ESTAMOS DE LUTO. - cpvsp.org.br
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O que esperar<<strong>br</strong> />
da visita do Papa?<<strong>br</strong> />
Pela primeira vez na histó-<<strong>br</strong> />
ria, um Papa estará no Brasil,<<strong>br</strong> />
dia 30 de junho ( e dia 4 de<<strong>br</strong> />
julho em São Paulo). João<<strong>br</strong> />
Paulo II, polonês, foi operá-<<strong>br</strong> />
rio, trabalhando primeiro<<strong>br</strong> />
numa pedreira e depois numa<<strong>br</strong> />
indústria química, durante a<<strong>br</strong> />
ocupação de seu País pela<<strong>br</strong> />
Alemanha, na Segunda<<strong>br</strong> />
Guerra Mundial. Antes dele,<<strong>br</strong> />
o Brasil recebeu a visita de<<strong>br</strong> />
então Cardeal Giovanni<<strong>br</strong> />
Montini, depois Papa Paulo<<strong>br</strong> />
VI, no final do Governo Jus-<<strong>br</strong> />
celino Kubitschek.<<strong>br</strong> />
O Brasil é um País do cha-<<strong>br</strong> />
mado Terceiro Mundo. É um<<strong>br</strong> />
Pais subdesenvolvido. E<<strong>br</strong> />
como aconteceu no México<<strong>br</strong> />
e na África, o Papa virá preo-<<strong>br</strong> />
cupado com a religião, é cer-<<strong>br</strong> />
to. Mas também estará muito<<strong>br</strong> />
atento à po<strong>br</strong>eza, a miséria<<strong>br</strong> />
ao desrespeito aos direitos<<strong>br</strong> />
humanos e continuará mos-<<strong>br</strong> />
trando que todos os homens<<strong>br</strong> />
têm o direito de se beneficia-<<strong>br</strong> />
rem dos bens da terra para<<strong>br</strong> />
terem uma vida digna.<<strong>br</strong> />
O QUE A VISITA SIGNI-<<strong>br</strong> />
FICA PARA O NOSSO<<strong>br</strong> />
SINDICALISMO ?<<strong>br</strong> />
Além de haver tomado nos<<strong>br</strong> />
últimos tempos posições<<strong>br</strong> />
francamente favoráveis aos<<strong>br</strong> />
trabalhadores rurais <strong>br</strong>asileiros,<<strong>br</strong> />
a Igreja no Brasil tem<<strong>br</strong> />
colaborado muito conosco,<<strong>br</strong> />
tendo dado um impulso<<strong>br</strong> />
enorme, ao lado de outras<<strong>br</strong> />
forças, para que o nosso sindicalismo<<strong>br</strong> />
se implantasse e se<<strong>br</strong> />
desenvolvesse. Hoje mesmo,<<strong>br</strong> />
ela tem uma entidade, chamada<<strong>br</strong> />
Comissão de Pastoral<<strong>br</strong> />
da Terra (CPT), que atua ao<<strong>br</strong> />
lado dos companheiros trabalhadores<<strong>br</strong> />
rurais posseiros e<<strong>br</strong> />
mesmo índios, na defesa das<<strong>br</strong> />
terras e tem apoiado muito o<<strong>br</strong> />
sindicalismo no seu esforço<<strong>br</strong> />
de renovação.<<strong>br</strong> />
É preciso lem<strong>br</strong>ar, no entanto,<<strong>br</strong> />
que embora a maior<<strong>br</strong> />
parte dos associados seja de<<strong>br</strong> />
católicos, temos também associados<<strong>br</strong> />
que são luteranos,<<strong>br</strong> />
metodistas, enfim, de outros<<strong>br</strong> />
credos, razão pela qual o Sindicato<<strong>br</strong> />
deve ser aberto a todos<<strong>br</strong> />
os pensamentos ( mesmo<<strong>br</strong> />
K<<strong>br</strong> />
aue a Diretoria nao concor-<<strong>br</strong> />
