esses dados nos informaram que a maioria dos <strong>imigrante</strong>s e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

preferia estabelecer laços <strong>de</strong> convívio permanente, como o são o matrimônio e o<br />

compadrio, com indivíduos que portassem a mesma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> étnica que a sua. Tal atitu<strong>de</strong><br />

visava preservar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural do <strong>grupo</strong>.<br />

Ao analisarmos a primeira geração <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sses <strong>italiano</strong>s percebemos<br />

que os valores etno-culturais estavam fortemente presentes, <strong>de</strong> forma que essa geração<br />

pautou seu modo <strong>de</strong> viver do mesmo jeito que seus pais, mesmo antes <strong>de</strong> abandonarem a<br />

Itália. Estamos nos referindo aos valores da terra, da família e da religião. Foi em gran<strong>de</strong><br />

parte por meio das práticas religiosas que esse contingente étnico construiu sua cultura<br />

<strong>imigrante</strong> e afirmou suas características próprias. Isso foi observado sobretudo no<br />

matrimônio, na constituição <strong>de</strong> famílias homogêneas, em que o casal se estabelecia por<br />

meio <strong>de</strong> uniões endogâmicas.<br />

Isso po<strong>de</strong> ser verificado sobretudo para os primeiros doze anos <strong>de</strong> vida do <strong>grupo</strong><br />

homogêneo, fase <strong>de</strong> transição, na medida em que o local <strong>de</strong> convívio social <strong>de</strong>sses<br />

estrangeiros e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, constituído pela instituição religiosa, passou a ser o<br />

mesmo da socieda<strong>de</strong> receptora. Foi nesses primeiros anos que o <strong>grupo</strong> teve <strong>de</strong> encontrar<br />

formas para se relacionar com a socieda<strong>de</strong> brasileira sem abandonar os seus valores étnicos.<br />

Porém, como já afirmamos, o cenário da comunida<strong>de</strong> religiosa propiciava ao <strong>grupo</strong><br />

manter contatos culturais com os brasileiros e também com outras origens <strong>imigrante</strong>s. Isso<br />

52


fez com que uma pequena parcela iniciasse o processo <strong>de</strong> integração a socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

Esse fato se <strong>de</strong>u sobretudo no momento da escolha conjugal, na medida em que alguns<br />

<strong>italiano</strong>s ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes uniram-se a brasileiros, fato esse que <strong>de</strong>ve nos <strong>de</strong>ixar intrigados<br />

ao imaginar quais foram os motivos que levaram alguns indivíduos, mesmo sendo poucos,<br />

a não preservarem sua cultura étnica e irem logo se misturando a socieda<strong>de</strong> receptora.<br />

Talvez esse possa ser o problema <strong>de</strong> um próximo estudo tendo o <strong>grupo</strong> como objeto.<br />

Porém, o fato é que, via <strong>de</strong> regra, esse processo <strong>de</strong> integração se consolida <strong>de</strong> uma<br />

forma lenta, na medida que preten<strong>de</strong> evitar o fechamento do <strong>grupo</strong> e <strong>de</strong> outro lado não<br />

provocar uma abertura total. Esse diagnóstico, em um primeiro momento, po<strong>de</strong> parecer<br />

<strong>de</strong>sanimador, pois afirma que mudanças bruscas não são possíveis <strong>de</strong> serem encontradas<br />

em um gran<strong>de</strong> número. Ou seja, ao contrário, indica que as mudanças se dão <strong>de</strong> forma<br />

contínua e isso po<strong>de</strong> ser percebido nas gerações seguintes. Tais observações nos animam a<br />

se <strong>de</strong>bruçar sobre a segunda e terceira gerações <strong>de</strong>sses <strong>imigrante</strong>s, afim <strong>de</strong> perceber em que<br />

momento a maioria do <strong>grupo</strong> étnico irá se integrar <strong>de</strong> fato com a socieda<strong>de</strong> receptora, por<br />

meio <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong> valores.<br />

Por fim, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado as tentativas <strong>de</strong> imaginar futuros estudos para esse<br />

mesmo objeto, temos que dizer que este presente trabalho nos <strong>de</strong>ixou satisfeitos pelo fato<br />

<strong>de</strong> ter respondido a nossa problemática e, consequentemente, termos alcançado os nossos<br />

objetivos. Nessa direção, temos que concluir a presente pesquisa afirmando que <strong>de</strong> fato o<br />

<strong>grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>imigrante</strong>s <strong>italiano</strong>s preservou sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e que isso se <strong>de</strong>u por meio<br />

<strong>de</strong> práticas ligadas a sua religião. Dessa forma concluímos afirmando que o Curato <strong>de</strong><br />

Colombo foi uma instituição religiosa que propiciou a preservação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural<br />

para um <strong>grupo</strong> <strong>imigrante</strong> <strong>italiano</strong>.<br />

53


FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALVES, José Benedito. Os Santos <strong>de</strong> cada dia. São Paulo: Paulinas, 1990.<br />

ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sergio Odilon. O cenário da colonização no<br />

Brasil Meridional e a família <strong>imigrante</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> População, v.<br />

11, n.1: 61-87, jan./jun.1994.<br />

____&____. Imigrantes no Brasil: colonos e povoadores. Curitiba: Editora Nova<br />

Didática, 2000.<br />

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Livro <strong>de</strong> Batismo II, 1895 <strong>–</strong> 1900. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.<br />

Livro <strong>de</strong> Batismo III, 1900 <strong>–</strong> 1908. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.<br />

Livro <strong>de</strong> Batismo IV, 1908 <strong>–</strong> 1920. Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.<br />

Livro <strong>de</strong> Batismo I, <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1892. Paróquia São José. Santa Felicida<strong>de</strong>, Curitiba, PR.<br />

55


Livro <strong>de</strong> Casamento I, 1895 <strong>–</strong> <strong>1910.</strong> Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Colombo, PR.<br />

Livro <strong>de</strong> Casamento Ib, <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1897. Paróquia São José. Santa Felicida<strong>de</strong>, Curitiba, PR.<br />

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WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001.<br />

56


ANEXOS<br />

TABELA A.1 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ESCOLHA DOS PADRINHOS EM FUNÇÃO DA ORIGEM ÉTNICA <strong>–</strong> <strong>1888</strong>-1910<br />

