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Rua Ramiro Barcelos, 892 Centro – Santa Cruz do ... - Dom Alberto

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<strong>Rua</strong> <strong>Ramiro</strong> <strong>Barcelos</strong>, <strong>892</strong><br />

<strong>Centro</strong> <strong>–</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul<br />

e-mail: novoshorizontes@<strong>do</strong>malberto.edu.br<br />

5


R454 Revista Novos Horizontes / Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>. v.1,<br />

n.6 (jul. 2010) - <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul: GrupoSet<br />

Gráfica e Editora Ltda., 2006.<br />

286p<br />

Semestral<br />

ISSN 1981-3805<br />

1. Administração - Periódicos. 2. Ciências Contábeis -<br />

Periódicos. I. Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

6<br />

CDU 657:658(051)<br />

Ficha Catalográfica elaborada por Lizamar da Silva Lopes Macha<strong>do</strong><br />

(CRB9/1274)


NOVOS HORIZONTES<br />

Revista da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong><br />

Direção Geral<br />

Lucas Jost<br />

Coordenação <strong>do</strong> Curso de Administração<br />

Elvis Silveira Martins<br />

Coordenação <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis<br />

Vinícius Costa da Silva Zonatto<br />

Coordenação <strong>do</strong> Curso de Direito<br />

Luiz Vergilio Dalla-Rosa<br />

Karinne Emanuela Goettems <strong>do</strong>s Santos<br />

Coordenação de Pós-graduação<br />

Ana Paula Teixeira Porto<br />

Coordenação de Iniciação Científica, Extensão e Estágios<br />

Luana Teixeira Porto<br />

Conselho editorial e organização da revista<br />

Ana Paula Teixeira Porto<br />

Luana Teixeira Porto<br />

Impressão<br />

GrupoSet Gráfica e Editora Ltda.<br />

Contato:<br />

Revista Novos Horizontes <strong>–</strong> Conselho Editorial<br />

<strong>Rua</strong> <strong>Ramiro</strong> <strong>Barcelos</strong>, <strong>892</strong><br />

<strong>Centro</strong> <strong>–</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul<br />

e-mail: novoshorizontes@<strong>do</strong>malberto.edu.br<br />

7


APRESENTAÇÃO<br />

O conhecimento científico, produzi<strong>do</strong> especialmente nos círcu-<br />

los universitários, precisa estar acessível à população para que esta<br />

possa usufruir das novas descobertas, conhecer atuais paradigmas e<br />

novas práticas que permitam a atualização <strong>do</strong> saber. Toman<strong>do</strong> para si<br />

o papel de divulga<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> conhecimento produzi<strong>do</strong> por especialistas<br />

e pesquisa<strong>do</strong>res na área de Ciências Sociais, o sexto número da Revista<br />

Novos Horizontes chega à comunidade com padrão de qualidade<br />

que garante novamente um debate aprofunda<strong>do</strong> sobre temáticas importantes<br />

no cenário deste século.<br />

Na edição deste volume, a Revista Novos Horizontes apresenta<br />

reflexões científicas nas áreas de Administração e Ciências Contábeis,<br />

produzidas por alunos e professores da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

Os dezoito artigos contemplam abordagens atuais acerca de questões-chave<br />

discutidas no universo contábil e empresarial e mostram<br />

possibilidades de resolução de problemas. Também revelam sugestões<br />

para alavancar os projetos das organizações investigadas.<br />

Com temas heterogêneos, que variam da análise da satisfação<br />

de cliente, passan<strong>do</strong> pelo exame de sistema integra<strong>do</strong> de gestão e<br />

realizan<strong>do</strong> apreciação sobre a viabilidade de um empreendimento, os<br />

trabalhos refletem acerca da realidade de micro, pequena e/ou grande<br />

empresa, constituin<strong>do</strong>-se como fonte de informação e conhecimento<br />

para aqueles que buscam atualização.<br />

9


SUMÁRIO<br />

FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL<br />

PARA MICRO E PEQUENA EMPRESA: ESTUDO DE CASO<br />

Alessandra Regert<br />

Carina Inês Panke da Silva<br />

___________________________________________________________ 15<br />

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA<br />

MUDANÇA DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO DE UMA EMPRESA<br />

COMERCIAL DO RAMO CALÇADISTA<br />

Alesandra Eichler<br />

Vinícius Costa da Silva Zonatto<br />

___________________________________________________________ 29<br />

ESTUDO DE CASO SOBRE MARKETING DE RELACIONAMENTO COM<br />

CLIENTES PESSOA JURÍDICA DO BANCO ALFA<br />

Angélica Mallmann<br />

Leticia Lengler<br />

___________________________________________________________ 43<br />

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO:<br />

UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE SEMENTES<br />

Anísia Fernanda Meyer<br />

Daniel Bartz<br />

___________________________________________________________ 59<br />

LOJA JUDI: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A SATISFAÇÃO DE CLIENTES<br />

Carla Viviane <strong>do</strong>s Santos<br />

Angela Kelber-Simpson<br />

___________________________________________________________ 75<br />

AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS APLICADA A UM PEQUENO NEGÓCIO<br />

Cássia Fabine Linch<br />

Rodrigo da Silveira Kappel<br />

___________________________________________________________ 89<br />

11


HORAS EXTRAS E SEUS REFLEXOS - ANÁLISE DO CONTADOR NA<br />

FORMA DE TRABALHO PERICIAL<br />

Daiane Andréia Kloh<br />

Aline Gauer<br />

___________________________________________________________ 105<br />

ESTRATÉGIAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DESTINADOS<br />

AO CRÉDITO RURAL EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO<br />

Débora Batista Rael<br />

Daniel Bartz<br />

___________________________________________________________ 117<br />

ALFA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: UMA PESQUISA BUSCANDO<br />

IDENTIFICAR OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO PROGRAMA DA<br />

CASA PRÓPRIA<br />

Deize Virginia Schuster<br />

Elvis Silveira Martins<br />

Vilsiane Aparecida Leonardi<br />

___________________________________________________________ 131<br />

PROMOÇÃO VERSUS IMPACTO NO CONSUMIDOR: UM ESTUDO DE<br />

CASO EM UM EMPREENDIMENTO SUPERMERCADISTA<br />

Eliane Ebert Mielke<br />

Elvis Silveira Martins<br />

Vilsiane Aparecida Leonardi<br />

___________________________________________________________ 149<br />

ÓTICA E JOALHEIRA APOLO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O ÍNDICE<br />

DE SATISFAÇÃO DOS CLIENTES<br />

Fabiane da Silveira Silveira<br />

Angela Kelber-Simpson<br />

___________________________________________________________ 163<br />

APLICAÇÃO DO MÉTODO DE UNIDADE DE ESFORÇO DE PRODUÇÃO<br />

(UEP) NA DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS DE RECICLAGEM DE<br />

EMBALAGENS PLÁSTICAS<br />

Fabiano Brixner Correa Soares<br />

Vinícius Costa da Silva Zonatto<br />

___________________________________________________________ 177<br />

12


ECONOMIA CRIATIVA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NA<br />

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE A OKTOBERFEST<br />

José Henrique Lopes<br />

Claudia Marques<br />

___________________________________________________________ 193<br />

ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />

LOJA DE CONVENIÊNCIAS EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS<br />

Ligia Tatsch Unfer<br />

Daniel Bartz<br />

___________________________________________________________ 207<br />

ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS NA SECRETARIA MUNICIPAL DE<br />

SAÚDE DE SANTA CRUZ DO SUL: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS APÓS<br />

ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA FÍSICA EM 2008<br />

Marcio Vinicius Scheibler<br />

Letícia Schramm Arend<br />

___________________________________________________________ 223<br />

ESTUDO SOBRE O PERFIL DE PERITOS CONTADORES NO RIO GRANDE<br />

DO SUL<br />

Marta Feldmann<br />

Aline Gauer<br />

___________________________________________________________ 237<br />

REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA E CONCESSÃO DE CRÉDITO E OS<br />

ÍNDICES DE INADIMPLÊNCIA: UM ESTUDO DE CASO NA ALFA<br />

Nilton Janir Butzke<br />

Rodrigo da Silveira Kappel<br />

___________________________________________________________ 251<br />

UTILIZAÇÃO DA PESQUISA DE MERCADO COMO INSTRUMENTO DE<br />

GESTÃO PARA O INCREMENTO DAS VENDAS: UM ESTUDO DE CASO<br />

Patrinês Aparecida França Zonatto<br />

Elvis Silveira Martins<br />

Vilsiane Aparecida Leonardi<br />

___________________________________________________________ 265<br />

NORMAS DA REVISTA ________________________________________ 283<br />

13


FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL<br />

PARA MICRO E PEQUENA EMPRESA: ESTUDO DE CASO<br />

RESUMO<br />

15<br />

Alessandra Regert 1<br />

Carina Inês Panke da Silva 2<br />

O bom planejamento de uma empresa é essencial para sua sobrevivência<br />

num merca<strong>do</strong> que está se tornan<strong>do</strong> cada vez mais competitivo e seus clientes<br />

mais exigentes. O fluxo de caixa, quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> em micro e pequenas<br />

empresas, auxilia-as a tornar-se mais organizada, gerar maiores lucros e desenvolver<br />

estratégias para se manter no merca<strong>do</strong>. O trabalho objetiva identificar<br />

quais os entraves encontra<strong>do</strong>s pelos gestores de uma micro-empresa <strong>do</strong><br />

setor de flores e sugerir ferramentas simples para melhor organização desta.<br />

A meto<strong>do</strong>logia usada foram visitas à empresa e entrevistas com os proprietários,<br />

através da qual se pôde constatar que o fluxo de caixa seria muito útil<br />

para a organização das finanças desta empresa, uma vez que foi observa<strong>do</strong><br />

que os proprietários não possuem nenhum controle gerencial neste senti<strong>do</strong>.<br />

Palavras-chave: Fluxo de caixa, Estratégia, Organização<br />

ABSTRACT<br />

Good planning is essential for a company to survive in a market that is becoming<br />

increasingly competitive and customers more demanding. Cash flow,<br />

when applied in micro and small enterprises, helping them to become more<br />

organized, generate greater profits and develop strategies to stay on the market.<br />

The study aims to identify the obstacles faced by managers of a micro-<br />

-enterprise sector of flowers and suggest simple tools for better organization<br />

of this. The metho<strong>do</strong>logy included visits to the company and interviews with<br />

owners, through which one could see that cash flow would be very useful to<br />

organize the finances of this company since it was observed that the owners<br />

have no management control in this sense.<br />

Key-words: Cash flow, Strategy, Organization<br />

1 Acadêmica <strong>do</strong> Curso de Administração.<br />

2 Docente da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong> e orienta<strong>do</strong>ra da pesquisa.


1 Introdução<br />

Para uma empresa se manter no merca<strong>do</strong>, deve ficar atenta a vários<br />

fatores, como: a concorrência, o ambiente em que estão inseri<strong>do</strong>s, seus<br />

clientes, sem esquecer um planejamento estrategicamente elabora<strong>do</strong>, que é<br />

de fundamental importância para qualquer ramo de negócio, pois este auxilia<br />

os investi<strong>do</strong>res a saberem a situação da empresa, seus objetivos, e com isto,<br />

captar recursos para alcançar suas metas.<br />

Desta forma, uma empresa de pequeno porte requer uma organização<br />

financeira, de mo<strong>do</strong> que um fluxo de caixa pode ajudar muito a mostrar<br />

claramente no que a empresa está ganhan<strong>do</strong> e no que tem investi<strong>do</strong>, e revelar<br />

como está a situação financeira da empresa, ou seja, possibilitan<strong>do</strong> aos<br />

gestores terem conhecimento sobre seus gastos e quais as origens <strong>do</strong> capital<br />

da empresa.<br />

Com base nesse contexto, o problema desta pesquisa consiste em<br />

identificar quais são os entraves encontra<strong>do</strong>s pelos gestores na organização<br />

empresarial da Floricultura X, objetivan<strong>do</strong> discutir quais as ferramentas que<br />

possam de forma simples e prática, vir auxiliar na gestão de micro e pequenas<br />

empresas <strong>do</strong> ramo de venda de flores e da prestação de serviço de<br />

jardinagem.<br />

Objetiva-se ainda, após identificar quais são os principais problemas<br />

administrativos encontra<strong>do</strong>s na empresa, elaborar um roteiro para a solução<br />

destes e demonstrar as vantagens dessa melhor organização da empresa.<br />

Este trabalho se justifica pelo fato de que a empresa já está atuan<strong>do</strong><br />

no merca<strong>do</strong> de flores desde 2005 e ainda não possuir nenhuma ferramenta<br />

que a oriente, que auxilie os proprietários e funcionários a colaborarem com<br />

o crescimento da empresa no setor, mostran<strong>do</strong> o quão importante é ter um<br />

planejamento.<br />

2 Revisão de literatura<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que o trabalho objetiva identificar os entraves que<br />

impedem o crescimento da empresa e discutir quais as melhores ferramentas<br />

a serem empregadas para a solução destes problemas, alguns assuntos<br />

são essenciais para serem explora<strong>do</strong>s mais a fun<strong>do</strong>. Temas que tornam esse<br />

assunto relevante, como a descrição sobre organizações, ambiente organizacional,<br />

cultura organizacional, clima organizacional e a estratégia, com descrição<br />

detalhada da empresa e <strong>do</strong>s pontos considera<strong>do</strong>s mais importantes<br />

para a Floricultura em questão.<br />

16


2.1 Organização e ambiente organizacional<br />

Segun<strong>do</strong> Maximiano (2000, p.91) “uma organização é um sistema de<br />

recursos que procura realizar objetivos ou conjunto de objetivos”. Isso significa<br />

que para que se alcancem os objetivos é necessário o empenho de to<strong>do</strong>s.<br />

Complementan<strong>do</strong> a definição de organizações, Dias, Zavaglia e Cassar<br />

(2003, p. 16) afirmam que as “organizações são instituições com finalidades<br />

determinadas, que ganham eficácia a partir <strong>do</strong> momento em que se<br />

concentram em sua missão”.<br />

Dentro das organizações, encontram-se outros pontos relevantes<br />

para o bom desempenho das empresas. Um deles é o ambiente que se forma<br />

dentro das empresas, chama<strong>do</strong> de ambiente organizacional.<br />

De acor<strong>do</strong> com Certo (2005, p. 24) “o ambiente é o conjunto de to<strong>do</strong>s<br />

os fatores, tanto internos como externos, que podem influenciar progresso<br />

obti<strong>do</strong> por meio da realização <strong>do</strong>s objetivos”.<br />

Desta forma, o ambiente organizacional é compreendi<strong>do</strong> não apenas<br />

pelos elementos formais, <strong>do</strong> que se vê e sabe a respeito da organização,<br />

como os objetivos, a estrutura, tecnologia, recursos, entre outros, mas existem<br />

os elementos informais, ocultos, como a cultura e o clima organizacional.<br />

Qualquer empresa tem suas normas informais de conduta, que podem<br />

coincidir ou conflitar com as normas oficiais da organização. Para Maximiano<br />

(2000, p. 107) “as normas de conduta representam um <strong>do</strong>s elementos<br />

mais importantes da cultura organizacional, que compreende também os<br />

valores, rituais, crenças, hábitos e outros condicionantes <strong>do</strong> comportamento<br />

das pessoas”.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, Dias, Zavaglia e Cassar (2003) também afirmam que<br />

a cultura organizacional está relacionada com os valores e crenças que são<br />

pratica<strong>do</strong>s pela empresa e tem grande influência na implantação de uma<br />

nova estratégia.<br />

Sen<strong>do</strong> a cultura organizacional responsável por alguns comportamentos<br />

e atitudes dentro da empresa, o clima organizacional reflete o empenho<br />

e dedicação que os colabora<strong>do</strong>res terão dentro da empresa, o que está<br />

diretamente relaciona<strong>do</strong> com a cultura desta.<br />

Da mesma forma, Maximiano (2000, p. 107) diz que “o clima é representa<strong>do</strong><br />

pelos conceitos e sentimentos que as pessoas partilham a respeito<br />

da organização e que afetam de maneira positiva ou negativa sua satisfação<br />

e motivação para o trabalho”.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, caso não haja um clima organizacional agradável aos<br />

colabora<strong>do</strong>res, é muito provável que estes se sintam desmotiva<strong>do</strong>s para enfrentar<br />

os desafios propostos pelo merca<strong>do</strong>.<br />

17


2.2 Estratégia e planejamento estratégico<br />

O termo Estratégia começou a ser usa<strong>do</strong> nas guerras pelas organizações<br />

militares como forma de planejar o melhor méto<strong>do</strong> de ataque ao<br />

inimigo, o objetivo da estratégia era a vitória.<br />

Segun<strong>do</strong> Maximiano (2007, p. 161) “A estratégia é o meio (ou o<br />

conjunto <strong>do</strong>s meios) para alcançar um fim (ou objetivo), que é a vitória<br />

sobre um oponente”. Ainda com relação à estratégia, Oliveira (2001, p.<br />

25) afirma que:<br />

A estratégia está relacionada à arte de utilizar adequadamente<br />

os recursos tecnológicos, físicos, financeiros e humanos, ten<strong>do</strong><br />

em vista a minimização <strong>do</strong>s problemas e a maximização <strong>do</strong> uso<br />

das oportunidades identificadas no ambiente da empresa.<br />

Segun<strong>do</strong> Maximiano (2000, p. 203) “planejamento estratégico é o<br />

processo de elaborar uma estratégia, com base na análise <strong>do</strong> ambiente e<br />

nos sistemas internos da organização. É o processo que compreende planejamento,<br />

implementação e controle da execução da estratégia”.<br />

É importante salientar que este processo precisa ser sempre atualiza<strong>do</strong>.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, Certo (2005, p. 4) destaca que “o processo de administração<br />

estratégica é contínuo <strong>–</strong> inicia-se fora da organização e des<strong>do</strong>bra-se<br />

dentro dela”. Este afirma ainda que o processo é cíclico, assim que se termina<br />

a última etapa, deve-se reiniciar a primeira.<br />

Para Kotler (2003, p.33) o planejamento “leva a uma melhor coordenação<br />

de seus esforços e oferece padrões de desempenho mais claros para<br />

o controle”.<br />

A empresa que possui uma estratégia e um bom planejamento para<br />

a execução desta tem maiores chances de se tornar competitiva no merca<strong>do</strong>,<br />

já que este muda constantemente e exige este planejamento e preparação<br />

<strong>do</strong>s gestores.<br />

2.3 Organização e Planejamento<br />

Para que uma empresa se estabeleça firmemente em um merca<strong>do</strong>,<br />

é necessário que esteja bem organizada pelos gestores para que se saiba<br />

quais os caminhos que devem ser seguir. Necessita também, de um bom<br />

planejamento, onde pode prever possíveis dificuldades a ser enfrentadas e já<br />

ter em mente as possíveis soluções para estes problemas.<br />

O conceito de planejamento é da<strong>do</strong> por Oliveira (2007, p. 4) como<br />

“um processo desenvolvi<strong>do</strong> para o alcance de uma situação futura desejada,<br />

18


de mo<strong>do</strong> mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços<br />

e recursos pela empresa”.<br />

Para o alcance da situação desejada, é preciso planejar e decidir<br />

onde a empresa vai concentrar seus recursos, portanto é importante que a<br />

empresa se organize de forma que consiga prever problemas futuros e já<br />

estudar alternativas de solução para estes.<br />

Algumas ferramentas para auxiliar na organização de micro e pequenas<br />

empresas são descritas a seguir.<br />

2.3.1 Plano de negócios<br />

Um plano de negócios é um <strong>do</strong>cumento onde se explica em detalhes<br />

o negócio que se quer iniciar ou que já foi inicia<strong>do</strong>. É um <strong>do</strong>cumento em que<br />

se têm informações sobre a empresa, seus objetivos e metas a serem alcançadas.<br />

No plano de negócios, a empresa é descrita e apresentada aos seus<br />

fornece<strong>do</strong>res, clientes, emprega<strong>do</strong>s, parceiros e qualquer outro interessa<strong>do</strong><br />

na empresa. É uma definição de um conjunto de metas, o motivo de se ter<br />

essas metas e o planejamento para o alcance destas.<br />

Como serve para auxiliar no negócio, Hashimoto (2010) explica que<br />

um plano de negócios é “um guia para garantir que o empreende<strong>do</strong>r não<br />

tenha se esqueci<strong>do</strong> de questões importantes e estratégicas que farão a diferença<br />

no seu negócio”.<br />

Segun<strong>do</strong> Biagio e Batocchio (2005, p. 3) o plano de negócios:<br />

É a primeira incursão da empresa em planejamento estratégico<br />

e também pode ser feito por uma pequena empresa, poden<strong>do</strong><br />

ser vital para esta, pois uma pequena empresa raramente dispõe<br />

de recursos para se recuperar de eventuais erros.<br />

Também é no plano de negócios que se faz a previsão de possíveis<br />

problemas futuros e suas possíveis soluções, onde se identifica as<br />

principais oportunidades e vantagens de se continuar neste determina<strong>do</strong><br />

negócio.<br />

Para Biagio e Batocchio (2005, p. 3) a importância <strong>do</strong> plano de<br />

negócios está no fato de que este “determina uma linha central de atuação<br />

da empresa [...] servin<strong>do</strong> como um excelente guia na tomada de decisões”.<br />

Segun<strong>do</strong> o SEBRAE (2010), o roteiro para a elaboração de um plano<br />

de negócios consiste em alguns passos brevemente descritos.<br />

19


QUADRO 1 <strong>–</strong> Roteiro para elaboração de um plano de negócios<br />

Sumário executivo<br />

Descrição da<br />

empresa<br />

Produtos e serviços<br />

Estrutura<br />

organizacional<br />

Plano de marketing<br />

Plano operacional<br />

Estrutura de<br />

capitalização<br />

Plano financeiro<br />

20<br />

Características<br />

Deve conter os pontos principais e mais interessantes <strong>do</strong><br />

plano.<br />

Contém um sumário da empresa, seu modelo de negócio,<br />

sua natureza, sua história, estrutura legal, localização, objetivos,<br />

estratégias e missão.<br />

Descrição <strong>do</strong>s produtos e serviços da empresa, suas características,<br />

forma de uso, especificações, estágio de evolução.<br />

Como a empresa está organizada internamente, número de<br />

funcionários, principais posições, perfil <strong>do</strong> profissional.<br />

É descrito o setor, o merca<strong>do</strong>, as tendências, a forma de<br />

comercialização, distribuição e divulgação <strong>do</strong>s produtos,<br />

preços, concorrentes e vantagens competitivas.<br />

Descrição <strong>do</strong> fluxo operacional, cadeia de suprimentos, controle<br />

de qualidade, serviços associa<strong>do</strong>s, capacidade produtiva,<br />

logística e sistemas de gestão.<br />

São descritos quem faz parte da sociedade, as necessidades<br />

de capital de terceiro, a forma de remuneração e as estratégias<br />

de saída<br />

Como a empresa se comportará ao longo <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> ponto<br />

de vista financeiro, fluxo de caixa, análise <strong>do</strong> investimento,<br />

demonstrativo de resulta<strong>do</strong>s, projeções de balanços e outros<br />

indica<strong>do</strong>res.<br />

Responden<strong>do</strong> a estas questões, consegue-se perceber como a empresa<br />

está organizada, em quais pontos necessita de melhorias e quais são<br />

as vantagens <strong>do</strong> negócio.<br />

2.3.2 Fluxo de caixa<br />

O fluxo de caixa é um controle detalha<strong>do</strong> das entradas e saídas de<br />

dinheiro <strong>do</strong> caixa da empresa a partir de um sal<strong>do</strong> inicial, as origens e as<br />

aplicações de caixa.<br />

Nas palavras de Gitman (2004, p. 108) a importância de uma empresa<br />

possuir um fluxo de caixa é “assegurar a solvência da organização


cumprin<strong>do</strong> as obrigações financeiras nas datas previstas e geran<strong>do</strong> fluxo de<br />

caixa positivo para seus proprietários”.<br />

Ainda descreven<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong> fluxo de caixa, Sanvicente<br />

(2006, p. 156) destaca que:<br />

A projeção <strong>do</strong> fluxo de caixa permite que se visualize a provável<br />

posição <strong>do</strong> sal<strong>do</strong> de caixa no decorrer <strong>do</strong>s meses cobertos<br />

pelo perío<strong>do</strong> orçamentário, e em função disto torna-se possível<br />

identificar as prováveis faltas futuras de caixa, bem como os<br />

meses em que haverá excessos de numerário disponível<br />

Para Macha<strong>do</strong> (2004, p. 134) este planejamento é capaz de “propiciar<br />

aos administra<strong>do</strong>res uma avaliação adequada da situação presente e<br />

uma previsão das perspectivas futuras”.<br />

O principal objetivo de um fluxo de caixa é, segun<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong> (2004,<br />

p. 141) “administrar os fluxos diários de recursos de forma que haja disponibilidade<br />

de fun<strong>do</strong>s no momento em que se fizer necessário um desembolso<br />

de caixa”.<br />

Este controle detalha<strong>do</strong> das finanças da empresa permite aos gestores<br />

analisar se as entradas de caixa são suficientes para cobrir as saídas<br />

necessárias <strong>do</strong> dia-a-dia.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

De acor<strong>do</strong> com Gil (2002) a meto<strong>do</strong>logia é a parte da pesquisa onde<br />

se descreve os procedimentos a serem segui<strong>do</strong>s. É a linha de raciocínio a<strong>do</strong>tada<br />

pelo pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

O estu<strong>do</strong> de caso também foi aborda<strong>do</strong>, no qual, conforme Gil (2002)<br />

é constituí<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong> amplo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de<br />

maneira a permitir seu amplo e detalha<strong>do</strong> conhecimento, investigan<strong>do</strong> fenômenos<br />

da vida real.<br />

Para a elaboração <strong>do</strong> trabalho foram feitas entrevistas com os proprietários<br />

e funcionários da empresa para que se tornasse possível conhecê-<br />

-la e identificar quais são os entraves encontra<strong>do</strong>s pelos gestores que impedem<br />

seu crescimento.<br />

Durante as entrevistas, que foram agendadas anteriormente, foi possível<br />

observar a rotina da empresa, a forma que é adquirida a merca<strong>do</strong>ria<br />

para venda, como são feitos os pagamentos de suas dívidas e os salários <strong>do</strong>s<br />

funcionários.<br />

Após as visitas e entrevistas na empresa, foi possível perceber quais<br />

são as maiores dificuldades <strong>do</strong>s gestores e foi necessária a busca por referencial<br />

teórico para mostrar aos interessa<strong>do</strong>s a importância <strong>do</strong> planejamento<br />

21


também em micro-empresas e quais as ferramentas que simplificariam a organização<br />

da empresa tornan<strong>do</strong>-a mais atrativa.<br />

4 Descrição, Análise e Discussão <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s<br />

Durante as entrevistas realizadas com os proprietários da empresa<br />

notou-se a necessidade de organização desta, principalmente em seu plano<br />

financeiro, onde se encontram os maiores problemas e onde se percebe que<br />

não é dada a devida atenção que exige.<br />

Para tanto, descreve-se a seguir os pontos considera<strong>do</strong>s mais relevantes<br />

durante as entrevistas dan<strong>do</strong> ênfase aos problemas encontra<strong>do</strong>s e<br />

sugerin<strong>do</strong> melhorias e possíveis soluções aos problemas identifica<strong>do</strong>s.<br />

Uma das ferramentas que podem auxiliar a empresa em sua organização<br />

é o plano de negócios, um <strong>do</strong>cumento que objetiva mostrar ao empreende<strong>do</strong>r<br />

as vantagens e desvantagens <strong>do</strong> negócio que se tem ou que se pretende<br />

abrir. No plano de negócios se tem informações importantes a respeito<br />

da empresa, seus objetivos e como se pretende alcançá-los.<br />

Segun<strong>do</strong> Biagio e Batocchio (2005, p. 4) “a principal razão que explica<br />

o fracasso de um empreendimento é a falta de planejamento adequa<strong>do</strong>. O<br />

plano de negócios é a forma mais simples de identificar os fatores críticos”.<br />

O plano de negócios se inicia pela descrição da empresa que, segun<strong>do</strong><br />

Biagio e Batocchio (2005, p. 20) esta parte <strong>do</strong> plano é muito importante<br />

por que “nela serão encontra<strong>do</strong>s os indicativos de que o negócio foi detalhadamente<br />

planeja<strong>do</strong> antes da efetiva implantação”.<br />

Um <strong>do</strong>s pontos de um plano de negócios é a descrição da empresa<br />

onde, segun<strong>do</strong> o SEBRAE (2007) neste ponto <strong>do</strong> plano é onde os proprietários<br />

e administra<strong>do</strong>res da empresa irão relatar um breve currículo destacan<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong>s os pontos relevantes a seu respeito. Também é neste ponto que devem<br />

ser descritos a história da empresa, seus objetivos, estratégias e missão.<br />

A empresa surgiu a partir <strong>do</strong> interesse <strong>do</strong>s proprietários em ter uma<br />

ocupação depois de aposenta<strong>do</strong>s e trabalha comercializan<strong>do</strong> flores e plantas<br />

e oferece o serviço de jardinagem à comunidade santa-cruzense e da região.<br />

Está localizada na área central de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul e objetiva oferecer produtos<br />

e serviços de qualidade por um preço competitivo.<br />

Por se tratar de uma empresa familiar, esta é administrada pelos proprietários<br />

que possuem grande conhecimento em vendas, e são bastante<br />

comunicativos.<br />

Os principais clientes da empresa são empresas e a comunidade em<br />

geral da região, onde são presta<strong>do</strong>s os serviços de jardinagem e paisagismo,<br />

a comercialização de plantas para este fim e flores para decoração e presentes.<br />

22


Para que a empresa possa ter um objetivo claro a ser segui<strong>do</strong> por<br />

to<strong>do</strong>s os colabora<strong>do</strong>res é importante que seja elaborada uma missão, caso<br />

ainda não a possua.<br />

Segun<strong>do</strong> Kotler (2003, p. 33) a missão “é uma declaração <strong>do</strong> propósito<br />

da organização <strong>–</strong> o que ela quer realizar em um ambiente maior”. Nas<br />

palavras de Oliveira (1991, p. 48) “missão é a determinação <strong>do</strong> motivo central<br />

<strong>do</strong> planejamento estratégico”.<br />

A missão define a importância da existência da empresa, mostra que<br />

ela tem um motivo para existir e que seus produtos ou serviços são relevantes<br />

para as pessoas.<br />

A empresa em questão ainda não possui uma missão definida, o que<br />

se sugere que seja feito, pois esta influencia no comprometimento de seus<br />

colabora<strong>do</strong>res e auxilia para que to<strong>do</strong>s sejam guia<strong>do</strong>s em busca de um mesmo<br />

objetivo.<br />

A elaboração da missão também é uma forma de demonstrar aos<br />

clientes a preocupação que a empresa tem em trabalhar para atender as necessidades<br />

e desejos <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r final, mostran<strong>do</strong> a eles, sua importância<br />

em to<strong>do</strong> trabalho ofereci<strong>do</strong> e executa<strong>do</strong> pela Floricultura X.<br />

Outro ponto importante <strong>do</strong> plano é a descrição <strong>do</strong>s produtos e serviços<br />

ofereci<strong>do</strong>s pelas empresas. Na Floricultura X os produtos ofereci<strong>do</strong>s são<br />

flores de corte, plantas para decoração e jardinagem. Os produtos têm características<br />

particulares, cada uma exige cuida<strong>do</strong>s diferentes e as orientações<br />

são dadas aos clientes quan<strong>do</strong> efetuada sua aquisição.<br />

As plantas que a empresa oferece têm um ciclo de vida diferencia<strong>do</strong>.<br />

Flores de corte, como rosas, têm uma vida curta, duran<strong>do</strong> em torno de uma<br />

semana. As plantas que são comercializadas em vasos costumam durar cerca<br />

de um mês ou mais, dependen<strong>do</strong> da planta. Caso a planta exija cuida<strong>do</strong>s<br />

especiais, estes são informa<strong>do</strong>s ao cliente assim que este manifeste interesse<br />

na aquisição <strong>do</strong> produto.<br />

O serviço de jardinagem ofereci<strong>do</strong> pela empresa se inicia com a elaboração<br />

um projeto de paisagismo e um orçamento, conten<strong>do</strong> o nome das<br />

plantas usadas, possíveis quantidades necessárias e o valor médio de cada<br />

planta e <strong>do</strong> serviço que será presta<strong>do</strong>. Após estas informações, é agendada a<br />

data para a execução <strong>do</strong> projeto, onde são usadas as plantas e mão-de-obra<br />

da empresa.<br />

4.1 Plano de marketing<br />

Durante a elaboração <strong>do</strong> plano de marketing, é quan<strong>do</strong> se descreve<br />

os principais produtos a serem vendi<strong>do</strong>s e os serviços que serão ofereci<strong>do</strong>s<br />

pela empresa, suas características. É nesta etapa <strong>do</strong> plano em que são<br />

23


decidi<strong>do</strong>s os preços que serão pratica<strong>do</strong>s e quais as estratégias que serão<br />

usadas para atrair o cliente. Também é neste ponto que se faz uma análise<br />

<strong>do</strong>s concorrentes, o que possibilita um maior conhecimento a respeito das<br />

vantagens competitivas da empresa.<br />

As estratégias promocionais utilizadas pela empresa foram de divulgação<br />

em rádio e jornais no início das atividades da Floricultura, sen<strong>do</strong> que<br />

agora os proprietários não vêem necessidade de novos anúncios. A empresa<br />

participa de eventos de divulgação realiza<strong>do</strong>s em <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul e região,<br />

expon<strong>do</strong> seus produtos e oferecen<strong>do</strong> seus serviços.<br />

Quanto à divulgação da empresa em datas especiais para o comércio,<br />

como dia das mães e dia <strong>do</strong>s namora<strong>do</strong>s, fica por conta <strong>do</strong> marketing<br />

informal, a loja é indicada a outros novos clientes pelos próprios clientes.<br />

Sobre o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s concorrentes da empresa, Oliveira (1991, p. 47)<br />

diz que este estu<strong>do</strong> “proporciona a identificação das vantagens competitivas<br />

da própria empresa e <strong>do</strong>s concorrentes”.<br />

Esta análise irá ajudar a entender o que faz com que seus concorrentes<br />

possam vir a ter vendas maiores, o que fazem para atrair um maior<br />

número de clientes e também ajuda a identificar o que a empresa tem como<br />

ponto forte e o que pode melhorar.<br />

Sugere-se que a floricultura X invista em alguns pequenos detalhes<br />

que podem fazer com que o cliente sinta-se lembra<strong>do</strong> pela empresa, como<br />

a confecção de etiquetas para serem anexadas às plantas comercializadas<br />

orientan<strong>do</strong> sobre os cuida<strong>do</strong>s necessários, aumenta<strong>do</strong> o tempo de duração<br />

destas.<br />

Como a empresa também presta o serviço de jardinagem na cidade<br />

e região, um serviço de agendamento para as manutenções poderia ser ofereci<strong>do</strong><br />

após cada trabalho executa<strong>do</strong>. O cliente poderia, também, contratar<br />

o serviço por “pacotes” onde, com um determina<strong>do</strong> valor certos serviços são<br />

executa<strong>do</strong>s semanalmente, com cobrança mensal.<br />

Este mesmo serviço de “assinatura” poderia ser ofereci<strong>do</strong> à outros<br />

comerciantes da cidade, para que estes recebessem toda a semana uma<br />

planta para a decoração de seu estabelecimento.<br />

4.2 Plano financeiro<br />

Não há nenhum planejamento nem previsão de qual será o comportamento<br />

da empresa dentro de alguns anos. As projeções de balanço e<br />

demonstrativos de resulta<strong>do</strong> são elaboradas pelo conta<strong>do</strong>r contrata<strong>do</strong> pela<br />

empresa apenas para questões legais, sen<strong>do</strong> que os gestores não têm conhecimento<br />

algum sobre as informações contidas no balanço.<br />

Durante as entrevistas feitas, constatou-se que o maior entrave en-<br />

24


frenta<strong>do</strong> na empresa é a falta de um fluxo de caixa, que possibilita aos proprietários<br />

terem consciência de até que ponto o negócio é vantajoso para a<br />

família. Da forma que está não há possibilidade de saber se a empresa é<br />

capaz de gerar lucros.<br />

Percebeu-se que a falta de uma ferramenta como esta na empresa<br />

possibilita erros comuns aos gestores, pois por se tratar de uma empresa familiar,<br />

muitos gastos e custos da empresa podem ser cobertos com o capital<br />

<strong>do</strong>s proprietários, caso a empresa necessite de algum reforço financeiro.<br />

Em empresas familiares, comumente é retirada alguma quantia diretamente<br />

<strong>do</strong> caixa da empresa para gastos de interesse particular <strong>do</strong>s proprietários.<br />

Um erro que foi identifica<strong>do</strong> durante as visitas feitas à empresa é<br />

que os gestores, quan<strong>do</strong> sentem necessidades, fazem retiradas <strong>do</strong> caixa da<br />

empresa, sem que seja feito nenhum controle destas retiradas.<br />

Neste caso, o fluxo de caixa auxilia a organizar financeiramente a<br />

empresa, sen<strong>do</strong> que no final <strong>do</strong> mês, quan<strong>do</strong> são feitos os pagamentos de<br />

outras obrigações como os salários <strong>do</strong>s demais funcionários, os gestores<br />

tenham consciência de que parte de seus pró-labores já foram retira<strong>do</strong>s durante<br />

o perío<strong>do</strong>.<br />

A forma que a empresa vem sen<strong>do</strong> administrada não traz informações<br />

seguras sobre sua situação financeira. Não é possível sequer analisar<br />

se está geran<strong>do</strong> lucros ou prejuízos.<br />

5 Considerações finais<br />

Com a pesquisa, pôde-se verificar a importância da elaboração de<br />

um plano de negócios para o início das atividades de qualquer empresa, não<br />

deixan<strong>do</strong> de ser importante, também, para empresas que já estão no merca<strong>do</strong><br />

há algum tempo, como é o caso da floricultura X.<br />

A elaboração de um plano de negócios traz ao empreende<strong>do</strong>r as reais<br />

potencialidades de seu negócio, seja ele futuro ou já existente. Com o plano<br />

de negócios formula<strong>do</strong> é possível conhecer melhor o setor de atividade,<br />

os concorrentes, os possíveis fornece<strong>do</strong>res, quais as melhores formas de divulgação<br />

da empresa e qual a melhor forma para atrair e conquistar clientes.<br />

Durante a elaboração <strong>do</strong> trabalho foi verificada a falta de planejamento<br />

por parte <strong>do</strong>s proprietários. Não há qualquer forma de controle de estoque,<br />

financeiro (entradas e saídas de caixa) e pouca preocupação em atrair novos<br />

clientes.<br />

Uma das dificuldades encontradas que contribuem no não crescimento<br />

da empresa é que os proprietários mostraram pouco interesse em<br />

atrair novos clientes, alegan<strong>do</strong> que não estão dispostos a contratar novos<br />

funcionários ou aumentar suas instalações devi<strong>do</strong> ao aumento da demanda.<br />

25


Preocupam-se apenas, em manter os clientes que já possuem, mas necessitam<br />

de uma maior atenção neste objetivo estudan<strong>do</strong> novas formas de fidelização<br />

<strong>do</strong> cliente. Há uma grande resistência por parte <strong>do</strong>s proprietários em<br />

fazer mudanças.<br />

Pôde-se concluir que o maior entrave encontra<strong>do</strong> pelos gestores da<br />

Floricultura X é a falta de um fluxo de caixa. Os proprietários não sabem<br />

quanto de capital entra ou sai diariamente da empresa e não tem nenhuma<br />

estratégia definida caso ocorra de, em algum perío<strong>do</strong>, não terem capital disponível<br />

para o cumprimento de suas obrigações.<br />

Sugere-se que se inicie o processo com a elaboração de um fluxo de<br />

caixa simples, apenas citan<strong>do</strong> as entradas e saídas de caixa detalhadamente.<br />

Como modelo, sugere-se o esquema a seguir, onde não foi considera<strong>do</strong><br />

nenhum valor inicial no caixa e da<strong>do</strong> o exemplo de um único dia de trabalho.<br />

QUADRO 2 <strong>–</strong> Modelo de fluxo de caixa<br />

DATA ENTRADAS SAÍDAS DESCRIÇÃO<br />

17/05/10 R$ 34,00 Venda de um buquê com 6 rosas e taxa de entrega<br />

R$ 400,00<br />

R$ 50,00 Gasolina carro 1<br />

Serviço de jardinagem presta<strong>do</strong> ao cliente X e<br />

venda das plantas utilizadas ( 3 cicas, 2 bromélias,<br />

10m 2 de grama)<br />

R$ 5,00 Venda de um saco de terra de 25kg<br />

R$ 439,00 R$ 80,00<br />

R$ 30,00 Adiantamento salário funcionário Y<br />

26<br />

-<br />

-<br />

Total <strong>do</strong> dia: R$ 359,00<br />

A cada planta vendida ou serviço presta<strong>do</strong> é feito o lançamento de<br />

entrada de dinheiro em caixa e feito a descrição de que este dinheiro teve<br />

sua origem na venda de determinada planta ou prestação de certo serviço.<br />

Para as saídas de caixa pode-se citar o valor e qual o destino foi da<strong>do</strong> àquele<br />

dinheiro.<br />

No final <strong>do</strong> dia os gestores já saberão se a empresa terá capital de<br />

giro disponível para começar um novo dia de trabalho, honrar suas obrigações<br />

e se naquele dia a empresa deu lucros ou prejuízos, permitin<strong>do</strong> uma<br />

ação que corrija determina<strong>do</strong>s erros.


Sugere-se ainda que, quan<strong>do</strong> houver sobras no final <strong>do</strong> dia, estas<br />

sejam depositadas em uma conta particular da empresa, evitan<strong>do</strong> que este<br />

dinheiro seja confundi<strong>do</strong> com o capital <strong>do</strong>s gestores, que terão seus pagamentos<br />

feitos apenas uma vez por mês, junto com os demais funcionários.<br />

Como to<strong>do</strong>s os pagamentos da empresa são feitos à vista, este capital<br />

que vai se juntan<strong>do</strong> a cada final de dia na conta da empresa, traz a possibilidade<br />

de honrar essas dívidas sem que seja necessário fazer o uso de capital<br />

de terceiros, o que evita o pagamento de juros pelo empréstimo deste capital.<br />

Este fluxo de caixa simples é capaz de mostrar aos gestores como<br />

está sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> o capital da empresa, como estão suas vendas, se a<br />

empresa está geran<strong>do</strong> lucros ou prejuízos e se não estão sen<strong>do</strong> feitos gastos<br />

desnecessários durante um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Com a parte financeira da empresa organizada, os gestores terão<br />

maior facilidade em aceitar investimentos que antes consideravam desnecessários,<br />

como a contratação de mais funcionários ou a ampliação <strong>do</strong> prédio.<br />

A partir <strong>do</strong> momento em que os gestores tiverem consciência de que<br />

a mudança é necessária e que esta só vem para contribuir para a melhoria<br />

da empresa, esta tem grandes chances de se tornar ainda mais atrativa a<br />

to<strong>do</strong>s, tanto aos proprietários, aos funcionários e principalmente aos clientes,<br />

que terão satisfação de fazer suas compras em um estabelecimento que se<br />

preocupa com seu bem estar.<br />

Além de contribuir para a melhoria da floricultura, este trabalho também<br />

pode vir a contribuir como referencial de motivação para quem tem o<br />

interesse de aprofundar seus estu<strong>do</strong>s na área administrativa de empresas<br />

<strong>do</strong> ramo de flores, pois é algo bastante abrangente que ainda não foi muito<br />

explora<strong>do</strong>.<br />

6 Referências<br />

BIAGGIO, L. A; BATOCCHIO, A. Plano de negócios: estratégia para micro<br />

e pequenas empresas. Barueri, SP: Manole, 2005.<br />

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da estratégia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.<br />

CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio<br />

de Janeiro: Campus, 2000<br />

DIAS, R; CASSAR, M; ZAVAGLIA, T. Introdução à administração: da competitividade<br />

à sustentabilidade. Campinas, SP: Alínea, 2003.<br />

27


GIL, A. C. Méto<strong>do</strong>s e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,<br />

2007.<br />

______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,<br />

2002.<br />

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo:<br />

Pearson Addison Wesley, 2004.<br />

HASHIMOTO, M. Saiba como usar um plano de negócios. Disponível em<br />

. Acesso em: 16 abr. 2010.<br />

MACHADO, J. R. Administração de finanças empresariais. 2. ed. Rio de<br />

Janeiro: Qualitymark, 2004.<br />

MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas,<br />

2000.<br />

______. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

OLIVEIRA, D. de P. R. de. Estratégia empresarial e vantagem competitiva:<br />

como estabelecer, implementar e avaliar. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.<br />

______. Planejamento estratégico: conceitos, meto<strong>do</strong>logia, práticas. 24.<br />

ed. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

KOTLER, P; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo:<br />

Prentice Hall, 2003.<br />

SANVICENTE, A. Z; SANTOS, C. da C. Orçamento na administração de<br />

empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília: 2007.<br />

28


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA<br />

DA MUDANÇA DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO DE UMA EMPRESA<br />

COMERCIAL DO RAMO CALÇADISTA<br />

RESUMO<br />

29<br />

Alesandra Eichler 1<br />

Vinícius Costa da Silva Zonatto 2<br />

Este artigo tem como objetivo analisar comparativamente se o planejamento<br />

tributário realiza<strong>do</strong> por uma empresa comercial trouxe economia à<br />

organização, ao que se refere á gestão de seus impostos. Para tanto, realizou-se<br />

uma pesquisa descritiva por meio de análise de <strong>do</strong>cumentos e abordagem<br />

quantitativa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Foram analisa<strong>do</strong>s os demonstrativos contábeis<br />

(Balanço Patrimonial e DRE), bem como as informações disponibilizadas<br />

pela contabilidade da empresa, referentes aos impostos pagos pela mesma<br />

no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> (2007 e 2008). Inicialmente se apuraram os valores<br />

<strong>do</strong>s impostos a serem pagos, consideran<strong>do</strong> o sistema de tributação <strong>do</strong> Lucro<br />

Real. A seguir, efetuou-se o mesmo procedimento para detalhar os valores<br />

pagos pela empresa, na modalidade <strong>do</strong> Simples Nacional. Os resulta<strong>do</strong>s da<br />

pesquisa indicam que, pela modalidade de tributação <strong>do</strong> Simples Nacional,<br />

a empresa pagou menos impostos no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> o ICMS o tributo<br />

que mais contribuiu para este resulta<strong>do</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, pôde-se concluir<br />

que a opção tributária realizada pela empresa em 2007 e 2008 foi adequada<br />

e seu planejamento eficaz.<br />

Palavras-chave: Planejamento Tributário, Simples Nacional, Lucro Real<br />

ABSTRACT<br />

This article has as the objective the comparatively analyze of the carried tributary<br />

planning for a commercial company brought to them organization in<br />

the way to concerns to the management of its taxes. For this was realized a<br />

descriptive research utilizing <strong>do</strong>cument analysis and quantitative boarding of<br />

the data information. The countable demonstratives had been analyzed (Balance<br />

Sheet and DRE), as well as the information for the company accounting,<br />

referring to the paid taxes in the analyzed period (2007 and 2008).Initially one<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Mestre em Ciências Contábeis (FURB), Professor e Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


selected the values of the taxes to be paid, considering the Real Profit system<br />

of taxation. In the follow procedure, was applied the same process for to detail<br />

the paid values for the company, in the Simple National modality. The results<br />

of the research indicate that for the Simple National taxation modality, the<br />

company paid less taxes amount in the analyzed period, ICMS is the tribute<br />

that contributed to this result. Thus being, it could be concluded that the option<br />

tax carried through for the company in 2007 and 2008 was adjusted and its<br />

planning was efficient.<br />

Key-words: Carried Tributary, Real Profit, Simple National<br />

1 Introdução<br />

Muito tem se discuti<strong>do</strong> sobre a elevada carga tributária no País. De<br />

acor<strong>do</strong> com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (2010), a carga tributária<br />

nacional <strong>do</strong> exercício de 2009 foi responsável por 35,02% <strong>do</strong> PIB (Produto<br />

Interno Bruto) Do valor total arrecada<strong>do</strong>, 69,54% refere-se ao recolhimento<br />

de tributos federais, realiza<strong>do</strong>s por empresas e pessoas físicas em geral.<br />

Khair, Araujo e Afonso (2005) explicam que o Brasil é um <strong>do</strong>s países<br />

que possui uma das mais elevadas cargas tributárias no mun<strong>do</strong>. Deste mo<strong>do</strong>,<br />

a gestão de tributos nas organizações ganhou destaque nos últimos anos.<br />

Este processo de estu<strong>do</strong> e análise da melhor opção tributária por<br />

parte das organizações é denomina<strong>do</strong> de “planejamento tributário”. Segun<strong>do</strong><br />

Oliveira et al (2006), o planejamento tributário consiste no estu<strong>do</strong> das<br />

alternativas lícitas de redução <strong>do</strong>s tributos e impostos a serem pagos pelas<br />

organizações.<br />

Um planejamento eficaz pode proporcionar à organização uma<br />

economicidade de recursos, que podem ser reinvesti<strong>do</strong>s, possibilitan<strong>do</strong><br />

a maximização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s da empresa. Em contrapartida, a falta de planejamento<br />

pode induzir o gestor a optar por determinada forma de tributação,<br />

a qual acarretará um ônus maior para a organização.<br />

Atualmente, no Brasil, são quatro as formas de opção pela tributação<br />

sobre a renda das empresas, estabelecidas pelo Código Tributário Nacional<br />

(CTN). São elas: Lucro Presumi<strong>do</strong>, Lucro Real, Lucro Arbitra<strong>do</strong> e Simples<br />

Nacional. Neste contexto, o presente estu<strong>do</strong> tem por objetivo geral analisar<br />

comparativamente se o planejamento tributário realiza<strong>do</strong> pela empresa pesquisada<br />

trouxe economia à organização, no que se refere ao pagamento de<br />

seus impostos nos exercícios fin<strong>do</strong>s de 2007 e 2008.<br />

Para tanto, inicialmente buscou-se identificar a opção tributária da<br />

empresa no exercício de 2007. A seguir, apuraram-se, a partir das informações<br />

disponibilizadas pela contabilidade da empresa (Balanço Patrimo-<br />

30


nial, DRE e planilhas eletrônicas), os valores <strong>do</strong>s impostos a serem pagos<br />

pela organização, se esta fosse tributada pelo Lucro Real. Na seqüência,<br />

efetuou-se o mesmo procedimento para detalhar os valores pagos pela<br />

empresa neste perío<strong>do</strong>, na modalidade <strong>do</strong> Simples Nacional. Por fim, compararam-se<br />

os resulta<strong>do</strong>s a fim de alcançar o objeto <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

A pesquisa justifica-se por contribuir efetivamente para com a organização<br />

na avaliação <strong>do</strong> seu planejamento tributário, reavalia<strong>do</strong> anualmente.<br />

A seguir, apresenta-se a fundamentação teórica que subsidia o estu<strong>do</strong>.<br />

2 Fundamentação Teórica<br />

2.1 Planejamento Tributário<br />

A constante busca pela redução <strong>do</strong>s tributos a serem pagos<br />

pelas organizações no Brasil é justificada pela evolução histórica da carga tributária<br />

no País. De acor<strong>do</strong> com Khair, Araujo e Afonso (2005, p. 3), em 1947<br />

a carga tributária representava 13,84% <strong>do</strong> PIB. Já em 2004, este percentual<br />

passou para 36,64%, quase triplican<strong>do</strong>.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, pode-se perceber que gerenciar tributos não é uma atividade<br />

fácil para as organizações, visto a complexidade da legislação fiscal e<br />

a elevada carga tributária existente. No entanto, para que se possa entender<br />

o que vem a ser planejamento tributário, é importante diferenciar <strong>do</strong>is<br />

conceitos que estão diretamente relaciona<strong>do</strong>s com o tema: evasão fiscal e<br />

elisão fiscal. De acor<strong>do</strong> com Silva (2005, p. 28):<br />

a evasão fiscal, consiste em toda ação consciente, espontânea,<br />

<strong>do</strong>losa ou intencional <strong>do</strong> contribuinte através de meios ilícitos<br />

para evitar, eliminar, reduzir ou retardar o pagamento <strong>do</strong> tributo<br />

devi<strong>do</strong>, não se configuran<strong>do</strong> em hipótese alguma com o planejamento<br />

tributário lícito; já a elisão fiscal, representa e execução<br />

de procedimentos, antes <strong>do</strong> fato gera<strong>do</strong>r, legítimos, éticos, para<br />

reduzir, eliminar ou postergar a tipificação da obrigação<br />

tributária, caracterizan<strong>do</strong> assim, a legitimidade <strong>do</strong> planejamento<br />

tributário.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, pode-se definir o planejamento tributário, como sen<strong>do</strong><br />

todas as atividades lícitas utilizadas pelas organizações para a redução <strong>do</strong>s<br />

seus tributos. Segun<strong>do</strong> Oliveira et al (2006, p. 51), o planejamento tributário<br />

justifica-se para a empresa, à medida que esta consegue racionalizar melhor<br />

os seus recursos sem prejudicar-se. “O gestor procura as lacunas que<br />

a legislação vigente no País deixa para que se possa obter o benefício para<br />

a empresa no meio jurídico. Esse objetivo de redução de carga tributaria de<br />

31


forma lícita, se atingi<strong>do</strong>, interfere de maneira positiva na empresa.”<br />

No Brasil, o Código Tributário Nacional (CNT) estabelece as formas<br />

de tributação sobre a renda das empresas, que atualmente são: Lucro Real,<br />

Lucro Presumi<strong>do</strong>, Lucro Arbitra<strong>do</strong> e SIMPLES Nacional. Estas por sua<br />

vez são administradas pela Secretaria da Receita Federal <strong>do</strong> Brasil (SRFB).<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> analisa comparativamente apenas<br />

as opções tributárias realizadas pela empresa no perío<strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong><br />

(2007 e 2008), apresentam-se a seguir as formas de tributação <strong>do</strong> Lucro Real<br />

e Simples Nacional.<br />

2.2 Lucro Real<br />

O Lucro Real é a forma de tributação, onde se recolhe o imposto<br />

a partir <strong>do</strong> lucro líqui<strong>do</strong> evidencia<strong>do</strong> pela empresa. De acor<strong>do</strong> com Oliveira<br />

(2006, p. 279), o Lucro Real “é o lucro líqui<strong>do</strong> <strong>do</strong> exercício, ajusta<strong>do</strong> pelas<br />

adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação<br />

tributária”.<br />

Pêgas (2007) explica que, na tributação com base no Lucro Real, o<br />

imposto de renda incide sobre o resulta<strong>do</strong> (lucro) efetivamente apura<strong>do</strong> pela<br />

pessoa jurídica, segun<strong>do</strong> sua escrituração contábil e os ajustes determina<strong>do</strong>s<br />

pela legislação fiscal. Neste senti<strong>do</strong>, o autor destaca que, somente após<br />

a realização das adições e exclusões, pode-se realizar a compensação de<br />

eventual prejuízo fiscal referente a exercícios anteriores, respeitan<strong>do</strong>-se os<br />

limites legais estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Art. 246 <strong>do</strong> Regulamento <strong>do</strong> Imposto de Renda -<br />

RIR/1999, as empresas obrigadas a a<strong>do</strong>tarem esta modalidade de tributação<br />

são todas as empresas que se enquadram em uma das normas abaixo relacionadas:<br />

a) Empresas cuja receita total, no ano-calendário anterior, tenham<br />

si<strong>do</strong> superiores a R$ 48.000.000,00, ou R$ 4.000.000,00, multiplica<strong>do</strong> pelo<br />

número de meses <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> inferior a <strong>do</strong>ze meses (limite fixa<strong>do</strong><br />

pela Lei 10.637/2002);<br />

b) Empresas cujas atividades sejam de instituições financeiras, sociedades<br />

de crédito mobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários<br />

e câmbio, distribui<strong>do</strong>ras de títulos e valores mobiliários, empresas de<br />

arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros<br />

priva<strong>do</strong>s e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;<br />

c) Empresas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital<br />

oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exterior;<br />

d) Empresas que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de<br />

benefícios fiscais relativos à isenção ou redução <strong>do</strong> Imposto de Renda;<br />

32


e) Empresas que, no decorrer <strong>do</strong> ano-calendário, tenham efetua<strong>do</strong><br />

pagamento mensal <strong>do</strong> imposto com base em estimativa;<br />

f) Empresas que explorem a atividade de factoring; ou<br />

g) Empresas que exerçam atividades de compra e venda, loteamento,<br />

incorporação e construção de imóveis, enquanto não concluídas as<br />

operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orça<strong>do</strong>.<br />

Em síntese, pode-se dizer que o Lucro Real é apura<strong>do</strong> a partir da<br />

soma das receitas totais tributadas pela empresa naquele perío<strong>do</strong>, desconta<strong>do</strong>s<br />

os custos e despesas dedutíveis aceitas pelo Fisco. Na seqüência,<br />

apresenta-se a forma de tributação <strong>do</strong> Simples Nacional.<br />

2.2 Simples Nacional<br />

O Simples Nacional é a forma de tributação, onde se recolhe o imposto<br />

a partir da receita total auferida pela empresa em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Instituí<strong>do</strong> pela Lei Complementar n. 123/2006, esta modalidade de tributação<br />

sobre a renda é um “Regime Especial Unifica<strong>do</strong> de Arrecadação de Tributos e<br />

Contribuições” devi<strong>do</strong>s pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.<br />

No Brasil, esta concepção de tributação simplificada foi instituída em 1996,<br />

pela Lei nº 9.317, extinto Simples Federal.<br />

Segun<strong>do</strong> Pêgas (2007), a atual abordagem <strong>do</strong> Simples Nacional<br />

abrange o pagamento de até oito impostos, calcula<strong>do</strong>s em alíquota única, de<br />

acor<strong>do</strong> com o enquadramento tributário da organização. São eles: Imposto<br />

de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); Contribuição Social sobre o Lucro Líqui<strong>do</strong><br />

(CSLL); Programas de Integração Social sobre o Lucro Líqui<strong>do</strong> (PIS); Contribuição<br />

para o Financiamento de Seguridade Social (COFINS); Contribuição<br />

Previdenciária Patronal (CPP); Imposto sobre Produtos Industrializa<strong>do</strong>s (IPI);<br />

Imposto sobre a Circulação de Merca<strong>do</strong>rias (ICMS); e, Imposto sobre Serviços<br />

de Qualquer Natureza (ISSQN).<br />

As empresas que podem optar por esta modalidade simplificada<br />

de tributação, precisam enquadra-se na definição de microempresas e empresas<br />

de pequeno porte, que estabelece o Art. 3 da referida Lei:<br />

consideram-se microempresas e empresas de pequeno porte<br />

a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário,<br />

devidamente registra<strong>do</strong>s no Registro de Empresas Mercantis<br />

ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso,<br />

desde que: I - no caso das microempresas, o empresário, ou<br />

a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta<br />

igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);<br />

II - no caso de empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa<br />

jurídica ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário,<br />

receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta<br />

33


mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (<strong>do</strong>is milhões e<br />

quatrocentos mil reais).<br />

Contu<strong>do</strong>, algumas empresas não podem aderir a esta forma de tributação,<br />

mesmo enquadran<strong>do</strong>-se nesta definição. Sob este aspecto, Oliveira et<br />

al (2006) explica que as microempresas e empresas de pequeno porte,<br />

que possuem atividade econômica vedada a opção pela tributação simplificada,<br />

conforme estabelece o Art. 4 da Lei Complementar n. 123/2006,<br />

terão que optar por outra modalidade de tributação sobre a renda, ou seja,<br />

pelo Lucro Presumi<strong>do</strong>, pelo Lucro Real ou pelo Lucro Arbitra<strong>do</strong>.<br />

Em síntese, pode-se verificar que o Simples Nacional é apura<strong>do</strong> a<br />

partir da soma das receitas totais tributadas pela empresa naquele perío<strong>do</strong>.<br />

A seguir, apresenta-se a meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

As pesquisas são classificadas conforme os critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s e os<br />

objetivos estabeleci<strong>do</strong>s. Neste estu<strong>do</strong> realizou-se pesquisa descritiva por<br />

meio de análise de <strong>do</strong>cumentos e abordagem quantitativa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Gil<br />

(2002) explica que a pesquisa descritiva tem como principal finalidade descrever<br />

características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento<br />

de relações entre as variáveis.<br />

Com relação à análise <strong>do</strong>cumental, Silva (2003, p. 61) explica que<br />

esta por sua vez “é realizada em <strong>do</strong>cumentos conserva<strong>do</strong>s no interior de<br />

órgãos públicos e priva<strong>do</strong>s, tais como: registros, anais, regulamentos, circulares,<br />

ofícios, memoran<strong>do</strong>s, balancetes, entre outros.” Foram analisa<strong>do</strong>s<br />

as informações disponibilizadas pela contabilidade da empresa (Balanço<br />

Patrimonial, DRE e planilhas eletrônicas), referente aos exercícios de 2007<br />

e 2008.<br />

A abordagem quantitativa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s fora realizada a partir <strong>do</strong>s informes<br />

contábeis disponibiliza<strong>do</strong>s para a análise. De posse destes <strong>do</strong>cumentos,<br />

buscou-se apurar os valores de tributos devi<strong>do</strong>s em cada uma das modalidades<br />

estudadas. Os cálculos foram realiza<strong>do</strong>s em conjunto com o gestor responsável<br />

pela Contabilidade da empresa pesquisada, não sen<strong>do</strong> permitida a<br />

publicação <strong>do</strong>s informes referentes ao perío<strong>do</strong> objeto da análise.<br />

O estu<strong>do</strong> limita-se a analisar as opções tributárias <strong>do</strong> Lucro Real e<br />

Simples Nacional, não abrangen<strong>do</strong> as demais formas de tributação sobre a<br />

renda. Esta abordagem é intencional, visto que a empresa era tributada<br />

pela primeira modalidade e em Julho de 2007, optou pela adesão a segunda,<br />

razão pela qual realiza-se este estu<strong>do</strong>.<br />

34


4 Apresentação e Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />

4.1 Caracterização da empresa pesquisada<br />

A empresa pesquisada caracteriza-se como uma empresa comercial<br />

familiar, cuja atividade principal é o comércio varejista de calça<strong>do</strong>s em geral.<br />

Fundada em 1971, a sede da empresa localiza-se no município de Sobradinho/RS.<br />

A filial de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS, foi instalada em 20 de abril de 1999.<br />

Atualmente os empresários expandiram seus negócios, instalan<strong>do</strong><br />

filiais nos municípios de: <strong>Cruz</strong> Alta, Passo Fun<strong>do</strong>, Ijuí, <strong>Santa</strong> Maria, <strong>Santa</strong><br />

Rosa e Santo Ângelo, to<strong>do</strong>s localiza<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul.<br />

Cada uma dessas lojas possui o mesmo nome fantasia, porém, seu registro<br />

comercial (razão social) é único para cada unidade, o que indiretamente<br />

pode representar uma forma de planejamento tributário.<br />

4.2 Análise e Interpretação <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa<br />

Para que se pudesse alcançar o objetivo proposto no estu<strong>do</strong>, buscou-<br />

-se inicialmente verificar as formas de tributação da empresa pesquisada, no<br />

perío<strong>do</strong> objeto de análise (2007 e 2008). Neste senti<strong>do</strong>, pôde-se verificar<br />

que até Junho/2007, a empresa era tributada pelo Lucro Real. Com a promulgação<br />

da Lei Complementar n. 123/2006 e a criação <strong>do</strong> Simples Nacional,<br />

os gestores da organização efetuaram uma análise tributária, a fim de identificar<br />

qual seria, na ocasião, a melhor opção tributária para a organização.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, decidiram aderir ao Simples Nacional, a partir de Julho<br />

de 2007, perío<strong>do</strong> de início da opção pela tributação simplificada. De<br />

posse destas informações, estabeleceu-se que seriam <strong>do</strong>is os perío<strong>do</strong>s a<br />

serem analisa<strong>do</strong>s, para que se pudesse concluir em relação ao objetivo da<br />

pesquisa. O primeiro perío<strong>do</strong> a ser analisa<strong>do</strong> compreende os fatos gera<strong>do</strong>res<br />

ocorri<strong>do</strong>s entre 01/07/2007 e 31/12/2007, e, o segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

a ser analisa<strong>do</strong>, compreende to<strong>do</strong> o exercício social de 2008, ou seja, de<br />

01/01/2008 a 31/12/2008.<br />

Em seguida, buscou-se identificar junto ao Conta<strong>do</strong>r da empresa<br />

pesquisada, as informações necessárias para a realização <strong>do</strong>s cálculos <strong>do</strong>s<br />

impostos a serem pagos, consideran<strong>do</strong> a modalidade de tributação <strong>do</strong> Lucro<br />

Real, e, os valores pagos pela empresa, neste perío<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> tributada pelo<br />

Simples Nacional. De posse destas informações, procederam-se os cálculos<br />

necessários a fim de se identificar os valores devi<strong>do</strong>s pela empresa, se esta<br />

fosse tributada pelo Lucro Real. Por fim, se analisou comparativamente os<br />

resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s na pesquisa. A seguir, apresentam-se os valores apura<strong>do</strong>s<br />

consideran<strong>do</strong> a forma de tributação pelo Lucro Real.<br />

35


4.2.1 Apuração <strong>do</strong>s tributos devi<strong>do</strong>s pelo Lucro Real<br />

De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela contabilidade da empresa,<br />

os tributos que seriam pagos pela organização, na modalidade <strong>do</strong> Lucro<br />

Real, no perío<strong>do</strong> objeto da análise são: Imposto de Renda Pessoa<br />

Jurídica (IRPJ); Contribuição Social sobre o Lucro Líqui<strong>do</strong> (CSLL); Programas<br />

de Integração Social sobre o Lucro Líqui<strong>do</strong> (PIS); Contribuição para o<br />

Financiamento de Seguridade Social (COFINS); Imposto sobre a Circulação<br />

de Merca<strong>do</strong>rias (ICMS); e, os Encargos Sociais Patronais (Contribuição<br />

Previdenciária Patronal (INSS) e Fun<strong>do</strong> de Garantia por Tempo de Serviço<br />

(FGTS)). Em relação ao FGTS, é oportuno destacar que este não varia em<br />

relação a modalidade de tributação da empresa, sen<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> o mesmo valor<br />

em cada uma das modalidades analisadas.<br />

O Quadro 1 apresenta a síntese <strong>do</strong>s valores devi<strong>do</strong>s pela empresa,<br />

se esta fosse tributada, naquele perío<strong>do</strong>, pelo Lucro Real.<br />

QUADRO 1 - Impostos devi<strong>do</strong>s pelo Lucro Real<br />

Lucro Real 2007 2008<br />

IRPJ R$ 46.950,59 R$ 31.832,90<br />

CSLL R$ 20.957,71 R$ 43.298,33<br />

PIS R$ - R$ -<br />

COFINS R$ - R$ -<br />

ICMS R$ 109.249,96 R$ 244.765,12<br />

INSS e Encargos Sociais R$ 14.503,57 R$ 38.805,84<br />

FGTS R$ 3.470,22 R$ 10.037,73<br />

TOTAL R$ 195.132,05 R$ 368.739,93<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela Contabilidade da empresa (2010).<br />

Como se pode observar no Quadro 1, no perío<strong>do</strong> relativo aos seis<br />

meses <strong>do</strong> exercício de 2007, objeto da primeira análise, a empresa pesquisada<br />

pagaria cinco diferentes tributos (IRPJ, CSLL, ICMS e os Encargos Sociais<br />

Patronais (INSS e FGTS). Neste perío<strong>do</strong> a empresa não pagaria PIS e<br />

COFINS. Isto se deve ao fato de que, se a empresa fosse tributada por esta<br />

modalidade, teria créditos suficientes para compensação destes impostos, o<br />

que a isentaria <strong>do</strong> recolhimento.<br />

Ao que se refere a análise <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> proposto no estu<strong>do</strong><br />

(exercício de 2008), identificou-se que os tributos incidentes seriam os mesmos,<br />

bem como também haveria a dispensa <strong>do</strong> recolhimento <strong>do</strong> PIS e da<br />

COFINS, em virtude da compensação de créditos. Com relação a apuração<br />

36


<strong>do</strong>s créditos <strong>do</strong> PIS e da COFINS, não foi especifica<strong>do</strong> pelo Conta<strong>do</strong>r da empresa<br />

pesquisada, as bases considera<strong>do</strong>s na apuração <strong>do</strong>s valores relativos<br />

a esses impostos. Desta forma, não se pode precisar a composição destes<br />

créditos.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que os perío<strong>do</strong>s objetos de análise são diferentes (6 e<br />

12 meses), torna-se prejudicada uma análise quanto a evolução <strong>do</strong>s tributos<br />

pagos pela organização, bem como a eventual análise sobre a compensação<br />

de créditos excedentes nos demais impostos federais (IRPJ e CSLL). No entanto,<br />

observa-se no Quadro 1 que o ICMS é o tributo mais representativo a<br />

ser pago pela empresa, consideran<strong>do</strong> esta modalidade, nos perío<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s.<br />

Na seqüência, apresentam-se os tributos recolhi<strong>do</strong>s pela empresa<br />

em virtude da opção pelo sistema de tributação simplifica<strong>do</strong>.<br />

4.2.2 Apuração <strong>do</strong>s tributos devi<strong>do</strong>s pelo Simples Nacional<br />

Com a opção pela forma de tributação <strong>do</strong> Simples Nacional, realizada<br />

a partir de 01/07/2007, a empresa passou a recolher, de forma simplificada,<br />

o IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS, o ICMS e os Encargos Sociais Patronais<br />

(INSS), calcula<strong>do</strong>s em alíquota única de acor<strong>do</strong> com o enquadramento<br />

tributário da organização. Além destes valores pagos, a empresa ainda<br />

recolheu o FGTS, já menciona<strong>do</strong> anteriormente. O Quadro 2 apresenta a<br />

síntese <strong>do</strong>s valores recolhi<strong>do</strong>s pela empresa no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.<br />

QUADRO 2 - Impostos devi<strong>do</strong>s pelo SIMPLES NACIONAL (Exercício 2007)<br />

Perío<strong>do</strong> Receita Bruta IRPJ CSLL COFINS PIS CPP ICMS Alíquota FGTS TOTAL PAGO<br />

jul/07 R$ 102.131,61<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 439,17 R$ 439,17 R$ 1.286,85 R$ 306,39 R$ 3.676,73 R$ 3.676,73<br />

ago/07 R$ 75.994,76<br />

0,43% 0,43%<br />

R$ 326,77 R$ 326,77<br />

1,26%<br />

R$ 957,53<br />

0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 227,98 R$ 2.735,81 R$ 2.355,83<br />

set/07 R$ 76.214,47<br />

0,43% 0,43%<br />

R$ 327,72 R$ 327,72<br />

1,26%<br />

R$ 960,30<br />

0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 228,64 R$ 2.743,72 R$ 2.362,64<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

out/07 R$ 102.805,44<br />

R$ 442,06 R$ 442,06 R$ 1.295,34 R$ 308,41 R$ 3.700,99 R$ 3.186,96<br />

nov/07 R$ 89.882,94<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

R$ 413,46 R$ 413,46 R$ 1.240,38 R$ 296,61 R$ 3.541,38 R$ 3.038,04<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

dez/07 R$ 177.649,99<br />

R$ 817,18 R$ 817,18 R$ 2.451,56 R$ 586,24 R$ 6.999,40 R$ 6.004,56<br />

37<br />

9,12% R$ 439,13 R$ 9.753,51<br />

9,12% R$ 423,27 R$ 7.353,96<br />

9,12% R$ 443,50 R$ 7.394,24<br />

9,12% R$ 486,96 R$ 9.862,78<br />

9,95% R$ 782,91 R$ 9.726,24<br />

9,95% R$ 1.087,45 R$ 18.763,57<br />

TOTAL R$ 624.679,21 R$ 2.766,36 R$ 2.766,36 R$ 8.191,96 R$ 1.954,27 R$ 23.398,03 R$ 20.114,10 R$ 3.663,22 R$ 62.854,30<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela Contabilidade da empresa (2010).<br />

O Quadro 2 apresenta, de forma especificada, os valores recolhi<strong>do</strong>s<br />

pela empresa pesquisada, no primeiro perío<strong>do</strong> objeto da análise. Inicialmente


elacionouse o perío<strong>do</strong> e a respectiva receita bruta auferida pela empresa no<br />

mesmo. A seguir, procurou-se decompor a alíquota recolhida pela empresa<br />

sobre a receita bruta daquele perío<strong>do</strong>, a fim de identificar os valores proporcionais<br />

aos tributos devi<strong>do</strong>s no mesmo. Por fim, adicionou-se o valor devi<strong>do</strong><br />

referente ao FGTS e identificou-se o total <strong>do</strong>s tributos devi<strong>do</strong>s e recolhi<strong>do</strong>s<br />

pela empresa. O Quadro 3 apresenta os valores recolhi<strong>do</strong>s pela empresa, no<br />

exercício de 2008.<br />

QUADRO 3 - Impostos devi<strong>do</strong>s pelo SIMPLES NACIONAL (Exercício 2008)<br />

Perío<strong>do</strong> Receita Bruta IRPJ CSLL COFINS PIS CPP ICMS Alíquota FGTS TOTAL PAGO<br />

jan/08 R$ 56.493,34<br />

fev/08 R$ 59.795,54<br />

mar/08 R$ 77.507,27<br />

abr/08 R$ 95.003,56<br />

mai/08 R$ 137.817,21<br />

jun/08 R$ 103.992,06<br />

jul/08 R$ 102.976,14<br />

ago/08 R$ 106.627,54<br />

set/08 R$ 137.305,85<br />

out/08 R$ 148.045,40<br />

nov/08 R$ 137.454,94<br />

dez/08 R$ 277.115,29<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

R$ 259,87 R$ 259,87 R$ 779,61 R$ 186,43 R$ 2.225,84 R$ 1.909,47<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 257,12 R$ 257,12 R$ 753,42 R$ 179,39 R$ 2.152,64 R$ 1.853,66<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 333,28 R$ 333,28 R$ 976,59 R$ 232,52 R$ 2.790,26 R$ 2.402,73<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

R$ 437,02 R$ 437,02 R$ 1.311,05 R$ 313,51 R$ 3.743,14 R$ 3.211,12<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

R$ 633,96 R$ 693,96 R$ 1.901,88 R$ 454,80 R$ 5.430,00 R$ 4.658,22<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 447,17 R$ 447,17 R$ 1.310,30 R$ 311,98 R$ 3.743,71 R$ 3.223,75<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 442,80 R$ 442,80 R$ 1.197,50 R$ 308,93 R$ 3.707,14 R$ 3.192,26<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

R$ 458,50 R$ 458,50 R$ 1.343,51 R$ 319,88 R$ 3.838,59 R$ 3.305,45<br />

0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%<br />

590,42 R$ 590,42 R$ 1.730,05 R$ 411,92 R$ 4.943,01 R$ 4.256,48<br />

0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%<br />

681,01 R$ 681,01 R$ 2.043,03 R$ 488,55 R$ 5.832,99 R$ 5.003,93<br />

0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%<br />

632,29 R$ 632,29 R$ 1.910,62 R$ 453,60 R$ 5.484,45 R$ 4.687,21<br />

0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%<br />

1.274,73 R$1.274,73 R$3.851,90 R$ 914,48 R$11.056,90 R$9.449,63<br />

38<br />

9,95% R$ 697,31 R$ 6.318,40<br />

9,12% R$ 588,67 R$ 6.042,02<br />

9,12% R$ 519,80 R$ 7.588,46<br />

9,95% R$ 674,91 R$ 10.127,76<br />

9,95% R$ 737,33 R$ 14.450,14<br />

9,12% R$ 679,32 R$ 10.163,40<br />

9,12% R$ 649,75 R$ 10.041,17<br />

9,12% R$ 651,57 R$10.376,00<br />

9,12% R$ 649,23 R$ 13.171,52<br />

9,95% R$ 685,07 R$ 15.415,59<br />

10,04% R$ 1.093,28 R$ 14.893,76<br />

10,04% R$ 1.348,94 R$ 29.171,32<br />

TOTAL R$ 624.679,21 R$6.448,17 R$6.448,17 R$19.209,46 R$4.575,99 R$54.948,67 R$47.153,91 R$ 8.975,18 R$ 147.759,54<br />

Fonte: Da<strong>do</strong>s disponibiliza<strong>do</strong>s pela Contabilidade da empresa (2010).<br />

Como se pode observar no Quadro 3, os critérios utiliza<strong>do</strong>s<br />

para sua elaboração são os mesmos utiliza<strong>do</strong>s na elaboração <strong>do</strong> Quadro 2,<br />

primeiro perío<strong>do</strong> de análise. Da mesma forma como na projeção <strong>do</strong>s tributos<br />

a serem pagos pelo Lucro Real, não é possível se analisar a evolução <strong>do</strong>s<br />

valores pagos, por se tratarem de diferentes perío<strong>do</strong>s (6 e 12 meses). Contu<strong>do</strong>,<br />

observa-se que no exercício de 2008, a empresa encerrou o perío<strong>do</strong>, recolhen<strong>do</strong><br />

um percentual de tributos superior (10,04%), ao recolhi<strong>do</strong> em 2007


(9,95%), o que indica que a empresa obteve uma receita maior no exercício<br />

(2008), compara<strong>do</strong> ao exercício de 2007.<br />

Com relação ao estabelecimento das alíquotas que determinaram os<br />

valores a serem recolhi<strong>do</strong>s, em ambos os perío<strong>do</strong>s, estes foram determina<strong>do</strong>s<br />

com base na receita bruta acumulada da empresa num perío<strong>do</strong><br />

retroativo de <strong>do</strong>ze meses, conforme o estabeleci<strong>do</strong> na Lei Complementar<br />

n. 123/2006. Como a empresa foi tributada por esta modalidade (Simples<br />

Nacional), ten<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os tributos especifica<strong>do</strong>s nos Quadros 2 e 3,<br />

não houve necessidade de re-elaboração <strong>do</strong>s cálculos.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, partiu-se da premissa de que as informações disponibilizadas<br />

pela empresa são fidedignas, visto que seus informes contábeis<br />

não foram audita<strong>do</strong>s. De posse destas informações, procurou-se analisar<br />

comparativamente os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s na pesquisa, a fim de alcançar<br />

o objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, o que passa a ser apresenta<strong>do</strong> a seguir.<br />

4.2.3 Análise comparativa <strong>do</strong>s tributos devi<strong>do</strong>s: Lucro Real x Simples<br />

Nacional<br />

A análise comparativa proposta tem por objetivo identificar qual a modalidade<br />

mais vantajosa para a empresa, no perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>. A partir das<br />

informações apresentadas nos Quadros 1, 2 e 3, foi possível identificar os totais<br />

a serem pagos em cada modalidade, em ambos os perío<strong>do</strong>s. Apresenta-<br />

-se no Quadro 4, os totais apura<strong>do</strong>s na pesquisa.<br />

QUADRO 4 - Análise comparativa: Lucro Real x Simples Nacional<br />

Perío<strong>do</strong> Analisa<strong>do</strong><br />

Total devi<strong>do</strong> -<br />

Modalidade Lucro Real<br />

39<br />

Total devi<strong>do</strong> - Modalidade<br />

Simples Nacional<br />

Diferença Apurada<br />

2007 (6 meses) R$ 195.132,05 R$ 62.854,30 R$ 132.277,75<br />

2008 (12 meses) R$ 368.747,23 R$ 147.759,54 R$ 220.987,69<br />

Totalização R$ 563.879,28 R$ 210.613,84 R$ 353.265,44<br />

Como se pode observar no Quadro 4, a empresa paga menos tributos<br />

pela modalidade <strong>do</strong> Simples Nacional. Em 2007, a diferença <strong>do</strong>s valores<br />

apura<strong>do</strong>s nas duas modalidades foi de R$ 132.277,75 (cento e trinta e <strong>do</strong>is<br />

mi, duzentos e setenta e sete reais e setenta e cinco centavos), valor superior<br />

ao <strong>do</strong>bro (2,1) <strong>do</strong> que foi efetivamente recolhi<strong>do</strong> pela empresa, naquele<br />

perío<strong>do</strong>.<br />

Ao que se refere ao exercício de 2008, a economia financeira no<br />

pagamento de tributos foi ainda maior. Neste caso, a empresa deixou de desembolsar<br />

o montante de R$ 220.987,69 (duzentos e vinte mil, novecentos e<br />

oitenta e sete reais e sessenta e nove centavos). Mesmo não sen<strong>do</strong> possível


comparar a economia nos tributos pagos nos <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s (6 e 12 meses),<br />

pode-se observar que em 2007, a economia proporcional (2,1) foi superior a<br />

de 2008 (1,5).<br />

Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s mostram que a empresa economizou<br />

no pagamento de tributos nos 18 meses analisa<strong>do</strong>s, o valor total de R$<br />

353.265,44 (trezentos e cinqüenta e três mil, duzentos e sessenta e cinco<br />

reais e quarenta e quatro centavos), correspondentes a uma média mensal<br />

de R$ 19.625,86 (dezenove mil, seiscentos e vinte e cinco reais e oitenta e<br />

seis centavos), recursos estes que podem ser reinvesti<strong>do</strong>s na empresa, a fim<br />

de maximizar seus resulta<strong>do</strong>s, ou serem distribuí<strong>do</strong>s aos sócios, a título de<br />

distribuição de lucros (remuneração sobre o capital próprio).<br />

Percebe-se que o tributo que mais contribuiu para esta diferença,<br />

tributação pelo Lucro Real e Simples Nacional é o ICMS, que, conforme<br />

o Quadro 1, representa 55,99% <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s impostos devi<strong>do</strong>s pelo Lucro<br />

Real em 2007 e 66,38% em 2008. Nos impostos devi<strong>do</strong>s pelo Simples<br />

Nacional sua representatividade em relação ao total <strong>do</strong> imposto devi<strong>do</strong> é de<br />

apenas 32% em 2007, e 31,92% em 2008.<br />

Em síntese, pode-se afirmar que o planejamento tributário realiza<strong>do</strong><br />

pela organização, proporcionou a economia legal de tributos desejada pela<br />

empresa. Seus gestores esperavam uma redução de aproximadamente 50%<br />

<strong>do</strong>s valores pagos, ten<strong>do</strong> economiza<strong>do</strong> um valor superior ao planeja<strong>do</strong>.<br />

5 Considerações finais<br />

O planejamento tributário realiza<strong>do</strong> nas organizações justifica-se à<br />

medida que contribui com esta, na maximização de seus recursos. Desta<br />

forma, se a economia de recursos no pagamento de impostos é obtida, pode-<br />

-se concluir que os resulta<strong>do</strong>s projeta<strong>do</strong>s foram alcança<strong>do</strong>s e os lucros da<br />

empresa maximiza<strong>do</strong>s.<br />

Neste contexto, buscan<strong>do</strong> contribuir para a avaliação <strong>do</strong> planejamento<br />

realiza<strong>do</strong> na organização, desenvolveu-se esta pesquisa. O objetivo<br />

geral <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> proposto foi analisar comparativamente se o planejamento<br />

tributário realiza<strong>do</strong> pela empresa pesquisada trouxe economia à organização,<br />

no que se refere ao pagamento de seus impostos nos exercícios<br />

fin<strong>do</strong>s de 2007 e 2008.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa indicam que, em ambos os perío<strong>do</strong>s analisa<strong>do</strong>s,<br />

a empresa obteve economia de recursos, face à opção tributária realizada<br />

em 1° de julho de 2007. O tributo que mais contribuiu para esta economia<br />

foi o tributo estadual ICMS. De forma geral, os valores economiza<strong>do</strong>s<br />

são superiores aos valores efetivamente pagos pela organização.<br />

Consideran<strong>do</strong> uma média geral apurada entre os dezoito meses ana-<br />

40


lisa<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong>, os recursos mensais economiza<strong>do</strong>s representam um valor<br />

total (médio) de R$ 19.625,86 (dezenove mil, seiscentos e vinte e cinco reais<br />

e oitenta e seis centavos). Neste senti<strong>do</strong>, pode-se afirmar que pela modalidade<br />

de tributação <strong>do</strong> Simples Nacional, a empresa pagou menos impostos em<br />

to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>.<br />

Conclui-se então que a opção tributária realizada pela empresa no<br />

segun<strong>do</strong> semestre de 2007 e no exercício de 2008 foi adequada e seu planejamento<br />

eficaz.<br />

Como recomendação a estu<strong>do</strong>s futuros, se sugere a análise conjunta<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de todas ou de algumas das empresas <strong>do</strong> grupo, a fim de se<br />

verificar qual a modalidade de tributação mais viável a estas organizações,<br />

caso ocorresse uma fusão entre as mesmas. Também se recomenda a reaplicação<br />

<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> nos exercícios de 2009 e 2010, incluin<strong>do</strong> a modalidade<br />

<strong>do</strong> Lucro Presumi<strong>do</strong>, visto que a alíquota <strong>do</strong> Simples Nacional incidente em<br />

dezembro de 2008 chegou a 10,04%.<br />

6 Referências<br />

BRASIL. Código Tributário Nacional. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.<br />

Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito<br />

tributário aplicáveis à União, Esta<strong>do</strong>s e Municípios. Disponível em: http://<br />

www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/codtributnaci/ctn.htm. Acesso em:<br />

01.jun.2010.<br />

BRASIL. Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno<br />

Porte. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o<br />

Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível<br />

em: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leiscomplementares/2006/leicp123.htm.<br />

Acesso em: 04.jun.2010.<br />

BRASIL. Lei das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte “SIM-<br />

PLES”. Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o regime<br />

tributário das microempresas e das empresas de pequeno porte, institui o<br />

Sistema Integra<strong>do</strong> de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas<br />

e das Empresas de pequeno Porte - SIMPLES e dá outras providências.<br />

Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/Leis/<br />

Ant2001/lei931796.htm. Acesso em: 04.jun.2010.<br />

BRASIL. Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a não-cumulatividade<br />

na cobrança da contribuição para os Programas de Integração<br />

Social (PIS) e de Formação <strong>do</strong> Patrimônio <strong>do</strong> Servi<strong>do</strong>r Público (Pasep), nos<br />

41


casos que especifica; e dá outras providências. Disponível em: http://www.<br />

receita.fazenda.gov.br/legislacao/Leis/Ant2001/lei971898.htm. Acesso em:<br />

04.jun.2010.<br />

BRASIL. Regulamento <strong>do</strong> Imposto de Renda - RIR/1999. Regulamenta a<br />

tributação, fiscalização, arrecadação e administração <strong>do</strong> Imposto sobre a<br />

Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/RIR/Livro2.htm.<br />

Acesso em: 01.jun.2010.<br />

GIL, A. C. Como elaborar Projetos de Pesquisas. 4. ed. São Paulo: Atlas,<br />

2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. Carga<br />

Tributaria Brasileira 2009. Disponível em: http://www.ibpt.com.br/home/publicacao.view.php?publicacao_id=13737&PHPSESSI<br />

D=63d75b383da56b16ff<br />

8428918b9555a9. Acesso em: 04.jun.2010.<br />

KHAIR, A.; ARAUJO, E. A.; AFONSO, J. R. R. Carga tributária: mensuração<br />

e impacto sobre o crescimento. Revista de Economia e Relações Internacionais,<br />

São Paulo, v. 4, n. 7, p. 27-42, jul. 2005.<br />

OLIVEIRA, L. M. et al. Manual de Contabilidade Tributária. 5. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 2006.<br />

PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 5. ed. Rio de Janeiro:<br />

Freitas Bastos, 2007.<br />

SILVA, A. C. R. da. Meto<strong>do</strong>logia da Pesquisa Aplicada à Contabilidade.<br />

São Paulo: Atlas, 2003.<br />

SILVA, J. A. M. I. Dimensões da informalidade no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s negócios:<br />

procedimentos informais a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s por empresas. 2005. 236 f. Tese<br />

(Doutora<strong>do</strong> em Engenharia da Produção) - Universidade Federal de<br />

<strong>Santa</strong> Catariana, Florianópolis, 2005.<br />

42


ESTUDO DE CASO SOBRE MARKETING DE RELACIONAMENTO COM<br />

CLIENTES PESSOA JURÍDICA DO BANCO ALFA<br />

RESUMO<br />

43<br />

Angélica Mallmann 1<br />

Leticia Lengler 2<br />

A competitividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, cada vez mais acirrada, tem leva<strong>do</strong> organizações<br />

a buscar novas estratégias para sobreviver. O marketing de relacionamento,<br />

aquele embasa<strong>do</strong> em relacionamentos de longo prazo, dura<strong>do</strong>uros<br />

e na satisfação das necessidades e expectativas <strong>do</strong>s clientes, tem si<strong>do</strong> a<br />

estratégia cada vez mais utilizada para a fidelização, retenção e conseqüente<br />

aumento da lucratividade. O objetivo desse trabalho foi identificar o nível de<br />

concordância em relação ao relacionamento entre clientes pessoa jurídica e<br />

o Banco Alfa. Meto<strong>do</strong>logicamente, o trabalho é um estu<strong>do</strong> de caso realiza<strong>do</strong><br />

em três etapas: parte exploratória, quantitativa e qualitativa. Além disso, o estu<strong>do</strong><br />

comprova que será necessário planejar novas ações de marketing para<br />

atingirem seus objetivos para melhorar o serviço ofereci<strong>do</strong> ao cliente.<br />

Palavras-chave: Marketing de Relacionamento, Banco Alfa, Clientes Pessoa<br />

Jurídica<br />

ABSTRACT<br />

Market competitiveness is more and more competitive, which have taken organizations<br />

to search for new strategies in order to survive. Marketing relationship,<br />

in other words, which is comprehended in long term and customers<br />

necessities and expectations’ satisfaction, have been the most used strategy<br />

to reach and keep faithfulness, consequently to increase profits. The aim of<br />

this study was to identify the level of agreement regarding the relationship<br />

between corporate clients and Alfa Bank. Metho<strong>do</strong>logically, the work is a case<br />

study conducted in three stages: part exploratory, quantitative and qualitative.<br />

Moreover, the study proves to be necessary to plan new marketing activities<br />

to achieve their goals to improve service to the customer.<br />

1Graduanda em Administração, Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2Professora <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>, Bacharel<br />

em Administração de Empresas <strong>–</strong> UFSM, Mestre em Agronegócios <strong>–</strong> UFRGS.