de), respeitar a vida particu-<<strong>br</strong> />
lar dos associados e os seus<<strong>br</strong> />
direitos. Sindicato é Sindica-<<strong>br</strong> />
to, religião é religião, partido<<strong>br</strong> />
é partido.<<strong>br</strong> />
A Igreja católica particu-<<strong>br</strong> />
larmente, tem colaborado<<strong>br</strong> />
Realidade Rural — Junho de 1980<<strong>br</strong> />
com o sindicalismo, sem de-<<strong>br</strong> />
sejar que sele se torne "fun-<<strong>br</strong> />
do de sacristia", dependente,<<strong>br</strong> />
mas apenas esperando um<<strong>br</strong> />
trabalho autêntico.<<strong>br</strong> />
E é por isso que para o<<strong>br</strong> />
nosso sindicalismo ( e não<<strong>br</strong> />
apenas para os católicos as-<<strong>br</strong> />
sociados) a visita do Papa é<<strong>br</strong> />
muito importante. Além do<<strong>br</strong> />
mais, ele é um homem bem<<strong>br</strong> />
informado, sabe das injusti-<<strong>br</strong> />
ças que os milhões de ho-<<strong>br</strong> />
mens de campo estão sofren-<<strong>br</strong> />
do da parte de uma minoria<<strong>br</strong> />
de tubarões desse País. E por<<strong>br</strong> />
isso ele virá levar a nós a sua<<strong>br</strong> />
solidariedade, como ele fe/<<strong>br</strong> />
com os índios e camponeses<<strong>br</strong> />
no México. E o Papa é um<<strong>br</strong> />
homem cuja opinião pesa<<strong>br</strong> />
muito entre os Governos das<<strong>br</strong> />
Nações.<<strong>br</strong> />
'O TRABALHADOR<<strong>br</strong> />
NÃO PRECISA <strong>DE</strong> ES-<<strong>br</strong> />
MOLAS E SIM <strong>DE</strong> UMA<<strong>br</strong> />
AJUDA EFICAZ"<<strong>br</strong> />
O México também é um<<strong>br</strong> />
País do Terceiro Mundo. É<<strong>br</strong> />
um país subdesenvolvido. E<<strong>br</strong> />
quando o Papa esteve lá,<<strong>br</strong> />
para participar de um encon-<<strong>br</strong> />
tro muito importante dos<<strong>br</strong> />
Bispos da América Latina no<<strong>br</strong> />
ano passado (Puebla), ele fa-<<strong>br</strong> />
lou aos índios e o que ele dis-<<strong>br</strong> />
se serve para nós, também.<<strong>br</strong> />
Disse o Papa que o traba-<<strong>br</strong> />
lhador está desconsolado e já<<strong>br</strong> />
não pode continuar a esperar<<strong>br</strong> />
que respeitem a sua dignida-<<strong>br</strong> />
de e que não lhe tirem o pou-<<strong>br</strong> />
co que eles têm. Já é hora do<<strong>br</strong> />
trabalhador receber o seu<<strong>br</strong> />
devido valor. Como disse o<<strong>br</strong> />
Papa, o trabalhador "tem di-<<strong>br</strong> />
reito a que sejam suprimidas<<strong>br</strong> />
as barreiras da exploração,<<strong>br</strong> />
feitas freqüentemente de<<strong>br</strong> />
egoismos intoleráveis e con-<<strong>br</strong> />
tra os quais se chocam seus<<strong>br</strong> />
melhores esforços de promo-<<strong>br</strong> />
ção".<<strong>br</strong> />
E foi bem claro mostrando<<strong>br</strong> />
que o valor a que o trabalha-<<strong>br</strong> />
dor tem direito não pode ser<<strong>br</strong> />
confundido com esmolas ou<<strong>br</strong> />
migalhas de justiça mas deve<<strong>br</strong> />
ser transformado em ajuda<<strong>br</strong> />