Madrinhas Origem Origem Outra<br />

Total<br />

Italiana Brasileira Etnia<br />

Padrinhos n.a. % n.a. % n.a. % n.a. %<br />

Origem n.a. 1193 46 6 1245<br />

Italiana % 81 3,5 0,5 85<br />

Origem n.a. 55 155 - 210<br />

Brasileira % 3,5 10,5 - 14<br />

Outra n.a. 3 - 4 7<br />

Origem % 0,5 - 0,5 1<br />

Total<br />

n.a. 1251 201 10 1462<br />

% 85 14 1 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

n.a.= número absoluto.<br />

TABELA A.2 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

BATISMOS DE <strong>1888</strong> <strong>–</strong>1899 / RAZÃO DE SEXOS<br />

Ano Meninos Meninas Total RS<br />

<strong>1888</strong> 9 6 15 150<br />

1889 19 13 32 146,1<br />

1890 13 29 42 44,8<br />

1891 15 18 33 83,3<br />

1892 21 20 41 105<br />

1893 21 14 35 150<br />

1894 23 25 48 92<br />

1895 26 17 43 152,9<br />

1896 32 27 59 118,5<br />

1897 37 27 64 137<br />

1898 34 25 59 136<br />

1899 32 37 69 86,5<br />

<strong>1888</strong> - 1899 282 258 540 109,3<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

57


TABELA A.3 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

BATISMOS DE 1900 <strong>–</strong> 1910 / RAZÃO DE SEXOS<br />

Ano Meninos Meninas Total RS<br />

1900 34 36 70 94,4<br />

1901 44 38 82 115,8<br />

1902 42 39 81 107,7<br />

1903 34 34 68 100<br />

1904 47 29 76 162,1<br />

1905 43 44 87 97,7<br />

1906 47 40 87 117,5<br />

1907 48 39 87 123,1<br />

1908 48 44 92 109,1<br />

1909 41 49 90 83,7<br />

1910 55 47 102 117<br />

1900 - 1910 483 439 922 110<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

TABELA A.4 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> 1899 -<br />

Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total %<br />

<strong>1888</strong> 10 05 15 2,8<br />

1889 23 09 32 5,9<br />

1890 31 11 42 7,8<br />

1891 21 12 33 6,1<br />

1892 30 11 41 7,6<br />

1893 26 09 35 6,5<br />

1894 41 07 48 8,9<br />

1895 32 11 43 8<br />

1896 38 21 59 10,9<br />

1897 51 13 64 11,8<br />

1898 43 16 59 10,9<br />

1899 43 26 69 12,8<br />

<strong>1888</strong> -1899 389 151 540 100<br />

% 72 28 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

58


TABELA A.5 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

- CLASSIFICAÇÃO DOS NOMES DOS DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS <strong>–</strong> 1900 <strong>–</strong> 1910 -<br />

Ano Prenomes Simples Prenomes Combinados Total %<br />

1900 54 16 70 7,6<br />

1901 70 12 82 8,9<br />

1902 58 23 81 8,8<br />

1903 45 23 68 7,4<br />

1904 61 15 76 8,2<br />

1905 63 24 87 9,4<br />

1906 67 20 87 9,4<br />

1907 67 20 87 9,4<br />

1908 71 21 92 10<br />

1909 63 27 90 9,8<br />

1910 72 30 102 11,1<br />

1900 <strong>–</strong> 1910 691 231 922 100<br />

% 75 25 100<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

TABELA A.6<strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

OCORRÊNCIA DE PRENOMES COMBINADOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong><br />

Nomes Femininos Casos Nomes Masculinos Casos<br />

01.Angela Theresa 2 01.Antonio Jose 2<br />

02.Angela Luisa 1 02.Antonio Ge<strong>de</strong>ão 1<br />

03.Angela Josepha 1 03.Angelo Antonio 2<br />

04.Anna Antonia 1 04.Antonio João 1<br />

05.Angela Judith 2 05.Angelo Francisco 1<br />

06.Antonia Maria 3 06.Angelo Virgilio 1<br />

07.Ambrosina Catharina 1 07.Aurelio Jose 1<br />

08.Angela Maria 4 08.Alvino Vittorio 1<br />

09.Anna Josepha 1 09. Angelo Luis 1<br />

10.Anna Maria 2 10.Antonio Jacob 2<br />

11.Alexandrina Maria 1 11.Alfredo Andre 1<br />

12.Amabile Maria 2 12.Adriano Armando 1<br />

13.Arminia Rosa 1 13.Angelino Re<strong>de</strong>mptor 1<br />

14.A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Maria 1 14.Angelo Maria 1<br />

15.Angela Antonia 1 15.Antonio Luis 1<br />

16.A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Izabel 1 16.Antonio Orlando 2<br />

17.Angela Domenica 1 17.Antonio Angelo 1<br />

18.Amelia Maria 1 18.Ari Estevão 1<br />

19.Anna Rosa 1 19.Antonio Agostinho 1<br />

20.Alvina Angela 1 20.Antonio Aloisio 1<br />

21.Antonia Romana 1 21.Antonio Nazario 1<br />

22.Appolonia Oliva 1 22. Belmiro José 1<br />

23.Alice Serafina 1 23.Benvenuto Antonio 1<br />

24.Angela Rosa 1 24.Benvenuto Jacob 1<br />

25.Anna Theresia 1 25.Benvenuto Domingos 1<br />

26.Antonia Regina 1 26.Benvindo Luis 1<br />

27.A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> Ilena 1 27.Bortolo Francisco 1<br />