Key-words: Marketing Relationship, Alfa Bank, Corporate Personhood Partners<br />

1 Introdução<br />

A competitividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e a acessibilidade à informação têm<br />

provoca<strong>do</strong> também mudanças no comportamento <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res que se<br />

tornam cada vez mais exigentes e menos fiéis às empresas. Frente a isso,<br />

algumas organizações bem-sucedidas estão se voltan<strong>do</strong> para o merca<strong>do</strong>,<br />

adaptan<strong>do</strong> seus produtos às estratégias <strong>do</strong>s clientes com o intuito de assegurar<br />

a fidelidade <strong>do</strong> cliente e a lucratividade.<br />

Esta nova realidade de escolhas explosivas e mudanças imprevisíveis<br />

conduz à necessidade de modificações nas relações de troca no merca<strong>do</strong><br />

entre consumi<strong>do</strong>res e empresa. Portanto, o marketing de relacionamento,<br />

integra o cliente à empresa como forma de criar e manter uma relação de<br />

longo prazo levan<strong>do</strong> à fidelização <strong>do</strong> cliente.<br />

Para criar vantagem competitiva dura<strong>do</strong>ura no merca<strong>do</strong>, através da<br />

fidelização, se faz necessário que as empresas mantenham relações fortes<br />

não apenas com clientes, mas também com fornece<strong>do</strong>res, distribui<strong>do</strong>res,<br />

revende<strong>do</strong>res e to<strong>do</strong>s que fazem parte <strong>do</strong> processo. O marketing de relacionamento<br />

tem si<strong>do</strong> amplamente utiliza<strong>do</strong> pelas empresas como diferencial<br />

competitivo, principalmente no setor de serviços, para a retenção e fidelização<br />

<strong>do</strong>s clientes.<br />

Dessa forma, optou-se em pesquisar o marketing de relacionamento<br />

no setor bancário em função da extrema importância <strong>do</strong> setor para a economia<br />

brasileira, seja especificamente como intermedia<strong>do</strong>res de recursos ou<br />

como presta<strong>do</strong>r de serviços, tais organizações têm grande participação na<br />

atuação <strong>do</strong>s demais setores da economia. Praticamente to<strong>do</strong>s, pessoas físicas<br />

ou jurídicas, sofrem algum tipo de influência, em maior ou menor intensidade<br />

na utilização <strong>do</strong> sistema bancário. Consideran<strong>do</strong> essa necessidade<br />

de utilização <strong>do</strong> sistema bancário por parte de pessoas e empresas, pode-se<br />

dizer que o desenvolvimento desse sistema favorece de alguma forma, o<br />

desenvolvimento de toda a economia.<br />

Neste trabalho, estuda-se o marketing de relacionamento como estratégico<br />

na construção <strong>do</strong> processo de fidelização de clientes na instituição<br />

e o problema desta pesquisa são: Qual o nível de relacionamento que as<br />

empresas têm com o Banco Alfa?<br />

O objetivo geral é analisar o grau de relacionamento entre clientes<br />

pessoas jurídico <strong>do</strong> Banco Alfa. Já nos objetivos específicos, mensurar a concordância<br />

<strong>do</strong> grau de relacionamento, sob ótica <strong>do</strong>s clientes, levan<strong>do</strong> em conta<br />

a dependência, a comparação de fornece<strong>do</strong>res financeiros, investimento,<br />

troca de informações, confiança, e comprometimento <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s.<br />

44


2 Referencial teórico<br />

2.1 Marketing de relacionamento<br />

Conhecer seus clientes é uma vantagem competitiva significativa<br />

para a organização de serviços. Um banco de da<strong>do</strong>s com os nomes e endereços<br />

<strong>do</strong>s clientes e o seu uso de serviços permite uma relação direcionada e<br />

um tratamento individual aos mesmos. Ganhar clientes no merca<strong>do</strong> significa<br />

competir em várias dimensões. Os clientes baseiam suas decisões de compra<br />

em muitas variáveis, incluin<strong>do</strong> preço, conveniência, reputação e segurança.<br />

A importância de uma variável específica para o sucesso de uma empresa<br />

depende da competitividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e das preferências de cada cliente.<br />

Grönroos (2003, p. 36) ressalta:<br />

Marketing de Relacionamento é uma perspectiva de como a<br />

empresa pode se relacionar com seus clientes e outras partes<br />

interessadas de mo<strong>do</strong> a causar um impacto sobre como o negócio<br />

é desenvolvi<strong>do</strong> e os clientes são gerencia<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong><br />

essa perspectiva, o marketing é visto como o gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

relacionamentos com os clientes e <strong>do</strong>s relacionamentos com fornece<strong>do</strong>res,<br />

distribui<strong>do</strong>res e outros parceiros em rede, bem como<br />

instituições financeiras e outras partes<br />

Quan<strong>do</strong> Gummesson (2005) define marketing de relacionamento<br />

como sen<strong>do</strong> o marketing basea<strong>do</strong> em interações dentro da rede de relacionamentos<br />

ele apresenta os conceitos principais que compõem a sua definição<br />

para marketing de relacionamento: relacionamentos, redes e interações.<br />

Relacionamentos exigem que pelo menos duas pessoas estejam<br />

em contato. O relacionamento fundamental <strong>do</strong> marketing é aquele entre um<br />

cliente e um fornece<strong>do</strong>r. Rede é um grupo de relacionamentos que pode se<br />

transformar em modelos extremamente complexos. Interação refere-se ao<br />

contato ativo existente entre as partes, seja nos relacionamentos em dupla<br />

ou em redes complexas.<br />

Segun<strong>do</strong> Gor<strong>do</strong>n (1999) o marketing de relacionamento é o processo<br />

contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais<br />

e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria.<br />

Isso envolve compreensão, concentração e administração de uma contínua<br />

colaboração entre fornece<strong>do</strong>res, rede de varejo e clientes seleciona<strong>do</strong>s para<br />

a criação e o compartilhamento de valores mútuos por meio de independência<br />

e alinhamento organizacional. Em síntese, significa trazer o cliente externo<br />

para dentro da empresa, ajudan<strong>do</strong>-o a definir seus próprios interesses.<br />

Para Churchill e Peter (2000) a essência <strong>do</strong> marketing é o desenvolvi-<br />

45


mento de trocas nas quais as empresas e clientes participam voluntariamente<br />

de transações destinadas a trazer benefícios para ambos. Primeiramente, as<br />

orientações tradicionais de marketing focavam produção, vendas e marketing.<br />

De acor<strong>do</strong> com Kotler (2000), existem alguns conceitos centrais de<br />

marketing que ajudam a compreendê-lo melhor. São eles: conceito de merca<strong>do</strong>s-alvo<br />

e segmentação, profissionais de marketing e clientes potenciais,<br />

necessidades, desejos e demandas, produto ou oferta, valor e satisfação,<br />

troca e transações, relacionamentos e redes, canais de marketing, cadeia<br />

de suprimentos, concorrência, ambiente de marketing e, finalmente, mix de<br />

marketing.<br />

2.2 Valor e Satisfação de Clientes<br />

Há mais de 35 anos, Drucker observou que a primeira tarefa de uma<br />

empresa é ‘criar clientes’. Mas os clientes de hoje se deparam com um vasto<br />

universo de produtos, marcas preços e fornece<strong>do</strong>res pelos quais optar (KO-<br />

TLER, 2000, p.56).<br />

Eles procuram sempre maximizar o valor, dentro <strong>do</strong>s limites impostos<br />

pelos custos envolvi<strong>do</strong>s na procura e pelas limitações de conhecimento,<br />

mobilidade e receita. Eles formam uma expectativa de valor e agem com<br />

base nela. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende de<br />

a oferta atender ou não a essa expectativa de valor.<br />

Valor entregue ao cliente é a diferença entre o valor total para o cliente<br />

e o custo para o cliente. O valor total para o cliente é o conjunto de benefícios<br />

que os clientes esperam de um determina<strong>do</strong> produto ou serviço. Já<br />

o custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os consumi<strong>do</strong>res<br />

esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço<br />

(KOTLER, 2000).<br />

A satisfação consiste na sensação de prazer ou desapontamento<br />

resultante da comparação <strong>do</strong> desempenho (ou resulta<strong>do</strong>) percebi<strong>do</strong> de um<br />

produto em relação às expectativas <strong>do</strong> compra<strong>do</strong>r. Fica claro por essa definição<br />

que a satisfação é função de desempenho e expectativas percebi<strong>do</strong>s.<br />

Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito.<br />

Se o desempenho alcançar as expectativas, o cliente ficará satisfeito. Se o<br />

desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito<br />

ou encanta<strong>do</strong>.<br />

Muitas empresas estão objetivan<strong>do</strong> a alta satisfação porque clientes<br />

meramente satisfeitos mudam facilmente de fornece<strong>do</strong>r quan<strong>do</strong> aparece<br />

oferta melhor. Os que são altamente satisfeitos são muito menos propensos<br />

a mudar. Um alto nível de satisfação ou encantamento cria um<br />

vínculo emocional com a marca, não apenas uma preferência racional. O<br />

46


esulta<strong>do</strong> é um alto grau de fidelidade <strong>do</strong> cliente. Um cliente altamente satisfeito<br />

ou um cliente muito satisfeito provavelmente continuará cliente por<br />

muitos anos e comprará mais <strong>do</strong> que compraria um cliente simplesmente<br />

satisfeito (KOTLER, 2000).<br />

Além de acompanhar as expectativas e a satisfação de clientes em<br />

relação a seu valor, as empresas precisam monitorar o desempenho <strong>do</strong>s concorrentes<br />

nestas áreas.<br />

Por fim, a empresa deve operar com base na filosofia de que está<br />

tentan<strong>do</strong> alcançar um alto nível de satisfação de clientes, asseguran<strong>do</strong>, pelo<br />

menos níveis aceitáveis de satisfação <strong>do</strong>s demais públicos interessa<strong>do</strong>s,<br />

consideran<strong>do</strong> as limitações de seus recursos.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

O méto<strong>do</strong> constitui um importante estágio da elaboração de uma<br />

pesquisa. Conforme Goldenberg (2003, p. 46) “a meto<strong>do</strong>logia é um caminho<br />

possível para a pesquisa cientifica”. A autora enfatiza também que o que determina<br />

como trabalhar é o problema de pesquisa que se quer resolver, logo<br />

“só se escolhe o caminho quan<strong>do</strong> se sabe aonde se quer chegar”.<br />

O processo de pesquisa foi realiza<strong>do</strong> em três etapas: parte exploratória<br />

(estu<strong>do</strong>s iniciais, bibliografias sobre o tema), parte quantitativa (aplicação<br />

<strong>do</strong>s questionários e tabulação estatística) e parte qualitativa (análise<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s). Inicialmente, foram busca<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s secundários em revisões<br />

bibliográficas, acerca <strong>do</strong> tema marketing de relacionamento. Nesta busca,<br />

encontrou-se um modelo de mensuração de marketing de relacionamento,<br />

desenvolvi<strong>do</strong> por Wilson e Vlosky (1997 apud VIANA, 1999), já valida<strong>do</strong> no<br />

âmbito brasileiro. O mesmo foi adapta<strong>do</strong> para o Banco Alfa. O questionário é<br />

composto por trinta e uma questões, com perguntas fechadas, sen<strong>do</strong> analisadas<br />

estas questões dentro de cinco tópicos diferentes.<br />

A população <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi composta por 160 clientes pessoa jurídica<br />

da unidade de atendimento <strong>do</strong> Banco Alfa. De acor<strong>do</strong> com Malhotra (2001) a<br />

população é a soma de to<strong>do</strong>s os elementos que compartilham algum conjunto<br />

de características, conforman<strong>do</strong> o universo para o propósito <strong>do</strong> problema de<br />

pesquisa de marketing. Para a amostra, foram distribuí<strong>do</strong>s 140 questionários<br />

á clientes Jurídicos, a qual 66 questionários retornaram sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s váli<strong>do</strong>s.<br />

4 Caracterização e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Reunir pessoas para praticar a ajuda mútua a partir <strong>do</strong>s problemas,<br />

necessidades e interesses comuns são um <strong>do</strong>s princípios <strong>do</strong> Banco Alfa. E<br />

foi basea<strong>do</strong> nele que 51 pessoas fundaram, em 21 de setembro de 1919, a<br />

47


Caixa União Popular de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong>. Atualmente conta com um total de 13<br />

funcionários, possuin<strong>do</strong> aproximadamente 1600 clientes, totalizan<strong>do</strong> em to<strong>do</strong><br />

Vale <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong> 170 colabora<strong>do</strong>res e 35.000 clientes em geral.<br />

Neste capítulo serão apresenta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por meio<br />

<strong>do</strong>s questionários envia<strong>do</strong>s aos clientes, buscan<strong>do</strong>-se interpretar as respostas<br />

através da análise das alternativas escolhidas pelos clientes. Os participantes<br />

desta pesquisa são clientes pessoas jurídicas, portanto para uma<br />

melhor compreensão, o questionário utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> foram subdividi<strong>do</strong><br />

em 6 partes independentes <strong>–</strong> dependência <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r, comparação de<br />

alternativas, investimento no relacionamento,troca de informações, confiança<br />

e comprometimento <strong>–</strong> sen<strong>do</strong> que cada um destes aborda um número específico<br />

de perguntas que somam um total de 28, sen<strong>do</strong> também analisa<strong>do</strong> o<br />

tempo que a empresa é cliente <strong>do</strong> Banco Alfa, ramo de atuação da empresa<br />

e tempo de atuação da empresa no merca<strong>do</strong>.<br />

4.1 Dependências <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r<br />

Em relação à Dependência <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r, foram analisadas as respostas<br />

respectivamente com base nas alternativas escolhidas para demonstrar<br />

se as empresas têm uma parceria equilibrada com o Banco Alfa e se este<br />

é estrategicamente importante para as empresas. Segun<strong>do</strong> Ganesan (1994),<br />

dependência é a necessidade que uma das partes tem de manter a relação<br />

com a outra para alcançar metas desejadas. Sen<strong>do</strong> que a dependência se<br />

torna crescente quan<strong>do</strong>: os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s são importantes e o valor e<br />

a magnitude da relação são altos; os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s ultrapassam os resulta<strong>do</strong>s<br />

apresenta<strong>do</strong>s por qualquer outra opção; e, existem poucas fontes<br />

alternativas ou fontes potenciais de troca.<br />

GRÁFICO 1 <strong>–</strong> Acredito que a empresa tem uma parceria equilibrada com o<br />

Banco Alfa<br />

48


Conforme o gráfico1, foi questiona<strong>do</strong> se a empresa tem uma parceria<br />

equilibrada com o Banco Alfa, 64% concordam com esta parceria. Acredita-se<br />

que os clientes sentem-se valoriza<strong>do</strong>s e reconheci<strong>do</strong>s pelo fato de ser o <strong>do</strong>no<br />

<strong>do</strong> negócio. Uma das estratégias que o Banco Alfa vem fazen<strong>do</strong> é primar pela<br />

qualidade no atendimento, principalmente na comunicação entre colabora<strong>do</strong>r<br />

e cliente. Essa dedicação no atendimento é um <strong>do</strong>s pontos principais para fidelização<br />

de seus clientes, sen<strong>do</strong> o principal diferencial competitivo <strong>do</strong> Banco<br />

Alfa, onde os clientes, ao entrarem na unidade de atendimento são trata<strong>do</strong>s<br />

com carinho e respeito, e não com a frieza e impessoalidade comuns hoje em<br />

dia no merca<strong>do</strong> financeiro.<br />

GRÁFICO 2 <strong>–</strong> O Banco Alfa é estrategicamente importante para minha<br />

empresa<br />

Em relação ao gráfico 2, as empresas concordam com 64% que o<br />

Banco Alfa é estrategicamente importante para sua empresa; 21 % Não Discordam<br />

Nem Concordam, 12% Discordam e 3% Concordam Totalmente. Em<br />

relação ao alto percentual de concordância, acredita-se que estas empresas<br />

possuem planos para prospectar seus negócios. Já as empresas que discordaram,<br />

acredita-se que estas não conhecem to<strong>do</strong>s os produtos e benefícios<br />

que o Banco Alfa possui. Já em relação aos 21%, acredita-se que os mesmos<br />

ficaram em dúvida.<br />

4.2. Nível e comparação com fornece<strong>do</strong>res alternativos<br />

A diferenciação positiva entre fornece<strong>do</strong>res determina seu poder de<br />

atração, poden<strong>do</strong>-se afirmar que, quanto maior for tal diferenciação entre o<br />

fornece<strong>do</strong>r atual e os demais, maior será a relação custo-benefício percebida<br />

(Wilson e Vlosky 1997, apud Viana, 1999). O nível de comparação <strong>do</strong> atual<br />

parceiro com os demais disponíveis no merca<strong>do</strong> tende a ser positivo para<br />

aqueles que proverem maior valor agrega<strong>do</strong> às transações, esforço com reflexos<br />

na qualidade <strong>do</strong>s serviços.<br />

49


GRÁFICO 3 <strong>–</strong> Comparada com outras instituições financeiras, o meu<br />

relacionamento com o Banco Alfa é melhor<br />

Percebeu-se, então que, quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong> sobre relacionamento<br />

das empresas com o Banco Alfa (Gráfico 3) comparada com demais instituiçoes<br />

financeiras era melhor, geraram a concordancia de 53% <strong>do</strong>s respondentes<br />

e 20% concordaram totalmente , sen<strong>do</strong> que 12% discordaram e<br />

15% ficaram na dúvida. Estes da<strong>do</strong>s revelam que, em virtude ao atendimento<br />

pessoal prioriza<strong>do</strong> pelo Banco, na maioria das ocasiões em que o cliente busca<br />

auxílio para a solução de problemas o relacionamento é um <strong>do</strong>s grandes<br />

diferenciais.<br />

GRÁFICO 4 <strong>–</strong> Há muitas outras instituições financeiras que são tão<br />

importantes para minha empresa quanto o Banco Alfa<br />

Ante ao exposto, verifica-se no gráfico4 que 33% <strong>do</strong>s respondentes<br />

concordam que existam outras instituições importantes e 47% <strong>do</strong>s respondentes<br />

não discordam/nem concordam, pressupõem que devi<strong>do</strong> da existência<br />

de muitos concorrentes e por um merca<strong>do</strong> altamente competitivo, algumas<br />

instituições possuem produtos diferencia<strong>do</strong>s em seu portfólio fazen<strong>do</strong><br />

com que clientes não se tornem fiéis ou exclusivos de uma única instituição.<br />

Sugere-se que, neste caso, o Banco Alfa teria que ter uma vantagem competitiva,<br />

poden<strong>do</strong> até mesmo oferecer uma agilidade no atendimento ou antecipação<br />

às solicitações <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s, que geralmente podem ser fatores<br />

determinantes para adquirir um determina<strong>do</strong> serviço.<br />

50


4.3 Investimentos no Relacionamento<br />

O Banco Alfa se preocupa muito em investir no relacionamento com<br />

os seus clientes, para isso investimentos no relacionamento são entendi<strong>do</strong>s<br />

como o conjunto de investimentos realiza<strong>do</strong>s pelas empresas em ativos específicos<br />

às transações com certos fornece<strong>do</strong>res, em termos de tempo, recursos<br />

humanos e materiais. Wilson e Vlosky (1997, apud Viana, 1999).<br />

GRÁFICO 5 <strong>–</strong> O investimento que a empresa tem feito para implementar<br />

uma parceria com o Banco Alfa é significativo<br />

Questionou-se se o investimento que a empresa tem feito com o Banco<br />

Alfa são significativos, sen<strong>do</strong> que 55% concordaram com a pergunta e<br />

38% ficaram com dúvidas e 6 % discordaram conforme ilustra o gráfico5. Um<br />

<strong>do</strong>s motivos da alta concordância para esta resposta deve-se ao fato de que<br />

em uma cooperativa de crédito o capital social de cada associa<strong>do</strong> é de suma<br />

importância para a solidez desta, e a rentabilidade <strong>do</strong> mesmo faz com que<br />

os associa<strong>do</strong>s invistam valores significativos em seu capital social buscan<strong>do</strong><br />

não só a rentabilidade de seu dinheiro como também aumentar a sua parceria<br />

com o Banco, pois to<strong>do</strong>s os clientes são <strong>do</strong>nos da Instituição, sabem que<br />

os investimentos voltam em forma de resulta<strong>do</strong>s.<br />

GRÁFICO 6 <strong>–</strong> Se eu decidisse encerrar o relacionamento comercial com o<br />

Banco Alfa, isso seria um transtorno para a minha empresa<br />

Em relação à possibilidade de a empresa encerrar o relacionamento<br />

com o Banco Alfa e causar um transtorno para elas (gráfico6), percebe-<br />

51


-se certa igualdade (36% discordam, 35 % não discordam/nem concordam<br />

e 29% concordam), acredita-se que isto ocorra devi<strong>do</strong> aos diferenciais que<br />

existem em cada instituição seja um <strong>do</strong>s motivos pela qual as respostas deste<br />

quesito apresentem uma paridade.<br />

4.4Trocas de Informações<br />

Conforme autor Bowersox (1998, p. 338) o compartilhamento da informação<br />

é o aglutina<strong>do</strong>r que mantém as associações (de alianças estratégicas)<br />

integradas. Quanto mais intensa a troca de informações entre o pólo<br />

compra<strong>do</strong>r e o fornece<strong>do</strong>r, maior o sentimento de confiança <strong>do</strong> pólo compra<strong>do</strong>r<br />

no fornece<strong>do</strong>r.<br />

GRÁFICO 7 <strong>–</strong> A empresa troca mais informações com o Banco Alfa <strong>do</strong> que<br />

trocaria com outras instituições financeiras<br />

O gráfico7 mostra os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s na pesquisa, a qual analisou<br />

se as empresas trocam mais informações com o Banco Alfa <strong>do</strong> que com as<br />

demais instituições, obteve-se 37% concordância; 36% discordância; 21%<br />

não discordam nem concordam e 6% discordaram totalmente. Acredita-se<br />

que o índice de concordância se dá pelo fato de as empresas sentirem mais<br />

confiança em relação ao Banco Alfa, já as empresas que discordam suponha-<br />

-se que elas trocam informações na mesma proporção com quaisquer instituições.<br />

4.5 Confiança<br />

Segun<strong>do</strong> Ganesan (1994) o autor trata a confiança como um <strong>do</strong>s<br />

fatores que definem a orientação da transação no longo prazo, ao la<strong>do</strong> da<br />

interdependência. Para o autor, níveis altos de confiança, características das<br />

trocas relacionais habilitam as partes a focar os benefícios de longo prazo<br />

de um relacionamento, aumentan<strong>do</strong> a competitividade e reduzin<strong>do</strong> os custos<br />

transacionais.<br />

52


GRÁFICO 8 <strong>–</strong> Eu aceito os produtos ofereci<strong>do</strong>s pelo Banco Alfa sem<br />

conferi-los com precisão<br />

Conforme gráfico 8 questionou-se se as empresas aceitam os produtos<br />

ofereci<strong>do</strong>s pelo Banco Alfa sem conferi-los com precisão na qual 44%<br />

discordam; 24% não discordam nem concordam; 20% concordam; 11% discordam<br />

totalmente; e 1% concorda totalmente. Acredita-se que há diferentes<br />

razões para este índice de concordância a qual podemos relacionar diretamente<br />

ao fato de que hoje os produtos estão muito pareci<strong>do</strong>s e as empresas<br />

estão mais exigentes e também outro motivo poderia ser pelo fato de as empresas<br />

terem to<strong>do</strong> o seu patrimônio investimento na Instituição, isto não quer<br />

dizer que a empresas não tenham confiança, mas sim pelo hábito destas em<br />

conferir to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos para qualquer transação onde também possam<br />

ocorrer erros sem intenção <strong>do</strong>s próprios colabora<strong>do</strong>res.<br />

4.6 Comprometimento<br />

Comprometimento é o grau de interesse que cada uma das partes<br />

tem em investir na manutenção ou ampliação <strong>do</strong> relacionamento. Duas dimensões<br />

devem permear a categoria, conforme Grunig e Hon (1999): a continuidade<br />

<strong>do</strong> propósito e o sentimento de reciprocidade. E, deve levar, ainda, em<br />

consideração se o público considera o relacionamento importante e se deseja<br />

que esta relação dure por um longo tempo. (apud MORGAN; HUNT, 1994).<br />

GRÁFICO 9 <strong>–</strong> O relacionamento comercial com o Banco Alfa poderia ser<br />

descrito como sen<strong>do</strong> uma parceria<br />

53


No gráfico 9 questionou-se se o relacionamento comercial com o<br />

Banco Alfa poderia ser descrito como sen<strong>do</strong> uma parceria; 70% concordam<br />

com a pergunta; 26% concordam totalmente e 4% não discordam nem concordam.<br />

Acredita-se que esta concordância esteja diretamente relacionada<br />

aos valores e princípios <strong>do</strong> Banco Alfa, como a preservação irrestrita da natureza<br />

cooperativa <strong>do</strong> negócio; o respeito à individualidade <strong>do</strong> associa<strong>do</strong>; a valorização<br />

e desenvolvimento das pessoas; a preservação da instituição como<br />

sistema; o respeito às normas oficiais e internas e principalmente a eficácia<br />

e transparência na gestão, pois os associa<strong>do</strong>s são os <strong>do</strong>nos da cooperativa,<br />

são eles que decidem o futuro da cooperativa.<br />

5 Considerações finais<br />

Diante da atual variedade de informações e de um mun<strong>do</strong> repleto<br />

de concorrentes, o aumento das exigências nos padrões de consumo tem<br />

trazi<strong>do</strong> ao século XXI consumi<strong>do</strong>res que exigem, cada vez mais, soluções<br />

personalizadas de acor<strong>do</strong> com suas próprias necessidades e expectativas.<br />

Assim, diante da competitividade atual, empresas de vários setores e, principalmente,<br />

empresas <strong>do</strong> setor bancário, têm defendi<strong>do</strong> a a<strong>do</strong>ção de estratégias<br />

voltadas para a conquista de relacionamentos com seus clientes como<br />

uma ótima forma de aumentar a lucratividade em suas transações diárias.<br />

Levan<strong>do</strong>-se em consideração a importância deste tema, o presente<br />

trabalho teve o objetivo de analisar o grau de relacionamento entre a unidade<br />

de atendimento <strong>do</strong> Banco Alfa e seus clientes pessoas jurídico. Para<br />

tanto, utilizou-se uma escala para mensuração <strong>do</strong> relacionamento de Wilson<br />

e Vlosky (1997 apud VIANA, 1999), sen<strong>do</strong> a mesma capaz de medir a concordância<br />

<strong>do</strong>s respondentes em relação à existência de relacionamento entre<br />

as partes, medida por uma escala de concordância de cinco pontos: discor<strong>do</strong><br />

totalmente; discor<strong>do</strong>; não concor<strong>do</strong>/nem discor<strong>do</strong>; concor<strong>do</strong> e concor<strong>do</strong> totalmente.<br />

Dentro <strong>do</strong> foco <strong>do</strong> presente trabalho embasa<strong>do</strong> na literatura e referencial<br />

teórico que o sustenta, observa-se que de acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s<br />

coleta<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s são passiveis de uma série de comentários e<br />

constatações. Os percentuais obti<strong>do</strong>s em todas as seis dimensões da escala<br />

de medição <strong>do</strong> Marketing de Relacionamento proposto por Wilson e Vlosky<br />

(1997 apud VIANA, 1999), foram satisfatórios em relação ao grau de relacionamento<br />

dependen<strong>do</strong> de cada um <strong>do</strong>s tópicos aborda<strong>do</strong>s.<br />

Destacam-se alguns pontos positivos, como o Banco Alfa tem mereci<strong>do</strong><br />

a confiança das empresas; o quanto as empresas sentem que possuem<br />

uma parceria equilibrada, um melhor relacionamento e por ser estrategicamente<br />

importantes para as empresas. Nota-se que os motivos pelos quais os<br />

54


clientes buscaram os serviços da instituição são em razão ao relacionamento<br />

e a confiança que é o principal fator que os motiva a continuar como clientes<br />

<strong>do</strong> Banco Alfa.<br />

Os pontos menos favoráveis identifica<strong>do</strong>s foram às respostas das<br />

empresas em relação à dependências e troca de informações. Constatou-se<br />

que mesmo depositan<strong>do</strong> confiança e parceria as empresas não se sentem<br />

dependentes <strong>do</strong> mesmo, e compartilham as mesmas informações sobre a<br />

empresa com outras instituições financeiras. Talvez isso se deva ao fato de<br />

no setor bancário existirem várias outras instituições financeiras semelhantes<br />

ou em reduzir suas escolhas para manter um relacionamento com uma empresa<br />

ou marca.<br />

Esse resulta<strong>do</strong> pode vir a servir a unidade Banco Alfa para detectar<br />

se as diferentes ações de marketing usadas estão corresponden<strong>do</strong> aos objetivos<br />

da cooperativa, contribuin<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> de ser um ponto de partida para<br />

iniciar um processo de segmentação das empresas associadas, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />

formas de relacionamento diferenciadas de acor<strong>do</strong> com as características<br />

de cada empresa. O desenvolvimento deste estu<strong>do</strong> bem como a análise <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, permitiu identificar que apesar de apresentar alguns itens<br />

falhos tais como Dependência e torça de Informações, o Banco Alfa apresenta<br />

um bom desempenho no atendimento presta<strong>do</strong> ao associa<strong>do</strong> pessoa<br />

jurídica, incentivan<strong>do</strong> a organização a planejar novas ações de marketing<br />

para atingirem seus objetivos, sen<strong>do</strong> uma ferramenta a mais para conhecer<br />

melhor suas empresas associadas, poden<strong>do</strong> também ser aplicada com os<br />

demais associa<strong>do</strong>s das diversas unidades de atendimento da Instituição no<br />

Vale <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong>. Para aplicar o marketing de relacionamento com as empresas<br />

associadas de maneira eficiente, é preciso segmentá-las de acor<strong>do</strong><br />

com algum critério, pois o relacionamento individual não pode ser extensivo<br />

a todas as empresas devi<strong>do</strong> seus eleva<strong>do</strong>s custos e tempo despendi<strong>do</strong>.<br />

Com base nesses resulta<strong>do</strong>s, fica clara a necessidade de se desenvolver um<br />

processo de segmentação <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s pessoa jurídica, planejan<strong>do</strong> diferentes<br />

ações de marketing, específicas para cada segmento, por exemplo,<br />

de acor<strong>do</strong> com o tempo que a empresa é cliente da Instituição, e também<br />

de acor<strong>do</strong> com o tempo que a empresa atua no merca<strong>do</strong>. Outra sugestão<br />

seria selecionar um Gerente de Relacionamento, treiná-lo para atuar exclusivamente<br />

com o atendimento dessas empresas. Selecionan<strong>do</strong> assim, dentre<br />

o quadro de colabora<strong>do</strong>res aquele que detém mais habilidades para desenvolver<br />

o trabalho como gerente de relacionamento, e treiná-lo em marketing<br />

de relacionamento, pois este deve ser capaz de atender cada empresa-alvo.<br />

Durante a realização deste trabalho, a dificuldade encontrada foi a<br />

entrega <strong>do</strong>s questionários, pois a instituição não permitiu que os questionários<br />

fossem manda<strong>do</strong>s por email. Então para agilizar a entrega as pesqui-<br />

55


sas foram encaminhadas através <strong>do</strong>s malotes das empresas. No entanto,<br />

foram recebi<strong>do</strong>s apenas 66 questionários totalmente preenchi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s 140<br />

envia<strong>do</strong>s.<br />

Sugere-se que outros estu<strong>do</strong>s nesta área continuem sen<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

em outras instituições <strong>do</strong> mesmo setor e que os resulta<strong>do</strong>s possam<br />

ser compara<strong>do</strong>s para entender melhor as ações relacionadas ao marketing<br />

de relacionamento desta instituição.<br />

6 Referências<br />

BOWERSOX, D. J. Os benefícios estratégicos das alianças logísticas. In:<br />

MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M. E. Estratégia: a busca da vantagem<br />

competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1998. p. 331-346.<br />

GANESAN, S. Determinants of long-term orientation in buyer-seller relationship.<br />

Journal of Marketing, Chicago, v. 58, n. 2, p.1, Apr.1994.19p.<br />

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em<br />

Ciências Sociais. 7. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.<br />

GORDON, I. Marketing de relacionamento. São Paulo: Futura, 1999.<br />

GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: São<br />

Paulo: Elsevier, 2003.<br />

GRUNIG, J. E., HON, L. C. Guidelines for measuring relationships in public<br />

relations. Gainsville/Fl: The Institute for Public Relations, 1999. Disponível<br />

em: www.instituteforpr.com. Acesso em: 28 fev. 2010.<br />

GUMMESSON, E. Marketing de relacionamento total: gerenciamento de<br />

marketing, estratégias de relacionamento e abordagem de CRM para economias<br />

de rede. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.<br />

KOTLER, P. Administração de Marketing: a edição <strong>do</strong> novo milênio.S ão<br />

Paulo: Prentice Hall, 2000.<br />

MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed.<br />

Porto Alegre: Bookman, 2001.<br />

MORGAN, R. M.; HUNT, S. D. The Commitment <strong>–</strong> Trust Theory of Relationship<br />

Marketing. Journal of Marketing. Jul, 1994.<br />

56


VIANA, D. A. A proposição de um modelo sobre marketing de relacionamento<br />

no contexto business-to-business: avaliação inicial na indústria<br />

metalmecânica <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Administração)<br />

- Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal<br />

<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Porto Alegre. 1999.<br />

WILSON, E; WLOSKY, R. Partnering relationships activities: building theory<br />

from case study research. Journal of Business Research, May, 1997.<br />

57


RESUMO<br />

IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO:<br />

UM ESTUDO DE CASO EM UMA INDÚSTRIA DE SEMENTES<br />

59<br />

Anísia Fernanda Meyer 1<br />

Daniel Bartz 2<br />

O desenvolvimento de novas tecnologias administrativas traz benefícios ao<br />

gerenciamento das empresas. Consideran<strong>do</strong> tal aspecto, o objetivo deste estu<strong>do</strong><br />

é analisar as mudanças advindas da implantação <strong>do</strong> SAP (Systems Applications<br />

and Products in Data Processing) em uma indústria de sementes,<br />

principalmente no que se refere ao fluxo das informações e a capacidade de<br />

processamento de da<strong>do</strong>s no fechamento contábil mensal <strong>do</strong> produto semente<br />

matriz de milho. Para tanto, realizou-se um estu<strong>do</strong> de caso buscan<strong>do</strong>-se,<br />

por meio da análise <strong>do</strong>cumental e da observação participante, identificar os<br />

processos contábeis inerentes à semente matriz de milho e sua sistematização<br />

após a implantação <strong>do</strong> SAP. Também foram utilizadas entrevistas não<br />

estruturadas com os gestores e os colabora<strong>do</strong>res das áreas de produção e<br />

contabilidade para validar alguns processos, as quais foram realizadas no decorrer<br />

<strong>do</strong> mês de março de 2010. Os resulta<strong>do</strong>s mostram que a empresa tem<br />

investi<strong>do</strong> em uma estrutura mais adequada de sistemas, propician<strong>do</strong> maior<br />

qualificação das informações e o fortalecimento de to<strong>do</strong>s os seus controles.<br />

Verificou-se também uma efetiva melhoria nos procedimentos de fechamento<br />

da semente matriz de milho com a implantação <strong>do</strong> novo sistema, obten<strong>do</strong>-se<br />

um excelente ganho na otimização desses processos.<br />

Palavras-chave: Controla<strong>do</strong>ria, Sistemas integra<strong>do</strong>s de gestão, SAP<br />

ABSTRACT<br />

The development of new technology brings benefits to the administrative<br />

management of enterprises. Considering this aspect, the present study aims<br />

to analyze the changes arising from the implementation of SAP (Systems<br />

Applications and Products in Data Processing) in a seed industry, especially<br />

with regard to the flow of information and data processing capacity of the<br />

1Graduanda <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2Mestre em Ciências Contábeis, professor da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


accounting closing monthly product matrix seed corn. For both, there was<br />

a case study seeking to, through <strong>do</strong>cumentary analysis and participant<br />

observation, identifying the accounting processes involved in seed corn and<br />

its array of systematization after the implementation of SAP. Were also used<br />

unstructured interviews with managers and employees of the production<br />

areas and to validate certain accounting procedures, which were held during<br />

the month of March 2010. The results show that the company has invested<br />

in a more appropriate system, providing more qualifying information and<br />

strengthening of all its controls. There was also an effective improvement in<br />

the procedures for closing the seed corn matrix with the implementation of the<br />

new system, getting a good gain in optimizing these processes.<br />

Key-words: Controllership, Integrated management systems, SAP<br />

1 Introdução<br />

O avanço tecnológico influencia de maneira contundente na flexibilização<br />

e equilíbrio das relações econômicas entre os segmentos empresariais.<br />

Consideran<strong>do</strong> esta dimensão, surge a possibilidade de integração de<br />

sistemas estrutura<strong>do</strong>s, que passam a suportar o fluxo das informações que<br />

subsidiam com maior qualidade o processo de tomada de decisão.<br />

Oliveira, Perez Jr. e Silva (2007) relacionam a evolução <strong>do</strong> controle<br />

das atividades das organizações com as suas necessidades de salvaguardar<br />

o patrimônio e cumprir sua missão. Em ambientes complexos, como uma<br />

indústria, é essencial que os gestores de to<strong>do</strong>s os níveis organizacionais tenham<br />

acesso a informações vitais <strong>do</strong> processo organizacional e, assim, possam<br />

decidir com maior aderência aos objetivos da empresa.<br />

Diante destas tendências, é preciso observar uma série de fatores ao<br />

decidir-se sobre a aquisição e implantação de um sistema de gestão. Questões<br />

como a constatação da necessidade da mudança, o estu<strong>do</strong> de viabilidade<br />

<strong>do</strong> investimento necessário, a adequação e maturação <strong>do</strong> sistema, análise<br />

da tecnologia existente ou funcionalidades a serem acrescidas ao atual sistema<br />

são variáveis que devem ser plenamente analisadas. Não avaliar estes<br />

elementos pode trazer resulta<strong>do</strong>s indeseja<strong>do</strong>s e de grande repercussão para<br />

os negócios da empresa.<br />

Consideran<strong>do</strong> que o desenvolvimento deste estu<strong>do</strong> ocorreu em uma<br />

empresa de grande porte e ten<strong>do</strong>-se verifica<strong>do</strong> que seus gestores tinham<br />

percorri<strong>do</strong> todas as etapas prévias de análise da migração para um novo<br />

sistema de gestão, o objetivo principal deste estu<strong>do</strong> foi analisar as mudanças<br />

advindas da implantação <strong>do</strong> SAP (Systems Applications and Products in<br />

Data Processing) em uma indústria de sementes. Com isso, sua abordagem<br />

60


direcionou-se a responder o seguinte problema de pesquisa: quais as principais<br />

mudanças evidenciadas no processo de fechamento contábil mensal<br />

<strong>do</strong> produto semente matriz de milho a partir da implantação <strong>do</strong> sistema SAP<br />

ocorrida no mês de maio de 2009 em uma indústria de sementes?<br />

Com o intuito de analisar informações que propiciem o entendimento<br />

desta temática e alcançar o resulta<strong>do</strong> deseja<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> mais específico<br />

busca-se: [1] mapear os procedimentos <strong>do</strong> antigo méto<strong>do</strong> de fechamento<br />

contábil da semente matriz de milho; [2] constatar as mudanças decorrentes<br />

da migração para o novo sistema; [3] analisar as modificações ocorridas no<br />

fluxo das informações e nos processos de fechamento.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a importância na operacionalização <strong>do</strong>s diversos setores<br />

da economia global, esta pesquisa sobre o uso de sistemas de informações<br />

gerenciais foi escolhida de forma que possa representar os reflexos da<br />

implantação <strong>do</strong> SAP na empresa, a fim de mencionar o grau de efetividade<br />

das informações e um melhor controle e gerenciamento <strong>do</strong>s negócios. Para<br />

melhor entendimento de alguns conceitos inerentes ao tema, a seguir apresentam-se<br />

os aspectos teóricos pertinentes, a fim de destacar a importância<br />

da contabilidade no suporte informacional às organizações.<br />

2 Os sistemas de informações e sua importância estratégica<br />

As constantes integrações <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s, nos quais as técnicas contábeis<br />

estão difundidas para atender à administração <strong>do</strong>s negócios das mais<br />

diversas empresas, necessitam estar alinhadas de forma que as demonstrações<br />

contábeis tenham transparência em âmbito internacional. Assim, um<br />

<strong>do</strong>s aspectos relevantes na evolução da contabilidade refere-se à introdução<br />

da Lei 11.638/2007 que possibilitou a harmonização das práticas contábeis<br />

brasileiras às internacionais.<br />

A entrada em vigência desta lei fez com que práticas contábeis a<strong>do</strong>tadas<br />

há anos tivessem que ser substituídas por uma nova estrutura contábil.<br />

Com isso os sistemas de informações das empresas tiveram que ser<br />

readequa<strong>do</strong>s para refletirem com exatidão tais alterações. Diante disso, uma<br />

relevante variável relacionada à apresentação das informações contábeis<br />

aos usuários internos e externos é o sistema de informações utiliza<strong>do</strong> pela<br />

empresa.<br />

Estes sistemas são grandes alia<strong>do</strong>s no suporte à tomada de decisões,<br />

pois estruturam a interatividade entre o ambiente corporativo, desde a<br />

entrada de recursos até a saída de produtos. Magalhães (2000, p. 26) exemplifica<br />

que em um contexto organizacional, “(...) um sistema de informações<br />

consiste numa entidade (pessoa) com certas características psicológicas (...)”<br />

as quais necessitam de da<strong>do</strong>s com finalidade de obter uma solução. Essas<br />

61


características é que moldam a inteligência <strong>do</strong> sistema e retratam com mais<br />

fidelidade as operações executadas por uma empresa.<br />

Gil (1999) sistematiza a maneira de trabalhar os da<strong>do</strong>s para produzir<br />

informações, de maneira que estes se caracterizam como matéria-prima <strong>do</strong><br />

sistema de informações, objetivan<strong>do</strong> a obtenção <strong>do</strong> produto final que possibilite<br />

um ambiente adequa<strong>do</strong> aos usuários, eficiente na sua utilização e forneci<strong>do</strong><br />

nos prazos estabeleci<strong>do</strong>s. Sob tal abordagem, o ciclo econômico em<br />

que as empresas operam no mun<strong>do</strong> contemporâneo, é eminente a obtenção<br />

de recursos necessários para as suas atividades e otimização de seus processos.<br />

Estas premissas englobam os desafios organizacionais na avaliação<br />

de suas atuais tecnologias de informação, bem como a verificação e o planejamento<br />

de alterações na compactação de seus da<strong>do</strong>s através de um novo<br />

Sistema Integra<strong>do</strong> de Gestão Empresarial (SIGE).<br />

Zanela, Macadar e Soares (2001) abordam o SIGE como uma ferramenta<br />

na integração e consolidação de diversas áreas das empresas, através<br />

de processos de trabalho, fundamenta<strong>do</strong>s na funcionalidade das operações.<br />

Variáveis tecnológicas, estruturais e comportamentais formam um círculo de<br />

influências, fazen<strong>do</strong> com que só possam ser efetivamente entendidas se estudadas<br />

em conjunto.<br />

Como forma de apresentação da integração <strong>do</strong>s processos de transformação<br />

<strong>do</strong>s recursos em produtos e serviços, caracteriza-se a dinamicidade<br />

sistêmica por meio da figura 1 que evidencia a necessidade das informações<br />

para assegurar uma eficaz tomada de decisão.<br />

FIGURA 1 <strong>–</strong> Visão sistêmica da empresa<br />

Fonte: CATELLI, 2007, p. 111<br />

A visão sistêmica formalizada por Catelli (2007) conceitua to<strong>do</strong> o potencial<br />

econômico e dinâmico da empresa em questão, pois a eficácia de<br />

62


cada um <strong>do</strong>s segmentos conforme apresenta<strong>do</strong>s, depende <strong>do</strong> constante<br />

comprometimento com sua missão e valores. Este alinhamento estratégico,<br />

por sua vez modela uma diretriz geral de como devem ser aplica<strong>do</strong>s os recursos<br />

de uma empresa para produzir valor. Consideran<strong>do</strong> a tendência de automatização<br />

e estruturação <strong>do</strong>s controles e a operacionalização de processos,<br />

designa-se a efetividade das informações obtidas através <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> mais<br />

detalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema SAP, aborda<strong>do</strong> a seguir.<br />

2.1 Systems Applications and Products in Data Processing <strong>–</strong> SAP<br />

A transparência nos processos corporativos atinge sua excelência<br />

quan<strong>do</strong> se tem a utilização mais adequada das informações, o que representa<br />

o uso de sistemas integra<strong>do</strong>s de gestão empresarial e, subsequentemente,<br />

a implantação de novos sistemas. A capacidade de integração e de<br />

armazenamento das informações de negócios entre os departamentos de<br />

uma empresa é forte característica de um sistema ERP (Enterprise Resource<br />

Planning). Para Davenport (1998), um sistema ERP é uma solução genérica<br />

cujo desenho reflete uma série de afirmações a respeito da forma como as<br />

organizações, em geral, conduzem suas operações.<br />

Nesta instância intensifica-se a plataforma deste moderno software<br />

de controle tecnológico através de sua abrangência, o que de acor<strong>do</strong> com<br />

Norris et al. (2001, p. 23) remete a “[...] organizar, codificar e padronizar os<br />

processos e da<strong>do</strong>s de negócio de um grupo empresarial”. Assim, dentro da<br />

concepção de ERP, os fatores que conduzem à implementação desses componentes<br />

tecnológicos procuram contemplar a empresa como um to<strong>do</strong> e são<br />

responsáveis pela administração das informações em tempo real.<br />

Um ERP de grande aceitação no mun<strong>do</strong> é o SAP. A idéia central ao<br />

utilizar-se um sistema como o SAP é buscar a melhor integração possível<br />

<strong>do</strong> fluxo de informação das diferentes áreas de determina<strong>do</strong> negócio, visan<strong>do</strong><br />

especialmente melhorias de eficiência e, consequentemente, racionalizar<br />

custos. Outro aspecto que se busca equacionar está relaciona<strong>do</strong> à minimização<br />

<strong>do</strong>s erros no tráfego de informações quan<strong>do</strong> uma empresa utiliza-se de<br />

vários sistemas diferentes e não integra<strong>do</strong>s para conduzir a gestão <strong>do</strong> seu<br />

negócio.<br />

O SAP é composto de um conjunto integra<strong>do</strong> de aplicativos com<br />

funções definidas, cada uma das quais cuidan<strong>do</strong> de um contexto<br />

da empresa. Ele sequencia toda uma cadeia de valores desde<br />

o ponto de venda até o ponto de produção dispon<strong>do</strong> funções<br />

chave em logística, recursos humanos e financeiros, permitin<strong>do</strong><br />

o rastreamento de informações ao longo <strong>do</strong> processo produtivo<br />

(SOUZA et al, 2005, p. 5).<br />

63


O SAP é um software de seguimento corporativo, que contempla a<br />

empresa de forma ampla na execução das transações entre as áreas. A estratégia<br />

deste aplicativo está relacionada à integração <strong>do</strong>s processos e otimização<br />

de acesso às informações, conforme pode ser visualiza<strong>do</strong> na figura 2.<br />

FIGURA 2 <strong>–</strong> Integração <strong>do</strong>s módulos <strong>do</strong> SAP<br />

Fonte: www.sap.com/brazil, 2010<br />

Conforme se observa na figura 2, o SAP R/3 é um software volta<strong>do</strong><br />

para a gestão <strong>do</strong>s processos e recursos corporativos de todas as áreas, capaz<br />

de consolidar em uma única plataforma, de forma confiável e transparente,<br />

todas as informações vitais <strong>do</strong> negócio.<br />

Santos, Kaldeich e Silva (2003) ressaltam que o sistema SAP R/3<br />

apresenta pontos positivos e pontos negativos em sua utilização. Dentre os<br />

pontos positivos destacam-se: [a] o nível de integração, devi<strong>do</strong> à centralização<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s em qualquer um <strong>do</strong>s pontos da cadeia de processos<br />

internos, o que traz benefícios no senti<strong>do</strong> de eliminar redundância de da<strong>do</strong>s<br />

e, assim, garantir a integridade da informação; [b] modularidade e flexibilidade,<br />

o que permite à empresa implementá-lo gradativamente; [c] é um sistema<br />

aberto, poden<strong>do</strong> interagir com diferentes plataformas de hardware, software,<br />

banco de da<strong>do</strong>s e sistemas operacionais, além de permitir parametrizações e<br />

customizações amigáveis; [d] fornece apoio à gestão e decisão empresarial,<br />

pois tem condições de combinar informações <strong>do</strong> ambiente interno e externo.<br />

Em relação aos aspectos negativos <strong>do</strong> SAP R/3, Santos, Kaldeich<br />

e Silva (2003) destacam o fato de que este sistema foi desenvolvi<strong>do</strong> com<br />

foco em grandes corporações, sen<strong>do</strong> sua aplicação em pequenas empresas<br />

inviável, até mesmo pelos custos associa<strong>do</strong>s à sua implantação. Também<br />

64


lembram que este necessita de definições claras <strong>do</strong>s processos e entendimento<br />

muito apura<strong>do</strong> <strong>do</strong> negócio e, ainda, que é um software complexo e sua<br />

implantação pode durar de seis a dezoito meses, dependen<strong>do</strong> da forma como<br />

os processos estejam sistematiza<strong>do</strong>s.<br />

A simultaneidade no processamento das informações compreende a<br />

compatibilidade e a uniformidade das transações deste sistema ERP. Com o<br />

uso desta tecnologia é possível verificar o alinhamento entre a execução das<br />

tarefas e a eficácia com que as mesmas ingressam na base central de da<strong>do</strong>s,<br />

propician<strong>do</strong> um gerenciamento mais eficaz. A evolução <strong>do</strong> SAP contribuiu<br />

para a produtividade e capacidade de agregar valor na operacionalização<br />

<strong>do</strong>s negócios. A seguir apresenta-se a meto<strong>do</strong>logia utilizada nesse estu<strong>do</strong><br />

e na sequencia um estu<strong>do</strong> de caso aplica<strong>do</strong> em uma indústria de sementes<br />

que implantou no ano de 2009 o sistema integra<strong>do</strong> de gestão empresarial<br />

SAP R/3.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Estan<strong>do</strong> o objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> direciona<strong>do</strong> à verificação das mudanças<br />

evidenciadas no cenário organizacional, mediante a implantação <strong>do</strong> SAP,<br />

a meto<strong>do</strong>logia utilizada compreende a obtenção de da<strong>do</strong>s através da pesquisa<br />

descritiva. Gil (1999) salienta que as pesquisas descritivas possuem<br />

características mais significativas no que diz respeito à coleta de da<strong>do</strong>s difundida<br />

em técnicas padronizadas, bem como na descoberta da existência de<br />

associações entre variáveis.<br />

Por se tratar <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de uma situação específica ocorrida na empresa,<br />

a pesquisa caracteriza-se como um estu<strong>do</strong> de caso, que enfoca a<br />

complexidade <strong>do</strong> problema e busca retratar a sua realidade. De acor<strong>do</strong> com<br />

Collis e Hussey (2005, p. 72), “um estu<strong>do</strong> de caso é um exame extensivo<br />

de um único exemplo de um fenômeno de interesse”. Neste caso, o foco<br />

direcionou-se à análise da implantação de um novo sistema de gestão em<br />

uma indústria de sementes.<br />

A fim de relacionar os registros de informações e o mapeamento de<br />

processos disponibiliza<strong>do</strong>s pela empresa, a aplicabilidade deste estu<strong>do</strong> está<br />

voltada para a análise <strong>do</strong>cumental e a observação participante. Também foram<br />

utilizadas entrevistas não estruturadas com os gestores e os colabora<strong>do</strong>res<br />

das áreas de produção e contabilidade para validar alguns processos, as<br />

quais foram realizadas no decorrer <strong>do</strong> mês de março de 2010.<br />

Assim procurou-se analisar a complexidade das tarefas mediante as<br />

interfaces e o fechamento entre os sistemas MBS, COLHE e SISPRO, bem<br />

como a funcionalidade de cada um destes, compara<strong>do</strong>s aos novos sistemas,<br />

hoje vincula<strong>do</strong>s à base de da<strong>do</strong>s central <strong>do</strong> sistema SAP. Foram estuda<strong>do</strong>s<br />

65


os manuais técnicos e estrutura<strong>do</strong>s os fluxogramas utiliza<strong>do</strong>s no controle das<br />

movimentações mensais <strong>do</strong> produto semente matriz de milho.<br />

O desenvolvimento deste estu<strong>do</strong> de caso emprega a pesquisa qualitativa<br />

como meio de análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s porque envolve o processo de aperfeiçoamento<br />

de sistemas de informação, no qual os fatos e fluxos de informações<br />

são analisa<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a importância <strong>do</strong>s mesmos. Para<br />

Pereira (2001) a pesquisa qualitativa pode ser considerada como uma forma<br />

de quantificação de evento qualitativo e de caráter objetivo à observação,<br />

com referenciais teóricos menos limitativos e com maior oportunidade de manifestação<br />

para a subjetividade <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

Desta forma, a seguir será apresenta<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> de caso aplica<strong>do</strong><br />

em uma empresa focada na ciência e tecnologia de sementes, a qual implantou<br />

o sistema SAP R/3. A empresa foi fundada em 1926 nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

da América, ten<strong>do</strong> uma das sedes desde janeiro de 1976 em <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong><br />

Sul/RS. Possui unidades de pesquisa e produção de milho e soja, escritório<br />

específico para a regulamentação de sementes e unidades de logística distribuídas<br />

por to<strong>do</strong> o país. Caracteriza-se como uma organização de grande<br />

sucesso, pois se preocupa em contribuir de maneira significativa na eficiência<br />

da produção de alimentos no mun<strong>do</strong> inteiro e lidera uma visão voltada para<br />

o futuro.<br />

4 Estu<strong>do</strong> de caso<br />

4.1 Análise <strong>do</strong>s sistemas utiliza<strong>do</strong>s antes da migração para o SAP R/3<br />

Em relação ao problema de pesquisa apresenta<strong>do</strong> inicialmente, no<br />

que tange ao fechamento contábil mensal da semente matriz de milho, antes<br />

de discorrer sobre os sistemas de gestão, vale salientar algumas características<br />

que a tornam o foco deste estu<strong>do</strong> de caso. Esta semente origina-se da<br />

pesquisa e estu<strong>do</strong> detalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> cruzamento de uma porção de linhagens.<br />

Depois de ser desenvolvida e aprovada, a semente matriz de milho (SMM)<br />

é multiplicada para dar origem à matéria-prima utilizada para a produção de<br />

sementes comerciais.<br />

Por esta razão, a semente matriz de milho é tratada na empresa<br />

como um “insumo”, pois é por meio desta que serão produzi<strong>do</strong>s os demais<br />

híbri<strong>do</strong>s. O seu plantio ocorre em áreas de cooperantes, terceiros contrata<strong>do</strong>s<br />

pela empresa. Após a colheita, as sementes são entregues nas unidades<br />

de produção e beneficiadas, tornan<strong>do</strong>-se assim o produto final distribuí<strong>do</strong><br />

pela empresa.<br />

Partin<strong>do</strong> desta contextualização demonstra-se, através <strong>do</strong> fluxograma<br />

da figura 3, a complexidade <strong>do</strong> processo de fechamento contábil mensal<br />

66


da SMM antes da migração para o SAP, pois havia sistemas distintos para<br />

o controle de suas movimentações, os quais geravam as informações <strong>do</strong><br />

estoque à contabilidade que, posteriormente, necessitavam ser conferidas e<br />

analisadas analiticamente pelo departamento de contabilidade.<br />

FIGURA 3 <strong>–</strong> Processo de fechamento contábil mensal <strong>do</strong> produto<br />

semente matriz de milho antes da implantação <strong>do</strong> SAP R/3<br />

Conforme ilustra a figura 3, o processo de movimentações da semente<br />

matriz iniciava-se quan<strong>do</strong> ocorria a entrada manual de suas quantidades<br />

no Sistema MBS (Great Plain <strong>–</strong> Microsoft Business System), que era responsável<br />

pelo controle das quantidades de estoques de semente matriz de milho<br />

no departamento de semente matriz da empresa. Esse sistema registrava<br />

todas as movimentações de entradas e saídas de SMM, sen<strong>do</strong> as principais:<br />

[a] entrada recebida <strong>do</strong> departamento de pesquisa; [b] entrada de sementes<br />

matriz importadas e remetidas para exportação intercompany; [c] saídas para<br />

descarte por falta de qualidade; [d] saída para multiplicação; [e] entrada após<br />

ter si<strong>do</strong> multiplicada; [f] saída para distribuição aos cooperantes para a produção<br />

de sementes comerciais.<br />

67


Verificou-se que todas estas movimentações eram realizadas através<br />

de lançamentos manuais pelos funcionários, complementadas por pré-controles<br />

realiza<strong>do</strong>s em planilhas extras e em folhas de anotações que periodicamente<br />

eram lança<strong>do</strong>s no sistema. Foi possível perceber que este procedimento<br />

gerava alguns transtornos na ocasião <strong>do</strong> fechamento mensal, pois<br />

o fato de haver input manual de da<strong>do</strong>s, por vezes exigia uma confirmação<br />

prévia antes <strong>do</strong> fechamento contábil.<br />

Quan<strong>do</strong> existia a necessidade de multiplicação da SMM e destinação<br />

para a produção de sementes comerciais, lançavam-se as saídas de<br />

insumos no MBS e efetuava-se a entrada destes no Sistema de Administração<br />

da Colheita (COLHE), o qual controlava to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s de sementes<br />

efetua<strong>do</strong>s pela unidade de produção para a semente matriz. Assim, com o<br />

atendimento destes pedi<strong>do</strong>s no COLHE, as sementes eram distribuídas aos<br />

cooperantes e quan<strong>do</strong> retornavam das lavouras realizava-se novamente um<br />

lançamento manual de entrada neste mesmo sistema. Todavia, constatou-<br />

-se que não existia uma interface para a troca de da<strong>do</strong>s automática com o<br />

sistema MBS e, por esta razão, estes lançamentos também eram realiza<strong>do</strong>s<br />

de forma manual.<br />

Para a realização <strong>do</strong> fechamento contábil mensal da conta de estoques<br />

<strong>do</strong> produto semente matriz de milho antes da migração para o SAP,<br />

desenvolvia-se diversas atividades sob responsabilidade <strong>do</strong> departamento<br />

de contabilidade no controle de estoques. Dentre estas, verificou-se a necessidade<br />

de uma análise de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s sistemas e méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s nas<br />

movimentações deste produto na empresa. Inicialmente solicitava-se ao departamento<br />

de semente matriz uma planilha denominada de Seed Storage,<br />

mantida no software Excel.<br />

A Seed Storage apresentava os sal<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s produtos em estoque,<br />

sen<strong>do</strong> ainda necessário confirmar junto aos setores envolvi<strong>do</strong>s, o encerramento<br />

das movimentações <strong>do</strong>s produtos para aquele mês. Concluí<strong>do</strong>s estes<br />

procedimentos utilizava-se outra planilha para consulta na base de da<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

sistema MBS, que mostrava os lançamentos das movimentações realizadas<br />

e também fornecia o relatório <strong>do</strong> sistema COLHE com as movimentações<br />

ocorridas no mês em análise.<br />

No instante em que se obtivessem as movimentações de ambos os<br />

sistemas, realizava-se um confronto das informações a fim de validar se to<strong>do</strong>s<br />

os registros <strong>do</strong> MBS haviam si<strong>do</strong> recebi<strong>do</strong>s pelo COLHE, e vice-versa.<br />

Entretanto, verificou-se através da análise <strong>do</strong>cumental, que devi<strong>do</strong> aos registros<br />

transitarem de um sistema para o outro integralmente de forma manual<br />

e com dupla inserção de da<strong>do</strong>s, ocorriam divergências de datas e em<br />

alguns casos até mesmo divergências de quantidades. Ao analisar o sistema<br />

68


de fechamento contábil ficou evidente o transtorno que este procedimento<br />

gerava mensalmente, pois as divergências deveriam ser analisadas e corrigidas<br />

antes de realizar o lançamento das movimentações no SISPRO, sistema<br />

contábil utiliza<strong>do</strong> para o controle de estoques em quantidades (módulo de estoques)<br />

e também pela área contábil (módulo de contabilidade). No sistema<br />

SISPRO lançava-se todas as movimentações de semente matriz ocorrida nos<br />

demais sistemas, também de forma manual.<br />

Os lançamentos de exportação intercompany e importação, realiza<strong>do</strong>s<br />

apenas no sistema MBS, eram confronta<strong>do</strong>s com as faturas de importação<br />

e exportação, sen<strong>do</strong> os lançamentos realiza<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos<br />

no SISPRO. Por sua vez, os lançamentos de descartes por falta de qualidade,<br />

realiza<strong>do</strong>s apenas no sistema MBS, eram confronta<strong>do</strong>s com as requisições<br />

de descartes aprovadas, antes <strong>do</strong>s lançamentos da movimentação no<br />

SISPRO.<br />

Depois de efetua<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os lançamentos no SISPRO, procedia-se<br />

a conciliação <strong>do</strong>s sal<strong>do</strong>s em estoque, através da planilha de sal<strong>do</strong>s Seed<br />

Storage <strong>do</strong> mês anterior, acrescida e subtraída das quantidades conforme<br />

consulta <strong>do</strong> MBS e ainda o sal<strong>do</strong> <strong>do</strong> Seed Storage <strong>do</strong> mês atual. Somente<br />

após todas as movimentações e conciliações terem si<strong>do</strong> realizadas é que<br />

havia condições de contabilizar estas movimentações. Nesta etapa os lançamentos<br />

contábeis eram realiza<strong>do</strong>s automaticamente, por um coman<strong>do</strong> que<br />

atualizava o módulo contábil.<br />

Consideran<strong>do</strong> a descrição anterior, é possível perceber-se claramente<br />

que o procedimento de fechamento contábil de semente matriz antes da<br />

migração para o SAP era um procedimento que despendia muito tempo de<br />

análise de da<strong>do</strong>s entre os sistemas e verificação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s corretos para<br />

lançamento. Em alguns casos, devi<strong>do</strong> à divergência de datas e quantidades<br />

era necessário realizar ajustes para que o sal<strong>do</strong> físico em estoque coincidisse<br />

com o sal<strong>do</strong> existente no sistema.<br />

A pesquisa evidenciou que os sistemas utiliza<strong>do</strong>s pela empresa apresentavam<br />

características e operações distintas no que diz respeito às interfaces<br />

e integrações. Isso os tornava mais complexos e sujeitos a falhas, pois<br />

as transações eram processadas manualmente, geran<strong>do</strong> erros constantes<br />

devi<strong>do</strong> à dificuldade no suporte a demanda das informações contidas na base<br />

de da<strong>do</strong>s.<br />

Através da análise deste processo constatou-se a complexidade na<br />

execução das movimentações da semente matriz, providas de um fluxo totalmente<br />

operacional, inviabilizan<strong>do</strong> maior eficácia <strong>do</strong>s controles gerenciais<br />

e a segurança das informações. Assim, devi<strong>do</strong> à magnitude <strong>do</strong>s negócios<br />

da empresa e o patamar atual de crescimento, seus gestores identificaram<br />

69


a necessidade de mudança com enfoque na avaliação da operacionalidade<br />

<strong>do</strong>s seus sistemas. Foi a partir daí que decidiram investir na implantação <strong>do</strong><br />

sistema SAP R/3, analisa<strong>do</strong> a seguir.<br />

4.2 A implantação <strong>do</strong> SAP R/3 e seus reflexos sobre o fechamento<br />

contábil mensal da semente matriz de milho<br />

A implantação de um sistema ERP é uma decisão empresarial que<br />

naturalmente conduz a significativas mudanças organizacionais. Estas provocam<br />

alterações em tarefas e responsabilidades individuais, bem como na<br />

estrutura e relacionamento entre os departamentos. Para Taurion (1999) o<br />

redesenho de processos e as mudanças organizacionais são essenciais para<br />

que os objetivos que se espera obter com a implantação sejam plenamente<br />

atingi<strong>do</strong>s.<br />

O sistema de gestão implanta<strong>do</strong> pela empresa <strong>–</strong> SAP R/3 <strong>–</strong> atende a<br />

to<strong>do</strong>s os processos de negócios da empresa e está contribuin<strong>do</strong> ativamente<br />

na otimização e automatização de processo específico da área contábil. Esse<br />

sistema permitiu a contabilização automática de diversas transações, como:<br />

financeira, contábil, contas a pagar, contas a receber e tesouraria. Disponibilizou<br />

também uma interface “amigável” ao usuário e resolveu o problema com<br />

digitação redundante de da<strong>do</strong>s. Atualmente o usuário tem condições e está<br />

capacita<strong>do</strong> a inserir, por exemplo, a conta contábil e o centro de custo em que<br />

determinada despesa irá ser lançada.<br />

Com a implantação <strong>do</strong> SAP R/3, o processo de fechamento contábil<br />

da semente matriz de milho passou a introduzir um novo conceito e terminologia,<br />

lista<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s novos sistemas que objetivam suportar as atividades<br />

das áreas de produção até a contabilidade. Assim, com este novo gerenciamento<br />

de movimentos e controles de quantidades da SMM apresenta-se<br />

na figura 4, o fluxo de processo que ocorre atualmente. Constatou-se que a<br />

implantação deste sistema foi realizada percorren<strong>do</strong> as etapas de desenvolvimento,<br />

teste e exploração. Estas atividades tiveram a participação ampla<br />

<strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res da empresa, onde cada área envolvida tinha responsabilidades<br />

específicas a cumprir.<br />

Verificou-se que a empresa planejou adequadamente cada etapa da<br />

implantação, inclusive a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> procedimentos para controle e gerenciamento<br />

das transações comerciais no perío<strong>do</strong> de Go-live. Este termo foi utiliza<strong>do</strong><br />

para denominar o perío<strong>do</strong> em que os sistemas antigos foram “congela<strong>do</strong>s”,<br />

ou seja, bloquea<strong>do</strong>s para que não ocorressem movimentações durante a migração<br />

de da<strong>do</strong>s para o SAP R/3. Como havia um cronograma específico<br />

para a migração de da<strong>do</strong>s de cada área, durante o Go-live os colabora<strong>do</strong>res<br />

realizavam a conferência e análise das informações processadas para garan-<br />

70


tir a confiabilidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

FIGURA 4 <strong>–</strong> Processo de fechamento contábil mensal <strong>do</strong> produto semente<br />

matriz de milho após a implantação <strong>do</strong> SAP<br />

Pelo fluxograma da figura 4, percebe-se que o início <strong>do</strong> processo<br />

de reconhecimento das quantidades de semente matriz ocorre através <strong>do</strong><br />

sistema SPIN (Standard Plan), utiliza<strong>do</strong> para o planejamento das áreas que<br />

serão plantadas até a proporção <strong>do</strong> plantio tanto de SMM quanto de semente<br />

comercial, sen<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s cadastra<strong>do</strong>s manualmente neste sistema. Após<br />

estas estimativas serem lançadas, atualizam o aplicativo Parent Sourcing,<br />

que controla a demanda de semente matriz.<br />

Como os sistemas são interliga<strong>do</strong>s, é necessário apenas gerar um<br />

coman<strong>do</strong> para que a inclusão de pedi<strong>do</strong>s de semente matriz atualize os sistemas<br />

SAP R/3 e GCIS (Grower Crop Information System). No entanto o<br />

SAP R/3 atende tanto os pedi<strong>do</strong>s de produção de semente matriz como de<br />

semente comercial, as quais são enviadas ao cooperante para multiplicação,<br />

da mesma maneira que ocorria no processo anterior. Já o sistema GCIS,<br />

assim como o sistema COLHE utiliza<strong>do</strong> antes da migração para o SAP R/3, é<br />

responsável pelo controle das lavouras, ou seja, gerencia a colheita e registra<br />

os volumes recebi<strong>do</strong>s de cada lavoura e envia informações para o módulo de<br />

contrato e pagamento de cooperantes no SAP R/3.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, cabe destacar que os sistemas SPIN, Parent Sourcing<br />

e GCIS integram a base de da<strong>do</strong>s central dispostas no SAP R/3 e foram<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s exclusivamente para atender as necessidades deste software<br />

e as operações de negócios da empresa estudada. Diferente <strong>do</strong> antigo processo,<br />

onde os lançamentos de entradas e saídas de SMM eram efetua<strong>do</strong>s<br />

71


manualmente, nesta nova configuração de sistemas as operações ganharam<br />

automaticidade.<br />

Assim, to<strong>do</strong>s os pedi<strong>do</strong>s de sementes, seja para envio para campo<br />

de SMM, para campo de produção ou para exportação intercompany, são<br />

feitos por ordem de processo via SAP R/3. Os materiais importa<strong>do</strong>s também<br />

são lança<strong>do</strong>s neste sistema e ingressam no estoque automaticamente após<br />

o processo de lançamento das notas fiscais. Como todas as quantidades de<br />

semente matriz ficam registradas no estoque não há mais necessidade de<br />

manter-se o controle manual até então existente.<br />

Portanto, o processo de fechamento contábil é inicializa<strong>do</strong> através<br />

<strong>do</strong> Cockpit (cálculo de custos real <strong>–</strong> modificar/executar) que se refere a uma<br />

transação executada no sistema SAP R/3, a qual efetua o cálculo de custos.<br />

Este procedimento é realiza<strong>do</strong> somente após o encerramento mensal das<br />

movimentações <strong>do</strong> estoque, pois depende disto para ter-se a certeza de que<br />

to<strong>do</strong>s os itens estejam com o custo correto e tenha ocorri<strong>do</strong> a efetivação <strong>do</strong>s<br />

lançamentos contábeis.<br />

Posteriormente a este procedimento são feitas as conciliações contábeis<br />

em que se confronta o sal<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estoques valoriza<strong>do</strong> pelo custo FIFO<br />

(first in first out) versus os registros contábeis. Ten<strong>do</strong> em vista que, na medida<br />

em que ocorrem as movimentações, simultaneamente ocorrem os lançamentos<br />

na contabilidade, não existe mais a necessidade de conferência<br />

<strong>do</strong>s volumes em estoque entre sistemas, pois o SAP R/3 atende todas as<br />

áreas da empresa. Este foi um ganho de desempenho muito importante com<br />

a implantação, pois propiciou maior agilidade e confiabilidade no tráfego de<br />

informações contábeis.<br />

Com relação ao processo de trabalho na empresa, os gestores e os<br />

colabora<strong>do</strong>res foram unânimes em afirmar que a implementação <strong>do</strong> novo<br />

sistema trouxe consideráveis mudanças na rotina de atividades, como por<br />

exemplo, agilidade no fechamento contábil, redução de erros e retrabalho e<br />

maior segurança na análise das informações. Para que isto não fosse um impeditivo<br />

ao sucesso da implantação, a empresa disponibilizou treinamentos<br />

on-line a fim de capacitar seus colabora<strong>do</strong>res para interagir adequadamente<br />

como o novo ambiente.<br />

Observou-se também, que houve alterações na distribuição de colabora<strong>do</strong>res<br />

entre os setores. Pela automatização de alguns processos oriun<strong>do</strong>s<br />

da implantação <strong>do</strong> SAP R/3 ocorreram novas contratações e realocação<br />

de pessoas nas mais diversas áreas da organização. Na área contábil, por<br />

exemplo, funcionários que trabalhavam na área de custos/estoques foram<br />

aloca<strong>do</strong>s para as áreas de patrimônio, contabilidade gerencial e setor de<br />

commodities, entre outras. Estas mudanças são reflexos da otimização de<br />

processos no qual a implantação <strong>do</strong> novo sistema trouxe para a empresa.<br />

72


Assim, a segregação de funções e a atribuição de responsabilidades a cada<br />

colabora<strong>do</strong>r tornou-se algo mais mensurável em relação aos controles internos<br />

e acessos às transações.<br />

5 Conclusões e recomendações<br />

A elaboração deste estu<strong>do</strong>, basea<strong>do</strong> nas demonstrações <strong>do</strong>s procedimentos<br />

por fluxogramas, possibilitou uma análise efetiva na operacionalidade<br />

<strong>do</strong>s sistemas de informações utiliza<strong>do</strong>s antes e depois da implantação<br />

<strong>do</strong> SAP R/3. Foi possível identificar constantes melhorias nos processos de<br />

fechamento contábil mensal da SMM, onde os controles paralelos e interfaces<br />

manuais foram extintas, facilitan<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong> maior confiabilidade às transações<br />

efetuadas pelos colabora<strong>do</strong>res de ambas as áreas, tanto <strong>do</strong> departamento<br />

de semente matriz quanto <strong>do</strong> departamento de contabilidade.<br />

Mesmo que alguns procedimentos <strong>do</strong> novo sistema de informação<br />

ainda estejam em tramitação e melhoramento, os fatos e gerenciamento<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s envolvem uma característica interdependente, pois os acessos<br />

e as transações são mais restritos e específicos para cada usuário. É desta<br />

maneira que a mensuração e a qualidade das informações para a empresa<br />

tornaram-se mais autênticas no gerenciamento da informação contábil e gerencial.<br />

Como a implantação <strong>do</strong> SAP R/3 na empresa ainda está em fase<br />

de adaptação, os procedimentos foram mapea<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a estruturação<br />

<strong>do</strong>s fluxos e atividades desempenhadas atualmente. Diante disto,<br />

recomenda-se para futuros estu<strong>do</strong>s a aplicação de uma nova pesquisa para<br />

avaliar os possíveis reflexos na repercussão da implantação <strong>do</strong> SAP R/3 nas<br />

demais áreas da organização ou até mesmo, em mudanças decorrentes de<br />

novas parametrizações no fechamento contábil mensal <strong>do</strong> produto semente<br />

matriz de milho.<br />

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BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos<br />

da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de<br />

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ZANELA, A. C.; MACADAR, M. A; SOARES, R. O. Mudança organizacional<br />

provocada pela utilização de sistemas integra<strong>do</strong>s de gestão empresarial:<br />

uma proposta de estu<strong>do</strong>. 2001. Disponível em: . Acesso em: 17 nov. 2009.<br />

74


RESUMO<br />

LOJA JUDI: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A SATISFAÇÃO<br />

DE CLIENTES<br />

75<br />

Carla Viviane <strong>do</strong>s Santos 1<br />

Angela Kelber-Simpson 2<br />

Esta pesquisa, com enfoque na área de marketing, teve como principal objetivo<br />

identificar o nível de satisfação <strong>do</strong>s clientes, com ênfase no serviço e<br />

diversidade de merca<strong>do</strong>rias oferecidas pela Loja Judi, localizada em Passo<br />

Sobra<strong>do</strong>. A pesquisa, caracterizada por descritiva, utilizou como procedimentos<br />

para o estu<strong>do</strong> o levantamento de da<strong>do</strong>s. Através de questionário foi<br />

possível uma análise quantitativa e qualitativa. Basea<strong>do</strong> em autores da área<br />

de marketing, como Kotler, McCarthy e Perreault, Cobra entre outros, o referencial<br />

bibliográfico foi utiliza<strong>do</strong> como material comprobatório da pesquisa e<br />

base para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho acadêmico. Consideran<strong>do</strong> a Loja<br />

Judi como uma microempresa, a coleta foi de 40 questionários respondi<strong>do</strong>s.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s apresentaram que a loja vem desenvolven<strong>do</strong> um trabalho bastante<br />

satisfatório com a sua clientela.<br />

Palavras-chave: Marketing, Satisfação <strong>do</strong> cliente, Atendimento<br />

ABSTRACT<br />

This research within the marketing field aimed to identify the level of customer<br />

satisfaction in which it emphasizes service and range of goods offered by Loja<br />

Judi, located in Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>. The research -- characterized as descriptive<br />

-- utilized data collection as one of the main procedures for the study. The<br />

questionnaire had generated a quantitative and qualitative analysis. Based<br />

on marketing writers such as Kotler, McCarthy and Perreault, Cobra among<br />

others, bibliographic reference was used to give scientific basis and foundation<br />

for the development of this academic work. Taking into account Loja Judi<br />

as a small sized company, a ran<strong>do</strong>m sample was taken of 40 clients. Results<br />

showed the store has developed a fine job with its customers. The results<br />

showed the store has been developing a fine job with its clientele.<br />

1Graduanda <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2Professora <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong> e<br />

especialista na área de marketing.