eficaz, que o ajude melhorar<<strong>br</strong> />
a vida e seu trabalho.<<strong>br</strong> />
E foi também no México<<strong>br</strong> />
que o Papa João Paulo II dis-<<strong>br</strong> />
se um negócio que ficou en-<<strong>br</strong> />
gasgado na garganta dos tu-<<strong>br</strong> />
barões. Disse ele lá que "ao<<strong>br</strong> />
direito de propriedade corres-<<strong>br</strong> />
ponde uma hipoteca social".<<strong>br</strong> />
Trocando em miúdos, ele<<strong>br</strong> />
disse que não é certo os lati-<<strong>br</strong> />
fundiários terem tanta terra.<<strong>br</strong> />
(^NOSSA POSÍCÃO^) Está começando a nossa campanha salarial<<strong>br</strong> />
AGORA É A NOSSA VEZ<<strong>br</strong> />
Estamos no início da nossa quinta<<strong>br</strong> />
campanha salarial. Pelo quinto ano, o<<strong>br</strong> />
Movimento Sindical dos Trabalhadores<<strong>br</strong> />
Rurais se mobiliza por melhores salá-<<strong>br</strong> />
rios e melhores condições de vida para<<strong>br</strong> />
o trabalhador rural.<<strong>br</strong> />
Ao nosso modo de ver, devemos ini-<<strong>br</strong> />
ciar essa campanha com muito otimis-<<strong>br</strong> />
mo. Não há razões para não haver oti-<<strong>br</strong> />
mismo. Afinal, mesmo que não tenha-<<strong>br</strong> />
mos conseguido, em nível de Federa-<<strong>br</strong> />
ção, nenhum acordo com os^ patrões<<strong>br</strong> />
da FAESP, o fato importante é que os •<<strong>br</strong> />
dissídios coletivos estão sendo levados<<strong>br</strong> />
a prática.O que os patrões nos negam<<strong>br</strong> />
na mesa de negociação, nós ganha-<<strong>br</strong> />
mos lá na prática.<<strong>br</strong> />
Pouco importa que eles fechem a<<strong>br</strong> />
cara e se recusem a dialogar conosco.<<strong>br</strong> />
E o início desta campanha salarial é<<strong>br</strong> />
um bom momento para trocarmos uma<<strong>br</strong> />
idéia so<strong>br</strong>e o momento <strong>br</strong>asileiro.<<strong>br</strong> />
Os entendidos sabem: quando o<<strong>br</strong> />
<strong>br</strong>aço e o suor do homem passa a ter<<strong>br</strong> />
menos valor do que o dinheiro, do que<<strong>br</strong> />
o luxo, do que os interesses dos ricos,<<strong>br</strong> />
aí então o que so<strong>br</strong>a é fome, atraso de<<strong>br</strong> />
vida, desentendimento.<<strong>br</strong> />
E é isso que está acontecendo no<<strong>br</strong> />
Brasil de hoje. O <strong>br</strong>aço do trabalhador,<<strong>br</strong> />
o seu suor, não tem nenhum valor, nem<<strong>br</strong> />
explorando-a mal. A terra é<<strong>br</strong> />
um bem de todos e tem que<<strong>br</strong> />
servir a todos. Ter terra e<<strong>br</strong> />
não usá-la em benefício de<<strong>br</strong> />
todos é, na verdade, um rou-<<strong>br</strong> />
bo que se comete contra os<<strong>br</strong> />
que não têm terra e querem<<strong>br</strong> />
viver honestamente do traba-<<strong>br</strong> />
lho na lavoura.<<strong>br</strong> />
HOJE O QUE É PRECI-<<strong>br</strong> />
SO É REFORMA AGRÁ-<<strong>br</strong> />
RIA MESMO.<<strong>br</strong> />
Depois do México, o Papa<<strong>br</strong> />
João Paulo II fez um pronun-<<strong>br</strong> />
ciamento que foi muito co-<<strong>br</strong> />