28.Anna Ursula 1 28.Braz Remigio 1<br />

59


29.Anna Catharina 1 29.Cirillo Pedro 1<br />

30.Benedicta Theresia 1 30.Colombo Raimundo 1<br />

31.Benvenuta Catharina 1 31.Colombo Leone 1<br />

32.Corona Theresa 1 32.Cirilo Vicente 1<br />

33.Carolina Paula 1 33.Domingos Leão 1<br />

34.Catharina Dominga 1 34.Domingos Zefenin 1<br />

35.Catharina Angela 1 35.Domingos Pedro 1<br />

36.Cecilia Leonilda 1 36.Domingos Adriano Aurélio 1<br />

37.Catharina Maria 2 37.Domingos João 1<br />

38.Catharina Fortunata 1 38.Enrico João 1<br />

39.Conceptião Maria 1 39.Eugenio Teodoro 1<br />

40.Carmela Anna 1 40. Egidio Jorge 1<br />

41.Clementina Luisa 1 41.Eugenio João 1<br />

42.Casilda Natalia 1 42.Evaristo Francisco 1<br />

43.Dominga Maria 1 43.Francisco Angelo 2<br />

44.Dusolina Theresia 2 44.Fre<strong>de</strong>rigo Angelo 1<br />

45.Dominga Joanna 1 45.Fre<strong>de</strong>rigo André 1<br />

46.Dosolina Joanna 1 46.Francisco José 2<br />

47.Dominga Maria Angelica 1 47.Francisco Matheo 1<br />

48.Elvira Luisa 1 48.Francisco Jacob 1<br />

49.Euvira Catharina 1 49.Francisco Antonio 1<br />

50.Emma Amelia 1 50.Fernan<strong>de</strong> João 1<br />

51.Emilia Gironda 1 51.Fioravante Jose 1<br />

52.Erminia Maria 1 52.Francisco Sante 1<br />

53.Emma Assumpta 1 53.Fre<strong>de</strong>rigo Jose 1<br />

54.Emma Maria 1 54.Florentino Carlos 1<br />

55.Emma Carolina 1 55. Gustavo Adolfo 1<br />

56.Elvira Pelegrina 1 56. Giocondo Agostinho 1<br />

57.Francisca Antonia 1 57.Isidoro Pedro 1<br />

58.Felicita Angelica 1 58.João Baptista Fortunato 1<br />

59.Guilhelmina Maria 1 59.Jeronymo Francisco Valentin 1<br />

60.Gaetana Maria 1 60.João Baptista 22<br />

61.Gaethana Izabel 1 61.José Angelo 1<br />

62.Helena Luisa 1 62.Jose Luis 1<br />

63.Izabel Nissena 1 63.Jacó José 1<br />

64.Izabel Rosa 1 64.Jacó Pedro 1<br />

65.Ida Catharina 1 65.João Evaristo 1<br />

66.Italia Joanna 1 66.Joãa Baptista Joaquim 1<br />

67.Italia América 1 67.João Angelo 1<br />

68.Italia Maria 1 68.João Antonio 2<br />

69.Ida Maria 2 69.Jose Antonio 2<br />

70.Izabel Maria 1 70.João André 1<br />

71.Joanna Maria 3 71.Jacob Luis 1<br />

72.Julha Joanna 1 72.Jose João 1<br />

73.Joanna Olímpia 1 73.Jacob Maria 1<br />

74.Joanna Antonia 1 74. Joaquim Emiliano 1<br />

75.Joanna Cecilia 1 75.João Augusto 1<br />

76.Josephina Maria Pia 1 76.Joaquim Domingos 1<br />

77.Joanna Libera 1 77.Jose Vittorino 1<br />

78.Joanna Margarida 1 78.João Venanzio 1<br />

79.Luisa Angela 1 79.João Bortolo 1<br />

80.Luisa Rosa 1 80.João Zefferino 1<br />

81.Libera Pasqua 1 81.João Romano 1<br />

60


82.Lucia Ursula 1 82.Jose Rinaldo 1<br />

83.Leonilda Aloisa 1 83.Jose Valentino 1<br />

84.Lucia Erminia 1 84.Jose Francisco 1<br />

85.Liolanda Maria Cristina 1 85.João Joseph 1<br />

86.Lindaura Margarida 1 86.Jeronymo Faraone 1<br />

87.Luisa Maria 1 87.Luis Vitorio 2<br />

88.Lucia Maria 1 88.Luis Colombo 1<br />

89.Maria Anna Oliva 1 89.Luis Francisco 2<br />

90.Maria Theresa 2 90.Lourenço Jose 1<br />

91.Maria Justina 1 91.Luis Venancio 1<br />

92.Maria Magdalena 10 92.Luis Pedro 1<br />

93.Maria Angela 8 93.Luis João Baptista 1<br />

94.Maria Severina 2 94. Luis Rizzieri 1<br />

95.Maria Francisca 1 95.Luis Antonio 2<br />

96.Maria Alvernia 1 96.Martino Osvaldo Odorico 1<br />

97.Maria Orsola 1 97.Natale Jose 1<br />

98.Maria Pia 1 98.Pedro Jose 2<br />

99.Matil<strong>de</strong> Maria 1 99.Pedro Angelo 1<br />

100.Maria Oliva 3 100.Pedro João 3<br />

101.Maria Joanna 6 101.Pedro Antonio 5<br />

102.Maria Luisa 6 102.Pedro Jose Maria 1<br />

103.Melania Maria 1 103.Primo Jose 1<br />

104.Maria A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> 1 104.Pedro Jacó 1<br />

105.Maria Aurora 1 105.Pasquale Sante 1<br />

106.Maria Dosolina 1 106.Pio Jose 1<br />

107.Maria Catharina 1 107.Pedro Francisco 1<br />

108.Marianna Maria 1 108.Paulo Antonio 1<br />

109. Maria Antonia 1 109.Pedro Alessandrino 1<br />

110. Maria Lucia 1 110.Plácido Antonio 1<br />

111. Maria Josepha 2 111.Pascual Antonio 1<br />

112. Maria Escolástica 1 112.Primo Antonio 1<br />

113. Maria Benedicta 1 113.Pedro Miguel 1<br />

114. Magdalena Anna 1 114.Romano Benvenuto 1<br />

115. Maria Julia 1 115.Rigomario Jeronymo 1<br />

116.Maria Clementina 2 116.Ranholt Mansueto Luis 1<br />

117.Maria Matil<strong>de</strong> 1 117.Sante João 1<br />

118.Maria Margarida 1 118.Sebastião Luis 1<br />

119.Maria Conceta 2 119.Silvestre João 1<br />

120.Maria Daluz 1 120.Sebastião Antonio 1<br />

121.Maria Rosa 1 121.Sante Celestino 1<br />

122.Maria Assumpta 1 122.Ul<strong>de</strong>rico Silvio 1<br />

123.Maria Fortunata 1 123.Vicente João Alberto 1<br />

124.Maria Elvira 1 124.Victorio Paulo 1<br />

125.Maria Lisena 1 125.Valentin Ernesto 1<br />

126.Maria Isabel 1 126.Visente Aloisio 1<br />

127.Maria Irene 1 127.Vivaldo Olivio 1<br />

128.Maria Elisabeth 1 128.Victor Agostinho 1<br />

129.Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s 1 129.Venanzio Galdino 1<br />

130.Natalia Domenica 1 130.Vittorio Aloisio 1<br />

131.Oliva Anna 1 131.Wimfrido Sebastião 1<br />

132.Pasqua Maria Magdalena 1 132. Rinaldo Luisi 1<br />

133.Pedrinha Angela 1<br />

134.Placida Aurora 1<br />

61


135.Pellegrina Maria 1<br />

136.Pasqua Lucia 1<br />

137.Rosa Maria 2<br />

138. Rosa Zefferina 1<br />

139.Rosa Catharina 1<br />

140.Rosalia Escolástica 1<br />

141.Rosa Fre<strong>de</strong>rica 1<br />

142.Rosa Maria Cristina 1<br />

143.Rosa Antonia 1<br />

144.Rosalia Maria 1<br />

145.Santa Izabel 1<br />

146.Santa Thereza 1<br />

147.Theresia Dominga 1<br />

148.Ursula Lucia 1<br />

149.Veronica Maria 2<br />

150.Virginia Joanna 1<br />

151.Zefferina Theresia Maria 1<br />

152.Zefferina Maria 1<br />

152<br />

Pronomes<br />

Combinados<br />

Femininos<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

201<br />

Descen<strong>de</strong>ntes<br />

Femininos com<br />

Prenome Combinado<br />

132<br />

Pronomes<br />

Combinados<br />

Masculinos<br />

62<br />

180<br />

Descen<strong>de</strong>ntes<br />

Masculinos com<br />

Prenome Combinado<br />

TABELA A.7 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

OCORRÊNCIA DOS PRENOMES FEMININOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> -<strong>1910.</strong><br />