Key-words: Marketing, Consumer satisfaction, Customer service<br />

1 Introdução<br />

A habilidade de visualizar além das expectativas pré-estabelecidas<br />

pela sociedade empresarial, como, por exemplo, tendências da moda, facilidade<br />

de informação entre outros, traz benefícios significantes ao sucesso<br />

de uma empresa no ambiente competitivo <strong>do</strong> século XXI. Portanto, não<br />

basta estudar as necessidades <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Faz-se necessário incitar<br />

o desejo no consumi<strong>do</strong>r, para haver demanda. Para combater a concorrência,<br />

mesmo em pequenos centros urbanos, a oferta de um serviço exemplar,<br />

caracterizada pelo bom relacionamento com os clientes faz a diferença. Eles<br />

escolhem, na maioria das vezes, o local que os proporcione uma sensação<br />

de prazer e os faça se sentir importantes.<br />

Os consumi<strong>do</strong>res precisam ser percebi<strong>do</strong>s como parceiros, pois informam<br />

ao empresário o que eles querem e também acabam distribuin<strong>do</strong> a<br />

informação de quem oferece ao público (ferramenta conhecida por boca-a-<br />

-boca). Portanto, a aplicação de pesquisas de satisfação aos clientes é uma<br />

estratégia de comunicação utilizada pelos administra<strong>do</strong>res para identificar as<br />

necessidades e desejos para não só atender, mas surpreender os clientes.<br />

Oferecer produtos e serviços ainda não disponíveis no merca<strong>do</strong> local pode<br />

ser uma das maiores vantagens competitivas frente aos concorrentes.<br />

Um produto diferencia<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> de um atendimento quase<br />

que customiza<strong>do</strong> para atender aos clientes, é necessário para reter e atrair<br />

novas pessoas à empresa. A simpatia e honestidade também são fundamentais<br />

para que as pessoas saiam satisfeitas e voltem à empresa. De acor<strong>do</strong><br />

com Kotler (2009) a melhor forma de reter um cliente é fazer com que ele se<br />

sinta satisfeito. Ainda conforme o autor, afirma-se que um cliente altamente<br />

satisfeito permanece fiel por mais tempo, compra mais à medida que a empresa<br />

lança novos produtos ou aperfeiçoa produtos já existentes, fala favoravelmente<br />

da empresa e de seus produtos, dá menos atenção a marcas e<br />

propaganda de concorrentes e é menos sensível a preço.<br />

Buscan<strong>do</strong> alternativas para satisfazer os clientes e desenvolver um<br />

melhor relacionamento empresa-cliente foi que se desenvolveu este trabalho<br />

na Loja Judi. Esta é uma microempresa que oferece uma variedade de confecções<br />

e acessórios femininos, masculino e infantil, além da linha de cama,<br />

mesa e banho. A Loja está situada na cidade de Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>, centro,<br />

sen<strong>do</strong> sua população constituída por cerca de seis mil habitantes, ten<strong>do</strong><br />

como localização o Vale <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong>.<br />

Para o estu<strong>do</strong> em pauta, apresenta-se como objetivo geral: identificar<br />

o nível de satisfação <strong>do</strong>s clientes da Loja Judi. Deste mo<strong>do</strong> os objetivos espe-<br />

76


cíficos são: conhecer o perfil <strong>do</strong>s clientes da Loja Judi; verificar se o serviço<br />

presta<strong>do</strong> e a diversidade de merca<strong>do</strong>rias oferecidas pela Loja estão atenden<strong>do</strong><br />

às necessidades <strong>do</strong>s clientes da região e sugerir estratégias de marketing<br />

para manter e conquistar novos clientes.<br />

O problema a ser analisa<strong>do</strong> referente a esta pesquisa baseia-se na<br />

busca <strong>do</strong> conhecimento abaixo: Qual é o nível de satisfação <strong>do</strong>s clientes da<br />

Loja Judi? O serviço e a diversidade de merca<strong>do</strong>rias da Loja atendem às<br />

necessidades <strong>do</strong>s clientes? Este trabalho de pesquisa se justifica em resolver<br />

esta problemática através da busca de melhorias significativas e também<br />

para agregar valor para o cliente. Além disso, suprir as necessidades e desejos,<br />

em busca de sucesso organizacional. Relata-se também por ser a primeira<br />

vez que é realizada uma pesquisa de satisfação de clientes na empresa.<br />

Dentre estes aspectos apresenta-se o embasamento teórico deste trabalho.<br />

2 Conceitos de Marketing<br />

Nas palavras de Kotler e Keller (2006) marketing é administrar relacionamentos<br />

lucrativos, atrair novos clientes, agregan<strong>do</strong> valor e também<br />

manter e cultivar e fidelizar, sen<strong>do</strong> assim gera satisfação. O marketing é essencial<br />

para o sucesso de qualquer organização, seja ela de grande ou pequeno<br />

porte, com ou sem fins lucrativos, nacional ou global.<br />

Ainda na perspectiva de Kotler e Keller (2006), muitas pessoas supõem<br />

que marketing refere-se apenas a vendas e propaganda. Hoje o marketing<br />

não mais deve ser entendi<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> de venda, mas no de satisfazer<br />

as necessidades <strong>do</strong>s clientes. A venda ocorre somente depois que um produto<br />

é produzi<strong>do</strong>. O marketing inicia-se antes mesmo da empresa ter determina<strong>do</strong><br />

um produto. Ele continua por toda a vida <strong>do</strong> produto, na tentativa de<br />

encontrar novos clientes e manter os clientes atuais mediante a melhoria <strong>do</strong><br />

desempenho <strong>do</strong> produto.<br />

Churchill e Peter (2005) ressaltam que marketing é um processo de<br />

planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoções, e<br />

distribuição de idéias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam<br />

metas individuais e organizacionais. Este conceito relaciona-se ao composto<br />

de marketing, ou seja, os 4 Ps (produto, preço, promoção e praça) que Kotler<br />

e Armstrong (2007, p. 42) dizem que é “o conjunto de ferramentas de marketing<br />

táticas e controláveis que a empresa combina para produzir a resposta<br />

que deseja no merca<strong>do</strong>-alvo.”<br />

2.1 Marketing de Serviços<br />

Com a acirrada concorrência <strong>do</strong> século XXI, as empresas buscam<br />

77


conquistar um lugar de destaque na mente <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. De acor<strong>do</strong><br />

com Kotler e Keller (2006) as empresas querem a diferenciação de serviços.<br />

Lovelock e Wright (2001) ressaltam que a satisfação <strong>do</strong> cliente é fundamental<br />

nesta era de grande desenvolvimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, para que se<br />

possa aplicar uma estratégia de serviços é importante suprir as necessidades<br />

<strong>do</strong>s clientes. Ainda na perspectiva de Lovelock e Wright (2001) somente<br />

através das necessidades e desejos <strong>do</strong>s clientes é que as organizações de<br />

serviços poderão estabelecer e manter uma vantagem competitiva.<br />

Para ressaltar os aspectos teóricos sobre marketing de serviços,<br />

retorna-se aos especialistas, Lovelock e Wright (2001), que afirmam existir<br />

duas definições capazes de capturar a essência destes: 1) Ato ou benefício<br />

ofereci<strong>do</strong> que possa estar liga<strong>do</strong> a um produto físico, onde o desempenho é<br />

intangível. 2) Atividades econômicas que criam valor, através deste fornece<br />

benefícios para clientes em tempo e lugares específicos, como realização de<br />

uma mudança desejada no destinatário <strong>do</strong> serviço.<br />

2.1.1 Valor para o cliente<br />

O valor para os clientes é quan<strong>do</strong> os consumi<strong>do</strong>res compram na empresa<br />

que acreditam lhes oferecer o maior benefício ao investimento feito. A<br />

merca<strong>do</strong>ria pode até custar mais caro <strong>do</strong> que o <strong>do</strong> concorrente, mas o benefício<br />

que ela oferece em relação à confiabilidade, à durabilidade e ao melhor<br />

desempenho, além <strong>do</strong> atendimento preferencial <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res, faz o<br />

cliente esquecer o preço pago. O custo total para o cliente inclui também os<br />

custos espera<strong>do</strong>s de tempo e energia. Esses valores embuti<strong>do</strong>s nos produtos<br />

agregam valor para seus clientes, que ficam inteiramente satisfeitos com o<br />

produto adquiri<strong>do</strong> (KOTLER, 2000).<br />

O autor aborda que o valor entregue ao cliente como sen<strong>do</strong>:<br />

É a diferença entre o valor total para o cliente e o custo total para<br />

o cliente. O valor total para o cliente é o conjunto de benefícios<br />

que os clientes esperam de um determina<strong>do</strong> produto ou serviço.<br />

O custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os<br />

consumi<strong>do</strong>res esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar<br />

um produto ou serviço (KOTLER, 2000, p. 56).<br />

Muitas empresas querem o aumento de seus lucros, investem em<br />

assessorias, consultorias, modernização <strong>do</strong> sistema e recursos humanos. No<br />

entanto, deixam o mais importante em segun<strong>do</strong> plano, seus clientes. A fidelização<br />

e captação de clientes se dão pelo bom atendimento e pela atenção<br />

que eles recebem dentro da empresa, o preço baixo e a qualidade <strong>do</strong>s produtos<br />

podem não ser tão importantes (KOTLER, 2000).<br />

78


2.2 Satisfação<br />

A vasta informação proporcionada aos consumi<strong>do</strong>res de hoje tem<br />

forma<strong>do</strong> clientes mais determina<strong>do</strong>s e sofistica<strong>do</strong>s mediante suas necessidades<br />

e desejos. A variedade na hora da escolha dá a eles maiores poderes<br />

e os leva a buscar o que lhes proporciona a melhor sensação, satisfação na<br />

hora de investir, comprar um bem ou serviço. Em geral a satisfação ocorre<br />

quan<strong>do</strong> uma compra depende <strong>do</strong> desempenho real <strong>do</strong> produto em relação<br />

às expectativas <strong>do</strong> compra<strong>do</strong>r. Fato decorrente da possibilidade de o cliente<br />

encontrar o que deseja ou quan<strong>do</strong> o produto supera suas expectativas, ou<br />

seja, as suas necessidades reais. Nas palavras de Kotler (2009) a empresa<br />

deve continuar a geran<strong>do</strong> mais valor e satisfação para o cliente, mas não<br />

pode deixar de lucrar.<br />

De acor<strong>do</strong> com Kotler (2000) a satisfação é gerada a partir da sensação<br />

de prazer ou desapontamento, o resulta<strong>do</strong> disso é a comparação <strong>do</strong><br />

desempenho <strong>do</strong> produto em relação às expectativas <strong>do</strong> compra<strong>do</strong>r.<br />

Portanto, para Rust, Zeithaml e Lemon (2001), é preciso entender a<br />

subjetividade da satisfação <strong>do</strong>s clientes, pois esta é o ponto fundamental da<br />

qualidade na prestação de serviços. Ainda com estes autores, é entender os<br />

fatores que o levam a escolher a organização e a continuar a trocar experiências<br />

com ela no futuro.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Com a finalidade de efetuar um diagnóstico sobre a satisfação <strong>do</strong>s clientes<br />

da Loja Judi realizou-se uma pesquisa descritiva, através da observação, da vasta<br />

referêncialiteráriae<strong>do</strong>levantamentodeda<strong>do</strong>s.Segun<strong>do</strong>LakatoseMarconi(2006),<br />

a pesquisa descritiva ocorre em quatro aspectos: descrição, registro, análise e<br />

interpretação de fenômenos atuais, com o objetivo de funcionamento no presente.<br />

Para a delimitação desta pesquisa, considerou-se o universo <strong>do</strong><br />

cadastro de 150 clientes da Loja Judi, localizada em Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>, RS.<br />

A empresa encontra-se no centro da cidade, pertence à região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Rio Par<strong>do</strong> e possui cerca de seis mil habitantes. O plano amostral foi de<br />

50 clientes, aleatória e por conveniência, ou seja, aproveitou-se a visita <strong>do</strong>s<br />

clientes à Loja durante o perío<strong>do</strong> de maio a julho de 2009. Destes, apenas 40<br />

pessoas se dispuseram a responder o questionário, sen<strong>do</strong> eles 35 <strong>do</strong> gênero<br />

feminino e 5 <strong>do</strong> gênero masculino, o questionário possuía dez perguntas<br />

fechadas e uma aberta.<br />

De acor<strong>do</strong> com a pesquisa, o procedimento utiliza<strong>do</strong> foi o levantamento,<br />

que segun<strong>do</strong> Gil (1999), é um instrumento de pesquisa decorrente da<br />

interrogação direta às pessoas, com o objetivo de conhecer seu comportamento.<br />

O software utiliza<strong>do</strong> para a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foi o Excel.<br />

79


Assim pode-se afirmar que a abordagem <strong>do</strong> trabalho foi baseada em<br />

pesquisa quantitativa e qualitativa, ten<strong>do</strong> por regra que a quantitativa é obtida<br />

através da aplicação <strong>do</strong> questionário e a qualitativa através da interpretação<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s argui<strong>do</strong>s. De acor<strong>do</strong> com Lakatos e Marconi (2006), a pesquisa é<br />

um procedimento formal, com méto<strong>do</strong> de pensamento reflexivo, que tem por<br />

intuito conhecer a realidade ou descobrir verdades parciais. Após a desenvoltura<br />

<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para a realização deste trabalho, apresenta-se<br />

abaixo a descrição <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s.<br />

4 Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />

Esta foi a primeira experiência da proprietária em permitir a aplicação<br />

de uma pesquisa de opinião com o intuito de conhecer o nível de satisfação<br />

de sua clientela, em especial, quanto aos serviços presta<strong>do</strong>s e diversidade<br />

de merca<strong>do</strong>rias.<br />

A primeira pergunta aplicada aos clientes foi: Você está satisfeito<br />

com as marcas e merca<strong>do</strong>rias oferecidas pela Loja Judi? Com o total<br />

de 40 pesquisas, 95% <strong>do</strong>s clientes se dizem satisfeitos, no que se refere<br />

às marcas comercializadas neste estabelecimento. Os 5% restantes afirmam<br />

não estarem satisfeitos. Esta pergunta, parcialmente, já responde a<br />

um <strong>do</strong>s questionamentos <strong>do</strong> trabalho. Pode-se inferir pelo resulta<strong>do</strong> obti<strong>do</strong><br />

que praticamente to<strong>do</strong>s os clientes apreciam as marcas de confecções e<br />

acessórios oferecidas pela Loja. Este tópico, de acor<strong>do</strong> com Kotler (2000,<br />

p. 39) refere-se “à orientação <strong>do</strong> produto sustenta que os consumi<strong>do</strong>res dão<br />

preferência a produtos que ofereçam qualidade e desempenho superiores<br />

ou que tenham características inova<strong>do</strong>ras”. Apesar de uma cidade pequena,<br />

a proprietária está atenta às tendências da moda, trazen<strong>do</strong> marcas que<br />

agradam seu público.<br />

Ao analisarem-se as condições de pagamento, verifica-se que 97%<br />

<strong>do</strong>s clientes aprovam as condições de pagamento da Loja Judi, e somente<br />

3% não acham muito acessíveis. Essa variável, forma de pagamento, engloba<br />

a quitação da merca<strong>do</strong>ria à vista e a prazo, negociação com cheque e<br />

crediário. A falta de um CDL (<strong>Centro</strong> de Dirigentes de Lojistas) na cidade gera<br />

uma insegurança por parte <strong>do</strong>s lojistas em vender no crediário. Para facilitar,<br />

a empresária oferece desconto em toda a compra à vista. Este diferencial<br />

acaba sen<strong>do</strong> uma das grandes estratégias competitivas utilizada pela Loja<br />

Judi, pois a concorrência local não oferece esta vantagem. “Na estratégia<br />

de liderança por custo total, a empresa tenta repassar as merca<strong>do</strong>rias por<br />

descontos ou preços mais baixos <strong>do</strong> que seus concorrentes e conquistar uma<br />

maior participação de merca<strong>do</strong>“ (PORTER, 2006, p. 38).<br />

Ao serem questiona<strong>do</strong>s sobre o atendimento da empresa na terceira<br />

pergunta, 77% <strong>do</strong>s clientes classificam o atendimento como ótimo e 23% <strong>do</strong>s<br />

80


clientes o classificam como bom. As alternativas razoável ou ruim não foram<br />

assinaladas. Apesar de positivo, o resulta<strong>do</strong> mostra que ainda há margem da<br />

clientela para aprimorar a forma de atendimento aos clientes. O atendimento<br />

é a principal ferramenta de uma empresa para a conquista de to<strong>do</strong> e qualquer<br />

cliente. Kotler e Armstrong (2007) afirmam que a empresa deve estar atenta<br />

para compreender o que seu consumi<strong>do</strong>r precisa no momento da transação.<br />

É a chamada administração de troca, indispensável para àquela que pretende<br />

permanecer competitiva no merca<strong>do</strong> atual.<br />

GRÁFICO 1- Linha de produtos<br />

No quarto questionamento, com relação à linha de produtos que a<br />

empresa oferece, constatou-se que 28% <strong>do</strong>s clientes optam pela maior diversidade<br />

de peças adulto femininos, consideran<strong>do</strong> que 35 <strong>do</strong>s respondentes<br />

foram mulheres. A confecção adulto masculino aponta o resulta<strong>do</strong> de 16%.<br />

Número que chama atenção por aludir que as mulheres estão compran<strong>do</strong><br />

mais para os significantes <strong>do</strong> sexo oposto (mari<strong>do</strong>, filho, pai, amigo), como<br />

também os próprios homens estão mudan<strong>do</strong> de comportamento e procuram<br />

mais variedade ao investir em vestuário. Outro referencial observa<strong>do</strong> cabe<br />

aos 17% em relação aos acessórios. A proprietária demonstrou surpresa com<br />

o resulta<strong>do</strong>, pois novamente é prova<strong>do</strong> que o público, apesar de residir em<br />

uma pequena cidade, está mudan<strong>do</strong>, solicitan<strong>do</strong> as novas tendências. Mais<br />

confiante e informa<strong>do</strong>, ele quer se “enfeitar” com bolsas, cintos, lenços. Lingerie<br />

apresentou um resulta<strong>do</strong> representativo com 12% juntamente com os<br />

artigos infantis, 9% é linha bebê e 6% na cama, mesa e banho.<br />

Esta análise representa quais as necessidades <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>-alvo da<br />

empresa, sen<strong>do</strong> esta a parte que exige maior atenção para satisfazer os desejos<br />

da clientela e obter lucro. Segun<strong>do</strong> Cobra (2007, p. 339) “o conceito<br />

de composto de produtos para varejistas significa a variedade de modelos<br />

de produtos que ele pode oferecer aos seus clientes potenciais”. Uma das<br />

mais importantes estratégias nos serviços presta<strong>do</strong>s aos clientes são a com-<br />

81


inação <strong>do</strong> composto de produtos e o composto de serviço. Assim como é<br />

importante ter uma diversidade de merca<strong>do</strong>rias também é necessário ter o<br />

pessoal de vendas apto para determina<strong>do</strong> tipo de empresa. De acor<strong>do</strong> com<br />

Cobra (2007, p. 341) “o pessoal de vendas bem treina<strong>do</strong> poderá ajudar seus<br />

clientes a identificar suas necessidades e ajudá-los a instalar seus produtos”.<br />

A quinta pergunta questiona se as promoções oferecidas pela loja<br />

são interessantes e apelativas ao cliente. A empresa obteve um excelente<br />

resulta<strong>do</strong>, os consumi<strong>do</strong>res mostram extrema satisfação. Obteve-se o resulta<strong>do</strong><br />

de 92% de aproveitamento nas promoções até então oferecidas, mas a<br />

pesquisa identificou que 8% não estão satisfeitos. Levan<strong>do</strong> em consideração<br />

os resulta<strong>do</strong>s, justifica-se que a importância de continuar investin<strong>do</strong> em estratégias<br />

de promoção, pois quanto mais promoções, maior será a clientela e,<br />

por consequência, o número de vendas.<br />

A venda de merca<strong>do</strong>rias aos seus clientes é feita face a face, o que<br />

gera um feedback imediato entre vende<strong>do</strong>r e consumi<strong>do</strong>r, um aspecto relativamente<br />

positivo e importante no varejo de uma cidade pequena. Esta<br />

troca, entre vende<strong>do</strong>r e consumi<strong>do</strong>r deve ser combinada com a promoção de<br />

vendas, para se tornar um potencial competitivo. O autor McCarthy (1997)<br />

relata que, no momento em que o consumi<strong>do</strong>r se sente atraí<strong>do</strong> pela vitrine<br />

ou promoção, ele vai até a empresa para conhecê-la, deste mo<strong>do</strong> surge à<br />

chance de efetivar uma futura venda e então o colabora<strong>do</strong>r desperta o interesse<br />

desta pessoa. Após isso ocorri<strong>do</strong>, ele mostra ao cliente as qualidades<br />

e benefícios <strong>do</strong> produto e tenta convencer a pessoa a adquirir a merca<strong>do</strong>ria,<br />

para suprir sua necessidade e/ou criar o desejo de compra. Ainda nesta perspectiva,<br />

apresenta-se o gráfico <strong>do</strong>is.<br />

GRÁFICO 2-Referente à variedade de promoções<br />

As promoções que já são oferecidas pela empresa foram questionadas<br />

na questão seis. Há determinadas épocas <strong>do</strong> ano em que o consumo é<br />

mais intenso, sen<strong>do</strong> assim surge a necessidade de trazer uma oferta diferen-<br />

82


ciada, para atrair maior número de consumi<strong>do</strong>res à Loja e fazer com que, assim,<br />

estes eventuais compra<strong>do</strong>res tornem-se futuros clientes. As promoções<br />

feitas, por exemplo, no dia das mães, têm 14% de aprovação, dia <strong>do</strong>s pais<br />

11%, troca de estação segue com 25%, o dia <strong>do</strong>s namora<strong>do</strong>s aparece com<br />

13%, em seguida o Natal com 27%. Vale ressaltar que o Natal é uma data<br />

em que se apresenta um <strong>do</strong>s mais altos níveis de venda de merca<strong>do</strong>rias. Por<br />

último o ano novo com 10% de aceitação. Para os perío<strong>do</strong>s que apresentam<br />

baixa temporada, a proprietária da Loja Judi vê a necessidade de fazer algo<br />

para incrementar as vendas. Portanto, será apresenta<strong>do</strong> um plano de ação<br />

para a empresa com algumas sugestões.<br />

Desta forma, a diversidade de promoções eleva o consumo e a necessidade<br />

de ampla gama de peças. Neste senti<strong>do</strong> também se faz necessário<br />

averiguar o comportamento <strong>do</strong>s clientes. De acor<strong>do</strong> com os autores<br />

McCarthy e Perreault (1997, p. 235), “os diferentes consumi<strong>do</strong>res dentro de<br />

um merca<strong>do</strong> podem comportar-se diferentemente com alguns toman<strong>do</strong> a liderança<br />

na experimentação de novos produtos e, em decorrência, influencian<strong>do</strong><br />

outros”.<br />

Sétima pergunta: os produtos ofereci<strong>do</strong>s pela empresa correspondem<br />

a sua expectativa em relação à qualidade? Neste aspecto, os produtos<br />

oferta<strong>do</strong>s pela empresa apresentaram releva<strong>do</strong> grau de importância, diferencial<br />

e prestígio entre os clientes entrevista<strong>do</strong>s. Fato este que comprova que<br />

a diversidade de merca<strong>do</strong>rias oferecida pela Loja Judi agrega valor ao nome<br />

da empresa. Os produtos ofereci<strong>do</strong>s pela empresa receberam 95% de aprovação<br />

da sua clientela, deixan<strong>do</strong> somente 5% insatisfeitos. Segun<strong>do</strong> Kotler<br />

(2000, p. 311), “qualidade de desempenho é o nível no qual as características<br />

básicas <strong>do</strong> produto operam”. No que se refere à qualidade também se citam<br />

a durabilidade, a confiabilidade, a facilidade de reparo e as características em<br />

geral <strong>do</strong> produto. Um fator importante para ser analisa<strong>do</strong> neste trabalho é a<br />

mudança de layout, deste mo<strong>do</strong> apresenta-se o gráfico três.<br />

GRÁFICO 3- Referente mudança de layout<br />

83


A atribuição da mudança de layout foi um aspecto importante a ser<br />

analisa<strong>do</strong> na pergunta de número oito, pois a empresária, na época <strong>do</strong> estágio,<br />

estava em fase de reforma para oferecer aos consumi<strong>do</strong>res um local<br />

renova<strong>do</strong>, mais amplo e adequa<strong>do</strong> para a empresa e sua clientela. A importância<br />

de proporcionar uma sensação de bem-estar aos consumi<strong>do</strong>res na<br />

hora da compra facilita a satisfação <strong>do</strong>s clientes. Dos clientes entrevista<strong>do</strong>s,<br />

o resulta<strong>do</strong> de 77% apontou que a mudança de sala foi boa, no entanto 23%<br />

<strong>do</strong>s clientes se mostraram indiferentes. A alternativa ruim não obteve nenhuma<br />

resposta. Pôde-se observar que a mudança de layout elevou o número<br />

de vendas e também pelo fato da cidade estar se desenvolven<strong>do</strong> surge a<br />

necessidade de diferenciar a forma de aquisição de merca<strong>do</strong>rias.<br />

Assim, a cidade de Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong> é uma região de maior população<br />

rural <strong>do</strong> que urbana, a necessidade de cartões de crédito para este<br />

tipo de merca<strong>do</strong>ria comercializada na Loja Judi, não era tão urgente até o<br />

presente momento, mas como a cidade está em fase de expansão, a empresa<br />

busca aprimorar suas formas de venda de merca<strong>do</strong>rias. Esta já é uma<br />

estratégia de marketing sugerida pela estagiária para avaliação, pois, a facilitação<br />

de méto<strong>do</strong> de compra pode enriquecer as opções de investimento da<br />

clientela da empresa. Portanto, a pergunta de número nove questionou: você<br />

acha interessante que a Loja ofereça o serviço de cartão de crédito? A venda<br />

referida nos cartões de crédito é uma venda mais garantida, sem problemas<br />

de inadimplência. A análise relatou que 92% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s acham que é<br />

interessante o serviço de cartão de crédito e débito, e apenas 8% deles disse<br />

que não era interessante. Como ilustra o quarto gráfico.<br />

GRÁFICO4- Tipos de cartões<br />

Para dar seguimento a sugestão anterior, a questão número dez,<br />

examina qual <strong>do</strong>s cartões de crédito <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, os consumi<strong>do</strong>res dão maior<br />

preferência. A coleta de da<strong>do</strong>s somou, entre os mais populares, 39% para o<br />

Banricompras, segui<strong>do</strong> pelo Visa com 31% e o Mastercard com 11%. Os Si-<br />

84


credi cartões apontaram 15% e os 4% não responderam, o que se pode aludir<br />

que estes não têm interesse no serviço de cartão de crédito.<br />

Foi aberto um determina<strong>do</strong> espaço para que os clientes da Loja Judi<br />

pudessem sugerir inovações de serviço e/ou merca<strong>do</strong>ria à loja. O objetivo<br />

desta atividade também pode ser considera<strong>do</strong> como mais uma estratégia de<br />

marketing de serviço, onde a proprietária coloca seus clientes como parte<br />

da organização, e não somente como fonte gera<strong>do</strong>ra de lucro. Algumas das<br />

sugestões feitas foram: proporcionar maior diferenciação de merca<strong>do</strong>rias,<br />

continuar levan<strong>do</strong> o PDV (ponto-de-venda) à casa <strong>do</strong> cliente (quan<strong>do</strong> este<br />

solicita) e, por final, contatar os clientes quan<strong>do</strong> houver a chegada de merca<strong>do</strong>rias<br />

novas.<br />

4.1 Plano de ação<br />

A seguir serão sugeridas algumas estratégias de marketing para a<br />

Loja Judi, apresentada através de um plano de ação.<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

QUADRO 1 <strong>–</strong> Plano de ação<br />

ITEM O QUE ONDE POR QUE COMO QUEM QUANDO<br />

Promoções de<br />

venda<br />

Diversidade de<br />

merca<strong>do</strong>rias<br />

Atrair e cultivar<br />

clientes<br />

<strong>do</strong> gênero<br />

masculino<br />

Técnicas de<br />

marketing<br />

direto<br />

5 Pós-Venda<br />

Na Loja Judi<br />

Na Loja Judi<br />

Em leilões, feiras<br />

rurais e de implementos<br />

agrícolas<br />

e industriais,<br />

além <strong>do</strong> próprio<br />

PDV.<br />

Marketing bocaa-boca<br />

e marketing<br />

digital<br />

Follow-up com<br />

clientes.<br />

Utilizar de uma<br />

das técnicas <strong>do</strong><br />

Marketing de<br />

serviço e relacionamento.<br />

Aumentar a venda durante<br />

perío<strong>do</strong>s de baixa temporada<br />

Aumentar o fluxo de clientes<br />

para despertar desejos e necessidades.<br />

Posicionar como<br />

uma loja que está sempre<br />

à frente das tendências<br />

da moda.<br />

Para aumentar o número de<br />

clientes <strong>do</strong> sexo masculino<br />

a comprar na Loja Judi. A<br />

Loja Judi é unissex e deve<br />

aumentar este fluxo de<br />

clientes emergente.<br />

Trabalhar a imagem da<br />

empresa na mente <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r,<br />

O atendimento é um <strong>do</strong>s<br />

grandes diferenciais da Loja<br />

e aumentar este serviço<br />

através de uma maior dedicação<br />

ao cliente, faz com<br />

que este queira “investir”<br />

no local que se preocupa<br />

com ele.<br />

85<br />

Promoções: sorteios (exemplo<br />

a cada compra no valor de R$<br />

30,00 ganhe um cupom para<br />

sorteio), descontos especiais (Exemplo<br />

compre e receba 20% de<br />

desconto), amigo preferencial, etc.<br />

Viagem para aquisição de produtos<br />

de 15 em 15 dias. A proprietária<br />

deve contatar a clientela via<br />

Marketing Direto e Promocional.<br />

Exemplo: telefone, anúncios<br />

Através de promoções, publicidade<br />

e propaganda nos eventos.<br />

Exposição de merca<strong>do</strong>rias,<br />

anúncios em rádio, volante, etc.<br />

Além de reforçar aspectos visuais<br />

no PDV. Exemplo: vitrine onde o<br />

foco seria roupas masculinas.<br />

O esposo da proprietária também<br />

poderia fazer visitas mais frequentes<br />

a loja.<br />

Através de telefonemas, visitas<br />

aos eventos da cidade, serviços<br />

voluntários usan<strong>do</strong> a camiseta<br />

da Loja Judi, e criação de um<br />

website onde os clientes possam<br />

ver as merca<strong>do</strong>rias novas e até,<br />

futuramente, comprar roupas pelo<br />

mun<strong>do</strong> virtual.<br />

Através de telefonemas aos<br />

clientes. Também em eventos<br />

voluntaria<strong>do</strong>s, sempre questionar<br />

o cliente. Oferecer um serviço<br />

de conserto de roupas como um<br />

diferencial para aqueles clientes<br />

“fiéis”.<br />

Proprietários<br />

da loja<br />

Proprietários<br />

da loja<br />

Proprietários<br />

da loja.<br />

Proprietários<br />

da loja.<br />

Proprietários<br />

da loja<br />

Meses em que<br />

não há nenhum<br />

feria<strong>do</strong> ou festividade<br />

programada.<br />

Durante to<strong>do</strong><br />

o ano.<br />

Eventos focan<strong>do</strong> o<br />

público masculino.<br />

Durante to<strong>do</strong><br />

o ano.<br />

Durante to<strong>do</strong><br />

o ano.


5 Considerações finais<br />

A pesquisa obteve resulta<strong>do</strong>s favoráveis à satisfação e à qualidade<br />

de merca<strong>do</strong>rias, como também a excelência de serviço presta<strong>do</strong>. Foi possível<br />

identificar o perfil <strong>do</strong>s clientes além de suas preferências, para sugerir<br />

algumas estratégias de marketing e melhor atender, atrair e cultivar os clientes<br />

da região.<br />

Dentre os aspectos utiliza<strong>do</strong>s para desenvolvimento desta pesquisa,<br />

foi possível comprovar, através <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, que a Loja Judi vem<br />

atenden<strong>do</strong> a sua clientela de forma positiva e, pelo que indica, está interessada<br />

em aprimorar ainda mais os serviços presta<strong>do</strong>s na área de varejo à<br />

cidade.<br />

A determinação de objetivos geral e específicos foi para que houvesse<br />

o desenvolvimento <strong>do</strong> relacionamento empresa-cliente, visan<strong>do</strong> obter respostas<br />

positivas ou negativas. Após a aplicação <strong>do</strong> levantamento de da<strong>do</strong>s,<br />

foi perceptível a agregação de valor para o cliente, pois a clientela da Loja<br />

começou, realmente, a sentir que faz parte da empresa.<br />

De acor<strong>do</strong> com o objetivo geral que é, identificar o nível de satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes da Loja Judi, pode-se afirmar que as questões que podem respondem<br />

este objetivo de pesquisa são aquelas que visam uma maior satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes e até mesmo uma captação e fidelização de maior clientela.<br />

Estes questionamentos refletem ao atendimento, produtos, formas de pagamento,<br />

promoções, inovação no consumo, qualidade, mudança de layout.<br />

Segun<strong>do</strong> Cobra (2007, p. 141) “a formulação das questões <strong>do</strong> questionário<br />

deve ser feita com clareza, e respeitan<strong>do</strong>: 1) os objetivos <strong>do</strong> projeto de pesquisa;<br />

e 2) o ponto de vista <strong>do</strong>s respondentes”.<br />

Portanto através <strong>do</strong>s objetivos específicos, foi concluí<strong>do</strong> que para<br />

verificar se o serviço presta<strong>do</strong> e a diversidade de merca<strong>do</strong>rias oferecidas<br />

pela Loja Judi estão atenden<strong>do</strong> as necessidades <strong>do</strong>s clientes da região, aplicou-se<br />

algumas questões. Estas questões desenvolvem o pensamento <strong>do</strong>s<br />

clientes fazen<strong>do</strong> com que eles se sintam parte da empresa. A abordagem<br />

destas perguntas direcionou-se para o atendimento, os produtos, as formas<br />

de pagamento, as promoções, qualidade, mudança de layout.<br />

Logo, o objetivo específico seguinte da pesquisa que é o de conhecer<br />

o perfil <strong>do</strong>s clientes da empresa, foi respondi<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com questionamento<br />

que se refere à diversidade tanto de serviço presta<strong>do</strong> como também de<br />

produtos ofereci<strong>do</strong>s. A percepção desta análise se dá pelo fato de a empresa<br />

querer saber se os clientes estão aptos para aceitar as mudanças propostas.<br />

As inovações que os consumi<strong>do</strong>res da Loja Judi frisaram nos resulta<strong>do</strong>s foram:<br />

merca<strong>do</strong>rias que almejam consumir, maior gama de promoções, cartão<br />

de crédito e disponibilidade de compra com o cartão.<br />

86


Desta forma o último objetivo desta pesquisa é sugerir estratégias de<br />

marketing para manter e conquistar novos clientes. Sugeriu-se um plano de<br />

ação, estas estratégias almejam diferenciação de serviço, produtos e consumo.<br />

Suprin<strong>do</strong> algumas deficiências encontradas no decorrer das visitas<br />

realizadas, e também pelo questionário respondi<strong>do</strong> pelos clientes. Atenden<strong>do</strong><br />

desta forma grande parte <strong>do</strong> seu público-alvo.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, conclui-se que as metas de desenvolvimento desta pesquisa<br />

foi desenvolvida com êxito. As respostas, em relação à empresa em<br />

estu<strong>do</strong>, mostram a ampla satisfação <strong>do</strong>s clientes entrevista<strong>do</strong>s, mas o que<br />

a empresa ainda necessita é buscar a fatia de consumi<strong>do</strong>res que ainda não<br />

está totalmente satisfeita e aplicar novas estratégias de marketing, como por<br />

exemplo, o serviço pós venda opção de compra em horários fora <strong>do</strong> horário<br />

comercial (para clientes que não conseguem comprar em decorrência <strong>do</strong> horário<br />

disposto pela Loja), pagamentos diferencia<strong>do</strong>s, eventos de open house<br />

com peças exclusivas aos clientes mais fiéis, e outras. Além disso, iniciar atividades<br />

de marketing para construir um elo de relacionamento com o cliente.<br />

As melhorias estão surgin<strong>do</strong> na empresa com o passar <strong>do</strong>s dias, um<br />

novo cadastro de clientes já foi implanta<strong>do</strong> após o início deste trabalho visan<strong>do</strong><br />

uma maior abrangência das informações <strong>do</strong>s clientes. Sen<strong>do</strong> assim,<br />

existe maior contato com os clientes, ten<strong>do</strong> em vista, tanto o fato de informar<br />

a chegada de merca<strong>do</strong>rias novas como também a cobrança de pendências<br />

no crediário. Outra mudança ocorrida na empresa foi à utilização de etiquetas<br />

personalizadas com o nome da Loja, onde são dispostas as seguintes informações:<br />

Preço à vista, preço a prazo, quantidade de parcelas e valor de cada<br />

parcela, acréscimo por comprar no crediário. Foi realizada pela proprietária<br />

uma promoção para o dia <strong>do</strong>s namora<strong>do</strong>s. Houve investimento da empresária<br />

na parte de aquisição de produtos, sen<strong>do</strong> assim a Loja Judi já dispõe de<br />

maior número de produtos para atender os desejos e necessidades de seus<br />

clientes. Sen<strong>do</strong> assim o trabalho foi desenvolvi<strong>do</strong> com êxito obten<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>,<br />

sugestões de mudança e também melhorias já implantadas.<br />

6 Referências<br />

CHURCHILL JR, G.t A.; PETER, J. P. Marketing: crian<strong>do</strong> valor para os clientes.<br />

2.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.<br />

COBRA, M. Marketing básico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.<br />

GIL, A. C. Méto<strong>do</strong>s e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,<br />

1999.<br />

87


KOTLER, P. Administração de marketing: a edição <strong>do</strong> novo milênio. São<br />

Paulo: Prentice Hall, 2000.<br />

_______. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e <strong>do</strong>minar<br />

merca<strong>do</strong>s. São Paulo: Ediouro, 2009.<br />

_______; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia <strong>do</strong> marketing.<br />

12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006.<br />

______; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo:<br />

Prentice Hall, 2007.<br />

LAKATOS, E M; MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa. 6. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 2006.<br />

LOVELOCK, C; WRIGHT, L. Serviços, marketing e gestão. São Paulo:<br />

Saraiva, 2001.<br />

MCCARTHY, E. J.; PERREAULT JR, W. D. Marketing essencial: uma<br />

abordagem gerencial e global. São Paulo: Atlas, 1997.<br />

PORTER, M. Competição. São Paulo, Campus-Elsevier, 2006.<br />

RUST, R. T.; ZEITHAML, V. A.; LEMON, K. N. O valor <strong>do</strong> cliente: o modelo<br />

que está reformulan<strong>do</strong> a estratégia corporativa. Porto Alegre, Bookman,<br />

2001.<br />

88


RESUMO<br />

AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS APLICADA<br />

A UM PEQUENO NEGÓCIO<br />

89<br />

Cássia Fabine Linch 1<br />

Rodrigo da Silveira Kappel 2<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a grande competitividade existente entre as empresas de praticamente<br />

to<strong>do</strong>s os segmentos de merca<strong>do</strong>, entende-se que a contabilidade<br />

direcionada à área de finanças é um importante instrumento administrativo<br />

na busca da correta alocação e multiplicação <strong>do</strong>s recursos que a empresa<br />

capta ou dispõe em seu negócio. Nesse senti<strong>do</strong>, a maximização <strong>do</strong> capital<br />

<strong>do</strong> acionista no processo de criação e agregação de valor à empresa é o<br />

principal foco deste estu<strong>do</strong>, que tem o objetivo central de identificar o processo<br />

de decisão de investimentos da empresa em estu<strong>do</strong>, assim como a<br />

viabilidade <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong> no município de Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>/RS.<br />

Para tanto, realizou-se <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de caso, coletan<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s e analisan<strong>do</strong> as<br />

informações da empresa, proporcionan<strong>do</strong> a avaliação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> através da<br />

teoria existente. O principal resulta<strong>do</strong> da pesquisa evidencia o fluxo de caixa<br />

<strong>do</strong> acionista como uma ferramenta eficaz no processo de avaliação de novos<br />

investimentos para a empresa.<br />

Palavras-chave: Avaliação de investimentos, Fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista,<br />

Custo de oportunidade <strong>do</strong> capital<br />

ABSTRACT<br />

Bearing in mind the great competitiveness existing among the companies of<br />

practically all market segments, it’s understandable that the accountancy directed<br />

to the financial area is an important administrative tool in search of the<br />

correct allocation and multiplication of the resources that the company holds<br />

or has in its business. So, the maximization of the share capital in the creation<br />

and aggregation of value to the company is the main focus of this study,<br />

where the central goal is to identify the decision process of the company’s<br />

investment in question, as well the viability of the investment made in Passo<br />

<strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong> city in Rio Grande <strong>do</strong> Sul. To this end, a case study was carried<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Mestre em Economia - Controla<strong>do</strong>ria pelo PPGE/UFRGS e professor <strong>do</strong>s<br />

cursos de Ciências Contábeis e Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


out, by collecting data and analyzing the company’s information, providing the<br />

study assessment through the existing theory. The main result of the research<br />

points out the shareholder’s cash flow as an effective tool in the assessment<br />

process of new investment for the company.<br />

Key-words: Investment assessment, Shareholder’s cash flow; Opportunity<br />

cost of capital<br />

1 Introdução<br />

Em um merca<strong>do</strong> dinâmico e competitivo, como é a economia na primeira<br />

década <strong>do</strong> século XXI no Brasil, muitos empreende<strong>do</strong>res buscam novas<br />

alternativas para maximizar o seu capital disponível. Almejam também seu<br />

próprio negócio, para conseguir desenvolver alguma atividade cujo interesse,<br />

afinidade ou viabilidade sejam alcança<strong>do</strong>s. É dessa forma que a abertura da<br />

própria empresa apresenta-se como uma alternativa para uma parcela da<br />

população que tem condições de criar e gerir o seu próprio negócio.<br />

Essas empresas são em sua maioria de pequeno porte, constituídas<br />

muitas vezes para alocar a mão de obra <strong>do</strong>s proprietários e <strong>do</strong>s membros da<br />

família. Enfim, são voltadas a atender principalmente merca<strong>do</strong>s locais e a<br />

sua própria região, e, ten<strong>do</strong> em vista a existência numerosa desses empreendimentos,<br />

eles são de fundamental importância para a economia <strong>do</strong> país,<br />

geran<strong>do</strong> emprego e renda.<br />

Segun<strong>do</strong> Gianni (2007), o segmento <strong>do</strong>s pequenos negócios é um<br />

<strong>do</strong>s principais pilares de sustentação da economia nacional, tanto pelo número<br />

de estabelecimentos e distribuição geográfica, quanto pela sua capacidade<br />

de geração de empregos. No entanto, apesar de sua capacidade socioeconômica<br />

bastante reconhecida, o setor encontra sérios obstáculos ao seu<br />

crescimento, sustentabilidade e competitividade, sen<strong>do</strong> também características<br />

desse segmento, altas taxas de abertura e encerramento das atividades.<br />

Contu<strong>do</strong>, contar com uma gestão estratégica competitiva é o que define<br />

a capacidade da empresa de garantir o seu lugar no futuro independente<br />

da dimensão <strong>do</strong> negócio, sua estrutura de gestão deve ter embasamento<br />

teórico, para que as decisões não sejam tomadas de maneira empírica, mas<br />

fundamentadas, coerentes e previamente planejadas, levan<strong>do</strong> em consideração<br />

as variáveis que afetam o negócio como um to<strong>do</strong>.<br />

Martins (2006) destaca que aqueles agentes que possuem recursos<br />

disponíveis deparam-se com várias possibilidades de investimentos, que<br />

apresentam características como: remuneração, prazo e risco. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

muitas vezes esses agentes devem fazer escolhas de forma a optar pela<br />

alternativa que mais satisfaça suas necessidades, isto é, essencialmente o<br />

90


custo de oportunidade.<br />

Nesse contexto, o propósito central deste estu<strong>do</strong> é identificar o processo<br />

de decisão de investimentos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pela empresa Floricultura e Agropecuária<br />

L.L. Ltda, assim como a viabilidade <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong> pela<br />

mesma.<br />

Com isso, forma mais específica, objetiva-se identificar a atual meto<strong>do</strong>logia<br />

de apoio à tomada de decisões para investimentos na empresa, avaliar<br />

a viabilidade técnica <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong> pela empresa no município<br />

de Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>, e por fim sugerir à empresa a utilização de um méto<strong>do</strong><br />

de apoio ao processo de tomada de decisão com relação a novos investimentos,<br />

que venha a aprimorar o procedimento de análise de viabilidade técnica.<br />

A preocupação em referenciar esse estu<strong>do</strong> na empresa com méto<strong>do</strong>s<br />

e embasamento teórico se faz necessário, pois visa a trazer informações<br />

mais concretas para a mesma, ten<strong>do</strong> em vista uma possível expansão na sua<br />

atividade operacional.<br />

2 Avaliação de investimentos aplicada a um pequeno negócio<br />

2.1 A Função Financeira nas empresas voltada à criação de valor<br />

Diante <strong>do</strong> cenário econômico <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XXI, a área de finanças<br />

se configura como uma das mais importantes nas empresas, pois se<br />

preocupa com a correta alocação e multiplicação <strong>do</strong>s recursos que a empresa<br />

capta ou dispõe para seu negócio. Nessa perspectiva, Ross, Westerfield e<br />

Jaffe (2007) explicam que uma das funções mais importantes de um administra<strong>do</strong>r<br />

financeiro é criar valor nas atividades de investimentos, financiamento<br />

e gestão da liquidez da empresa. É nesse aspecto que o gestor financeiro<br />

deve gerir os recursos e aplicá-los de forma a maximizar o capital investi<strong>do</strong>,<br />

que é a principal medida de desempenho para a empresa.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, a criação de valor para o acionista se dá toda vez que<br />

se opta por uma decisão que produz rentabilidade superior ao custo de capital<br />

por ele investi<strong>do</strong>. O custo de capital reflete a remuneração mínima que o<br />

acionista deseja obter para manter seu dinheiro na empresa.<br />

Com isso, entende-se que esse retorno, para ser efetivamente um<br />

lucro econômico, precisa ser expresso como uma diferença positiva entre o<br />

retorno <strong>do</strong> capital investi<strong>do</strong> e o custo deste capital, expressos em valor de<br />

acor<strong>do</strong> com a quantidade de capital aplica<strong>do</strong>, de maneira que este deve ser<br />

desconta<strong>do</strong> por uma taxa adequada para ser confronta<strong>do</strong> em um mesmo<br />

tempo.<br />

Como menciona Sanvicente e Mainardi (1999), torna-se cada vez<br />

mais evidente a importância que as empresas estão dan<strong>do</strong> à criação de valor<br />

91


para o acionista, ou seja, é fundamental o conhecimento da taxa de retorno<br />

exigida por ele. Sen<strong>do</strong> assim, a sobrevivência de uma empresa a longo prazo<br />

está diretamente condicionada à sua capacidade de criação de valor.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista o propósito principal de criar e agregar<br />

valor nas empresas, utiliza-se nesse estu<strong>do</strong>, como méto<strong>do</strong> de avaliação<br />

de investimentos, o fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista, com base no valor presente<br />

líqui<strong>do</strong> (VPL), uma vez que a fonte de recursos é o capital próprio <strong>do</strong>s sócios.<br />

2.2 Avaliação de investimentos através <strong>do</strong> Fluxo de Caixa <strong>do</strong> Acionista<br />

(FCxA)<br />

A importância <strong>do</strong> fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong> na análise<br />

de decisão de investimentos é destacada por Fonseca (2003), como sen<strong>do</strong><br />

este o méto<strong>do</strong> mais recomendável por especialistas da área de finanças para<br />

tais decisões de projetos de investimento. Esta preferência está fundamentada<br />

pelo fato de que o fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong> considera o valor<br />

<strong>do</strong> dinheiro no tempo, utilizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os fluxos de caixa futuros decorrentes<br />

<strong>do</strong> projeto, refletin<strong>do</strong> a movimentação efetiva <strong>do</strong> caixa.<br />

Na visão de Bieger (2000), a lógica básica deste méto<strong>do</strong> baseia-se<br />

na idéia de que “uma unidade monetária disponível no presente vale mais<br />

que uma unidade disponível no futuro, uma vez que a primeira pode ser imediatamente<br />

investida e começar a render juros” (BIEGER, 2000, p.36).<br />

Dessa maneira, neste modelo de avaliação de investimentos, deve-<br />

-se utilizar uma taxa estipulada para o desconto, que é normalmente chamada<br />

de custo de oportunidade. Como salienta Gitman (2006, p. 342), essa taxa<br />

“é o retorno mínimo que deve ser obti<strong>do</strong> em um projeto para que o valor de<br />

merca<strong>do</strong> da empresa fique inaltera<strong>do</strong>”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Souza e Clemente, “O Valor Presente Líqui<strong>do</strong>, como<br />

o próprio nome indica, nada mais é <strong>do</strong> que a concentração de to<strong>do</strong>s os valores<br />

espera<strong>do</strong>s de um fluxo de caixa na data zero. Para tal, usa-se como taxa<br />

de desconto a Taxa Mínima de Atratividade da empresa” (2004, p. 77).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, entende-se que o acionista de uma empresa, para<br />

investir em um novo projeto, deve considerar se os fluxos futuros de retorno<br />

<strong>do</strong> mesmo forem maior que a disponibilidade atual, pois só assim irá maximizar<br />

a riqueza e valor de merca<strong>do</strong> da empresa. Dessa forma, o cálculo <strong>do</strong><br />

valor presente líqui<strong>do</strong> representa o valor presente <strong>do</strong>s fluxos futuros de caixa<br />

produzi<strong>do</strong> pelo novo investimento reduzi<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu custo inicial.<br />

De acor<strong>do</strong> com Endler (2004, p.6),<br />

Na avaliação pelo enfoque <strong>do</strong> Patrimônio Líqui<strong>do</strong> ou Fluxo de<br />

Caixa <strong>do</strong> Acionista, descontam-se os fluxos de caixa espera<strong>do</strong>s<br />

92


<strong>do</strong> acionista após a dedução de todas as despesas, bônus<br />

fiscais, pagamento de juros e principal pela taxa de retorno<br />

exigida pelos investi<strong>do</strong>res.<br />

Portanto, o fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista representa o fluxo de caixa<br />

líqui<strong>do</strong>, após já descontadas todas as dívidas que contemplam o financiamento<br />

da empresa e precisa ser desconta<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o custo de oportunidade<br />

<strong>do</strong> capital próprio.<br />

2.3 Capital Asset Pricing Model (CAPM)<br />

Atualmente, a avaliação de risco é um ponto essencial no processo<br />

de tomada de decisão tanto para se aplicar em um investimento, quanto na<br />

captação de recursos. Nesta perspectiva os riscos devem ser pondera<strong>do</strong>s no<br />

processo decisório, uma vez que seus resulta<strong>do</strong>s podem não proporcionar os<br />

retornos deseja<strong>do</strong>s pela empresa.<br />

Dessa maneira é fundamental que se faça uma análise da intensidade<br />

risco e <strong>do</strong> retorno que se espera. Segun<strong>do</strong> Ross, Westerfield e Jaffe (2007,<br />

p. 230), “é comum argumentar que o retorno espera<strong>do</strong> de um ativo deve estar<br />

positivamente relaciona<strong>do</strong> a seu risco. Ou seja, os indivíduos aplicarão num<br />

ativo com risco somente se seu retorno espera<strong>do</strong> compensar seu risco”.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, o CAPM é utiliza<strong>do</strong> como modelo de precificação de<br />

ativos de capital que possibilita calcular o valor de uma empresa, estabelecen<strong>do</strong><br />

uma relação entre o retorno espera<strong>do</strong> <strong>do</strong> ativo e a parcela <strong>do</strong> seu risco<br />

não diversificável (aquele atribuí<strong>do</strong> a fatores de merca<strong>do</strong> que afetam todas<br />

as empresas e não pode ser elimina<strong>do</strong> por meio de diversificação). O modelo<br />

é utiliza<strong>do</strong> para avaliar o custo de capital próprio, representan<strong>do</strong> a taxa de<br />

retorno <strong>do</strong> acionista.<br />

Dessa forma, cabe destacar que a determinação <strong>do</strong> risco <strong>do</strong> investimento<br />

por meio da fixação <strong>do</strong> custo de capital próprio deve refletir a rentabilidade<br />

que o investi<strong>do</strong>r está deixan<strong>do</strong> de ganhar se tivesse opta<strong>do</strong> por outro<br />

projeto de investimento com riscos semelhantes.<br />

De acor<strong>do</strong> com Macha<strong>do</strong> (2007), a escolha da meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> fluxo<br />

de caixa para os acionistas deve utilizar uma taxa de desconto baseada no<br />

modelo de precificação de ativos <strong>–</strong> CAPM (capital asset pricing model).<br />

No entendimento Assef Neto (cita<strong>do</strong> por Macha<strong>do</strong>, 2007, p. 6), “para<br />

o modelo CAPM, a taxa de retorno (desconto) requerida pelo investi<strong>do</strong>r deve<br />

incluir uma taxa livre de risco da economia, mais um prêmio que remunere o<br />

risco sistemático apresenta<strong>do</strong> pelo ativo, que é representa<strong>do</strong> pelo coeficiente<br />

beta”.<br />

No entanto, o CAPM no Brasil tem sua meto<strong>do</strong>logia prejudicada em<br />

93


função das imperfeições <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> brasileiro. Para Martin e Gonçalves<br />

(2006), isso se deve ao reduzi<strong>do</strong> volume de negócios realiza<strong>do</strong>s na bolsa de<br />

valores e das ações estarem concentradas com poucos investi<strong>do</strong>res. Sen<strong>do</strong><br />

assim os autores enfatizam que as empresas de capital fecha<strong>do</strong>, que não<br />

negociam ações na bolsa, ficam praticamente impossibilitadas de estimar o<br />

coeficiente beta através da correlação com o merca<strong>do</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com Silva, Quintairos e Guarnieri (2007, p.152),<br />

Nos países desenvolvi<strong>do</strong>s, onde os merca<strong>do</strong>s são globalmente<br />

integra<strong>do</strong>s e os retornos são normalmente distribuí<strong>do</strong>s, é utiliza<strong>do</strong><br />

o Capital Asset Pricing Model (CAPM) para estimar o custo<br />

de capital. Nos países emergentes, o CAPM não tem se mostra<strong>do</strong><br />

um bom estima<strong>do</strong>r deste custo, necessitan<strong>do</strong> de ajustes<br />

e adaptações inerentes ao estágio de desenvolvimento de cada<br />

uma das regiões emergentes.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista que o modelo CAPM não pode ser<br />

utiliza<strong>do</strong> na íntegra na empresa em estu<strong>do</strong>, são discuti<strong>do</strong>s abaixo seus parâmetros<br />

a fim de adequá-los à realidade deste estu<strong>do</strong>.<br />

Taxa livre de risco: como menciona Damodaran (apud GARRÁN,<br />

2006, p. 51), para que um título seja considera<strong>do</strong> livre de risco, não pode<br />

haver inadimplência e não existir incerteza a respeito das taxas de re-investimento<br />

<strong>do</strong>s fluxos de caixa resultantes <strong>do</strong> título. Sen<strong>do</strong> assim, no merca<strong>do</strong><br />

brasileiro, entende-se que a poupança pode ser utilizada como parâmetro<br />

para este item, uma vez que ela é garantida pelo governo, representada pela<br />

taxa de 8,33% no ano de 2006.<br />

Prêmio de risco de merca<strong>do</strong>: é estipula<strong>do</strong> pelo cálculo da diferença<br />

entre o retorno de merca<strong>do</strong> e o ativo livre de risco em um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

de tempo. Como afirma Rogers e Ribeiro (2004, p. 14), “o índice <strong>do</strong> Risco<br />

Brasil é um único fator que corporifica diversos outros fatores que afetam as<br />

expectativas de riscos <strong>do</strong>s agentes alocarem os seus recursos no Brasil”. Os<br />

mesmos autores também destacam que o índice de Risco Brasil representa<br />

as expectativas <strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res em relação à uma gama de variáveis determinantes<br />

<strong>do</strong> desempenho econômico-financeiro da economia brasileira.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o risco Brasil no ano de 2006, conforme o portal Brasil, estava<br />

a uma taxa média de 2,4%.<br />

Coeficiente beta: segun<strong>do</strong> Damodaran (apud Garrán, 2006, p. 57), os<br />

três méto<strong>do</strong>s existentes para estimar o coeficiente beta são: o primeiro é a<br />

utilização de da<strong>do</strong>s históricos de preços de merca<strong>do</strong>s para ativos específicos;<br />

o segun<strong>do</strong> estima o beta a partir das características fundamentais de investimento<br />

e o terceiro utiliza da<strong>do</strong>s contábeis. Ten<strong>do</strong> em vista os méto<strong>do</strong>s anteriores<br />

descritos, a utilização <strong>do</strong> coeficiente beta não é aplicada neste caso.<br />

94


Nesse senti<strong>do</strong>, foi necessário adaptações no cálculo <strong>do</strong> custo <strong>do</strong> capital<br />

próprio para sua utilização como taxa de desconto, ten<strong>do</strong> em vista que<br />

o cálculo <strong>do</strong> coeficiente beta, estima<strong>do</strong> pelo modelo CAPM, deixou de ser<br />

aplica<strong>do</strong>, pois ficaria prejudica<strong>do</strong> nesse tipo de situação. A empresa analisada<br />

é de pequeno porte e de capital fecha<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se neste caso a<br />

rentabilidade da poupança, como taxa livre de risco, e o Risco Brasil prêmio<br />

de risco de merca<strong>do</strong>.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Este estu<strong>do</strong>, a fim de atender a seus objetivos, caracteriza-se por<br />

uma pesquisa analítica. Onde busca entender os fatos, descobri-los, mensurá-los,<br />

relacioná-los, enfim é uma pesquisa que aprofunda o conhecimento<br />

da realidade. Como menciona Collis e Hussey (2005), a pesquisa analítica é<br />

uma continuação da descritiva, em que o pesquisa<strong>do</strong>r vai além da descrição<br />

de características, analisan<strong>do</strong> e explican<strong>do</strong> por que ou como os fatos estão<br />

ocorren<strong>do</strong>.<br />

Quanto aos procedimentos, é utilizada a pesquisa bibliográfica que<br />

busca a fundamentação teórica <strong>do</strong> assunto; e o estu<strong>do</strong> de caso, uma vez que<br />

a pesquisa enfoca particularmente uma empresa, investigan<strong>do</strong> uma situação<br />

específica para entender como os eventos estão ocorren<strong>do</strong>, relacioná-los<br />

com a teoria existente a fim de buscar alternativas para o problema levanta<strong>do</strong>.<br />

Dessa forma, a coleta de da<strong>do</strong>s ocorre através de <strong>do</strong>cumentação<br />

obtida junto a empresa em estu<strong>do</strong>, bem como por meio de entrevistas despadronizadas<br />

aos proprietários da empresa, sem um roteiro fixo de questões<br />

e observação participante que permite analisar, interpretar e compreender a<br />

realidade e necessidade da empresa.<br />

4 Aplicação da meto<strong>do</strong>logia proposta<br />

4.1 A empresa e o processo decisório atual em relação a novos<br />

investimentos<br />

A Floricultura e Agropecuária L.L. Ltda é uma micro empresa essencialmente<br />

familiar que iniciou suas atividades em maio de 2007 na cidade de<br />

Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> sua administração e operacionalização realizada<br />

unicamente pelos membros da família. Sua atuação de merca<strong>do</strong> se concentra<br />

na comercialização varejista de flores naturais e artificiais, arranjos, plantas,<br />

folhagens, artigos de bazar e decorações.<br />

Para Kassai (1997), é comum que empreende<strong>do</strong>res, após criarem<br />

suas empresas, passem a desempenhar o papel gerencial e administrativo<br />

95


da mesma. Contu<strong>do</strong>, muitas vezes os empreende<strong>do</strong>res apresentam o conhecimento<br />

técnico sobre o ramo de atividade que escolheram, mas falham<br />

na atuação das atividades administrativas, no que se refere à dificuldade de<br />

compreensão de aspectos financeiros e contábeis.<br />

Em vista disso, observa-se, por meio de entrevista pessoal e verificação<br />

“in loco” junto aos proprietários da empresa, que esta não apresenta<br />

um instrumento gerencial de avaliação de investimentos consagrada na área<br />

de finanças. A decisão de investimento na abertura <strong>do</strong> negócio na cidade de<br />

Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong> baseou-se nas seguintes premissas:<br />

• O investimento na construção de um prédio comercial era viável<br />

tanto para a abertura de um negócio próprio, como para uma possível locação<br />

<strong>do</strong> imóvel, uma vez que os proprietários possuíam o capital necessário para o<br />

investimento e tinham interesse de aplicar este recurso em algum ativo;<br />

• O ramo de atividade escolhi<strong>do</strong> justifica-se pela inexistência de<br />

concorrentes e por ser um investimento de baixo custo de estoque e imobiliza<strong>do</strong>;<br />

• Com a provável recuperação <strong>do</strong> capital investi<strong>do</strong> na concepção<br />

<strong>do</strong>s sócios e com a lucratividade <strong>do</strong> negócio, futuramente irão expandir suas<br />

atividades na área agropecuária, em função da economia regional.<br />

No entanto teoricamente entende-se que essas premissas anteriormente<br />

utilizadas e as atuais para outras decisões de investimentos não são<br />

suficientemente completas para tomar tais decisões, poden<strong>do</strong> levar à destruição<br />

de valor caso não seja utiliza<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong> que avalie estes novos<br />

projetos. Por fim, entende-se que o administra<strong>do</strong>r financeiro deve apoiar-se<br />

em uma ferramenta gerencial que atenda às particularidades da empresa,<br />

como o fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong> com base no custo <strong>do</strong> capital<br />

próprio.<br />

4.2 Seleção de premissas para elaboração <strong>do</strong> fluxo de caixa<br />

Com base no referencial teórico aborda<strong>do</strong>, torna-se necessário para<br />

atingir os objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, selecionar as premissas para realização das<br />

projeções <strong>do</strong>s fluxos de caixa, sen<strong>do</strong> possível obter um parâmetro de avaliação<br />

sobre o investimento realiza<strong>do</strong>. Com base nesta perspectiva, a pesquisa<br />

utilizou um modelo de avaliação de investimentos, fundamenta<strong>do</strong> no fluxo<br />

de caixa desconta<strong>do</strong> para avaliar a situação e a viabilidade <strong>do</strong> investimento<br />

realiza<strong>do</strong> pela empresa.<br />

Cabe destacar que, por motivo de confidencialidade de informações,<br />

omitem-se os verdadeiros números no estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s de forma<br />

ilustrativa, uma vez que foi utiliza<strong>do</strong> um mesmo indexa<strong>do</strong>r para to<strong>do</strong>s os<br />

resulta<strong>do</strong>s. Dessa forma não ficará prejudicada a coerência <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s apre-<br />

96


senta<strong>do</strong>s na Demonstração <strong>do</strong> Resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exercício <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> e no Fluxo<br />

de Caixa <strong>do</strong> Acionista.<br />

Nesse senti<strong>do</strong> foram coleta<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes aos investimentos<br />

da empresa com a construção <strong>do</strong> prédio em que está instalada (quadro 01)<br />

e os demais gastos com a abertura <strong>do</strong> negócio e desembolsos realiza<strong>do</strong>s no<br />

decorrer de seu funcionamento (quadro 02). Ainda o quadro 03 representa os<br />

investimentos em capital de giro realiza<strong>do</strong> pelos sócios nos anos de 2007 a<br />

2009 e serão projeta<strong>do</strong>s para o exercício de 2010 um aumento neste gasto<br />

de 5% sobre a receita de vendas, e de 12% em 2011 e 2012 ten<strong>do</strong> em vista a<br />

possível ampliação <strong>do</strong> negócio previsto pelos proprietários.<br />

QUADRO 01 <strong>–</strong> Construção Prédio<br />

Mês Valor (R$)<br />

jul/06 17.945,23<br />

ago/06 9.837,50<br />

set/06 5.920,67<br />

out/06 11.225,36<br />

nov/06 5.077,18<br />

Total 50.005,94<br />

QUADRO 02 <strong>–</strong> Aquisição Imobiliza<strong>do</strong> <strong>–</strong> equipamentos, móveis e utensílios<br />

Entrada Valor (R$)<br />

mai/07 17.163,20<br />

jan/08 2.370,20<br />

mai/08 5.980,45<br />

set/09 3.850,96<br />

Total 29.364,81<br />

QUADRO 03 <strong>–</strong> Investimento em capital de giro<br />

Anos Valor (R$)<br />

2006 R$ 0,00<br />

2007 R$ 7.500,00<br />

2008 R$ 8.300,00<br />

2009 R$ 5.900,00<br />

2010* R$ 8.938,89<br />

2011* R$ 27.460,27<br />

2012* R$ 35.149,14<br />

Total<br />

*anos com valores projeta<strong>do</strong>s<br />

R$ 93.248,30<br />

Convém lembrar ainda que as projeções para o fluxo de caixa são<br />

realizadas em anos posteriores a 2009, uma vez que se têm da<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s<br />

desde a abertura da empresa (em maio de 2007) e também <strong>do</strong>s exer-<br />

97


cícios de 2008 e 2009. Sen<strong>do</strong> assim os anos seguintes de 2010, 2011, 2012<br />

representam estimativas, já que o fluxo de caixa foi projeta<strong>do</strong> para seis anos.<br />

As premissas utilizadas neste estu<strong>do</strong> foram:<br />

QUADRO 04 <strong>–</strong> Premissas para elaboração fluxo de caixa 2010-2012<br />

Descrição/Anos 2010 2011 2012<br />

Aumento Receita de Vendas 16% 28% 28%<br />

Impostos s/ venda bruta 4% 4% 4%<br />

Custo merca<strong>do</strong>rias vendidas s/ receita líquida 60% 60% 60%<br />

Aumento despesas com água 14% 14% 14%<br />

Aumento despesas com energia elétrica 18% 18% 18%<br />

Aumento despesas com telefonia 19% 19% 19%<br />

Redução despesas com pessoal - - -<br />

Aumento despesas com manut. e conserv. s/ ano<br />

anterior<br />

6% 6% 6%<br />

Despesas diversas R$ 1.600,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00<br />

Após a identificação das premissas partiu-se para a elaboração da<br />

demonstração <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> exercício para os anos de 2007 até 2012, representa<strong>do</strong><br />

no quadro a seguir.<br />

QUADRO 05 <strong>–</strong> Demonstração <strong>do</strong> Resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

CONTAS 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

Receita bruta de vendas R$ 55.844,00 R$ 118.390,50 R$ 154.118,80 R$ 178.777,80 R$ 228.835,58 R$ 292.909,54<br />

Vendas à vista R$ 50.259,60 R$ 106.551,45 R$ 138.706,92 R$ 160.900,02 R$ 205.952,02 R$ 263.618,58<br />

Vendas à prazo R$ 5.584,40 R$ 11.839,05 R$ 15.411,88 R$ 17.877,78 R$ 22.883,56 R$ 29.290,96<br />

(-)Deduções s/ rec.bruta R$ 2.233,76 R$ 4.735,62 R$ 6.164,75 R$ 7.151,11 R$ 9.153,42 R$ 11.716,38<br />

(-)Simples R$ 2.233,76 R$ 4.735,62 R$ 6.164,75 R$ 7.151,11 R$ 9.153,42 R$ 11.716,38<br />

Receita líquida de vendas R$ 53.610,24 R$ 113.654,88 R$ 147.954,05 R$ 171.626,69 R$ 219.682,16 R$ 281.193,16<br />

(-)CMV R$ 30.557,80 R$ 67.193,29 R$ 90.156,30 R$ 102.976,01 R$ 131.809,29 R$ 168.715,89<br />

Lucro bruto R$ 23.052,44 R$ 46.461,59 R$ 57.797,75 R$ 68.650,68 R$ 87.872,87 R$ 112.477,27<br />

(-)Despesas operacionais R$ 7.927,02 R$ 10.944,52 R$ 4.163,56 R$ 4.702,07 R$ 5.554,95 R$ 6.083,01<br />

(-)Desp. Pessoal R$ 5.634,20 R$ 7.575,82 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00<br />

(-)Desp. Água R$ 120,50 R$ 180,72 R$ 210,96 R$ 240,49 R$ 274,16 R$ 312,54<br />

(-)Desp. eneg. Elétrica R$ 529,00 R$ 932,58 R$ 1.203,25 R$ 1.419,83 R$ 1.675,40 R$ 1.976,97<br />

(-)Desp. Telefone R$ 319,47 R$ 458,90 R$ 498,60 R$ 593,33 R$ 706,06 R$ 840,21<br />

(-)Desp. manut. e<br />

conserv.<br />

R$ 517,72 R$ 777,83 R$ 800,40 R$ 848,42 R$ 899,33 R$ 953,29<br />

(-)Desp. Diversas R$ 806,13 R$ 1.018,67 R$ 1.450,35 R$ 1.600,00 R$ 2.000,00 R$ 2.000,00<br />

Resulta<strong>do</strong> operacional R$ 15.125,42 R$ 35.517,07 R$ 53.634,19 R$ 63.948,61 R$ 82.317,92 R$106.394,26<br />

Resulta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> R$ 15.125,42 R$ 35.517,07 R$ 53.634,19 R$ 63.948,61 R$ 82.317,92 R$106.394,26<br />

Conforme menciona<strong>do</strong> na seção 2.2, observa-se que o fluxo é apura<strong>do</strong><br />

após o pagamento de todas as dívidas e despesas com terceiros, restan<strong>do</strong><br />

o valor líqui<strong>do</strong> que pode ser distribuí<strong>do</strong> para os acionistas.<br />

Dessa forma, o pagamento principal das dívidas consiste no valor<br />

98


epresenta<strong>do</strong> nos quadros 01, 02 e no valor de R$ 1.260,50 que se refere<br />

à compra de móveis e utensílios pagos em 2009. Cabe destacar que foram<br />

desconsidera<strong>do</strong>s os valores residuais destes investimentos para a projeção<br />

<strong>do</strong> fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista, ten<strong>do</strong> em vista a continuidade das atividades<br />

da empresa.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o quadro 06, demonstra o valor líqui<strong>do</strong> disponível para<br />

os acionistas em cada ano, sen<strong>do</strong> que o ano de 2006 (quan<strong>do</strong> ocorreu a<br />

construção <strong>do</strong> prédio) não houve receitas pois a empresa ainda não estava<br />

constituída.<br />

QUADRO 06 <strong>–</strong> Fluxo de caixa <strong>do</strong> Acionista<br />

CONTAS 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012<br />

Fluxo caixa<br />

operac.<br />

Pgto principal<br />

dívida<br />

Invest.<br />

capital giro<br />

Fluxo cx<br />

líq. acion.<br />

0 R$ 15.125,42 R$ 35.517,07 R$ 53.634,19 R$ 63.948,61 R$ 82.317,92 R$106.394,26<br />

(R$ 50.005,94) (R$ 17.163,20) (R$ 8.350,65) (R$ 5.111,46) 0 0 0<br />

R$ 0,00 (R$ 7.500,00) (R$ 8.300,00) (R$ 5.900,00) (R$ 8.938,89) (R$ 27.460,27)<br />

99<br />

(R$<br />

35.149,14)<br />

(R$ 50.005,94) (R$ 9.537,78) R$ 18.866,42 R$ 42.622,73 R$ 55.009,72 R$ 54.857,65 R$ 71.245,12<br />

Ten<strong>do</strong> em vista a aplicação <strong>do</strong> fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong><br />

como ferramenta gerencial de análise de investimentos, faz-se necessário<br />

estimar uma taxa de desconto que represente o custo de capital próprio, em<br />

que os fluxos de rendimentos futuros serão leva<strong>do</strong>s a valor presente.<br />

Consideran<strong>do</strong> essas adaptações <strong>do</strong> CAPM, descritas no item 2.3,<br />

utiliza-se como taxa de desconto 10,73%, composta pelo rendimento da caderneta<br />

de poupança (8,33% a.a.) e o prêmio de risco equivalente ao “Risco<br />

Brasil” (2,4%) no ano de 2006. Sen<strong>do</strong> assim, o quadro 07 representa o fluxo<br />

de caixa desconta<strong>do</strong> a taxa de 10,73%.<br />

Anos<br />

QUADRO 07 <strong>–</strong> Fluxo de caixa <strong>do</strong> Acionista Desconta<strong>do</strong><br />

Fluxo de caixa <strong>do</strong><br />

acionista<br />

Taxa de Desconto<br />

Fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista<br />

desconta<strong>do</strong><br />

2006 (R$ 50.005,94) 1,0000000000 (R$ 50.005,94)<br />

2007 (R$ 9.537,78) 0,9030976249 (R$ 8.613,55)<br />

2008 R$ 18.866,42 0,8155853200 R$ 15.387,18<br />

2009 R$ 42.622,73 0,7365531654 R$ 31.393,91<br />

2010 R$ 55.009,72 0,6651794142 R$ 36.591,33<br />

2011 R$ 54.857,65 0,6007219490 R$ 32.954,19<br />

2012 R$ 71.245,12 0,5425105653 R$ 38.651,23<br />

Total R$ 96.358,35<br />

Toman<strong>do</strong> como base os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> quadro 07, é possível visualizar<br />

que o valor presente líqui<strong>do</strong> é positivo, consideran<strong>do</strong> os seis anos previstos


pelos sócios da empresa para recuperar o capital investi<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim,<br />

se considerar mais exercícios nesta análise, provavelmente o valor presente<br />

líqui<strong>do</strong> será mais positivo ainda, ou seja, ocorreu a criação de valor, que representa<br />

a verdadeira medida de desempenho <strong>do</strong> gestor financeiro.<br />

Através de uma verificação com os proprietários da empresa a respeito<br />

<strong>do</strong> custo <strong>do</strong> capital próprio, após uma rápida explanação da ferramenta<br />

e méto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>, os mesmos apontaram que, na sua concepção, um retorno<br />

que considerariam adequa<strong>do</strong> seria de 17% ao ano, ou seja, uma taxa<br />

mínima de atratividade definida pela direção da empresa para este tipo de<br />

investimento. Sen<strong>do</strong> assim, elaborou-se, no quadro 08, a demonstração <strong>do</strong><br />

fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong> com base na taxa de desconto estipulada<br />

pelos proprietários da empresa de 17% ao ano.<br />

QUADRO 08 <strong>–</strong> Fluxo de caixa <strong>do</strong> Acionista Desconta<strong>do</strong><br />

Anos<br />

Fluxo de caixa <strong>do</strong><br />

acionista<br />

Taxa de Desconto<br />

100<br />

Fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista<br />

desconta<strong>do</strong><br />

2006 (R$ 50.005,94) 1,0000000000 (R$ 50.005,94)<br />

2007 (R$ 9.537,78) 0,8547008547 (R$ 8.151,95)<br />

2008 R$ 18.866,42 0,7305135510 R$ 13.782,18<br />

2009 R$ 42.622,73 0,6243705564 R$ 26.612,38<br />

2010 R$ 55.009,72 0,5336500482 R$ 29.355,94<br />

2011 R$ 54.857,65 0,4561111523 R$ 25.021,19<br />

2012 R$ 71.245,12 0,3898385917 R$ 27.774,10<br />

Total R$ 64.387,89<br />

Após a demonstração <strong>do</strong>s cálculos de acor<strong>do</strong> com a taxa de desconto<br />

estipulada pelos proprietários da empresa, mesmo que ela seja um pouco<br />

maior que a verificada no quadro 08, observa-se que o valor presente líqui<strong>do</strong><br />

ainda é positivo, ou seja, o investimento apresenta um retorno superior ao<br />

custo de oportunidade <strong>do</strong> capital, sen<strong>do</strong> o projeto viável e poden<strong>do</strong> ser aceito.<br />

5 Considerações Finais<br />

O estu<strong>do</strong> proposto, realiza<strong>do</strong> na Floricultura e Agropecuária L.L. Ltda,<br />

a fim atender o objetivo de sugerir à empresa a utilização de um méto<strong>do</strong> de<br />

apoio a tomada de decisão em relação a novos investimentos, utilizou-se<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> fluxo de caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong> com base no custo de<br />

capital próprio, ten<strong>do</strong> em vista ser mais adequa<strong>do</strong> neste caso, por se tratar<br />

de uma empresa de pequeno porte e de origem familiar. Este modelo resulta<br />

no valor disponível a ser distribuí<strong>do</strong>, isto é, o montante livre de outras obrigações,<br />

comprometi<strong>do</strong> apenas com os proprietários da empresa.<br />

Após evidencia<strong>do</strong>s os cálculos pertinentes, com o objetivo de avaliar


a viabilidade <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong> pela empresa, utilizan<strong>do</strong>-se o fluxo de<br />

caixa <strong>do</strong> acionista desconta<strong>do</strong>, identificou-se que houve a criação de valor<br />

para os acionistas. Este méto<strong>do</strong> de avaliação é eficaz e atende às necessidades<br />

e expectativas da empresa, possibilitan<strong>do</strong> que esta possa ter um melhor<br />

planejamento em relação a novos projetos de investimentos. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

entende-se que a apresentação desta técnica a empresa concentrou-se num<br />

ponto importante a fim de ampliar a visão <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res, bem como<br />

torna-se bastante oportuno no momento atual da empresa, que pretende expandir<br />

seu ramo de atuação.<br />

A principal dificuldade enfrentada no desenvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, diz<br />

respeito à determinação da taxa de desconto para o cálculo <strong>do</strong> fluxo de caixa<br />

<strong>do</strong> acionista, uma vez que a empresa é de pequeno porte e de capital fecha<strong>do</strong>.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, foi necessário adaptações para a utilização <strong>do</strong> custo de<br />

capital próprio como taxa de desconto.<br />

De acor<strong>do</strong> com os fluxos de caixa <strong>do</strong> acionista apresenta<strong>do</strong>s, verificou-se<br />

que esse méto<strong>do</strong> configura-se como uma ferramenta gerencial útil<br />

para a necessidade da empresa em questão. Sen<strong>do</strong> assim, o méto<strong>do</strong> foi<br />

sugeri<strong>do</strong> aos proprietários da empresa de acor<strong>do</strong> com o propósito inicial deste<br />

estu<strong>do</strong>, para ser utiliza<strong>do</strong> no processo de apoio à tomada de decisão de<br />

investimentos, uma vez que a empresa nunca havia utiliza<strong>do</strong> uma técnica<br />

fundamentada teoricamente para este tipo de avaliação, o que comprometeria<br />

futuras opções de projetos de investimento, poden<strong>do</strong>, caso não seja<br />

planeja<strong>do</strong> o investimento, levar à destruição de valor.<br />

Enfim, o estu<strong>do</strong> como um to<strong>do</strong> resultou em contribuições relevantes<br />

para a empresa, aprimoran<strong>do</strong> a visão geral <strong>do</strong>s sócios acerca <strong>do</strong> negócio,<br />

aproximan<strong>do</strong> ferramentas da área de finanças a uma realidade da empresa<br />

familiar. Esta, embora seja de pequeno porte, deve acompanhar as tendências<br />

e os recursos disponíveis para aperfeiçoarem a sua gestão, tornan<strong>do</strong>-se<br />

cada vez mais competitivas e capacitadas a criação de valor. Sugerin<strong>do</strong>-se<br />

estu<strong>do</strong>s futuros mais aprofunda<strong>do</strong>s com relação a taxa de desconto para<br />

empresas de capital fecha<strong>do</strong>.<br />

6 Referências<br />

BIEGER, M. Decisão de investimentos: critérios de avaliação e a consideração<br />

de aspectos estratégicos nas empresas industriais de médio e<br />

grande porte da região Noroeste <strong>–</strong> RS. 2000. 180f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong><br />

em Administração) <strong>–</strong> Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade<br />

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< http://biblioteca.universia.net/ficha.<strong>do</strong>?id=38064163 >. Acesso em: 27 out.<br />

2008.<br />

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COLLIS, J; HUSSEY, R. Pesquisa em administração. 2.ed. São Paulo:<br />

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ENDLER, L. Avaliação de empresas pelo méto<strong>do</strong> de fluxo de caixa desconta<strong>do</strong><br />

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revisão da literatura, Caderno de análise regional, Salva<strong>do</strong>r, 2003. Disponível<br />

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GARRÁN, F. T. Meto<strong>do</strong>logias em uso no Brasil para a determinação <strong>do</strong><br />

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103


104


HORAS EXTRAS E SEUS REFLEXOS -<br />

ANÁLISE DO CONTADOR NA FORMA DE TRABALHO PERICIAL<br />

RESUMO<br />

105<br />

Daiane Andréia Kloh 1<br />

Aline Gauer 2<br />

O objetivo desta pesquisa foi analisar três lau<strong>do</strong>s periciais em reclamatórias<br />

trabalhistas sobre horas extras para verificar qual a forma <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito<br />

para a realização <strong>do</strong>s cálculos de liquidação de sentença. Sen<strong>do</strong> esta uma<br />

pesquisa <strong>do</strong>cumental e quantitativa, envolven<strong>do</strong> a análise de reclamatórias<br />

trabalhistas, inicialmente se analisaram os processos para se verificar o que<br />

cada reclamante solicitou, e após analisou-se quais da<strong>do</strong>s o perito utilizou<br />

para fazer os cálculos. Com este estu<strong>do</strong> foi constata<strong>do</strong> que a maioria das<br />

reclamatórias trabalhistas solicitam o pagamento de horas extras que não<br />

são pagas de forma correta pelo seu emprega<strong>do</strong>r. Conclui-se que o trabalho<br />

<strong>do</strong> perito importante para auxiliar o Juiz a definir o valor a ser pago para o<br />

reclamante.<br />

Palavras-chave: perícia contábil; perito; horas extras.<br />

ABSTRACT<br />

The objective of this research was to examine three expert reports on labor<br />

claims on overtime to see which way the work of the expert to carry out the<br />

calculations for the settlement of the sentence. Since this is a <strong>do</strong>cumentary<br />

research and quantitative, involving the analysis of labor claims, initially reviewed<br />

the processes to verify that each claimant has requested, and after it<br />

was analyzed what data the expert used to make the calculations. With this<br />

study we found that the majority of the labor claims seeking overtime pay that<br />

are not properly paid by their employer. We conclude that the important work<br />

of the expert to assist the judge to set the amount to be paid to the claimant.<br />

Key-words: accounting investigation; expert; extra hours.<br />

1 Graduanda em Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Especialista em Auditoria e Perícia Contábil <strong>–</strong> FEEVALE/RS; Mestranda<br />

em Administração Internacional <strong>–</strong> UDE/UY; Professora <strong>do</strong> Curso de Ciências<br />

Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


1 Introdução<br />

Para Santos, Schmidt e Gomes (2006), a Perícia com o passar <strong>do</strong>s<br />

anos tem contribuí<strong>do</strong> de forma significativa com a Justiça, sen<strong>do</strong> um instrumento<br />

capaz de tirar as dúvidas num processo trabalhista. O Perito Contábil<br />

tem exerci<strong>do</strong> um papel importante no auxílio da Justiça <strong>do</strong> trabalho, por sua<br />

contribuição com esclarecimento <strong>do</strong>s fatos, sen<strong>do</strong> o Perito responsável em<br />

levar ao juiz um lau<strong>do</strong> que possibilite a conclusão <strong>do</strong> processo.<br />

Conforme Santos, Schimdt e Gomes (2006), a função Pericial Contábil<br />

é uma atribuição privativa <strong>do</strong> bacharel em Ciências Contábeis, inscritos<br />

legalmente no Conselho Regional de Contabilidade.<br />

O exercício da função pericial envolve deveres e direitos que são<br />

obriga<strong>do</strong>s a serem observa<strong>do</strong>s pelo perito, sen<strong>do</strong> uma delas a responsabilidade<br />

na confecção <strong>do</strong> lau<strong>do</strong>, basean<strong>do</strong> se em <strong>do</strong>cumentos verdadeiros e<br />

agin<strong>do</strong> com total ética, sen<strong>do</strong> que este lau<strong>do</strong> servirá como auxílio para o Juiz<br />

dar a sentença.<br />

A realização deste estu<strong>do</strong> sobre perícia em processos trabalhistas<br />

com ênfase em horas extras deu-se em virtude <strong>do</strong> aumento à procura da<br />

justiça para reivindicar seus direitos trabalhistas e entre eles o pagamento de<br />

horas extras e também, por se tratar de um assunto de grande importância<br />

quan<strong>do</strong> o assunto é vínculo de emprego. Ten<strong>do</strong> como objetivo geral verificar<br />

os critérios analisa<strong>do</strong>s pelo perito para elaborar o lau<strong>do</strong> pericial sobre horas<br />

extras. Como objetivos específicos: analisar reclamatórias trabalhistas em<br />

seu to<strong>do</strong>; interpretar os cálculos periciais juntamente com o lau<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong><br />

pelo perito, identifican<strong>do</strong> os principais critérios analisa<strong>do</strong>s para a elaboração<br />

e conclusão <strong>do</strong> seu trabalho.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, o problema de pesquisa que norteiam a realização<br />

deste estu<strong>do</strong> é: Quais critérios o perito analisa para elaborar os cálculos<br />

periciais sobre horas extras num processo trabalhista?<br />

O artigo apresenta a seguinte estrutura: a) referencial teórico, que<br />

aborda, conceito de perícia, o trabalho pericial, direcionan<strong>do</strong> para Justiça <strong>do</strong><br />

