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DE ARRIANO DE NICOMÉDIA André Luiz Leme

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Se a narrativa de Arriano, por um lado, nos aproximou de um Alexandre histórico<br />

no período de sua ascensão e legitimação (em contraposição a uma visão mais mítica do<br />

personagem) ela também nos ajuda compreender muito do momento em que a obra foi<br />

escrita. Alguns dos acontecimentos que o autor relata na história de Alexandre possuem<br />

relação com fatos vividos por ele em seu presente. Lembremos que Arriano esteve muito<br />

envolvido na política de seu tempo, sendo um dos homens de confiança do Imperador<br />

Adriano (76 – 138 d.C.). Compreender a importância da relação Arriano/Adriano torna-se<br />

fundamental para se estabelecer um sentido maior para a Anábase de Alexandre Magno.<br />

Inicialmente, notamos uma tentativa de paralelo passado/presente, na qual o autor<br />

vislumbra o exemplo de um líder ideal e virtuoso – que, por sinal, é um líder de base<br />

militar. Isso nos remete às circunstâncias do Império Romano de Adriano, onde se<br />

necessitava cada vez mais de líderes de cunho militar para a garantia da defesa e<br />

manutenção de um gigantesco Império. As ameaças bárbaras e de povos revoltosos, que já<br />

se intensificavam no século II d.C., nos remetem àquelas mesmas enfrentadas por<br />

Alexandre no século IV a.C., quando este pacificava seu reino. Por exemplo, um dos povos<br />

que Alexandre combate, os getas, tornar-se-ão os problemáticos dácios da época de<br />

Adriano. Se Arriano estigmatiza os dácios no passado é visando justificar a rebeldia que<br />

eles ainda demonstram no presente, legitimando-se assim uma ação coercitiva (de<br />

punição). Mas uma das propostas centrais que Arriano transmite, através do exemplo de<br />

Alexandre na sua luta pela pacificação do reino macedônio, é a idéia de união. Uma forte<br />

coesão interna, seja em termos de um reino ou um Império, seria peça fundamental para<br />

sua manutenção e prosperidade. Se Alexandre desejava a união do mundo grego, o mesmo<br />

quer Arriano para o mundo romano – e o responsável por fazer isso, claro, seria Adriano.<br />

Nosso trabalho, portanto, demonstrou como se deu a construção da figura histórica<br />

de Alexandre na Anábase de Alexandre Magno, tendo em vista o período específico da<br />

ascensão e legitimação do rei macedônio. Da nossa análise, pudemos perceber um<br />

Alexandre consciente, estratégico e que enfrentou, vencendo, várias dificuldades – surge<br />

assim um Alexandre mais histórico do que mítico. No entanto, consentimos sim que a obra<br />

de Arriano enalteça muito a figura de Alexandre. Mas não apenas a deste. Indiretamente, é<br />

a imagem do Imperador Adriano que se reflete a partir daquela de Alexandre. A idéia de<br />

uma trajetória de conquistas e sucesso é então compartilhada por ambos. Adriano surge<br />

como o personagem que continua uma tradição política – resgatada por Arriano na sua<br />

obra, quando este escreve a história de Alexandre.

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