Prenomes Nº <strong>de</strong> Casos Forma Simples Forma Combinada<br />

01. Maria 166 46 120<br />

02. Angela 60 36 24<br />

03. Joanna (Giovanna) 48 29 19<br />

04. Rosa 47 35 12<br />

05. Anna 34 22 12<br />

06. Catharina (Catherina) 30 18 12<br />

07. Luisa (Luigia) 22 9 13<br />

08. Theresa (Theresia) 21 9 12<br />

09. Lucia 19 13 6<br />

10. Antonia 18 7 11<br />

11. Dominga (Domenica) 17 10 7<br />

12. Isabel (Elisabeth) 17 10 7<br />

13. Magdalena 17 5 12<br />

14. Regina 13 12 1<br />

15. Oliva 11 5 6<br />

16. Ilena (Elena) 11 2 9<br />

17. Ursula 10 6 4<br />

18. Julia (Julha) 9 7 2<br />

19. Aurora 8 6 2<br />

20. Dasolina (Dosolina) 8 4 4<br />

21. Elvira (Euvira) 8 4 4<br />

22. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> 7 3 4<br />

23. Carolina 7 5 2<br />

24. Cecilia 7 5 2<br />

25. Erminia 7 5 2<br />

26. Francisca (Francesca) 7 5 2


27. Josepha (Giusepha) 7 3 4<br />

28. Josephina* 7 6 1<br />

29. Margarida 7 4 3<br />

30. Pedrinha 7 6 1<br />

31. Judith (Juditha) 6 4 2<br />

32. Pasqua 6 3 3<br />

33. Santa 6 4 2<br />

34. Amelia 5 3 2<br />

35. Emilia 5 4 1<br />

36. Emma 5 1 4<br />

37. Genoveffa 5 5 -<br />

38. Philomena 5 5 -<br />

39. Pellegrina 5 3 2<br />

40. Rosalia* 5 3 2<br />

41. Victtoria 5 5 -<br />

42. Virginia 5 4 1<br />

43. Felicida<strong>de</strong> (Felicita) 4 3 1<br />

44. Italia 4 1 3<br />

45. Matil<strong>de</strong> 4 2 2<br />

46. Veronica 4 2 2<br />

47. Gaetana 4 2 2<br />

48. Angelina* 3 3 -<br />

49. Aloisia* 3 2 1<br />

50. Assumpta 3 1 2<br />

51. Appolonia 3 2 1<br />

52. Alvina 3 2 1<br />

53. Corona 3 2 1<br />

54. Clementina 3 - 3<br />

55. Christina 3 1 2<br />

56. Escolástica 3 1 2<br />

57. Ida 3 - 3<br />

58. Justina 3 2 1<br />

59. Lisena 3 2 1<br />

60. Libera 3 1 2<br />

61. Marianna* 3 2 1<br />

62. Stella 3 3 -<br />

63. Zefferina 3 - 3<br />

64. Amabile 2 - 2<br />

65. Angelica* 2 - 2<br />

66. Ambrosina 2 1 1<br />

67. A<strong>de</strong>lina 2 2 -<br />

68. Arminia 2 1 1<br />

69. Benedicta (Bene<strong>de</strong>ta) 2 - 2<br />

70. Benvenuta (Benvinda) 2 1 1<br />

71. Conceta 2 - 2<br />

72. Clara 2 2 -<br />

73. Diomira 2 2 -<br />

74. Ernestina* 2 2 -<br />

75. Ersilia 2 2 -<br />

76. Elisa 2 2 -<br />

77. Fortunata 2 - 2<br />

78. Ignes 2 2 -<br />

79. Irene 2 1 1<br />

80. Leonilda 2 - 2<br />

63


81. Laura 2 2 -<br />

82. Natalia 2 1 1<br />

83. Pia 2 - 2<br />

84. Paulinia 2 2 -<br />

85. Paula 2 1 1<br />

86. Severina 2 - 2<br />

87. Tranquilla 2 2 -<br />

88. Annunziata 1 1 -<br />

89. Alexandrina 1 - 1<br />

90. Alice 1 - 1<br />

91. America 1 - 1<br />

92. Alvernia 1 - 1<br />

93. Aguida 1 1 -<br />

94. Alinda 1 1 -<br />

95. Brasilia 1 1 -<br />

96. Barbara 1 1 -<br />

97. Brigida 1 1 -<br />

98. Bertolina 1 1 -<br />

99. Clotil<strong>de</strong> 1 1 -<br />

100. Carola 1 1 -<br />

101. Cizera 1 1 -<br />

102. Clelia 1 1 -<br />

103. Carmelina 1 1 -<br />

104. Cirila 1 1 -<br />

105. Conceptião 1 - 1<br />

106. Carmela 1 - 1<br />

107. Casilda 1 - 1<br />

108. Daluz 1 - 1<br />

109. Dijanira 1 1 -<br />

110. Ermelina 1 1 -<br />

111. Ediwige 1 1 1<br />

112. Esperança 1 1 -<br />

113. Eufemia 1 1 -<br />

114. Fre<strong>de</strong>rica 1 - 1<br />

115. Francelina 1 1 -<br />

116. Fausta 1 1 -<br />

117. Fabiana 1 1 -<br />

118. Gironda 1 - 1<br />

119. Guilhelmina 1 - 1<br />

120. Guerrina 1 1 -<br />

121. Isaura 1 1 -<br />

122. Jeronyma* 1 1 -<br />

123. Liolanda 1 - 1<br />

124. Lindaura 1 - 1<br />

125. Lur<strong>de</strong>s 1 - 1<br />

126. Letizia 1 1 -<br />

127. Linda 1 1 -<br />

128. Melania 1 - 1<br />

129. Malvina 1 1 -<br />

130. Mafalda 1 1 -<br />

131. Minerva 1 1 -<br />

132. Mônica 1 1 -<br />

133. Merce<strong>de</strong>s 1 1 -<br />

134. Nisena 1 - 1<br />

64


135. Olímpia 1 - 1<br />

136. Olinda 1 1 -<br />

137. Olegaria 1 1 -<br />

138. Otilia 1 1 -<br />

139. Otacilia 1 1 -<br />

140. Orlanda 1 1 -<br />

141. Plácida 1 - 1<br />

142. Prima 1 1 -<br />

143. Palmira 1 1 -<br />

144. Petronilla 1 1 -<br />

145. Pulqueria 1 1 -<br />

146. Romana 1 - 1<br />

147. Rufina 1 1 -<br />

148. Rosina* 1 1 -<br />

149. Serafina 1 - 1<br />

150. Theodora 1 1 -<br />

151. Ursulina* 1 1 -<br />

152. Veneranda 1 1 -<br />

153. Zaga 1 1 -<br />

154. Zenobia 1 1 -<br />

154 Prenomes 903 (100%) 488 415<br />

50 Prenomes do E.C. 736 (81,5%) 398 338<br />

104 Outros 167 (18,5%) 90 77<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

TABELA A.8 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

OCORRÊNCIA DOS PRENOMES MASCULINOS <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong><br />