Trabalho e as Leis Trabalhistas em relação a jornada de trabalho b) meto<strong>do</strong>logia;<br />

c) análise e coleta <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e d) considerações finais.<br />

2 Referencial teórico<br />

2.1 Perícia Contábil e o Trabalho Pericial<br />

De acor<strong>do</strong> com Santos, Schmidt, Gomes (2006) a perícia contábil é<br />

a analise de fatos liga<strong>do</strong>s ao patrimônio individualiza<strong>do</strong> oferecen<strong>do</strong> opinião,<br />

diante de fatos propostos. Conforme a Norma Brasileira de Contabilidade<br />

106


(NBC <strong>–</strong> 13), a perícia contábil é conceituada como o conjunto de procedimentos<br />

técnicos e científicos para que tenha provas justas para a solução <strong>do</strong><br />

fato, através de lau<strong>do</strong> pericial contábil judicial, seguin<strong>do</strong> as normas jurídicas<br />

e profissionais, e uma legislação especifica no que for pertinente.<br />

Portanto a perícia contábil por sua vez, tem a finalidade de descobrir<br />

os fatos desconheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> objeto investiga<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> normas legais, ou<br />

seja, esclarecer aquilo que é verdadeiro, contribuin<strong>do</strong> para o trabalho da<br />

justiça. Ten<strong>do</strong> como objetivo esclarecimento de fatos, por meio da aplicação<br />

de exame, de análise e de verificação na produção lau<strong>do</strong> pericial, para estabelecer<br />

a verdade.<br />

Sá (2007) descreve que a qualidade <strong>do</strong> perito depende muito da qualidade<br />

<strong>do</strong> trabalho que este executa. Segun<strong>do</strong> o autor, para que uma perícia<br />

seja considerada de qualidade, é necessário objetividade, precisão, clareza,<br />

fidelidade, concisão, confiabilidade inequívoca baseada em materialidade e<br />

plena satisfação da finalidade.<br />

Moura (2007) explica que no cronograma <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito devem<br />

ficar esclareci<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> devem ser aplica<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s os itens necessários<br />

para execução da perícia. Esses itens são as diligências a serem realizadas,<br />

deslocamentos, necessidade de trabalho terceiros, pesquisas que<br />

serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas e quesitos, prazo<br />

para entrega <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> ou parecer pericial, para assegurar que toda a etapa<br />

necessária à realização da perícia seja cumprida.<br />

Magalhães (2007) descreve o lau<strong>do</strong> pericial como sen<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong><br />

individualmente pelo perito. O lau<strong>do</strong> demonstra o trabalho pericial nos aspectos<br />

de exposição e <strong>do</strong>cumentação, principalmente no propósito de expressar<br />

a opinião <strong>do</strong> perito sobre questões formuladas nos quesitos.<br />

Conforme Moura (2007), o lau<strong>do</strong> pericial é elabora<strong>do</strong> por profissionais<br />

habilita<strong>do</strong>s sobre o assunto para diminuir polêmicas em discussões judiciais<br />

e extrajudiciais. O perito-conta<strong>do</strong>r deve registrar no Lau<strong>do</strong> Pericial Contábil<br />

os estu<strong>do</strong>s, as pesquisas, as diligências ou a busca de provas necessárias<br />

para a conclusão <strong>do</strong>s seus trabalhos, e no final apresente, de forma clara e<br />

precisa, as suas conclusões.<br />

Para Ornelas (2007), o lau<strong>do</strong> pericial contábil é a prova pericial sobre<br />

a qual as partes irão oferecer seus comentários aceitan<strong>do</strong>-o ou critican<strong>do</strong>,<br />

por outro la<strong>do</strong> a prova técnica, servirá, apenas, para suprir as insuficiências<br />

<strong>do</strong> magistra<strong>do</strong> ou <strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> tribunal arbitral no que se refere a conhecimentos<br />

técnicos ou científicos, propician<strong>do</strong> certeza jurídica <strong>do</strong> assunto em<br />

questão.<br />

Conforme Magalhães et al (2001, p.40)<br />

É recomendável criteriosa revisão <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> para evitar omissão<br />

107


de alguma informação ou erros comuns de datilografia ou de<br />

digitação. Concluída a revisão, o lau<strong>do</strong> deve ser rubrica<strong>do</strong> em<br />

todas suas folhas e assina<strong>do</strong> na última sobre a identificação <strong>do</strong><br />

perito. A entrega <strong>do</strong> lau<strong>do</strong> deve ser entregue no cartório ou secretária<br />

que serve ao juízo, acompanhamento da petição endereça<strong>do</strong><br />

ao juiz e com a identificação <strong>do</strong>s autos. A entrega deve<br />

ser feita no prazo legal ou observada a prorrogação estipula<strong>do</strong><br />

pelo juiz (CPC, art. 432), se houver (2007, p.40).<br />

É de responsabilidade <strong>do</strong> perito todas as informações existentes no<br />

lau<strong>do</strong> pericial contábil, portanto este trabalho deve ser cuida<strong>do</strong>samente verifica<strong>do</strong><br />

e analisa<strong>do</strong> para que não haja informações obscuras e com dupla<br />

interpretação.<br />

2.2 A Justiça <strong>do</strong> Trabalho<br />

De acor<strong>do</strong> com Silva (2008) é de responsabilidade da Justiça <strong>do</strong> Trabalho<br />

conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre emprega<strong>do</strong>s<br />

e emprega<strong>do</strong>res e outros fatos que surgem da relação de emprego, incluí<strong>do</strong>s<br />

os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças.<br />

Conforme Favero (1997), o horário de trabalho normal é de 8 horas<br />

diárias e 44 horas semanais, mas, ocorren<strong>do</strong> necessidade a duração <strong>do</strong> trabalho,<br />

poderá exceder o limite legal ou por motivo de força maior, seja para<br />

conclusão de serviços inadiáveis ou que possam causar prejuízos manifestos.<br />

Nas situações de horas extras por motivo de força maior, a remuneração<br />

não será inferior à da hora normal.<br />

De acor<strong>do</strong> com Fávero (1997), o contrato entre as partes, estabelecen<strong>do</strong><br />

à legislação vigente, o emprega<strong>do</strong> deve cumprir determina<strong>do</strong> horário<br />

de trabalho estabeleci<strong>do</strong> pelo emprega<strong>do</strong>r. Em certas circunstâncias há a necessidade<br />

de horas extras para atender perío<strong>do</strong>s específicos, onde o perío<strong>do</strong><br />

normal de trabalho não é o suficiente para cumprir a demanda de trabalho,<br />

surgin<strong>do</strong> com isso as horas extras.<br />

Segun<strong>do</strong> Teles (2004), as horas extras devem ser calculadas na proporção<br />

de horas, mediante média aritmética, e necessário que se encontre<br />

o valor por hora <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong> o salário base mensal, quinzenal<br />

ou semanal, conforme o contrato de trabalho. Deve sempre se considerar a<br />

jornada contratual, por mês, quinzenal ou semanal, sen<strong>do</strong> que todas as horas<br />

extras acompanham o cálculo <strong>do</strong> descanso. As horas extras são calculadas<br />

com base no salário <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> mais adicionais (insalubridade, periculosidade,<br />

etc.) dividi<strong>do</strong> pelo número de horas trabalhadas no mês acrescidas <strong>do</strong><br />

percentual extra devi<strong>do</strong> (50%, 100%, etc), conforme a legislação.<br />

Conforme Fávero (1997), temos também a hora extra noturna, que<br />

108


deve ser paga individualmente sob título de “adicional noturno”. Se o emprega<strong>do</strong><br />

realizar horas extras dentro <strong>do</strong> horário das 22:00 às 5:00 da manhã,<br />

esta será computada como hora extra noturna.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Neste estu<strong>do</strong>, realiza-se pesquisa descritiva, através de pesquisa<br />

<strong>do</strong>cumentada em livros, artigos, sites da internet, que tratam <strong>do</strong> assunto em<br />

questão e direta, através de pesquisa em processos para averiguar quais os<br />

da<strong>do</strong>s que o perito fez levantamento para chegar ao cálculo que apresente<br />

um lau<strong>do</strong> que esclareça ao Juiz os fatos para poder dar a sentença.<br />

Também se classifica como uma pesquisa quantitativa, pois envolve<br />

análises de da<strong>do</strong>s em reclamatórias trabalhistas averiguan<strong>do</strong> qual forma o<br />

perito utilizou para elaborar os cálculos de horas extras e fornecer ao juiz<br />

um lau<strong>do</strong> que dê auxilio a sentença. Trabalho este que foi desenvolvi<strong>do</strong> no<br />

perío<strong>do</strong> de janeiro a dezembro de 2009, ten<strong>do</strong> por base três reclamatórias<br />

trabalhistas da Justiça <strong>do</strong> trabalho de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, utilizadas somente<br />

para este estu<strong>do</strong>, em que seus da<strong>do</strong>s de identificação foram preserva<strong>do</strong>s.<br />

4 Coleta e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Para dar suporte a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e resposta ao problema de pesquisa,<br />

foram coletadas informações em Sentenças Trabalhistas e lau<strong>do</strong>s periciais<br />

contábeis, mais especificamente Cálculos de Liquidação de Sentença.<br />

4.1 Apresentação <strong>do</strong>s processos analisa<strong>do</strong>s<br />

4.1.1 Processo “1”<br />

No processo “1”, de acor<strong>do</strong> com a inicial, o reclamante trabalhou para<br />

a reclamada como eletricista em um determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, porém a reclamada<br />

registrou na Carteira de Trabalho um perío<strong>do</strong> diferente. A remuneração<br />

<strong>do</strong> eletricista era de R$ 320,35, acresci<strong>do</strong> de adicional de periculosidade por<br />

mês.<br />

A jornada de trabalho <strong>do</strong> reclamante era das 7h30min às 12horas e<br />

das 13 horas às 19 horas, de segunda a sexta-feira. Aos sába<strong>do</strong>s trabalhava<br />

das 7h30min às 12 horas e das 13 horas às 17 horas. O reclamante também<br />

trabalhou, em média, <strong>do</strong>is <strong>do</strong>mingos por mês, no horário das 7h30min às 17<br />

horas, com intervalo de uma hora.<br />

As horas extras, consideradas as excedentes a oito horas diárias,<br />

bem como os <strong>do</strong>mingos trabalha<strong>do</strong>s, que não foram pagos, a reclamada<br />

109


deve ser condenada ao pagamento, com reflexos no aviso prévio, férias, gratificações<br />

natalinas, FGTS (Fun<strong>do</strong> de Garantia por tempo de serviço) com<br />

multa de 40% repouso remunera<strong>do</strong> e adicional de periculosidade.<br />

No processo “1” o reclamante requer a condenação da reclamada ao<br />

pagamento <strong>do</strong>s seguintes itens, com correção monetária:<br />

a) declaração da nulidade da rescisão contratual, com a reintegração<br />

da reclamante ao emprego e indenização <strong>do</strong>s salários <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de afastamento;<br />

b) se caso a reclamada se negar a reintegrar o reclamante, quer a<br />

indenização <strong>do</strong>s salários <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de garantia no emprego, com reflexos no<br />

aviso prévio, férias, gratificações natalinas, FGTS com multa de 40%, adicional<br />

de periculosidade, repouso remunera<strong>do</strong> e horas extras;<br />

c) FGTS, comprovação <strong>do</strong>s depósitos ou condenação ao pagamento<br />

<strong>do</strong>s valores, com multa de 40% sobre o montante devi<strong>do</strong>;<br />

d) <strong>do</strong>cumentação necessária para percepção <strong>do</strong> seguro desemprego,<br />

sob pena de indenização pelo valor decorrente;<br />

e) horas extras com adicional de 50%, com reflexo no aviso prévio,<br />

férias com um terço, gratificações natalinas, FGTS com multa de 40% e adicional<br />

de periculosidade;<br />

f) Honorários advocatícios de assistência jurídica;<br />

Sentença: Na audiência final houve a conciliação, em que a ré ficou<br />

de pagar a quantia de R$500,00 acresci<strong>do</strong> de R$100,00 de honorários de<br />

Assistência Judiciária.<br />

4.1.2 Processo “2”<br />

No processo “2”, a reclamante processou duas empresas, afirman<strong>do</strong><br />

que as reclamadas devem ser condenadas de forma solidária, uma vez<br />

que formam um grupo econômico. Sen<strong>do</strong> que a primeira empresa fornece<br />

matéria-prima para a produção e a outra serve como mera intermedia<strong>do</strong>ra<br />

na contratação de mão-de-obra para atividade fim das toma<strong>do</strong>ras de serviço.<br />

Sen<strong>do</strong> que a primeira reclamada se manifesta, colocan<strong>do</strong> que não<br />

forma grupo econômico com as demais, em que a segunda reclamada industrializou<br />

partes de calça<strong>do</strong>s para a empresa contestante, acrescentou que a<br />

terceirização é possível para industrialização para parte <strong>do</strong>s componentes<br />

faltantes não ten<strong>do</strong> nada que impeça.<br />

A responsabilidade consiste em uma celebração de um contrato de<br />

prestação de serviço, não se tratan<strong>do</strong> em transferir ao toma<strong>do</strong>r os encargos<br />

trabalhistas em situação inadimplentes pelo presta<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s serviços.<br />

A reclamante afirma ter trabalha<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> para a reclamada em<br />

que teria si<strong>do</strong> demitida sem justa causa e sem receber as verbas rescisó-<br />

110


ias. O reclamante solicita o pagamento de aviso prévio de trinta dias, 7/12<br />

de férias proporcionais com 1/3, 7/12 de gratificações de natal proporcional,<br />

multa <strong>do</strong> artigo 477 da CLT e multa <strong>do</strong> artigo 467. Aponta também a falta <strong>do</strong><br />

deposito de FGTS com acréscimo da multa de 40%.<br />

Contu<strong>do</strong> a reclamada não apresentou prova <strong>do</strong> pagamento das rescisórias<br />

devidas a reclamante.<br />

No processo “2” a reclamante solicita os seguintes itens:<br />

a) aviso prévio de 30 dias, 7/12 de férias proporcionais com 1/3 e 7/12<br />

de 13º salário proporcional;<br />

b) FGTS <strong>do</strong> contrato de trabalho com multa de 40%;<br />

c) multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias;<br />

d) adicional de insalubridade, por trabalhar com cola na colagem <strong>do</strong>s<br />

sapatos;<br />

e) horas extras, que com freqüência fazia 2 horas a mais por dia;<br />

f) honorários de Advoga<strong>do</strong>, pagamento de assistência jurídica.<br />

Sentença: a reclamada foi condenada a pagar: aviso prévio de 30<br />

dias, 7/12 de férias proporcionais com 1/3 e 7/12 de natalinas, com um acréscimo<br />

de 50% por aplicação da multa <strong>do</strong> artigo 467 da CLT; diferença de FGTS<br />

<strong>do</strong> curso <strong>do</strong> contrato de trabalho, além da multa de 40%; diferença salariais<br />

<strong>do</strong> lapso <strong>do</strong> contrato de trabalho decorrente da observância <strong>do</strong> salário mínimo<br />

regional; adicional de insalubridade em grau médio; 2 horas extras diárias,<br />

na freqüência de 2 vezes por semana; honorários de assistência jurídica<br />

no importe de 15% sobre o valor bruto da condenação.<br />

4.1.3 Processo “3”<br />

No processo “3”, o reclamante alega ter trabalha<strong>do</strong> para a reclamada<br />

em <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s distintos. Relata que sua carteira de trabalho no primeiro<br />

perío<strong>do</strong> contratual foi anota<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> inferior, refere-se que no primeiro<br />

perío<strong>do</strong> contratual exercia a função de gerente. Solicita a retificação <strong>do</strong> termo<br />

inicial <strong>do</strong> primeiro perío<strong>do</strong>, e a anotação na carteira de trabalho no perío<strong>do</strong>,<br />

na função de encarrega<strong>do</strong> de filial.<br />

A reclamada não concorda que a reclamante tenha trabalha<strong>do</strong> em<br />

perío<strong>do</strong> anterior ao anota<strong>do</strong> na carteira de trabalho, sustenta também que no<br />

primeiro perío<strong>do</strong> contratual o reclamante exerceu a função de encarrega<strong>do</strong><br />

operacional, e não de encarrega<strong>do</strong> de filial.<br />

No processo numero “3” a reclamante requer:<br />

a) Diferença salarial, pois segun<strong>do</strong> o reclamante exerceu a função de<br />

gerente durante o primeiro contrato de trabalho, alegan<strong>do</strong> que a reclamada<br />

não pagou corretamente o salário para a função que exerceu.<br />

b) Solicita horas extras mais adicional noturno (<strong>do</strong>mingos e feria<strong>do</strong>s),<br />

111


alega que seu horário de trabalho era das 8h às 12 h e das 13h30min à<br />

1h30min <strong>do</strong> dia seguinte de segunda a <strong>do</strong>mingo, onde muitas vezes ultrapassava<br />

este horário. Declarou que trabalhava em regime de horas extras sem<br />

as receber corretamente. Assegurou que trabalhava em <strong>do</strong>mingos e feria<strong>do</strong>s<br />

sem receber a devida <strong>do</strong>bra legal. Sustentou também que trabalhava no horário<br />

noturno sem receber adicional correspondente.<br />

c) Indenização Compensatório de 40% <strong>do</strong> FGTS, afirmou término <strong>do</strong><br />

primeiro perío<strong>do</strong> contratual, quan<strong>do</strong> despedi<strong>do</strong> sem justa causa, a reclamada<br />

não depositou a indenização compensatório de 40% <strong>do</strong> FGTS.<br />

d) Assistência judiciária gratuita, sen<strong>do</strong> que o reclamante declarou<br />

encontrar em situação econômica que não lhe permite pagar, para não precisar<br />

tirar o valor <strong>do</strong> sustento de sua família.<br />

Sentença: A reclamada foi condenada a pagar para a reclamante os<br />

seguintes itens: horas extras trabalhadas no primeiro perío<strong>do</strong> contratual, consideran<strong>do</strong><br />

as excedentes da oitava hora diária, como também as excedentes<br />

da quadragésima quarta hora semanal não compreendi<strong>do</strong> nos excessos da<br />

jornada diária, com reflexos em repouso semanal remunera<strong>do</strong>s, gratificações<br />

natalinas, férias remuneradas com o acréscimo de 1/3, aviso-prévio e FGTS<br />

com indenização compensatório de 40%; adicional noturno, incidente sobre<br />

as horas noturnas laboradas no primeiro perío<strong>do</strong> contratual, com reflexos<br />

em gratificações natalinas, férias remunera<strong>do</strong>s com acréscimo de 1/3, aviso-<br />

-prévio e FGTS com a indenização compensatório de 40%; <strong>do</strong>bra de um <strong>do</strong>mingo<br />

trabalha<strong>do</strong> no primeiro perío<strong>do</strong> contratual, consideran<strong>do</strong> a remuneração<br />

das horas trabalhas em dias com o adicional de 100%, com reflexos no<br />

FGTS com a indenização compensatória de 40%; a reclamada foi condenada<br />

a pagar custas, complementáveis ao final, no valor de R$120, 00, calcula<strong>do</strong>s<br />

sobre o valor provisório arbitra<strong>do</strong> à condenação de R$6000,00 como também<br />

os honorários advocatícios aos procura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> reclamante, sen<strong>do</strong> 15% sobre<br />

o valor bruto que se apurar em benefício em liquidação de sentença.<br />

4.2 Horas extras e seus reflexos: análise <strong>do</strong> conta<strong>do</strong>r na forma de<br />

trabalho pericial<br />

No processo “1”, a participação <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito conta<strong>do</strong>r pode<br />

ser caracterizada de forma simples. As partes resolveram de comum acor<strong>do</strong><br />

a conciliação, na quantia líquida de R$ 500,00.<br />

O trabalho <strong>do</strong> perito se deu na elaboração da discriminação das parcelas<br />

devidas que englobam o valor acorda<strong>do</strong>. No item diferença de horas extras<br />

o perito tomou por base os cartões pontos registra<strong>do</strong>s pelo reclamante,<br />

onde normalmente trabalhava das 7:30h às 12h e das 13h às 19h, resultan<strong>do</strong><br />

em média 1,7 horas extras diárias.<br />

112


Dessa forma o cálculo foi realiza<strong>do</strong> com base na remuneração <strong>do</strong><br />

reclamante, encontran<strong>do</strong>-se o valor-hora acresci<strong>do</strong> <strong>do</strong> adicional de 50% e<br />

assim aplicadas as horas excedentes a 8h 48 min diários.<br />

A sentença <strong>do</strong> processo “2” determinou o pagamento de 2 horas extras<br />

diárias na freqüência de 2 vezes por semana. Verifica-se na elaboração<br />

<strong>do</strong> lau<strong>do</strong> <strong>do</strong> perito que este considerou o pagamento das horas de 15 de<br />

fevereiro a 15 de junho de 2006.<br />

As horas extras foram apuradas na base de duas horas diárias multiplicadas<br />

por 2 dias na semana e multiplicadas por 5 semanas (média) o que<br />

resulta em 20 horas extras ao mês.<br />

Estas horas foram acrescidas de Descanso Semanal Remunera<strong>do</strong><br />

na proporção de um sexto destas horas apuradas.<br />

Para elaboração <strong>do</strong> valor a ser pago o perito utilizou como base o<br />

salário mensal mais adicional de insalubridade de 20% sobre o salário <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>.<br />

Esta base chamada de remuneração foi dividida por 220h mensais<br />

e acrescida <strong>do</strong> adicional 50%, em que encontramos o valor da hora extra.<br />

Assim, somadas o total de horas extras mais o descanso semanal<br />

remunera<strong>do</strong> e multiplica<strong>do</strong> pelo valor da hora extra se encontrou o valor a ser<br />

pago. Este valor foi atualiza<strong>do</strong> pelos débitos trabalhistas da época <strong>do</strong> pagamento<br />

até a data da elaboração <strong>do</strong> lau<strong>do</strong>, resultan<strong>do</strong> assim o valor devi<strong>do</strong>.<br />

Sobre as horas extras apuradas houve a incidência <strong>do</strong> pagamento<br />

<strong>do</strong> FGTS e da multa de 40%, que conforme determinação sentencial devera<br />

ser depositada em conta vinculada <strong>do</strong> FGTS (CEF), com liberação posterior.<br />

O trabalho <strong>do</strong> perito conta<strong>do</strong>r foi de extrema importância, no processo<br />

“3” em qual ficou determina<strong>do</strong> o pagamento de horas extras no primeiro<br />

perío<strong>do</strong> contratual com reflexos em repouso semanal remunera<strong>do</strong>, décimo<br />

terceiro salário, férias, aviso prévio, FGTS e multa de 40%.<br />

O perito considerou como horário de trabalho o que fora determina<strong>do</strong><br />

em sentença: de segunda-feira a sexta-feira, das 8horas às 11h30min e das<br />

13h30min às 19h30min, e uma vez por semana das 13h30min às 14horas,<br />

aos sába<strong>do</strong>s das 8horas às 12horas, e uma vez por mês das 8horas às 15horas,<br />

um <strong>do</strong>mingo das 8horas às 11h30min e das 13h30min às 18horas.<br />

As horas extras noturnas consideradas a partir das 22 horas de um<br />

dia até as 5hs <strong>do</strong> outro dia, recebem o adicional noturno de 20%, conforme<br />

acor<strong>do</strong> coletivo da categoria <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com o lau<strong>do</strong> <strong>do</strong> perito verifica-se que estas horas extras<br />

diurnas foram computadas no perío<strong>do</strong> de 01 de abril de 2005 a 12 de fevereiro<br />

de 2007, e foram acrescidas <strong>do</strong> adicional normativo de 50% sobre a hora<br />

normal.<br />

As horas excedentes à oitava diária, foram apuradas pelo perito através<br />

da análise <strong>do</strong>s cartões ponto junta<strong>do</strong>s aos autos e, no final de cada mês,<br />

113


totalizou as extras devidas, bem como as horas noturnas.<br />

O salário-base mensal <strong>do</strong> reclamante foi divi<strong>do</strong> por 220h para se encontrar<br />

o valor da hora normal e este acresci<strong>do</strong> de 50%. O valor encontra<strong>do</strong><br />

foi multiplica<strong>do</strong> pelo total de horas <strong>do</strong> mês e acresci<strong>do</strong> de um sexto referente<br />

ao descanso semanal remunera<strong>do</strong>. O valor total foi atualiza<strong>do</strong> pelos débitos<br />

trabalhista da época <strong>do</strong> pagamento para o perío<strong>do</strong> atual, encontran<strong>do</strong>-se o<br />

valor a ser pago. Este procedimento foi feito em to<strong>do</strong>s os meses computa<strong>do</strong>s.<br />

4.3 Síntese <strong>do</strong>s critérios identifica<strong>do</strong>s na pesquisa<br />

Após as análises realizadas, pode-se dizer que o pedi<strong>do</strong> mais comum<br />

nas ações trabalhistas é certamente o pedi<strong>do</strong> de pagamento de horas extras,<br />

motivo este que fizemos a análise <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito sobre esta verba. De<br />

acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s e analisa<strong>do</strong>s nos lau<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s pelo<br />

perito conta<strong>do</strong>r nos 03 processos objeto deste estu<strong>do</strong>, pode-se verificar que<br />

a forma de trabalho utiliza<strong>do</strong> pelo perito se parece muito entre si.<br />

Nota-se que o perito segue uma seqüência lógica na realização <strong>do</strong>s<br />

cálculos, como: verifica qual o perío<strong>do</strong> de trabalho admiti<strong>do</strong> na sentença;<br />

verifica se há prescrição reconhecida em sentença e que envolvem o perío<strong>do</strong><br />

a ser calculada as horas extras; analisa na sentença o que ficou deferi<strong>do</strong> em<br />

relação das horas extras, como o adicional normativo, o horário trabalha<strong>do</strong>,<br />

entre outros; bem como averiguação de <strong>do</strong>cumentos existentes nos autos<br />

(folhas de pagamentos ou cartões pontos).<br />

Em alguns lau<strong>do</strong>s, o perito necessitou lançar em planilhas de excel<br />

os horários de trabalho <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, para se apurar o número de horas<br />

extras. Após, apurar o valor da hora extra e multiplica-lo mês-a-mês pelo<br />

número de horas extras devidas. Dessa forma, ele apura o valor histórico<br />

devi<strong>do</strong>, ou seja, o valor que era devi<strong>do</strong> na época da prestação <strong>do</strong>s serviços.<br />

A base de cálculo para apuração das horas extras foi apurada da<br />

mesma forma, ou seja, o salário contratual (pago na época da devida hora<br />

extra) mais adicionais como insalubridade, periculosidade, entre outros. Para<br />

os fins de cálculos trabalhistas, as horas trabalhadas após o horário normal<br />

de trabalho (extras) continuam sen<strong>do</strong> exercidas no mesmo local insalubre ou<br />

perigoso, fazen<strong>do</strong> jus ao emprega<strong>do</strong> o recebimento destas com o acréscimo<br />

<strong>do</strong> salário mais os adicionais.<br />

Observa-se que o adicional de horas extras foi utiliza<strong>do</strong> conforme determinação<br />

<strong>do</strong> juiz. E, nos casos analisa<strong>do</strong>s, foi de acor<strong>do</strong> com o determina<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Dissídio Coletivo da categoria <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>. Esse adicional é acresci<strong>do</strong><br />

da hora normal que resulta no valor a ser pago pela hora extra trabalhada.<br />

Em suma, pode-se dizer que os critérios para a elaboração <strong>do</strong>s cálculos<br />

periciais em horas extras, seguem a mesma forma de estruturação para<br />

114


se resultar no lau<strong>do</strong> pericial. Apesar de extenso e minucioso, o cálculo de<br />

apuração <strong>do</strong>s valores de horas extras seguem padrões que podem ser utilizadas<br />

em várias perícias. O que muda é a forma de apuração das horas<br />

trabalhadas, pois este sim diverge de emprega<strong>do</strong> para emprega<strong>do</strong>, exigin<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> perito um aprofundamento quanto a apuração <strong>do</strong> número de horas extras.<br />

5 Considerações finais<br />

O objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> foi através da análise de reclamatórias trabalhistas<br />

verificar quais os critérios o perito utiliza para a realização <strong>do</strong>s cálculos<br />

periciais nos processos.<br />

Pode-se dizer que cada vez mais pessoas buscam através da justiça<br />

seus direitos trabalhistas, ajudan<strong>do</strong> para que se possa demonstrar a importância<br />

<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito na elaboração <strong>do</strong>s cálculos e para com isso auxiliar<br />

o Juiz na formação de sua decisão ou em muitos casos, apresentar os<br />

valores a serem pagos na liquidação da sentença.<br />

Observa-se que o trabalho <strong>do</strong> perito em relação as horas extras é um<br />

trabalho minucioso, vultoso e que exige um conhecimento tanto em relação<br />

a legislação trabalhista quanto ao desenvolvimento de cálculos e a utilização<br />

de meios informatiza<strong>do</strong>s para conclusão <strong>do</strong>s mesmos de uma forma clara,<br />

objetiva e de qualidade.<br />

Com base nos lau<strong>do</strong>s e cálculos analisa<strong>do</strong>s, pode-se dizer que o<br />

perito utilizou uma mesma meto<strong>do</strong>logia para apuração das horas extras, bem<br />

como a evolução <strong>do</strong> cálculo que define o valor a ser pago. Sen<strong>do</strong> que em<br />

algumas situações necessitou lançar em planilha de excel os horários de<br />

trabalho, para verificar o número de horas extras. Na realização <strong>do</strong>s cálculos<br />

segue uma seqüência no qual verifica se há prescrição reconhecida em sentença<br />

e que envolvem o perío<strong>do</strong> a ser calculada as horas extras; analisa na<br />

sentença o que ficou deferi<strong>do</strong> em relação das horas extras, como o adicional<br />

normativo, o horário trabalha<strong>do</strong>, entre outros.<br />

A justiça <strong>do</strong> trabalho possui uma movimentação vultosa de processos<br />

que tratam principalmente o pagamento de horas extras. Assim, as empresas<br />

necessitam de apoio, legislações e orientações que possam auxiliá-las na<br />

prevenção dessas reclamatórias. Uma delas é a nova portaria <strong>do</strong> Ministério<br />

<strong>do</strong> Trabalho sobre o ponto eletrônico, que pretende auxiliar os auditores fiscais<br />

no levantamento das horas trabalhadas.<br />

Conforme o site <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Trabalho, um <strong>do</strong>s maiores motivos<br />

que levou a esta nova regra foi de facilitar o serviço de contagem das horas<br />

trabalhadas e manter veracidade das marcações e não ocorrer adulteração<br />

das marcações, quan<strong>do</strong> estes precisarem ser utiliza<strong>do</strong>s em processos trabalhistas,<br />

sen<strong>do</strong> que nos dias atuais é difícil ter o controle da jornada de<br />

115


trabalho.<br />

Este estu<strong>do</strong> foi de fundamental importância para adquirir mais conhecimentos<br />

sobre a perícia contábil, verifican<strong>do</strong> sua forma de realização,<br />

principalmente em se tratan<strong>do</strong> de perícias na justiça <strong>do</strong> trabalho nas quais<br />

dão ênfase as horas extras, por se tratar de um assunto da atualidade que<br />

exige um trabalho de qualidade <strong>do</strong> perito.<br />

Como sugestão de continuidade desta pesquisa, seria importante a<br />

realização de uma pesquisa com empresas, questionan<strong>do</strong>-lhes a forma de<br />

controle e pagamento das horas extras aos seus funcionários, realizan<strong>do</strong> até<br />

mesmo uma auditoria trabalhista.<br />

6 Referências<br />

FAVERO, L. H. et al. Contabilidade Teoria e Prática. São Paulo: Atlas,<br />

1997.<br />

MAGALHÃES, A. de D. F. et al. Perícia contábil: uma abordagem teórica,<br />

ética, legal, processual e operacional: casos pratica<strong>do</strong>s. 3. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 2001.<br />

MOURA, R. Perícia Contábil: Judicial e Extrajudicial. 2 ed. Rio de Janeiro:<br />

Freitas Bastos, 2007.<br />

ORNELAS, M. M. G. de. Perícia Contábil. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

SÁ, A. L. de. Perícia Contábil. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

SANTOS, J. L. <strong>do</strong>s; SCMIDT, P; GOMES, J. M. M. Fundamentos de perícia<br />

contábil. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

SILVA, De P. Vocabulário Jurídico Conciso. Rio de Janeiro: Forense,<br />

2008.<br />

TELES, E. Cálculos trabalhistas. São Paulo: IPEC, 2004. (Apostila).<br />

PONTO Eletrônico: Novas Regras Oneram o Emprega<strong>do</strong>r. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 abr. 2010.<br />

116


RESUMO<br />

ESTRATÉGIAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS DESTINADOS<br />

AO CRÉDITO RURAL EM UMA COOPERATIVA DE CRÉDITO<br />

117<br />

Débora Batista Rael 1<br />

Daniel Bartz 2<br />

Este estu<strong>do</strong> aborda a história e origem <strong>do</strong> cooperativismo de crédito no Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul e as formas de trabalho das cooperativas existentes como<br />

instituições financeiras, integrantes <strong>do</strong> Sistema Financeiro Nacional. Seu<br />

objetivo principal é apresentar e analisar formas de captação de recursos<br />

financeiros implementadas em uma cooperativa de crédito que possibilitaram<br />

a ampliação das verbas direcionadas à crescente demanda de crédito<br />

rural. A atividade rural encontra-se em expansão e, neste senti<strong>do</strong>, precisa de<br />

linhas específicas que atendam ao interesse <strong>do</strong>s produtores. Acredita-se que<br />

esta seja uma forma de estimular o crescimento <strong>do</strong> número de associa<strong>do</strong>s<br />

interessa<strong>do</strong>s em investir na área rural. Para tanto, realizou-se um estu<strong>do</strong> de<br />

caso aplica<strong>do</strong> a uma cooperativa de crédito rural, utilizan<strong>do</strong>-se de análise<br />

<strong>do</strong>cumental e observação participante. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por meio da<br />

pesquisa sugerem que as estratégias de captação de recursos utilizadas pela<br />

cooperativa atingiram as expectativas e contribuíram para equilibrar a necessidade<br />

imediata de liquidez.<br />

Palavras-chave: Crédito rural, Captação de recursos, Estratégias de captação<br />

ABSTRACT<br />

This study discusses the history and origin of the credit union in Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul and ways of work of existing cooperatives as financial institutions,<br />

members of the National Financial System. Its primary purpose is to present<br />

and examine ways to raise financial resources implemented in a credit union<br />

that allowed the expansion of the money directed to the growing demand for<br />

rural credit. The rural activity is expanding, and in this sense, need specific<br />

lines that meet the interests of producers. It is believed that this is a way to<br />

stimulate growth in the number of associates interested in investing in rural<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Mestre em Ciências Contábeis, professor da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


areas. For both, there was a case study applied to a rural credit cooperatives,<br />

using <strong>do</strong>cumentary analysis and participant observation. The results<br />

obtained through research suggests that strategies of fundraising used by<br />

the cooperative met the expectations and helped to balance the immediate<br />

need of cash.<br />

Key-words: Rural credit, Fundraising, Recruitment strategies<br />

1 Introdução<br />

O cooperativismo teve seu início na Europa, no século XIX, sen<strong>do</strong><br />

entendi<strong>do</strong> como uma forma de organização econômica da sociedade que se<br />

caracteriza pela ajuda mútua através da cooperação e da parceria entre associa<strong>do</strong>s.<br />

Acontecimentos históricos originaram a <strong>do</strong>utrina cooperativista, poden<strong>do</strong><br />

ser considerada um <strong>do</strong>s momentos de maior relevância para a história<br />

da humanidade a chamada Revolução Industrial, iniciada nas três últimas<br />

décadas <strong>do</strong> século XVIII na Inglaterra.<br />

A partir desta época, grandes transformações ocorreram em to<strong>do</strong> o<br />

mun<strong>do</strong>, ocasionan<strong>do</strong>, ao mesmo tempo, muita riqueza e muita miséria, acarretan<strong>do</strong><br />

uma série de contradições entre os produtores, luta sem tréguas entre<br />

os assalaria<strong>do</strong>s e o descontentamento. Com isso, o homem precisava<br />

modificar a injustiça da sociedade em que vivia. Pagnussatt (2004) descreve<br />

que foi com este intuito que 28 tecelões reuniram-se em assembléia em novembro<br />

de 1843 na cidade de Rochdale para resolver essa difícil situação<br />

econômica, forman<strong>do</strong> um elo nessa cadeia.<br />

Como solução ao problema fun<strong>do</strong>u-se um armazém cooperativo,<br />

para o qual economizaram durante um ano o capital necessário. Os 28 pioneiros<br />

tinham por finalidade modificar, pela associação, o meio econômico e<br />

social em que viviam e revelaram uma nova visão da sociedade, lançan<strong>do</strong> as<br />

bases sobre as quais se ergueu o arcabouço cooperativo.<br />

Raices (2003) define uma cooperativa como sen<strong>do</strong> toda forma de<br />

associação entre pessoas que se agregam voluntariamente para resolver necessidades<br />

de ordem econômica, social ou cultural. E é através desse modelo<br />

cooperativo que as cooperativas de crédito buscam meios de transformar<br />

seu sistema em uma forma diferente de trabalho no ramo financeiro. Aplicar<br />

rendas captadas em linhas de crédito é um exemplo de que a união de forças<br />

poderá trazer benefícios a uma comunidade que até então só buscava verbas,<br />

mas em contrapartida não oferecia retornos.<br />

Diante desse contexto, este estu<strong>do</strong> tem como objetivo central evidenciar<br />

formas, estratégias, para ampliação das verbas no crédito rural em uma<br />

cooperativa de crédito. Para tanto, de mo<strong>do</strong> mais específico buscou-se: [a]<br />

118


identificar os pontos relevantes <strong>do</strong> cooperativismo como sistema de crédito;<br />

[b] apresentar a sistematização da linha de crédito rural e sua importância em<br />

uma comunidade em desenvolvimento; [c] analisar alternativas de captação<br />

de recursos que contribuam para a ampliação das verbas para distribuição<br />

no crédito rural. Ten<strong>do</strong> em vista a necessidade de manter forte essas culturas<br />

por meio <strong>do</strong> apoio aos produtores, busca-se responder ao seguinte problema<br />

de pesquisa: quais as estratégias de captação de recursos podem ser utilizadas<br />

por uma cooperativa de crédito para maximizar o retorno de verbas para<br />

destinação ao crédito rural?<br />

Notadamente no que se refere aos pequenos e médios produtores, o<br />

crédito rural objetiva o incentivo e o ingresso de méto<strong>do</strong>s racionais em seus<br />

sistemas de produção. Isso visa ao aumento da produtividade, melhoria da<br />

qualidade de vida, a adequada defesa <strong>do</strong> solo, bem como o investimento na<br />

produção, no extrativismo não predatório, armazenamento, beneficiamento,<br />

industrialização de produtos agropecuários e o desenvolvimento de atividades<br />

florestais e pesqueiras.<br />

Neste direcionamento, a realização deste estu<strong>do</strong> justifica-se pela<br />

necessidade de ampliação das verbas aplicadas para repasse através <strong>do</strong><br />

crédito rural e a busca de solidez financeira da cooperativa de crédito, ten<strong>do</strong><br />

em vista o desenvolvimento de uma comunidade em que a agricultura<br />

é uma das principais fontes de renda de grande parte da população. Em<br />

relação ao caso em estu<strong>do</strong>, apresenta-se a seguir a meto<strong>do</strong>logia aplicada<br />

na pesquisa e posteriormente abordam-se as principais definições e forma<br />

de sistematização <strong>do</strong> crédito rural, bem como as estratégias de captação<br />

de recursos implementadas pela cooperativa de crédito e os principais resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s.<br />

2 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Este estu<strong>do</strong> caracteriza-se como uma pesquisa exploratória, pois<br />

abrange aspectos gerais e amplos de um contexto. De acor<strong>do</strong> com Beuren<br />

(2003), por meio <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade<br />

o assunto, de mo<strong>do</strong> a torná-lo mais claro ou construir questões<br />

importantes para a condução da pesquisa. Cooperativismo e crédito rural<br />

são temas ainda pouco explora<strong>do</strong>s, por isso a importância da pesquisa de<br />

tipo aproximativo em que se busca apresentar vantagens e desvantagens<br />

da opção pelo Sistema Cooperativo de Crédito. O processo da pesquisa visa<br />

obter maiores informações sobre a forma de trabalho <strong>do</strong> crédito rural nas<br />

cooperativas.<br />

Quanto aos procedimentos a pesquisa classifica-se como um estu<strong>do</strong><br />

de caso, o qual foi aplica<strong>do</strong> junto à Cooperativa de Crédito de Livre<br />

119


Admissão (SICREDI), unidade <strong>do</strong> município de Encruzilhada <strong>do</strong> Sul/RS. Yin<br />

(2001) afirma que o estu<strong>do</strong> de caso é um tipo de pesquisa empírica que permite<br />

a investigação de problemas contemporâneos dentro <strong>do</strong> seu contexto<br />

de realidade. Assim, pretende-se evidenciar a sistemática de funcionamento<br />

<strong>do</strong> crédito rural a partir de uma abordagem prática para um entendimento<br />

mais claro <strong>do</strong> tema.<br />

Foram abordadas situações específicas <strong>do</strong> crédito rural, identifican<strong>do</strong>-se<br />

questões e entenden<strong>do</strong> porque são importantes, bem como as dificuldades<br />

enfrentadas para a ampliação <strong>do</strong>s recursos que fomentam o crédito<br />

rural. Devi<strong>do</strong> à limitação no que diz respeito a obras que tratem especificamente<br />

<strong>do</strong> crédito rural, o desenvolvimento da pesquisa deu-se com a articulação<br />

integrada entre os aspectos teóricos verifica<strong>do</strong>s e a realidade prática.<br />

Os fundamentos teóricos mais específicos foram obti<strong>do</strong>s especialmente no<br />

manual de crédito próprio da cooperativa. Também foi importante no aspecto<br />

prático a observação participante.<br />

Quanto à forma de abordagem <strong>do</strong> problema, a pesquisa caracteriza-<br />

-se como qualitativa. Richardson (1999, p. 80) menciona que “os estu<strong>do</strong>s que<br />

empregam uma meto<strong>do</strong>logia qualitativa podem descrever a complexidade de<br />

determina<strong>do</strong> problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender<br />

e classificar processos dinâmicos vivi<strong>do</strong>s por grupo sociais”. Coletan<strong>do</strong><br />

informações que relatam a história e a forma de trabalho <strong>do</strong> cooperativismo<br />

de crédito, assim como sua importância no desenvolvimento regional, acredita-se<br />

que este tipo de abordagem possa contribuir para uma compreensão<br />

mais ampla da realidade <strong>do</strong> crédito rural. Assim, apresenta-se a seguir uma<br />

visão geral <strong>do</strong> cooperativismo e, de maneira mais detalhada, aborda-se o<br />

crédito rural de mo<strong>do</strong> a evidenciar o que representa e descrever os requisitos<br />

essenciais para sua sistematização em uma cooperativa.<br />

3 Crédito rural: definições e sistematização<br />

Na visão de Lopes (2008), as cooperativas são vistas por muitos exclusivamente<br />

como uma alternativa de inclusão da população mais carente<br />

da sociedade no merca<strong>do</strong> de trabalho. Certamente a organização destas<br />

pessoas em cooperativas de trabalha<strong>do</strong>res é um meio de retirá-las de uma<br />

situação de vulnerabilidade social. Porém, num senti<strong>do</strong> mais amplo uma cooperativa<br />

é um negócio que dá resulta<strong>do</strong>s econômicos efetivos e permeia<br />

outras esferas da sociedade.<br />

Mais <strong>do</strong> que isso, tem potencial de transformar a realidade de quem é<br />

associa<strong>do</strong> e das comunidades <strong>do</strong> entorno, principalmente nos pequenos municípios<br />

onde estão instaladas. De acor<strong>do</strong> como Tedesco (1999), a atuação<br />

das cooperativas é variada, passan<strong>do</strong> por setores como educação, crédito,<br />

120


consumo, habitação, saúde, entre outros, reunin<strong>do</strong> desde grandes proprietários<br />

rurais até multidões de pequenos e médios agricultores, estudantes,<br />

profissionais liberais e cidadãos das mais variadas áreas.<br />

Partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> entendimento de Ruiz (1982), acredita-se no poder<br />

transforma<strong>do</strong>r e no potencial das cooperativas para gerar negócios, contribuin<strong>do</strong><br />

para a distribuição de renda de forma mais igualitária. Porque, afinal,<br />

renda bem distribuída é o que o Brasil mais precisa. Neste senti<strong>do</strong>, surge o<br />

cooperativismo de crédito, que é utiliza<strong>do</strong> nos países mais desenvolvi<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> como alavanca para a organização e o crescimento econômico da<br />

sociedade. Gediel (2001) explica que as cooperativas de crédito foram criadas<br />

para oferecer soluções financeiras aos seus associa<strong>do</strong>s, constituin<strong>do</strong>-se<br />

como meio para o acesso a produtos e serviços adapta<strong>do</strong>s às suas necessidades<br />

e condições financeiras.<br />

A idéia básica <strong>do</strong> crédito rural é a de dar a agropecuária recursos<br />

a custos inferiores aos que teriam de ser pagos no merca<strong>do</strong><br />

livre. Isso ocorre com base na argumentação de que os agricultores<br />

não fixam o preço de seus produtos, mas apenas tomam o<br />

preço de merca<strong>do</strong> (BACHA, 2004, p. 66).<br />

Para Schar<strong>do</strong>ng (2002), a cooperativa é a grande força para o agricultor<br />

ter acesso à tecnologia, ao crédito ou assistência especializada para<br />

poder competir com os grandes conglomera<strong>do</strong>s que compõem o agronegócio.<br />

Ciente deste fato, uma forte característica da Cooperativa de Crédito<br />

de Livre Admissão (SICREDI) é o desenvolvimento de grandes projetos<br />

para liberação de créditos rurais. A cooperativa busca um atendimento especial<br />

aos seus associa<strong>do</strong>s nessa área, pois acredita que o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> setor gera benefícios à comunidade em geral e que o crédito<br />

rural tem um papel fundamental para o desenvolvimento de um setor rural<br />

auto-sustentável.<br />

O crédito rural pode ser obti<strong>do</strong> nos bancos ou empresas financeiras<br />

credenciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social<br />

(BNDES) e pela utilização de recursos disponibiliza<strong>do</strong>s pelo Sistema Nacional<br />

de Crédito Rural (SNCR) aos beneficiários nas finalidades de custeio.<br />

Financia custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo (insumos,<br />

semente, mão-de-obra terceirizada, aluguel de máquinas, dentre outros), investimento<br />

em bens ou serviços e a comercialização da produção. O custeio<br />

pode ser classifica<strong>do</strong> em custeio agrícola, custeio pecuário e custeio de beneficiamento<br />

ou industrialização.<br />

As linhas de crédito rural para investimento são destinadas à aquisição<br />

de bens e serviços cujo uso se estenda por vários perío<strong>do</strong>s de produção,<br />

como a compra de equipamentos, matrizes e reprodutores, construção<br />

121


de benfeitorias, silos, etc. O crédito rural para comercialização destina-se<br />

a cobrir despesas próprias da fase imediatamente posterior à colheita ou a<br />

converterem em espécie os títulos oriun<strong>do</strong>s da venda ou entrega da safra<br />

pelos produtores às suas cooperativas. Como exemplo pode-se citar o financiamento<br />

para a pré-comercialização, EGF, o desconto de notas promissórias<br />

rurais, etc., de acor<strong>do</strong> com as condições <strong>do</strong> MCR (Manual de Crédito<br />

Rural <strong>–</strong> BACEN).<br />

Conforme determina o manual de crédito <strong>do</strong> Sicredi, a concessão <strong>do</strong><br />

crédito rural (exceto no Pronaf) está condicionada à comprovação <strong>do</strong> recolhimento<br />

<strong>do</strong> Imposto Territorial Rural (ITR) relativo aos imóveis rurais beneficia<strong>do</strong>s<br />

correspondentes aos últimos cinco exercícios. Os imóveis rurais que<br />

tenham áreas exploradas por arrendamento, comodato ou parceria também<br />

pagam ITR. Os associa<strong>do</strong>s com imóveis isentos <strong>do</strong> pagamento <strong>do</strong> ITR também<br />

devem apresentar a certidão comprobatória de regularidade.<br />

Uma das características peculiares <strong>do</strong> crédito rural é que a utilização<br />

<strong>do</strong> recurso deve ser fiscalizada e acompanhada pela instituição financeira<br />

a fim de comprovar a realização das obras, serviços ou aquisições. Neste<br />

caso, cabe ao fiscal verificar a correta aplicação <strong>do</strong>s recursos orçamentários,<br />

o desenvolvimento das atividades financiadas e a situação das garantias,<br />

se houver. Não são admitidas destinações de recursos <strong>do</strong> crédito rural para<br />

outros fins senão os descritos anteriormente.<br />

No Brasil, estão sen<strong>do</strong> estrutura<strong>do</strong>s projetos com o intuito de fortalecer<br />

a demanda de créditos rurais, pois, de uma maneira geral, busca-se<br />

estimular os investimentos rurais feitos pelos produtores ou por suas associações.<br />

Também se tem como objetivo favorecer o oportuno e adequa<strong>do</strong><br />

custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários, fortalecer<br />

o setor rural, incentivar a introdução de méto<strong>do</strong>s racionais no sistema<br />

de produção, visan<strong>do</strong> ao aumento de produtividade, à melhoria <strong>do</strong> padrão de<br />

vida das populações rurais e à adequada utilização <strong>do</strong>s recursos naturais.<br />

De acor<strong>do</strong> com as normativas <strong>do</strong> Setor de Desenvolvimento de Crédito<br />

<strong>do</strong> Sicredi, para concessão de crédito rural, no caso de cooperativa de<br />

crédito, o produtor está sujeito ao atendimento de alguns pré-requisitos, quais<br />

sejam: [a] ser associa<strong>do</strong> à cooperativa; [b] ter um avalista, preferencialmente<br />

alguém também associa<strong>do</strong> e/ou familiar próximo; [c] comprovar a i<strong>do</strong>neidade<br />

<strong>do</strong> toma<strong>do</strong>r; [d] apresentar o orçamento, plano ou projeto; [e] comprovar<br />

oportunidade, suficiência e adequação de recursos; [f] observar o cronograma<br />

de utilização e de reembolso <strong>do</strong>s recursos; [g] oferecer condições para<br />

a fiscalização pelo financia<strong>do</strong>r. O associa<strong>do</strong> também precisa comprovar a<br />

propriedade <strong>do</strong> imóvel explora<strong>do</strong>, apresentan<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumentos específicos,<br />

descritos no quadro 1.<br />

122


QUADRO 1 <strong>–</strong> Documentos preferenciais para comprovação da propriedade<br />

<strong>do</strong> imóvel<br />

Documento Característica Quem assina? Onde é registra<strong>do</strong>?<br />

Matrícula <strong>do</strong><br />

imóvel<br />

Carta de anuência<br />

(modelo Sicredi)<br />

Contrato de arrendamento<br />

rural<br />

(modelo Sicredi)<br />

Associa<strong>do</strong> como proprietário<br />

ou usufrutuário <strong>do</strong><br />

imóvel<br />

Autorização <strong>do</strong> proprietário<br />

<strong>do</strong> imóvel ao beneficiário/associa<strong>do</strong>,<br />

para<br />

exploração rural da terra<br />

Contrato em que o proprietário<br />

arrenda a terra ao<br />

beneficiário/associa<strong>do</strong> para<br />

exploração rural<br />

123<br />

Tabelião<br />

Proprietário e cliente<br />

/ de acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> beneficiário/<br />

associa<strong>do</strong><br />

Proprietário e cliente<br />

/ de acor<strong>do</strong> <strong>do</strong> beneficiário/<br />

associa<strong>do</strong><br />

Fonte: www.sicredi.com.br<br />

Documento emiti<strong>do</strong><br />

pelo registro de imóveis<br />

Registro de títulos e<br />

<strong>do</strong>cumentos<br />

Registro de imóveis<br />

ou registro de títulos<br />

e <strong>do</strong>cumentos, desde<br />

que comprovada a<br />

negativa de registro de<br />

imóveis<br />

Um aspecto importante na concessão <strong>do</strong> crédito diz respeito às garantias<br />

exigidas pela cooperativa. Neste caso, as garantias reais, que vão<br />

além <strong>do</strong> aval e da fiança, são de livre convenção entre o Sicredi local e o<br />

beneficiário, que devem ajustá-las de acor<strong>do</strong> com a natureza e o prazo <strong>do</strong><br />

crédito. Conforme previsto no manual de crédito <strong>do</strong> Sicredi, no crédito rural<br />

são aceitas como garantias: [a] penhor agrícola, pecuário, mercantil ou cedular;<br />

[b] alienação fiduciária; [c] hipoteca comum ou cedular; [d] seguro rural.<br />

Cabe destacar que os financiamentos de máquinas e equipamentos também<br />

se enquadram na linha de crédito rural.<br />

Em termos de procedimentos para a efetivação da concessão <strong>do</strong><br />

crédito, após a realização da análise <strong>do</strong>s requisitos básicos e <strong>do</strong> fechamento<br />

da negociação com o associa<strong>do</strong> através <strong>do</strong> sistema de empréstimos, o<br />

assistente de negócios deverá gerar uma proposta de crédito rural, com os<br />

valores pretendi<strong>do</strong>s por cada associa<strong>do</strong> e a programação de liberação. Este<br />

<strong>do</strong>cumento, além de registrar as características de cada operação, deve ser<br />

envia<strong>do</strong> anexo à cédula-mãe (cédula rural pignoratícia formalizada pela cooperativa<br />

local a favor <strong>do</strong> banco) para o comitê regional que avaliará a demanda<br />

da unidade de atendimento.<br />

Após receberem a confirmação dessas propostas, conten<strong>do</strong> o valor<br />

destina<strong>do</strong> à sua unidade de atendimento, deverão ser geradas as cédulas<br />

individuais ou cédulas-filhas (formalizada entre os associa<strong>do</strong>s e a cooperati-


va local, a favor deste), que deverão apresentar as mesmas características<br />

entre si (linha de crédito/grupo, alimentos básicos ou não, vencimentos e<br />

liberações) e os valores ratea<strong>do</strong>s entre os associa<strong>do</strong>s com suas propostas<br />

aprovadas. Em função da diferença entre os limites e os prazos das culturas,<br />

a cédula-mãe deverá ser emitida pelo conjunto das cédulas-filha.<br />

Estan<strong>do</strong> todas as etapas contratuais e de disponibilidade de crédito<br />

avaliadas e aprovadas, procede-se à efetiva liberação <strong>do</strong>s valores. A liberação<br />

<strong>do</strong> crédito deve ser feita diretamente ao associa<strong>do</strong>, poden<strong>do</strong> ocorrer<br />

em uma única parcela ou em liberações parciais programadas. O associa<strong>do</strong><br />

poderá receber o valor correspondente em espécie ou por meio de crédito em<br />

conta de depósitos, de acor<strong>do</strong> com as necessidades <strong>do</strong> empreendimento. A<br />

utilização <strong>do</strong>s recursos deve obedecer ao cronograma de aquisições e serviços.<br />

Em algumas linhas <strong>do</strong> financiamento rural é permitida a liberação <strong>do</strong>s<br />

recursos diretamente ao fornece<strong>do</strong>r, mas essa condição deve estar prevista<br />

no instrumento de crédito. Como exemplo desta situação a mais característica<br />

são as liberações feitas aos fornece<strong>do</strong>res de máquinas e equipamentos.<br />

O manual de crédito <strong>do</strong> Sicredi prevê que somente será permitida a<br />

liberação de parcelas <strong>do</strong> crédito rural para a cobertura de gastos já realiza<strong>do</strong>s<br />

com recursos próprios <strong>do</strong> associa<strong>do</strong>. Também é possível a liberação de<br />

parcelas referente à compra de fertilizantes, corretivos, defensivos agrícolas<br />

ou sementes fiscalizadas ou certificadas, comprovadamente adquiri<strong>do</strong>s até<br />

180 dias antes da formalização <strong>do</strong> crédito e destina<strong>do</strong>s à lavoura financiada,<br />

desde que previamente seja apresentada a proposta de utilização para a<br />

cooperativa.<br />

Em relação ao prazo e ao cronograma de reembolso, verificou-se que<br />

são estabeleci<strong>do</strong>s em função da sua capacidade de pagamento <strong>do</strong> agricultor,<br />

de mo<strong>do</strong> que os vencimentos coincidam com as épocas normais de obtenção<br />

<strong>do</strong>s rendimentos da atividade assistida. Fica o mutuário obriga<strong>do</strong> a liquidar<br />

imediatamente a operação de crédito e submeter-se às demais sanções previstas<br />

no instrumento de crédito, se forem detectadas irregularidades ligadas<br />

ao uso inadequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> crédito rural (Manual de Crédito Sicredi).<br />

A fim de garantir a legitimidade na aplicação <strong>do</strong>s recursos destina<strong>do</strong>s<br />

à atividade rural, a instituição financeira concedente deve, obrigatoriamente,<br />

fiscalizar a utilização <strong>do</strong>s créditos, sen<strong>do</strong>-lhe facultada a realização de fiscalização<br />

por amostragem em créditos de até R$ 60 mil. Essa amostragem<br />

consiste na obrigatoriedade de fiscalizar diretamente até 10% desses créditos.<br />

O manual de crédito prevê que após, a visita ao imóvel rural feita pelo<br />

profissional presta<strong>do</strong>r da assistência técnica, este deve entregar para a cooperativa<br />

um lau<strong>do</strong> de visita no qual deve registrar o estágio da execução das<br />

obras e serviços, recomendações técnicas ministradas ao produtor, produção<br />

prevista e eventuais irregularidades verificadas.<br />

124


Esses lau<strong>do</strong>s emiti<strong>do</strong>s pela assistência técnica têm grande relevância<br />

no momento em que o produtor necessitar de maiores prazos para pagamento<br />

de seu financiamento, pois, em muitos casos, quan<strong>do</strong> a produção não<br />

atinge as expectativas previstas nos projetos, é indispensável a prorrogação<br />

<strong>do</strong> contrato. As cédulas de crédito rural podem ser aditadas, retifica<strong>do</strong>s ou<br />

ratificadas por meio de menção adicional ou um aditivo. Depois de integralmente<br />

quita<strong>do</strong> o crédito libera<strong>do</strong> ao associa<strong>do</strong>, a cooperativa de crédito irá<br />

encaminhar ao cartório competente um pedi<strong>do</strong>, por escrito, de baixa ou liberação<br />

das garantias da<strong>do</strong>s pelo associa<strong>do</strong> (terras, máquinas, animais, etc.) a<br />

fim de desonerar seus bens de qualquer gravame.<br />

Diante da importância <strong>do</strong> crédito rural para o desenvolvimento das<br />

comunidades e, ten<strong>do</strong>-se presente que as cooperativas de crédito necessitam<br />

obter recursos para destinação a essa modalidade de crédito, com solidez<br />

financeira, apresenta-se a seguir uma análise das estratégicas de captação<br />

de recursos implementada pelo Sicredi, focada no desenvolvimento de<br />

produtos financeiros direciona<strong>do</strong>s ao fomento <strong>do</strong> crédito rural.<br />

4 Estratégias de captação de recursos destina<strong>do</strong>s ao crédito rural<br />

implementadas pela cooperativa de crédito<br />

Pretende-se aqui expor as iniciativas a<strong>do</strong>tadas pela unidade <strong>do</strong> Sicredi<br />

<strong>do</strong> município de Encruzilhada <strong>do</strong> Sul/RS para captação de recursos<br />

financeiros que posteriormente são destina<strong>do</strong>s ao crédito rural. Como estas<br />

ações têm um caráter estratégico <strong>do</strong> negócio e envolvem da<strong>do</strong>s financeiros<br />

restritos, a análise está focada em elementos a que o acesso foi expressamente<br />

autoriza<strong>do</strong>, o que de certo mo<strong>do</strong> acaba por limitar em alguns aspectos<br />

a análise. Diante disto, buscou-se discorrer sobre as estratégias de captação<br />

a<strong>do</strong>tadas pela cooperativa e evidenciar sua relação com o crédito rural, ainda<br />

não se tenha apresenta<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s concretos acerca <strong>do</strong> volume de recursos<br />

arrecada<strong>do</strong>s.<br />

Para Kaplan (1997), estratégia é a escolha <strong>do</strong>s segmentos de merca<strong>do</strong><br />

e clientes que as unidades de negócios pretendem servir, identifican<strong>do</strong><br />

os processos internos críticos nos quais a unidade deve atingir a excelência<br />

para concretizar suas propostas de valor aos clientes. A cooperativa direcionou<br />

suas ações de captação aos seus associa<strong>do</strong>s, utilizan<strong>do</strong>-se de diferentes<br />

produtos financeiros para captar recursos a serem destina<strong>do</strong>s ao crédito rural,<br />

buscan<strong>do</strong> envolver inclusive o público infantil através de ações específicas.<br />

Para uma cooperativa poder constituir fontes de recursos e atender<br />

à demanda de crédito de seus associa<strong>do</strong>s torna-se necessária a busca por<br />

verbas. Transformar resulta<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s nas diversas modalidades de captação<br />

e entender como cada produto contribui, ou não, para a formação de<br />

125


um melhor resulta<strong>do</strong> faz com que seja alcançada a solidez financeira <strong>do</strong> empreendimento<br />

para produzir resulta<strong>do</strong>s positivos e remunerar investimentos<br />

de associa<strong>do</strong>s que buscam esse objetivo. O manual de crédito <strong>do</strong> Sicredi<br />

destaca que, agregan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s positivos a cada nova operação de captação,<br />

é possível alcançar o equilíbrio financeiro da cooperativa, o que permite<br />

fortalecer a concessão de crédito rural através de recursos capta<strong>do</strong>s.<br />

Verificou-se junto ao Sicredi que existem captações com baixos custos<br />

financeiros normais de captação. Os recursos com baixos custos são<br />

aqueles oriun<strong>do</strong>s da emissão de moeda, da obrigatoriedade de certa parcela<br />

<strong>do</strong>s depósitos à vista ser destinada a empréstimos à agropecuária e às transferências<br />

de recursos <strong>do</strong> orçamento <strong>do</strong> tesouro. Ao serem repassa<strong>do</strong>s ao<br />

sistema bancário, esses recursos podem ser empresta<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> crédito<br />

com taxas mais baixas <strong>do</strong> que as <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, pois não há grande preocupação<br />

com os custos de captação <strong>do</strong>s mesmos.<br />

No que diz respeito aos recursos capta<strong>do</strong>s com custos financeiros<br />

normais, pode-se dizer que são oriun<strong>do</strong>s da caderneta de poupança rural, <strong>do</strong><br />

Fun<strong>do</strong> de Amparo ao Trabalha<strong>do</strong>r (FAT), <strong>do</strong> Programa de Geração de Emprego<br />

Rural (PROGER-Rural), de recursos capta<strong>do</strong>s no exterior e os recursos livres<br />

capta<strong>do</strong>s pelo sistema bancário, como certifica<strong>do</strong> de depósito bancário (CDB)<br />

e recibo de depósito bancário (RDB). Nesses casos, só poderão ser empresta<strong>do</strong>s<br />

a uma taxa de juros igual à taxa de juros da captação acrescida de um<br />

spread, ou seja, que cubra os custos administrativos e dê lucro aos bancos.<br />

Para Bacha (2004), beneficiar o associa<strong>do</strong> com taxas menores, através<br />

<strong>do</strong> crédito rural, gera benefícios ao produtor, pois, nessas condições, ele<br />

pode decidir o quanto quer vender de seus produtos, já que custos financeiros<br />

eleva<strong>do</strong>s não podem ser repassa<strong>do</strong>s aos preços <strong>do</strong>s produtos agrícolas.<br />

Repassar recursos capta<strong>do</strong>s para produtores através <strong>do</strong> crédito rural é um<br />

objetivo <strong>do</strong> Sicredi de Encruzilhada <strong>do</strong> Sul/RS para que a comunidade possa<br />

obter resulta<strong>do</strong>s positivos e, com isso, fortalecer a economia local. No<br />

momento que a troca é recíproca, torna-se viável qualquer tipo de operação<br />

na cooperativa, pois dependem <strong>do</strong>s investimentos, captações e adimplência<br />

para transformar em verbas para crédito rural, com prazos e taxas reduzi<strong>do</strong>s.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o Sicredi idealizou campanhas de captação que foram<br />

utilizadas para transformar uma praça toma<strong>do</strong>ra de crédito em capta<strong>do</strong>ra. Estas<br />

campanhas tiveram foco em diferentes públicos-alvo, e cada uma delas<br />

buscava contemplar determina<strong>do</strong> volume de recursos capta<strong>do</strong>s e posteriormente<br />

destina<strong>do</strong>s ao crédito rural. O senti<strong>do</strong> de implementar tais campanhas<br />

está no fato de que quanto maior for o montante financeiro movimenta<strong>do</strong> pela<br />

cooperativa em sua região de atuação, maior será a parcela que poderá ser<br />

revertida em créditos aos associa<strong>do</strong>s.<br />

Cabe ressaltar que somente determina<strong>do</strong> percentual de recursos<br />

126


pode ser reverti<strong>do</strong> ao crédito rural, pois a cooperativa tem uma gama bastante<br />

grande de obrigações relativas à sua manutenção operacional e outras<br />

obrigações próprias deste ramo, como junto ao Banco Central <strong>do</strong> Brasil.<br />

Analisan<strong>do</strong>-se comparativamente a concessão de crédito rural no perío<strong>do</strong><br />

2008/2009, constatou-se que, após a implementação das novas campanhas<br />

de captação, o número de operações de crédito para custeio aumentou em<br />

torno de 95%, e o volume financeiro ao re<strong>do</strong>r de 23%. Por outro la<strong>do</strong>, as linhas<br />

destinadas a investimentos mostraram uma significativa redução.<br />

Pode-se analisar que na unidade Sicredi de Encruzilhada <strong>do</strong> Sul/RS,<br />

uma das mais importantes e populares campanhas de captação, foi a Poupedi,<br />

criada para aplicações em poupança e teve como público principal as<br />

crianças, sen<strong>do</strong> inclusive distribuí<strong>do</strong>s brindes para certos valores deposita<strong>do</strong>s.<br />

Os valores aplica<strong>do</strong>s em poupança trazem retorno ao crédito, pois há<br />

destinação para:<br />

[a] operações de crédito rural, deven<strong>do</strong> ser destina<strong>do</strong> no mínimo 65%<br />

<strong>do</strong> valor capta<strong>do</strong> em poupança;<br />

[b] cédulas de produtos rurais, sen<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> a 5% <strong>do</strong>s 65% destina<strong>do</strong>s<br />

ao crédito rural;<br />

[c] comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos<br />

de origem agropecuária ou de insumos utiliza<strong>do</strong>s naquela atividade,<br />

estan<strong>do</strong> limita<strong>do</strong> a 40% <strong>do</strong>s 65% destina<strong>do</strong>s ao crédito rural.<br />

Contu<strong>do</strong>, observou-se que as captações de recursos por meio da<br />

poupança oferecem à cooperativa de crédito certo grau de risco. Isto ocorre<br />

pela possibilidade de haver um fluxo inverso de capitais. Tal situação é<br />

vista pela cooperativa como uma probabilidade de perda de recursos que<br />

fomentariam o crédito rural bastante maior <strong>do</strong> que outros produtos de aplicação,<br />

porque o acesso é livre, sem carência para saques de valores diversos.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, constatou-se que, para evitar um desequilíbrio financeiro da<br />

cooperativa, existe um monitoramento sistemático deste fluxo de recursos.<br />

Outra estratégica de captação de verbas destinadas ao crédito rural<br />

implementada foi o estímulo ao associa<strong>do</strong> para aquisição de uma linha de<br />

crédito denominada Procapcred. Este produto opera com verba destinada<br />

pelo BNDES para as cooperativas, de mo<strong>do</strong> que estas emprestem a seus associa<strong>do</strong>s<br />

com taxas subsidiadas para que eles ampliem o seu capital social.<br />

Este tipo de operação gera maior volume de negócios, pois o capital social<br />

funciona como o capital de giro para a cooperativa e mostra o quanto o associa<strong>do</strong><br />

possui de participação na mesma.<br />

A principal vantagem para o associa<strong>do</strong> adquirir essa linha de crédito é<br />

a diminuição de taxas de juros em produtos vincula<strong>do</strong>s à sua conta corrente,<br />

como por exemplo, o cheque especial. Caracterizan<strong>do</strong>-se este produto como<br />

uma nova integralização de capital social por parte <strong>do</strong> associa<strong>do</strong>, ele somen-<br />

127


te fará jus a sua recuperação em situações específicas: [a] quan<strong>do</strong> ocorrer o<br />

término <strong>do</strong> seu relacionamento com a cooperativa; [b] poderá recebê-lo, após<br />

seus 60 anos de idade e com 10 anos de conta movimentada, como forma<br />

de plano de previdência. É faculta<strong>do</strong> ao associa<strong>do</strong> definir em quantas vezes<br />

irá receber o montante integraliza<strong>do</strong> por ele como capital social, conheci<strong>do</strong><br />

também pelos associa<strong>do</strong>s como cota de capital.<br />

O desenvolvimento de campanhas envolven<strong>do</strong> os associa<strong>do</strong>s em<br />

geral, além de trazer resulta<strong>do</strong>s positivos para a captação, mostrou que a<br />

informação e o envolvimento de to<strong>do</strong>s é uma forma eficaz para a obtenção<br />

de resulta<strong>do</strong>s positivos. Os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa evidenciam que através<br />

da captação o Sicredi em Encruzilhada <strong>do</strong> Sul/RS obteve retornos financeiros<br />

efetivos para o crédito rural e possibilitou que seus associa<strong>do</strong>s se envolvessem<br />

mais na busca por novos interessa<strong>do</strong>s em se associar e com capacidade<br />

de investir. Alguns associa<strong>do</strong>s que em perío<strong>do</strong>s anteriores aos das campanhas<br />

de captação eram toma<strong>do</strong>res de crédito começaram a investir em produtos<br />

e serviços que até então não eram analisa<strong>do</strong>s dentro da cooperativa.<br />

Ao analisar a carteira de captação e observar melhor as variáveis que<br />

influenciam a rentabilidade das cooperativas com o intuito de melhorar o resulta<strong>do</strong><br />

da carteira de captação e aproveitar nichos de merca<strong>do</strong>, não deixan<strong>do</strong><br />

de atender bem e ganhar confiabilidade de seu associa<strong>do</strong>, entende-se que<br />

devam ser aproveitadas as oportunidades internas. Isto permitirá a geração<br />

de melhores resulta<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> custos oriun<strong>do</strong>s da captação e focan<strong>do</strong> as<br />

atenções para as oportunidades de captação apresentadas pelo merca<strong>do</strong>.<br />

5 Conclusões e recomendações<br />

Diante <strong>do</strong>s objetivos inicialmente propostos de aprofundar os conhecimentos<br />

acerca da organização cooperativa e de verificar as estratégias de<br />

captação de recursos destinadas ao crédito rural, acredita-se que o cooperativismo<br />

como sistema de crédito, forma de trabalho das cooperativas e principalmente<br />

investimento na busca da consolidação de uma comunidade é uma<br />

possibilidade concreta para o desenvolvimento e o crescimento regional.<br />

Por meio da busca por ampliação das verbas para destinação ao crédito<br />

rural procurou-se destacar algumas possíveis formas de captação para,<br />

através de bons resulta<strong>do</strong>s, diminuir a inadimplência, aumentar os índices<br />

de liquidez e de recursos capta<strong>do</strong>s através de produtos para ampliar verbas<br />

a serem repassadas para pequenos e médios produtores rurais que buscam<br />

desenvolver suas propriedades.<br />

Consideran<strong>do</strong> os bons resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s pelo Sicredi com as<br />

campanhas implementadas, acredita-se que uma alternativa viável para futuras<br />

captações seja lançar, a cada novo perío<strong>do</strong>, campanhas desafia<strong>do</strong>ras<br />

128


e motiva<strong>do</strong>ras aos colabora<strong>do</strong>res para que repassem aos associa<strong>do</strong>s e com<br />

isso possam cada vez mais investir em seus negócios. Uma iniciativa que<br />

se pode citar é a campanha lançada no mês de maio <strong>do</strong> corrente ano, que<br />

tem como tema a Copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> e por objetivo principal captar recursos em<br />

capital social.<br />

Para que haja um engajamento e uma contribuição direta <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s<br />

na implementação destas campanhas, poderiam ser a<strong>do</strong>tadas<br />

medidas capazes de oferecer-lhes uma capacitação básica, mas que fosse<br />

suficiente para que pudessem repassar informações precisas aos demais associa<strong>do</strong>s<br />

de uma mesma região e/ou comunidade. Desta forma ficará cada<br />

vez mais vantajoso trabalhar com uma cooperativa que visa não apenas resolver<br />

os problemas, mas principalmente proporcionar aos seus associa<strong>do</strong>s<br />

conhecimentos sobre as formas de trabalho, aquisição e repasse de verbas<br />

que estejam buscan<strong>do</strong>.<br />

Aprofundar o conhecimento sobre as formas de captação que resultam<br />

em verbas para serem repassadas através <strong>do</strong> crédito rural será uma<br />

maneira de mostrar o quanto é importante dentro de uma cooperativa de<br />

crédito a ajuda mútua. A união de to<strong>do</strong>s em busca de um mesmo objetivo é<br />

um aspecto positivo e que se adequadamente gerencia<strong>do</strong> poderá significar<br />

maiores recursos reverti<strong>do</strong>s ao crédito rural, pois enquanto alguns investem<br />

em produtos de captação, a cooperativa repassa esses recursos àqueles que<br />

necessitam de verbas com juros mais baixos para investirem em seus negócios<br />

próprios, principalmente produtores rurais.<br />

Conclui-se que é preciso canalizar os esforços, multiplican<strong>do</strong>-se as<br />

cooperativas e trabalhan<strong>do</strong> para que as entidades criadas para representá-<br />

-las, como o Sicredi, possam ser, cada dia mais, um meio para a consolidação<br />

e o avanço <strong>do</strong> sistema cooperativista. A realidade é que deve haver<br />

incentivo pela expansão <strong>do</strong> cooperativismo, para que a sociedade encontre<br />

nas cooperativas de crédito o benefício comunitário, global e local com objetivo<br />

e ideologia para que alcancem o sucesso conjunto.<br />

A fim de possibilitar a continuidade das pesquisas relacionadas às formas<br />

de ampliação da captação de recursos direciona<strong>do</strong>s às linhas de crédito<br />

em uma cooperativa, sugere-se que futuros estu<strong>do</strong>s analisem o modelo de<br />

envolvimento entre os colabora<strong>do</strong>res da cooperativa e os associa<strong>do</strong>s. Desta<br />

forma poderia identificar-se qual o grau de importância atribuí<strong>do</strong> à forma de<br />

se trabalhar em união e às informações obtidas e desenvolvidas através de<br />

campanhas que mostraram que a informação é uma das principais fontes de<br />

obter eficácia para os objetivos serem alcança<strong>do</strong>s. Também poderiam ser<br />

verifica<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s de novas campanhas de captação de recursos ao<br />

crédito rural desenvolvidas pela Sicredi e qual o impacto no volume de operações.<br />

129


6 Referências<br />

BACHA, C. J. C. Economia e política agrícola no Brasil. São Paulo: Atlas,<br />

2004.<br />

BEUREN, I. M; RAUPP, F. M. (org.). Meto<strong>do</strong>logia de pesquisa aplicável às<br />

Ciências Sociais: como elaborar trabalhos monográficos em Contabilidade:<br />

teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003.<br />

GEDIEL, J. A; AUGER, M; SAUCEDO, D; NICOLAZZI JUNIOR, N. F; BESSA,<br />

F. L. B. N. Os Caminhos <strong>do</strong> cooperativismo. Curitiba: Editora UFPR, 2001.<br />

INTRODUÇÃO ao Crédito Rural: Artigos de periódicos full-text via base de<br />

da<strong>do</strong>s online. Disponível em: . Acesso em: 28<br />

out. 2008.<br />

KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard.<br />

Rio de Janeiro: Campus, 1997.<br />

LOPES, M. A. A agricultura e o desafio da sustentabilidade. Disponível em:<br />

. Acesso em: 21 abr. 2008.<br />

PAGNUSSATT, Ar. Guia <strong>do</strong> cooperativismo de crédito: organização, governança<br />

e políticas corporativas. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004.<br />

RAÍCES, C. Guia: valor econômico de agronegócios. São Paulo: Globo, 2003.<br />

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: méto<strong>do</strong>s e técnicas. 3. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 1999.<br />

RUIZ, M. A. A. Cooperativismo: um caminho para o desenvolvimento. Florianópolis:<br />

UFSC, 1982.<br />

SCHARDONG, A. Cooperativa de crédito: instrumento de organização<br />

econômica da sociedade. Porto Alegre: Riegel, 2002.<br />

TEDESCO, J. C. (Org.). Agricultura familiar: realidades e perspectivas.<br />

Passo Fun<strong>do</strong>: Edivpf, 1999.<br />

YIN, R. Estu<strong>do</strong> de caso: planejamento e méto<strong>do</strong>s. Porto Alegre: Bookman,<br />

2001.<br />

130


ALFA MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO: UMA PESQUISA BUSCANDO<br />

IDENTIFICAR OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO PROGRAMA<br />

DA CASA PRÓPRIA<br />

RESUMO<br />

131<br />

Deize Virginia Schuster 1<br />

Elvis Silveira Martins 2<br />

Aparecida Leonardi 3<br />

Este estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> numa loja de materiais de construção e tem como<br />

objetivo geral identificar os pontos positivos e negativos <strong>do</strong> programa da casa<br />

própria da empresa Alfa Materiais de Construção. Para tanto, foi aplicada<br />

pesquisa com alguns <strong>do</strong>s clientes que adquiriram seu imóvel junto a empresa.<br />

Como meto<strong>do</strong>logia, valeu-se da pesquisa bibliográfica, pesquisa aplicada<br />

e como estratégia o estu<strong>do</strong> de caso de caráter exploratório. A abordagem é<br />

qualitativa e quantitativa. Como instrumento de pesquisa foi feito o uso <strong>do</strong><br />

formulário e para tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s o software Sphinx. Percebeu-se que<br />

muitos clientes estão satisfeitos com o programa utiliza<strong>do</strong> pela empresa, o<br />

que é visível nos pontos positivos identifica<strong>do</strong>s, porém também foram visualiza<strong>do</strong>s<br />

pontos negativos, para os quais se sugeriram estratégias de melhoria,<br />

objetivan<strong>do</strong> assim a lucratividade para a empresa, maior satisfação e atração<br />

de novos clientes.<br />

Palavras-chave: Marketing, Cliente, Satisfação<br />

ABSTRACT<br />

This study was realized in a store of construction materials and has a general<br />

purpose to identify positive and negative points of program of home ownership<br />

of enterprise Alfa Materiais de Construção. For this purpose, it was applied a<br />

research with some of customers that bought their realty in this enterprise.<br />

The meto<strong>do</strong>logy applied was based on bibliographic research, applied research<br />

and a exploratory case study like strategy. How tool of research was used<br />

a form and to organize the data was used the software Sphinx. Was realized<br />

that many customers are satisfied with the program used by the store and it<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Professor, coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> curso de Administração, diretor acadêmico da<br />

Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>, gradua<strong>do</strong>, mestre e <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> em Administração.<br />

3Graduada e mestranda em Administração.


can be visualized on the positive points identified. However, negative points<br />

were identified too and for this strategy of improvements were suggested, with<br />

objective improve the company’s profitability, greater satisfaction and attracting<br />

new customers.<br />

Key-words: Marketing, Customer, Satisfaction<br />

1 Introdução<br />

Com o desenvolvimento da economia mundial, fez-se necessário um<br />

número maior de organizações para atender às demandas da população, o<br />

que gerou diversas atuan<strong>do</strong> no mesmo segmento. Com isto, surgiu o desafio<br />

de manter-se em meio aos concorrentes, como também atender às exigências<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em contínua mudança. Para superar estes desafios e<br />

atender às necessidades <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, dentre tantos conhecimentos<br />

necessários, destaca-se a presença <strong>do</strong> marketing nas organizações.<br />

O marketing é defini<strong>do</strong>, conforme pensamento de Kotler (2000),<br />

como um processo no qual os indivíduos conquistam os produtos e serviços<br />

que desejam e de que precisam, através de negociações interessantes para<br />

ambas as partes.<br />

Ao adquirir um bem, o cliente depara-se com escolhas a realizar,<br />

como analisar os benefícios e satisfações que este proporcionará, o valor e o<br />

custo, consideran<strong>do</strong> que o conceito de valor varia de uma pessoa para outra.<br />

Esta situação pode ser presenciada em compras de bens de grande valor,<br />

como a casa própria.<br />

No segmento de construção civil e materiais de construção, assim<br />

como em outros, é essencial uma estrutura bem definida e qualidade. A organização<br />

deve entender seu consumi<strong>do</strong>r e agir de forma que possa atraí-lo e<br />

torná-lo fiel. Dentre diversas ferramentas que podem ser usadas para atender<br />

este quesito, aplica-se a Pesquisa de Merca<strong>do</strong>. Cobra (1997) assevera que<br />

ela pode auxiliar na descoberta sobre o que o cliente deseja <strong>do</strong> produto ou<br />

serviço, o preço que está disposto a pagar e a realização de projeções de<br />

vendas.<br />

Neste trabalho, tem-se como objetivo geral identificar os pontos positivos<br />

e negativos <strong>do</strong> programa da casa própria da empresa Alfa Materiais de<br />

Construção. Para responder a este, são propostos três objetivos específicos,<br />

que são: aplicar pesquisa junto aos clientes que já adquiriram o programa,<br />

identificar os pontos positivos e negativos <strong>do</strong> modelo utiliza<strong>do</strong> e gerar plano<br />

de melhoria contribuin<strong>do</strong> para aperfeiçoar o modelo de programa de casa<br />

própria.<br />

Neste contexto, a pergunta de pesquisa que motiva este estu<strong>do</strong> é:<br />

132


quais os pontos positivos e negativos <strong>do</strong> programa da casa própria da empresa<br />