mentado em todo o mundo.<<strong>br</strong> />
Foi quando houve a "Confe-<<strong>br</strong> />
rência Mundial so<strong>br</strong>e Refor-<<strong>br</strong> />
ma Agrária e Desenvolvi-<<strong>br</strong> />
mento Rural", em julho do<<strong>br</strong> />
ano passado, em Roma.<<strong>br</strong> />
Houve uma audiência com o<<strong>br</strong> />
Papa, da qual participaram<<strong>br</strong> />
de um lado, contente, o pre-<<strong>br</strong> />
sidente da nossa CONTAG,<<strong>br</strong> />
José Francisco da Silva, e de<<strong>br</strong> />
outro lado, de cara amarra-<<strong>br</strong> />
da, o então Ministro da Agri-<<strong>br</strong> />
cultura, Delfim Netlo, e o<<strong>br</strong> />
Presidente da Incra. Paulo<<strong>br</strong> />
Yokota ( que são contra a<<strong>br</strong> />
Reforma Agrária).<<strong>br</strong> />
O Papa, durante a audiên-<<strong>br</strong> />
cia, disse umas boas aejuem<<strong>br</strong> />
é contra a Reforma Agraria e<<strong>br</strong> />
contra o trabalhador rural<<strong>br</strong> />
(como Delfim e Yokota).<<strong>br</strong> />
Disse êle; "No Estado atual<<strong>br</strong> />
das coisas, dentro de cada<<strong>br</strong> />
País, tem-se que prever uma<<strong>br</strong> />
Reforma Agrária que impli-<<strong>br</strong> />
que numa re<strong>org</strong>anização da<<strong>br</strong> />
propriedade das terras e a<<strong>br</strong> />
distribuição do terreno pro-<<strong>br</strong> />
dutivo aos lavradores, de for-<<strong>br</strong> />
ma estável e com usufruto di-<<strong>br</strong> />
reto".<<strong>br</strong> />
Quer dizer: é preciso ocu-<<strong>br</strong> />
par os economistas desocu-<<strong>br</strong> />
pados para fazer a Reforma<<strong>br</strong> />
Agrária e ocupar os agrôno-<<strong>br</strong> />
mos desocupados para dar<<strong>br</strong> />
assistência técnica e uma<<strong>br</strong> />
verdadeira extensão rural a<<strong>br</strong> />
quem não tem terra a quem<<strong>br</strong> />
poderia produzir mais com a<<strong>br</strong> />
terra que tem. Há quem diga<<strong>br</strong> />
que Delfim e Yokota deram<<strong>br</strong> />
uma engasgada...<<strong>br</strong> />
Ao contrário de ficar fa-<<strong>br</strong> />
lando aue a solução é a ele-<<strong>br</strong> />
vação da produção e da pro-<<strong>br</strong> />
dutividade, como se fala lá<<strong>br</strong> />
nos gabinetes confortáveis<<strong>br</strong> />
de Brasília, o Papa falou é da<<strong>br</strong> />
necessidade da elevação hu-<<strong>br</strong> />
para o pessoal dó Governo, nem para<<strong>br</strong> />
os donos e administradores das<<strong>br</strong> />
'empresas, e para os fazendeiros.<<strong>br</strong> />
Para o Governo e para os fazendei-<<strong>br</strong> />
ros, quanto mais trabalhadores estive-<<strong>br</strong> />
rem na filado emprego, melhor. Assim<<strong>br</strong> />
os salários ficarão mais baixos.<<strong>br</strong> />
Mas não é bem assim. Essa inflação<<strong>br</strong> />
elevada, esses preços que ficaram lou-<<strong>br</strong> />
cos, esse desemprego, tudo isso é"<<strong>br</strong> />
consequênca do desprezo pelo traba-<<strong>br</strong> />
lho. Tem muita gente grande e impor-<<strong>br</strong> />
tante nesse País que prefere ganhar<<strong>br</strong> />
fortunas na moleza, com a especula-<<strong>br</strong> />