Prenomes Nº <strong>de</strong> Casos Forma Simples Forma Combinada<br />

01. João (Giovanni) 106 58 48<br />

02. Antonio 102 69 33<br />

03. Jose (Giusepe) 79 53 26<br />

04. Pedro (Pietro) 72 51 21<br />

05. Luis (Luigi) 49 30 19<br />

06. Angelo 40 28 12<br />

07. Francisco (Francesco) 38 22 16<br />

08. Domingos (Domenico) 27 20 7<br />

09. Baptista 25 - 25<br />

10. Jacó (Giacomo) 19 10 9<br />

11. Victorio 14 9 5<br />

12. Bartolomeo (Bortolo) 9 7 2<br />

13. Joaquim (Gioachino) 9 6 3<br />

14. Jeronymo (Girolamo) 9 6 3<br />

15. Manoel 8 8 -<br />

16. André (Andrea) 7 4 3<br />

17. Eugenio 7 5 2<br />

18. Ernesto 7 6 1<br />

19. Fernan<strong>de</strong> 7 6 1<br />

20. Umberto 7 7 -<br />

21. Agostinho 6 3 3<br />

22. Benvenuto (Benvindo) 6 1 5<br />

23. Carlos (Carlo) 6 5 1<br />

24. Emilio 6 6 -<br />

65


25. Ermenegildo 6 6 -<br />

26. Santo (Sante) 6 2 4<br />

27. Valentino (Valentin) 6 3 3<br />

28. Venancio (Venanzio) 6 3 3<br />

29. Egídio 5 4 1<br />

30. Julio 5 5 -<br />

30. Sebastião 5 2 3<br />

31. Vicente 5 2 3<br />

32. Aloisio* 4 1 3<br />

33. Alfredo 4 3 1<br />

34. Alberto 4 3 1<br />

35. Fre<strong>de</strong>rigo 4 1 3<br />

36. Gaspar 4 4 -<br />

37. Isidoro 4 3 1<br />

38. Olivo* 4 3 1<br />

39. Placídio 4 3 1<br />

40. Paulo 4 2 2<br />

41. Romano 4 2 2<br />

42. Rinaldo 4 2 2<br />

43. Alexan<strong>de</strong>r 3 3 -<br />

44. Abraham 3 3 -<br />

45. Benianino 3 3 -<br />

46. Colombo 3 - 3<br />

47. Cirilo 3 1 2<br />

48. Estevão (Estefano) 3 2 1<br />

49. Fioravante 3 2 1<br />

50. Fortunato 3 2 1<br />

51. Leão (Leone) 3 1 2<br />

52. Miguel 3 2 1<br />

53. Marcos 3 3 -<br />

54. Primo 3 1 2<br />

55. Pio 3 2 1<br />

56. Victor* 3 2 1<br />

57. Vitorino* 3 2 1<br />

58. Aurélio 2 - 2<br />

59. Adriano 2 - 2<br />

60. Arcangelo* 2 2 -<br />

61. Ama<strong>de</strong>us 2 2 -<br />

62. Americo 2 2 -<br />

63. Basilio 2 2 -<br />

64. Bernardo 2 2 -<br />

65. Belmiro 2 1 1<br />

66. Celeste 2 2 -<br />

67. Clemente 2 2 -<br />

68. Casimiro 2 2 -<br />

69. Evaristo 2 - 2<br />

70. Jordano (Giordano) 2 2 -<br />

71. Ismael 2 2 -<br />

72. Josué 2 2 -<br />

73. Lourencio 2 1 1<br />

74. Mansueto 2 2 -<br />

75. Natale 2 1 1<br />

76. Orlando 2 - 2<br />

77. Pascual 2 - 2<br />

66


78. Rizziere 2 1 1<br />

79. Roque 2 2 -<br />

80. Silvestro 2 1 1<br />

81. Theofilo 2 2 -<br />

82. Walfrido 2 2 -<br />

83. Wal<strong>de</strong>miro 2 2 -<br />

84. Zefferino 2 - 2<br />

85. Alvino 1 - 1<br />

86. Armando 1 - 1<br />

87. Angelino* 1 - 1<br />

88. Ari 1 - 1<br />

89. Adolfo 1 - 1<br />

90. Augusto 1 - 1<br />

91. Osvaldo 1 - 1<br />

92. Odorico 1 - 1<br />

93. Alessandrino 1 - 1<br />

94. Alessandro 1 1 -<br />

95. Annibale 1 1 -<br />

96. Alessio 1 1 -<br />

97. Ascanio 1 1 -<br />

98. Aquilles 1 1 -<br />

99. Archime<strong>de</strong>s 1 1 -<br />

100. Arpice 1 1 -<br />

101. Alipio 1 1 -<br />

102. Affonço 1 1 -<br />

103. Arlindo 1 1 -<br />

104. Braz 1 - 1<br />

105. Benedito 1 1 -<br />

106. Celestino 1 - 1<br />

107. Ceveral 1 1 -<br />

108. Christofero 1 1 -<br />

109. Carolo 1 1 -<br />

110. Custodio 1 1 -<br />

111. Demetrio 1 1 -<br />

112. Dorsilio 1 1 -<br />

113. Dante 1 1 -<br />

114. Enrico 1 - 1<br />

115. Emiliano* 1 - 1<br />

116. Edoardo 1 1 -<br />

117. Elpidio 1 1 -<br />

118. Florentino 1 - 1<br />

119. Faraone 1 - 1<br />

120. Filisberto 1 1 -<br />

121. Flávio 1 1 -<br />

122. Felicio 1 1 -<br />

123. Florindo 1 1 -<br />

124. Ge<strong>de</strong>ão 1 - 1<br />

125. Gustavo 1 - 1<br />

126. Giocondo 1 - 1<br />

127. Galdino 1 - 1<br />

128. Gaetano 1 1 -<br />

129. Guilherme 1 1 -<br />

130. Germano 1 1 -<br />

131. Guerrin 1 1 -<br />

67


132. Innocente 1 1 -<br />

133. Jorge 1 - 1<br />

134. Jeremias 1 1 -<br />

135. Liberato 1 1 -<br />

136. Laurindo 1 1 -<br />

137. Matheo 1 - 1<br />

138. Martino 1 - 1<br />

139. Marciliano 1 1 -<br />

140. Macidio 1 1 -<br />

141. Mirando 1 1 -<br />

142. Nazario 1 - 1<br />

143. Narciso 1 1 -<br />

144. Nicolão 1 1 -<br />

145. Ovídio 1 1 -<br />

146. Oscar 1 1 -<br />

147. Ozorio 1 1 -<br />

148. Oliverio 1 1 -<br />

149. Oreste 1 1 -<br />

150. Ottavio 1 1 -<br />

151. Pru<strong>de</strong>nte 1 1 -<br />

152. Pellegrino** 1 1 -<br />

153. Re<strong>de</strong>ntor 1 - 1<br />

154. Remigio 1 - 1<br />

155. Raimundo 1 - 1<br />

156. Rigomario 1 - 1<br />

157. Ranholt 1 - 1<br />

158. Romão 1 1 -<br />

159. Ruggieri 1 1 -<br />

160. Ricardo 1 1 -<br />

161. Silvio 1 - 1<br />

162. Sezefrido 1 1 -<br />

163. Serafin 1 1 -<br />

164. Severino 1 1 -<br />

165. Teodoro 1 - 1<br />

166. Thomaz 1 1 -<br />

167. Ul<strong>de</strong>rico 1 - 1<br />

168. Ubaldo 1 1 -<br />

169. Virgilio 1 - 1<br />

170. Vivaldo 1 - 1<br />

171. Vito 1 1 -<br />