Alfa Materiais de Construção?<br />

Justifica-se a importância deste estu<strong>do</strong> por ser a primeira realização<br />

de um trabalho acadêmico na empresa e ten<strong>do</strong> em vista o alto índice de famílias<br />

brasileiras que não possuem imóvel próprio. Conforme entrevista <strong>do</strong><br />

ministro das Cidades, Marcio Fortes, no dia 09 de abril de 2009, sobre o<br />

programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, calcula-se que o déficit habitacional<br />

no Brasil é de 7,2 milhões de moradias.<br />

Dan<strong>do</strong> continuidade a este estu<strong>do</strong> e para responder a problemática<br />

sugerida, na próxima seção será explanada a revisão literária, abordan<strong>do</strong><br />

temas relaciona<strong>do</strong>s ao assunto.<br />

2 Revisão da literatura<br />

Com o intuito de oferecer um melhor entendimento sobre a área a<br />

ser estudada, na sequência serão relata<strong>do</strong>s alguns temas considera<strong>do</strong>s importantes<br />

para a execução deste estu<strong>do</strong>, são eles: organizações: conceito<br />

e comércio de materiais de construção; organizações de construção civil e<br />

marketing.<br />

2.1 Organizações: Conceito e Comércio de Materiais de Construção<br />

Para Stoner e Freeman (1994), as organizações servem à sociedade,<br />

permitin<strong>do</strong> que os indivíduos possam realizar atividades que sozinhos não<br />

seriam capazes. Também podem ser consideradas como uma fonte de carreiras<br />

profissionais, pois proporcionam aos seus colabora<strong>do</strong>res uma fonte de<br />

sobrevivência e auto-realização pessoal.<br />

Para manter-se em meio aos fatores ambientais, a organização<br />

deve traçar estratégias de ações e decisões, aumentan<strong>do</strong> suas chances de<br />

competir com os concorrentes. A estratégia pode ser vista como uma forma<br />

de competir, manter o desempenho e a sobrevivência. Para formulação<br />

desta, analisa-se o desempenho da organização, pontos fortes e fracos,<br />

ambiente interno e externo, ressaltan<strong>do</strong> a constante mudança <strong>do</strong> externo<br />

(MAXIMIANO, 2004).<br />

O setor de materiais de construção possui uma característica própria,<br />

que é o fato de dificilmente vender um único produto, pois suas vendas<br />

geralmente são baseadas em diversos itens. Também é preciso citar o bom<br />

atendimento presta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> este o ponto mais importante em operações de<br />

compra e venda (SEBRAE/AP, 2004).<br />

A indústria da construção está dividida em três sub-setores: “edificações,<br />

construção pesada e comércio de materiais de construção”. Quan<strong>do</strong><br />

133


compara<strong>do</strong> aos demais países, no Brasil, o número de varejos de materiais<br />

de construção é amplo (SEBRAE/ES, 1999).<br />

Na próxima seção será explana<strong>do</strong> sobre as organizações de construção<br />

civil.<br />

2.2 Organizações de Construção Civil<br />

A administração está presente em to<strong>do</strong>s os negócios, e compreendê-<br />

-la colabora para a sua evolução, pois cada estabelecimento tem um estilo<br />

próprio de processo organizacional. O profissional da construção, seja ele<br />

tecnólogo, arquiteto ou engenheiro dedica seu tempo às atividades relacionadas<br />

as obras, mas conforme a hierarquia da organização, também é requerida<br />

a dedicação ao seu gerenciamento (ÁVILA; JUNGLES, 2006).<br />

O setor da construção civil tem um desempenho importante na economia<br />

<strong>do</strong> Brasil. Possui certas peculiaridades que o difere <strong>do</strong>s demais ramos,<br />

como a geração de emprego durante a sua cadeia produtiva, seu alto índice<br />

de participação no Produto Interno Brasileiro (PIB) e o alto número de emprega<strong>do</strong>s<br />

de baixa escolaridade e de baixa renda (DIEESE, 2001).<br />

As construtoras de pequeno porte particularizam-se pela construção<br />

de pequenas obras e a realização de acabamentos. Já as que possuem uma<br />

situação financeira mais favorável destacam-se pela construção de con<strong>do</strong>mínios<br />

e obras de maior porte (HERNANDES, 2008).<br />

Os impactos ambientais estão aumentan<strong>do</strong> neste segmento, geran<strong>do</strong><br />

preocupação quanto à prática da construção sustentável. Diante disto, objetiva-se<br />

a redução <strong>do</strong>s resíduos de construção, desperdício de matérias-primas<br />

e emissão de gases poluentes (IBRACON, 2009).<br />

2.3 Marketing<br />

Dentre as diversas funções cabíveis ao marketing, a principal é lidar<br />

com os clientes. Compreender, produzir, inovar, comunicar e oferecer o que<br />

o consumi<strong>do</strong>r deseja são atos que compõe a sua existência (KOTLER; AR-<br />

MSTRONG, 2003). A empresa deve ter em mente que as necessidades <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res é que definem as características <strong>do</strong>s produtos e serviços que<br />

serão cria<strong>do</strong>s e comercializa<strong>do</strong>s (COBRA, 1997).<br />

Percebe-se que o marketing é um meio pelo qual a empresa procura<br />

conhecer e satisfazer o desejo <strong>do</strong> cliente, saber quais características seu<br />

produto ou serviço deve possuir para então divulgá-lo, e a partir <strong>do</strong> consumo<br />

obter seu lucro (CHURCHILL JR.; PETTER, 2005). O produto deve ser<br />

apresenta<strong>do</strong> aos consumi<strong>do</strong>res com a intenção de corresponder aos seus<br />

desejos e vontades (KOTLER; KELLER, 2006).<br />

134


Dentre os diversos objetivos de um empresário, o lucro é o mais deseja<strong>do</strong>.<br />

Ao compor o preço, deve-se ter em mente que ele é a quantia de dinheiro<br />

cobrada por algo ou os valores que o consumi<strong>do</strong>r troca para desfrutar<br />

de um produto ou serviço (LAS CASAS, 2000).<br />

Ao realizar uma promoção, a organização deve “adaptar técnicas<br />

de promoção de vendas aos diferentes merca<strong>do</strong>s”, cuidan<strong>do</strong> para que seja<br />

transmitida a mensagem desejada, não ocorren<strong>do</strong> interpretações erradas<br />

pelo cliente (KOTLER, 2000, p. 405).<br />

Para verificar qual a posição de merca<strong>do</strong> que se deseja atingir, deve-<br />

-se decidir o público-alvo no qual irá atuar e o segmento de merca<strong>do</strong>, que<br />

consiste em classificá-lo por grupos de compra<strong>do</strong>res que possuem características<br />

diferenciadas. Para isto analisa-se os concorrentes e elabora-se<br />

estratégias capazes de elevar sua posição (BOONE; KURTZ, 1998).<br />

As empresas devem observar atentamente a localização <strong>do</strong> seu empreendimento,<br />

pois esta poderá facilitar ou impedir a entrada num novo merca<strong>do</strong><br />

(SANDHUSEN, 2003).<br />

Na concepção de Cobra (1997), existem três sistemas que interagem<br />

entre si e demonstram a ligação/envolvimento <strong>do</strong> marketing com o meio ambiente,<br />

são eles: 4 As: consistem em análise, adaptação, ativação e avaliação<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com a a<strong>do</strong>ção de estratégias de marketing; 4 Cs:<br />

compreendem o consumi<strong>do</strong>r, a comunicação, a conveniência e o custo ao<br />

consumi<strong>do</strong>r, seu foco é total no cliente, visan<strong>do</strong> a atender às necessidades<br />

deste; 4 Ps: englobam produto, ponto, preço e promoção, desejan<strong>do</strong> satisfazer<br />

o consumi<strong>do</strong>r.<br />

Na próxima seção será apresentada a meto<strong>do</strong>logia utilizada neste<br />

estu<strong>do</strong>.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Dentre os procedimentos de pesquisa utiliza<strong>do</strong>s, menciona-se a pesquisa<br />

bibliográfica, que proporcionou o conhecimento da opinião de diversos<br />

autores e facilitou na compreensão <strong>do</strong>s assuntos aborda<strong>do</strong>s, e como estratégia<br />

o estu<strong>do</strong> de caso de caráter exploratório, que possibilitou conhecer a<br />

organização. Para Yin (2005, p. 20), o estu<strong>do</strong> de caso pode ser usa<strong>do</strong> para<br />

“contribuir com o conhecimento que temos <strong>do</strong>s fenômenos individuais, organizacionais,<br />

sociais, políticos e de grupo”. Quanto ao tipo a pesquisa é<br />

aplicada.<br />

Como instrumento de pesquisa este estu<strong>do</strong> valeu-se <strong>do</strong> formulário,<br />

estrutura<strong>do</strong> com vinte e oito questões, dentre as quais uma classifica-se<br />

como pergunta aberta e as demais como fechadas e de múltipla escolha. Em<br />

algumas perguntas, fez-se o uso da Escala de Likert, sen<strong>do</strong> representada<br />

135


pela escala: excelente, bom, médio, ruim e péssimo. Para Silva (2003), o formulário<br />

é considera<strong>do</strong> como uma das melhores técnicas quan<strong>do</strong> o interesse<br />

é descobrir a opinião pública, porém, ele dispõe de um alcance limita<strong>do</strong> de<br />

informações.<br />

Antes da aplicação <strong>do</strong> formulário foi feito um pré-teste com três clientes.<br />

A população da pesquisa é composta por aproximadamente cento e trinta<br />

clientes e optou-se pelo uso da amostragem por conveniência, sen<strong>do</strong> o formulário<br />

aplica<strong>do</strong> com quarenta e sete clientes, to<strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>s pela empresa.<br />

A definição <strong>do</strong> tamanho da amostra foi limitada por falta de recursos, como<br />

disponibilidade de tempo e restrições financeiras.<br />

Após a coleta e tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, analisou-se os gráficos quantitativamente,<br />

através de uma análise estatística, e qualitativamente na interpretação<br />

das questões abertas. Usou-se o software Sphinx para a tabulação<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

Concluída a apresentação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s, na próxima seção será apresentada<br />

a empresa onde o estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> e a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

4 Caracterização <strong>do</strong> objeto e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

4.1 Caracterização <strong>do</strong> objeto<br />

A pesquisa é realizada em uma loja <strong>do</strong> ramo de materiais de construção,<br />

situada no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, e que será denominada<br />

como Alfa Materiais de Construção. A mesma foi fundada em abril de 1990,<br />

no mo<strong>do</strong> de sociedade limitada e não é caracterizada como empresa familiar.<br />

Além de possuir diversos produtos necessários para a construção ou reforma<br />

de um imóvel, tem como diferencial o serviço de construção de imóveis, que<br />

passou a ser ofereci<strong>do</strong> após a constante procura pelos clientes.<br />

Atualmente possui duas sedes, sen<strong>do</strong> este estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> na loja<br />

matriz. O quadro de colabora<strong>do</strong>res efetivos é composto por seis integrantes<br />

e o processo de gestão e supervisão é realiza<strong>do</strong> apenas pelo proprietário.<br />

O serviço de construção <strong>do</strong>s imóveis é realiza<strong>do</strong> por profissionais que não<br />

possuem vínculo empregatício com a empresa.<br />

Na sequência será evidenciada a análise e interpretações <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.<br />

4.2 Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />

Após a aplicação <strong>do</strong> formulário, foi feita a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

Abaixo serão apresenta<strong>do</strong>s os gráficos gera<strong>do</strong>s e explanada a interpretação<br />

sobre cada um.<br />

136


GRÁFICO 1 <strong>–</strong> Perío<strong>do</strong> que é cliente<br />

Conforme ilustra o Gráfico 1, perguntou-se aos pesquisa<strong>do</strong>s há<br />

quanto tempo estes eram clientes da empresa Alfa e percebeu-se que muitos<br />

construíram seu imóvel recentemente, o que pode ter ocorri<strong>do</strong> pela facilidade<br />

de acesso a financiamentos bancários. Verificou-se que 23,4% responderam<br />

ser cliente há menos de um ano, 23,4% num perío<strong>do</strong> de um a <strong>do</strong>is anos,<br />

19,1% de <strong>do</strong>is a três anos e a maioria, num total de 34%, acima de três anos.<br />

Kotler (2000) afirma que no passa<strong>do</strong> as empresas não se preocupavam<br />

em atrair e reter o cliente, pois o merca<strong>do</strong> era escasso, mas este cenário<br />

mu<strong>do</strong>u, já que atualmente a concorrência é maior. O desafio de hoje é possuir<br />

clientes fiéis e para isso a empresa deve estar preparada, apresentan<strong>do</strong><br />

diferenciais competitivos.<br />

GRÁFICO 2 <strong>–</strong> Forma de aquisição<br />

GRÁFICO 3 <strong>–</strong> Utilização <strong>do</strong> FGTS<br />

O Gráfico 2 apresenta que 68,1% <strong>do</strong>s questiona<strong>do</strong>s fizeram uso de<br />

recursos próprios para a aquisição <strong>do</strong> imóvel, já 31,9% usufruíram de financiamento<br />

bancário. Em ambos os casos a empresa Alfa recebe os créditos<br />

durante o perío<strong>do</strong> de construção, conforme prazo especifica<strong>do</strong> no contrato.<br />

A empresa divulga através de cartazes os tipos de financiamentos com que<br />

trabalha, procuran<strong>do</strong> assim atrair a atenção de novos clientes. No ano de<br />

2009 foram empresta<strong>do</strong>s mais de R$ 47 bilhões de reais para a compra da<br />

casa própria (CEF, 2010).<br />

Quanto ao uso <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Garantia sobre Tempo de Serviço<br />

137


(FGTS), 29,8% disseram terem usufruí<strong>do</strong> deste meio e 70,2% não utilizaram,<br />

como mostra o Gráfico 3. No que tange a condições financeiras <strong>do</strong> cliente, o<br />

uso deste meio facilita na obtenção <strong>do</strong> dinheiro necessário na compra de um<br />

imóvel. Em 2005, o valor de FGTS utiliza<strong>do</strong> para este fim cresceu para perto<br />

<strong>do</strong>s R$ 4 bilhões de reais (CEF, 2005).<br />

Com intuito de comercializar novos contratos a empresa poderia buscar<br />

firmar parcerias com imobiliárias, onde no processo de comercialização<br />

de terrenos a imobiliária indicará a empresa Alfa como a melhor opção para<br />

construção da residência. A participação em plantões de vendas em novos<br />

loteamentos e a participação em feiras são outros meios bem sucedi<strong>do</strong>s para<br />

divulgação e comercialização, pois nestes há concentração de público.<br />

GRÁFICO 4 <strong>–</strong> Como conheceu a loja<br />

GRÁFICO 5 <strong>–</strong> Outros meios<br />

Conforme Gráfico 4, questionou-se o meio pelo qual o pesquisa<strong>do</strong><br />

conheceu o serviço presta<strong>do</strong> pela empresa e 57,9% responderam por indicação,<br />

o que evidencia que a propaganda boca-a-boca é uma ferramenta<br />

poderosa para divulgação. O cliente se satisfez com o serviço presta<strong>do</strong> e<br />

passou a divulgar a empresa para seus conheci<strong>do</strong>s. A opção rádio teve 5,3%<br />

de escolha, seguida de 5,3% para jornal, 5,3% para out<strong>do</strong>or e nenhuma resposta<br />

foi obtida para a opção TV, o que é explica<strong>do</strong> pelo fato da empresa não<br />

estar realizan<strong>do</strong> mídia neste meio, 26,3% optaram pela resposta ‘outro’ que<br />

será interpretada no Gráfico 5.<br />

Observou-se que apesar <strong>do</strong> alto investimento na propaganda via rádio,<br />

esta foi pouco citada. A opção de resposta out<strong>do</strong>or refere-se aos banners<br />

e quadros expostos no la<strong>do</strong> externo da empresa. Na concepção de Sant’Anna<br />

138


(2001), o uso da estratégia de mídia possui relação imediata com o objetivo<br />

que se pretende alcançar, optan<strong>do</strong>-se pelo meio que apresentar melhor retorno<br />

entre investimento e capacidade de atingir os consumi<strong>do</strong>res.<br />

Como estratégia de melhoria sugere-se a criação de um site, que<br />

poderá servir como um canal de comunicação com o cliente, realização de<br />

compras e divulgação da empresa. Ten<strong>do</strong> em vista que a empresa Alfa deve<br />

acompanhar as tecnologias presentes no merca<strong>do</strong>, a internet serve como<br />

uma ferramenta para divulgação e facilidade de comunicação.<br />

No Gráfico 5, são apresentadas as respostas relacionadas a opção ‘outro’<br />

<strong>do</strong> Gráfico 4, no qual 80% afirmaram conhecer a empresa pela sua localização,<br />

o que evidencia que estar próximo <strong>do</strong> cliente possibilita agilidade na entrega<br />

das merca<strong>do</strong>rias e ao mesmo tempo o cliente economiza seu tempo. Las Casas<br />

(2000) corrobora que a localização é uma das estratégias mais importantes de<br />

uma empresa, pois ela deve estar situada num ambiente com grande circulação<br />

<strong>do</strong> seu público alvo, proporcionan<strong>do</strong> agilidade e economia de tempo.<br />

Apenas 6,7% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s mencionaram a pesquisa de preço e<br />

6,7% a pesquisa de merca<strong>do</strong>. Apesar de nos dias atuais o preço/custo ser um<br />

item valoriza<strong>do</strong> em uma compra, vale ressaltar que consequentemente estas<br />

duas opções de resposta possuem significa<strong>do</strong>s semelhantes, pois ambas tem<br />

como finalidade descobrir o preço <strong>do</strong> produto. A pesquisa de preço é uma ótima<br />

ferramenta quan<strong>do</strong> o desejo é comprar barato (BOONE; KURTZ, 1998).<br />

Já outros 6,7% responderam que conheceram os serviços presta<strong>do</strong>s<br />

pela empresa pelo fato de ser cliente há muitos anos. Kotler (2000) enfatiza<br />

que para reter um cliente este deve estar satisfeito, pois assim conserva-se<br />

fiel por um perío<strong>do</strong> maior, exprime palavras favoráveis à empresa, apresenta<br />

sua opinião sugerin<strong>do</strong> dicas de inovação e vários outros fatores.<br />

GRÁFICO 6 <strong>–</strong> Motivo que influenciou na escolha<br />

GRÁFICO 7 <strong>–</strong> Outro motivo<br />

No Gráfico 6, onde o cliente pode optar por mais de uma opção de<br />

139


espostas, o preço foi o motivo que mais gerou o interesse em ter opta<strong>do</strong><br />

pela empresa, com 41% de indicação. Cobra (1997) afirma que no merca<strong>do</strong><br />

brasileiro, o preço é um grande fator de decisão.<br />

Em seguida consta o atendimento com 31%. O mesmo foi muito elogia<strong>do</strong>.<br />

Na visão de Cobra (1997), o vende<strong>do</strong>r deve compreender o pedi<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> cliente, conhecer os produtos e demonstrar confiança. Sugere-se que a<br />

empresa ofereça aos seus colabora<strong>do</strong>res treinamentos relaciona<strong>do</strong>s ao atendimento,<br />

e realize parcerias com seus fornece<strong>do</strong>res para que estes ofereçam<br />

mais informações sobre os produtos, agregan<strong>do</strong> assim conhecimento aos<br />

mesmos e consequentemente deixan<strong>do</strong>-os motiva<strong>do</strong>s, o que resultará em<br />

aumento das vendas.<br />

A qualidade foi indicada com 26%, porém, sempre é interessante diversificar,<br />

diferencian<strong>do</strong>-se da concorrência. Para Las Casas (2006), qualidade<br />

em serviços significa dedicar-se a fazer bem feito, aperfeiçoar o padrão<br />

e adaptar-se a novas tecnologias. Sugere-se como estratégia de melhoria a<br />

diversificação das marcas e <strong>do</strong>s produtos ofereci<strong>do</strong>s, varian<strong>do</strong> assim o mix<br />

de produtos e manten<strong>do</strong>-se a frente de seus concorrentes.<br />

A opção ‘outro’ que é interpretada no Gráfico 7, indica como motivo<br />

50% o fato de já ser cliente e 50% a confiança na empresa. Numa análise geral,<br />

não foi preponderante para novas vendas o fato de já ter si<strong>do</strong> cliente da empresa,<br />

sen<strong>do</strong> que esta resposta é representada por um baixo índice. Considera-se<br />

como mais importante as outras opções de respostas expostas no Gráfico 6.<br />

GRÁFICO 8 <strong>–</strong> Construiria com a empresa<br />

GRÁFICO 9 <strong>–</strong> Resposta ‘talvez’ novamente?<br />

No Gráfico 8, quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s se escolheriam os serviços da<br />

empresa novamente, a maioria <strong>do</strong>s respondentes informou que sim, totalizan<strong>do</strong><br />

61,7%, o que destaca o bom trabalho realiza<strong>do</strong>. Nenhum respondente<br />

demonstrou não ter interesse em uma nova contratação <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s<br />

e 38,3% optaram pela resposta ‘talvez’.<br />

No Gráfico 9, é apresentada a justificativa da resposta ‘talvez’, em<br />

que 94,4% disseram que considerariam a questão de preço e outros 5,6% a<br />

140


qualidade da mão-de-obra. Para Shapiro e Sviokla (1994), a empresa deve<br />

cultivar um relacionamento com seu cliente, realizar esforços, manter contatos<br />

e acompanhá-lo desde o início até o final da venda, ou seja, após ter o<br />

produto em seu lugar de destino. Além disso, deve realizar o pós-venda, para<br />

intensificar a confiança e distanciar o cliente da concorrência.<br />

Como estratégia de melhoria, sugere-se à empresa Alfa oferecer serviços<br />

de jardinagem, pois ao receber as chaves da casa o próprio cliente tem<br />

que arrumar o jardim, o que demanda disponibilidade de tempo, sen<strong>do</strong> mais<br />

cômo<strong>do</strong> para ele que a empresa preste este serviço. Poderão ser realizadas<br />

parcerias com profissionais qualifica<strong>do</strong>s para atender esta sugestão. Seria<br />

interessante usufruir de um software específico para realizar montagens ou<br />

fazer uso de catálogos, possibilitan<strong>do</strong> uma visualização de qual modelo de<br />

jardim é mais apropria<strong>do</strong> para o imóvel. Esta idéia deve ser vista como um<br />

diferencial para atrair os clientes.<br />

Sugere-se também, mediante a atual preocupação com os impactos<br />

ambientais, que a empresa busque alternativas para construção de modelos de<br />

residências sustentáveis, trabalhan<strong>do</strong> na redução <strong>do</strong>s impactos causa<strong>do</strong>s no<br />

meio ambiente. Para isto, poderá solicitar aos engenheiros que projetem residências<br />

com modelos volta<strong>do</strong>s a sustentabilidade ambiental, oferecer produtos<br />

que sejam econômicos quanto ao consumo de energia, reaproveitar os materiais<br />

e evitar desperdícios nos canteiros de obras entre várias outras atividades.<br />

GRÁFICO 10 - Nível de satisfação com a empresa<br />

Os gráficos apresenta<strong>do</strong>s até o momento exibem características que<br />

levaram o cliente a conhecer a empresa Alfa. Já o Gráfico 10 refere-se ao<br />

nível de satisfação <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong> em relação aos trabalhos presta<strong>do</strong>s.<br />

141


Quanto ao nível de agilidade na resolução <strong>do</strong>s problemas, 44,7% <strong>do</strong>s<br />

pesquisa<strong>do</strong>s consideraram excelente, 51,1% bom e 4,3% médio. Isto evidencia<br />

que a empresa deve tentar melhorar o nível de suporte presta<strong>do</strong> aos clientes<br />

durante e após a realização da obra. Isso é fundamental para a conquista<br />

e fidelização <strong>do</strong>s mesmos.<br />

Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre a comunicação com a empresa, 70,2%<br />

consideram excelente, 25,5% bom e 4,3% médio, evidencian<strong>do</strong> a satisfação.<br />

Este resulta<strong>do</strong> é de fundamental importância, pois conforme ressalta<strong>do</strong> por<br />

Grönroos (1993), o profissionalismo, as atitudes, o comportamento, a confiabilidade,<br />

a honestidade entre outros, são critérios que auxiliam no alcance da<br />

qualidade no setor de serviços.<br />

Observou-se que o processo de negociação <strong>do</strong> contrato foi agradável,<br />

pois 51,1% das respostas apontaram o nível excelente e outros 48,9%<br />

bom. Desta forma, confirma-se que a empresa preocupa-se muito para que<br />

as especificações da obra fiquem de acor<strong>do</strong> com o espera<strong>do</strong> pelo cliente e<br />

que antes de assinar o contrato to<strong>do</strong>s os detalhes estejam esclareci<strong>do</strong>s. Em<br />

resumo, to<strong>do</strong>s os pesquisa<strong>do</strong>s foram atendi<strong>do</strong>s em suas solicitações, porém,<br />

vale lembrar que a empresa deve alcançar um índice maior de respostas para<br />

o nível excelente.<br />

Como estratégia de melhoria, será oportuna a implantação de um<br />

serviço de pós-venda, possibilitan<strong>do</strong> conhecer a opinião <strong>do</strong> cliente sobre o<br />

serviço presta<strong>do</strong>, os pontos positivos e negativos. Os contatos poderão ser<br />

realiza<strong>do</strong>s após o término da construção, através de ligações telefônicas e<br />

visitas. Dentre as perguntas a serem aplicadas, sugere-se o uso <strong>do</strong> mesmo<br />

formulário que foi utiliza<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> ou adequá-lo conforme interesse.<br />

Ao perguntar se durante a construção da residência foram realizadas<br />

alterações <strong>do</strong> descrito no contrato e se estas foram a contento, percebeu-se<br />

um resulta<strong>do</strong> satisfatório neste quesito. Com 61,7% <strong>do</strong>s respondentes consideran<strong>do</strong><br />

excelente e outros 38,3% bom, pode-se dizer que esta negociação<br />

foi bem aceita pelos clientes. Quan<strong>do</strong> há necessidade de alterações, a maioria<br />

das situações são relacionadas a troca <strong>do</strong>s materiais escolhi<strong>do</strong>s.<br />

Quan<strong>do</strong> os clientes foram questiona<strong>do</strong>s se o estabeleci<strong>do</strong> no contrato<br />

foi cumpri<strong>do</strong> pela empresa, 63,8% optaram pelo nível excelente, 34% bom e<br />

apenas 2,1% médio. Os valores apresenta<strong>do</strong>s demonstram que a empresa é<br />

confiante, mas mesmo assim ela deve empenhar-se para alcançar um número<br />

maior de satisfeitos. Marchetti e Pra<strong>do</strong> (2001) relatam que hoje em dia as<br />

empresas devem admitir que satisfazer as necessidades <strong>do</strong> cliente está entre<br />

seus principais objetivos.<br />

Ao verificar se o tempo estabeleci<strong>do</strong> pela empresa para entregar<br />

a obra foi cumpri<strong>do</strong>, 51,1% <strong>do</strong>s respondentes destacaram ser excelente e<br />

40,4% bom, porém, 4,3% citaram médio e outros 4,3% péssimo. Mesmo ob-<br />

142


ten<strong>do</strong> um número muito maior de pesquisa<strong>do</strong>s com respostas favoráveis,<br />

estes da<strong>do</strong>s requerem atenção, pois a empresa tem que procurar cumprir o<br />

acorda<strong>do</strong>. Deve-se considerar que os fatores externos podem influenciar na<br />

conclusão da obra, pois conforme estiver o estágio da mesma e se as condições<br />

climáticas forem ruins, citan<strong>do</strong> como exemplo a chuva, o término dela<br />

poderá sofrer atrasos.<br />

A fim de solucionar este problema, sugere-se a possibilidade de aumentar<br />

o número de trabalha<strong>do</strong>res na obra quan<strong>do</strong> perceber que a conclusão<br />

da mesma sofrerá atrasos. Para evitar a insatisfação <strong>do</strong> cliente, a redução de<br />

custos e o cumprimento <strong>do</strong> prazo de entrega torna-se importante, no futuro, a<br />

presença de um profissional monitoran<strong>do</strong> os canteiros de obra, buscan<strong>do</strong> qualificar<br />

e tornar mais capacita<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s na construção.<br />

Quanto a satisfação na entrega da obra, os percentuais apresenta<strong>do</strong>s<br />

são: 63,8% excelente, 29,8% bom e 6,4% médio. Em uma análise geral,<br />

constatou-se que a empresa Alfa oferece qualidade nos imóveis, porém, deve<br />

atentar-se ao fato <strong>do</strong> índice médio ter si<strong>do</strong> cita<strong>do</strong>.<br />

Ao questionar se o preço pratica<strong>do</strong> é compatível com o merca<strong>do</strong>,<br />

a maioria das respostas foram positivas, onde 17% optaram por excelente,<br />

76,6% por bom e 6,4% por médio, confirman<strong>do</strong> assim que o mesmo é acessível.<br />

Para atingir um índice melhor, sugere-se como estratégia de melhoria<br />

uma revisão na política de preços. Kotler e Armstrong (2003) corroboram que<br />

a visão de preço justo/compatível deve ser comparada de acor<strong>do</strong> com o público<br />

alvo e sua classe social.<br />

No que se refere a qualidade <strong>do</strong> serviço de prestação de mão-de-<br />

-obra, 25,5% responderam excelente, 59,6% bom e 12,8% médio, demonstran<strong>do</strong><br />

a presença deste fator na realização <strong>do</strong> trabalho.<br />

Neste contexto, Kotler e Keller (2006, p. 406) asseveram que “os<br />

clientes formam expectativas a partir de várias fontes, como experiências anteriores,<br />

boca-a-boca e propaganda”. Para Kotler e Armstrong (2003), empresas<br />

presta<strong>do</strong>ras de serviços devem possuir funcionários treina<strong>do</strong>s e motiva<strong>do</strong>s,<br />

pois são estes que terão contato com o cliente. A execução <strong>do</strong> serviço<br />

deve possuir qualidade, geran<strong>do</strong> assim clientes satisfeitos.<br />

GRÁFICO 11 <strong>–</strong> Nota que daria a empresa quanto a satisfação<br />

143


No Gráfico 11, procurou-se identificar o grau de satisfação, para isto,<br />

consideraram-se as opções de respostas que variam de um a dez, sen<strong>do</strong> a<br />

opção dez a melhor nota. Constatou-se que 31,9% optaram pela nota 10,<br />

27,7% pela nota 9, 31,9% pela nota 8, 4,3% pela nota 7 e 4,3% pela nota 6.<br />

Percebe-se que, de mo<strong>do</strong> geral, a empresa tem si<strong>do</strong> bem avaliada, porém,<br />

mesmo com este índice ela deve buscar alcançar sempre um melhor posicionamento.<br />

A satisfação é vista por Kotler (2000, p.58) como “sensação de prazer<br />

ou desapontamento resultante da comparação <strong>do</strong> desempenho (ou resulta<strong>do</strong>)<br />

percebi<strong>do</strong> de um produto em relação às expectativas <strong>do</strong> compra<strong>do</strong>r”.<br />

Finalizada a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, na próxima seção serão<br />

apresentadas as considerações finais sobre o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>.<br />

5 Considerações finais<br />

Através da aplicação da pesquisa, constatou-se que os clientes demonstraram-se<br />

satisfeitos. Foi possível identificar como pontos positivos <strong>do</strong><br />

programa da casa própria fatores indica<strong>do</strong>s como excelentes, dentre os quais<br />

se observou a comunicação, estan<strong>do</strong> presente nos momentos de negociação<br />

e alterações <strong>do</strong> contrato, bem como no atendimento. Muitos tiveram conhecimento<br />

da empresa através da sua localização e por indicações. A empresa<br />

empenha-se para cumprir as condições descritas no contrato, o que gera<br />

confiança para o consumi<strong>do</strong>r.<br />

Percebeu-se, por meio deste estu<strong>do</strong>, um nível satisfatório quanto ao<br />

prazo estabeleci<strong>do</strong> para a entrega <strong>do</strong> imóvel, como também satisfação ao<br />

recebê-lo, o que fez com que muitos pesquisa<strong>do</strong>s respondessem que construiriam<br />

novamente com a empresa.<br />

A maioria <strong>do</strong>s clientes frequentam a empresa há mais de três anos,<br />

o que demonstra serem fiéis a ela. Ao analisar <strong>do</strong> ponto de vista que muitas<br />

pessoas constroem poucas casas em sua vida, e as demais vezes que<br />

necessitam visitar a empresa é na procura de materiais de construção para<br />

realização de reformas, considera-se este nível de fidelização como sen<strong>do</strong><br />

satisfatório.<br />

Dentre os principais motivos que influenciaram os clientes a adquirirem<br />

seu imóvel na empresa Alfa, o fator preço foi o mais indica<strong>do</strong>. Chamou<br />

a atenção o fato da maioria <strong>do</strong>s clientes terem adquiri<strong>do</strong> seu imóvel com<br />

recursos próprios e não terem feito uso <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> de Garantia por Tempo de<br />

Serviço (FGTS), pois, mediante informações divulgadas na mídia sobre as<br />

diversas formas de financiamentos existentes no merca<strong>do</strong>, constatou-se que<br />

esta realidade é pouco evidenciada na empresa Alfa.<br />

Para identificação <strong>do</strong>s pontos negativos <strong>do</strong> programa da casa própria,<br />

144


consideraram-se os fatores cita<strong>do</strong>s como bons. Para estes foram sugeridas<br />

estratégias de melhorias, onde se recomen<strong>do</strong>u atividades coerentes com o<br />

dia-a-dia da empresa, compatíveis com suas condições financeiras e o perfil<br />

de seu público. Dentre estes, cita-se os fatores agilidade na resolução de<br />

problema, preço compatível com o merca<strong>do</strong> e a qualidade da mão-de-obra.<br />

Com as informações obtidas por intermédio da pesquisa aplicada,<br />

instiga-se a melhoria contínua em to<strong>do</strong>s os processos relaciona<strong>do</strong>s a construção<br />

de imóveis. Perante o exposto, pode-se afirmar que os objetivos deste<br />

estu<strong>do</strong> foram alcança<strong>do</strong>s plenamente, responden<strong>do</strong> assim a pergunta de<br />

pesquisa.<br />

Acredita-se que este trabalho agregou benefícios informacionais à<br />

empresa Alfa, contribuin<strong>do</strong> para conhecer a opinião de seus clientes e assim<br />

identificar os pontos positivos e negativos <strong>do</strong> modelo de programa da casa<br />

própria, bem como ao estu<strong>do</strong> da Administração, possibilitan<strong>do</strong> conhecimento<br />

numa área até então pouco explorada (empresas <strong>do</strong> segmento de construção<br />

civil de pequeno porte). Com intuito de possibilitar a continuidade <strong>do</strong><br />

trabalho, recomenda-se a realização de estu<strong>do</strong>s mais amplos e detalha<strong>do</strong>s,<br />

abrangen<strong>do</strong> toda a população de clientes e aprofundan<strong>do</strong>-se em determina<strong>do</strong>s<br />

assuntos. Também é interessante um estu<strong>do</strong> para verificar e analisar se<br />

as estratégias sugeridas foram aplicadas e se foram eficazes.<br />

6 Referências<br />

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YIN, R. K. Estu<strong>do</strong> de Caso: planejamento e méto<strong>do</strong>s. 3. ed. Porto Alegre:<br />

Bookman, 2005.<br />

147


148


PROMOÇÃO VERSUS IMPACTO NO CONSUMIDOR: UM ESTUDO DE<br />

CASO EM UM EMPREENDIMENTO SUPERMERCADISTA<br />

RESUMO<br />

149<br />

Eliane Ebert Mielke 1<br />

Elvis Silveira Martins 2<br />

Vilsiane Aparecida Leonardi 3<br />

Este estu<strong>do</strong> busca identificar o impacto das promoções no cotidiano de compra<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res de um empreendimento supermercadista localiza<strong>do</strong><br />

em <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. Pretende verificar também a influência das promoções<br />

no aumento das vendas e desenvolver estratégias para aumentá-las, identifican<strong>do</strong><br />

o perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e suas expectativas com relação ao merca<strong>do</strong><br />

em estu<strong>do</strong>. A meto<strong>do</strong>logia utilizada na obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foi o estu<strong>do</strong> de<br />

caso, alia<strong>do</strong> à pesquisa quali-quanti, realizada com a aplicação <strong>do</strong> formulário.<br />

Para a tabulação das informações foi utiliza<strong>do</strong> o software Sphinx. Deste<br />

estu<strong>do</strong> concluiu-se, após a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, que o impacto gera<strong>do</strong> pelas<br />

promoções não é muito significativo; assim, foi sugeri<strong>do</strong> à empresa implantar<br />

algumas ações corretivas como a interação com o cliente, o ajuste nos procedimentos<br />

das promoções oferecidas, a criação de promoções específicas<br />

para determina<strong>do</strong>s segmentos de clientes, dentre outras, visan<strong>do</strong> assim buscar<br />

maneiras de fidelizá-los.<br />

Palavras-chave: Promoção, Consumi<strong>do</strong>r, Vendas<br />

ABSTRACT<br />

This study aims to identify the impact of the promotion on customers daily<br />

basis of a supermarket located in the city of <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. It also seeks<br />

to evaluate promotions’ weight to increase sales and develop strategies to improve<br />

them by identifying the consumer profile and its expectations regarding<br />

the market in study. The metho<strong>do</strong>logy used to obtain the data was the case<br />

study in conjunction with qualitative and quantitative research, through the<br />

application form. The data collected was mapped in Sphinx’s software. Once<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Professor, Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Curso de Administração e Diretor Acadêmico da<br />

Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

3 Graduada em Administração pela Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>, Mestranda em<br />

Administração.


data was checked out, it was found that the impact generated by promotion<br />

was not in fact significant, thus it was suggested to implement some counteractive<br />

actions such as customer interaction, customize sales promotions by<br />

public segmentation, among others, in order to find consumer channels to nail<br />

them.<br />

Key-words: Promotion, Consumer, Sales<br />

1 Introdução<br />

A competitividade <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> está provocan<strong>do</strong> a necessidade de algumas<br />

empresas buscarem o incremento <strong>do</strong> seu volume de vendas, a fim de<br />

equilibrar seus custos internos e garantir a própria sobrevivência ou expansão.<br />

Os consumi<strong>do</strong>res começaram a exigir maior qualidade <strong>do</strong>s produtos e<br />

<strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s, preço competitivo, boa localização e a conveniência<br />

de ter um supermerca<strong>do</strong> bem localiza<strong>do</strong> com esses requisitos.<br />

Uma tendência que cresce atualmente são os consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s supermerca<strong>do</strong>s<br />

que estão procuran<strong>do</strong> lojas mais próximas de casa ou a caminho<br />

dela, ou seja, os merca<strong>do</strong>s de bairros ou locais. Os clientes buscam, depois<br />

<strong>do</strong> preço, a capacidade de tornar uma compra mais rápida. Isso é o que<br />

mais determina hoje a escolha das pessoas por um merca<strong>do</strong>. Com isso, os<br />

supermerca<strong>do</strong>s de pequeno porte foram absorven<strong>do</strong>, aos poucos, o conceito<br />

de conveniência e se ajustan<strong>do</strong> às demandas <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res residentes<br />

em seu entorno.<br />

Para conquistar esses novos clientes e manter os atuais, as empresas<br />

estão buscan<strong>do</strong> alternativas para se adaptar a essas situações novas.<br />

Uma delas é a aposta nas promoções, que antes ocorriam próximas aos<br />

finais de semana e que agora estão ocorren<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias. Assim o varejo<br />

passou a focar-se no cliente, buscan<strong>do</strong> agilidade nos processos de decisão,<br />

informatização e organização <strong>do</strong>s processos. No entanto, de nada adianta<br />

ter todas essas ferramentas se não houver adequação às necessidades e ao<br />

poder de compra <strong>do</strong> cliente.<br />

Desta forma, estes empreendimentos chamam a atenção de estu<strong>do</strong>s<br />

e pesquisas, como este que busca a resolução da seguinte pergunta de pesquisa:<br />

Qual o impacto gera<strong>do</strong> por promoções no Minimerca<strong>do</strong> Gama?<br />

Nessa perspectiva, o objetivo geral da pesquisa é identificar o impacto<br />

gera<strong>do</strong> junto ao merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r por meio de promoções. Os objetivos<br />

específicos são: verificar a influência das promoções no aumento das vendas;<br />

desenvolver estratégias para aumentar as vendas e identificar o perfil <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r e suas expectativas com relação ao merca<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>.<br />

O presente estu<strong>do</strong> se justifica pela necessidade que os pequenos<br />

150


varejistas têm de desenvolver estratégias de Marketing para aumentar as<br />

vendas. Para permanecerem no merca<strong>do</strong>, procuram soluções que possam<br />

mantê-los competitivos e atuantes, principalmente aqueles localiza<strong>do</strong>s em<br />

bairros.<br />

Para ampliar as investigações acerca <strong>do</strong>s problemas menciona<strong>do</strong>s<br />

se faz necessária a busca de referências teóricas sobre temas relaciona<strong>do</strong>s<br />

ao marketing e seus pressupostos.<br />

2 Revisão de Literatura<br />

A seguir serão aborda<strong>do</strong>s conceitos de marketing, mix de marketing,<br />

variável promocional e estratégias merca<strong>do</strong>lógicas, conceitos estes importantes<br />

para o melhor entendimento <strong>do</strong> tema proposto no estu<strong>do</strong>.<br />

2.1 Marketing<br />

De acor<strong>do</strong> com Churchill Jr e Peter (2005), a essência <strong>do</strong> marketing<br />

é basicamente o desenvolvimento de trocas entre organizações e clientes<br />

buscan<strong>do</strong> benefícios que satisfaçam ambos.<br />

Do ponto de vista de Kotler e Armstrong (2003), pode-se entender por<br />

marketing a capacidade de identificar e satisfazer as necessidades <strong>do</strong>s clientes.<br />

Segun<strong>do</strong> os autores, os comportamentos de compra são diferentes para<br />

tipos de produtos diferentes. As decisões de compra de uma pessoa podem<br />

ser também influenciadas pelas suas características pessoais, pois as decisões<br />

variam de acor<strong>do</strong> com sua idade e ciclo de vida, situação econômica e<br />

estilo de vida. Em toda compra os consumi<strong>do</strong>res passam por cinco estágios:<br />

reconhecimento da necessidade, a busca por informações, avaliação das alternativas,<br />

decisão de compra e o comportamento pós-compra.<br />

Segun<strong>do</strong> McCarthy e Perreault Jr (1997), o merca<strong>do</strong> é forma<strong>do</strong> por<br />

pessoas com dinheiro para gastar. Assim, os padrões de gastos <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

estão relaciona<strong>do</strong>s à renda. Em geral, a maioria <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res são<br />

compra<strong>do</strong>res econômicos, ou seja, pessoas que conhecem to<strong>do</strong>s os fatos e<br />

que comparam logicamente as escolhas em termos de custo e valor recebi<strong>do</strong>s<br />

em troca da maior satisfação pelo tempo e dinheiro emprega<strong>do</strong>s.<br />

Para Las Casas (2003), a promoção é uma das ferramentas merca<strong>do</strong>lógicas<br />

mais importantes à disposição <strong>do</strong>s varejistas.<br />

2.2 Mix de Marketing<br />

Conforme Kotler e Armstrong (2003), o mix de marketing é um conjunto<br />

de ferramentas que a empresa utiliza para obter informações sobre seu<br />

151


merca<strong>do</strong>-alvo. Estas ferramentas são divididas em quatro diferentes grupos<br />

de variáveis: produto, preço, promoção e praça, conheci<strong>do</strong>s como os 4P´s<br />

<strong>do</strong> marketing. O Produto: lida com as especificações <strong>do</strong> produto ou serviço,<br />

pesquisan<strong>do</strong> as necessidades <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r; - Preço: define um preço para<br />

o produto (procura descontos, financiamentos, prazos de pagamento, condições<br />

de crédito) e outras informações que influem no valor <strong>do</strong> produto; Promoção:<br />

refere-se a to<strong>do</strong>s os tipos de comunicação que o Marketing possa utilizar;<br />

- Praça: é responsável pela distribuição. Para os autores, abrangência,<br />

extensão, profundidade e consistência são as quatro dimensões importantes<br />

<strong>do</strong> mix de produtos.<br />

Para Richres (2000), o mix de marketing é um componente estratégico<br />

que acrescenta eficácia à empresa e ajuda a atingir os objetivos a médio<br />

e longo prazo.<br />

2.3 Variável Promocional<br />

Para McCarthy e Perreault Jr (1997), a promoção tem três objetivos<br />

básicos: informar, persuadir e lembrar os consumi<strong>do</strong>res sobre a empresa. A<br />

promoção deve informar, pois os consumi<strong>do</strong>res devem saber da<strong>do</strong>s sobre o<br />

produto; persuadir para mostrar por que razões é melhor comprar um produto<br />

ao invés de outro e lembrar para reforçar a intenção de compra. Para os<br />

autores, vários méto<strong>do</strong>s de promoção estão disponíveis, dentre eles venda<br />

pessoal e promoção de vendas. Na venda pessoal há comunicação oral direta<br />

entre vende<strong>do</strong>res e consumi<strong>do</strong>res, já a promoção de vendas refere-se às<br />

atividadesde promoção, que visam estimular o interesse, a experimentação<br />

ou a compra <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

Segun<strong>do</strong> Kotler e Armstrong (2003), a promoção de vendas consiste<br />

em incentivos de curta duração destina<strong>do</strong>s a estimular a compra ou a venda<br />

de um produto ou serviço e também oferece incentivos para comprar imediatamente.<br />

Conforme Pinho (2002), dentre as técnicas de promoção de vendas<br />

estão as liquidações, as degustações, as ofertas, os descontos, as demonstrações,<br />

os bônus, etc.<br />

Na visão de Coutinho (2003) a promoção significa a comunicação <strong>do</strong><br />

varejista através de técnicas como a promoção de vendas de merca<strong>do</strong>rias,<br />

que objetiva gerar fluxo de clientes e aumento <strong>do</strong> lucro bruto. No entanto, de<br />

nada adiantam os esforços das promoções se as empresas não estiverem<br />

com a visão ‘foco no cliente’, no qual o atendimento, o saber ouvir e a empatia<br />

fazem a diferença no fechamento da venda. O profissional de vendas<br />

atual deve ter conhecimento e percepção <strong>do</strong>s motivos que levam o cliente a<br />

adquirir os produtos da empresa.<br />

152


2.4 Estratégias Merca<strong>do</strong>lógicas<br />

Segun<strong>do</strong> Cobra (2007), o preço ainda é o principal fator <strong>do</strong> composto<br />

merca<strong>do</strong>lógico. Para ele, preço é o valor justo pela posse de um bem ou de<br />

um serviço. Cada indivíduo avalia diferentemente situações idênticas, como,<br />

por exemplo, o conceito de caro e barato.<br />

Para Bernardino (2004), um estabelecimento terá conquista<strong>do</strong> a fidelidade<br />

<strong>do</strong> cliente quan<strong>do</strong> este não deixar de freqüentá-lo nem mesmo quan<strong>do</strong><br />

um concorrente forte abrir uma loja por perto e oferecer uma seleção mais<br />

ampliada ou preços um pouco menores.<br />

Rocha e Moraes (2003) salientam que os Programas de Fidelização<br />

representam uma estratégia de marketing, em que as empresas tentam superar<br />

seus concorrentes através de ações que reconheçam e retribuam os<br />

melhores consumi<strong>do</strong>res pela preferência.<br />

De acor<strong>do</strong> com Futrell (2003), a meta de uma empresa é obter clientes<br />

e mais importante <strong>do</strong> que isso é retê-los ou conservá-los. O marketing de<br />

relacionamento é o segre<strong>do</strong> para atingir esta meta.<br />

As estratégias de marketing podem ser desenvolvidas, por exemplo,<br />

através da constante verificação de satisfação <strong>do</strong>s clientes, poden<strong>do</strong> ser medida<br />

através <strong>do</strong> retorno da<strong>do</strong> pelos mesmos, diretamente ao gerente, ou por<br />

outros canais de comunicação, como caixinha de sugestões, etc.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> através de pesquisa quantitativa com o suporte<br />

da aplicação de um formulário e através de pesquisa qualitativa baseada<br />

em questões semi-estruturadas junto aos clientes e usuários <strong>do</strong> Minimerca<strong>do</strong><br />

Gama.<br />

O tipo de pesquisa foi efetiva<strong>do</strong> por meio da pesquisa aplicada, pois<br />

conforme Marconi e Lakatos (2007) a pesquisa aplicada é caracterizada pela<br />

praticidade, ou seja, os resulta<strong>do</strong>s são aplica<strong>do</strong>s ou utiliza<strong>do</strong>s imediatamente<br />

na solução de problemas que ocorrem na atualidade.<br />

Como estratégia de pesquisa utilizou-se o estu<strong>do</strong> de caso, pois segun<strong>do</strong><br />

Yin (2005), este méto<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong> é uma investigação empírica que<br />

busca investigar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexo da vida<br />

real.<br />

O tipo de amostragem utilizada foi a probabilística aleatória por conveniência,<br />

pois segun<strong>do</strong> Marconi e Lakatos (2007), nessa técnica a escolha<br />

<strong>do</strong>s indivíduos ocorre de maneira aleatória (ao acaso) e to<strong>do</strong>s têm a mesma<br />

probabilidade de serem escolhi<strong>do</strong>s.<br />

O formulário piloto (pré-teste) foi aplica<strong>do</strong> com quatro pessoas não<br />

153


clientes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>. As perguntas aplicadas foram fechadas -<br />

também chamadas de limitadas ou de alternativas fixas (sim e não) <strong>–</strong> sen<strong>do</strong><br />

apenas uma aberta a fim de possibilitar aos entrevista<strong>do</strong>s sugestões e críticas<br />

ao merca<strong>do</strong>.<br />

Através da presença <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, os clientes foram informa<strong>do</strong>s<br />

das razões da pesquisa e da importância em respondê-la para a correta<br />

análise <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong>s clientes e conseqüente busca das respostas para a<br />

pergunta de pesquisa. Dessa forma, foram entrevista<strong>do</strong>s nove clientes, no<br />

segun<strong>do</strong> semestre de 2009, através de um formulário composto por trinta e<br />

quatro questões, sen<strong>do</strong> a última destinada a comentários ou observações<br />

<strong>do</strong>s clientes.<br />

As limitações da pesquisa envolveram principalmente a questão<br />

temporal, ou seja, o tempo disponível para dedicar-se à coleta e à análise<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s. Outro fator limita<strong>do</strong>r foi a disponibilidade das pessoas em<br />

aceitar responder o formulário frente ao pouco tempo disponível e ao interesse<br />

desperta<strong>do</strong>.<br />

A análise de da<strong>do</strong>s foi realizada a partir <strong>do</strong> cruzamento de variáveis<br />

identificadas no formulário, através <strong>do</strong> software Sphinx. Logo após, foram<br />

cria<strong>do</strong>s os Gráficos com o intuito de facilitar a compreensão e análise <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

Atenden<strong>do</strong> a solicitação da organização, o nome verdadeiro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

em estu<strong>do</strong> foi substituí<strong>do</strong> por Minimerca<strong>do</strong> Gama.<br />

4 Caracterização da Empresa e Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />

4.1 Caracterização da empresa<br />

A empresa na qual a pesquisa foi desenvolvida caracteriza-se por<br />

atuar há mais de 18 anos no setor de varejo <strong>do</strong> município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong><br />

Sul. Iniciou suas atividades com três colabora<strong>do</strong>res, em 1991, e atualmente<br />

conta com oito. Dispõe de uma infra-estrutura composta de um prédio de<br />

aproximadamente 450 metros quadra<strong>do</strong>s e sua principal atividade consiste<br />

em comercializar gêneros alimentícios, produtos de limpeza, bebidas etc.<br />

4.2 Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Visan<strong>do</strong> a identificar as principais características <strong>do</strong>s clientes <strong>do</strong> Minimerca<strong>do</strong><br />

Gama, foi realiza<strong>do</strong> o cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s<br />

formulários aplica<strong>do</strong>s aos clientes. Abaixo serão feitas as análises das questões<br />

mais relevantes abordadas.<br />

Através da análise <strong>do</strong> Gráfico 1, percebe-se que o impacto gera<strong>do</strong><br />

154


junto ao consumi<strong>do</strong>r por meio de promoções não é tão relevante, uma vez<br />

que 88,9% <strong>do</strong>s clientes entrevista<strong>do</strong>s não vão ao merca<strong>do</strong> em função de<br />

uma promoção específica, contra 11,1% que vão. No contato informal,<br />

os clientes informaram que vão ao merca<strong>do</strong> para as compras <strong>do</strong> dia-a-<br />

-dia, independente de haver promoções ou não. Nesse senti<strong>do</strong>, Kotler e<br />

Armstrong (2003) afirmam que em toda compra os consumi<strong>do</strong>res passam<br />

por cinco estágios: reconhecimento da necessidade, a busca por informações,<br />

avaliação das alternativas, decisão de compra e o comportamento<br />

pós-compra, porém nas compras de rotina alguns desses estágios são<br />

ignora<strong>do</strong>s ou até inverti<strong>do</strong>s.<br />

GRÁFICO 1 <strong>–</strong> Freqüência ida ao merca<strong>do</strong> x promoção<br />

Analisan<strong>do</strong> o Gráfico 2, nota-se que 44,4% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s compram<br />

itens que não precisam, mas que estão em promoção, e 55,6% não<br />

compram itens que não precisam, mesmo estan<strong>do</strong> em promoção. Segun<strong>do</strong><br />

McCarthy e Perreault Jr (1997), em geral, a maioria <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res são<br />

compra<strong>do</strong>res econômicos, ou seja, pessoas que conhecem to<strong>do</strong>s os fatos e<br />

que comparam logicamente as escolhas em termos de custo e valor recebi<strong>do</strong>s<br />

em troca da maior satisfação pelo tempo e dinheiro emprega<strong>do</strong>s.<br />

GRÁFICO 2 <strong>–</strong> Compras x promoção<br />

Conforme o Gráfico 3, os consumi<strong>do</strong>res se mostram satisfeitos<br />

com as promoções oferecidas <strong>–</strong> 77,8%. No entanto, 22,2% não estão satisfeitos.<br />

O que se percebe é que não há muita expectativa em relação<br />

às promoções em geral, apesar <strong>do</strong>s clientes estarem satisfeitos com as<br />

promoções oferecidas. Para McCarthy e Perreault Jr (1997), a promoção<br />

tem três objetivos básicos: informar, persuadir e lembrar os consumi<strong>do</strong>res<br />

sobre a empresa.<br />

155


GRÁFICO 3 <strong>–</strong> Satisfação x promoções<br />

No Gráfico 4, observa-se que a razão principal de compra no merca<strong>do</strong><br />

é o fator localização, 43,8%, segui<strong>do</strong> em igual proporção pelos preços<br />

competitivos e pelo atendimento, ambos com 25% e apenas 6,3% <strong>do</strong>s<br />

clientes entrevista<strong>do</strong>s freqüentam o merca<strong>do</strong> em razão <strong>do</strong> estacionamento.<br />

Conforme Parente, Wood Jr e Jones (2003), o desempenho <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s<br />

depende, principalmente, da sua localização, pois as vendas em grande parte<br />

são para clientes que moram dentro de uma área geográfica próxima <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>.<br />

GRÁFICO 4 <strong>–</strong> Razão principal x compra<br />

No Gráfico 5, destaca-se, como ponto forte <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, o percentual<br />

de 100% <strong>do</strong>s clientes entrevista<strong>do</strong>s informarem que são bem atendi<strong>do</strong>s pelos<br />

funcionários. Outro fator relevante é que 88,9% <strong>do</strong>s clientes acham adequada<br />

a organização <strong>do</strong>s produtos dentro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, apesar de 11,1% não<br />

demonstrarem mesma opinião, conforme demonstra<strong>do</strong> no Gráfico 6. Assim<br />

o Minimerca<strong>do</strong> Gama está coerente com o que afirma Coutinho (2003), a<br />

limpeza, iluminação e a organização <strong>do</strong>s setores são fundamentais, assim<br />

como em to<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>.<br />

GRÁFICO 5 <strong>–</strong> Atendimento<br />

156


GRÁFICO 6 <strong>–</strong> Organização x produtos<br />

O Gráfico 7 demonstra que o merca<strong>do</strong> apresenta um perfil de clientes<br />

conserva<strong>do</strong>res, onde 66,7% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s não acham importante o<br />

merca<strong>do</strong> ter um site na internet, contra 33,3% que acreditam ser importante.<br />

No Gráfico 8, é possível verificar que 77,8% <strong>do</strong>s clientes não gostariam de<br />

um contato diferencia<strong>do</strong> através de ferramentas como e-mail ou mensagens<br />

no celular, sen<strong>do</strong> que apenas 22,2% manifestaram interesse na ferramenta.<br />

Para Maximiano (2000), o comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r deve ser visto<br />

como uma oportunidade de apresentar um diferencial, seja no incremento<br />

das promoções, na fidelização <strong>do</strong>s clientes que freqüentam poucas vezes o<br />

merca<strong>do</strong> ou naqueles que compram há pouco tempo no merca<strong>do</strong>.<br />

GRÁFICO 7 - Importância site internet<br />

GRÁFICO 8 - Contato diferencia<strong>do</strong><br />

No Gráfico 9, observa-se que, <strong>do</strong>s clientes que moram próximo ao<br />

merca<strong>do</strong>, 75% vão ao merca<strong>do</strong> em função <strong>do</strong>s preços competitivos, 57,1% em<br />

função da localização. Em contrapartida, <strong>do</strong>s clientes que não moram próximo<br />

ao merca<strong>do</strong>, essa razão principal da compra no estabelecimento cai para 25%<br />

no que se refere aos preços competitivos; fica em 42,9 % quan<strong>do</strong> se trata de<br />

localização e 100% no que se refere ao estacionamento. O fator atendimento<br />

tem 50% de preferência tanto para os clientes que moram próximo ao merca<strong>do</strong><br />

como para os que não moram. Para Rocha e Moraes (2003) os programas de<br />

157


fidelização representam uma estratégia de marketing, em que as empresas<br />

tentam superar seus concorrentes através de ações que reconheçam e retribuam<br />

os melhores consumi<strong>do</strong>res pela preferência. No caso <strong>do</strong> Minimerca<strong>do</strong><br />

Gama, a fidelização se dá pelo preço, localização e atendimento.<br />

GRÁFICO 9 <strong>–</strong> Proximidade merca<strong>do</strong> x principal razão compra<br />

Observan<strong>do</strong>-se o Gráfico 10, percebe-se que a faixa salarial entre<br />

um e <strong>do</strong>is salários mínimos é distribuída na mesma proporção de 50% entre<br />

os clientes com idade entre 41 a 50 anos e entre 51 e 60 anos. Já na faixa<br />

de <strong>do</strong>is a três salários mínimos, 25% <strong>do</strong>s clientes têm até 30 anos, 25% têm<br />

entre 31 a 40 anos e 50% tem entre 41 a 50 anos. De três a quatro salários<br />

mínimos estão 100% <strong>do</strong>s clientes com idade entre 51 a 60 anos. Com salários<br />

maiores <strong>do</strong> que quatro salários mínimos estão clientes entre 41 a 60 anos<br />

(50%) e entre 51 a 60 anos (50%). Nesse senti<strong>do</strong>, seria interessante fazer<br />

promoções específicas para esse segmento de clientes. Segun<strong>do</strong> Kotler e<br />

Armstrong (2003), os consumi<strong>do</strong>res maduros possuem uma condição financeira<br />

melhor em relação aos jovens. Com essa informação é possível focar<br />

as promoções para essa faixa etária.<br />

GRÁFICO 10 <strong>–</strong> Idade x renda<br />

Conforme o Gráfico 11, observa-se que <strong>do</strong>s clientes que vão ao merca<strong>do</strong><br />

uma vez por semana, 50% responderam que encontram to<strong>do</strong>s os produtos<br />

que desejam, na mesma proporção de 50% responderam negativamente<br />

a pergunta. Dos clientes que vão de duas a três vezes por semana,<br />

75% afirmaram que não encontram to<strong>do</strong>s os produtos que desejam, já 25%<br />

responderam que encontram. Dos clientes que vão de três a quatro vezes<br />

por semana, 100% responderam que não encontram to<strong>do</strong>s os produtos deseja<strong>do</strong>s.<br />

Com isso, observa-se que essa análise vem de encontro com Futrell<br />

158


(2003) que diz que a meta de uma empresa é obter clientes e mais importante<br />

é reter ou conservar estes clientes. Rocha e Moraes (2003) salientam que os<br />

programas de fidelização representam uma estratégia de marketing, em que<br />

as empresas tentam superar seus concorrentes através de ações que reconheçam<br />

e retribuam os melhores consumi<strong>do</strong>res pela preferência.<br />

GRÁFICO 11 <strong>–</strong> Variedade de produtos x freqüência compra<br />

Analisan<strong>do</strong> o Gráfico 12, nota-se que algumas ações podem ser aplicadas<br />

no senti<strong>do</strong> de aumentar as vendas. Dos clientes que vão ao merca<strong>do</strong><br />

uma vez por semana, 50% respondeu que freqüentaria mais vezes o merca<strong>do</strong><br />

se soubesse das promoções com antecedência, a mesma proporção de<br />

50% responderam negativamente a pergunta. Dos clientes que vão de duas<br />

a três vezes por semana, (50%) afirmaram que freqüentariam mais vezes o<br />

merca<strong>do</strong> se soubessem das promoções com antecedência, já 50% responderam<br />

que não. Dos clientes que vão de três a quatro vezes por semana,<br />

100% responderam que não encontram to<strong>do</strong>s os produtos deseja<strong>do</strong>s. Dos<br />

clientes que vão ao merca<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias, 100% respondeu que freqüentaria<br />

mais vezes. Observou-se que os clientes, se já estivessem previamente<br />

informa<strong>do</strong>s sobre as promoções <strong>do</strong> dia, freqüentariam mais vezes o merca<strong>do</strong>.<br />

Nesse ponto, para Coutinho (2003), algumas ações básicas devem ser<br />

aplicadas para informar o cliente, como, por exemplo: produtos em promoção<br />

devem ter cartazes destacan<strong>do</strong> o preço ou a promoção.<br />

GRÁFICO 12 <strong>–</strong> Conhecimento promoções x freqüência compra<br />

Através da tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e análise <strong>do</strong>s gráficos acima, foi<br />

elabora<strong>do</strong> um plano de ação, onde constam ações corretivas sugeridas à<br />

empresa, com o intuito de desenvolver estratégias para aumentar as suas<br />

vendas. Essas ações estão detalhadas na próxima seção juntamente com as<br />

considerações finais.<br />

159


5 Considerações finais<br />

O objetivo principal desse estu<strong>do</strong> foi identificar o impacto gera<strong>do</strong> junto<br />

aos clientes por meio de promoções no Minimerca<strong>do</strong> Gama. Observou-se<br />

que a maioria <strong>do</strong>s clientes freqüenta o merca<strong>do</strong> por razões diversas, como,<br />

por exemplo, para realizar as compras <strong>do</strong> dia-a-dia, independente de haver<br />

promoções ou não. O que se percebe é que não há muita expectativa em<br />

relação às promoções ofertadas, apesar <strong>do</strong>s clientes estarem satisfeitos com<br />

as existentes. Nesse senti<strong>do</strong>, é possível perceber que há a necessidade de<br />

se desenvolver estratégias para aumentar o interesse <strong>do</strong>s clientes nas promoções<br />

e consequentemente aumentar as vendas.<br />

Através deste estu<strong>do</strong> foi possível observar que os objetivos específicos<br />

foram atingi<strong>do</strong>s. O primeiro refere-se à identificação <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

e suas expectativas com relação ao Minimerca<strong>do</strong> Gama. O perfil<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res mostrou-se conserva<strong>do</strong>r em relação a outras formas de<br />

contato diferentes das tradicionais, como e-mail, mensagens no celular, etc.<br />

Em contrapartida os clientes se dizem satisfeitos com o atendimento recebi<strong>do</strong><br />

no merca<strong>do</strong>, com a organização <strong>do</strong>s produtos e com a localização <strong>do</strong> mesmo.<br />

Outro da<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong> refere-se à idade <strong>do</strong>s clientes, cuja maioria tem<br />

entre 41 a 60 anos e também são os que possuem a maior renda.<br />

A influência das promoções no aumento das vendas foi outro objetivo<br />

específico desse estu<strong>do</strong>. Verificou-se que há a necessidade de incrementar<br />

e criar promoções e que estas devem ser informadas aos clientes com antecedência,<br />

com o propósito de fazê-los freqüentarem o merca<strong>do</strong> mais vezes e<br />

consequentemente comprarem mais produtos.<br />

A partir <strong>do</strong> plano de ação proposto no Quadro 1, é possível descrever<br />

estratégias para aumentar as vendas, conforme abaixo.<br />

QUADRO 1 <strong>–</strong> Plano de ação<br />

O QUÊ COMO POR QUÊ<br />

Levar ao conhecimento <strong>do</strong>s<br />

clientes as promoções atuais e<br />

as futuras.<br />

Incrementar as promoções<br />

oferecidas.<br />

Criar promoções específicas<br />

aos clientes, em função da<br />

faixa etária.<br />

Criar promoções para os<br />

clientes que moram em bairros<br />

afasta<strong>do</strong>s.<br />

Informan<strong>do</strong> pessoalmente os<br />

clientes sobre as promoções.<br />

Fazen<strong>do</strong> promoções de curta duração,<br />

com cartazes destacan<strong>do</strong><br />

o preço e prazo da promoção.<br />

Oferecen<strong>do</strong> desconto diferencia<strong>do</strong><br />

nas compras <strong>do</strong>s clientes,<br />

de acor<strong>do</strong> com a faixa etária.<br />

Oferecen<strong>do</strong> desconto nas compras<br />

ou entrega gratuita para os<br />

clientes que fazem suas compras<br />

mensais.<br />

160<br />

Aumentar a informação <strong>do</strong>s clientes<br />

sobre as promoções, fazen<strong>do</strong> que estes<br />

freqüentem mais vezes o merca<strong>do</strong>.<br />

Para estimular os clientes e aumentar<br />

as vendas.<br />

Para estimular que os clientes<br />

façam compras maiores e com mais<br />

freqüência.<br />

Para fidelizar os clientes que não<br />

moram perto <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, mas que o<br />

freqüentam em função <strong>do</strong> atendimento e<br />

estacionamento.


Para todas as estratégias sugeridas para aumentar as vendas, a pessoa<br />

indicada para pô-las em prática é a gerente <strong>do</strong> Minimerca<strong>do</strong> Gama, devi<strong>do</strong><br />

ao contato próximo com os clientes. Sugere-se também que essas ações<br />

sejam aplicadas de imediato, a fim de familiarizar os clientes com as novas<br />

estratégias de vendas. Essas indicações serviram de base para o outro objetivo<br />

específico <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> que foi desenvolver estratégias para aumentar as<br />

vendas.<br />

Para trabalhos futuros, recomenda-se, após a implantação, o acompanhamento<br />

das estratégias sugeridas no plano de ação para aumentar as<br />

vendas. Sugere-se ainda, as seguintes perguntas de pesquisa: A empresa<br />

está disposta a se adequar às novas tecnologias, como site na internet? Qual<br />

a vantagem de a empresa aderir a tendência das lojas de conveniência com<br />

serviços integra<strong>do</strong>s de recarga de celular, pagamento de contas, restaurante,<br />

entre outros? Quais as estratégias de promoção que o Minimerca<strong>do</strong> Gama<br />

deverá implantar para a obtenção de novos clientes? Com isso, outros pesquisa<strong>do</strong>res<br />

poderão aprofundar e/ou complementar esta pesquisa.<br />

Com este estu<strong>do</strong>, foi possível fazer uma análise geral <strong>do</strong>s clientes<br />

<strong>do</strong> Minimerca<strong>do</strong> Gama, trazen<strong>do</strong> informações de fundamental importância<br />

para a empresa em questão, pois com essas informações a empresa pode<br />

implantar as ações sugeridas no plano de ação, a um custo zero.<br />

6 Referências<br />

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Editora, 2004.<br />

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Paulo: Saraiva, 2005.<br />

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supermerca<strong>do</strong> reduzir o seu CMV. Curitiba, 2003.<br />

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Paulo: Saraiva, 2003.<br />

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161


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São Paulo: Atlas, 2003.<br />

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e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,<br />

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MAXIMIANO, A. C. Introdução à administração. 5.ed. São Paulo: Atlas,<br />

2000.<br />

MCCARTHY, E. J.; PERREAULT JR, W. D. Marketing essencial: uma<br />

abordagem gerencial e global. Tradução de Ailton Bomfim Brandão. São<br />

Paulo: Atlas, 1997.<br />

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YIN, R.K. Estu<strong>do</strong> de caso: planejamento e méto<strong>do</strong>s. Tradução de Daniel<br />

Grassi. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.<br />

162


ÓTICA E JOALHEIRA APOLO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O ÍNDICE<br />

DE SATISFAÇÃO DOS CLIENTES<br />

RESUMO<br />

163<br />

Fabiane da Silveira Silveira 1<br />

Angela Kelber-Simpson 2<br />

Este estu<strong>do</strong> tem seu foco no marketing de relacionamento, visan<strong>do</strong> a diagnosticar<br />

o índice de satisfação <strong>do</strong>s clientes da Ótica e Joalheria Apolo, na<br />

cidade de Rio Par<strong>do</strong>, RS. A pesquisa é descritiva e teve como instrumento de<br />

coleta de da<strong>do</strong>s, a aplicação de um questionário para uma amostra aleatória<br />

a cem pessoas em um universo de trezentos e oitenta e oito clientes. Para o<br />

desenvolvimento e obtenção de respostas a este trabalho, foi realizada uma<br />

pesquisa bibliográfica, visitas assistemáticas à empresa e análise da coleta<br />

de da<strong>do</strong>s. Os resulta<strong>do</strong>s deste trabalho evidenciaram que os clientes da Apolo,<br />

caracteriza<strong>do</strong>s pelo perfil suburbano, estão satisfeitos com o atendimento<br />

que lhes é presta<strong>do</strong>.<br />

Palavras-chave: Atendimento, Marketing, Satisfação <strong>do</strong> cliente<br />

ABSTRACT<br />

This study focuses on customer relationship marketing (CRM) to verify the<br />

customer satisfaction’s level of Ótica e Joalheria Apolo, located in Rio Par<strong>do</strong>,<br />

RS. This is a descriptive research, and it utilized a questionnaire that was<br />

applied to one hundred ran<strong>do</strong>m clients in a universe of three hundred eightyeight<br />

customers’ database. Bibliographic research, personal observation, and<br />

analysis of data collected were the must <strong>do</strong> steps completed to develop and<br />

get the results needed. This study’s outcome revealed Apolo’s customers,<br />

typified by suburban profile, are pleased with the service provided to them.<br />

The results of this study indicated that Apolo’s customers, characterized by<br />

suburban profile, are pleased with the service provided to them.<br />

Key-words: Customer care, Marketing, Customer satisfaction<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Orienta<strong>do</strong>ra da pesquisa e professora da área de Marketing no Curso de<br />

Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


1 Introdução<br />

A crescente proliferação de empresas e globalização fez com que<br />

muitas organizações busquem formas de diferenciar seus produtos e serviços<br />

para alavancar ou continuar competitivas no merca<strong>do</strong> atual. Esta é uma<br />

tendência <strong>do</strong> século XXl, perío<strong>do</strong> em que o cliente, por estar mais informa<strong>do</strong><br />

e consciente de seus direitos como também da acirrada concorrência, toma o<br />

poder e quer controlar a relação cliente-empresa.<br />

Para promover seus serviços e produtos e lidar com este novo tipo<br />

de “ego <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r”, as organizações passam a focar seus esforços em<br />

marketing, como o de relacionamento, para informar, persuadir e conquistar<br />

o seu público-alvo através <strong>do</strong> tratamento mais <strong>do</strong> que especial, dedica<strong>do</strong> a<br />

ele. Este diferencial competitivo que as empresas buscam para se destacar<br />

no merca<strong>do</strong> ajuda a construção de uma marca mais sólida, ou seja, esforço<br />

maior para criar e aprimorar o posicionamento da empresa na mente <strong>do</strong> cliente<br />

(KOTLER, 2009).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, cada vez mais, as empresas buscam alternativas para<br />

diferenciar-se de seus concorrentes. Elas acabam fazen<strong>do</strong> uso de vários estu<strong>do</strong>s<br />

para diagnosticar como atender e reter os clientes à sua empresa. Um<br />

destes estu<strong>do</strong>s que tem mostra<strong>do</strong> grande valor para as organizações é o<br />

conhecimento <strong>do</strong> ambiente demográfico, sociocultural, e econômico <strong>do</strong> seu<br />

público-alvo.<br />

A premissa acima serve para fazer referência à Ótica e Joalheria<br />

Apolo, a empresa escolhida para este trabalho. Desde sua fundação, há<br />

cinquenta e nove anos atrás, a empresa está situada no centro <strong>do</strong> histórico<br />

município de Rio Par<strong>do</strong>. A loja foi a primeira a se estabelecer na cidade <strong>do</strong><br />

interior <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul à comercialização de jóias, relógios, óculos<br />

solares e correção visual.<br />

Com base no marketing de relacionamento, a pesquisa apresenta o<br />

seguinte problema: qual o índice de satisfação <strong>do</strong>s clientes da Ótica e Joalheria<br />

Apolo?<br />

Segun<strong>do</strong> os autores, Kotler e Armstrong (2007), o consumi<strong>do</strong>r moderno<br />

busca incessantemente novos produtos e serviços. É preciso que as<br />

organizações acompanhem as mudanças deste merca<strong>do</strong> e ofereçam atendimento<br />

de qualidade, criem vínculo com o cliente para que ele se sinta importante<br />

e satisfeito, e a empresa mais fortalecida perante a concorrência.<br />

Nesta última esfera, pode-se ressaltar que, apesar de o município ser subdesenvolvi<strong>do</strong>,<br />

existem cinco empresas atuan<strong>do</strong> no mesmo ramo da Apolo. As<br />

lojas estão próximas uma das outras, o que têm apresenta<strong>do</strong> um aumento da<br />

competitividade local.<br />

Preocupada com as novas ameaças <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e interessada em<br />

164


manter sua clientela, esta pesquisa vem de encontro ao conhecimento almeja<strong>do</strong><br />

pela Apolo. Assim, este estu<strong>do</strong> tem como objetivo geral: identificar o<br />

índice de satisfação <strong>do</strong>s clientes em relação à Ótica e Joalheria Apolo.<br />

Quanto aos objetivos específicos, este estu<strong>do</strong> busca: identificar os<br />

fatores que geram maior satisfação aos consumi<strong>do</strong>res que frequentam a Ótica<br />

e Joalheria Apolo, e verificar o perfil <strong>do</strong>s clientes para utilizar a informação<br />

como vantagem competitiva frente aos concorrentes.<br />

A pesquisa se justifica, pois a Apolo existe há mais de meio século<br />

sem nunca ter se submeti<strong>do</strong> a este tipo de estu<strong>do</strong>. Qualquer empresa que<br />

objetiva permanecer em atividade necessita conhecer as necessidades <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r para cativá-lo e usar de estratégias, como a <strong>do</strong> marketing de<br />

relacionamento para criar vínculos que durem para o resto da vida.<br />

Com base nas metas apresentadas, este estu<strong>do</strong> apresenta três tópicos:<br />

primeiro a revisão bibliográfica, abordan<strong>do</strong> marketing, marketing de<br />

relacionamento, comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e atendimento diferencia<strong>do</strong><br />

para satisfazer o cliente. Na sequência explica-se o desenvolvimento da pesquisa<br />

em termos meto<strong>do</strong>lógicos e por último, apresenta a análise quantitativa<br />

e qualitativa que foi obtida através <strong>do</strong> questionário aplica<strong>do</strong> aos clientes da<br />

Ótica e Joalheria Apolo.<br />

2 Revisão de literatura<br />

2.1 Definição de marketing<br />

De acor<strong>do</strong> com Kotler (2000), marketing, denomina<strong>do</strong> como arte e<br />

ciência, identifica o seu público potencial para então conquistar e conservar<br />

clientes, através da criação e satisfação das necessidades e desejos destes.<br />

Para o autor, “marketing é o processo de planejar e executar a concepção,<br />

a determinação <strong>do</strong> preço, a promoção e a distribuição de ideias, bens e serviços<br />

para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”<br />

(KOTLER, 2000, p. 30). O autor enfatiza que a empresa só gera lucro se o<br />

cliente estiver satisfeito.<br />

Vários autores, como Cobra (1997) e Kotler (2000), já identificaram<br />

que o marketing é muitas vezes confundi<strong>do</strong> com suas subfunções, principalmente<br />

vendas e propaganda. Porém, há tempo o meio acadêmico (American<br />

Marketing Association <strong>–</strong> AMA) tem defendi<strong>do</strong> que o conceito de marketing<br />

suplanta vendas e propaganda, jamais deven<strong>do</strong> servir-se <strong>do</strong> entendimento<br />

<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r para fins não éticos. Segun<strong>do</strong> a AMA - American Marketing<br />

Association (2010), em sua mais recente definição <strong>do</strong> conceito, aprovada e<br />

publicada em outubro de 2007, marketing representa versatilidade. É a arte<br />

de utilizar o conhecimento das instituições e seus processos para criar, comu-<br />

165


nicar, entregar e administrar a troca de forma que crie valor ao público-alvo,<br />

aos clientes, parceiros e à sociedade como um to<strong>do</strong>.<br />

2.2 Marketing de relacionamento<br />

Segun<strong>do</strong> definição de Kotler e Armstrong (2007), a ênfase <strong>do</strong> marketing,<br />

deslocou-se para o marketing de relacionamento, o que consiste em<br />

criar, manter e promover relacionamentos com os clientes e outros interessa<strong>do</strong>s.<br />

No marketing de relacionamento (CRM), segun<strong>do</strong> Churchill e Peter<br />

(2000), o fechamento da venda não é o fim <strong>do</strong> processo. Os profissionais<br />

sensatos des<strong>do</strong>bram-se para obterem <strong>do</strong> cliente um valor para toda a vida e<br />

para aumentar esse valor com o passar <strong>do</strong> tempo. O processo de marketing<br />

de relacionamento deve iniciar com a escolha <strong>do</strong> público alvo, procuran<strong>do</strong><br />

identificar suas necessidades, agregar valores aos serviços presta<strong>do</strong>s pela<br />

empresa, buscan<strong>do</strong> a melhor relação custo/benefício e ter funcionários motiva<strong>do</strong>s<br />

e capacita<strong>do</strong>s a atender esses clientes adequadamente.<br />

O contexto de administrar o relacionamento com o cliente serve para<br />

que a empresa adquira vantagem competitiva. Para os autores Sheth; Mittal<br />

e Newmann, “buscar e conquistar a lealdade <strong>do</strong>s clientes em vez de simplesmente<br />

efetuar uma venda, é o objetivo <strong>do</strong> marketing de relacionamento”<br />

(2001, p. 683).<br />

2.2.1 O CRM e o comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

Complementan<strong>do</strong> o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> marketing de relacionamento,<br />

Baker (2005) salienta que o comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r visa auxiliar à<br />

elaboração de estratégias que busquem a satisfação <strong>do</strong> seu público-alvo. O<br />

autor continua seu pensamento, afirman<strong>do</strong> que a implementação <strong>do</strong> CRM<br />

na empresa depende quase que exclusivamente <strong>do</strong> grau de confiança de<br />

seu cliente. O autor reforça que confiança é a palavra chave para o processo<br />

de relacionamento entre empresa-cliente e está centrada na manutenção de<br />

promessas.<br />

Por sua vez, Czinkota (2001, p. 138) avalia o grau de relacionamento<br />

entre empresa e cliente com base no estu<strong>do</strong> sobre comportamento. Ele sintetiza<br />

que “o comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r é a atividade mental e física realizada<br />

por consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>mésticos e comerciais, que resulta em decisões e<br />

ações de pagar, comprar ou usar produtos”. Para entender o comportamento<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, é necessário entender como os consumi<strong>do</strong>res percebem,<br />

aprendem e tomam decisões para satisfazer as suas necessidades e seus<br />

desejos. São as necessidades e os desejos <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res que os pro-<br />

166


fissionais da área têm que satisfazer através das estratégias de marketing.<br />

2.3 Atendimento diferencia<strong>do</strong> para satisfazer o cliente<br />

Um fator importante para a empresa conseguir atingir a satisfação <strong>do</strong><br />

cliente é o atendimento diferencia<strong>do</strong> ofereci<strong>do</strong> a este no dia a dia. Para Kotler<br />

(2000), o valor obti<strong>do</strong> pela empresa através <strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>, atenção e carinho<br />

dedica<strong>do</strong> ao cliente, não tem preço em etiqueta. Portanto, ainda segun<strong>do</strong><br />

o autor, investir no treinamento <strong>do</strong> vende<strong>do</strong>r se tornou uma das vantagens<br />

competitivas que mais tem trazi<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> positivo à empresa. O colabora<strong>do</strong>r<br />

é quem contata direto com os clientes da loja e é o responsável direto<br />

pela formação da empresa. Se este atendimento falhar ou não satisfizer o<br />

cliente, as ameaças frente à concorrência aumentam.<br />

A definição de satisfação, na concepção de Kotler (2000, p. 58), “consiste<br />

na sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação<br />

<strong>do</strong> desempenho (ou resulta<strong>do</strong>) percebi<strong>do</strong> de um produto, ou serviço, em relação<br />

às expectativas <strong>do</strong> compra<strong>do</strong>r”. Os autores Kotler e Armstrong (2007)<br />

dizem que clientes muito satisfeitos costumam realizar o marketing boca-a-<br />

-boca de forma positiva para a empresa e seus produtos, são menos sensíveis<br />

aos preços e normalmente, tornam-se clientes fiéis.<br />

Quan<strong>do</strong> os clientes são bem atendi<strong>do</strong>s e saem satisfeitos, produzem<br />

diversos benefícios para a empresa. É importante que o vende<strong>do</strong>r consiga<br />

identificar as necessidades e desejos <strong>do</strong>s clientes a fim de satisfazê-los, porque<br />

é ele quem está a face a face com o consumi<strong>do</strong>r.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Para o estu<strong>do</strong> sobre a satisfação <strong>do</strong>s clientes da Ótica e Joalheria<br />

Apolo, localizada no município de Rio Par<strong>do</strong>, realizou-se uma pesquisa descritiva<br />

que, segun<strong>do</strong> os autores Collis e Hussey (2005, p. 24), pode-se compreender<br />

que “descritiva é a pesquisa que descreve o comportamento <strong>do</strong>s<br />

fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as características<br />

de um determina<strong>do</strong> problema ou questão”.<br />

Objetivan<strong>do</strong> ampliar os conhecimentos teóricos sobre o tema satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes, este artigo contou com o apoio de uma revisão bibliográfica<br />

de vários autores da área de marketing e afins como Kotler (2009), Cobra<br />

(1997) e Churchill (2000).<br />

No primeiro semestre de 2009, época em que foi realizada a pesquisa,<br />

a Ótica e Joalheria Apolo contava com um cadastro de trezentos e<br />

oitenta e oito clientes. A amostra foi aleatória. Das cento e vinte pessoas que<br />

frequentaram a empresa durante o perío<strong>do</strong> em que estava sen<strong>do</strong> entregue o<br />

167


questionário, cem entregaram o formulário preenchi<strong>do</strong>.<br />

O questionário foi composto de dez questões fechadas. Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

com a aplicação <strong>do</strong> questionário foram tabula<strong>do</strong>s de forma quantitativa<br />

e representa<strong>do</strong>s em gráficos, usan<strong>do</strong> a ferramenta <strong>do</strong> software Excel.<br />

Na visão de Collis e Hussey (2005, p. 26), “o méto<strong>do</strong> quantitativo envolve<br />

coletar e analisar da<strong>do</strong>s numéricos e aplicar testes estatísticos”. Simultaneamente,<br />