ção, do que valorizando o ganho<<strong>br</strong> />
honesto, aquele que vem do trabalho e<<strong>br</strong> />
do suor. E quando não se planta trigo,<<strong>br</strong> />
não se tem farinha para o pão...<<strong>br</strong> />
Para nós, trabalhadores rurais, que<<strong>br</strong> />
estamos começando em São Paulo<<strong>br</strong> />
mais uma campanha salarial, é impor-<<strong>br</strong> />
tante essa idéia. O trabalhador <strong>br</strong>asilei-<<strong>br</strong> />
ro, afinal, não pode aceitar essa ten-<<strong>br</strong> />
dência de aumentarem as filas dos<<strong>br</strong> />
homens em busca de emprego, quan-<<strong>br</strong> />
do se fosse feita uma Reforma Agrária<<strong>br</strong> />
e outras mudanças nesse País, haveria<<strong>br</strong> />
emprego de so<strong>br</strong>a e ótimos salários. É<<strong>br</strong> />
preciso acabar com essa história de<<strong>br</strong> />
ganhar fortunas na moleza e tirar o pão<<strong>br</strong> />
mana das populações agrícolas<<strong>br</strong> />
em consonância com o di-<<strong>br</strong> />
reito ao crescimento da vida<<strong>br</strong> />
individual e coletiva da po-<<strong>br</strong> />
pulação rural.<<strong>br</strong> />
Também tem Ministro lá<<strong>br</strong> />
em Brasília que fica falando<<strong>br</strong> />
em classe média rural, es-<<strong>br</strong> />
quecendo que a maioria é<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>e mesmo. Ao contrário,<<strong>br</strong> />
o Papa recomendou "refor-<<strong>br</strong> />
mas para reduzir as distâncias<<strong>br</strong> />
entre a prosperidade dos ricos<<strong>br</strong> />
e a siquietante riqueza dos<<strong>br</strong> />
po<strong>br</strong>es".<<strong>br</strong> />
A TERRA NÃO É UMA<<strong>br</strong> />
FÁBRICA DF COMIDA:<<strong>br</strong> />
É NATUREZA. QUE O<<strong>br</strong> />
LAVRADOR ENTEN<strong>DE</strong>.<<strong>br</strong> />
João Paulo II falou da im-<<strong>br</strong> />
portância do associativismo<<strong>br</strong> />
no campo, recomendando<<strong>br</strong> />
que ele dê mais atenção ao<<strong>br</strong> />
jovem e à mulher, para<<strong>br</strong> />
mantê-los no campo e evitar<<strong>br</strong> />
um excessivo êxodo rural,<<strong>br</strong> />
porque na cidade faltam em-<<strong>br</strong> />
pregos. Vejam o que ele dis-<<strong>br</strong> />
se:<<strong>br</strong> />
— Urge que se concreti/e o<<strong>br</strong> />
objetivo do direito ao traba-<<strong>br</strong> />
lho, com todos os pressupos-<<strong>br</strong> />
tos requeridos para ampliar<<strong>br</strong> />
as possibilidades de absorção<<strong>br</strong> />
OPINIÃO <strong>DE</strong><<strong>br</strong> />
CABOCLO<<strong>br</strong> />
Há muitos modos de se<<strong>br</strong> />
agredir alguém.<<strong>br</strong> />
Por cima. por baixo, pela<<strong>br</strong> />
frente, pelas costas, por den-<<strong>br</strong> />
tro, por fora. pelos lados e<<strong>br</strong> />
até pelo pensamento.<<strong>br</strong> />
A ilha é um pedaço de ter-<<strong>br</strong> />
ra cercada de água por to-<<strong>br</strong> />
dos os lados.<<strong>br</strong> />
O trabalhador rural tam-<<strong>br</strong> />
bém é uma ilha.<<strong>br</strong> />
Ilha sim. compadre, por-<<strong>br</strong> />