172. Wimfrido 1 1 -<br />

172 Prenomes 940 (100%) 595 345<br />

42 Prenomes do E.C. 728 (77,5%) 438 270<br />

130 Outros 212 (22,5%) 137 75<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

68


TABELA A.9 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

PRENOMES PREFERIDOS PELOS IMIGRANTES<strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong> <strong>1910.</strong><br />

E.C. Masculino Nº <strong>de</strong> Casos E.C. Feminino Nº <strong>de</strong> Casos<br />

1. João (Giovanni) 106 1. Maria 166<br />

2. Antonio 102 2. Angela 60<br />

3. Jose (Giuseppe) 79 3. Joanna (Giovanna) 48<br />

4. Pedro (Pietro) 72 4. Rosa 47<br />

5. Luis (Luigi) 49 5. Anna 34<br />

6. Angelo 40 6. Catharina (Catherina) 30<br />

7. Francisco (Francesco) 38 7. Luisa (Luigia) 22<br />

8. Domingos (Domenico) 27 8. Theresa (Theresia) 21<br />

9. Baptista 25 9. Lucia 19<br />

10. Jacó (Giacomo) 19 10. Antonia 18<br />

11. Victorio 14 11. Dominga (Domenica) 17<br />

12. Bartolomeo (Bortolo) 9 12. Isabel (Elisabeth) 17<br />

13. Joaquim (Gioachino) 9 13. Magdalena 17<br />

14. Jeronymo (Girolamo) 9 14. Regina 13<br />

15. Manoel 8 15. Oliva 11<br />

16. André (Andrea) 7 16. Elena (Ilena) 11<br />

17. Eugenio 7 17. Ursula (Orsola) 10<br />

18. Ernesto 7 18. Julia 9<br />

19. Fernan<strong>de</strong> 7 19. Aurora 8<br />

20. Umberto 7 20. Dasolona (Dosolina) 8<br />

21. Agostinho 6 21. Elvira 8<br />

22. Benvenuto (Benvindo) 6 22. A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong> 7<br />

23. Carlos (Carlo) 6 23. Carolina 7<br />

24. Emilio 6 24. Cecilia 7<br />

25. Ermenegildo 6 25. Erminia 7<br />

26. Santo (Sante) 6 26. Francisca (Francesca) 7<br />

27. Valentino (Valentin) 6 27. Josepha (Giusepha) 7<br />

28. Venancio (Venanzio) 6 28. Josephina* 7<br />

29. Egídio 5 29. Margarida 7<br />

30. Julho 5 30. Pedrinha 7<br />

31. Sebastião 5 31. Judith (Juditha) 6<br />

32. Vicente 5 32. Pasqua 6<br />

33. Aloisio* 4 33. Santa 6<br />

34. Fre<strong>de</strong>rico (Fre<strong>de</strong>rigo)** 4 34. Amelia 5<br />

35. Olivo** 4 35. Emilia 5<br />

36. Victor* 3 36. Emma 5<br />

37. Vitorino* 3 37. Genoveffa 5<br />

38. Arcangelo* 2 38. Philomena 5<br />

39. Angelino* 1 39. Pellegrina 5<br />

40. Emiliano* 1 40. Rosalia* 5<br />

41. Pellegrino** 1 41. Angelina* 5<br />

42. Oliverio* 1 42. Aloisia* 5<br />

43. Marianna* 3<br />

44. Angelica* 3<br />

45. Ernestina** 3<br />

46. Jeronyma** 2<br />

47. Victoria 2<br />

48. Virginia 1<br />

49. Rosina* 1<br />

50. Ursulina* 1<br />

42 Prenomes do E.C. 728 (77,5%) 50 Prenomes do E.C. 736 (81,5%)<br />

130 Outros 212 (22,5%) 104 Outros 167 (18,5%)<br />

172 Prenomes 940 (100%) 154 Prenomes 903 (100%)<br />

Fonte: Registros <strong>de</strong> Batismos.<br />

* Prenomes <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> outro prenome presente no E.C. (Ex.: Arcangelo <strong>–</strong> Angelo)<br />

** Prenomes que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> sua versão no outro sexo. (Ex.: Jeronymo <strong>–</strong> Jeronyma)<br />

69


TABELA A.10 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong> -1899<br />

01. Influência Paterna combinado com Influências Culturais<br />

01.1 Nome do Pai e nome do Pai 1<br />

01.2 Nome do Pai, nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 1<br />

01.3 Nome do Pai e Outro nome 1<br />

Subtotal 3<br />

02. Influência Materna combinado com Influências Familiares e Culturais<br />

02.1 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Pai 1<br />

02.2 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Estoque Cultural 1<br />

02.3 Nome da Mãe (versão masculina) e Outro nome 1<br />

Subtotal 3<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 11<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e nome do Padrinho 6<br />

03.3 Nome do Estoque Cultural e nome <strong>de</strong> Santo* 2<br />

03.4 Nome do Estoque Cultural, nome <strong>de</strong> Santo* e Outro nome 1<br />

03.5 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 1<br />

03.6 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha (versão masculina) 1<br />

03.7 Nome do Estoque Cultural, nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1<br />

03.8 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1<br />

03.9 Nome do Estoque Cultural, nome do Estoque Cultural e Outro nome 1<br />

Subtotal 25<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome do Padrinho e nome <strong>de</strong> Santo* 2<br />

04.2 Nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 2<br />

04.3 Nome do Padrinho, nome do Estoque Cultural e Outro nome 1<br />

04.4 Nome da Madrinha (versão masculina) e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.5 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome <strong>de</strong> Santo 2<br />