é enfatizada uma abordagem qualitativa, onde a empresa respeita<br />

a opinião <strong>do</strong>s clientes e procura satisfazer seus desejos e expectativas<br />

em relação à loja. “O méto<strong>do</strong> qualitativo é mais subjetivo e envolve examinar<br />

e refletir as percepções para obter um entendimento de atividades sociais e<br />

humanas” (COLLIS e HUSSEY, 2005, p. 26).<br />

4 Análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

O interesse em desenvolver esta pesquisa partiu da importância em<br />

conhecer o índice de satisfação <strong>do</strong>s clientes da Ótica e Joalheria Apolo para<br />

o crescimento da empresa e pelo número de lojas similares abertas recentemente<br />

na cidade.<br />

Inicialmente, foi feita a caracterização <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. A maior<br />

parte <strong>do</strong>s respondentes é <strong>do</strong> sexo feminino, totalizan<strong>do</strong> 70%. O restante da<br />

amostra, (30%) estão representa<strong>do</strong>s pelo sexo masculino. Consideran<strong>do</strong> a<br />

natureza <strong>do</strong> negócio da empresa, setor joalheiro, a representação feminina<br />

se faz mais frequente, conforme da<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s pela proprietária da Apolo<br />

nestes seus cinquenta e nove anos de trabalho.<br />

Quanto à faixa etária, os percentuais mais altos (82%) concentram-<br />

-se entre 32 e 61 anos. Os mais jovens, até 31 anos, representam um total<br />

de 10%, enquanto que os mais velhos, com mais de 62 anos, aparecem com<br />

apenas 8%.<br />

GRÁFICO 1 <strong>–</strong> Por que você escolheu comprar na Ótica e Joalheria Apolo hoje?<br />

168


Analisan<strong>do</strong> este gráfico é possível verificar que 74% <strong>do</strong> público entrevista<strong>do</strong><br />

sempre compra na Apolo. O fato de a empresa ter si<strong>do</strong> a pioneira <strong>do</strong><br />

ramo em Rio Par<strong>do</strong> e já ter cria<strong>do</strong> um elo de relacionamento com os clientes<br />

ao longo destes 59 anos, evidencia este resulta<strong>do</strong> positivo. Os autores Kotler<br />

e Armstrong (2007) dizem que clientes muito satisfeitos são mais prováveis<br />

de permanecerem fiéis à empresa, apesar da imensa exposição de ofertas da<br />

concorrência para seduzir e roubar seu cliente.<br />

Na sequência, um percentual de 16% <strong>do</strong>s clientes comprou na Apolo<br />

por indicação de um amigo. As pessoas que indicaram a loja executam o<br />

chama<strong>do</strong> marketing boca-a-boca, no qual um fala para o outro da experiência<br />

seja pelo bom atendimento, pelos preços, localização, tradição e/ou confiança<br />

que adquiriram com o passar <strong>do</strong> tempo pela empresa.<br />

Algumas pessoas, mesmo já ten<strong>do</strong> cadastro na loja, retrataram que<br />

só efetuaram a compra por impulso, sen<strong>do</strong> a principal razão <strong>do</strong> momento, a<br />

localização. Essas pessoas totalizaram 6% das respostas. Um índice<br />

de 4% <strong>do</strong>s clientes responderam que decidiram comprar por indicação <strong>do</strong><br />

oftalmologista.<br />

A questão de número <strong>do</strong>is é bem mais direta ao perguntar se o bom<br />

atendimento da loja foi o grande impulsiona<strong>do</strong>r para que o cliente retornasse<br />

a comprar na Apolo. A partir da análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, nota-se que os colabora<strong>do</strong>res<br />

da loja estão atuan<strong>do</strong> de forma bastante satisfatória no tangente ao<br />

atendimento ao público, fato comprova<strong>do</strong> em 96% <strong>do</strong>s respondentes. Pode-<br />

-se inferir, pelos resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, o atendimento diferencia<strong>do</strong> tem reti<strong>do</strong> e<br />

fideliza<strong>do</strong> os clientes, pois estes têm retorna<strong>do</strong> e compra<strong>do</strong> na loja. Conforme<br />

Las Casas (2000), o cliente não está apenas atrás de produtos, mas também<br />

de bom atendimento, visto que produtos muitas vezes são encontra<strong>do</strong>s em<br />

diversos lugares. Portanto, a prestação de serviços é um benefício passível<br />

de diferenciação. Um bom atendimento pode ser determinante para o futuro<br />

<strong>do</strong> lojista. Apesar de uma porcentagem baixa (4%), houve quem marcasse<br />

que o bom atendimento não fazia diferença e o que importava foi somente a<br />

merca<strong>do</strong>ria.<br />

Na pergunta seguinte, número três, foi investiga<strong>do</strong> se o serviço de<br />

pós-venda presta<strong>do</strong> pela loja correspondia às suas expectativas. Um percentual<br />

de 98% <strong>do</strong>s clientes apontou que a loja tem respondi<strong>do</strong> às expectativas<br />

deles. Apenas 2% disseram ter recebi<strong>do</strong> um atendimento que não correspondeu<br />

às suas expectativas.<br />

Consideran<strong>do</strong> que o trabalho enfoca o marketing de relacionamento,<br />

este resulta<strong>do</strong> de 98% tem grande valia à análise, pois o pós venda vem<br />

sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> com frequência pelos profissionais de marketing. O marketing<br />

de relacionamento, quan<strong>do</strong> bem utiliza<strong>do</strong>, é capaz de criar o elo entre a empresa<br />

e o cliente. Oferecer um atendimento amigável antes, durante e após a<br />

169


compra, mostra ao consumi<strong>do</strong>r o compromisso que a Apolo tem para com o<br />

serviço presta<strong>do</strong> e, principalmente, para a satisfação de seus clientes.<br />

GRÁFICO 2 <strong>–</strong> A venda de marcas consagradas reflete a qualidade da loja?<br />

Para 78% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a venda de marca é importante e representa<br />

qualidade. É possível verificar a influência da mídia social e virtual<br />

na população local. Os clientes estão mais expostos às marcas famosas e<br />

acabam mudan<strong>do</strong> o conceito de valor.<br />

Para a Ótica e Joalheria Apolo, este fator revela-se favorável, pois<br />

a indicação é que a loja vem atenden<strong>do</strong> esta camada social. Mais uma vez,<br />

reitera-se a importância desta pesquisa em propiciar informações sobre o<br />

perfil <strong>do</strong> cliente. Os autores Churchill e Peter (2000) relatam que o produto<br />

que tem uma imagem positiva agrega valor para os clientes, acrescentan<strong>do</strong><br />

significa<strong>do</strong> de qualidade e crian<strong>do</strong> certo prestígio à empresa. Indiferente ao<br />

tema aborda<strong>do</strong> teve uma representação de 16% <strong>do</strong> total, e os últimos 6%<br />

foram taxativos ao dizer que uma marca famosa não importava quan<strong>do</strong> o<br />

assunto era qualidade.<br />

A quinta pergunta teve por objetivo saber se o cliente recomendaria<br />

um familiar ou amigos para comprar na Ótica e Joalheria Apolo. Nesta<br />

questão, também se pode observar que 98% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s apontaram<br />

que recomendariam a empresa a familiares ou amigos. Diante <strong>do</strong> que foi<br />

exposto anteriormente quanto ao marketing boca-a-boca, mais uma vez está<br />

comprova<strong>do</strong> que o cliente pode ser ou não o seu melhor amigo. Os números<br />

coleta<strong>do</strong>s são favoráveis, indican<strong>do</strong> que a Apolo tem utiliza<strong>do</strong> mesmo não<br />

oficialmente, o marketing de relacionamento. Os 2% restantes responderam<br />

que talvez não recomendassem a empresa a terceiros, porém não registraram<br />

nenhuma crítica ou comentário.<br />

A sexta pergunta mostrou que por unanimidade (100%) <strong>do</strong>s clientes<br />

entrevista<strong>do</strong>s, elogiaram o atendimento presta<strong>do</strong> pelas colabora<strong>do</strong>ras da<br />

170


Ótica e Joalheria Apolo. Resulta<strong>do</strong> este que confirma que um <strong>do</strong>s grandes<br />

diferenciais da empresa é o tratamento especial da<strong>do</strong> aos clientes. Alude-se<br />

aqui ao objetivo específico que visa a identificar os fatores que geram maior<br />

satisfação aos clientes que frequentam a Ótica e Joalheria Apolo. Las Casas<br />

(2000, p. 218) diz que o vende<strong>do</strong>r é responsável pela combinação: “necessidades<br />

e desejos <strong>do</strong>s clientes e produtos da empresa. Para que seja feita<br />

uma combinação adequada, que dê bons resulta<strong>do</strong>s deve ser considera<strong>do</strong> as<br />

razões de compra e etapas <strong>do</strong> processo de venda”.<br />

GRÁFICO 3 <strong>–</strong> O que você acha <strong>do</strong> layout e merca<strong>do</strong>rias expostas na loja?<br />

Para 68% <strong>do</strong>s clientes, a joalheria apresenta um ambiente perfeito.<br />

Um percentual de 18% considera a loja muito pequena. Para 12% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,<br />

as merca<strong>do</strong>rias não estão expostas de forma atrativa. Para 2% <strong>do</strong>s<br />

clientes, os itens menciona<strong>do</strong>s indiferem na opinião deles. Atenção deve ser<br />

dada aos resulta<strong>do</strong>s referentes à questão <strong>do</strong> layout da loja, pois é possível<br />

inferir que 30% (soma <strong>do</strong>s 18 e 12 por cento) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s não estão<br />

satisfeitos, o que pode se tornar uma ameaça à Apolo frente ao aumento da<br />

concorrência na cidade.<br />

Na oitava questão foi feita a pergunta que segue: As vende<strong>do</strong>ras da<br />

Apolo demonstram total conhecimento <strong>do</strong>s produtos (óculos e jóias) e serviços<br />

(descontos, forma de pagamento, etc.)?<br />

Com relação a esse assunto, os autores Kotler e Armstrong (2007) relatam<br />

que os vende<strong>do</strong>res precisam conhecer a empresa e identificar-se com<br />

ela; conhecer os produtos da empresa; saber as características <strong>do</strong>s clientes<br />

e concorrentes, entender bem os procedimentos e as responsabilidades de<br />

campo. O resulta<strong>do</strong> apontou que 100% <strong>do</strong>s clientes julgam-se totalmente<br />

satisfeitos em relação ao preparo das vende<strong>do</strong>ras. Esse índice tão eleva<strong>do</strong><br />

171


deve-se ao fato da experiência profissional das funcionárias no ramo de Ótica<br />

e Joalheria e também no treinamento que obtiveram ao ingressar à empresa.<br />

A nona pergunta foi elaborada como segue: Em sua opinião, as vende<strong>do</strong>ras<br />

da Apolo sempre procuram auxiliá-lo a encontrar o melhor produto<br />

para você, ou seja, ouvem o que você tem a dizer? Um percentual de 98%<br />

das pessoas respondeu que as vende<strong>do</strong>ras auxiliam da melhor forma possível<br />

na hora da compra. Para 2% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, as colabora<strong>do</strong>ras ainda<br />

precisam dar uma maior atenção. A clientela exige um atendimento mais familiar<br />

o que favorece a Apolo, pois os clientes acabam se tornan<strong>do</strong> fiéis por<br />

se sentirem satisfeitos com o atendimento diferencia<strong>do</strong> que as vende<strong>do</strong>ras<br />

ainda são capazes de proporcionar ao seu público.<br />

GRÁFICO 4 <strong>–</strong> Percepção <strong>do</strong>s clientes em relação a Apolo<br />

Na décima e última questão, solicitou-se aos entrevista<strong>do</strong>s que indicassem<br />

sua percepção em relação ao preço, escolha de merca<strong>do</strong>ria, forma<br />

de pagamento, atendimento e localização central. A ideia é concluir a pesquisa,<br />

verifican<strong>do</strong> o que tem maior peso frente aos temas aborda<strong>do</strong>s. Observan<strong>do</strong><br />

a tabela acima, fica evidente que a grande maioria (80%) ainda leva<br />

em consideração o preço das merca<strong>do</strong>rias na hora da compra. Na visão de<br />

Churchill, Peter (2000). O preço é apenas parte <strong>do</strong> custo total que os clientes<br />

pagam numa troca, que inclui, além <strong>do</strong> dinheiro ou serviço que deve ser da<strong>do</strong><br />

em troca para adquirir ou usar o produto, também tem que dispor de tempo<br />

e esforço mental.<br />

Na sequência, denota-se que a variedade de merca<strong>do</strong>rias atinge um<br />

índice também expressivo na pesquisa, confirma<strong>do</strong> pelo resulta<strong>do</strong> de 76%.<br />

172


Com a alta competitividade, é comum o cliente comprar em outra loja <strong>do</strong> ramo<br />

caso não encontre o que procura. Estar atento às necessidades <strong>do</strong>s clientes<br />

permanece um <strong>do</strong>s clichês mais populares e ainda em vigor.<br />

A forma de pagamento demonstra que 71% <strong>do</strong>s clientes percebem<br />

este item como um diferencial muito importante e/ou vantagem competitiva.<br />

Oferecer condições diferenciadas facilita o pagamento mensal. Las Casas<br />

(2000, p. 123), ressalta que “é comum à realização de algumas visitas aos<br />

concorrentes para saber quais produtos estão sen<strong>do</strong> vendi<strong>do</strong>s, a que preços<br />

e condições”. Ou seja, é importante a loja estar informada <strong>do</strong>s preços e condições<br />

de pagamento que seus concorrentes estão oferecen<strong>do</strong>. Muitos clientes<br />

não têm como comprar à vista e acabam escolhen<strong>do</strong> a loja que lhes oferecer<br />

uma forma cabível ao seu orçamento.<br />

A questão sobre atendimento na hora da compra já havia si<strong>do</strong> abordada<br />

anteriormente, porém não havia si<strong>do</strong> comparada com os demais itens.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que, para 84% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, este ainda é o fator<br />

mais importante. Este da<strong>do</strong> valida a acuidade de desenvolver o marketing<br />

de relacionamento entre empresa e cliente. Segun<strong>do</strong> Baker (2005, p. 256),<br />

“os vende<strong>do</strong>res são o contato face a face entre os compra<strong>do</strong>res e a empresa<br />

e, por uma boa razão, são denomina<strong>do</strong>s os olhos e os ouvi<strong>do</strong>s da empresa”.<br />

Normalmente é o vende<strong>do</strong>r quem ouve as críticas, os elogios e sugestões em<br />

relação à instituição. Um bom atendimento torna-se um diferencial competitivo<br />

essencial para combater à concorrência. Quan<strong>do</strong> um cliente sai satisfeito<br />

com o atendimento e com o produto adquiri<strong>do</strong>, aumentam-se as chances deste<br />

retornar à loja e repassar a sua experiência positiva para outras pessoas.<br />

O último quesito da tabela refere-se ao fato de a empresa estar localizada<br />

no centro da cidade o que, segun<strong>do</strong> a opinião <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s,<br />

apresentou o índice de 64% de percepção <strong>do</strong> cliente quanto à escolha da<br />

loja. Muitas dessas pessoas moram no interior da cidade de Rio Par<strong>do</strong> e vêm<br />

para a cidade de ônibus, em geral no início de cada mês. A Apolo está à frente<br />

da concorrência pela tradição <strong>do</strong> local, por estar próxima aos três bancos<br />

da cidade e à parada de ônibus. De acor<strong>do</strong> com Kotler (2000, p. 549), “os<br />

varejistas estão acostuma<strong>do</strong>s a dizer que as três chaves para o sucesso são:<br />

localização, localização e a localização”. Entretanto, este foi o índice mais<br />

baixo na coleta, o que comprova que as atividades de relacionamento têm<br />

mais valor a este tipo de clientela.<br />

5 Considerações finais<br />

O merca<strong>do</strong> vem apresentan<strong>do</strong> um alto índice de competitividade no<br />

setor de ótica e joalheria em Rio Par<strong>do</strong>. Por isso, o objetivo geral dessa pesquisa<br />

teve seu foco no índice de satisfação <strong>do</strong>s clientes, como forma de ve-<br />

173


ificar alguns aspectos relaciona<strong>do</strong>s à visão destes em relação à empresa.<br />

Em relação aos objetivos específicos, este estu<strong>do</strong> buscou identificar<br />

os fatores que geram maior satisfação aos consumi<strong>do</strong>res que frequentam a<br />

Ótica e Joalheria Apolo, e verificar o perfil <strong>do</strong> cliente para utilizar a informação<br />

como vantagem competitiva.<br />

Ao coletar os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s através da aplicação de um questionário,<br />

observou-se um percentual eleva<strong>do</strong> de satisfação <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. Foi possível<br />

identificar, principalmente nas questões <strong>do</strong>is (bom atendimento), três<br />

(serviço de pós venda), oito (<strong>do</strong>mínio e conhecimento sobre os produtos) e<br />

nove (disposição das colabora<strong>do</strong>ras em ouvir os clientes) que esses são fatores<br />

que geram grande satisfação aos clientes. Estas atividades de marketing<br />

de relacionamento que vêm sen<strong>do</strong> desenvolvidas pela Apolo, mesmo sem o<br />

preparo acadêmico de um profissional habilita<strong>do</strong>, já comprovam a influência<br />

favorável que exercem na opinião <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

Apesar de mostrar o atendimento com maior índice de influência, a<br />

última questão faz uma comparação interessante desta para com o preço, variedade<br />

de merca<strong>do</strong>ria, forma de pagamento e localização central. Esta comparação<br />

se faz necessária para a análise não só <strong>do</strong> objetivo geral, como também<br />

<strong>do</strong>s específicos, fatores que geram maior satisfação e perfil <strong>do</strong>s clientes.<br />

Observou-se que os consumi<strong>do</strong>res ainda dão bastante valor ao preço e a<br />

Apolo ganha merca<strong>do</strong> com isso, pois está em uma posição financeira favorável<br />

e capaz de oferecer os melhores preços da cidade, no ramo de atuação.<br />

Com relação aos estu<strong>do</strong>s teóricos, observou-se, segun<strong>do</strong> Kotler e<br />

Keller (2006), que clientes são parceiros comerciais da empresa e podem ser<br />

considera<strong>do</strong>s os principais elementos em um contexto organizacional, isto<br />

porque é deles que depende a sobrevivência da empresa no merca<strong>do</strong>.<br />

As empresas vivem em uma época em que a criatividade se faz necessária<br />

em to<strong>do</strong>s os âmbitos de marketing, seja na comunicação, na praça,<br />

no preço, e também no produto/serviço. O design da empresa, por exemplo,<br />

é como a “embalagem” <strong>do</strong> seu produto. Este comentário apresenta a importância<br />

da pergunta número sete em que 30% <strong>do</strong>s clientes se mostraram de<br />

alguma forma, insatisfeitos com a disposição de merca<strong>do</strong>rias, o espaço aperta<strong>do</strong><br />

-- a embalagem -- da loja.<br />

Esse índice insatisfatório de consumi<strong>do</strong>res foi apresenta<strong>do</strong> à administra<strong>do</strong>ra<br />

da empresa que pôde constatar o descontentamento <strong>do</strong>s clientes<br />

em relação ao layout e merca<strong>do</strong>rias expostas da empresa. Com base nos<br />

da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no questionário e preocupada em acompanhar a tendência <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong>, a Ótica e Joalheria Apolo, decidiu, durante o processo desta pesquisa,<br />

remodelar toda a infraestrututra, partes interna e externa. Entretanto,<br />

os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s foram anteriores a essa mudança. Sugere-se, portanto,<br />

que os 30% insatisfeitos teriam favoreci<strong>do</strong> sua opinião caso o questionário<br />

174


fosse aplica<strong>do</strong> hoje.<br />

Esse resulta<strong>do</strong> da reforma foi de grande para o estágio realiza<strong>do</strong> na<br />

Apolo, porque somente depois de ter si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> a pesquisa de satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes, a proprietária decidiu acatar as sugestões propostas e realizar<br />

toda a mudança na empresa.<br />

Outro resulta<strong>do</strong> positivo desta pesquisa foi a implantação <strong>do</strong> sistema<br />

informatiza<strong>do</strong> para cadastro <strong>do</strong>s clientes. Até então feitos manualmente, a<br />

recomendação de automatizar o processo de registro <strong>do</strong>s clientes não só<br />

foi aceita como também já está em funcionamento para maior rapidez e segurança<br />

das informações. O fato de a proprietária da Apolo ter acolhi<strong>do</strong> e<br />

implanta<strong>do</strong> as sugestões feitas nesta pesquisa foi um <strong>do</strong>s pontos mais gratificantes<br />

à acadêmica.<br />

A partir da análise de coleta de da<strong>do</strong>s qualitativa e quantitativa, pode-se<br />

afirmar que a Apolo vem prestan<strong>do</strong> um serviço de qualidade. Porém,<br />

sabe-se que os ambientes socioculturais e demográficos estão mudan<strong>do</strong> rapidamente<br />

e, portanto, a empresa deve ficar atenta à opinião de seus clientes<br />

para se manter no merca<strong>do</strong>. A importância dada pelos clientes às marcas foi<br />

uma das grandes surpresas apresentadas (questão 4) no trabalho, pois até<br />

então, as marcas eram tidas pela proprietária como um fator não fundamental<br />

ao cliente, ten<strong>do</strong> por base sua origem mais rural <strong>do</strong> que urbana.<br />

Assim, conclui-se que o atendimento é considera<strong>do</strong> o maior diferencial<br />

competitivo da empresa. Em segun<strong>do</strong> lugar, a facilidade de preços baixos<br />

caracteriza a lealdade de muitos clientes. Com base nos da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s,<br />

pode-se afirmar que o marketing de relacionamento traz resulta<strong>do</strong>s positivos<br />

de conquista, retenção e fidelização <strong>do</strong>s clientes.<br />

Como sugestão para seguimento deste trabalho acadêmico, sugere-se<br />

uma pesquisa sobre o marketing de transformação, que, para Kotler<br />

(2009), este é o caminho <strong>do</strong> futuro. Ou seja, as empresas inteligentes estão<br />

melhoran<strong>do</strong> seu conhecimento <strong>do</strong> cliente (web 3.0) através <strong>do</strong> uso de tecnologias<br />

para se conectar com seu público. Assim, as empresas passam a estar<br />

disponíveis sete dias por semana, 24 horas por dia. Portanto, fica o desafio<br />

para o estu<strong>do</strong> da capacidade de aumentar a lucratividade e identificar níveis<br />

diferentes de gerenciamento <strong>do</strong> atendimento ao cliente (CRM).<br />

6 Referências<br />

AMA - AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Definition of Marketing.<br />

Disponível em: . Acesso em: 28 maio. 2010.<br />

BAKER, M. J. Administração de marketing. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus,<br />

2005.<br />

175


CHURCHILL JR, G. A; Peter, J. P. Marketing: crian<strong>do</strong> valor para os clientes.<br />

2. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.<br />

COBRA, M. Marketing básico. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997.<br />

COLLIS, J; HUSSEY, R. Pesquisa em administração. 2. ed. Porto Alegre:<br />

Bookman, 2005.<br />

CZINKOTA, M. R. et al. Marketing as melhores práticas. Porto Alegre:<br />

Bookman, 2001.<br />

KOTLER, P. Administração de marketing. 10. ed. São Paulo: Prentice<br />

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_______. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e <strong>do</strong>minar<br />

merca<strong>do</strong>s. São Paulo: Ediouro, 2009.<br />

_______; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 12. ed. São Paulo:<br />

Prentice Hall, 2007.<br />

_______; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia <strong>do</strong> marketing.<br />

12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006.<br />

LAS CASAS, A. L. Marketing de varejo. 2. ed. São Paulo, Atlas, 2000.<br />

SHETH, J. N.; MITTAL, B; NEWMANN, B. I. Comportamento <strong>do</strong> cliente:<br />

in<strong>do</strong> além <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. São Paulo: Atlas, 2001.<br />

176


APLICAÇÃO DO MÉTODO DE UNIDADE DE ESFORÇO DE PRODUÇÃO<br />

(UEP) NA DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS DE RECICLAGEM DE<br />

EMBALAGENS PLÁSTICAS<br />

RESUMO<br />

177<br />

Fabiano Brixner Correa Soares 1<br />

Vinícius Costa da Silva Zonatto 2<br />

Este estu<strong>do</strong> tem como tema a gestão de custos, mais especificamente a análise<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de unidade de esforço de produção (UEP) como sistema de<br />

custeio. O objetivo central é evidenciar a aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na gestão<br />

<strong>do</strong>s custos de produção de materiais recicla<strong>do</strong>s em uma indústria plástica. A<br />

meto<strong>do</strong>logia utilizada caracteriza-se como um estu<strong>do</strong> de caso de natureza<br />

exploratória, com abordagem quantitativa <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Para tanto, inicialmente<br />

buscou-se identificar as variáveis de custos que influenciam o processo<br />

de reciclagem. A seguir, definiram-se os postos operativos que subsidiam a<br />

aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa permitem a constatação de<br />

que o méto<strong>do</strong> UEP pode contribuir de maneira precisa na identificação <strong>do</strong>s<br />

custos de reciclagem da empresa pesquisada. Deste mo<strong>do</strong>, conclui-se que o<br />

méto<strong>do</strong> UEP pode ser aplica<strong>do</strong> adequadamente como sistema de custeio em<br />

organizações deste setor.<br />

Palavras-chave: UEP, Méto<strong>do</strong>s de Custeio, Indústria de Reciclagem Plástica<br />

ABSTRACT<br />

The subject of this study is cost management, more specifically the analysis<br />

of the method of unit production effor (UEP) as costing system. The main<br />

objective is to prove the application of the UEP in the management of production<br />

costs of recycled materials in a plastic industry. The metho<strong>do</strong>logy used<br />

is characterized as a case study of an exploratory nature, with a quantitative<br />

data approach. To this end, initially were identified the variables that influence<br />

the cost of the recycling process. Subsequently, were defined the operating<br />

stations that support the method. The results slow that the UEP method accurately<br />

contribute on the identification of the recycling costs of the company.<br />

1 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong><br />

2 Mestre em Ciências Contábeis (FURB), Professor e Coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Curso<br />

de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


Thus, we conclude that the UEP method can be applied as costing system in<br />

industrial organizations this sector.<br />

Keywords: UEP. Costing methods. Plastic Recycling Industry.<br />

1 Introdução<br />

Com o aumento da competitividade entre as organizações, em função<br />

da globalização de merca<strong>do</strong>s, cresce também a necessidade informacional<br />

nas empresas. De acor<strong>do</strong> com Goulart (2007, p. 29), “a informação<br />

empresarial é utilizada pela administração no processo decisório estratégico,<br />

com o fim de minimizar as incertezas ambientais e identificar novas oportunidades<br />

de negócios”.<br />

Contu<strong>do</strong>, nem sempre é tão fácil a obtenção de informações úteis à<br />

tomada de decisão, ou ainda, filtrar informações que possam atender a esse<br />

fim. Sob este aspecto Beuren (2000) destaca que um <strong>do</strong>s grandes desafios<br />

da utilização da informação para a tomada de decisão, é a capacitação <strong>do</strong>s<br />

gestores em utilizá-la para alcançar os objetivos propostos.<br />

Nas empresas com atividades industriais, informações relacionadas<br />

à produção e à identificação <strong>do</strong>s custos de produção são fundamentais na<br />

análise <strong>do</strong> negócio. Uma avaliação inadequada de tais informações poderá<br />

induzir os gestores a tomarem decisões que não trarão os resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, para que se possa obter uma boa informação sobre os<br />

custos de produção nas organizações, torna-se necessária a utilização de<br />

uma meto<strong>do</strong>logia de custeio, adequada às necessidades da empresa. Dentre<br />

as várias meto<strong>do</strong>logias de custeio existentes, o méto<strong>do</strong> de Unidade de Esforço<br />

de Produção (UEP) surge como uma alternativa para a gestão de custos<br />

em organizações industriais (GANTZEL e ALLORA, 1996; BORNIA, 2002;<br />

WERNKE, 2004).<br />

De acor<strong>do</strong> com Cambruzzi, Balen e Morozini (2009, p. 85), o méto<strong>do</strong><br />

UEP, “além <strong>do</strong> custo de transformação <strong>do</strong>s produtos, propicia outros inúmeros<br />

subsídios de extrema utilidade na gestão industrial, na medida em que<br />

propicia a análise de cada etapa <strong>do</strong> processo produtivo e não somente o resulta<strong>do</strong><br />

final”. Deste mo<strong>do</strong>, a partir da utilização deste méto<strong>do</strong>, torna-se possível<br />

a obtenção de informações relacionadas tanto aos custos de produção<br />

propriamente ditos, quanto a identificação de falhas no processo produtivo.<br />

Diante <strong>do</strong> exposto, este estu<strong>do</strong> tem como propósito central evidenciar<br />

a aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na gestão <strong>do</strong>s custos de produção de materiais<br />

recicla<strong>do</strong>s, em uma indústria plástica. Para tanto, buscou-se inicialmente<br />

apresentar os principais conceitos relaciona<strong>do</strong>s ao méto<strong>do</strong> UEP e sua abor-<br />

178


dagem como sistema de custeio. Em seguida, se identificou os elementos<br />

<strong>do</strong>s custos de reciclagem das embalagens tipo pet, utilizan<strong>do</strong>-se estes conceitos,<br />

a fim de se analisar a contribuição <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> no processo decisório<br />

da organização.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que a gestão de custos pode contribuir efetivamente<br />

na análise <strong>do</strong>s processos produtivos, subsidian<strong>do</strong> sua gestão, apresentam-<br />

-se como justificativas e contribuições desse estu<strong>do</strong> a aplicação prática <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> UEP como sistema de custeio, permitin<strong>do</strong> reflexões sobre este tema;<br />

o incentivo a aplicação desta meto<strong>do</strong>logia em outros estu<strong>do</strong>s desta ordem; e,<br />

a contribuição desta abordagem na gestão <strong>do</strong>s processos de reciclagem da<br />

empresa pesquisada.<br />

2 Fundamentação Teórica<br />

2.1 O méto<strong>do</strong> de Unidade de Esforço de Produção (UEP)<br />

De acor<strong>do</strong> com Gantzel e Allora (1996), a unidade de produção é um<br />

unifica<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s controles de gestão produtiva das empresas, que, por meio de<br />

uma única unidade de medida, permite medir toda e qualquer produção, por<br />

mais diversificada que seja. Segun<strong>do</strong> Allora e Allora (1995), o méto<strong>do</strong> UEP<br />

tem sua origem na França, na época da segunda guerra mundial, cria<strong>do</strong> pelo<br />

engenheiro francês Georges Perin, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong> a medição da produção<br />

industrial.<br />

O méto<strong>do</strong> da unidade de esforço de produção baseia-se na unificação<br />

da produção de empresas multiprodutoras através da definição de uma<br />

unidade de medida comum a to<strong>do</strong>s os artigos da empresa: a UEP (BORNIA,<br />

2002, p. 36). Wernke (2004, p. 36) explica que este méto<strong>do</strong><br />

identifica a empresa como concebida, com o objetivo básico de<br />

transformar matéria-prima em produto final. Para tanto, as unidades<br />

produtivas realizam um esforço de produção nesta transformação.<br />

Este esforço, por sua vez, está associa<strong>do</strong> a uma série<br />

de outros esforços parciais, que são, esforço das máquinas e<br />

equipamentos, esforço material, esforço humano e esforço utilidade.<br />

Segun<strong>do</strong> o autor, no Brasil, o méto<strong>do</strong> UEP é utiliza<strong>do</strong> por mais de<br />

uma centena de empresas, principalmente na região Sul <strong>do</strong> país, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

estuda<strong>do</strong>, divulga<strong>do</strong> e aprimora<strong>do</strong> a partir da década de 80 pela Universidade<br />

Federal de <strong>Santa</strong> Catarina (UFSC) e posteriormente pela Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul (UFRGS). Entre as possíveis contribuições<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na gestão das organizações, Bornia (2002, p.146) destaca:<br />

179


mensuração da quantidade produzida; a simplicidade <strong>do</strong> processo e mensuração<br />

<strong>do</strong> desempenho, decorrente da possibilidade de determinar a produção<br />

da empresa; o cálculo <strong>do</strong> custo de transformação, sen<strong>do</strong> obti<strong>do</strong>s por etapas,<br />

sem constar a matéria prima (MP); e, a medição de desempenho, com a sua<br />

aplicabilidade, pode-se acompanhar o processo por meio de medidas físicas<br />

reais, avalian<strong>do</strong> eventuais falhas.<br />

Neste contexto, verifica-se a importância <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na gestão<br />

<strong>do</strong>s custos e da produção das organizações, uma vez que este, além <strong>do</strong>s<br />

custos das operações fabris, também proporciona uma avaliação detalhada<br />

da linha de produção da empresa como um to<strong>do</strong>.<br />

2.2 A abordagem <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP<br />

A abordagem de tratamento <strong>do</strong>s custos relaciona<strong>do</strong>s a produção realizada<br />

pelo méto<strong>do</strong> UEP, difere-se <strong>do</strong>s sistemas de custeio tradicionais. De<br />

acor<strong>do</strong> com Bornia (2002, p.139), o méto<strong>do</strong> UEP trabalha “somente com custos<br />

de transformação, sen<strong>do</strong> trata<strong>do</strong> separadamente os custos de matérias<br />

primas”.<br />

Segun<strong>do</strong> Wernke (2004, p.33), no méto<strong>do</strong> UEP os custos unitários<br />

são resumi<strong>do</strong>s em “custos das matérias primas consumidas e custos de<br />

transformação. Este último, também conheci<strong>do</strong> como custo de conversão,<br />

ou, de agregação, basicamente representam os esforços utiliza<strong>do</strong>s pela empresa<br />

na obtenção <strong>do</strong> seu produto final”.<br />

Bornia (2002) explica que pelo méto<strong>do</strong> da UEP há uma simplificação<br />

da forma de cálculo da produção <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, mediante a utilização de uma<br />

unidade de medida comum a to<strong>do</strong>s os produtos (e processos) da empresa.<br />

Com isto, percebe-se que há uma simplificação no processo de controle da<br />

gestão da empresa.<br />

Isto ocorre em função de que a mensuração é dada por medidas físicas<br />

de eficiência, eficácia e produtividade, de forma a monitorar desempenho<br />

da empresa (Bornia, 2002). Para o autor, em empresas mono produtoras, o<br />

desempenho se dá de forma mais simplificada, diferente de empresas multi<br />

produtoras, pois a produção <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> não pode ser determinada, uma vez<br />

que os produtos não podem ser simplesmente soma<strong>do</strong>s, face as suas características<br />

individuais.<br />

2.3 Os esforços de produção<br />

A mensuração direta <strong>do</strong>s esforços de produção são extremamente difíceis<br />

de serem identifica<strong>do</strong>s (Bornia, 2002, p.144). De acor<strong>do</strong> com Sakamoto<br />

(2003, p.4) o méto<strong>do</strong> UEP fundamenta-se na “noção de esforço de produção,<br />

180


isto é, o esforço realiza<strong>do</strong> por uma máquina funcionan<strong>do</strong>, o esforço humano,<br />

o esforço <strong>do</strong>s capitais, o esforço da energia aplicada e outros direta ou indiretamente<br />

aplica<strong>do</strong>s”, para a obtenção de um produto.<br />

Bornia (2002, p.146) explica que os esforços de produção estão diretamente<br />

liga<strong>do</strong>s à transformação da matéria prima em um produto final,<br />

excluin<strong>do</strong>-se assim os gastos com a aquisição da matéria prima (MP). O objetivo<br />

da meto<strong>do</strong>logia consiste em alocar aos produtos, os custos gera<strong>do</strong>s no<br />

processo de beneficiamento das matérias primas.<br />

Logo, os resulta<strong>do</strong>s identifica<strong>do</strong>s em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, proporcionarão<br />

uma avaliação da estrutura produtiva da empresa, bem como a avaliação<br />

<strong>do</strong> desempenho ideal da organização. Bornia (2002) explica que esta<br />

avaliação é possível, em função <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP determinar a alocação <strong>do</strong>s<br />

custos aos produtos, consideran<strong>do</strong> apenas os gastos relativos aos esforços<br />

despendi<strong>do</strong>s pela empresa, na fabricação <strong>do</strong> produto.<br />

De acor<strong>do</strong> com Cambruzzi, Balen e Morozini (2009), a variável principal<br />

considerada na apropriação <strong>do</strong>s custos de transformação aos esforços<br />

de produção, é o tempo de execução das atividades, ou seja, o tempo total<br />

de passagem <strong>do</strong> produto em cada etapa <strong>do</strong> processo de produção. A seguir,<br />

apresentam-se o méto<strong>do</strong> e os procedimentos utiliza<strong>do</strong>s para a realização da<br />

pesquisa.<br />

3 Méto<strong>do</strong> e Procedimentos da Pesquisa<br />

A meto<strong>do</strong>logia utilizada para a realização da pesquisa se caracteriza<br />

como um estu<strong>do</strong> de caso de natureza exploratória, com abordagem quantitativa<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Gil (2002, p.54) define o estu<strong>do</strong> de caso como “um estu<strong>do</strong><br />

profun<strong>do</strong> e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu<br />

amplo e detalha<strong>do</strong> conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante<br />

outros delineamentos já considera<strong>do</strong>s”.<br />

Com relação às pesquisas exploratórias, estas por sua vez têm por<br />

objetivo “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo<br />

mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que essas pesquisas<br />

têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta<br />

de intuições” (GIL, 2002, p. 41).<br />

Num primeiro momento, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com<br />

o intuito de fundamentar o estu<strong>do</strong> proposto. “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida<br />

com base em material já elabora<strong>do</strong>, constituí<strong>do</strong> principalmente de<br />

livros e artigos científicos” (GlL, 2002, p. 44). A seguir, para a coleta e análise<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, utilizou-se de uma abordagem quantitativa, que, segun<strong>do</strong> Richardson<br />

(1989, p. 29), “caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas<br />

modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através<br />

181


de técnicas estatísticas”.<br />

Para a realização da coleta e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, observaram-se as<br />

oito etapas propostas por Wernke (2004, p.34), para a implantação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

UEP. São elas:<br />

1) Divisão da fábrica em postos operativos;<br />

2) Determinação <strong>do</strong>s índices de custos horários por posto operativo FIPO (ou o<br />

Custo/hora por posto operativo);<br />

3) Obtenção <strong>do</strong>s tempos de passagem <strong>do</strong>s produtos pelos postos operativos;<br />

4) Escolha <strong>do</strong> produto-base;<br />

5) Cálculo <strong>do</strong>s potenciais produtivos (UEP/hora) de cada posto operativo;<br />

6) Definição <strong>do</strong>s equivalentes <strong>do</strong>s produtos em UEP (valor em UEP <strong>do</strong> produto);<br />

7) Mensuração da produção total em UEP; e,<br />

8) Cálculo <strong>do</strong>s custos de transformação.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, inicialmente procurou-se estabelecer os postos operativos<br />

na empresa pesquisada, observan<strong>do</strong>-se o processo de transformação<br />

das embalagens plásticas. De acor<strong>do</strong> com Bornia (2002, p.145), “um Posto<br />

Operativo (PO) é composto de operações homogêneas, forma<strong>do</strong> por uma ou<br />

mais operações de produção que apresentem características semelhantes<br />

para qualquer produto que por ali passem, diferencian<strong>do</strong> apenas no tempo”.<br />

Cambruzzi, Balen e Morozini (2009, p. 93), explicam que “um posto<br />

operativo poderá ser defini<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> uma Máquina que efetuará uma<br />

operação elementar de trabalho ou um agrupamento de máquinas com vários<br />

operários que efetuaram uma ou mais operações”. Assim sen<strong>do</strong>, para o<br />

estabelecimento adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s postos operativos na organização, tomou-se<br />

como base a linha de beneficiamento da empresa, obten<strong>do</strong>-se assim, uma<br />

melhor visão <strong>do</strong> processo como um to<strong>do</strong>, ou seja, o caminho que o produto<br />

percorre desde sua obtenção até o final de sua transformação.<br />

É oportuno destacar que uma máquina poderá compor mais de um<br />

posto operativo, ten<strong>do</strong> em vista as diferenças <strong>do</strong>s processos de transformação<br />

<strong>do</strong>s produtos. Do mesmo mo<strong>do</strong>, em determina<strong>do</strong> posto operativo poderá<br />

se alocar mais de uma máquina, caso as operações de transformação realizadas<br />

sejam homogêneas.<br />

Após a definição <strong>do</strong>s PO’s, procurou-se identificar os índices de custos<br />

horários por posto operativo. Bornia (2002, p.145) “denomina esta determinação<br />

<strong>do</strong>s custos horários ($/h) como foto - índices, e são calcula<strong>do</strong>s de<br />

acor<strong>do</strong> com seu efetivo dispêndio de insumos por parte <strong>do</strong>s PO’s em funcionamento”.<br />

Tal procedimento se dá através <strong>do</strong> levantamento de insumos<br />

consumi<strong>do</strong>s em cada local (PO) em determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, dividin<strong>do</strong>-se o valor<br />

obti<strong>do</strong> (em R$) <strong>do</strong>s custos de transformação destes, pela quantidade das<br />

182


horas efetivamente trabalhadas no mesmo.<br />

De posse dessas informações, efetuaram-se os demais cálculos necessários<br />

para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s e o alcance <strong>do</strong> objetivo da pesquisa. O<br />

estu<strong>do</strong> limitou-se a analisar exclusivamente a aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP no<br />

processo de gestão de custos da empresa pesquisada, sen<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> na<br />

principal linha de produção da organização, não se objetivan<strong>do</strong> assim analisar<br />

os processos de transformação e/ou a identificação de falhas no processo<br />

de reciclagem. A seguir, apresentam-se os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa.<br />

4 Apresentação e Análise <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s da Pesquisa<br />

4.1 Caracterização da empresa pesquisada<br />

Este estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> junto à empresa Jampet Plásticos Ltda.,<br />

localizada no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS. A empresa analisada trabalha<br />

com reciclagens de garrafas tipo pet, plásticos de rótulos e tampas,<br />

ten<strong>do</strong> como principal produto a reciclagem de garrafas, que representa 93%<br />

de seu faturamento.<br />

Atualmente, a empresa processa aproximadamente 300 toneladas<br />

de pet ao mês. Após o beneficiamento desses produtos, a empresa os revende<br />

de maneira picada, em lotes, para outras organizações que reprocessam<br />

o material para transformá-lo em um novo produto, conforme as recomendações<br />

da ABIPET (Associação Brasileira de Indústria <strong>do</strong> PET). Os principais<br />

produtos elabora<strong>do</strong>s a partir desta matéria prima reciclada são: vassouras,<br />

fios de poliéster, cordas, tubos, entre outros.<br />

Além de contribuir com o reaproveitamento de materiais nas indústrias<br />

e a redução <strong>do</strong>s danos gera<strong>do</strong>s por estes resíduos ao meio ambiente,<br />

a empresa oportuniza ainda à sociedade a geração indireta de emprego e<br />

renda. Isso ocorre pelas ações que a empresa desenvolve, buscan<strong>do</strong> remunerar<br />

os interessa<strong>do</strong>s pela entrega de garrafas tipo PET, plásticos de rótulos<br />

e tampas, na sede da empresa, para reciclagem, tais como cata<strong>do</strong>res e associações<br />

comunitárias.<br />

4.2 Aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na determinação <strong>do</strong>s custos de<br />

reciclagem<br />

A primeira etapa realizada para a análise <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP, na determinação<br />

<strong>do</strong>s custos de reciclagem da empresa pesquisada, foi a divisão da<br />

fábrica em postos operativos. A Figura 1 apresenta a empresa como um to<strong>do</strong><br />

e a divisão proposta para o estu<strong>do</strong>.<br />

183


FIGURA 1 <strong>–</strong> Visão da fábrica e a divisão <strong>do</strong>s Postos Operativos<br />

Como se pode observar na Figura 1, para o estabelecimento <strong>do</strong>s<br />

postos operativos foi analisa<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o processo de produção da empresa<br />

pesquisada. O processo de reciclagem tem inicio com a entrada <strong>do</strong>s materiais<br />

pré-classifica<strong>do</strong>s na esteira principal. A seguir passa pela extração das<br />

tampas e rótulos das embalagens pet, e, na seqüência, efetua-se a classificação<br />

<strong>do</strong>s produtos. Após esta etapa, inicia-se o processo de moagem, realiza<strong>do</strong><br />

em duas fases. Por fim, efetuam-se a lavagem e secagem <strong>do</strong>s materiais<br />

recicla<strong>do</strong>s e providencia-se o embalamento <strong>do</strong>s mesmos. De posse dessas<br />

informações, foram estabeleci<strong>do</strong>s oito postos operativos, como se observa<br />

no Quadro 1.<br />

QUADRO 1 <strong>–</strong> Divisão da linha de processamento em postos operativos<br />

Códigos Posto Operativo Nº de Equip. Funcionários<br />

PO1 Recebimento, classificação inicial e esteira 2 6<br />

PO2 Máquina de retirar rótulos 2 2<br />

PO3 Esteira de classificação 3 8<br />

PO4 Moagem com água (2) e a seco (1) 6 2<br />

PO5 Tanques com água para separação de material (2) 2<br />

PO6 Lava<strong>do</strong>ra de plástico 1<br />

PO7 Seca<strong>do</strong>res (2) 2<br />

PO8 Silo de embalamento 1<br />

184


Observa-se, no Quadro 1, que os postos operativos foram estabeleci<strong>do</strong>s<br />

de acor<strong>do</strong> com a linha de beneficiamento da empresa pesquisada. Em<br />

alguns casos, optou-se por agrupar máquinas e equipamentos, em virtude das<br />

operações serem semelhantes ou servirem de ligação de uma etapa para outra,<br />

como o caso das esteiras. Tal procedimento é adequa<strong>do</strong> e não interfere na<br />

composição <strong>do</strong> custo final, uma vez que os valores serão considera<strong>do</strong>s no processo<br />

de beneficiamento como um to<strong>do</strong>, conforme recomenda Bornia (2002).<br />

Após a definição <strong>do</strong>s postos operativos, procurou-se identificar a<br />

quantidade de máquinas e colabora<strong>do</strong>res que cada posto possui. Nesta etapa,<br />

destaca-se que a empresa pesquisada opera em <strong>do</strong>is turnos distintos,<br />

sen<strong>do</strong> que o número de funcionários compõe o total da mão de obra disponível<br />

pela empresa em ambos os turnos de trabalho.<br />

De posse destas informações, apuraram-se os valores gastos no processo<br />

de transformação <strong>do</strong>s produtos, consideran<strong>do</strong> os custos efetivos de<br />

cada posto operativo. O Quadro 2 apresenta uma síntese <strong>do</strong>s custos diários<br />

totais gastos em cada posto operativo.<br />

Código MOD<br />

(R$)<br />

QUADRO 2 <strong>–</strong> Custos totais diários por PO<br />

Depreciação<br />

(R$)<br />

Energia<br />

(R$)<br />

Mat. Consumo<br />

(R$)<br />

185<br />

Manutenção<br />

(R$)<br />

Total dia<br />

(R$)<br />

PO1 467,58 14,68 8,74 1,60 11,90 504,51<br />

PO2 155,86 9,79 54,64 0,53 7,94 228,76<br />

PO3 623,44 9,79 15,30 2,13 7,94 658,60<br />

PO4 155,86 14,68 249,18 0,53 11,90 432,16<br />

PO5 - 39,15 54,64 - 31,75 125,54<br />

PO6 - 4,89 32,79 - 3,97 41,65<br />

PO7 - 4,89 76,50 - 3,97 85,36<br />

PO8 - 4,89 10,93 - 3,97 19,79<br />

Total 2.096,37<br />

Observa-se, no Quadro 2, que o primeiro custo identifica<strong>do</strong> no processo<br />

de transformação <strong>do</strong>s produtos refere-se à mão de obra efetivamente<br />

gasta nos postos operativos. Este valor foi apura<strong>do</strong> a partir da soma <strong>do</strong> total<br />

<strong>do</strong>s salários e encargos sociais, dividi<strong>do</strong> pelo tempo total trabalha<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong>.<br />

O segun<strong>do</strong> gasto identifica<strong>do</strong> no processo, refere-se à depreciação <strong>do</strong><br />

maquinário utiliza<strong>do</strong> nos postos operativos. Neste caso, o valor da depreciação<br />

foi identifica<strong>do</strong> mediante as informações disponibilizadas pela contabilidade<br />

da empresa. Os valores coleta<strong>do</strong>s foram apropria<strong>do</strong>s aos postos<br />

operativos, mediante o tempo de execução das atividades em cada posto, ou<br />

seja, pelo tempo de passagem <strong>do</strong> produto em cada posto operativo.<br />

Com relação aos gastos com energia elétrica consumi<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong>


analisa<strong>do</strong>, estes por sua vez foram aloca<strong>do</strong>s aos postos operativos, levan<strong>do</strong>-se<br />

em consideração a potência das máquinas e seu respectivo consumo. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista que a empresa pesquisada dispunha de controle em CV<br />

consumi<strong>do</strong>s por máquina e o respectivo valor da franquia contratada por Kw de<br />

energia, apenas converteram-se essas variáveis ao custo/hora <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

No que se refere aos gastos relaciona<strong>do</strong>s a materiais de consumo<br />

utiliza<strong>do</strong>s nos postos operativos, identificaram-se apenas gastos relaciona<strong>do</strong>s<br />

aos equipamentos de proteção individual, forneci<strong>do</strong>s pela empresa aos<br />

colabora<strong>do</strong>res. Para a apropriação destes gastos aos PO, realizou-se uma<br />

estimativa de vida útil <strong>do</strong>s mesmos, alocan<strong>do</strong>-se os custos em conformidade<br />

com o tempo total trabalha<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong>.<br />

Outro custo identifica<strong>do</strong> no processo de reciclagem se refere à manutenção<br />

das máquinas relacionadas a cada posto operativo. Para a apuração<br />

deste gasto, optou-se por apurar um valor médio mensal, conforme registros<br />

disponibiliza<strong>do</strong>s pela contabilidade da empresa, sen<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong> este valor<br />

proporcional aos postos operativos, em conformidade com o tempo de passagem<br />

<strong>do</strong> produto nos respectivos postos.<br />

Não foram encontra<strong>do</strong>s registros de gastos no perío<strong>do</strong>, relaciona<strong>do</strong>s<br />

ao consumo de água, variável que está diretamente relacionada ao processo<br />

de beneficiamento <strong>do</strong>s materiais recicla<strong>do</strong>s. Isto se deve em função de a<br />

empresa possuir um poço artesiano. Neste senti<strong>do</strong>, as taxas relacionadas<br />

ao licenciamento ambiental da empresa como um to<strong>do</strong>, são registradas na<br />

contabilidade como despesa. Sen<strong>do</strong> assim, optou-se por não considerar este<br />

gasto no respectivo custo <strong>do</strong>s postos operativos.<br />

De posse dessas informações, realizou-se a apuração <strong>do</strong>s cálculos<br />

<strong>do</strong> custo hora (foto-índices), conforme estabeleci<strong>do</strong> por Wernke (2004), como<br />

parte <strong>do</strong> processo de implantação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP. O Quadro 3 apresenta a<br />

síntese <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s na pesquisa.<br />

QUADRO 3 <strong>–</strong> Determinação <strong>do</strong>s custos hora (foto-índices)<br />

Código Gastos Totais (R$/dia) Horas Trab. (2 turnos/dia) Custo hora (R$)<br />

PO1 504,51 18 28,03<br />

PO2 228,76 18 12,71<br />

PO3 658,60 18 36,59<br />

PO4 432,16 18 24,01<br />

PO5 125,54 18 6,97<br />

PO6 41,65 18 2,31<br />

PO7 85,36 18 4,74<br />

PO8 19,79 18 1,10<br />

186


Para a identificação <strong>do</strong>s custos hora, bem como a elaboração <strong>do</strong><br />

Quadro 3, realizou-se a divisão <strong>do</strong>s custos diários de cada Posto Operativo<br />

(Quadro 2), pelo total <strong>do</strong> tempo diário trabalha<strong>do</strong> na organização, conforme<br />

recomenda Bornia (2002). Desta forma, para apuração <strong>do</strong> cálculo, tornou-se<br />

necessário observar o tempo total de produção, referente aos <strong>do</strong>is turnos de<br />

trabalho da empresa, ou seja, às 18 horas diárias trabalhadas. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

encontra<strong>do</strong>s evidenciam o efetivo dispêndio de insumos gastos na linha de<br />

produção, por posto operativo, referente ao custo hora de funcionamento da<br />

linha de produção.<br />

A próxima etapa realizada no estu<strong>do</strong>, refere-se à escolha <strong>do</strong> produto<br />

a ser analisa<strong>do</strong>. Neste caso, optou-se por analisar os produtos tipo pet, por<br />

estes representarem 93% da produção total da empresa. De posse dessas<br />

informações, realizou-se a análise <strong>do</strong> tempo gasto em cada posto operativo,<br />

consideran<strong>do</strong> todas as etapas <strong>do</strong> processo de reciclagem. Essa variável é<br />

muito importante na aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, uma vez que os custos são apropria<strong>do</strong>s<br />

aos produtos, em função <strong>do</strong> tempo gasto em cada etapa da produção<br />

<strong>do</strong>s materiais recicla<strong>do</strong>s. O Quadro 4, apresenta a seguir, o custo <strong>do</strong> produto<br />

base identifica<strong>do</strong> por posto operativo.<br />

QUADRO 4 <strong>–</strong> Apuração <strong>do</strong> Custo <strong>do</strong> Produto Base<br />

Código Custo Hora (R$) Tempo Passagem (h) Custo Produto Base (R$)<br />

PO1 28,03 0,0250 0,7007<br />

PO2 12,71 0,0167 0,2118<br />

PO3 36,59 0,0167 0,6098<br />

PO4 24,01 0,0250 0,6002<br />

PO5 6,97 0,0667 0,4650<br />

PO6 2,31 0,0083 0,0193<br />

PO7 4,74 0,0083 0,0395<br />

PO8 1,10 0,0083 0,0092<br />

Total 2,6555<br />

O Quadro 4 evidencia os tempos de passagem <strong>do</strong> produto base pelos<br />

postos operativos e o estabelecimento <strong>do</strong> custo hora base <strong>do</strong>s produtos,<br />

por PO. Para que fosse possível a identificação destes tempos, solicitou-se<br />

o auxílio <strong>do</strong>s supervisores da linha de produção da empresa, uma vez que<br />

por meio de sua experiência, torna-se possível identificar o tempo real gasto<br />

na reciclagem das embalagens pets, descartan<strong>do</strong>-se assim eventuais erros<br />

na análise, em função de tempo gasto com falhas no processo de beneficiamento<br />

<strong>do</strong>s produtos. De acor<strong>do</strong> com Wernke (2004) os tempos identifica<strong>do</strong>s<br />

devem se aproximar ao tempo ideal de produção, uma vez que, neste caso,<br />

187


a variável tempo influenciará toda aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> e, por conseqüência,<br />

toda a apuração <strong>do</strong>s custos de produção da empresa.<br />

Desta forma, verifica-se que os custos <strong>do</strong> produto base identifica<strong>do</strong>s<br />

no Quadro 4 representam quanto cada posto operativo consome por tempo<br />

de passagem, sen<strong>do</strong> seu valor determina<strong>do</strong> a partir da multiplicação <strong>do</strong> custo<br />

hora obti<strong>do</strong> no Quadro 2, pelo tempo total de passagem monitora<strong>do</strong> nesta<br />

fase. Logo, pode-se identificar que a soma de cada posto operativo indicará<br />

o custo base total de uma hora de trabalho da empresa.<br />

A próxima etapa realizada na pesquisa, se refere a identificação <strong>do</strong>s<br />

potenciais produtivos. De acor<strong>do</strong> com Bornia (1995, p. 78), cada posto operativo<br />

possui capacidade de gerar (ou repassar) esforço de produção. “A esta<br />

capacidade dá-se o nome de potencial produtivo. O potencial produtivo é,<br />

desta forma, a quantidade de esforço de produção gerada pelo posto operativo<br />

quan<strong>do</strong> em funcionamento por uma hora”. O Quadro 5 evidencia o potencial<br />

produtivo <strong>do</strong>s postos operativos da empresa pesquisada.<br />

QUADRO 5 <strong>–</strong> Potenciais Produtivos <strong>do</strong>s PO (UEP/Hora)<br />

Código Custo Hora PO (R$) Custo Produto Base (R$) UEP/Hora<br />

PO1 28,03 2,6555 10,55<br />

PO2 12,71 2,6555 4,79<br />

PO3 36,59 2,6555 13,78<br />

PO4 24,01 2,6555 9,04<br />

PO5 6,97 2,6555 2,63<br />

PO6 2,31 2,6555 0,87<br />

PO7 4,74 2,6555 1,79<br />

PO8 1,10 2,6555 0,41<br />

188<br />

Total 43,86<br />

Como se pode observar no Quadro 5, o valor <strong>do</strong> UEP/hora é obti<strong>do</strong><br />

através da divisão <strong>do</strong> custo hora por PO pelo custo total <strong>do</strong> produto base,<br />

identifica<strong>do</strong> no Quadro 4. Desta forma, é possível se identificar quantas unidades<br />

de produção cada PO conseguiria gerar, em cada hora trabalhada,<br />

consideran<strong>do</strong>-se o tempo ideal de fabricação, também apura<strong>do</strong> no Quadro 4.<br />

Cambruzzi, Balen e Morozini (2009, p. 98) explicam que “o<br />

valor total UEP/Hora, significa o máximo de unidades concluídas que cada<br />

posto operativo consegue fazer por hora”. Logo, pode-se perceber que esta<br />

etapa <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP, possibilita ao gestor avaliar sua linha de produção<br />

como um to<strong>do</strong>, bem como suas limitações na capacidade produtiva instalada.<br />

A sexta etapa <strong>do</strong> processo de implantação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> proposto,<br />

como sistema de custeio, consiste em estabelecer os equivalentes


<strong>do</strong>s produtos em UEP. Estes por sua vez são obti<strong>do</strong>s através da multiplicação<br />

<strong>do</strong> UEP/hora (Quadro 5), pelo tempo de passagem em cada PO (Quadro<br />

4), identifican<strong>do</strong>-se assim quantas UEP’s são consumidas pelo produto, em<br />

cada posto operativo. O Quadro 6 apresenta os equivalentes <strong>do</strong>s produtos<br />

em UEP, identifica<strong>do</strong>s na pesquisa.<br />

QUADRO 6 <strong>–</strong> Equivalente <strong>do</strong> Produto em UEP<br />

Código UEP/Hora (R$) Tempo Passagem (h) Equivalente (UEP)<br />

PO1 10,55 0,0250 0,26387<br />

PO2 4,79 0,0167 0,07977<br />

PO3 13,78 0,0167 0,22964<br />

PO4 9,04 0,0250 0,22603<br />

PO5 2,63 0,0667 0,17510<br />

PO6 0,87 0,0083 0,00726<br />

PO7 1,79 0,0083 0,01488<br />

PO8 0,41 0,0083 0,00345<br />

189<br />

Total 1,00000<br />

Como se pode observar no Quadro 6, em virtude de ter si<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong><br />

apenas um produto (embalagens tipo pet), o resulta<strong>do</strong> total <strong>do</strong> equivalente<br />

desse em UEP será um inteiro. Logo, por meio da aplicação da meto<strong>do</strong>logia<br />

proposta, é possível a identificação <strong>do</strong> consumo proporcional <strong>do</strong>s esforços<br />

gastos na produção, em cada posto operativo. A etapa seguinte consiste em<br />

identificar o custo de produção diário da empresa em UEP, o que passa a ser<br />

apresenta<strong>do</strong> no Quadro 7.<br />

QUADRO 7 <strong>–</strong> Produção Total em UEP / Dia<br />

Produto Quantidade produzida (kg) UEP Total de UEP’s<br />

Garrafa Pet 13.636 1 13.636<br />

Para a conversão da produção diária da empresa em UEP, foi necessário<br />

inicialmente identificar a quantidade total de embalagens pet beneficiadas<br />

por dia. Esta informação foi disponibilizada pela empresa por meio<br />

de uma média mensal. Assim sen<strong>do</strong>, identificou-se um beneficiamento diário<br />

(médio) de 13.636kg de embalagens plásticas tipo pet, o que resultou na<br />

conversão de 13.636 UEP’s, uma vez que se analisou apenas um produto.<br />

Finalmente, após a análise <strong>do</strong> processo e a apuração <strong>do</strong>s cálculos<br />

necessários à identificação <strong>do</strong> custo de produção da empresa pesquisada em<br />

UEP’s, torna-se possível a identificação <strong>do</strong> custo unitário de reciclagem, em<br />

reais, consumi<strong>do</strong>s na empresa neste perío<strong>do</strong>.


QUADRO 8 <strong>–</strong> Custo de produção (transformação) em Kg<br />

Produto Custo de Produção R$ Total de UEP’s Custo em R$<br />

Garrafa Pet 2.096,37 13.636 0.1537<br />

Como se pode observar no Quadro 8, esse valor é obti<strong>do</strong> a partir da<br />

divisão <strong>do</strong>s custos totais de transformação (Quadro 2), pela produção total<br />

em UEP’s (Quadro 7). Assim sen<strong>do</strong>, verifica-se que a empresa possui um<br />

custo total de produção (reciclagem das embalagens tipo pet), de R$ 0,1537<br />

(quinze centavos). Destaca-se que este valor se refere apenas aos custos<br />

de transformação da empresa, para estes produtos, não sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong>s<br />

aqui, os custos de aquisição das matérias primas.<br />

5 Considerações finais<br />

Em empresas industriais, informações relacionadas à produção e à<br />

gestão de custos são importantes para a avaliação <strong>do</strong> negócio e a tomada<br />

de decisão. Uma avaliação inadequada <strong>do</strong>s processos, pode induzir o gestor<br />

a apurar um custo de produção inadequa<strong>do</strong>. Por conseqüência, a empresa<br />

pode obter uma margem menor na ocasião da comercialização destes produtos<br />

ou até mesmo ter prejuízo em determinada transação.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, para que se possa obter uma boa informação sobre os<br />

custos de produção nas organizações, torna-se necessário a utilização de<br />

uma meto<strong>do</strong>logia de custeio, adequada às necessidades da empresa. De<br />

acor<strong>do</strong> com Bornia (1995), uma das alternativas para apuração <strong>do</strong>s custos<br />

de produção, bem como a avaliação <strong>do</strong>s processos industriais como um to<strong>do</strong><br />

é o méto<strong>do</strong> de Unidade de Esforço de Produção (UEP).<br />

Neste contexto, o estu<strong>do</strong> proposto teve por objetivo evidenciar a aplicação<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> UEP na gestão <strong>do</strong>s custos de produção de materiais recicla<strong>do</strong>s<br />

em uma indústria plástica. Para tanto, inicialmente procurou-se analisar<br />

a linha de produção da empresa pesquisada, a fim de se realizar a divisão da<br />

fábrica em postos operativos. A seguir, buscou-se determinar os índices de<br />

custos horários por posto operativo. De posse destas informações, efetuaram-<br />

-se os cálculos necessários para a identificação <strong>do</strong> objeto da pesquisa.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s permitem a constatação de que o méto<strong>do</strong><br />

UEP pode contribuir de maneira precisa na identificação <strong>do</strong>s custos de reciclagem<br />

da empresa pesquisada, satisfazen<strong>do</strong> ao objetivo geral <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Identificou-se que os custos de transformação das embalagens tipo pet (kg)<br />

representam atualmente R$ 0,1537. O valor apura<strong>do</strong> está dentro <strong>do</strong>s parâmetros<br />

espera<strong>do</strong>s pelos gestores da organização, os quais estimavam tal<br />

custo próximo a R$ 0,20.<br />

Além da identificação <strong>do</strong> custo ideal, o méto<strong>do</strong> UEP proporcionou<br />

190


uma visualização da linha de produção da empresa como um to<strong>do</strong>, bem como<br />

suas limitações na capacidade produtiva instalada, mesmo não sen<strong>do</strong> este<br />

o objetivo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, conclui-se que o méto<strong>do</strong> UEP pode ser<br />

aplica<strong>do</strong> adequadamente como sistema de custeio em organizações deste<br />

setor, proporcionan<strong>do</strong> aos gestores as informações desejadas sobre a gestão<br />

da produção e os custos incorri<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s.<br />

Como sugestão a estu<strong>do</strong>s futuros, recomenda-se a aplicação <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

nas demais linhas de produtos da empresa, a fim de se obter um custo<br />

ideal que pode servir de fonte informacional determinante no estabelecimento<br />

de estratégias que busquem o incremento destas atividades. Também sugere-se<br />

a avaliação <strong>do</strong>s processos da empresa, a fim de se obter maior eficiência<br />

na produção e, conseqüentemente, melhor vantagem competitiva para a<br />

organização.<br />

6 Referências<br />

ABIPET - Associação Brasileira da Indústria PET. Guia para descarte Adequa<strong>do</strong>.<br />

Disponível em: http://www.abipet.org.br/noticias/ABIPET-folheto-A4web.pdf.<br />

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BEUREN, I. M. Gerenciamento da informação: um recurso estratégico no<br />

processo de gestão empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.<br />

BORNIA, A. C. Mensuração das Perdas <strong>do</strong>s Processos Produtivos: Uma<br />

abordagem meto<strong>do</strong>lógica de controle interno. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Engenharia<br />

da Produção), Universidade Federal de <strong>Santa</strong> Catarina, Florianópolis,<br />

1995.<br />

_____. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas.<br />

Porto Alegre: Bookman, 2002.<br />

CAMBRUZI, D; BALEN, F. V; MOROZINI, J. F. Unidade de Esforço de<br />

Produção (UEP) como Méto<strong>do</strong> de Custeio: Implantação de Modelo em uma<br />

Indústria de Laticínios. ABCustos Associação Brasileira de Custos, n. 1,<br />

jan/abr 2009.<br />

GANTZEL, G.; ALLORA, V. Revolução <strong>do</strong>s custos. São Paulo: Qualidade,<br />

1996.<br />

191


GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed.São Paulo: Atlas,<br />

2002.<br />

GOULART, M. S. B. Uso da informação empresarial no processo de decisão<br />

estratégia em empresas de base tecnológica - EBTS: O caso <strong>do</strong> <strong>Centro</strong> Empresarial<br />

para Laboração de Tecnologias Avançadas - CELTA. Perspectivas<br />

em Ciência da Informação, v. 12, n. 1, p. 25-37, jan-abr/2007.<br />

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: méto<strong>do</strong>s e técnicas. 2. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 1989.<br />

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gestão de custo e produção: implantação, sistematização e utilização da UP,<br />

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Internacional de Costos, 8, 2003, Punta del Este (Uruguai). Anais... Punta<br />

del Este (Uruguai): IIC, 2003. CD-ROM.<br />

WERNKE, R. Gestão de Custos: uma abordagem prática. 2. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 2004.<br />

192


ECONOMIA CRIATIVA COMO FERRAMENTA DE GESTÃO NA<br />

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: UM ESTUDO SOBRE A OKTOBERFEST<br />

RESUMO<br />

193<br />

José Henrique Lopes 1<br />

Claudia Marques 2<br />

Esta pesquisa analisa possibilidades para o a utilização da economia criativa<br />

como ferramenta na gestão pública. A pesquisa é exploratória e, para o<br />

desenvolvimento e obtenção de informação mais precisa, foi realiza<strong>do</strong> um<br />

estu<strong>do</strong> de caso, partin<strong>do</strong> da hipótese de que a economia criativa é capaz de<br />

promover o desenvolvimento de uma comunidade. Ao desenvolver o estu<strong>do</strong>,<br />

parte-se de uma leitura teórico-crítica acerca da economia criativa e da gestão<br />

pública e faz-se um levantamento da historia da Oktoberfest, relatan<strong>do</strong> o<br />

aspecto cultural da festa. O estu<strong>do</strong> mostra a importância de manifestações<br />

culturais para a economia de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul e assegura é oportuno investir<br />

no regional, através de políticas publicas de incentivo à criatividade e,<br />

consequentemente, desenvolvimento da economia regional.<br />

Palavras chave: Desenvolvimento, Criatividade, Cultura<br />

ABSTRACT<br />

This research examines possibilities for him to use the creative economy as<br />

a tool in public management. The research is exploratory and development<br />

and obtain more accurate information, we performed a case study, assuming<br />

that the creative economy is able to promote the development of a community.<br />

In developing the study, is part of a critical-theoretical reading about the<br />

creative economy and public management and makes a survey of the history<br />

of Oktoberfest, the cultural aspect of the reporting party. The study shows the<br />

importance of cultural events to the economy of <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul and ensure<br />

it is appropriate to invest in the regional, through public policies to encourage<br />

creativity and, consequently, development of regional economy.<br />

Key-words: Development, Creativity, Culture<br />

1 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Professora Mestre <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong><br />

e Orienta<strong>do</strong>ra da pesquisa.


1 Introdução<br />

Cultura e economia sempre andaram pari passu, já que a interpretação<br />

de ambos os conceitos reflete uma época e seus valores, destaca Reis<br />

(2008). A autora destaca ainda que bens e serviços culturais e criativos estão<br />

enraiza<strong>do</strong>s em nossas vidas e são consumi<strong>do</strong>s sem necessariamente ser<br />

intermedia<strong>do</strong>s pelo merca<strong>do</strong>. A produção cultural depende da capacitação de<br />

talentos que essa produção ou tradição circule (garantin<strong>do</strong> assim a renovação<br />

da diversidade cultural); e que o acesso a essa produção seja garanti<strong>do</strong>.<br />

Com base no parágrafo anterior, este trabalho procura estudar a<br />

gestão Pública e tem como tema a economia criativa, como uma das ferramentas<br />

para promover a cultura local, ten<strong>do</strong> como objeto de estu<strong>do</strong> a<br />

Oktoberfest de 2009.<br />

Com base nessas considerações procura-se definir o problema deste<br />

estu<strong>do</strong>: A economia criativa, focada na cultura, é uma importante ferramenta<br />

de gestão pública?<br />

Para abordar esse tema, busca-se discutir sobre a economia criativa<br />

na área da gestão pública. Para isso, faz-se um estu<strong>do</strong> volta<strong>do</strong> para a análise<br />

de uma festa cultural <strong>do</strong> município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, a Oktoberfest, a<br />

qual recebe um levantamento da sua história e de seu aspecto cultural a fim<br />

de, através deste trabalho, apontar a importância de manifestações culturais<br />

para a economia e para a região de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul.<br />

Este trabalho justifica-se para possibilitar a discussão e estu<strong>do</strong>s na<br />

área da economia criativa como uma ferramenta de gestão pública para promover<br />

o desenvolvimento de um território. O tema, que ainda não é debati<strong>do</strong><br />

de forma suficiente pelas correntes críticas, é aborda<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> consideran<strong>do</strong><br />

um tópico introdutório de caráter teórico e outro de caráter prático.<br />

Assim, este artigo está dividi<strong>do</strong> em quatro partes a primeira parte se dedica a<br />

discorrer sobre a gestão pública, seguin<strong>do</strong> pelo conceito de economia criativa,<br />

terceiro a aplicação da economia criativa na gestão pública e por ultimo,<br />

como meto<strong>do</strong>logia da pesquisa, analise e discussão <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da Oktoberfest<br />

de 2009.<br />

2 Revisão de Literatura<br />

2.1 Gestão Pública<br />

A história das políticas públicas no Brasil tem na década de 1930 um<br />

marco fundamental. Foi a partir desse perío<strong>do</strong> que a administração pública<br />

passou a ser pensada com base em uma racionalidade administrativa, buscan<strong>do</strong>-se<br />

eficiência na condução <strong>do</strong>s negócios públicos. Ainda representou<br />

194


o fim de um modelo personalista de administração pública. Nessa linha de<br />

raciocínio, de acor<strong>do</strong> com Eli Diniz (1991), “o aperfeiçoamento e a diversificação<br />

<strong>do</strong>s instrumentos de intervenção <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> nas diferentes esferas da<br />

vida social e política viabilizaram a implementação de um projeto nacional<br />

acima das rivalidades entre as elites” (DINIZ,1991. p. 26)<br />

Na década de 60, segun<strong>do</strong> Calabre (2009), o país vivia um processo<br />

de rápi<strong>do</strong> desenvolvimento econômico - que ficou conheci<strong>do</strong> como o “Milagre<br />

Brasileiro” - e passou a sofrer fortes críticas, principalmente <strong>do</strong>s organismos<br />

internacionais, pelo aprofundamento <strong>do</strong> grau de desigualdade social existente<br />

<strong>–</strong> fato que se repetia nos chama<strong>do</strong>s países de terceiro mun<strong>do</strong>. Para buscar<br />

rebater/sanar a crise, na década de 60, ocorreu um investimento na produção<br />

de instrumentos de mensuração e o estabelecimento de marcos conceituais<br />

e meto<strong>do</strong>lógicos para medir os efeitos das mudanças no campo social.<br />

Segun<strong>do</strong> Jannuzzi, é inaugura<strong>do</strong> o que viria a ser chama<strong>do</strong> de ‘movimento<br />

de indica<strong>do</strong>res sociais’, onde “os sistemas nacionais de produção<br />

e disseminação de estatísticas públicas passaram a incorporar novas dimensões<br />

investigativas e a produzir de forma sistemática relatórios sociais.”<br />

(JANNUZZI, 2002. p. 54) Buscava-se a construção de instrumentos que permitissem<br />

um acompanhamento mais cuida<strong>do</strong>so das transformações sociais<br />

ocorridas a partir da execução de políticas para a área, e a conseqüente<br />

avaliação das ações e políticas implementadas no setor.<br />

Ainda segun<strong>do</strong> o autor, uma expectativa exagerada para com os efeitos<br />

<strong>do</strong> planejamento e avaliação na área de políticas públicas, fez com que,<br />

a partir de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 1970, fosse criada uma grande desconfiança<br />

quanto a utilidade <strong>do</strong>s sistemas de indica<strong>do</strong>res sociais. Posição que foi superada<br />

em mea<strong>do</strong>s da década de 1980.<br />

Ao longo das décadas 1990 e 2000, no Brasil, a área da cultura volta<br />

a integrar, gradativamente, o rol das políticas públicas, ou seja, daquelas<br />

áreas que têm suas atividades integradas às <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong> planejamento<br />

público, o que deve ocorrer nos três níveis de governo. Entretanto pouco se<br />

avançou no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> acompanhamento e da avaliação das ações e políticas<br />

(estas últimas mais raras) empreendidas pelo setor público.<br />

Desde 2005, o Ministério da Cultura está se debruçan<strong>do</strong> sobre as<br />

propostas de construção de um Plano Nacional de Cultura, de um Sistema<br />

Nacional de Cultura e de um Sistema Nacional de Informações Culturais.<br />

As questões das desigualdades regionais, sociais e econômicas afetam o<br />

campo da cultura de maneira idêntica ao conjunto das políticas públicas e “a<br />

função da administração pública é a de atender, sem discriminação, as pessoas<br />

que habitam num país ou quaisquer de suas subdivisões.”(TENÓRIO;<br />

SARAVIA, 2007, p.111)<br />

Na área da produção de informações sobre a cultura, em 2004, o<br />

195


Ministério da Cultura firmou com o IBGE um amplo convênio, que vem apresentan<strong>do</strong><br />

uma série de resulta<strong>do</strong>s/produtos surgiu assim o primeiro produto<br />

foi a reapresentação de um bloco sobre cultura na Pesquisa de Informações<br />

Básicas Municipais - MUNIC, em 2005.<br />

A MUNIC é uma pesquisa de caráter censitário que percorre o conjunto<br />

<strong>do</strong>s municípios brasileiros. O segun<strong>do</strong> produto <strong>do</strong> convênio é o desenvolvimento<br />

de uma base consistente e contínua de informações relacionadas<br />

ao campo cultura, ten<strong>do</strong> como fonte as pesquisas regulares <strong>do</strong> próprio Instituto<br />

e a construção de indica<strong>do</strong>res culturais, “de mo<strong>do</strong> a fomentar estu<strong>do</strong>s,<br />

pesquisa e publicações, fornecen<strong>do</strong> aos órgãos governamental e priva<strong>do</strong><br />

subsídios para o planejamento e a tomada de decisão, e aos usuários em<br />

geral, informações para estu<strong>do</strong>s setoriais mais aprofunda<strong>do</strong>s.” (IBGE, 2007b,<br />

p. 10) E um terceiro produto em elaboração é o da construção de uma conta<br />

satélite de cultura.<br />

O estudioso argentino Ruben Bayar<strong>do</strong> afirma que, ao falar em gestão<br />

cultural, está pensan<strong>do</strong> “na gestão de um vasto campo de instituições,<br />

de programas, de projetos, de indústrias, de empreendimentos, de bens, de<br />

serviços e de direitos culturais” (BAYARDO, 2009, p. 57). Dentro desse universo<br />

mais amplo da gestão cultural, temos a área da gestão pública, mais<br />

especificamente a <strong>do</strong>s governos municipais.<br />

A gestão cultural é um campo novo de trabalho, com fronteiras fluidas,<br />

no qual o perfil profissional se encontra em pleno processo de construção.<br />

Fernan<strong>do</strong> Vicário, alertou para a necessidade de separar, de outras,<br />

as funções daqueles que se dedicam à cultura de mo<strong>do</strong> profissional. Para o<br />

autor, os gestores são aqueles que têm sobre os seus ombros a responsabilidade<br />

de dar um tratamento político ao tema e se diferem <strong>do</strong>s artistas, <strong>do</strong>s<br />

produtores e <strong>do</strong>s anima<strong>do</strong>res culturais (VICÁRIO, 2006, p. 16).<br />

Segun<strong>do</strong> Calabre (2009) a visão da cultura como um campo autônomo<br />

da administração pública, de igual importância à de outros, é muito recente<br />

e ainda não está consolidada. No país, durante muito tempo pre<strong>do</strong>minou<br />

a ideia de cultura associada à ilustração, ou seja, ter cultura ou promover a<br />

cultura seria sinônimo de levar a educação e a arte erudita para o conjunto<br />

da população.<br />

O autor ainda destaca que a idéia era de que o Esta<strong>do</strong> deveria levar<br />

cultura para o povo ou elevar a cultura <strong>do</strong> povo, buscan<strong>do</strong> alcançar padrões<br />

culturais de matriz europeia, preservan<strong>do</strong> algumas manifestações folclóricas<br />

(folk = povo) em seu esta<strong>do</strong> “original”. Ao longo da década de 1970,<br />

essa visão começou lentamente a ser alterada, entretanto ainda resiste enraizada<br />

no imaginário de parte significativa da sociedade, Calabre (2009),<br />

é a de que promoção de cultura é sinônimo de realização de atividades de<br />

entretenimento e lazer, ou seja, para ter uma política de cultura, basta que<br />

196


haja a realização de espetáculos e eventos.<br />

2.2 A economia criativa<br />

O conceito de economia criativa origina-se <strong>do</strong> termo indústrias criativas,<br />

por sua vez inspira<strong>do</strong> no projeto Creative Nation, da Austrália nos anos<br />

90 que defendia a importância <strong>do</strong> trabalho criativo, entre outros elementos,<br />

sua contribuição para a economia <strong>do</strong> país e o papel das tecnologias como<br />

aliadas da política cultural (REIS 2008).<br />

Na mesma década, seguin<strong>do</strong> ainda Reis (2008), o governo <strong>do</strong> então<br />

recém eleito Tony Blair, diante de uma competição econômica global crescentemente<br />

acirrada, motivou a formação de uma multissetorial encarregada<br />

de analisar as contas nacionais <strong>do</strong> Reino Uni<strong>do</strong>, as tendências de merca<strong>do</strong><br />

e as vantagens competitivas nacionais. O que se destaca, nessa iniciativa, é<br />

primeiro, sua visão de parceria entre público e priva<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> a desenhar<br />

um programa estratégico para o país, com benefícios e responsabilidades<br />

compartilha<strong>do</strong>s; e segun<strong>do</strong>, a articulação transversal, compreenden<strong>do</strong> de diferentes<br />

setores e pastas públicas, como cultura, desenvolvimento, turismo,<br />

educação, relações exteriores, entre outras.<br />

Ana Carla Fonseca Reis (2008) registra em sua obra que, o maior<br />

mérito <strong>do</strong> sucesso <strong>do</strong> programa britânico foi o de ter engendra<strong>do</strong> reflexões<br />

acerca de mudanças profundas e estruturais que se fazem necessárias no<br />

teci<strong>do</strong> socioeconômico global e nos embates culturais e políticos que ora<br />

enfrentamos.<br />

A autora ainda destaca que, a economia criativa tem suscita<strong>do</strong> discussões<br />

e estu<strong>do</strong>s em áreas não puramente ligadas a uma política industrial<br />

ou econômica, mas tão vastas como atinentes à revisão <strong>do</strong> sistema educacional<br />

(questionan<strong>do</strong> a adequação <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong>s profissionais de hoje e anuncian<strong>do</strong><br />

a emergência de novas profissões), a novas propostas de requalificação<br />

urbana (geran<strong>do</strong> projetos de clusters criativos e o reposicionamento<br />

das chamadas cidades criativas), à valoração <strong>do</strong> intangível cultural por parte<br />

de instituições financeiras (claman<strong>do</strong> por modelos de mensuração inspira<strong>do</strong>s<br />

nos setores de patentes e marcas), a um reposicionamento <strong>do</strong> papel da<br />

cultura na estratégia socioeconômica (lidan<strong>do</strong> paralelamente com conteú<strong>do</strong>s<br />

simbólicos e econômicos) e até mesmo à revisão da estrutura econômica, de<br />

cadeias setoriais para redes de valor, incluin<strong>do</strong> novos modelos de negócio<br />

(graças às novas tecnologias e à emergência de criações colaborativas).”A<br />

economia criativa parece tomar de outros conceitos traços que se fundem,<br />

adicionan<strong>do</strong>-lhes um toque próprio” (REIS, 2008, p.23).<br />

Da chamada economia da experiência reconhece o valor da originalidade,<br />

<strong>do</strong>s processos colaborativos e a prevalência de aspectos intangíveis<br />

197


na geração de valor, fortemente ancorada na cultura e em sua diversidade.<br />

Da economia <strong>do</strong> conhecimento toma a ênfase no trinômio tecnologia,<br />

mão-de-obra capacitada e geração de direitos de propriedade intelectual,<br />

explican<strong>do</strong> porque para alguns estudiosos os setores da economia criativa<br />

integram a economia <strong>do</strong> conhecimento, muito embora esta não dê à cultura a<br />

ênfase que a economia criativa lhe confere.<br />

Da economia da cultura propõe a valorização da autenticidade e <strong>do</strong><br />

intangível cultural único e inimitável, abrin<strong>do</strong> as comportas das aspirações<br />

<strong>do</strong>s países em desenvolvimento de ter um recurso abundante em suas mãos.<br />

De forma geral, a autora em sua obra destaca, que é possível<br />

ressaltar ao menos quatro abordagens <strong>do</strong> conceito de economia criativa<br />

(REIS, 2008. p. 24).<br />

1. Indústrias criativas, entendidas como um conjunto de setores<br />

econômicos específicos, cuja seleção é variável segun<strong>do</strong> a região ou país,<br />

conforme seu impacto econômico potencial na geração de riqueza, trabalho,<br />

arrecadação tributária e divisas de exportações.<br />

2. Economia criativa, que abrange, além das indústrias criativas, o<br />

impacto de seus bens e serviços em outros setores e processos da economia<br />

e as conexões que se estabelecem entre eles, provocan<strong>do</strong> e incorporan<strong>do</strong>-<br />

-se a profundas mudanças sociais, organizacionais, políticas, educacionais<br />

e econômicas. As indústrias criativas são, portanto, não apenas economicamente<br />

valiosas por si mesmas, mas funcionam como catalisa<strong>do</strong>ras e fornece<strong>do</strong>ras<br />

de valores intangíveis a outras formas de organização de processos,<br />

relações e dinâmicas econômicas de setores diversos, <strong>do</strong> desenho de cosméticos<br />

que utilizam saberes locais a equipamentos e artigos esportivos que<br />

comunicam a marca de um país. Na economia criativa, indústria e serviços<br />

fundem-se cada vez mais.<br />

3. Cidades e espaços criativos, por sua vez vistos sob distintas óticas:<br />

de combate às desigualdades e violência e de atração de talentos e investimentos<br />

para revitalizar áreas degradadas de promoção de clusters criativos,<br />

de transformação das cidades em pólos criativos mundiais, não raro<br />

de maneira articulada com a política <strong>do</strong> turismo e atração de trabalha<strong>do</strong>res<br />

criativos, que quan<strong>do</strong> não conduzi<strong>do</strong> pode incrementar polarizações sociais<br />

e, na ausência <strong>do</strong> envolvimento comunitário, promover um esfacelamento<br />

das relações locais e a exclusão de pequenos empreendimentos criativos e<br />

da diversidade.<br />

4. Economia criativa como estratégia de desenvolvimento, desmembran<strong>do</strong>-se<br />

em duas abordagens complementares. A primeira tem por base o<br />

reconhecimento da criatividade, portanto <strong>do</strong> capital humano, para o fomento<br />

de uma integração de objetivos sociais, culturais e econômicos, diante de<br />

um modelo de desenvolvimento global pós-industrial excludente, portanto<br />

198


insustentável. Nesse antigo paradigma a diversidade cultural e as culturas<br />

em geral podem ser vistas como obstáculos ao desenvolvimento, em vez de<br />

nutrientes de criatividade e de resolução <strong>do</strong>s entraves sociais e econômicos.<br />