que de todos os lados, ele es-<<strong>br</strong> />
tá cercado de agressão.<<strong>br</strong> />
O caminhão de bóia-fria<<strong>br</strong> />
agredido pelo caminhão de<<strong>br</strong> />
bois. como ocorreu , há pou-<<strong>br</strong> />
co, em Presidente Vences-<<strong>br</strong> />
lau.<<strong>br</strong> />
A lavoura invadida, quan-<<strong>br</strong> />
da grande quantidade de<<strong>br</strong> />
mão-de-o<strong>br</strong>a agrícola dispo-<<strong>br</strong> />
nível e reduzir o desempre-<<strong>br</strong> />
go. Ao mesmo tempo, fazer<<strong>br</strong> />
com que os trabalhadores as-<<strong>br</strong> />
sumam uma atitude de res-<<strong>br</strong> />
ponsabilidade no funciona-<<strong>br</strong> />
mento dos estabelecimentos<<strong>br</strong> />
agrícolas, a fim de criar, tam-<<strong>br</strong> />
bém, o quanto seja possível,<<strong>br</strong> />
uma relação particular entre<<strong>br</strong> />
o trabalhador da terra e a<<strong>br</strong> />
terra que ele trabalha.<<strong>br</strong> />
Em outras palavras, o agri-<<strong>br</strong> />
cultor não planta apenas<<strong>br</strong> />
para sustentar a sua família,<<strong>br</strong> />
mas também porque se sente<<strong>br</strong> />
bem com a terra. E isso deve<<strong>br</strong> />
continuar.<<strong>br</strong> />
A BASE <strong>DE</strong> UMA ECO-<<strong>br</strong> />
NOMIA SADIA É A<<strong>br</strong> />
AGRICULTURA. NÃO A<<strong>br</strong> />
INDUSTRIA.<<strong>br</strong> />
Para quem acha, enfim,<<strong>br</strong> />
que João Paulo II é de ficar<<strong>br</strong> />
aceitando soluções tapa-<<strong>br</strong> />
buracos, é útil, por fim<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ar que ele também<<strong>br</strong> />
como Paulo VI que dizia ser<<strong>br</strong> />
necessário "exigir transfor-<<strong>br</strong> />
mações audaciosas, profunda-<<strong>br</strong> />
mente inovadoras" no desen-<<strong>br</strong> />
volvimento dos povos. (Será<<strong>br</strong> />
da boca dos que trabalham honesta-<<strong>br</strong> />
mente.<<strong>br</strong> />
As campanhas salariais vem sendo<<strong>br</strong> />
importantíssimas para a nossa categoria<<strong>br</strong> />
porque os assalariados e volantes, de<<strong>br</strong> />
modo particular, que vivem de salários,<<strong>br</strong> />
acabam desco<strong>br</strong>indo que eles não são<<strong>br</strong> />
escravos, mas cidadãos com igual<<strong>br</strong> />
importância e iguais direitos aos gran-<<strong>br</strong> />
des, aos tubarões. Acabam des-<<strong>br</strong> />
co<strong>br</strong>indo que o que vem de cima é<<strong>br</strong> />
chuva, granizo, faíscas. Não vale a<<strong>br</strong> />
pena esperar pelo que vem de cima,<<strong>br</strong> />
seja de Governo ou dos patrões. Eles<<strong>br</strong> />
se dão conta de que a vida nasce de<<strong>br</strong> />
baixo para cima. Cada trabalhador uni-<<strong>br</strong> />
do dá ao Sindicato uma força de <strong>br</strong>iga<<strong>br</strong> />
muito maior. E é assim que os nossos<<strong>br</strong> />
companheiros desco<strong>br</strong>em que embora<<strong>br</strong> />
não consigam forças os patrões a<<strong>br</strong> />
darem aumentos maiores do que<<strong>br</strong> />
aqueles que o Governo acaba fixando,<<strong>br</strong> />