04.6 Nome <strong>de</strong> Santo e nome do Padrinho 2<br />

04.7 Nome <strong>de</strong> Santo e nome da Mãe (versão masculina) 1<br />

04.8 Nome <strong>de</strong> Santo e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.9 Nome <strong>de</strong> Santo e Outro nome 1<br />

Subtotal 13<br />

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e Outro nome 2<br />

05.2 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2<br />

05.3 Outro nome e nome do Pai 1<br />

05.4 Outro nome e nome do Padrinho 1<br />

05.5 Outro nome, nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1<br />

05.6 Outro nome e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

Subtotal 8<br />

TOTAL 52<br />

*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

70


TABELA A.11 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong>1899<br />

01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 3<br />

01.2 Nome da Mãe e nome da Madrinha 1<br />

01.3 Nome da Mãe e Outro nome 1<br />

Subtotal 5<br />

02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares<br />

02.1 Nome do Pai (versão feminina) e nome da Mãe 1<br />

Subtotal 1<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 7<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha 4<br />

03.3 Nome do Estoque Cultural e nome <strong>de</strong> Santa* 3<br />

03.4 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 3<br />

03.5 Nome do Estoque Cultural e nome da Mãe 1<br />

03.6 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai (versão feminina) 1<br />

03.7 Nome do Estoque Cultural e nome do Padrinho (versão feminina) 1<br />

Subtotal 20<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome da Madrinha e Outro nome 3<br />

04.2 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2<br />

04.3 Nome da Madrinha e nome da Mãe 1<br />

04.4 Nome da Madrinha e nome do Pai (versão feminina) 1<br />

04.5 Nome da Madrinha e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

04.6 Nome da Madrinha, nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.7 Nome do Padrinho (versão feminina) e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.8 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome do Estoque Cultural 3<br />

04.9 Nome <strong>de</strong> Santa* e Outro nome 2<br />

04.10 Nome da Santa* e nome da Madrinha 1<br />

04.11 Nome <strong>de</strong> Santa* e Nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

Subtotal 17<br />

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2<br />

05.2 Outro nome e nome <strong>de</strong> Santa* 2<br />

05.3 Outro nome e nome da Madrinha 2<br />

05.4 Outro nome, nome <strong>de</strong> Santa* e nome da Mãe 1<br />

05.5 Outro nome e nome do Pai (versão feminina) 1<br />

Subtotal 8<br />

51<br />

TOTAL<br />

*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

71


TABELA A.12 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> 1900 <strong>–</strong>1910<br />

01. Influência Paterna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome do Pai e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

01.2 Nome do Pai e Outro nome 1<br />

Subtotal 2<br />

02. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

02.1 Nome do Estoque Cultural e Nome do Estoque Cultural 5<br />

02.2 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 2<br />

02.3 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 1<br />

Subtotal 8<br />

03. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

03.1 Nome do Padrinho e nome do Pai 1<br />

03.2 Nome do Padrinho e Outro nome 1<br />

03.3 Nome da Madrinha (versão masculina) e nome do Padrinho 1<br />

03.4 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome <strong>de</strong> Estoque Cultural 4<br />

03.5 Nome <strong>de</strong> Santo* e Outro nome 3<br />

03.6 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

03.7 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome do Pai 1<br />

Subtotal 12<br />

04. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

04.1 Outro nome e Outro Nome 4<br />

04.2 Outro nome e nome do Estoque Cultural 4<br />

04.3 Outro nome e nome do Pai 1<br />

Subtotal 9<br />

TOTAL 31<br />

*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

72


TABELA A.13 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “E” <strong>–</strong> 1900 <strong>–</strong>1910<br />

01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 1<br />

02. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

02.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 8<br />

02.2 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 6<br />

02.3 Nome do Estoque Cultural e nome <strong>de</strong> Santa* 5<br />

02.4 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha 2<br />

Subtotal 21<br />

03. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

03.1 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2<br />

03.2 Nome da Madrinha e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

03.3 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome do Estoque Cultural 3<br />

03.4 Nome <strong>de</strong> Santa* e Outro nome 2<br />

03.5 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

Subtotal 9<br />

04. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

04.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 5<br />

04.2 Outro nome e nome da Madrinha 2<br />

04.3 Outro nome e nome do Padrinho (versão feminina) 1<br />

04.4 Outro nome e Outro nome 1<br />

Subtotal 9<br />

40<br />

TOTAL<br />

*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

73


TABELA A.14 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DOS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong> -1899<br />

01. Influência Paterna combinado com Influências Familiares e/ou Culturais<br />

01.1 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Paterno 3<br />

01.2 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Materno 3<br />

01.3 Nome do Pai e Nome do Pai 2<br />

01.4 Nome do Avô Paterno e nome do Estoque Cultural 1<br />

01.5 Nome do Avô Paterno e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

01.6 Nome do Avô Paterno e nome do Padrinho 1<br />

01.7 Nome do Avô Paterno e Outro nome 1<br />

Subtotal 12<br />

02. Influência Materna combinado com Influências Familiares e Religiosos<br />

02.1 Nome do Avô Materno e nome do Avô Materno 1<br />

02.2 Nome do Avô Materno e nome do Padrinho 1<br />

02.3 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Padrinho 1<br />

Subtotal 3<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 1<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Madrinha (versão masculina) 1<br />

Subtotal 2<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome do Padrinho e nome do Padrinho 1<br />

04.2 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 2<br />

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e nome do Avô Paterno 1<br />

05.2 Outro nome e nome do Avô Materno 1<br />

05.3 Outro nome e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 3<br />

TOTAL 22<br />

*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

74


TABELA A.15 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> <strong>1888</strong> <strong>–</strong>1899<br />

01. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 4<br />

01.2 Nome da Avó Materna e nome da Avó Paterna 2<br />

01.3 Nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1<br />

01.4 Nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 8<br />

02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares<br />

02.1 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Paterna 2<br />

02.2 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Materna 2<br />

02.3 Nome da Avó Paterna e nome do Pai (versão feminina) 1<br />

02.4 Nome da Avó Paterna e nome do Estoque Cultural 1<br />

02.5 Nome da Avó Paterna, nome da Madrinha e nome da Avó Materna 1<br />

02.6 Nome da Avó Paterna e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

02.7 Nome da Avó Paterna e Outro nome 1<br />

02.8 Nome do Pai (versão feminina) e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

Subtotal 10<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 3<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e Avó Paterna 1<br />

Subtotal 4<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome da Madrinha e nome da Avó Paterna 1<br />

04.2 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.3 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 3<br />

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 1<br />

26<br />

TOTAL<br />

*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

75


TABELA A.16 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINOS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” <strong>–</strong> 1900 <strong>–</strong>1910<br />