A segunda abordagem aponta como as mudanças econômicas e em<br />

especial as novas tecnologias alteram os elos de conexão entre a cultura<br />

(das artes ao entretenimento) e a economia, abrin<strong>do</strong> um leque de oportunidades<br />

econômicas baseadas em empreendimentos criativos. Ao apoiar-se<br />

na criatividade individual, permitir a formalização de pequenos negócios e<br />

apresentar baixas barreiras de entrada, a economia criativa promoveria a<br />

geração de renda e emprego.<br />

Unin<strong>do</strong> os temas <strong>–</strong> criatividade, cultura e novas tecnologias - a economia<br />

criativa é embalada pelo tão almeja<strong>do</strong> desenvolvimento sustentável.<br />

Defendi<strong>do</strong> pelo prêmio Nobel de economia Amartya Sem (1999), que define<br />

desenvolvimento como o processo de ampliação de liberdades de escolhas.<br />

Escolhas pressupõem capacidade de decisão. Decisão envolve democracia<br />

de acesso ao conhecimento, ao consumo, à cultura, aos direitos políticos.<br />

Educação, consumo, cultura e política passam a ser reconheci<strong>do</strong>s como peças<br />

complementares e interdependentes. Com isso, benefícios econômicos e<br />

sociais tornam-se vasos comunicantes. O crescimento econômico não pode<br />

ser associa<strong>do</strong> automaticamente ao desenvolvimento social e cultural.<br />

Para Sen (1999), iniciativas de criar programas e projetos que favoreçam<br />

a equidade e igualdade e estimulam melhores serviços públicos de<br />

educação e saúde, enquanto impulsionam o crescimento econômico e possibilitam<br />

a governabilidade democrática.<br />

2.3 A economia criativa como ferramenta na gestão pública<br />

Para entendermos a criatividade no território urbano, é preciso antes<br />

de tu<strong>do</strong> salientar que a cidade é um ser vivo. Geograficamente localiza<strong>do</strong>,<br />

fisicamente assenta<strong>do</strong> em um traça<strong>do</strong> viário, administrativamente<br />

autônomo mas, acima de tu<strong>do</strong>, em constante mutação. Afinal, a cidade é<br />

formada por pessoas e suas relações físicas, sociais, culturais e econômicas<br />

(REIS; MARCO, 2009, p. 235).<br />

Já o para a UNESCO (2008), governar uma cidade não é uma tarefa<br />

fácil, dada a importância <strong>do</strong>s assuntos que os toma<strong>do</strong>res de decisão têm de<br />

enfrentar. Entretanto, bem administradas, as cidades podem promover mudanças,<br />

progresso social e diversidade cultural.<br />

Ana Carla Fonseca Reis (2008) destaca que, a singularidade da cultura<br />

de um povo confere valor agrega<strong>do</strong> aos seus produtos criativos e proporciona<br />

uma vantagem competitiva inimitável. Não há como copiar o substrato<br />

cultural que caracteriza determinadas produções e suas manifestações.<br />

199


A UNESCO possui a visão de que, as cidades são lugares únicos de<br />

manifestação da diversidade, sen<strong>do</strong> laboratórios vivos da cultura. Seja o foco<br />

de interesse o patrimônio herda<strong>do</strong> ou as atividades criativas, a cidade é onde<br />

a criatividade e as relações humanas se fundem. Para que esse fermento<br />

beneficie a sociedade e os indivíduos, as autoridades locais devem desempenhar<br />

o papel de coadjuvantes e facilita<strong>do</strong>res.<br />

2.3.1 Semelhanças das cidades criativas<br />

As cidades criativas (UNESCO, 2008) são aquelas capazes de se<br />

transformar socioeconomicamente e mudar as relações que estabelecem com<br />

o mun<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> por base sua própria essência, é claro que os exemplos bem-<br />

-sucedi<strong>do</strong>s em um contexto não são transportáveis para outro. Existe, porém,<br />

semelhanças fundamentais aos mais diversos casos, independentemente da<br />

localização ou <strong>do</strong> porte da cidade, que Reis(REIS,2008.p. 141,142) destaca:<br />

• a organização de um projeto cultural como catalisa<strong>do</strong>r de um programa<br />

complexo, transforma<strong>do</strong>r e transversal a diferentes setores (economia,<br />

meio ambiente, turismo, educação);<br />

• o reconhecimento da necessidade de uma transformação profunda,<br />

motivada por uma situação de crise econômica e social (estagnação econômica,<br />

violência, desesperança, baixa auto-estima), em cumplicidade com<br />

uma determinação inequívoca de sobrepujar obstáculos;<br />

• a apropriação <strong>do</strong> programa pela comunidade, ainda que inicialmente<br />

não seja ela a protagonista;<br />

• a identificação de traços distintivos (ainda que latentes) da cultura<br />

local, cuja originalidade é percebida e apreciada pelo olhar de quem é de<br />

fora. Com isso, quebra-se a falsa dicotomia entre preservação da cultura local<br />

e abertura para o turismo e se garante a continuidade <strong>do</strong> turismo mesmo<br />

fora <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de realização <strong>do</strong> projeto;<br />

• o apelo a um turista qualifica<strong>do</strong>, que entende a cidade como a casa<br />

de sua anfitriã e procura conhecê-la e vivenciá-la com respeito;<br />

• a aliança entre as instituições públicas, privadas e <strong>do</strong> terceiro setor,<br />

com governança claramente definida, não importan<strong>do</strong> qual <strong>do</strong>s três tenha se<br />

destaca<strong>do</strong> no início desse processo de transformação;<br />

• o investimento na qualificação <strong>do</strong>s recursos locais, na capacitação<br />

de crianças e jovens e na organização de atividades de conscientização e<br />

expansão da capacidade de raciocínio da comunidade;<br />

• a visão de que a sustentabilidade cultural local é dependente de sua<br />

sustentabilidade econômica. Isso não equivale a dizer que o valor de merca<strong>do</strong><br />

se sobreponha aos valores culturais, mas sim que as duas esferas são<br />

complementares e necessárias para que a comunidade tenha a possibilidade<br />

200


de fazer suas próprias escolhas;<br />

• o combustível cultural de altíssima octanagem que se dá pelo rompimento<br />

das fronteiras entre erudito e popular, externo e local, grande nome<br />

e jovem talento.<br />

A autora ainda conclui que “é preciso reconhecer que a criatividade<br />

é recurso necessário, mas não suficiente, para que a economia criativa<br />

se desenvolva” (REIS 2008. p.142). Governança, infra-estrutura, tecnologia,<br />

comunicações e educação com um perfil diferencia<strong>do</strong> são elos para sustentar<br />

um processo de desenvolvimento ancora<strong>do</strong> na economia criativa, finaliza<br />

Reis(2008).<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

A meto<strong>do</strong>logia da pesquisa baseia-se na construção de um estu<strong>do</strong><br />

de caso, descrito como um termo guarda-chuva para uma família de méto<strong>do</strong>s<br />

de pesquisa cuja principal preocupação é a interação entre fatores e eventos<br />

(MORESI, 2003), levan<strong>do</strong>-se em consideração que as atenções foram<br />

voltadas para apenas uma Oktoberfest, a de 2009, este se caracteriza por<br />

desenvolver uma pesquisa exploratória, descritiva, já que seu tema é economia<br />

criativa e seu objetivo especifico efetuar o levantamento da historia da<br />

Oktoberfest relatan<strong>do</strong> o aspecto cultural da festa.<br />

O estu<strong>do</strong> de caso consiste em uma investigação, com vistas a prover<br />

uma análise <strong>do</strong> contexto e <strong>do</strong>s processos envolvi<strong>do</strong>s no fenômeno em<br />

estu<strong>do</strong>. O fenômeno não está isola<strong>do</strong> de seu contexto (como nas pesquisas<br />

de laboratório), já que o interesse <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r é justamente essa relação<br />

entre o fenômeno e seu contexto. A abordagem de estu<strong>do</strong> de caso não é um<br />

méto<strong>do</strong> propriamente dito, mas uma estratégia de pesquisa (MORESI, 2003).<br />

As principais características ainda segun<strong>do</strong> o autor: da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s<br />

por diversos meios; pesquisa dirigida aos estágios de exploração, classificação<br />

e desenvolvimento de hipóteses <strong>do</strong> processo de construção <strong>do</strong> conhecimento.<br />

Esta pesquisa tem ainda como procedimento de investigação a pesquisa<br />

bibliográfica e de entrevistas não-estruturadas, com a secretaria de<br />

Turismo, Esporte e Lazer, Marla Hansen, durante suas folgas entre um evento<br />

e outro, terá uma abordagem qualitativa, porque procura dialogar sobre a<br />

economia criativa na administração pública.<br />

4 A cidade <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> de caso<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul é um <strong>do</strong>s principais núcleos da colonização alemã<br />

<strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, localiza-se no <strong>Centro</strong> Oriental Rio-Grandense e<br />

na Microregião de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. Com uma população estimada pelo<br />

201


IBGE(2009), em 2009, em 122.451 habitantes, é o pólo de uma área denominada<br />

Vale <strong>do</strong> Rio Par<strong>do</strong>.<br />

O Município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul situa-se na região central <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul, à 150km da capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> (Porto Alegre). Tem hoje uma<br />

população estimada em 120.000 habitantes, sen<strong>do</strong> a maioria na zona urbana<br />

<strong>do</strong> Município. <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul contribui para o desenvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> uma das dez maiores economias <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, segun<strong>do</strong><br />

Assemp (2009).<br />

Seguin<strong>do</strong> ainda informações da Assemp, possui uma matriz econômica<br />

oscilante em função da produção de tabaco e seus empregos temporários.<br />

Igualmente, trata-se da cidade pólo da região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Taquari e Rio<br />

Par<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que quinze (15) municípios fazem parte <strong>do</strong> entorno de <strong>Santa</strong><br />

<strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, são eles: Barros Cassal, Boqueirão <strong>do</strong> Leão, Encruzilhada <strong>do</strong><br />

Sul, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo <strong>do</strong> Sobra<strong>do</strong>, Rio Par<strong>do</strong>,<br />

Sinimbu, Vale <strong>do</strong> Sol, Vale Verde, Venâncio Aires, Vera <strong>Cruz</strong>, Grama<strong>do</strong> Xavier<br />

e Ibarama.<br />

É referência regional destacan<strong>do</strong>-se na indústria, comércio, agricultura,<br />

gastronomia, artesanato e turismo. Recebe em média 800mil turistas por<br />

ano em negócios e eventos( ASSEMP, 2009).<br />

A cidade possui uma boa infra-estrutura para eventos, conquistan<strong>do</strong><br />

com isso o Selo Prioritário para o Desenvolvimento <strong>do</strong> Turismo. Tem dezesseis<br />

hotéis e cinco motéis, dispon<strong>do</strong>, assim, de 1900 leitos. Mais de trinta<br />

restaurantes, mais de cinco cafés coloniais, mais de oito pizzarias além de<br />

um grande número de bares, oferecen<strong>do</strong> à comunidade a aos turistas uma<br />

variada gastronomia, da<strong>do</strong>s da prefeitura.<br />

O principal evento de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul é a Oktoberfest, uma festa<br />

popular germânica, que teve origem com o fim da Festa Nacional <strong>do</strong> Fumo,<br />

a FENAF, que começou a ser realizada em 1966 e durou até 1978, quan<strong>do</strong><br />

aconteceu sua 3ª e última edição. Ao longo <strong>do</strong>s anos, paralelamente à festa<br />

acontece uma feira de exposições de comerciantes, agricultores e indústrias<br />

da região e <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> expõem e divulgam seus produtos e serviços. A feira<br />

já teve vários nomes, que incluem FEICAP (“Feira Industrial, Comercial<br />

e Agropecuária”, que surgiu em 1994), Feirasul (a partir de 2001) e, mais<br />

recentemente, Oktoberfeira (desde a edição de 2005). Fala-se o português<br />

(idioma fala<strong>do</strong> pela maioria da população e também o oficial <strong>do</strong> Brasil), o alemão<br />

(incluin<strong>do</strong> dialetos como o Hunsrückisch) e, entre os negócios de fumo,<br />

é fala<strong>do</strong> na sua maioria o inglês.<br />

Porém além da Oktoberfest a cidade possui uma bela amostra de<br />

prédios antigos, e outros pontos turísticos como Aeroporto Luiz Beck da Silva,<br />

Autódromo Internacional de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, Casa das Artes Regina Simonis,<br />

Casa <strong>do</strong> Turista, Catedral São João Batista, <strong>Centro</strong> de Cultura Jornalista<br />

202


Francisco José Frantz, Country Club, Ginásio Poliesportivo, Igreja Evangélica<br />

de Confissão Luterana, Monumento ao Imigrante Alemão, Museu <strong>do</strong> Colégio<br />

Mauá, Parque da Gruta, Parque da Oktoberfest, Parque da <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong>,<br />

Parque de Eventos, Praça Getúlio Vargas, Prédio <strong>do</strong> Unibanco, Prefeitura<br />

Municipal, Santuário Schoenstatt, Túnel Verde e o Skate Parque Municipal,<br />

segun<strong>do</strong> a secretaria de Turismo.<br />

4.1 Análise e discussão <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

Desde 1984, <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul realiza a Oktoberfest, como uma homenagem<br />

aos antepassa<strong>do</strong>s baseada na vivência cotidiana de valores culturais<br />

<strong>do</strong>s imigrantes que colonizaram a região. A Festa de Outubro é estandarte<br />

da cidade, representan<strong>do</strong> a tradição alemã, seus hábitos e costumes (<br />

ASSEMP,2009).<br />

É a maior festa germânica de to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong>, e a terceira maior festa<br />

<strong>do</strong> gênero <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Desfiles de rua, apresentações folclóricas, shows nacionais<br />

e bailes típicos são algumas das atrações apresentadas.<br />

Mais de 30 bandinhas alemãs são contratadas para animar a festa<br />

com mais de 480 horas de baile. Os bonecos típicos Fritz e Frida, Max e<br />

Milli são grandes atrações e dão a dimensão da descontração <strong>do</strong> evento.<br />

O cenário desta grande festa é o Parque da Oktoberfest, área verde de 143<br />

mil metros quadra<strong>do</strong>s no centro da cidade. Nele encontram-se o moderno<br />

Ginásio Poliesportivo e Cultural <strong>do</strong> Município - palco <strong>do</strong>s shows de abertura<br />

da Oktoberfest e <strong>do</strong> Kinderplats com capacidade para abrigar 10 mil pessoas<br />

sentadas - e o amplo Pavilhão Central, onde se realizam os bailes típicos com<br />

capacidade para 2 mil pessoas.<br />

A 25ª Oktoberfest e Feirasul, realizadas de 7 à 18 de outubro, no Parque<br />

da Oktoberfest, em <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, reuniram um público pagante de<br />

125,6 mil pessoas, de acor<strong>do</strong> com a Associação de Entidades Empresariais<br />

de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> (Assemp), parceira da Prefeitura na organização <strong>do</strong>s eventos.<br />

Os shows nacionais, realiza<strong>do</strong>s no Ginásio Poliesportivo por Fábio Jr., Eric &<br />

Matheus, Nenhum de Nós e Inimigos da HP, atraíram mais 10,3 mil pagantes.<br />

Em 2009 a 25ª Oktoberfest e Feirasul, em vários setores, expositores<br />

e organiza<strong>do</strong>res comemoram os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, o coordena<strong>do</strong>r da Feirasul,<br />

Jahn Brasil, ressalta as boas vendas <strong>do</strong>s mais de 140 expositores distribuí<strong>do</strong>s<br />

nos Pavilhões 2, 3 e 4. “Ultrapassamos nossa projeção inicial, que era<br />

de R$ 12 milhões, em 12%”, enfatizou. Os setores que lideraram as vendas,<br />

pela ordem, foram vestuário, artigos de cama, mesa e banho, indumentária<br />

gaúcha, utilidades <strong>do</strong>mésticas e bazar.<br />

A 25º Oktoberfest foi realizada pela Associação das Entidades Empresariais<br />

de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, a festa completou 25 anos e a comissão or-<br />

203


ganiza<strong>do</strong>ra buscou realizar um evento que se torne um marco para a cidade<br />

e o Brasil.<br />

5 Considerações finais<br />

Consideran<strong>do</strong> o problema de pesquisa a economia criativa, focada<br />

na cultura, ´re preciso retomar o questionamento inicial deste trabalho: é a<br />

economia criativa uma importante ferramenta de gestão pública? Ao analisarmos<br />

a Oktoberfest, de 2009, tu<strong>do</strong> leva a crer que sim, pois atrai turistas para<br />

a cidade, consideran<strong>do</strong> a população de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, em 2009 era de<br />

122.451 habitantes, segun<strong>do</strong> IBGE, recebeu um publico pagante de 125,6 mil<br />

pessoas, fomenta a economia através da exposição de artesãos locais nos<br />

pavilhões, mais de R$12 milhões em vendas.<br />

Essas observações levam a pensar que vale a pena investir no regional,<br />

através de políticas publicas de incentivo a criatividade, através de<br />

manifestações da cultura regional, existem outras tantas faces da economia<br />

criativa, uma vez que ela não leva em conta o material, pois este é finito e não<br />

a interessa, o intangível por sua vez é ilimita<strong>do</strong> o que amplia a liberdade de<br />

escolhas, o que gera a possibilidade de futuras pesquisas nessa área já que<br />

a economia criativa tem como base o desenvolvimento regional precisa ser<br />

entendida sistemicamente e não setorial.<br />

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205


206


ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />

LOJA DE CONVENIÊNCIAS EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS<br />

RESUMO<br />

207<br />

Ligia Tatsch Unfer 1<br />

Daniel Bartz 2<br />

Este estu<strong>do</strong> se concentra na área de gestão empresarial, ten<strong>do</strong> como principal<br />

objetivo estudar a viabilidade financeira de implantação de uma loja<br />

de conveniências AM/PM junto a um posto de combustíveis, como forma de<br />

ampliação <strong>do</strong>s negócios. O estu<strong>do</strong> da viabilidade financeira é importante para<br />

que se diminuam os riscos de tal investimento, uma vez que são muitas as<br />

variáveis que podem influenciar nos resulta<strong>do</strong>s. Para o atendimento <strong>do</strong>s objetivos<br />

da pesquisa, em relação aos procedimentos utilizou-se o estu<strong>do</strong> de<br />

caso, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong> de forma quantitativa no que diz respeito a análise<br />

de viabilidade e também de forma qualitativa nos aspectos relativos à gestão.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostram que não é viável neste momento a abertura da<br />

loja padronizada AM/PM, pois o investimento seria recupera<strong>do</strong> num prazo<br />

superior ao pretendi<strong>do</strong> pela empresa. Evidenciam, ainda, que, a partir destes<br />

resulta<strong>do</strong>s, a direção da empresa optou por abrir uma loja própria, não padronizada,<br />

por entender que o negócio irá atender ao desejo de sua clientela e<br />

propiciará bons resulta<strong>do</strong>s.<br />

Palavras-chave: Planejamento, Análise de investimentos, Viabilidade financeira<br />

ABSTRACT<br />

This study focuses on the area of business management, with the primary<br />

objective to study the financial feasibility of deploying a convenience store<br />

AM / PM near a petrol station as a way to expand the business. The study of<br />

financial viability is important to help reduce the risks of such investment, since<br />

there are many variables that can influence the results. For the attendance<br />

of the research objectives in relation to procedures used the case study were<br />

analyzed quantitatively with respect to feasibility analysis and also in a qualita-<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Mestre em Ciências Contábeis, professor da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


tive aspects relating to management. The results show that it is not feasible at<br />

this time opening the store standard AM / PM, because the investment would<br />

be recovered within a period greater than that intended by the company. Show<br />

also that, from these results, the company’s directors chose to open a shop of<br />

their own, non-standard because it believes that the business will cater to the<br />

desire of their customers and will provide good results.<br />

Key-words: Planning, Investment analysis, Financial feasibility<br />

1 Introdução<br />

O êxito de algum empreendimento em geral está atrela<strong>do</strong> a realização<br />

de um bom planejamento. Questões estratégicas e operacionais são<br />

discutidas e avaliadas criteriosamente a fim de permitir ao gestor a tomada<br />

da decisão mais acertada para a empresa naquele momento. Neste senti<strong>do</strong>,<br />

o tema aborda<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> é a análise da viabilidade financeira de<br />

implantação de uma loja de conveniências AM/PM junto a um posto de combustíveis.<br />

Esta análise é importante para que a empresa possa avaliar se o<br />

investimento é viável e qual sua perspectiva de obter sucesso.<br />

Quan<strong>do</strong> se pensa em levar adiante um investimento desta ordem, um<br />

<strong>do</strong>s primeiros aspectos discuti<strong>do</strong>s são os custos, buscan<strong>do</strong>-se elencar tu<strong>do</strong> o<br />

que envolve o projeto, desde a instalação até o sortimento da loja, deven<strong>do</strong><br />

os recursos ser amplamente planeja<strong>do</strong>s. Clemente (2006) considera que a<br />

primeira idéia que surge quan<strong>do</strong> se pensa em investir é a de que esta decisão<br />

depende <strong>do</strong> retorno espera<strong>do</strong>, pois quanto maior for o ganho futuro que<br />

pode ser obti<strong>do</strong> de certo investimento, tanto mais atraente esse investimento<br />

parecerá para qualquer investi<strong>do</strong>r.<br />

O investi<strong>do</strong>r neste momento já se depara com uma questão muito<br />

importante: como avaliar os ganhos futuros de certa alternativa de investimento?<br />

Consideran<strong>do</strong> estas questões, tem-se como objetivo geral estudar<br />

aspectos que envolvem a implantação de uma loja de conveniências AM/<br />

PM, analisan<strong>do</strong> a viabilidade financeira <strong>do</strong> empreendimento. Desta maneira,<br />

buscam-se informações e conhecimentos relaciona<strong>do</strong>s ao tema, a fim<br />

de responder a seguinte questão problema: qual a viabilidade financeira de<br />

ampliação das atividades empresariais, através da abertura de uma loja de<br />

conveniências AM/PM junto a um posto de combustíveis?<br />

Para tanto, de mo<strong>do</strong> mais especifico buscou-se: [a] realizar um diagnóstico<br />

de interesse para ver se os clientes <strong>do</strong> posto realmente desejavam<br />

a implantação de uma loja de conveniências e quais os principais itens que<br />

consumiriam; [b] mensurar os custos para instalação de uma loja AM/PM; [c]<br />

208


avaliar a viabilidade financeira <strong>do</strong> investimento através das técnicas de payback,<br />

valor presente líqui<strong>do</strong> (VPL) e taxa interna de retorno (TIR).<br />

A realização deste estu<strong>do</strong> justifica-se pelo desejo que os gestores<br />

têm em relação à expansão da empresa. Neste senti<strong>do</strong>, a possibilidade de<br />

avaliar a viabilidade financeira de ampliação <strong>do</strong> negócio a partir da utilização<br />

de técnicas específicas faz com que os gestores possam reduzir as incertezas<br />

e tenham subsídios mais confiáveis para a tomada de decisão de investir<br />

ou não na implantação da loja de conveniências. Acredita-se que tal investimento<br />

possa ser o início de uma grande alavancagem nas vendas <strong>do</strong> próprio<br />

posto. Assim, aborda-se a seguir alguns conceitos teóricos pertinentes ao<br />

tema e após a meto<strong>do</strong>logia aplicada à pesquisa, sen<strong>do</strong> posteriormente apresenta<strong>do</strong><br />

o estu<strong>do</strong> de caso.<br />

2 Avaliação da viabilidade de implantação de uma loja de conveniências<br />

As lojas de conveniências surgiram nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, em maio de<br />

1927. Um opera<strong>do</strong>r de uma das lojas da The Southland Ice Company (casa<br />

de gelo em barra tradicional em Dallas) observou que muitos de seus clientes<br />

desejavam comprar alguns produtos básicos, como pão, leite, ovos, depois<br />

que as lojas da vizinhança já estavam fechadas (BR MANIA, 2004). A loja<br />

precisava ser conveniente para esses consumi<strong>do</strong>res e passou então a funcionar<br />

das sete horas da manhã às onze da noite, o que lhe deu o nome de<br />

Seven-Eleven. Anos depois, a Seven-Eleven estendeu o atendimento para<br />

24 horas por dia, sete dias por semana.<br />

Mais tarde, o desenvolvimento industrial nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s pós Segunda<br />

Guerra Mundial e o novo posicionamento econômico <strong>do</strong> país, contribuíram<br />

com a mudança no mo<strong>do</strong> de vida <strong>do</strong>s americanos. Foi neste cenário<br />

que o conceito inicia<strong>do</strong> em Dallas ganhou força. Algumas lojas passaram<br />

a vender, inclusive, gasolina no sistema self-service. Em 1970, acontece o<br />

batismo oficial. O que era até então um conceito passou a receber o investimento<br />

das grandes companhias americanas de petróleo. Elas reconheceram<br />

a inovação <strong>do</strong> sistema, que criou uma alternativa adequada e aceita pelo<br />

consumi<strong>do</strong>r americano.<br />

A partir de uma loja pequena, veio a idéia da praticidade, um verdadeiro<br />

movimento de conveniência. As lojas de conveniências eram estrategicamente<br />

localizadas. O que propagou este conceito foi exatamente a busca<br />

<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r por conforto e comodidade. As lojas de conveniências aproveitaram<br />

a oportunidade e se instalaram em locais onde os supermerca<strong>do</strong>s<br />

não conseguiram.<br />

Kotler (1998) define lojas de conveniência como sen<strong>do</strong> lojas relativamente<br />

pequenas, localizadas muitas vezes próximas às áreas residenciais,<br />

209


permanecen<strong>do</strong> abertas em horários estendi<strong>do</strong>s, sete dias por semana. Comenta<br />

ainda que essas lojas vendem uma linha limitada de produtos de conveniência<br />

de alta rotatividade. Seu horário de funcionamento amplo e o fato<br />

de os consumi<strong>do</strong>res as procurarem para compras complementares e de última<br />

hora, às caracterizam como estabelecimentos de preços relativamente altos.<br />

No Brasil, as lojas de conveniências quase que em sua totalidade<br />

localizam-se junto aos postos de combustíveis. Na lista de produtos mais<br />

consumi<strong>do</strong>s, poderia citar-se: refrigerante, café, picolé, sorvete, água e lanches<br />

rápi<strong>do</strong>s. Mas embora seja um negócio atrativo e promissor, também<br />

é necessário que haja a realização de um bom planejamento antes de sua<br />

abertura. Para isto, uma boa iniciativa <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r é avaliar o investimento<br />

utilizan<strong>do</strong>-se de técnicas específicas, a seguir abordadas.<br />

2.1 Avaliação de investimentos<br />

No instante em que uma empresa tem a possibilidade de expandir<br />

seus negócios, uma das primeiras perguntas que se faz é qual a viabilidade<br />

daquele novo empreendimento ter sucesso. A grande questão presente em<br />

uma decisão desta ordem é o grau de risco associa<strong>do</strong> ao negócio. Para Woiler<br />

e Mathias (1988), a análise de risco associada à tomada de decisões pode<br />

ser melhorada com o uso de técnicas de simulação. Assim, o gestor deve<br />

ser prudente ao analisar as opções de investimento, consideran<strong>do</strong> todas as<br />

variáveis presentes no ambiente empresarial.<br />

Para Ross, Westerfield, Jaffe (1995), o investimento deve ser compara<strong>do</strong><br />

com uma alternativa relevante disponível <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> financeiro e<br />

se não for tão atraente é melhor recorrer ao merca<strong>do</strong> em vez de realizar o<br />

projeto. Por isso, é importante que seja realiza<strong>do</strong> um diagnóstico geral da<br />

empresa, que considere previsões sobre indica<strong>do</strong>res econômicos (inflação,<br />

taxa de juros, etc.), assim como a estimativa de receitas, custos e despesas<br />

específicos para a atividade <strong>do</strong> negócio.<br />

Em geral a avaliação de investimentos é realizada a partir da elaboração<br />

<strong>do</strong> fluxo de caixa gera<strong>do</strong> pelo projeto. Para isto, são consideradas<br />

as projeções de vendas, as estimativas de custos e despesas, a política de<br />

crédito a<strong>do</strong>tada pela empresa, entre outras variáveis inerentes a esta projeção.<br />

A relevância destas informações deve ser avaliada criticamente a fim de<br />

verificar sua consistência e ter-se a certeza de que to<strong>do</strong>s os elementos estão<br />

contempla<strong>do</strong>s. O fluxo de caixa é uma medida financeira, portanto, devem<br />

ser contempladas as entradas e saídas efetivas de caixa e não os valores<br />

contábeis projeta<strong>do</strong>s. O valor de um projeto depende de to<strong>do</strong>s os fluxos de<br />

caixa adicionais que se seguem à sua aceitação. Diante disto, um aspecto<br />

pertinente a este tipo de avaliação é que os valores previstos sejam trazi<strong>do</strong>s<br />

210


a valor presente, que em geral é feito utilizan<strong>do</strong>-se uma taxa de desconto.<br />

Para Damodaran (1997), a estimação da taxa de desconto é uma das<br />

mais delicadas etapas da avaliação, refletin<strong>do</strong> aspectos de natureza subjetiva<br />

e variável <strong>do</strong> investi<strong>do</strong>r, tais como custo de oportunidade e a percepção<br />

particular <strong>do</strong> risco <strong>do</strong> investimento. Percebe-se que esta taxa recebe diferentes<br />

denominações, como custo de capital, custo de oportunidade, taxa<br />

de juros, taxa mínima de atratividade (TMA), mas sempre com o efeito de<br />

descontar um fluxo de caixa futuro e trazê-lo a valor presente. Por exemplo,<br />

Gitman (2001) considera o custo de capital como o retorno exigi<strong>do</strong> pelos<br />

financia<strong>do</strong>res de capital para a empresa, e, portanto, a TMA que a empresa<br />

deveria considerar em seus projetos de investimento.<br />

Em relação às técnicas de avaliação de investimentos, o VPL e a<br />

TIR são considera<strong>do</strong>s e denomina<strong>do</strong>s em grande parte da literatura financeira<br />

como os méto<strong>do</strong>s mais tradicionais e eficientes na avaliação de projetos<br />

de investimentos. Além destes <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s, o critério de perío<strong>do</strong> de<br />

Payback também é bastante utiliza<strong>do</strong>, em grande parte, devi<strong>do</strong> ao seu processamento<br />

simples. Assim, a seguir apresentam-se os principais aspectos<br />

destas técnicas.<br />

2.1.1 Payback<br />

Payback é a denominação dada ao perío<strong>do</strong> de recuperação de investimento.<br />

De acor<strong>do</strong> com Dolabela (1999), através desta técnica é possível<br />

prever o tempo necessário para o futuro empreende<strong>do</strong>r recuperar o dinheiro<br />

aplica<strong>do</strong> em um novo negócio, toman<strong>do</strong> por base as entradas líquidas de caixa.<br />

É usa<strong>do</strong> amplamente por pequenas empresas devi<strong>do</strong> ao fato de que seu<br />

cálculo é fácil e, ainda, ao apelo intuitivo. É interpreta<strong>do</strong> como uma medida<br />

de risco, por este motivo usa<strong>do</strong> como critério inicial de decisão ou como complemento<br />

para técnicas de decisão sofisticadas. Isto porque ignora os fatos<br />

ocorri<strong>do</strong>s após a identificação <strong>do</strong> tempo de retorno, poden<strong>do</strong> induzir a erros<br />

de avaliação. No caso de uma anuidade, o perío<strong>do</strong> de payback pode ser encontra<strong>do</strong><br />

dividin<strong>do</strong>-se o investimento inicial pela entrada anual de caixa. Se o<br />

perío<strong>do</strong> a ser analisa<strong>do</strong> for maior que um ano, as entradas anuais devem ser<br />

acumuladas até que o investimento inicial seja recupera<strong>do</strong>.<br />

Os critérios de decisão a partir da análise <strong>do</strong> payback, conforme o entendimento<br />

apresenta<strong>do</strong> por Gitman (2006), são: [1] se o perío<strong>do</strong> de payback<br />

for menor que o perío<strong>do</strong> máximo aceitável de recuperação, o projeto será<br />

aceito; [2] se o perío<strong>do</strong> de payback for maior que o perío<strong>do</strong> máximo aceitável<br />

de recuperação, o projeto será rejeita<strong>do</strong>. O perío<strong>do</strong> máximo aceitável de recuperação<br />

<strong>do</strong> investimento deve ser fixa<strong>do</strong> pela empresa, não haven<strong>do</strong> um<br />

perío<strong>do</strong> padrão. Cada empresa, dentro de suas características e estratégias,<br />

211


deverá encontrar o perío<strong>do</strong> ideal para recuperação de seus investimentos.<br />

Complementarmente ao payback, uma técnica de análise bastante utilizada<br />

é o valor presente líqui<strong>do</strong>, aborda<strong>do</strong> a seguir.<br />

2.1.2 Valor presente líqui<strong>do</strong> (VPL)<br />

Dolabela (1999) descreve que este é um méto<strong>do</strong> sofistica<strong>do</strong> de análise<br />

de investimentos, pois considera o valor <strong>do</strong> dinheiro no tempo. O VPL é<br />

obti<strong>do</strong> subtrain<strong>do</strong>-se o investimento inicial de um projeto <strong>do</strong> valor presente<br />

de suas entradas de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital<br />

da empresa. Para Gitman (2006), o VPL também é considera<strong>do</strong> uma técnica<br />

sofisticada de orçamento de capital.<br />

Para Brealey e Myers (1992, p. 73) são quatro as ações básicas para<br />

o gestor decidir sobre determina<strong>do</strong> investimento: [1] prever os fluxos de caixa<br />

futuros; [2] identificar o custo de oportunidade <strong>do</strong> capital investi<strong>do</strong> que deve<br />

refletir o valor <strong>do</strong> dinheiro no tempo e o risco envolvi<strong>do</strong> no projeto; [3] utilizar<br />

este custo para atualizar os fluxos futuros e somá-los (identificação <strong>do</strong> valor<br />

presente); [4] calcular o VPL, subtrain<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> valor presente o investimento<br />

inicial necessário, vide fórmula.<br />

Nessa fórmula, A é o custo inicial <strong>do</strong> projeto; a representa os fluxos<br />

líqui<strong>do</strong>s de caixa por ano; i é o custo de capital; n é o tempo de vida espera<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> projeto. Os critérios de decisão de aceitação ou de rejeição usa<strong>do</strong>s são:<br />

[1] se o VPL for maior que zero, o projeto deveria ser aceito; [2] se o VPL for<br />

menor que zero, o projeto deveria ser rejeita<strong>do</strong>; [3] se o VPL for nulo é indiferente.<br />

Em outras palavras pode-se dizer que se o VPL for positivo a empresa<br />

terá obti<strong>do</strong> um retorno superior ao seu custo de capital e com isto estará aumentan<strong>do</strong><br />

o seu valor de merca<strong>do</strong> e, assim, a riqueza de seus proprietários.<br />

Adicionalmente ao VPL, recomenda-se ao gestor utilizar a TIR como técnica<br />

de análise para aumentar a qualidade de sua decisão.<br />

2.1.3 Taxa interna de retorno (TIR)<br />

Para Hoji (2006), a TIR é conhecida também como taxa de desconto<br />

<strong>do</strong> fluxo de caixa. Descreve que o conceito de TIR é utiliza<strong>do</strong> para calcular a<br />

taxa de “i” quan<strong>do</strong> existe mais de um pagamento e mais de um recebimento<br />

ou quan<strong>do</strong> as parcelas de pagamento ou recebimento não são uniformes. De<br />

acor<strong>do</strong> com Dolabela (1999), esta deve ser a técnica mais usada para estu<strong>do</strong><br />

de alternativas de investimentos. Este méto<strong>do</strong> requer que seja calculada a<br />

212


taxa de juros que é usada para desconto, que quan<strong>do</strong> aplicada, irá reduzir o<br />

valor presente líqui<strong>do</strong> de determina<strong>do</strong> projeto a valor zero. Com isso é possível<br />

comparar a taxa interna de retorno com essa taxa. Assim, sen<strong>do</strong> r > i:<br />

Nessa fórmula, A é o custo inicial <strong>do</strong> projeto; a representa os fluxos<br />

líqui<strong>do</strong>s de caixa por ano; r é a taxa de desconto procurada (TIR); i é a taxa<br />

de retorno desejada; n é o tempo de vida espera<strong>do</strong> <strong>do</strong> projeto. O critério de<br />

decisão a partir da análise da TIR é aceitar o projeto se a TIR for maior que a<br />

taxa de retorno desejada, ou aban<strong>do</strong>nar o projeto caso a TIR seja menor que<br />

a taxa esperada. Gitman (2006) destaca que talvez a TIR seja a técnica mais<br />

empregada para análise de orçamento de capital. A aplicação prática destas<br />

técnicas é tratada no estu<strong>do</strong> de caso apresenta<strong>do</strong> adiante, em que se utilizou<br />

a meto<strong>do</strong>logia de pesquisa a seguir descrita.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Este estu<strong>do</strong> caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, pois visa<br />

identificar uma série de variáveis que podem servir de apoio quanto à decisão<br />

<strong>do</strong> problema, no caso o estu<strong>do</strong> da viabilidade de investimento. De acor<strong>do</strong><br />

com Gil (1999) a pesquisa descritiva se caracteriza pela utilização de técnicas<br />

padronizadas de coleta de da<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> o objetivo de descrever as<br />

características de determinada população ou fenômeno ou ainda o estabelecimento<br />

de relação entre variáveis.<br />

Para o atendimento <strong>do</strong>s objetivos da pesquisa, em relação aos procedimentos<br />

realizou-se um estu<strong>do</strong> de caso. Gil (1999) afirma que o estu<strong>do</strong> de<br />

caso é caracteriza<strong>do</strong> pelo estu<strong>do</strong> profun<strong>do</strong> e exaustivo de um ou de poucos<br />

objetos, assim permitin<strong>do</strong> o seu conhecimento amplo e detalha<strong>do</strong>. A coleta<br />

primária de da<strong>do</strong>s foi realizada entre os meses de setembro e outubro de<br />

2009, mediante aplicação de entrevista, composta por seis questões fechadas,<br />

junto a uma amostra de 372 clientes <strong>do</strong> posto para avaliar a expectativa<br />

em relação à implantação da loja de conveniências. Dessa amostra, 72 pessoas<br />

não responderam a entrevista.<br />

Esse levantamento, além de identificar a expectativa da clientela foi<br />

utiliza<strong>do</strong> para identificar o provável nível de consumo <strong>do</strong>s principais produtos.<br />

Para propiciar maior cientificidade à pesquisa, os da<strong>do</strong>s foram trata<strong>do</strong>s<br />

no software Sphinx. Também foram identificadas junto a um consultor da<br />

franquea<strong>do</strong>ra as configurações de loja possíveis de serem implantadas para<br />

mensuração <strong>do</strong>s custos de implantação e manutenção da loja de conveniências.<br />

Utilizou-se ainda, entrevista não estruturada com o gerente de uma<br />

213


franqueada localizada em outro município e com os diretores da empresa<br />

estudada para validação de informações estratégicas pertinentes ao objetivo<br />

<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. A partir destes da<strong>do</strong>s, projetaram-se as receitas, os custos e as<br />

despesas, necessários à avaliação <strong>do</strong> investimento.<br />

A análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>tou as pesquisas quantitativa e qualitativa.<br />

Para Collis e Hussey (2005), a pesquisa qualitativa tem um méto<strong>do</strong> que é<br />

mais subjetivo, envolve examinar e refletir as percepções. A pesquisa quantitativa,<br />

por sua vez, tem um méto<strong>do</strong> objetivo e foca<strong>do</strong> na mensuração de fenômenos.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, a abordagem quantitativa está presente na projeção<br />

<strong>do</strong>s fluxos de caixa <strong>do</strong> investimento pretendi<strong>do</strong> pela empresa e, a partir deste,<br />

nos cálculos pertinentes à análise de projetos (Payback, VPL, TIR) a seguir<br />

analisa<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> de caso.<br />

4 Estu<strong>do</strong> de caso<br />

4.1 Caracterização da empresa<br />

Este estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> em um posto de combustíveis que revende<br />

a marca Ipiranga, localiza<strong>do</strong> no centro de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, no vale <strong>do</strong> Rio<br />

Par<strong>do</strong>. Além de vender combustíveis em geral e afins, também oferece o serviço<br />

de lavagem de veículos e revenda de gás GLP. É uma empresa familiar<br />

que optou pela administração profissional para o gerenciamento <strong>do</strong>s negócios.<br />

O posto está localiza<strong>do</strong> em prédio próprio, com área de 2.003 m² entre<br />

pista de abastecimento, escritório, depósitos e garagens, to<strong>do</strong>s adequa<strong>do</strong>s<br />

conforme prevê a legislação.<br />

É um segmento que necessita de um bom controle de manutenção<br />

de licenças de operação, tratamento de lo<strong>do</strong> oriun<strong>do</strong> de lavagens, recolhimento<br />

de óleo usa<strong>do</strong> e outros materiais altamente poluentes ao meio ambiente.<br />

A empresa iniciou suas atividades em dezembro de 1949. Atualmente<br />

conta com uma força de trabalho de 17 colabora<strong>do</strong>res, distribuí<strong>do</strong>s nos setores<br />

de direção, administração e operação. Alguns valores estão bem enraiza<strong>do</strong>s<br />

nesta organização, tais como: ética, responsabilidade, transparência<br />

em suas transações, motivação da força de trabalho, comprometimento e<br />

responsabilidade com to<strong>do</strong>s os atores sociais.<br />

4.2 Diagnóstico de interesse <strong>do</strong>s clientes em relação à loja de<br />

conveniências<br />

Sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> diagnosticar o grau de interesse<br />

<strong>do</strong>s clientes em ter à disposição uma loja de conveniências junto ao posto de<br />

combustíveis, descreve-se a seguir os principais resulta<strong>do</strong>s da pesquisa. Tal<br />

214


diagnóstico foi realiza<strong>do</strong> a partir de entrevista, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> aplicada especificamente<br />

a uma amostra de 372 clientes <strong>do</strong> posto. Desta amostra, 72 clientes<br />

não responderam a entrevista, na maioria <strong>do</strong> gênero feminino, afirman<strong>do</strong> não<br />

ter tempo ou não ser o momento apropria<strong>do</strong> para respondê-la. Sen<strong>do</strong> assim,<br />

300 entrevistas foram válidas e serviram de base para a análise. Destes, 73%<br />

<strong>do</strong>s respondentes são <strong>do</strong> gênero masculino.<br />

Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s a respeito da freqüência com que costumam<br />

ir ao posto, a grande maioria <strong>do</strong>s respondentes afirmaram freqüentar o posto<br />

em média três vezes por semana. Por outro la<strong>do</strong>, 12,3% afirmaram que<br />

quase nunca freqüentam este posto. Em relação à idade, constatou-se que<br />

57,3% <strong>do</strong>s respondentes ter mais de 35 anos. Este número já era espera<strong>do</strong><br />

pela direção da empresa, pelo fato de o posto ser um <strong>do</strong>s pioneiros na<br />

cidade e pela cultura <strong>do</strong> povo local, que devi<strong>do</strong> a questões próprias da colonização<br />

alemã, mantém certas tradições, como por exemplo, o conserva<strong>do</strong>rismo.<br />

Não foi raro durante a aplicação <strong>do</strong>s questionários relatos <strong>do</strong> tipo:<br />

“meu pai já abastecia neste posto quan<strong>do</strong> eu era criança”. A gerência vem,<br />

ao longo <strong>do</strong>s anos, buscan<strong>do</strong> constantemente aperfeiçoar o atendimento, a<br />

fim de manter estes clientes satisfeitos e cada vez mais fiéis ao posto, geração<br />

após geração.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostram que 50% <strong>do</strong>s clientes costumam realizar compras<br />

em lojas de conveniências. Por outro la<strong>do</strong>, um fato que chamou a atenção<br />

é que 88% <strong>do</strong>s clientes gostariam que o posto oferecesse esta opção de<br />

loja. Infere-se, assim, que parte <strong>do</strong>s 50% que não costumam utilizar este tipo<br />

de loja passaria a utilizar caso o posto oferecesse este serviço. Acredita-se<br />

que parte destas respostas tenha advin<strong>do</strong> daqueles clientes considera<strong>do</strong>s “fiéis”<br />

ao posto e que, devi<strong>do</strong> a isto, não costumavam realizar compras em lojas<br />

de conveniências localizadas em outros postos. Apenas 37 pessoas responderam<br />

que não gostariam que o posto oferecesse este serviço. Analisan<strong>do</strong>-se<br />

mais detalhadamente esta variável, verificou-se que coincide com as pessoas<br />

que afirmaram quase nunca freqüentarem este posto.<br />

Ao manifestar o interesse pela loja o cliente era questiona<strong>do</strong> quanto<br />

ao consumo de alguns itens que em geral são os principais neste segmento.<br />

A entrevista foi composta com freqüência de consumo em uma escala de 1<br />

a 7 vezes por semana ou eventualmente. Um fator limita<strong>do</strong>r da pesquisa foi<br />

o fato de que houve uma preocupação bastante grande <strong>do</strong>s clientes quanto<br />

a esta resposta. Isto fez com que a alternativa “eventualmente” tivesse uma<br />

freqüência de respostas muito grande. Diante disto, a direção da empresa entende<br />

que esta opção deve ser considerada como forte intenção de consumo,<br />

especialmente devi<strong>do</strong> à maioria das respostas ter si<strong>do</strong> dada pela clientela<br />

mais fiel <strong>do</strong> posto. Apresenta-se a seguir no quadro 1 os resulta<strong>do</strong>s mais<br />

significativos.<br />

215


QUADRO 1 <strong>–</strong> Freqüência de intenção de compra <strong>do</strong>s itens mais relevantes<br />

Produtos/Freqüência<br />

1 a 3 vezes<br />

por semana<br />

4 a 7 vezes<br />

por semana<br />

216<br />

Eventualmente Nunca compraria<br />

Sorvetes/picolés 50 06 183 24<br />

Café expresso 24 19 161 59<br />

Cervejas 29 06 120 108<br />

Refrigerante 47 11 183 22<br />

Água 44 08 171 40<br />

Lanches rápi<strong>do</strong>s 42 13 160 48<br />

Carvão 06 01 123 133<br />

Salgadinhos 29 04 100 130<br />

Doces, balas, chicletes 31 06 99 127<br />

Cigarros 14 08 43 198<br />

Higiene pessoal 09 01 143 110<br />

Pela análise <strong>do</strong> quadro 1 destaca-se o fato de que a maioria <strong>do</strong>s<br />

participantes da pesquisa optou pela resposta “eventualmente”. Contu<strong>do</strong>, as<br />

pessoas justificavam sua escolha verbalizan<strong>do</strong> que seriam freqüenta<strong>do</strong>res<br />

assíduos da loja de conveniências, porém não gostariam de precisar quantas<br />

vezes por semana iriam comprar. Os respondentes, devi<strong>do</strong> ao relacionamento<br />

manti<strong>do</strong> com o posto há vários anos, não queriam influenciar negativamente<br />

os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa, até mesmo porque a idéia da pesquisa lhes foi<br />

muito satisfatória.<br />

Percebe-se, também, que os produtos com maior intenção de consumo<br />

foram bebidas, lanches rápi<strong>do</strong>s, sorvetes/picolés e itens de higiene pessoal.<br />

O item com menor intenção de compra foi no departamento de tabacaria,<br />

o que já era espera<strong>do</strong>. No setor de bebidas, refrigerantes e água são os itens<br />

pre<strong>do</strong>minantes. O item cerveja não seria consumi<strong>do</strong> por aproximadamente<br />

40% <strong>do</strong>s clientes, o que pode estar relaciona<strong>do</strong> à atual legislação de trânsito.<br />

Produtos como carvão, salgadinhos, bomboniere e itens de higiene pessoal<br />

apresentaram uma intenção de consumo ao re<strong>do</strong>r de 50% aproximadamente.<br />

Contu<strong>do</strong>, são produtos que necessitam fazer parte <strong>do</strong> mix de produtos da<br />

loja, mesmo que tenham baixa margem de lucro ou apresentem baixo giro.<br />

Após o diagnóstico de interesse <strong>do</strong>s clientes <strong>do</strong> posto em dispor da<br />

loja de conveniências, da mensuração <strong>do</strong>s prováveis produtos a serem consumi<strong>do</strong>s,<br />

da estimativa de freqüência de consumo por parte <strong>do</strong>s clientes, a<br />

direção da empresa entendeu ser interessante investir na implantação de<br />

uma loja de conveniências haja vista a expectativa mostrada pelos clientes.<br />

Diante disto, realizou-se um estu<strong>do</strong> de viabilidade financeira, o qual é apresenta<strong>do</strong><br />

a seguir.


4.3 Estu<strong>do</strong> de viabilidade da implantação da loja de conveniências AM/PM<br />

Consideran<strong>do</strong> a aceitação <strong>do</strong>s clientes em dispor da loja de conveniências,<br />

os gestores da empresa decidiram fazer a análise de viabilidade financeira<br />

para uma possível implantação. Como o posto opera sob a bandeira<br />

Ipiranga, naturalmente decidiu-se por analisar o investimento a partir de uma<br />

loja padrão da companhia, a AM/PM. Este padrão de loja vem se modernizan<strong>do</strong><br />

e expandin<strong>do</strong>-se, fazen<strong>do</strong> inclusive com que a Ipiranga investisse<br />

em um mix próprio de produtos, que conta com hambúrgueres, energéticos,<br />

biscoitos, entre outros.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, inicialmente apresenta-se a projeção <strong>do</strong> fluxo de caixa<br />

<strong>do</strong> projeto, conforme prevê Gitman (2001), para o qual se procurou identificar<br />

as receitas, custos e despesas necessários para que a implantação da loja de<br />

conveniências seja viabilizada. Os parâmetros para a projeção foram obti<strong>do</strong>s<br />

a partir de consultorias técnicas fornecidas por profissionais especializa<strong>do</strong>s<br />

da rede AM/PM e são demonstra<strong>do</strong>s no quadro 2.<br />

QUADRO 2 <strong>–</strong> Projeção de custos para implantação da loja AM/PM<br />

[a] Custo padrão AM/PM para implantação R$ 135.000,00<br />

Taxa de franquia R$ 15.000,00<br />

Equipamentos de loja R$ 95.000,00<br />

Investimento inicial em produtos R$ 25.000,00<br />

[b] Custos próprios de implantação R$ 5.600,00<br />

Adequação da estrutura física da loja R$ 5.000,00<br />

Uniformes R$ 600,00<br />

[c] = (a + b) Custos totais de implantação R$ 140.600,00<br />

O custo padrão AM/PM foi obti<strong>do</strong> a partir de uma visita da assessoria<br />

da Rede Ipiranga para assuntos relaciona<strong>do</strong>s a franquias. A rubrica<br />

equipamentos de loja considera o custo com móveis/equipamentos necessários<br />

para a montagem de uma loja com área igual a da sala prevista para<br />

a instalação, bem como o layout padrão. A estimativa inicial de custos para<br />

suprimento da loja com produtos foi sugerida pela assessoria de vendas<br />

da AM/PM, consideran<strong>do</strong> o tamanho da loja e a expectativa de consumo<br />

<strong>do</strong>s clientes. Os custos próprios foram elenca<strong>do</strong>s através de orçamento<br />

com profissionais especializa<strong>do</strong>s seleciona<strong>do</strong>s pela direção <strong>do</strong> posto. Neste<br />

caso, como já existe a sala destinada à instalação da loja, estimou-se somente<br />

os custos necessários para adequação estrutural conforme o layout<br />

exigi<strong>do</strong> pela AM/PM.<br />

217


Identifica<strong>do</strong>s os custos de implantação, foi elabora<strong>do</strong> o fluxo de caixa<br />

futuro a ser obti<strong>do</strong> com a implantação da loja de conveniências. Nesta etapa<br />

foi realizada uma projeção para cinco anos, perío<strong>do</strong> de 2011-2015. O quadro<br />

3 mostra os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir da projeção das receitas, custos e<br />

despesas, bem como <strong>do</strong> investimento mensal em capital de giro. A receita de<br />

venda foi sugerida pelo consultor da rede AM/PM, em consideração a localização<br />

<strong>do</strong> posto no centro <strong>do</strong> município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS e também<br />

com base em outras lojas <strong>do</strong> mesmo padrão. Assim, projetou-se uma receita<br />

mensal de R$ 25 mil no primeiro ano e uma projeção de crescimento de 10%<br />

para os perío<strong>do</strong>s de 2012 e 2013. Para o triênio 2013/2015 projetou-se um<br />

acréscimo de 5% a título de reposição inflacionária.<br />

QUADRO 3 <strong>–</strong> Projeção <strong>do</strong> fluxo de caixa líqui<strong>do</strong><br />

Rubricas/Perío<strong>do</strong>s 2011 2012 2013 2014 2015<br />

[a] Receita Líquida 300.000,00 330.000,00 379.500,00 398.475,00 418.398,75<br />

[b] Despesas/Custos 280.380,00 305.784,00 345.724,20 363.010,42 381.160,93<br />

Água/luz/telefone 7.200,00 7.920,00 8.712,00 9.147,60 9.604,98<br />

Contabilidade 6.120,00 6.426,00 6.747,30 7.084,67 7.438,90<br />

Salários e encargos 41.760,00 43.848,00 46.040,40 48.342,42 50.759,54<br />

Royalties 21.000,00 23.100,00 26.565,00 27.893,25 29.287,91<br />

Material expediente/<br />

limpeza<br />

Desp.financeira/manutenção<br />

de máquina<br />

cartão<br />

4.800,00 5.040,00 5.292,00 5.556,60 5.834,43<br />

12.000,00 13.200,00 15.180,00 15.939,00 16.735,95<br />

Custo de reposição 187.500,00 206.250,00 237.187,50 249.046,88 261.499,22<br />

[c]=(a <strong>–</strong> b) Fluxo caixa<br />

líqui<strong>do</strong><br />

19.620,00 24.216,00 33.775,80 35.464,58 37.237,82<br />

Para as rubricas de despesas/custos, considerou-se: [a] correção de<br />

5% a cada ano relativo à reposição inflacionária para contabilidade, salários<br />

e encargos, material de expediente/limpeza; [b] acréscimo de 10% nos três<br />

primeiros anos e 5% nos demais para água/luz/telefone; [c] 7% sobre a receita<br />

a título de royalties mensais cobra<strong>do</strong>s pela franquia AM/PM; [d] despesas<br />

218


financeiras/manutenção relativas às taxas da administra<strong>do</strong>ra de cartão de<br />

crédito, calcula<strong>do</strong> com base em 4% da receita; [e] capital de giro calcula<strong>do</strong> a<br />

partir da estimativa de obtenção de um lucro de 60%. Na rubrica de salários<br />

está prevista a contratação de três funcionários e considera no total o efeito<br />

<strong>do</strong>s encargos sociais e, conforme previsão em convenção coletiva, um adicional<br />

de 30% de periculosidade, visto a proximidade que se encontrarão <strong>do</strong>s<br />

tanques de combustíveis.<br />

Concluída a projeção <strong>do</strong> fluxo de caixa <strong>do</strong> projeto, realizaram-se os<br />

cálculos de payback, VPL e TIR. Para tanto, utilizou-se como taxa de desconto<br />

o índice SELIC, atualmente no patamar de 9,5%. Assim, o quadro 4<br />

apresenta os resulta<strong>do</strong>s relativos ao investimento em análise.<br />

QUADRO 4 <strong>–</strong> Avaliação <strong>do</strong> investimento<br />

Perío<strong>do</strong>s/Fluxos de<br />

caixa<br />

Valor Projeta<strong>do</strong> Valor Presente Valor Acumula<strong>do</strong><br />

Ano 0 <strong>–</strong> Investimento (140.600,00) (140.600,00) (140.600,00)<br />

Ano 1 <strong>–</strong> 2011 19.620,00 17.917,81 (122.682,19)<br />

Ano 2 <strong>–</strong> 2012 24.216,00 20.196,41 (102.485,78)<br />

Ano 3 <strong>–</strong> 2013 33.775,80 25.725,47 (76.760,31)<br />

Ano 4 <strong>–</strong> 2014 35.464,58 24.668,25 (52.092,06)<br />

Ano 5 <strong>–</strong> 2015 37.237,82 23.654,49 (28.437,57)<br />

A análise <strong>do</strong> quadro 4 mostra que o investimento projeta<strong>do</strong> gera um<br />

VPL negativo de R$ 28.437,57 sen<strong>do</strong> um indicativo de que o projeto deve ser<br />

rejeita<strong>do</strong>. Esta análise, associada ao fato <strong>do</strong> investimento não ser recupera<strong>do</strong><br />

dentro de perío<strong>do</strong> projeta<strong>do</strong> de cinco anos, pois o perío<strong>do</strong> de payback é maior<br />

<strong>do</strong> que cinco anos e bem superior aos três anos requeri<strong>do</strong>s pelos gestores<br />

da empresa, sugere que um investimento desta ordem, dentro <strong>do</strong>s padrões<br />

AM/PM não é condizente com as expectativas verbalizadas pelos gestores<br />

da empresa. Ademais, de acor<strong>do</strong> com o que indicam Hoji (2006) e Gitman<br />

(2006), a TIR mostra um resulta<strong>do</strong> de 2,05% sen<strong>do</strong>, portanto, inferior à taxa<br />

mínima de atratividade que é de 9,5%, indican<strong>do</strong> a inviabilidade <strong>do</strong> investimento<br />

na loja de conveniências padrão AM/PM.<br />

5 Conclusões e recomendações<br />

Por meio deste estu<strong>do</strong>, foi possível analisar a viabilidade financeira<br />

de implantação de uma loja de conveniências AM/PM junto ao posto de combustíveis.<br />

A utilização de técnicas de avaliação de investimentos mostrou-<br />

-se relevante para que os gestores tivessem uma idéia clara <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

219


projeta<strong>do</strong>s para o futuro investimento e desta forma tomassem as decisões<br />

mais acertadas.<br />

Como os gestores já haviam defini<strong>do</strong> que o investimento só seria<br />

leva<strong>do</strong> adiante se o valor investi<strong>do</strong> fosse recupera<strong>do</strong> até o terceiro ano, ficou<br />

evidente que a comprovação técnica desta informação através <strong>do</strong> cálculo<br />

<strong>do</strong> payback serviu de base para a decisão final. Este critério de decisão, associa<strong>do</strong><br />

ao VPL negativo e a TIR menor que a taxa mínima de atratividade,<br />

auxiliou os gestores a decidir pela inviabilidade <strong>do</strong> investimento no modelo<br />

AM/PM.<br />

Embora o investimento se mostre inviável neste momento dentro <strong>do</strong><br />

padrão projeta<strong>do</strong>, a direção da empresa decidiu investir em uma loja de conveniências<br />

com marca própria, não padronizada. Eles acreditam que obterão<br />

melhores resulta<strong>do</strong>s devi<strong>do</strong> à possibilidade de implementá-la com custos menores<br />

que no padrão AM/PM e no tempo em que entendem ser aceitável para<br />

recuperar os valores investi<strong>do</strong>s, que é de três anos. Para tomar esta decisão,<br />

os gestores da empresa consideraram a expectativa gerada em seus clientes<br />

ao aplicar a entrevista utilizada neste estu<strong>do</strong>, onde a maioria sinalizou<br />

o desejo de usufruir deste serviço, mostran<strong>do</strong>-se até mesmo ansiosos pela<br />

implantação da loja.<br />

Por fim, conclui-se que o estu<strong>do</strong> foi importante para a empresa, pois<br />

a decisão por um projeto próprio, não padroniza<strong>do</strong>, se deve aos resulta<strong>do</strong>s<br />

deste estu<strong>do</strong> de viabilidade. Desta forma, foi possível optar por um negócio<br />

que tem mais chances de alcançar os objetivos pretendi<strong>do</strong>s pela empresa,<br />

sem vir a comprometer outros negócios já em andamento. Para estu<strong>do</strong>s futuros<br />

sugere-se uma pesquisa que avalie os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s a partir da<br />

implantação de uma loja de conveniências própria, para verificar sua viabilidade.<br />

Sugere-se também um estu<strong>do</strong> comparativo da loja própria em relação<br />

a outra loja padronizada de bandeiras como Esso, Charrua ou BR, a fim de<br />

identificar qual seria mais viável.<br />

6 Referências<br />

BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de finanças empresariais. 5.<br />

ed. Lisboa: McGraw-Hill, 1992.<br />

CLEMENTE, A. S. A. Decisões financeiras e análises de investimentos.<br />

5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

COLLIS, J; HUSSEY, R. Pesquisa em administração <strong>–</strong> um guia prático<br />

para alunos de graduação e pós-graduação. 2 ed. Porto Alegre: Bookmann,<br />

2005.<br />

220


DAMODARAN, A. Avaliação de investimentos: ferramentas e técnicas<br />

para a determinação <strong>do</strong> valor de qualquer ativo. Rio de Janeiro: Qualitymark,<br />

1997.<br />

DOLABELA, F. C. C. O segre<strong>do</strong> de Luísa. 14. ed. São Paulo: Cultura, 1999.<br />

GIL, A. C. Méto<strong>do</strong>s e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.<br />

GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto<br />

Alegre: Bookman. 2001.<br />

______. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson,<br />

2006.<br />

HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem pratica. 5. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 2006.<br />

KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, complementação<br />

e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.<br />

ROSS, St. A; WESTERFIELD, R. W; JORDAN, B. D. Administração financeira:<br />

corporate finance. São Paulo: Atlas, 1995.<br />

WOILER, S; MATHIAS, W. F. Projetos: planejamento, elaboração e análise.<br />

São Paulo: Atlas, 1988.<br />

221


222


ORGANIZAÇÃO, SISTEMAS E MÉTODOS NA SECRETARIA MUNICIPAL<br />

DE SAÚDE DE SANTA CRUZ DO SUL: UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS<br />

APÓS ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA FÍSICA EM 2008<br />

RESUMO<br />

223<br />

Marcio Vinicius Scheibler 1<br />

Letícia Schramm Arend 2<br />

Este estu<strong>do</strong> apresenta proposições sobre as mudanças de estrutura física no<br />

setor administrativo da Secretaria Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul.<br />

O problema central <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é verificar qual o impacto que essas mudanças,<br />

ocorridas no final de 2008, causaram no setor em estu<strong>do</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, o<br />

objetivo geral da pesquisa foi analisar esses impactos, utilizan<strong>do</strong> a pesquisa<br />

bibliográfica e a entrevista não-estruturada como méto<strong>do</strong>s de investigação.<br />

O desenvolvimento da pesquisa mostrou que as mudanças são necessárias<br />

para manter o desenvolvimento <strong>do</strong>s procedimentos, visan<strong>do</strong> à simplificação<br />

das tarefas <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res da organização, objetivan<strong>do</strong> a satisfação <strong>do</strong>s<br />

mesmos e <strong>do</strong>s usuários <strong>do</strong> sistema.<br />

Palavras-chave: Estrutura física, Trabalho, Mudanças<br />

ABSTRACT<br />

This paper presents proposals on changes in physical structure in the administrative<br />

sector of the Municipal Health Department of <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul<br />

The central problem of the study is to assess what impact these changes<br />

have occurred in late 2008, caused the sector under study. Accordingly, the<br />

purpose of this study was to analyze these impacts, using the literature and<br />

non-structured interviews as research methods. The development of the research<br />

showed that changes are necessary to maintain the development of<br />

procedures in order to simplify the tasks of the employees of the organization,<br />

aiming their satisfaction and system users.<br />

Key-words: Physical structure, Work, Changes<br />

1 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Orienta<strong>do</strong>ra da pesquisa e professora da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


1 Introdução<br />

O futuro reserva inúmeros desafios para a administração, como o<br />

crescimento das organizações, a concorrência, a sofisticação da tecnologia,<br />

a globalização da economia e a internacionalização <strong>do</strong>s negócios. Em função<br />

disso, tem-se a necessidade de criação de méto<strong>do</strong>s de análise e avaliação<br />

que se sobressaiam em relação aos demais, em busca de resulta<strong>do</strong>s eficientes<br />

de satisfatórios.<br />

Este estu<strong>do</strong> teve como tema a análise <strong>do</strong>s impactos pós-reformas<br />

ocorridas no setor administrativo da Secretaria Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong><br />

<strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> final de 2008 até o início de 2010.<br />

No final <strong>do</strong> ano de 2008, foram efetuadas reformas no setor em estu<strong>do</strong><br />

e setores adjacentes, com significativas mudanças de layout e trocas<br />

de equipamentos. Em janeiro de 2009 as novas instalações passaram a ser<br />

usadas pelos colabora<strong>do</strong>res desta organização. Em razão disso, buscou-se<br />

avaliar o impacto dessas alterações no cotidiano <strong>do</strong> setor em estu<strong>do</strong>, analisan<strong>do</strong>-se<br />

as mudanças de acor<strong>do</strong> com o ponto de vista de cada funcionário.<br />

Este estu<strong>do</strong> busca investigar: Quais os impactos que as mudanças<br />

na estrutura física em 2008 causaram na Secretaria Municipal de Saúde de<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul?<br />

Como objetivo geral a pesquisa busca analisar os impactos das mudanças<br />

na estrutura física no setor administrativo da Secretaria Municipal de<br />

Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. Entre os objetivos específicos temos a proposição<br />

de opções de reestruturação de atividades, visan<strong>do</strong> ao melhor aproveitamento<br />

<strong>do</strong>s recursos existentes; apresentação de sugestões que facilitem a<br />

verificação e resolução de problemas; sugerir ações de melhoria na comunicação<br />

interna <strong>do</strong> setor e análise de fatores inerentes ao trabalho que possam<br />

influenciar na qualidade de vida e motivação no trabalho.<br />

Este estu<strong>do</strong> se justifica pela necessidade de avaliação das mudanças<br />

ocorridas no setor em estu<strong>do</strong>, buscan<strong>do</strong> analisar as variáveis que se tornaram<br />

positivas e propon<strong>do</strong> melhorias naquelas que foram prejudicadas. Desta<br />

forma, este artigo faz uma análise sobre as mudanças ocorridas no ambiente<br />

em estu<strong>do</strong>, assim como <strong>do</strong>s fatores que influenciam o comportamento e o<br />

desempenho <strong>do</strong>s funcionários na execução das tarefas.<br />

2 Revisão de literatura<br />

2.1 Organizações<br />

Organização é definida como uma unidade ou entidade social, na<br />

qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Sob<br />

224


esse ponto de vista, Monteiro (1998) cita que a organização pode ser visualizada<br />

sob <strong>do</strong>is aspectos:<br />

Formal: consiste na organização baseada eu uma divisão <strong>do</strong> trabalho<br />

racional, na diferenciação e integração <strong>do</strong>s participantes de acor<strong>do</strong> com<br />

algum critério estabeleci<strong>do</strong> por aqueles que detêm o processo de decisão.<br />

Informal: surge naturalmente entre as pessoas que ocupam posições<br />

na organização formal e a partir <strong>do</strong>s relacionamentos como ocupantes de<br />

cargos. A organização informal surge a partir das relações e interações impostas<br />

pela organização informal para o desempenho <strong>do</strong>s cargos.<br />

A organização formal tem um caráter lógico. A organização informal<br />

concretiza-se nos usos e costumes, nas tradições, nos ideais e nas normas<br />

sociais.<br />

Toda a organização tem três partes básicas: pessoas, tarefas e administração.<br />

A administração inclui o planejamento, organização, liderança<br />

e controle <strong>do</strong> desempenho das pessoas organizadas para a tarefa. Outro<br />

ponto fundamental sobre as organizações é que elas existem dentro de um<br />

meio ambiente. Todas operam dentro de um ambiente que inclui fornece<strong>do</strong>res,<br />

clientes e concorrentes, bem como uma grande variedade de condições<br />

legais, econômicas, sociais e tecnológicas (Herzberg, 1973, p. 45).<br />

A estrutura organizacional refere-se ao mo<strong>do</strong> como as atividades de<br />

uma organização são divididas, organizadas e coordenadas. Proporciona<br />

uma base relativamente estável que ajuda seus membros a trabalhar em<br />

conjunto para alcançar objetivos organizacionais, mas é necessário seguir algumas<br />

etapas para uma correta estruturação. Monteiro (1998) cita a listagem<br />

que precisa ser feita para alcançar os objetivos, a divisão da carga total de<br />

trabalho em tarefas que possam ser realizadas lógica e confortavelmente por<br />

indivíduos ou grupos e criação de mecanismos de coordenação.<br />

A coordenação é definida como sen<strong>do</strong> o processo de integração de<br />

objetivos e atividades de unidades de trabalho separadas com o objetivo de<br />

realizar com eficácia os objetivos da organização. As pessoas e os departamentos<br />

perdem a visão de seus papéis dentro da organização quan<strong>do</strong> não<br />

possuem coordenação, acarretan<strong>do</strong> a busca por interesses individuais (Monteiro,<br />

1998).<br />

2.2 Organização, sistemas e méto<strong>do</strong>s<br />

É defini<strong>do</strong> como o estu<strong>do</strong> das organizações por meio da análise de<br />

cada uma das suas atividades, a fim de criar processos que venham a interligá-las<br />

de forma sistêmica. As principais atividades de OSM, segun<strong>do</strong> Bowditch<br />

(1992, p.66), são:<br />

- Projetar a criação, união ou eliminação de unidades, bem como<br />

225


acompanhar a respectiva execução;<br />

- Descrever e definir o objetivo e as funções de cada uma das unidades<br />

empresariais;<br />

- Divulgar, nos níveis competentes, os trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s em<br />

OSM;<br />

- Análise de viabilidade econômica no desenvolvimento de sistemas;<br />

- Elaboração de cronogramas físico/financeiro/pessoal para desenvolvimento;<br />

- Avaliação de equipamentos, instrumentos e ferramentas á disposição;<br />

- Definir a movimentação de <strong>do</strong>cumentos;<br />

- Definir o Fluxo de decisões <strong>do</strong>s sistemas;<br />

- Modificação <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de trabalho;<br />

OSM surgiu em virtude de algumas determinantes, tais como o crescimento<br />

e complexidade organizacional, problemas estruturais de difícil solução,<br />

desvio de objetivos planeja<strong>do</strong>s, defasagem de técnicas e processos,<br />

estu<strong>do</strong>s científicos de Taylor e Fayol, produtividade e eficiência. Suas funções<br />

principais, segun<strong>do</strong> Bowditch (1992, p. 67), são a identificação <strong>do</strong> problema,<br />

análise e ordenação de idéias, estabelecimento de planos, motivação, implantação<br />

e acompanhamento, avaliação e correção, além de obtenção e<br />

síntese de informações.<br />

Os conceitos centrais de OSM são:<br />

a) Organização: associação ou instituição que possui estrutura e objetivos<br />

defini<strong>do</strong>s.<br />

b) Sistema: disposição das partes ou elementos de um to<strong>do</strong>, coordena<strong>do</strong>s<br />

entre si, e que funcionam como estrutura organizada.<br />

c) conjunto de procedimentos que seguem um processo ordena<strong>do</strong><br />

para chegar a um objetivo.<br />

Os principais objetivos das mudanças no arranjo físico são a minimização<br />

<strong>do</strong> tempo de produção e de investimento no equipamento, utilização<br />

<strong>do</strong> espaço existente da forma mais eficiente possível, flexibilidade nas operações,<br />

diminuição <strong>do</strong> custo de tratamento <strong>do</strong> material e melhora no processo<br />

de produção e estrutura da empresa (Francis et al, 1974).<br />

2.3 Administração pública<br />

Em senti<strong>do</strong> formal, a Administração Pública, é o conjunto de órgãos<br />

instituí<strong>do</strong>s para consecução <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong> Governo; em senti<strong>do</strong> material, é<br />

o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção<br />

operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, <strong>do</strong>s<br />

serviços <strong>do</strong> próprio Esta<strong>do</strong> ou por ele assumi<strong>do</strong>s em benefício da coletivida-<br />

226


de. A Administração Pública, ainda, pode ser classificada como direta e indireta.<br />

A Direta é aquela exercida pela administração por meio <strong>do</strong>s seus órgãos<br />

internos (presidência e ministros). A Indireta é a atividade estatal entregue a<br />

outra pessoa jurídica (autarquia, empresa pública, sociedade de economia<br />

mista, fundações), que foram surgin<strong>do</strong> através <strong>do</strong> aumento da atuação <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> (Andrade, 1993).<br />

No Brasil, a extensão da estabilidade a to<strong>do</strong>s os servi<strong>do</strong>res públicos<br />

e o entendimento dessa estabilidade de uma forma tal que a ineficiência, a<br />

desmotivação, a falta de disposição para o trabalho não pudessem ser puni<strong>do</strong>s<br />

com a demissão, implicaram em um forte aumento da ineficiência <strong>do</strong><br />

serviço público (Pimenta, 1994).<br />

A evolução da administração pública em nosso país passou por três<br />

modelos diferentes: a administração patrimonialista, a administração burocrática<br />

e a administração gerencial. Essas modalidades surgiram sucessivamente<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo, não significan<strong>do</strong>, porém, que alguma delas tenha<br />

si<strong>do</strong> definitivamente aban<strong>do</strong>nada.<br />

Atualmente, o modelo gerencial na Administração Pública vem cada<br />

vez mais se consolidan<strong>do</strong>, com a mudança de estruturas organizacionais, o<br />

estabelecimento de metas a alcançar, a redução da máquina estatal, a descentralização<br />

<strong>do</strong>s serviços públicos, a criação das agências regula<strong>do</strong>ras para<br />

zelar pela adequada prestação <strong>do</strong>s serviços etc. O novo modelo propõe-se<br />

a promover o aumento da qualidade e da eficiência <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s<br />

pelo Poder Público aos seus clientes: os cidadãos (Andrade, 1993).<br />

2.4 Burocracia<br />

No setor público há muita burocracia, que segun<strong>do</strong> Maximiano (2007)<br />

é a forma de organização que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação<br />

<strong>do</strong>s meios aos objetivos pretendi<strong>do</strong>s, com o intuito de garantir a máxima<br />

eficiência possível. A burocracia tem como principais características o caráter<br />

legal das normas e regulamentos, a impessoalidade nas relações, a hierarquia<br />

de autoridade e a completa previsibilidade <strong>do</strong> funcionamento.<br />

A população em geral costuma atribuir o termo “burocracia” aos defeitos<br />

<strong>do</strong> sistema, quan<strong>do</strong> na verdade burocracia é o próprio sistema e é<br />

defini<strong>do</strong> como organização eficiente por excelência.<br />

As principais características da burocracia são o caráter legal das<br />

normas e regulamentos, caráter formal das comunicações, caráter racional e<br />

divisão <strong>do</strong> trabalho, impessoalidade nas relações, hierarquia de autoridade,<br />

rotinas e procedimentos padrões, competência técnica e completa previsibilidade<br />

de funcionamento.<br />

Segun<strong>do</strong> Weber (2003), as principais vantagens <strong>do</strong> sistema burocrá-<br />

227


tico são a racionalidade em relação ao alcance <strong>do</strong>s objetivos da organização;<br />

precisão na definição <strong>do</strong> cargo e na operação; rapidez nas decisões,<br />

pois cada um conhece o que deve ser feito; uniformidade de rotinas e procedimentos<br />

que favorece a padronização; a confiabilidade, pois o negócio é<br />

conduzi<strong>do</strong> através de regras conhecidas e há benefícios para as pessoas na<br />

organização, pois a hierarquia é formalizada. Já entre as desvantagens estão<br />

o excesso de apego aos regulamentos, ao formalismo, aos papéis, às rotinas<br />

e aos procedimentos, além da resistência às mudanças.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

A pesquisa foi realizada no setor administrativo da Secretaria Municipal<br />

de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul e buscou analisar os impactos das<br />

mudanças na estrutura física ocorridas no final <strong>do</strong> ano de 2008.<br />

A população-alvo da pesquisa foram os funcionários <strong>do</strong> setor administrativo<br />

da Secretaria Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, que,<br />

incluin<strong>do</strong> o pesquisa<strong>do</strong>r, são em número de nove, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is assessores<br />

administrativos, três agentes administrativos, duas estagiárias, uma auxiliar<br />

de serviços e uma funcionária em cargo de confiança.<br />

A coleta de da<strong>do</strong>s foi feita através de pesquisa descritiva, onde foi utilizada<br />

a entrevista não-estruturada com os funcionários <strong>do</strong> setor em estu<strong>do</strong>.<br />

A entrevista explorou a opinião <strong>do</strong>s funcionários <strong>do</strong> setor administrativo<br />

da Secretaria Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul em relação<br />

às mudanças de estrutura física efetuadas ao final <strong>do</strong> ano de 2008. Define-<br />

-se entrevista como a técnica em que o investiga<strong>do</strong>r se apresenta frente ao<br />

investiga<strong>do</strong> e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

que interessam à investigação (Gil, 1999). Tem como vantagens a obtenção<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s referentes aos mais diversos aspectos da vida social e a suscetibilidade<br />

de classificação e quantificação. Suas principais limitações são a falta<br />

de motivação <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, a inadequada compreensão <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> das<br />

perguntas e o fornecimento de respostas falsas, em decorrência de razões<br />

conscientes ou inconscientes.<br />

Os colabora<strong>do</strong>res foram questiona<strong>do</strong>s sobre suas percepções em<br />

relação às mudanças de estrutura física e atual sistema de rotinas administrativas.<br />

Posteriormente, foram indaga<strong>do</strong>s se possuíam sugestões de melhoria<br />

e propostas foram apresentadas. A entrevista realizou-se no ambiente de<br />

trabalho.<br />

A abordagem <strong>do</strong> problema foi qualitativa, pois prevaleceram questões<br />

abertas, análises subjetivas e ênfases em particularidades <strong>do</strong> processo<br />

de racionalização <strong>do</strong> trabalho no setor administrativo ambulatorial da Secretaria<br />

Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. Segun<strong>do</strong> Marconi e Lakatos<br />

228


(1990), o foco da investigação deve se centrar na compreensão <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s<br />

atribuí<strong>do</strong>s pelos sujeitos às suas ações. Esse tipo de abordagem caracteriza-se<br />

pelo enfoque interpretativo.<br />

Na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, houve o cruzamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s com<br />

o referencial teórico. Essa análise foi subjetiva devi<strong>do</strong> ao fato de a abordagem<br />

<strong>do</strong> problema ser qualitativa. As sugestões e os problemas foram analisa<strong>do</strong>s<br />

e as melhorias propostas.<br />

4 Análise e descrição <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

4.1 Contextualização da organização<br />

O estu<strong>do</strong> foi realiza<strong>do</strong> no setor administrativo da Secretaria Municipal<br />

de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, órgão da Prefeitura Municipal de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong><br />

<strong>do</strong> Sul, cujas principais competências são o planejamento, a organização, o<br />

controle e a avaliação das ações e <strong>do</strong>s serviços de saúde de competência<br />

<strong>do</strong> município.<br />

Os funcionários <strong>do</strong> setor em estu<strong>do</strong> foram questiona<strong>do</strong>s sobre: a estrutura<br />

física e rotinas administrativas atuais, com enfoque na comparação<br />

pós-reforma das salas e sugestões de melhoria nos procedimentos.<br />

4.2 Descrição das entrevistas<br />

Primeira entrevista <strong>–</strong> Auxiliar de serviços: questionada sobre o<br />

atual sistema de rotinas administrativas, a funcionária relatou que muitas tarefas<br />

podem ser melhoradas, ajustan<strong>do</strong>-se às mudanças no espaço físico que<br />

foram efetuadas no final de 2008. Com a criação de um espaço específico<br />

para armazenamento de pastas e papéis em geral junto à sala, as caixas que<br />

obstruíam o fluxo de pessoas puderam ser destinadas a um local próprio. A<br />

funcionária cita o novo layout como o ideal para o momento, mas lembra que<br />

com o acúmulo de <strong>do</strong>cumentos será necessária nova ampliação no futuro.<br />

Segunda entrevista <strong>–</strong> Agente administrativo: segun<strong>do</strong> o funcionário<br />

entrevista<strong>do</strong>, o principal benefício das reformas efetuadas na Secretaria<br />

Municipal de Saúde foi a melhoria na circulação de pessoas, pois antes havia<br />

muitas caixas pelo chão. Também citou a criação de um espaço específico<br />

para a colocação <strong>do</strong>s arquivos que antes eram armazena<strong>do</strong>s em qualquer<br />

lugar. Em resumo, a organização foi o principal ponto de melhoria.<br />

Terceira entrevista - Funcionária em cargo de confiança: por ter<br />

inicia<strong>do</strong> a trabalhar após as reformas efetuadas no prédio, a funcionária não<br />

229


pôde verificar as melhorias que ocorreram. Quanto a seu local de trabalho,<br />

ela cita que no momento o espaço é reduzi<strong>do</strong>. O balcão é pequeno e o cômo<strong>do</strong><br />

contíguo é ocupa<strong>do</strong> por um computa<strong>do</strong>r e uma máquina copia<strong>do</strong>ra. Quanto<br />

às rotinas administrativas, ela cita que houve expressiva melhora devi<strong>do</strong><br />

ao fato de haver alguém específico no balcão de atendimento. Com isso, o<br />

controle de <strong>do</strong>cumentos e pessoas é mais bem organiza<strong>do</strong>.<br />

Quarta entrevista <strong>–</strong> Estagiária: a estagiária citou como melhorias o<br />

ganho de agilidade na digitação das produções e <strong>do</strong>s exames laboratoriais<br />

devi<strong>do</strong> à troca de computa<strong>do</strong>res e o aumento de espaço de armazenamento<br />

<strong>do</strong>s arquivos. Quanto às rotinas administrativas, ela sugere maior treinamento<br />

nos CAPS para os funcionários responsáveis pela digitação de APAC, evitan<strong>do</strong><br />

assim que ela se desloque to<strong>do</strong> mês para auxiliá-los.<br />

Quinta entrevista <strong>–</strong> Estagiária: cita como benefício principal da reforma<br />

a nova disposição <strong>do</strong> arranjo físico. Há maior facilidade de acesso<br />

às outras salas e ao material arquiva<strong>do</strong>. Como futura melhoria ela indica a<br />

substituição de seu computa<strong>do</strong>r, que foi o único a não ser substituí<strong>do</strong> após a<br />

reforma. Com isso agilizaria significativamente a emissão de lau<strong>do</strong>s e ofícios.<br />

Sexta entrevista - Agente administrativa: a funcionária cita que<br />

houve melhoria no programa SIHD, pois este sempre apresentava problemas.<br />

Atualmente esses problemas não ocorrem, geran<strong>do</strong> maior comodidade<br />

no envio de da<strong>do</strong>s. Aponta que há necessidade de burocracia, pois<br />

procedimentos como os transla<strong>do</strong>s, pedi<strong>do</strong>s de órteses e próteses e AIH<br />

devem ser solicita<strong>do</strong>s como maior número de da<strong>do</strong>s possíveis para facilitar<br />

o controle. Quanto ao arranjo físico, citou a melhor distribuição <strong>do</strong> espaço<br />

após a reforma, além de maior conforto com novos móveis e instalação de<br />

ar-condiciona<strong>do</strong>.<br />

Sétima entrevista <strong>–</strong> Assessora administrativa: em se tratan<strong>do</strong> de<br />

arranjo físico, houve melhoras na distribuição <strong>do</strong> espaço, mas as mesas em<br />