os trabalhadores podem conseguir<<strong>br</strong> />
indenizações maiores, podem conse-<<strong>br</strong> />
guir melhores condições de trabalho,<<strong>br</strong> />
podem <strong>br</strong>igar pela fiscalização do<<strong>br</strong> />
Ministro do Trabalho.<<strong>br</strong> />
Estamos avançando, não há dúvi-<<strong>br</strong> />
das. E muito, graças à firmeza dos Sin-<<strong>br</strong> />
dicatos.<<strong>br</strong> />
FETAESP<<strong>br</strong> />
que o ITR seria uma "solu-<<strong>br</strong> />
ção audaciosa"?).<<strong>br</strong> />
João Paulo II também se<<strong>br</strong> />
dirigiu aos Governos das na-<<strong>br</strong> />
ções, recomendando a eles,<<strong>br</strong> />
que, à luz de problemas tão<<strong>br</strong> />
graves nos países subdesen-<<strong>br</strong> />
volvidos, esses Governos de-<<strong>br</strong> />
volvam "à agricultura o lugar<<strong>br</strong> />
que lhe cabe no âmbito do<<strong>br</strong> />
desenvolvimento interno e<<strong>br</strong> />
internacional, modificando a<<strong>br</strong> />
tendência que, num processo<<strong>br</strong> />
de industrialização, tem leva-<<strong>br</strong> />
do, até tempos recentes, a<<strong>br</strong> />
privilegiar os setores secun-<<strong>br</strong> />
dário ( indústria) e tercíário<<strong>br</strong> />
(serviços).<<strong>br</strong> />
E para mostrar que ele<<strong>br</strong> />
sabe ver muito bem os<<strong>br</strong> />
problemas da cidade e do<<strong>br</strong> />
campo, João Paulo II con-<<strong>br</strong> />
cluiu, esclarecendo:<<strong>br</strong> />
- O amor pela terra e pelo<<strong>br</strong> />
trabalho do campo é um con-<<strong>br</strong> />
vite não a uma volta nostálgi-<<strong>br</strong> />
ca ao passado, mas a uma<<strong>br</strong> />
afirmação da agricultura<<strong>br</strong> />
como base de uma econo-<<strong>br</strong> />
mia sadia, no conjunto do<<strong>br</strong> />
desenvolvimento e do pro-<<strong>br</strong> />
gresso social de um País e do<<strong>br</strong> />
mundo.<<strong>br</strong> />
Tomara que o pessoal de<<strong>br</strong> />
Brasília, que toma decisões,<<strong>br</strong> />
que nos dizem respeito, sem<<strong>br</strong> />
nos consultar, reflita um<<strong>br</strong> />
pouco nisso...<<strong>br</strong> />
A ilha da agressão<<strong>br</strong> />
Sf^V.<<strong>br</strong> />
do não substituída pelo mes-<<strong>br</strong> />
mo gado.<<strong>br</strong> />
Os chamados defensivos.<<strong>br</strong> />
Mercúrio, por exemplo, ata-<<strong>br</strong> />
cando por dentro e por fora.<<strong>br</strong> />
A ecologia pisada.<<strong>br</strong> />
A lei desrespeitada.<<strong>br</strong> />
A justiça emperrada.<<strong>br</strong> />
Eleição adiada.<<strong>br</strong> />
Aperreado está o trabalha-<<strong>br</strong> />
dor, no meio de tanta agres-<<strong>br</strong> />
sã>.<<strong>br</strong> />
Diálogo com patrão, quase<<strong>br</strong> />
não existe.<<strong>br</strong> />
E o silêncio lambem é uma<<strong>br</strong> />
forma de agressão.<<strong>br</strong> />
Vamos nos defender, com-<<strong>br</strong> />
padre?<<strong>br</strong> />
Assim não dá: estamos<<strong>br</strong> />
cercados por todos os lados.<<strong>br</strong> />
Será que não há salda?<<strong>br</strong> />
J.F.N.<<strong>br</strong> />
Pig.3