01. Influência Paterna combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome do Avô Paterno e Outro nome 6<br />

01.2 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Materno 5<br />

01.3 Nome do Avô Paterno e nome do Padrinho 3<br />

01.4 Nome do Avô Paterno e nome do Estoque Cultural 3<br />

01.5 Nome do Avô Paterno e nome do Avô Paterno 2<br />

01.6 Nome do Avô Paterno e nome da Madrinha (versão masculina) 1<br />

01.7 Nome do Avô Paterno e nome da Avó Materna (versão masculina) 1<br />

01.8 Nome do Avô Paterno, nome <strong>de</strong> Santo* e Outro nome 1<br />

01.9 Nome do Pai e Outro nome 1<br />

Subtotal 23<br />

02. Influência Materna combinado com Influências Culturais e/ou Religiosas<br />

02.1 Nome do Avô Materno e nome do Estoque Cultural 2<br />

02.2 Nome do Avô Materno e nome do Avô Materno 1<br />

02.3 Nome do Avô Materno e nome Avô Paterno 1<br />

02.4 Nome do Avô Materno e nome do Padrinho 1<br />

02.5 Nome da Avó Materna (versão masculina) e nome da Madrinha (versão masculina) 1<br />

02.6 Nome da Mãe (versão masculina) e nome do Padrinho 1<br />

Subtotal 7<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado Influências Familiares<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 5<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e nome do Avô Materno 4<br />

03.3 Nome do Estoque Cultural e nome do Pai 3<br />

03.4 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1<br />

Subtotal 13<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome do Padrinho e nome do Estoque Cultural 1<br />

04.2 Nome do Padrinho e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

04.3 Nome do padrinho e Outro nome 1<br />

04.4 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome do Estoque Cultural 3<br />

04.5 Nome <strong>de</strong> Santo* e Outro nome 2<br />

04.6 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome do Avô Materno 2<br />

04.7 Nome <strong>de</strong> Santo* e nome do Pai 1<br />

04.8 Nome <strong>de</strong> Santo* e Avô Paterno 1<br />

04.9 Nome <strong>de</strong> Santo*, Outro nome e Outro nome 1<br />

Subtotal 13<br />

05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 5<br />

05.2 Outro nome e nome <strong>de</strong> Avô Paterno 5<br />

05.3 Outro nome e nome do Padrinho 2<br />

05.4 Outro nome e nome do Pai 1<br />

05.5 Outro nome e nome <strong>de</strong> Santo* 1<br />

05.6 Outro nome e nome da Avó Materna 1<br />

Subtotal 15<br />

TOTAL 71<br />

*Santo próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

76


TABELA A.17 <strong>–</strong> CURATO DE COLOMBO <strong>–</strong><br />

ORIGEM DOS NOMES DAS MENINAS, FORMA COMBINADA. FAMÍLIAS “M” - 1900 - 1910<br />

01. Influência Materna combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

01.1 Nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 4<br />

01.2 Nome da Avó Materna e nome da Avó Paterna 3<br />

01.3 Nome da Avó Materna e nome da Madrinha 3<br />

01.4 Nome da Avó Materna e nome do Padrinho (versão feminina) 1<br />

01.5 Nome da Avó Materna e nome <strong>de</strong> Santa* 1<br />

01.6 Nome da Avó Materna e Outro nome 1<br />

01.7 Nome da Mãe e nome da Avó Materna 1<br />

01.9 Nome da Mãe e nome da Avó Paterna 1<br />

01.10 Nome da Mãe e nome da Madrinha 1<br />

Subtotal 16<br />

02. Influência Paterna combinado com Influências Familiares e Culturais<br />

02.1 Nome da Avó Paterna e nome do Estoque Cultural 8<br />

02.2 Nome da Avó Paterna e nome da Avó Materna 5<br />

02.3 Nome da Avó Paterna e Outro nome 3<br />

02.4 Nome da Avó Paterna e nome da Mãe 1<br />

02.5 Nome da Avó Paterna, nome da Mãe e nome do Estoque Cultural 1<br />

02.6 Nome do Avô Paterno (versão feminina) e nome Avó Paterna 1<br />

02.7 Nome do Pai (versão feminina) e nome do Estoque Cultural 1<br />

Subtotal 20<br />

03. Influência do Estoque Cultural combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

03.1 Nome do Estoque Cultural e nome do Estoque Cultural 9<br />

03.2 Nome do Estoque Cultural e nome da Avó Materna 3<br />

03.3 Nome do Estoque Cultural e nome da Mãe 2<br />

03.4 Nome do Estoque Cultural e nome Madrinha 2<br />

03.5 Nome do Estoque Cultural e nome <strong>de</strong> Santa* 2<br />

03.6 Nome do Estoque Cultural e nome da Avó Materna 1<br />

03.7 Nome do Estoque Cultural, nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1<br />

03.8 Nome do Estoque Cultural, nome da Avó Materna e nome do Estoque Cultural 1<br />

03.9 Nome do Estoque Cultural e Outro nome 1<br />

Subtotal 22<br />

04. Influência Cultural e/ou Religiosa combinado com Influências Familiares<br />

04.1 Nome da Madrinha e nome do Estoque Cultural 2<br />

04.2 Nome da Madrinha e nome da Madrinha 1<br />

04.3 Nome da Madrinha e nome da Avó Materna 1<br />

04.4 Nome da Madrinha e Outro nome 1<br />

04.5 Nome da Madrinha e nome do Padrinho (versão feminina) 1<br />

04.6 Nome do Padrinho (versão feminina), nome da Madrinha e Outro nome 1<br />

04.7 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome <strong>de</strong> Santa* 3<br />

04.8 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome do Estoque Cultural 2<br />

04.9 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome da Avó Materna 2<br />

04.10 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome da Avó Paterna 1<br />

04.11 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome da Mãe 1<br />

04.12 Nome <strong>de</strong> Santa* e nome da Madrinha 1<br />

04.13 Nome <strong>de</strong> Santa* e Outro nome 1<br />

Subtotal 18<br />

77


05. Outras Influências combinado com Influências Familiares, Culturais e/ou Religiosas<br />

05.1 Outro nome e nome do Estoque Cultural 2<br />

05.2 Outro nome e nome da Avó Paterna 2<br />

05.3 Outro nome e nome <strong>de</strong> Santa* 2<br />

05.4 Outro nome e nome da Mãe 2<br />

05.5 Outro nome e nome da Avó Materna 1<br />

05.6 Outro nome, nome da Avó Materna e nome da Madrinha 1<br />

05.7 Outro nome e nome da Madrinha 1<br />

05.8 Outro nome e Outro nome 1<br />

Subtotal 12<br />

TOTAL 88<br />

*Santa próximo do dia do nascimento ou do batismo; santo padroeiro das colônias.<br />

Fonte: Registro <strong>de</strong> Batismos.<br />

78

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