“L” são menores que as retangulares usadas antes da reforma, o que dificulta<br />

o trabalho. Citou a modernização <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res, mas acha que não<br />

é suficiente, pois os mesmos trabalhos continuam sen<strong>do</strong> efetua<strong>do</strong>s sem o<br />

acréscimo de treinamento para que o funcionário explore da melhor maneira<br />

possível os recursos que dispõe.<br />

Oitava entrevista <strong>–</strong> Assessor administrativo: o funcionário notou<br />

mudanças no cenário de nosso ambiente de trabalho. Uma antiga reivindicação<br />

era a reforma <strong>do</strong> espaço físico e a compra de equipamentos e mobiliá-<br />

230


ios novos. O layout melhorou, mas entende que ainda pode ser mais bem<br />

utiliza<strong>do</strong>. Quanto aos benefícios, cita que, pelo fato de haver uma sala de<br />

atendimento na entrada da Secretaria, houve uma facilitação <strong>do</strong>s trabalhos,<br />

pois há o encaminhamento para o setor correto e, principalmente, ao usuário<br />

<strong>do</strong> serviço de saúde, que pode tirar as dúvidas logo na entrada.<br />

Nona entrevista <strong>–</strong> Agente administrativo: na opinião desse agente<br />

administrativo, houve considerável melhoria na disposição <strong>do</strong>s móveis, além<br />

de atualização de maquinários. Com a disponibilização de computa<strong>do</strong>res,<br />

cadeiras e mesas novas, notou-se uma leve motivação <strong>do</strong>s funcionários em<br />

relação ao trabalho, principalmente em se tratan<strong>do</strong> de conforto e rapidez na<br />

execução das tarefas. Com a inserção de um espaço exclusivo para o armazenamento<br />

de arquivos, os papéis e pastas que antes ficavam guarda<strong>do</strong>s<br />

aleatoriamente na sala ganharam um espaço próprio, melhoran<strong>do</strong> estrutural<br />

e visualmente o ambiente de trabalho. Com o estu<strong>do</strong> de layout efetua<strong>do</strong>, a<br />

reforma no setor em estu<strong>do</strong> beneficiou não só o acesso de funcionários, mas<br />

também <strong>do</strong>s usuários <strong>do</strong> sistema de saúde.<br />

4.3 Organização, sistemas e méto<strong>do</strong>s<br />

4.3.1 Layout <strong>do</strong> setor administrativo da Secretaria Municipal de Saúde<br />

Em relação à estrutura física, to<strong>do</strong>s demonstraram satisfação com as<br />

modificações efetuadas, pois se obteve maior comodidade e maior espaço<br />

tanto para circulação de pessoas quanto para armazenamento de arquivos.<br />

Segun<strong>do</strong> Francis (1974), os principais objetivos das mudanças no<br />

arranjo físico são a minimização <strong>do</strong> tempo de produção e de investimento no<br />

equipamento, utilização <strong>do</strong> espaço existente da forma mais eficiente possível,<br />

flexibilidade nas operações, diminuição <strong>do</strong> custo de tratamento <strong>do</strong> material<br />

e melhora no processo de produção e estrutura da empresa.<br />

O movimento e o fluxo de materiais, a distribuição física e a logística<br />

estão relaciona<strong>do</strong>s com o planejamento das instalações. Nas estações de<br />

trabalho, o fluxo deve ser simultâneo, principalmente consideran<strong>do</strong> que os<br />

movimentos devem ser contínuos, rítmicos e habituais. Portanto, é importante<br />

levar em conta as características ergonômicas da estação de trabalho,<br />

contribuin<strong>do</strong> para a redução da fadiga <strong>do</strong> funcionário.<br />

As mesas foram dispostas em duas ilhas com quatro unidades, deixan<strong>do</strong><br />

o ambiente com o visual mais aconchegante. Mas o principal problema<br />

é que essas mesas, em formato de “L”, oferecem menos espaços que as<br />

antigas mesas retangulares.<br />

Os computa<strong>do</strong>res foram troca<strong>do</strong>s por modelos mais novos em qua-<br />

231


se sua totalidade, proporcionan<strong>do</strong> maior agilidade na execução de tarefas.<br />

Devi<strong>do</strong> à melhoria <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res, sugere-se maior treinamento <strong>do</strong>s funcionários<br />

para a melhor utilização das ferramentas, tanto programas como<br />

planilhas e <strong>do</strong>cumentos de texto.<br />

O espaço cria<strong>do</strong> especialmente para o armazenamento de arquivos<br />

foi um <strong>do</strong>s principais pontos cita<strong>do</strong>s positivamente pelos entrevista<strong>do</strong>s, mas<br />

devi<strong>do</strong> a seu espaço reduzi<strong>do</strong>, ainda terá de sofrer modificação. Os <strong>do</strong>cumentos<br />

armazena<strong>do</strong>s ali são os de maior importância. Os demais são envia<strong>do</strong>s<br />

ao almoxarifa<strong>do</strong>, mas ainda há muito arquivo espalha<strong>do</strong> pelo chão das<br />

salas.<br />

Como esse espaço para armazenamento não possibilita ampliação<br />

por estar localiza<strong>do</strong> no fun<strong>do</strong> da sala, sugere-se o deslocamento <strong>do</strong>s arquivos<br />

para um espaço maior em algum ambiente ocioso <strong>do</strong> setor em estu<strong>do</strong><br />

ou ainda uma nova reestruturação das salas para melhor acomodação <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>cumentos.<br />

No balcão de atendimento houve uma pequena melhora, pois a máquina<br />

de reprografia foi deslocada para um cômo<strong>do</strong> contíguo e gerou maior<br />

espaço de circulação ao re<strong>do</strong>r da mesa.<br />

Um layout adequa<strong>do</strong> é primordial para que as funções sejam executadas<br />

de maneira correta. O correto aproveitamento <strong>do</strong> espaço é alcança<strong>do</strong><br />

desde que o trabalha<strong>do</strong>r esteja em harmonia com seu ambiente de trabalho,<br />

pois isso acarreta, principalmente, em redução de tempo, melhor utilização<br />

<strong>do</strong>s espaços e melhoria na comunicação.<br />

4.3.2 Rotinas administrativas<br />

Em relação às rotinas administrativas, to<strong>do</strong>s esperam pela informatização<br />

<strong>do</strong> sistema de saúde, que facilitaria consideravelmente a execução<br />

das tarefas, pois o excesso de papel é o ponto crítico.<br />

A criação de um controle de número de cópias impressas junto à<br />

máquina principal de reprografia reduziu o uso de papel discretamente. Cada<br />

funcionário que precisa utilizar a máquina deve preencher um formulário com<br />

seu nome, setor e número de cópias.<br />

Uma sugestão que certamente reduziria o consumo de papel seria<br />

a utilização da máquina de reprografia que se encontra junto ao balcão de<br />

atendimento, pois é possível configurá-la para impressão frente e verso em<br />

um só coman<strong>do</strong>. Atualmente nenhum <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res está conecta<strong>do</strong> a<br />

essa máquina, que serve apenas para a impressão de cópias. Além disso,<br />

sugere-se uma utilização maior de rascunhos para <strong>do</strong>cumentos não-oficiais e<br />

para pequenas anotações.<br />

Anteriormente diversos funcionários revezavam-se no atendimento<br />

232


no balcão, geran<strong>do</strong> movimentação inadequada no setor, pois isso não fazia<br />

parte de suas atribuições. Atualmente há uma funcionária específica para<br />

atender no balcão, que faz uma espécie de triagem <strong>do</strong>s arquivos que circulam<br />

pelo local.<br />

Com a transferência <strong>do</strong> Plantão de Urgência, houve considerável redução<br />

nas solicitações de cópias de fichas de atendimento ambulatorial, mas<br />

não há como zerá-las, pois esse tipo de <strong>do</strong>cumento fica armazena<strong>do</strong> durante<br />

vinte anos. O que dificulta a busca por esses <strong>do</strong>cumentos é a incerteza quanto<br />

à data <strong>do</strong> atendimento por parte <strong>do</strong> solicitante. As fichas de atendimento<br />

eram separadas por data e não por nome, o que muitas vezes gerava descontentamento<br />

<strong>do</strong>s usuários <strong>do</strong> sistema de saúde.<br />

Quanto à ficha de controle de lau<strong>do</strong>s de internação, sugere-se a inclusão<br />

da data de retirada <strong>do</strong> lau<strong>do</strong>, para facilitar a verificação caso haja<br />

discordância <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s em algum momento.<br />

Outra sugestão seria a padronização das fichas de produção, ou<br />

seja, to<strong>do</strong>s os estabelecimentos de saúde vincula<strong>do</strong>s ao SUS registrariam<br />

suas produções em um mesmo modelo. Esse modelo padrão, atualmente, é<br />

usa<strong>do</strong> apenas pelas ESF (Estratégia de Saúde da Família).<br />

A solicitação de <strong>do</strong>cumentos de pacientes, principalmente o cartão<br />

SUS, se faz necessária em to<strong>do</strong>s os procedimentos. O preenchimento de<br />

to<strong>do</strong>s os campos nos lau<strong>do</strong>s médicos facilita a identificação e o correto funcionamento<br />

<strong>do</strong> processo. Há de se solicitar um maior comprometimento <strong>do</strong>s<br />

profissionais que utilizam esses lau<strong>do</strong>s para que a Secretaria de Saúde possa<br />

efetuar corretamente suas obrigações.<br />

Essa burocracia não pode ser extinta, pois é através dela que o processo<br />

administrativo transcorre com eficiência.<br />

No setor em estu<strong>do</strong> caberia a implantação de um fluxograma, pois<br />

não há um padrão de execução de tarefas que facilite e agilize o processo.<br />

Um fluxograma mostra como as tarefas e os processos são feitos. Por isso,<br />

muitas vezes, acarretam em melhorias no funcionamento <strong>do</strong>s processos,<br />

pois informa exatamente quais tarefas devem ser desempenhadas. Com ele<br />

evita-se duplicidade de procedimentos, complexidades desnecessárias, gargalos<br />

e duplas interpretações.<br />

Os exames anatomopatológicos (biópsias), assim que são autoriza<strong>do</strong>s<br />

pelo médico da Prefeitura, são lança<strong>do</strong>s em uma planilha para posterior<br />

conferência. Quan<strong>do</strong> o laboratório manda a fatura <strong>do</strong> mês, é lançada nessa<br />

mesma planilha a quantidade de cortes feitos em cada material coleta<strong>do</strong>. O<br />

que atrasa essa conferência é o fato de as requisições estarem dispostas<br />

aleatoriamente, ou seja, fora da ordem que foram enviadas pela Secretaria<br />

de Saúde. Racionalizar-se-á o trabalho caso o laboratório mande as vias para<br />

conferência na mesma ordem ou no máximo na ordem inversa que recebe-<br />

233


am. Para isso, é necessária a correta troca de informação entre a Secretaria<br />

de Saúde e os laboratórios.<br />

4.3.3 Motivação para o trabalho<br />

Diversas turbulências afetam a vida das pessoas no mun<strong>do</strong> atual,<br />

principalmente as que se relacionam ao âmbito profissional. Devi<strong>do</strong> à instabilidade<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, o que se vê hoje é a busca por um emprego<br />

que ofereça, além de um bom salário e comodidade, a estabilidade. Quem<br />

oferece essa oportunidade é o serviço público, que muitas vezes não remunera<br />

tão bem quanto o setor priva<strong>do</strong>, mas que garante, às vezes, a permanência<br />

<strong>do</strong> funcionário no emprego pelo resto da vida, posição tão almejada<br />

pela maioria das pessoas.<br />

Com um ambiente reestrutura<strong>do</strong>, com novo layout e equipamentos<br />

novos, gerou-se uma motivação nos colabora<strong>do</strong>res, pois os procedimentos<br />

passaram a ser executa<strong>do</strong>s com maior facilidade, agilidade e eficiência.<br />

Existe o acompanhamento das produções <strong>do</strong>s estabelecimentos de<br />

saúde, mas não há avaliações em cima <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Devem-se discutir<br />

sugestões, sempre em busca de opções que valorizem o trabalho de to<strong>do</strong>s.<br />

Cada funcionário deve ser ouvi<strong>do</strong>, pois isso acarreta em motivação. Há pouca<br />

valorização <strong>do</strong> material humano no setor em estu<strong>do</strong>. O que se vê, principalmente,<br />

é a acomodação, pois o serviço público não oferece chance de<br />

promoção por mérito. O pleno esforço normalmente não é recompensa<strong>do</strong>.<br />

Para Fernandes (1996), a motivação é um fator crítico na gestão de<br />

pessoas, pois envolve a adaptação <strong>do</strong> homem ao trabalho, a adaptação <strong>do</strong><br />

trabalho ao homem e também <strong>do</strong> homem ao homem. Com esse três fatores,<br />

pode-se compreender melhor o fator humano nas organizações. Ela é o<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s estímulos que agem sobre os indivíduos, levan<strong>do</strong>-os à ação.<br />

A satisfação <strong>do</strong> funcionário está diretamente ligada à qualidade de vida no<br />

trabalho.<br />

Segun<strong>do</strong> Monteiro (1998), uma das principais mudanças ocorridas ao<br />

longo das últimas décadas foi a preocupação com a valorização <strong>do</strong>s recursos<br />

humanos disponíveis na organização. Quan<strong>do</strong> se fala em motivação ou qualidade<br />

de vida no trabalho, a primeira palavra que vem à mente de to<strong>do</strong>s é<br />

salário. Mas a demanda maior é por mudanças organizacionais que atendam<br />

às necessidades humanas, especialmente as psicológicas e sociológicas.<br />

A sugestão para esses problemas seria a realização de reuniões periódicas<br />

para a discussão de melhorias no setor em estu<strong>do</strong>. Cada funcionário<br />

colocaria suas sugestões à mostra, buscan<strong>do</strong> discutir a viabilidade e sempre<br />

priman<strong>do</strong> pela valorização <strong>do</strong> trabalho conjunto.<br />

234


5 Considerações finais<br />

Este estu<strong>do</strong> teve por finalidade analisar o ambiente de trabalho da<br />

Secretaria Municipal de Saúde de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, com ênfase na estrutura<br />

física, que no ano de 2008 sofreu modificações.<br />

As entrevistas foram necessárias para que cada funcionário pudesse<br />

expor os problemas relativos às suas atribuições. Porém, a natural resistência<br />

às mudanças e a desconfiança perante determina<strong>do</strong>s questionamentos<br />

foram os limita<strong>do</strong>res da pesquisa, pois o funcionário se sente amedronta<strong>do</strong><br />

em explanar suas opiniões com receio que seja prejudica<strong>do</strong>. O pesquisa<strong>do</strong>r<br />

teve a oportunidade de expor suas percepções sobre a mudança, por trabalhar<br />

no local.<br />

Foram propostos planos de ação, com sugestões em diversos procedimentos<br />

e na estrutura física, que ainda precisam de melhorias.<br />

As mudanças na estrutura física, além de proporcionar melhorias no<br />

ambiente, geraram motivação nos colabora<strong>do</strong>res da organização, pois estes<br />

puderam aproveitar melhor os recursos advin<strong>do</strong>s da reforma, como móveis<br />

e equipamentos novos. Com o ambiente reformula<strong>do</strong> e adapta<strong>do</strong> às funções<br />

de cada um, notou-se uma significativa melhoria nas relações interpessoais<br />

e na produtividade.<br />

Em um futuro breve, as rotinas administrativas da Secretaria Municipal<br />

de Saúde serão beneficiadas pela informatização <strong>do</strong> SUS. Esse fato<br />

reduzirá, principalmente, o uso de papéis e ainda armazenará da<strong>do</strong>s que<br />

facilitarão a execução <strong>do</strong>s procedimentos.<br />

Esta pesquisa serve de referência para futuras pesquisas nessa<br />

área, que serão necessárias para avaliar novas modificações que venham a<br />

ser feitas ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />

6 Referências<br />

ANDRADE, R; JACOUD, L. (Orgs.). Estrutura e Organização <strong>do</strong> Poder<br />

Executivo - Volume 2.. Brasília: Escola Nacional de Administração Pública<br />

<strong>–</strong> ENAP, 1993.<br />

BOWDITCH, J. L. E; BUONO, A. F. Elementos <strong>do</strong> Comportamento Organizacional.<br />

São Paulo: Pioneira, 1992.<br />

FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho: como medir para<br />

melhorar. Salva<strong>do</strong>r: Casa da Qualidade, 1996.<br />

FRANCIS, R. L.; WHITE, J. A. Facilidade de distribuição e localização<br />

235


em uma abordagem analítica. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1974.<br />

GIL, A. C. Méto<strong>do</strong>s e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.<br />

HERZBERG, F. Conceitos de Comportamento na Organização. São<br />

Paulo: EPU, 1973.<br />

MARCONI, M; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 2. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 1990.<br />

MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração. 6. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 2007.<br />

MONTEIRO, M. S; GOMES, J. da R. De Taylor ao modelo japonês: modificações<br />

ocorridas nos modelos de organização <strong>do</strong> trabalho e a participação<br />

no trabalho. São Paulo, 1998.<br />

PIMENTA, C. C. Aspectos Recentes da Organização e das Políticas de<br />

Modernização da Função Pública Federal. Revista de Administração<br />

Pública, Rio de Janeiro, n. 28, abr. 1994.<br />

WEBER, M. Ciência e política: duas vocações. São Paulo: Martin Claret,<br />

2003.<br />

236


ESTUDO SOBRE O PERFIL DE PERITOS CONTADORES NO RIO<br />

GRANDE DO SUL<br />

RESUMO<br />

237<br />

Marta Feldmann 1<br />

Aline Gauer 2<br />

O objetivo desta pesquisa é analisar o perfil <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul, em relação a seu nível de conhecimento, atuação e educação<br />

continuada. Para discutir esse tema, foi realizada uma pesquisa quantitativa<br />

e qualitativa cujos da<strong>do</strong>s foram coleta<strong>do</strong>s através de questionário envia<strong>do</strong> a<br />

peritos conta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul demonstran<strong>do</strong> a análise<br />

<strong>do</strong> perfil destes profissionais atuantes nas esferas judiciais. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s nesta pesquisa indicam que os peritos conta<strong>do</strong>res exercem tanto a<br />

função de perito <strong>do</strong> juízo como de assistente técnico e estes demonstram<br />

que suas maiores dificuldades são fixação de honorários e a obtenção de<br />

<strong>do</strong>cumentos necessários para o trabalho pericial. Além disso, podemos dizer<br />

que a educação continuada faz com que o trabalho desenvolvi<strong>do</strong> por este<br />

profissional tenha qualidade, pois traz a tona o novo conhecimento adquiri<strong>do</strong><br />

em cursos e atualizações.<br />

Palavras-chave: Conta<strong>do</strong>res, Perícia, Peritos<br />

ABSTRACT<br />

This study aims to verify the profile of expert accountants in Rio Grande <strong>do</strong><br />

Sul in regards to their level of knowledge, action and continuous educational<br />

improvement. To find an answer to the problem a qualitative and quantitative<br />

research was conducted demonstrating through a questionnaire sent to expert<br />

accountants in the state of Rio Grande <strong>do</strong> Sul the analysis of the level<br />

of the professionals acting in the judicial circles. The results obtained in this<br />

research indicate that most of the expert accountants are males and they perform<br />

either as legal experts or as technical assistants and they show that their<br />

1 Graduanda em Ciências Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Especialista em Auditoria e Perícia Contábil <strong>–</strong> FEEVALE/RS; Mestranda<br />

em Administração Internacional <strong>–</strong> UDE/UY; Professora <strong>do</strong> Curso de Ciências<br />

Contábeis da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


iggest difficulties are defining of fees and the acquisition of the necessary<br />

<strong>do</strong>cuments for the expert work.<br />

Key-words: Accountants, Expertise, Experts<br />

1 Introdução<br />

Este estu<strong>do</strong> discute o perfil <strong>do</strong> perito conta<strong>do</strong>r quanto ao seu nível<br />

de conhecimento, atuação e formação. O objetivo geral desta pesquisa visa<br />

verificar o perfil <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res no Rio Grande <strong>do</strong> Sul, em relação a<br />

seu nível de conhecimento, atuação e educação continuada. Como objetivos<br />

específicos, busca-se realizar uma pesquisa bibliográfica sobre perícia e o<br />

perito; observar os tipos de profissionais que fazem parte da Perícia Contábil<br />

qual sua formação, atuação e também quais dificuldades encontradas na<br />

área Pericial.<br />

A finalidade desta pesquisa é conhecer e analisar o profissional Perito<br />

que hoje atua nas esferas judiciais, não ten<strong>do</strong> como objetivo propor mudanças<br />

ou alterações quanto ao perfil <strong>do</strong> perito-conta<strong>do</strong>r em nenhum âmbito,<br />

mas apenas demonstrar seu nível de conhecimento e qualificações.<br />

Devi<strong>do</strong> ao interesse em se conhecer o perfil <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res,<br />

busca-se contemplar o seguinte problema: Qual o perfil <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res<br />

atuantes nas esferas judiciais no Rio Grande <strong>do</strong> Sul?<br />

Segun<strong>do</strong> Santos et al (2006, p. 27), o perito se utiliza de técnicas,<br />

conhecimentos de ciências contábeis, procedimento e práticas profissionais<br />

para prestar serviços de qualidade. Para conseguir a qualidade <strong>do</strong>s seus serviços,<br />

o autor comenta que o conta<strong>do</strong>r deve estar sempre se especializan<strong>do</strong>,<br />

analisan<strong>do</strong> também como os conta<strong>do</strong>res peritos estão se comportan<strong>do</strong> em<br />

relação à atualização.<br />

Assim, este estu<strong>do</strong> se apresenta da seguinte forma: referencial teórico<br />

que apresenta assuntos relativos à perícia contábil e o perito, meto<strong>do</strong>logia<br />

que apresenta a forma de elaboração <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, coleta e análise de da<strong>do</strong>s, e<br />

considerações finais.<br />

2 Referencial teórico<br />

2.1 Perícia: conceituação<br />

A pericia é o caminho trilha<strong>do</strong> com objetivo de alcançar os meios afirma<strong>do</strong>s<br />

para os fatos contábeis alega<strong>do</strong>s ou contesta<strong>do</strong>s. É também a ação<br />

de provar, de fazer a prova contábil, destaca Santos (1983).<br />

A perícia é uma das provas admitidas na legislação brasileira, por-<br />

238


tanto é de suma importância nos procedimentos judiciais. Assim, se torna<br />

importante sabermos o conceito de perícia.<br />

Lopes de Sá (2002, p. 14) conceitua Perícia Contábil como sen<strong>do</strong><br />

A verificação de fatos liga<strong>do</strong>s ao Patrimônio individualiza<strong>do</strong>s<br />

visan<strong>do</strong> oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal<br />

opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações,<br />

avaliações, arbitramentos, em suma to<strong>do</strong> e qualquer procedimento<br />

necessário à opinião.<br />

A perícia contábil traz ao juízo e as partes os fatos que se encontram<br />

em divergência, através da elaboração <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong> perito, utilizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os meios de prova.<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>Alberto</strong> (2002), a perícia distingue-se das provas periciais,<br />

visto que a primeira é por definição um instrumento especial de constatação,<br />

prova ou demonstração, científica ou técnica, da verdade de situações, coisas<br />

ou fatos; enquanto a segunda é um <strong>do</strong>s aspectos de utilização da perícia<br />

mais restrita. Portanto, pode-se dizer que a perícia contém a prova pericial,<br />

mas esta não tem a abrangência daquela.<br />

O perito, para participar da perícia, deve tomar conhecimento <strong>do</strong>s<br />

fatos que motivaram a questão, os argumentos de cada um, os <strong>do</strong>cumentos<br />

apresenta<strong>do</strong>s, enfim, to<strong>do</strong> o processo.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, destacar os fatos são ocorrências que motivaram uma<br />

perícia, é necessário ao perito ter pleno conhecimento de ambos, a fim de<br />

que possa melhor planejar e executar o seu trabalho. Para que se possa caracterizar<br />

um trabalho como sen<strong>do</strong> pericial, este deverá essencialmente ser<br />

conduzi<strong>do</strong> por pessoa qualificada na matéria.<br />

<strong>Alberto</strong> (2002) define que os ambientes de atuação da perícia dividem-se<br />

em quatro tipos: a Perícia Judicial, a Perícia Semijudicial, a Perícia<br />

Extrajudicial e a Perícia Arbitral.<br />

Conforme <strong>Alberto</strong> (2002, p. 53):<br />

Perícia judicial é aquela realizada dentro <strong>do</strong>s procedimentos processuais<br />

<strong>do</strong> Poder Judiciário, por determinação, requerimentos<br />

ou necessidade de seus agentes ativos, e se processa segun<strong>do</strong><br />

regras legais específicas. Esta espécie de perícia subdivide-se,<br />

segun<strong>do</strong> suas finalidades precípuas no processo judicial, em<br />

meio de prova ou de arbitramento.<br />

A perícia judicial é aquela que acontece quan<strong>do</strong> as partes buscam a<br />

resolução de um litígio através da justiça estatal, porém existem alguns tipos<br />

que ocorrem de forma diferenciada, como a perícia semijudicial.<br />

Segun<strong>do</strong> <strong>Alberto</strong> (2002, p. 53), a Perícia Semijudicial é aquela cum-<br />

239


prida dentro de um contexto institucional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> como intuito fundamental<br />

ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuários.<br />

Perícia Extrajudicial, conforme <strong>Alberto</strong> (2002, p. 53), é um tipo de<br />

Perícia realizada fora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, por necessidade de escolha de entes físicos<br />

e jurídicos particulares, e seu objetivo poderá ser: demonstrar a veracidade<br />

ou não <strong>do</strong> fato em questão, discriminar interesses de cada pessoa envolvida<br />

em matéria conflituosa; comprovar fraude, desvios e simulação.<br />

Por fim, o autor <strong>Alberto</strong> (2002, p. 53) define Perícia Arbitral como<br />

aquela realizada no juízo arbitral, é portanto, um méto<strong>do</strong> extrajudicial para<br />

dissolução de conflitos, cujo árbitro desempenha função semelhante à <strong>do</strong> juiz<br />

estatal.<br />

2.2 Perfil e atribuições <strong>do</strong> perito conta<strong>do</strong>r<br />

O perfil <strong>do</strong> perito conta<strong>do</strong>r é a formação superior, a instrução técnica<br />

e a ética. Lopes de Sá (2002, p. 21) ressalta que “o perito precisa ser um<br />

profissional habilita<strong>do</strong>, legal, cultural e intelectualmente, e exercer virtudes<br />

morais e éticas com total compromisso com a verdade”.<br />

De acor<strong>do</strong> com Ornelas (2007, p. 50),<br />

[...] ser um profissional habilita<strong>do</strong>, ou seja, deve ter capacidade<br />

legal para o exercício da função pericial contábil advinda de<br />

seu título universitário de bacharel em Ciências Contábeis, ou<br />

equipara<strong>do</strong> devidamente registra<strong>do</strong> no Conselho Regional de<br />

Contabilidade.<br />

Se o perito-conta<strong>do</strong>r fizer qualquer exercício incorreto, designadamente<br />

que possa trazer danos às partes, objetará por estes e ainda<br />

estará sujeito a punições <strong>do</strong> Conselho Regional de Contabilidade (CRC) de<br />

sua jurisdição e sanção da Lei Penal.<br />

Magalhães et al (2006) comenta que o grau de conhecimento exigi<strong>do</strong><br />

para a função pericial contábil é o bacharela<strong>do</strong> em Ciências Contábeis.<br />

Exigem-se <strong>do</strong> profissional os mais adequa<strong>do</strong>s conhecimentos da especialidade<br />

e a orientação ética, que lhe emprestam a necessária autoridade técnica/<br />

científica para o acatamento <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> de sua atuação.<br />

Santos et al (2006, p. 34) salienta que:<br />

É essencial ao profissional a observância de uma postura critica,<br />

buscan<strong>do</strong> desenvolver um espírito critico no que diz respeito ao<br />

rigor e a legitimidade da matéria sob apreciação. Esse espírito<br />

critico deve ser desenvolvi<strong>do</strong> pelo perito contábil de mo<strong>do</strong> a lhe<br />

permitir chegar à verdade <strong>do</strong>s fatos contábeis para os quais ele<br />

foi designa<strong>do</strong>.<br />

240


O Código de Processo Civil, em seu artigo 145, determina o perito<br />

como “àquele que irá ser essencial ao Juiz e possuir obrigação em seus serviços”,<br />

pois, será o responsável por completar a falta de informação <strong>do</strong> objeto<br />

analisa<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Lopes de Sá (2002, p. 8), o profissional que realiza a<br />

Perícia contábil necessita de competência, que são suas qualidades e, entre<br />

essas qualidades essenciais a esse tipo de profissional, podem-se citar as<br />

principais que são:<br />

Legal: É a que lhe confere o título de Bacharel em Ciências Contábeis<br />

e o registro no Conselho Regional de Contabilidade.<br />

Profissional: Essa qualidade caracteriza-se por conhecimento técnico<br />

da contabilidade, Conhecimento prático da tecnologia contábil, Experiência<br />

em perícia, Perspicácia, Perseverança, Sagacidade, Conhecimento geral<br />

das ciências afim à contabilidade, In<strong>do</strong>le criativa e intuitiva.<br />

Ética - é a capacidade que está estabelecida no Código de Ética profissional<br />

<strong>do</strong> Conta<strong>do</strong>r e na norma emanada <strong>do</strong> Conselho Federal de Contabilidade.<br />

Moral <strong>–</strong> é a capacidade estribada na virtude das atitudes pessoais <strong>do</strong><br />

profissional.<br />

A responsabilidade <strong>do</strong> profissional perito e <strong>do</strong> assistente técnico na<br />

realização de trabalhos periciais segun<strong>do</strong> Moura (2007, p. 56 - 57), é:<br />

- cumprir os prazos fixa<strong>do</strong>s pelo juiz em perícia judicial e nos<br />

termos contrata<strong>do</strong>s em perícia extrajudicial e arbitral;<br />

- assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações<br />

fornecidas, quesitos respondi<strong>do</strong>s, procedimentos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, diligências<br />

realizadas, valores apura<strong>do</strong>s e conclusões apresentadas<br />

no Lau<strong>do</strong> Pericial e no Parecer Técnico;<br />

- prestar os esclarecimentos determina<strong>do</strong>s pelo juiz, representa<strong>do</strong>s<br />

os prazos legais;<br />

- prestar os esclarecimentos necessários de forma oportuna,<br />

respeitan<strong>do</strong> o contato e o objeto da perícia quan<strong>do</strong> se tratar de<br />

perícia extrajudicial, bem como os normas <strong>do</strong> juízo arbitral.<br />

No desempenho desta atividade, o Perito Conta<strong>do</strong>r e o Perito Assistente<br />

estão obriga<strong>do</strong>s a portar-se com ética, lealdade, i<strong>do</strong>neidade e honestidade<br />

em relação ao juiz e às partes litigantes.<br />

Segun<strong>do</strong> Moura (2007, p. 55) “o dever de sigilo subsiste, vigora, mesmo<br />

na hipótese de o profissional se desligar <strong>do</strong> trabalho antes de concluí<strong>do</strong>”.<br />

Antes de repassar seus serviços o Perito deve elaborar seus honorários<br />

consideran<strong>do</strong> as variáveis que vão trazer ao juízo de forma clara e<br />

consubstanciada o valor a ser cobra<strong>do</strong>.<br />

Conforme Moura (2007, p. 46 - 47) o profissional perito e assistente<br />

241


devem considerar fatores para estabelecer previamente seus honorários, assim<br />

avalian<strong>do</strong> seu trabalho, sen<strong>do</strong> estes:<br />

a) a relevância, o vulto, o risco e a complexidade <strong>do</strong>s serviços<br />

a executar;<br />

b) as horas estimadas para realização de cada fase <strong>do</strong> trabalho;<br />

c) a qualificação <strong>do</strong> pessoal técnico que irá participar da execução<br />

<strong>do</strong>s serviços;<br />

d) o prazo fixa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> indica<strong>do</strong> ou escolhi<strong>do</strong>, e o prazo médio<br />

habitual da liquidação, se nomea<strong>do</strong> pelo juiz;<br />

e) a forma de reajuste e de parcelamento se houver;<br />

f) os lau<strong>do</strong>s inter-profissionais e outros inerentes ao trabalho;<br />

g) no caso <strong>do</strong> assistente técnico, o resulta<strong>do</strong> que, para o contratante,<br />

advirá com o serviço presta<strong>do</strong>, se houver, e<br />

h) o local em que o serviço será presta<strong>do</strong>.<br />

O pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s honorários deve contemplar to<strong>do</strong>s os itens que levaram o<br />

perito ao valor solicita<strong>do</strong>, pois e assim, demonstrará às partes os gastos, desenvolvimento<br />

e diligências envolvidas na concretização <strong>do</strong> seu trabalho pericial.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

A meto<strong>do</strong>logia e os procedimentos utiliza<strong>do</strong>s neste artigo formam<br />

uma pesquisa bibliográfica e <strong>do</strong>cumental, ten<strong>do</strong> técnicas utilizadas como reflexo<br />

de literatura e <strong>do</strong>cumentos oficiais existente sobre o tema.<br />

Finalizan<strong>do</strong>, as tipologias destacam uma pesquisa quantitativa pela<br />

utilização <strong>do</strong>s questiona<strong>do</strong>s e qualitativa, pois vem demonstrar o perfil <strong>do</strong>s<br />

peritos.<br />

Este questionário consiste em informações sobre os peritos e posteriormente,<br />

solicitada uma listagem <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res inscritos na Associação<br />

<strong>do</strong>s Peritos da Justiça <strong>do</strong> Trabalho <strong>–</strong> Apejust/RS, contatan<strong>do</strong>-se com<br />

estes via correio eletrônico (e-mail) para solicitar a colaboração na pesquisa.<br />

Importante mencionar que a amostra é intencional, alcança<strong>do</strong>s por acessibilidade,<br />

embora o universo de peritos conta<strong>do</strong>res no Rio Grande <strong>do</strong> Sul é<br />

superior ao número de questiona<strong>do</strong>s.<br />

A pesquisa foi realizada através <strong>do</strong> envio <strong>do</strong> questionário com respostas<br />

padronizadas de múltipla escolha a 15 (quinze) peritos seleciona<strong>do</strong>s<br />

de forma aleatória, sen<strong>do</strong> estes cadastra<strong>do</strong>s na Apejust/RS <strong>–</strong> Associação <strong>do</strong>s<br />

Peritos na Justiça <strong>do</strong> Trabalho e outros forneci<strong>do</strong>s pelo CRC/RS <strong>–</strong> Conselho<br />

Regional de Contabilidade. Nesta pesquisa, foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s procedimentos<br />

para a elaboração de um questionário composto de 10 (dez) questões objetivas,<br />

facilitan<strong>do</strong> assim as respostas <strong>do</strong>s peritos.<br />

242


4 Análise de da<strong>do</strong>s<br />

4.1 Estu<strong>do</strong> sobre o perfil de peritos conta<strong>do</strong>res no Rio Grande <strong>do</strong> Sul<br />

As respostas fornecidas pelos questiona<strong>do</strong>s, foram tabuladas para<br />

uma análise à resposta ao problema de pesquisa.<br />

O primeiro questionamento teve o intuito de verificar qual o gênero<br />

<strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Para demonstrar a<br />

proporcionalidade <strong>do</strong> campo de trabalho entre homens e mulheres.<br />

Neste conjunto de análise quantitativa, a resposta com o percentual<br />

de maior relevância são os conta<strong>do</strong>res peritos de gênero masculino, sen<strong>do</strong><br />

eles com 73% (setenta e três por cento) e os de gênero feminino que 27%<br />

(vinte e sete por cento) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. Atualmente o gênero feminino vem<br />

buscan<strong>do</strong> seus espaços no merca<strong>do</strong> de trabalho verificaram que na perícia o<br />

sexo masculino nesta amostra de pesquisa, é a maioria. Posteriormente, se<br />

questionou a faixa etária destes peritos, como mostra o gráfico 1:<br />

GRÁFICO 1 <strong>–</strong> A faixa etária <strong>do</strong>s Conta<strong>do</strong>res Peritos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Observa-se nesta questão, que <strong>do</strong>s 15 peritos questiona<strong>do</strong>s 47%<br />

(quarenta e sete por cento) tem idade entre 31(trinta e um) anos a 40 (quarenta)<br />

anos; 20% (vinte por cento) têm idade entre 41 (quarenta e um) anos<br />

a 50 (cinquenta) anos; 20% (vinte por cento) entre 51 (cinqüenta e um) anos<br />

a 60 (sessenta) anos; 13% (treze por cento) entre 21(vinte e um) anos a 30<br />

(trinta) anos; e com mais de 61 (sessenta e um) anos não teve peritos questiona<strong>do</strong>s.<br />

Na seqüência, questionou-se que demonstra há quanto tempo o profissional<br />

concluiu a sua graduação.<br />

243


GRÁFICO 2 <strong>–</strong> Tempo de conclusão da graduação <strong>do</strong>s Peritos Conta<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Na amostra coletada, observa-se que a maior parte <strong>do</strong>s profissionais<br />

Peritos concluiu sua formação há 11 a 20 anos, ten<strong>do</strong> estes um desempenho<br />

no gráfico de 33% (trinta e três por cento). Profissionais gradua<strong>do</strong>s a mais de<br />

30 anos com 27% (vinte e sete por cento), de 21 a 30 anos com 20% (vinte<br />

por cento), com 13% (treze por cento) os profissionais entre 6 a 10 anos de<br />

formação e com 1 a 5 anos 7 %( sete por cento) <strong>do</strong>s 15 peritos entrevista<strong>do</strong>s.<br />

Podemos avaliar que os profissionais com maior proporção na pesquisa, entre<br />

11 a 20 anos, o que nos remete à constatação de que são profissionais<br />

que possuem experiência e conhecimento prático na área contábil.<br />

O próximo gráfico relata qual o grau da formação <strong>do</strong> profissional Perito,<br />

obten<strong>do</strong>- e os seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />

GRÁFICO 3 <strong>–</strong> Graduação máxima <strong>do</strong>s Conta<strong>do</strong>res Peritos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul<br />

Nesta questão mostra um resulta<strong>do</strong> que cerca de 73% (setenta e três<br />

por cento) <strong>do</strong>s peritos questiona<strong>do</strong>s tem o Bacharela<strong>do</strong> em Ciências Contábeis,<br />

20% (vinte por cento) são Mestres e 7% (sete por cento) especialistas.<br />

No quesito Doutor e Pós- <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> não houve respostas.<br />

Em um trecho <strong>do</strong> Livro de Lopes de Sá (2002, p. 21) ele ressalta<br />

que “o perito precisa ser um profissional habilita<strong>do</strong>, legal, cultural e intelec-<br />

244


tualmente, e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a<br />

verdade”.<br />

A importância da continuidade da sua formação faz com que o profissional<br />

se mantenha qualifica<strong>do</strong> e trazen<strong>do</strong> maior qualidade aos seus trabalhos<br />

periciais.<br />

A quinta questão teve a intenção de verificar se o Perito esta participan<strong>do</strong><br />

de algum curso de educação continuada e com as respostas, obteve-<br />

-se a seguinte representação:<br />

GRÁFICO 4 <strong>–</strong> Curso de educação continuada <strong>do</strong>s Conta<strong>do</strong>res Peritos <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul<br />

O gráfico desta questão demonstra que 80% (oitenta por cento) <strong>do</strong>s<br />

profissionais Peritos questiona<strong>do</strong>s não estão participan<strong>do</strong> de nenhum tipo de<br />

curso de educação continuada e 20% (vinte por cento) destes estão cursan<strong>do</strong>.<br />

Estes cursos muitas vezes são realiza<strong>do</strong>s pelo próprio Conselho Regional<br />

de Contabilidade, com o intuito de atualização e aprimoramento na área de<br />

contabilidade e âmbito profissional.<br />

A pesquisa também questionou como o Perito atua dentro na perícia,<br />

se como perito <strong>do</strong> juízo ou defenden<strong>do</strong> as partes como assistente técnico.<br />

GRÁFICO 5 <strong>–</strong> Perito ou Assistente técnico<br />

245


Os resulta<strong>do</strong>s demonstram que <strong>do</strong>s 15 (quinze) peritos questiona<strong>do</strong>s,<br />

67% (sessenta e sete por cento) destes atuam como perito e assistente<br />

e 33% (trinta e três por cento) somente como perito <strong>do</strong> juízo. Ten<strong>do</strong> um maior<br />

número de profissionais que atuam como peritos <strong>do</strong> juízo e assistentes, isso<br />

demonstra que há um vasto campo de trabalho para o profissional conta<strong>do</strong>r,<br />

o que auxilia ao juiz, bem como as partes de um processo.<br />

No item seguinte foi questiona<strong>do</strong> qual é a área judicial que o Perito<br />

atua com mais freqüência, obteve-se a seguinte representação:<br />

GRÁFICO 6 <strong>–</strong> Área Judicial que o Perito atua com freqüência<br />

Nos da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s, demonstra que 47% (quarenta e sete por cento)<br />

<strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s atuam na área judicial civil, 20% (vinte por cento) na área<br />

trabalhista e com o mesmo resulta<strong>do</strong>, 20% (vinte por cento) na área Federal<br />

e com 13% (treze por cento) trabalham com mais frequência na área judicial<br />

de Família.<br />

O gráfico demonstra a freqüência de trabalhos periciais vistos pelos<br />

peritos mensalmente.<br />

GRÁFICO 7 <strong>–</strong> Freqüência de Trabalhos Periciais <strong>do</strong>s Peritos<br />

Os peritos questiona<strong>do</strong>s responderam que realizam perícias com freqüência,<br />

média no mês de 5 a 15 processos judiciais. Apresenta<strong>do</strong> no gráfico<br />

acima esta situação, 80% (oitenta por cento) <strong>do</strong>s peritos desenvolvem trabalhos<br />

judiciais com esta freqüência e 20% (vinte por cento) destes realizam<br />

trabalhos com freqüência inferior a 5 (cinco) processos mês.<br />

246


GRÁFICO 8 <strong>–</strong> Quantidade de perícias anuais <strong>do</strong>s Peritos<br />

Ten<strong>do</strong> como base 80% (oitenta por cento) das respostas positivas,<br />

isto é, <strong>do</strong>s 15 (quinze) entrevista<strong>do</strong>s somente 12 (<strong>do</strong>ze) peritos responderam<br />

positivamente a questão anterior, obten<strong>do</strong> a quantidade de processos calcula<strong>do</strong>s<br />

anualmente. O gráfico interpreta que 42% (quarenta e <strong>do</strong>is por cento)<br />

desenvolvem de 20 a 40 processos judiciais anuais, 33% (trinta e três por<br />

cento) mais de 40 processos anuais, 17% (dezessete por cento) entre 11 a<br />

20 processos e somente 8% (oito por cento) <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s responderam<br />

que calculam em media no ano de 1 a 10 processos judiciais.<br />

E por fim se questionou quais foram as maiores dificuldades encontradas<br />

pelos Peritos no desenvolvimento de seus trabalhos periciais, no qual<br />

se obtiveram os seguintes resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s abaixo:<br />

GRÁFICO 9 <strong>–</strong> Maiores dificuldades encontradas pelos Peritos nos trabalhos<br />

periciais<br />

247


No gráfico 9 apresentam-se as situações em que os peritos encontram<br />

obstáculos para desenvolver as atividades que cercam um processo<br />

judicial. Observa-se que a maior dificuldade encontrada é com relação a fixação<br />

de honorários, visto que estes valores devem ser informa<strong>do</strong>s previamente<br />

toman<strong>do</strong> por base informações iniciais, representan<strong>do</strong> 47% (quarenta e<br />

sete por cento) <strong>do</strong>s peritos questiona<strong>do</strong>s. A obtenção de <strong>do</strong>cumentos necessários<br />

é outra dificuldade encontrada pelos peritos significan<strong>do</strong> 40% (quarenta<br />

por cento) destes. Com 13% (treze por cento) é aponta<strong>do</strong> a dificuldade de<br />

relacionamento com os peritos é com relação <strong>do</strong>s demais peritos envolvi<strong>do</strong>s<br />

no trabalho pericial.<br />

5 Considerações finais<br />

As informações demonstradas compõem o perfil <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res<br />

atuantes nas esferas judiciais no Rio Grande <strong>do</strong> Sul como propôs o<br />

objetivo geral desta pesquisa.<br />

Com base nas respostas <strong>do</strong> questionário envia<strong>do</strong> pelos peritos conta<strong>do</strong>res<br />

foi respondi<strong>do</strong> o problema contempla<strong>do</strong> neste trabalho, pelo qual<br />

analisou sua formação, seu tempo de graduação, e com qual freqüência realizam<br />

estes processos, mostran<strong>do</strong> serem peritos profissionais entendi<strong>do</strong>s na<br />

matéria pericial, ter responsabilidade, sen<strong>do</strong> estes legais, isso é, a que lhe<br />

confere o título de Bacharel em Ciências Contábeis e o registro no Conselho<br />

Regional de Contabilidade.<br />

Analisan<strong>do</strong>-se a pesquisa, observa-se em relação à formação profissional,<br />

que 7% <strong>do</strong>s questiona<strong>do</strong>s possuem especialização em perícia e 73%<br />

não possuem nenhuma especialização, somente o bacharela<strong>do</strong>. Ainda por<br />

ser uma amostra pequena para população de peritos, percebe-se que a formação<br />

<strong>do</strong>s mesmos não influencia diretamente na sua nomeação pelo juízo.<br />

Contu<strong>do</strong>, os peritos encontram algumas dificuldades na conclusão de<br />

seus processos principalmente no que diz respeito à fixação de honorários e<br />

obtenção de <strong>do</strong>cumentos necessários o que ocasiona atrasos e desinformações<br />

abrin<strong>do</strong> brechas no sistema contábil pericial.<br />

Esta pesquisa explanou um assunto de interesse, mostran<strong>do</strong> que<br />

agregou um grande conhecimento sobre o trabalho <strong>do</strong>s peritos conta<strong>do</strong>res no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. Um aprendiza<strong>do</strong> teórico bibliográfico e também<br />

uma forma de se conhecer o perfil deste profissional.<br />

Como forma de continuidade desta pesquisa, sugere-se o estu<strong>do</strong> da<br />

visão <strong>do</strong>s magistra<strong>do</strong>s perante a utilização <strong>do</strong> trabalho pericial como forma de<br />

auxílio na elaboração da sentença processual.<br />

248


6 Referências<br />

ALBERTO, V. L. P. Perícia Contábil: 3. ed. São Paulo Atlas, 2002.<br />

CÓDIGO DO PROCESSO CIVEL. Disponível em:


250


REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA E CONCESSÃO DE CRÉDITO E OS<br />

ÍNDICES DE INADIMPLÊNCIA: UM ESTUDO DE CASO NA ALFA<br />

RESUMO<br />

251<br />

Nilton Janir Butzke 1<br />

Rodrigo da Silveira Kappel 2<br />

O objetivo geral deste estu<strong>do</strong> é analisar se a política de concessão de crédito<br />

está de acor<strong>do</strong> com os índices de inadimplência registra<strong>do</strong>s pela empresa<br />

pesquisada. Meto<strong>do</strong>logicamente, trata-se de um estu<strong>do</strong> de caso singular em<br />

nível descritivo, cujas fontes de pesquisa baseiam-se em <strong>do</strong>cumentos contábeis<br />

<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de 2006 a 2008, além de pesquisa bibliográfica, sen<strong>do</strong> que<br />

a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s tem características quantitativas e qualitativas. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

da pesquisa permitem considerar que os índices de inadimplência são<br />

pequenos em relação ao faturamento, muito embora represente em alguns<br />

perío<strong>do</strong>s um aumento eleva<strong>do</strong> em relação a perío<strong>do</strong>s anteriores. Além disso,<br />

verifica-se que a empresa possui uma política de análise e concessão de<br />

crédito adequada às exigências, necessitan<strong>do</strong> de alguns ajustes em relação<br />

a tempo de cadastro <strong>do</strong> cliente.<br />

Palavras-chave: Política de concessão de crédito, Índices de inadimplência,<br />

Merca<strong>do</strong><br />

ABSTRACT<br />

The aim of this study is to analyze if the policy of lending is in line with the<br />

default rates reported by the company. Metho<strong>do</strong>logically, is about a unique<br />

case study in an descriptive level, whose research sources are based on<br />

accounting <strong>do</strong>cuments of the period from 2006 to 2008, beyond a bibliographic<br />

research. The data analysis has quantitative and qualitative characteristics.<br />

The research effect accepts concern the table of contents of<br />

default is small in relation to sales, although they represent an increase in<br />

some periods and high compared to previous periods. Besides it confirms<br />

that the company has a policy analysis and appropriate credits that demands<br />

1 Graduan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Curso de Ciências Contábeis - Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Mestre em Ciências Contábeis <strong>–</strong> Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.


the current market, requiring some adjustments in relation to heave-release<br />

credit.<br />

Key-words: Policy lending, Default rates, Market<br />

1 Introdução<br />

A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos administrativos<br />

que tem como objetivos controlar e planejar da forma mais eficaz<br />

possível as atividades financeiras da empresa, pois o administra<strong>do</strong>r financeiro<br />

deve investir em ativos que geram um retorno superior ao custo de oportunidade<br />

<strong>do</strong> capital. Cabe destacar por que é a principal medida de desempenho<br />

da administração financeira, ou seja, da riqueza <strong>do</strong> proprietário através<br />

<strong>do</strong> aumento de valor <strong>do</strong>s ativos da empresa.<br />

Por meio da administração financeira, é possível se ter uma visão<br />

da atual situação da empresa, permitin<strong>do</strong> uma melhor análise e colaboran<strong>do</strong><br />

com o planejamento organizacional, através da otimização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

Conforme Gitman (1997) as ações da administração financeira visam<br />

ao cumprimento <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong>s proprietários da empresa e de seus acionistas,<br />

buscan<strong>do</strong> sempre a maximização da riqueza, toman<strong>do</strong> decisões que<br />

resultem em criar e agregar valor.<br />

Nesse contexto, esse estu<strong>do</strong> visa analisar e refletir a importância da<br />

administração financeira de curto prazo na concessão de crédito e nos índices<br />

de inadimplência na empresa Alfa, buscan<strong>do</strong> a otimização <strong>do</strong> potencial<br />

financeiro e econômico da empresa.<br />

O problema a ser contempla<strong>do</strong> neste trabalho é: Como a análise e<br />

concessão de crédito influenciam os índices de inadimplência e os resulta<strong>do</strong>s<br />

da empresa Alfa? Com isso, o estu<strong>do</strong> tem como objetivo geral identificar e<br />

avaliar a política de concessão de crédito da empresa Alfa, através da avaliação<br />

<strong>do</strong>s índices de inadimplência da empresa.<br />

Os objetivos específicos persegui<strong>do</strong>s são apresentar os principais<br />

conceitos relaciona<strong>do</strong>s à concessão de crédito e avaliação da inadimplência<br />

e de seus resulta<strong>do</strong>s, ou seja, os fundamentos da gestão financeira de<br />

curto prazo; mapear e identificar as principais informações necessárias à<br />

avaliação da política de crédito a clientes e a análise de inadimplência; e<br />

por fim, sugerir a empresa medidas que venham a aprimorar o processo de<br />

concessão de créditos a clientes, otimizan<strong>do</strong> o potencial financeiro e econômico<br />

da empresa.<br />

O estu<strong>do</strong> justifica-se na criação de um material de auxílio à empresa,<br />

no intuito de apontar melhorias na política de crédito e consequente<br />

252


diminuição <strong>do</strong>s índices de inadimplência. Este estu<strong>do</strong> contribui ainda para<br />

que a área financeira esteja alinhada com os direciona<strong>do</strong>res da empresa,<br />

crian<strong>do</strong> políticas de crédito compatíveis, usan<strong>do</strong> a mesma para estipular o<br />

volume de vendas, com critérios para a concessão de crédito comercial.<br />

Com isso, busca-se um controle mais eficaz com um melhor resulta<strong>do</strong> e<br />

análise <strong>do</strong>s investimentos, obten<strong>do</strong> um melhor retorno e valorização da riqueza<br />

<strong>do</strong> proprietário da empresa, buscan<strong>do</strong> na contabilidade e na administração<br />

financeira, as informações úteis fornecidas através <strong>do</strong>s demonstrativos<br />

contábeis.<br />

2 Fundamentos da Administração Financeira de Curto Prazo<br />

Gitman (1997) relata que as atividades financeiras e contábeis de<br />

uma empresa estão estreitamente relacionadas e em geral se sobrepõem,<br />

sen<strong>do</strong> que a administração financeira e a contabilidade nem sempre se distinguem<br />

facilmente. No entanto, há duas diferenças entre estas: a ênfase nos<br />

fluxos de caixa e na tomada de decisão.<br />

2.1 A Contabilidade e a Administração Financeira<br />

Gouveia (2001) define que contabilidade é a ciência social que estuda,<br />

interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma<br />

entidade. Por outro la<strong>do</strong>, Mattos (2000) complementa que o objetivo básico<br />

<strong>do</strong>s demonstrativos financeiros é prover informação útil para a tomada de<br />

decisões econômicas. Pode-se dizer também que tem a função de comparar<br />

o esta<strong>do</strong> anterior <strong>do</strong>s demonstrativos analisa<strong>do</strong>s em perío<strong>do</strong>s passa<strong>do</strong>s, com<br />

o esta<strong>do</strong> atual para determinar o resulta<strong>do</strong> das atividades.<br />

É importante destacar que, conforme pesquisas recentes divulgadas<br />

pelo Serasa (empresa que fornece da<strong>do</strong>s e ferramentas de análise a<br />

clientes de mais de 65 países, auxilian<strong>do</strong> no gerenciamento <strong>do</strong> risco de<br />

crédito, prevenção de fraudes, entre outros), muitas empresas pequenas<br />

entram em falência no máximo até o quinto ano de existência, por falta de<br />

informações financeiras precisas para o controle e planejamento financeiro.<br />

Dessa forma, as informações contábeis extraídas <strong>do</strong> balanço patrimonial<br />

são indiscutivelmente importantes, pois é nele que se contabilizam os da<strong>do</strong>s<br />

da gestão financeira, que devem ser analisa<strong>do</strong>s detalhadamente para<br />

a tomada de decisão.<br />

Diante disto, segun<strong>do</strong> Gitman (1997), o administra<strong>do</strong>r financeiro necessita<br />

cada vez mais controlar eficientemente o fluxo de caixa, ou seja, entradas<br />

e saídas de caixa, manten<strong>do</strong> a solvência da empresa, analisan<strong>do</strong> e<br />

planejan<strong>do</strong> este fluxo, satisfazen<strong>do</strong> as obrigações e adquirin<strong>do</strong> os ativos ne-<br />

253


cessários ao cumprimento <strong>do</strong>s objetivos da empresa, através da a<strong>do</strong>ção das<br />

principais técnicas de avaliação de investimentos.<br />

Cabe destacar também que este estu<strong>do</strong> está relaciona<strong>do</strong> à administração<br />

financeira de curto prazo, mais especificamente, a avaliação da<br />

política de crédito através da avaliação <strong>do</strong>s índices de inadimplência da empresa,<br />

pois a política de crédito a<strong>do</strong>tada em uma empresa é um instrumento<br />

fundamental e de influência direta na liquidez de uma entidade.<br />

Com isso, Securato (2000) relata que a concessão de crédito no Brasil<br />

é um importante instrumento para o desenvolvimento econômico, sen<strong>do</strong><br />

que o fortalecimento e a solidez <strong>do</strong> sistema financeiro são essenciais para<br />

que haja o crédito, e com isso, as empresas possam contar com esta alternativa<br />

para financiar suas atividades.<br />

2.2 Crédito e Cobrança<br />

O processo de análise de crédito, segun<strong>do</strong> Santos (2009), tem como<br />

objetivo averiguar se o cliente possui i<strong>do</strong>neidade e capacidade financeira<br />

para amortizar a dívida, sen<strong>do</strong> destacadas as tarefas de seleção, análise,<br />

precificação e monitoramento <strong>do</strong> risco de crédito, com base em informações<br />

concretas <strong>do</strong>s clientes.<br />

As empresas recorrem ao uso de duas técnicas para realizar a análise<br />

de crédito, sen<strong>do</strong> uma baseada no julgamento humano (técnica subjetiva)<br />

e outra baseada em procedimentos estatísticos (técnica objetiva). Por outro<br />

la<strong>do</strong>, Schirickel (2000) conceitua crédito como:<br />

To<strong>do</strong> ato de vontade e disposição de alguém de descartar ou ceder,<br />

temporariamente, parte de seu patrimônio a terceiros, com<br />

a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente,<br />

após decorri<strong>do</strong> o tempo estipula<strong>do</strong>. Sempre lembran<strong>do</strong> que<br />

qualquer crédito está intimamente associa<strong>do</strong> à noção de risco<br />

(SCHIRICKEL, 2000, p.26).<br />

Blatt (1996, p. 21) destaca que to<strong>do</strong> o relacionamento entre crédito e<br />

cobrança segue princípios de que boas cobranças começam com boa gestão<br />

de crédito, sen<strong>do</strong> que crédito implica em promessa de pagamento, envolven<strong>do</strong><br />

a cobrança responsável por fazer cumprir a promessa.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, Schrickel (2000, p.66) complementa que o ato de crédito<br />

implica e requer uma decisão, que só pode ser tomada pelo nível de<br />

alçada apropria<strong>do</strong>, ou seja, pelo nível de poder hierárquico de decisão para<br />

a análise de crédito.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, cabe ao empresário verificar se a política de crédito<br />

a<strong>do</strong>tada em sua empresa não compromete sua gestão de caixa, e nem preju-<br />

254


dica sua viabilidade financeira no futuro, pois a concessão de crédito deve ser<br />

uma modalidade positiva e favorável às atividades das empresas, conforme<br />

Silva (1998).<br />

Na prática, uma boa política de crédito influencia positivamente a empresa,<br />

tanto no índice de inadimplência, quanto na liquidez e na respeitabilidade<br />

com os clientes.<br />

A base para a concessão de crédito é a confiança. Silva (1998, p.103)<br />

afirma que para a decisão de crédito a matéria-prima é a informação, pois as<br />

informações confiáveis obtidas constituirão uma base sólida para uma análise<br />

e decisão de crédito segura. É através das informações que são verificadas<br />

os históricos de compras, o tempo de existência de empresa, a freqüência de<br />

pagamentos junto aos concorrentes, dentre outras. Com base nessas informações,<br />

o analista de crédito terá uma fonte de como o cliente se comporta<br />

crediticiamente.<br />

Securato (2002) diz que a empresa, ao estabelecer uma verdadeira<br />

política de concessão de crédito, deve buscar e obter respostas nos fatores<br />

como: volume de vendas; estrutura de custos da empresa; custo <strong>do</strong>s investimentos<br />

em valores a receber; custos com incobráveis e comportamento da<br />

concorrência.<br />

O autor ainda complementa que o principal objetivo de uma análise<br />

de crédito para financiamento a clientes em uma empresa é avaliar os riscos<br />

envolvi<strong>do</strong>s frente à probabilidade de recebimento desses valores.<br />

É importante que a empresa fixe condições de prazos compatíveis<br />

com os prazos <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res, estabeleça limites para cada cliente, determine<br />

o custo de captação de recursos combina<strong>do</strong> pelo risco de cada perfil de<br />

clientes, defina a meto<strong>do</strong>logia de análise de risco nas operações de crédito,<br />

estabeleça políticas de cobrança e controle das operações.<br />

Uma prática que vem sen<strong>do</strong> muito utilizada, servin<strong>do</strong> como uma garantia<br />

a mais nas liberações crédito e que funciona como uma parceria nas<br />

empresas é o seguro de crédito.<br />

Dentre algumas empresas que oferecem este tipo de serviço, cita-<br />

-se a Coface <strong>do</strong> Brasil. Sen<strong>do</strong> uma empresa <strong>do</strong> ramo de seguro de crédito<br />

<strong>do</strong>méstico, tem por objetivo ressarcir o segura<strong>do</strong> (cre<strong>do</strong>r) nas operações de<br />

crédito realizadas dentro <strong>do</strong> território nacional, causadas pelas perdas originadas<br />

por um deve<strong>do</strong>r insolvente, sen<strong>do</strong> necessário que o deve<strong>do</strong>r seja uma<br />

pessoa jurídica estabelecida no Brasil.<br />

O seguro pode ser contrata<strong>do</strong> por empresas de merca<strong>do</strong>rias ou serviços,<br />

cobrin<strong>do</strong> toda a carteira de recebíveis, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

segura<strong>do</strong>ra. Na maioria das vezes, o percentual de cobertura varia de 70%<br />

a 90% <strong>do</strong> valor segura<strong>do</strong>, ou seja, há uma espécie de franquia ou de participação<br />

<strong>do</strong> segura<strong>do</strong> no risco, varian<strong>do</strong> de 30% a 10% <strong>do</strong> valor segura<strong>do</strong>,<br />

255


conforme a cobertura contratada. Desta forma, as segura<strong>do</strong>ras contam com o<br />

esforço que o segura<strong>do</strong> faria para ajudá-las a recuperar um crédito não pago<br />

no caso de um eventual sinistro.<br />

Em suma, entende-se que uma apólice de seguro de crédito, além<br />

<strong>do</strong> seu benefício principal, que é o seguro propriamente dito, apresenta duas<br />

importantes vantagens suplementares: a prevenção (pela análise e monitoramento<br />

da carteira de recebíveis) e a cobrança.<br />

Segun<strong>do</strong> Securato (2000), para que as empresas possam contar com<br />

a alternativa de financiar suas atividades, a concessão de crédito no Brasil é<br />

importante instrumento, pois incentiva o desenvolvimento econômico e fortalece<br />

a solidez <strong>do</strong> sistema financeiro.<br />

3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

A pesquisa traduz-se em um estu<strong>do</strong> de caso singular, pois é realiza<strong>do</strong><br />

na empresa Alfa. De acor<strong>do</strong> com Gil (2007) o estu<strong>do</strong> de caso é um estu<strong>do</strong><br />

profun<strong>do</strong> sobre um fenômeno atual dentro da realidade.<br />

Esta pesquisa tem a característica de uma pesquisa <strong>do</strong>cumental e<br />

bibliográfica, pois, conforme Marconi e Lakatos (2006), é baseada na coleta<br />

de da<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> o foco em <strong>do</strong>cumentos, escritos ou não, constituin<strong>do</strong> o que<br />

se denominam fontes primárias.<br />

Na pesquisa <strong>do</strong>cumental foram analisa<strong>do</strong>s os demonstrativos financeiros<br />

como: balanços patrimoniais, demonstrativos de resulta<strong>do</strong>s, relatórios<br />

comerciais da empresa relativos ao perío<strong>do</strong> <strong>do</strong>s anos de 2006 a 2008, e da<strong>do</strong>s<br />

utiliza<strong>do</strong>s na política de crédito e cobrança pela Alfa.<br />

A pesquisa bibliográfica, de acor<strong>do</strong> com Marconi e Lakatos (2006),<br />

também denominada fontes secundárias, abrange toda a bibliografia <strong>do</strong> tema<br />

de estu<strong>do</strong>, com o intuito de colocar o pesquisa<strong>do</strong>r em contato direto com o<br />

assunto.<br />

Para a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foram utiliza<strong>do</strong>s os méto<strong>do</strong>s quantitativos<br />

e qualitativos. Para Collis (2005), as técnicas matemáticas, vinculadas ao<br />

méto<strong>do</strong> quantitativo, a<strong>do</strong>tadas para o estu<strong>do</strong> serão: levantamento de da<strong>do</strong>s,<br />

tabulações <strong>do</strong>s índices de inadimplência e gráficos. Estes da<strong>do</strong>s foram apura<strong>do</strong>s<br />

através de da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s de relatórios mensais <strong>do</strong> setor de Crédito<br />

e Cobrança.<br />

Quanto à abordagem de natureza qualitativa, reveste-se uma análise<br />

mais profunda, já que os da<strong>do</strong>s extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos contábeis foram<br />

interpreta<strong>do</strong>s e relaciona<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o objetivo geral deste estu<strong>do</strong>, através<br />

de análise <strong>do</strong>s gráficos e tabelas, verifican<strong>do</strong> variações <strong>do</strong>s índices de<br />

inadimplência, assim como a comparação destes com os relatórios <strong>do</strong>s DREs,<br />

256


perdas e lucratividade. Segun<strong>do</strong> Marconi e Lakatos (2006), a meto<strong>do</strong>logia qualitativa<br />

descreve a complexidade de um determina<strong>do</strong> problema, analisa a interação<br />

de certas variáveis, compreende e classifica processos dinâmicos.<br />

4 Aplicação da meto<strong>do</strong>logia proposta<br />

A empresa em estu<strong>do</strong> é uma multinacional fundada há 86 anos em<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul <strong>–</strong> RS, atuan<strong>do</strong> nos segmentos de educação, cultura, lazer,<br />

cuida<strong>do</strong>s pessoais e saúde, e localiza-se no centro da cidade. A Alfa é <strong>do</strong><br />

ramo da borracha, sen<strong>do</strong> que diversifica suas atividades atuan<strong>do</strong> nos segmentos<br />

“Body Care” (cuida<strong>do</strong>s para o corpo), “Stationery” (material escolar) e<br />

Revestimentos (pisos e lamina<strong>do</strong>s). É importante destacar também que, seu<br />

merca<strong>do</strong> alvo é essencialmente nacional, mas possui projeto de expansão<br />

para outros países, possuin<strong>do</strong> uma subsidiária nos EUA.<br />

4.1 Avaliação da Política de Crédito Atual<br />

A empresa possui um PPM (Procedimento Padrão) que tem a função<br />

de um manual de crédito, sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> para a padronização de suas<br />

atividades, onde constam políticas, alçadas e limites de concessão de<br />

crédito.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista o objetivo geral de identificar e avaliar a política de<br />

concessão de crédito da empresa Alfa, através <strong>do</strong>s índices de inadimplência,<br />

foram levantadas as principais informações relevantes ao desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> trabalho bem como a visualização desses da<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o referencial<br />

teórico elabora<strong>do</strong>, para analisá-los em conjunto e assim obter os<br />

resulta<strong>do</strong>s espera<strong>do</strong>s.<br />

Visan<strong>do</strong> a identificar as principais premissas utilizadas pela empresa<br />

para análise e concessão de crédito, foram efetuadas entrevistas in loco junto<br />

ao gerente financeiro e um funcionário <strong>do</strong> setor.<br />

Dessa forma, através das entrevistas, observou-se que a empresa<br />

possui uma política de crédito baseada em fatores positivos (pontualidade<br />

nos pagamentos com fornece<strong>do</strong>res, média de compras mensal com altos<br />

valores, boas informações creditícias nos órgãos de proteção ao crédito) e<br />

negativos (protestos, pendências financeiras).<br />

A organização utiliza também outros critérios para avaliar a concessão<br />

de crédito aos seus clientes, destacan<strong>do</strong>-se o histórico de compras e<br />

pagamentos <strong>do</strong> cliente com a Alfa, e conforme cada tipo de segmento, demonstra<strong>do</strong><br />

no quadro 1.<br />

257


Tempo de constituição<br />

da empresa /<br />

Limites<br />

QUADRO 1 <strong>–</strong> Limites de Crédito<br />

Segmento Stationery<br />

(materiais<br />

escolares)<br />

Menos de 1 ano R$ 2.000,00<br />

258<br />

Segmento Revestimentos<br />

(pisos e<br />

lamina<strong>do</strong>s)<br />

Primeira Compra<br />

antecipada<br />

Segmento Bodycare<br />

(cuida<strong>do</strong>s com o<br />

corpo)<br />

Primeira Compra<br />

antecipada<br />

R$ 5.000,00 a R$<br />

Entre 1 e 2 anos R$ 3.500,00 R$ 3.500,00<br />

30.000,00<br />

Cabe destacar que os critérios para concessão de limites iniciais de<br />

crédito, conforme demonstra<strong>do</strong> no quadro 1, somente serão utiliza<strong>do</strong>s se o<br />

cliente não possui nenhuma restrição creditícia como protestos, cheques sem<br />

fun<strong>do</strong>s ou pendência financeira no CNPJ e CPF <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res, ou <strong>do</strong>s<br />

sócios com participação superior a 50%.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, os clientes com constituição de empresa entre um e<br />

<strong>do</strong>is anos, que não tenham nenhuma restrição creditícia, terão limite inicial<br />

a partir de R$ 3.500,00, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> segmento de produto. Para os pedi<strong>do</strong>s<br />

superiores a R$ 30.000,00 deverá o representante comercial solicitar<br />

Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resulta<strong>do</strong> atualiza<strong>do</strong>s, caben<strong>do</strong> à<br />

segura<strong>do</strong>ra contratada pela Alfa a responsabilidade da análise destes da<strong>do</strong>s<br />

e consequentemente a garantia <strong>do</strong> crédito concedi<strong>do</strong>.<br />

Com isso, observa-se que a empresa procura utilizar todas as suas<br />

premissas e informações necessárias para a análise e concessão de crédito,<br />

buscan<strong>do</strong> otimizar o potencial da empresa em relação às vendas, lucros e a<br />

inadimplência.<br />

4.2 Análise da inadimplência e o Impacto nos Resulta<strong>do</strong>s da Empresa<br />

Cabe destacar que to<strong>do</strong> esforço que se fará a seguir visa demonstrar<br />

a eficiência <strong>do</strong>s critérios de concessão de crédito, ou seja, maximizar as vendas<br />

e paralelamente reduzir a inadimplência através de uma análise segura.<br />

QUADRO 2 <strong>–</strong> Índices de Inadimplência<br />

Venc Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

2006 2,48 2,36 7,14 10,04 11,51 10,57 5,10 4,29 4,54 3,22 2,02 2,15<br />

2007 3,63 5,60 8,62 13,31 8,83 6,75 5,14 2,64 2,02 1,57 1,02 1,09<br />

2008 1,98 3,65 7,62 14,16 15,00 13,25 12,08 8,58 7,38 5,10 4,09 4,64


Dessa forma, basea<strong>do</strong> nas informações coletadas através <strong>do</strong>s demonstrativos<br />

contábeis da empresa, referentes aos anos de 2006 a 2008, foi<br />

possível elaborar o quadro 2, que apresenta os da<strong>do</strong>s da inadimplência e<br />

resulta<strong>do</strong>s da empresa Alfa.<br />

GRÁFICO 1 - Acompanhamento inadimplência <strong>–</strong> Alfa em percentuais<br />

O gráfico 1, elabora<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> quadro 2, possibilita visualizar<br />

claramente a evolução da inadimplência da empresa Alfa no perío<strong>do</strong><br />

de 2006 a 2008. Verifica-se que o maior aumento da inadimplência na organização<br />

ocorreu a partir <strong>do</strong> mês de março estenden<strong>do</strong>-se até maio, em to<strong>do</strong>s<br />

os anos avalia<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> gradativamente. Isto se deve à sazonalidade de<br />

vendas da empresa neste perío<strong>do</strong>. O perío<strong>do</strong> sazonal é justifica<strong>do</strong> em função<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de atuação da empresa, conforme destaca<strong>do</strong> no gráfico 2.<br />

GRÁFICO 2 <strong>–</strong> Faturamento por Segmento da Alfa<br />

O gráfico 2 demonstra que a empresa concentra uma receita maior,<br />

259


correspondente a 56% no Segmento Educação, sen<strong>do</strong> que isso ocorre num<br />

perío<strong>do</strong> de safra que se inicia em outubro e finaliza em fevereiro, quan<strong>do</strong> são<br />

comercializa<strong>do</strong>s os produtos da linha escolar, visan<strong>do</strong> ao início das aulas no<br />

próximo ano. Com isso, os clientes procuram pagar suas duplicatas com a<br />

Alfa dentro <strong>do</strong> prazo de vencimento, para posteriormente terem limite de crédito<br />

disponível para efetuarem suas compras.<br />

Cabe destacar que o perío<strong>do</strong> sazonal ocorre na época em que os<br />

clientes estão estocan<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>rias como materiais de escritório e escolares,<br />

<strong>do</strong> segmento educação, que são adquiridas para a preparação das<br />

vendas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de volta as aulas.<br />

Observa-se que, a partir <strong>do</strong> mês de junho, os clientes da empresa<br />

procuram pagar suas duplicatas no vencimento para obterem um futuro crédito<br />

disponível na empresa na nova safra que se inicia. Apesar da inadimplência<br />

nestes meses terem picos de aumentos, não representa muito em relação<br />

à receita de vendas.<br />

Passada a safra, começam então os atrasos <strong>do</strong>s pagamentos nas<br />

duplicatas correspondentes às notas fiscais que foram faturadas neste perío<strong>do</strong>,<br />

fazen<strong>do</strong> com que o setor de cobrança tenha um papel importante neste<br />

momento. O setor tenta buscar estes valores inadimplentes, pois é neste momento<br />

que os índices de inadimplência começam a aumentar, e como o setor<br />

financeiro já conhece o comportamento da sua carteira de clientes, espera-<br />

-se, com este trabalho, ter subsídios necessários para conseguir enfrentar<br />

as consequências da pós-safra com o auxilio de uma política de crédito e<br />

cobrança bem estruturada.<br />

Como o setor comercial objetiva captar diariamente novos clientes,<br />

muito destas vendas são para empresas com menos de um ano de existência<br />

de merca<strong>do</strong> e micro-empresas que não têm muita disponibilidade de capital<br />

inicial, fican<strong>do</strong> inadimplente muitas vezes em sua primeira compra. A maioria<br />

destes clientes são da unidade Stationery (material escolar) na qual são<br />

adquiridas merca<strong>do</strong>rias de pequeno porte em grande quantidade, sen<strong>do</strong> que<br />

o cliente acaba compran<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que seu fluxo de caixa permite, e muitas<br />

vezes não consegue comercializar toda a merca<strong>do</strong>ria, fican<strong>do</strong> com grande<br />

volume de material estoca<strong>do</strong> e com índice de inadimplência.<br />

No gráfico 3, apresentam-se os resulta<strong>do</strong>s da empresa Alfa com o<br />

seu DRE (Demonstração de Resulta<strong>do</strong>s de Exercícios), em relação à inadimplência<br />

nos anos de 2006, 2007 e 2008. Os números apresenta<strong>do</strong>s são valores<br />

expressos em milhares de Reais.<br />

Percebe-se, através <strong>do</strong> mesmo gráfico, que houve um aumento nos<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ano de 2006 para 2007 de 68,24% e uma queda de 53,24% em<br />

comparação de 2007 para 2008.<br />

260


GRÁFICO 3 <strong>–</strong> Resulta<strong>do</strong> (Lucro) x Inadimplência<br />

É importante destacar que no ano de 2008 a inadimplência teve um<br />

aumento muito eleva<strong>do</strong> em relação aos anos de 2006 e 2007, sen<strong>do</strong> que isto<br />

se deve ao fato de um cliente que possuía um grande ataca<strong>do</strong> ter entra<strong>do</strong> em<br />

recuperação judicial, o que resultou em falência logo no início ano de 2009.<br />

Convém lembrar ainda que a análise e liberação foi realizada pela Diretoria<br />

Financeira da empresa, pois a média anual de compras em valores deste<br />

cliente era em torno de um milhão e meio de reais, exceden<strong>do</strong> e ultrapassan<strong>do</strong><br />

a política de crédito convencional.<br />

É importante salientar que casos especiais geralmente são analisa<strong>do</strong>s<br />

pela Diretoria Financeira. Quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>, verificou-se que tinha um<br />

histórico de compras na Alfa de mais de 5 anos, com valores eleva<strong>do</strong>s e<br />

com pagamentos pontuais e não tinha nenhum problema econômico/financeiro.<br />

Passa<strong>do</strong>s 150 dias após a análise <strong>do</strong> crédito concedi<strong>do</strong>, sua situação<br />

financeira sofreu alterações, culminan<strong>do</strong> com a solicitação de recuperação<br />

judicial, sen<strong>do</strong> que depois <strong>do</strong> ocorri<strong>do</strong>, constatou-se que foi uma estratégia a<br />

longo prazo usada pelo cliente. A partir deste imprevisto, a empresa sentiu a<br />

necessidade de melhorar suas premissas em relação à análise e à concessão<br />

de crédito. Com isso, resolveu contratar um seguro de crédito <strong>do</strong>méstico,<br />

e hoje to<strong>do</strong>s os créditos para clientes com empresa fundada há mais de <strong>do</strong>is<br />

anos e compras acima de R$ 5.000,00 são segura<strong>do</strong>s pela mesma.<br />

Uma política de crédito bem estruturada, com parâmetros estabeleci<strong>do</strong>s<br />

compartilhadamente, com certeza influencia na inadimplência, pois<br />

se os analistas de crédito tiverem respal<strong>do</strong> em uma boa política, reduzem-<br />

-se bastante, as possibilidades de a empresa enfrentar novamente este tipo<br />

de problema, pois to<strong>do</strong>s estão treina<strong>do</strong>s e prepara<strong>do</strong>s para trabalhar com a<br />

liberação de crédito.<br />

261


5 Considerações finais<br />

O estu<strong>do</strong> permitiu identificar que a empresa possui critérios próprios<br />

para avaliar e conceder crédito, e estes estão sen<strong>do</strong> muito eficientes e são<br />

apresenta<strong>do</strong>s no PPM (Procedimento Padrão Alfa) da organização, poden<strong>do</strong><br />

ser amplia<strong>do</strong>s.<br />

Observa-se, conforme cita<strong>do</strong> anteriormente, que houve um momento<br />

em que a empresa sentiu a necessidade de ampliar suas premissas, com o<br />

objetivo de conceder crédito com maior segurança de retorno, contratan<strong>do</strong><br />

uma segura<strong>do</strong>ra de crédito <strong>do</strong>méstico. Assim, a Alfa pode ter uma maior garantia<br />

com relação à inadimplência e ao seu fluxo de caixa.<br />

Conseqüente a isso, percebe-se uma preocupação constante em<br />

manter os índices de inadimplência sempre abaixo das metas previstas em<br />

orçamento, mas cabe destacar que muitas vezes existem conflitos entre a<br />

área comercial (vendas) e o setor financeiro (crédito), pois este retém créditos<br />

em função de política de crédito vigente, os quais acabam sen<strong>do</strong> libera<strong>do</strong>s<br />

por pressão <strong>do</strong> setor comercial, que visan<strong>do</strong> aos interesses nas metas de<br />

vendas, geran<strong>do</strong> muitas vezes incertezas na função <strong>do</strong> analista de crédito.<br />

Por se tratar de uma situação que não atende aos critérios exigi<strong>do</strong>s<br />

pela política de crédito atual, sugere-se que as liberações de crédito efetuadas<br />

por pressão da área comercial, caso venham a inadimplir, sejam informadas<br />

à área comercial, que deverá realizar a cobrança inclusive com acompanhamento<br />

<strong>do</strong>s pagamentos <strong>do</strong> cliente até a quitação total da dívida, pois foi<br />

responsável pela solicitação da liberação efetuada na época da venda.<br />

Sugere-se também que, na época da entre <strong>–</strong> safra, a empresa faça<br />

alguma promoção de pagamentos para os clientes inadimplentes, diminuin<strong>do</strong><br />

juros por atraso ou até mesmo isentan<strong>do</strong>-os, dependen<strong>do</strong> da situação de<br />

cada cliente.<br />

Uma política de crédito mais flexível pode ser um grande fator no<br />

aumento das vendas, porém em contrapartida pode causar um aumento significativo<br />

nos índices de inadimplência. Já com uma política de crédito mais<br />

cautelosa, os índices podem ser melhores, porém a receita com vendas pode<br />

ter resulta<strong>do</strong>s menos significativos.<br />

6 Referências<br />

BLATT, A. Cobrança e recuperação de dívidas, técnicas e estratégias:<br />

um guia prático. Salva<strong>do</strong>r: Casa da Qualidade, 1996.<br />

COFACE. Disponível em: http://www.coface.com.br. Acesso em: 4 abr. 2010.<br />

262


COLLIS, J; HUSSEY, R. Pesquisa em Administração: um guia prático para<br />

alunos de graduação e pós-graduação. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.<br />

GITMANN, L. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo:<br />

Pearson Addison Wesley, 2004.<br />

GIL, A. C. Méto<strong>do</strong>s e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 2007.<br />

GOUVEIA, N. Contabilidade básica. São Paulo: Harbra, 2001.<br />

MARCONI, M; LAKATOS, E. Técnicas de Pesquisa: Planejamento e<br />

execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, e elaboração,<br />

análise interpretação de da<strong>do</strong>s. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

MATTOS, J. J. Princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas<br />

Básicas de Contabilidade. Porto Alegre: Conselho Regional de Contabilidade<br />

<strong>do</strong> RS, 2000.<br />

SANTOS, J. O <strong>do</strong>s. Análise de Crédito: Empresas e Pessoas Físicas,<br />

Agronegócio e Pecuária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.<br />

SCHIRICKEL, W. Análise de crédito e gerência de empréstimos. 5. ed.<br />

São Paulo: Atlas, 2000.<br />

SECURATO, J. R. Análise e Avaliação <strong>do</strong> Risco: Pessoas Físicas e Jurídicas.<br />

São Paulo: Saint Paul, 2002.<br />

SERASA. Disponível em: http://www.serasa.com.br/release/noticias/2010/.<br />

Acesso em: 04 abr. 2010.<br />

SILVA, J. P. da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 2. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 1998.<br />

263


264


UTILIZAÇÃO DA PESQUISA DE MERCADO COMO INSTRUMENTO DE<br />

GESTÃO PARA O INCREMENTO DAS VENDAS: UM ESTUDO DE CASO<br />

RESUMO<br />

265<br />

Patrinês Aparecida França Zonatto 1<br />

Elvis Silveira Martins 2<br />

Vilsiane Aparecida Leonardi 3<br />

Este estu<strong>do</strong> objetiva identificar alternativas para o aumento <strong>do</strong> volume de<br />

vendas de uma empresa distribui<strong>do</strong>ra de produtos lubrificantes e graxas no<br />

município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS. A meto<strong>do</strong>logia utilizada na pesquisa caracteriza-se<br />

como um estu<strong>do</strong> exploratório, realiza<strong>do</strong> por meio de um survey,<br />

com aplicação de questionário composto de treze questões. A amostra da<br />

pesquisa, intencional, alcançada por conveniência, compreendeu trinta e um<br />

postos de combustíveis. Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s indicam que, de mo<strong>do</strong><br />

geral, os clientes distribui<strong>do</strong>res mostram-se satisfeitos com a qualidade <strong>do</strong>s<br />

produtos, as estratégias de preço e promoção praticadas pela empresa, e<br />

os serviços presta<strong>do</strong>s por esta. Conclui-se que é possível o incremento nas<br />

vendas e apresenta-se um Plano de Ação sugerin<strong>do</strong>-se a a<strong>do</strong>ção de três<br />

estratégias para o alcance deste objetivo: Preço, Divulgação e Promoção.<br />

Palavras-chave: Pesquisa de Merca<strong>do</strong>, Estratégias de Gestão, Plano de<br />

Ação<br />

ABSTRACT<br />

This study is set to identify alternatives to increase sales for a distributor of<br />

lubricants and greases in <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul, RS. This is an exploratory research<br />

where a survey with thirteen questions was applied to collect data. An<br />

intentional survey of a convenience sample was conducted in thirty-one gas<br />

stations. In general the results indicate that customers <strong>–</strong> the distributors - were<br />

satisfied on top of the company’s services and offers such as quality of products,<br />

price and promotion strategies. Like so, this survey highlights avenues<br />

1 Graduanda <strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

2 Doutoran<strong>do</strong> em Administração e Turismo (Univali), Professor e Coordena<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Curso de Administração da Faculdade <strong>Dom</strong> <strong>Alberto</strong>.<br />

3 Administra<strong>do</strong>ra, Mestranda em Administração (Univali).


to increase sales and submits an Action Plan to reach its main goal through<br />

three strategies: price, broadcasting and promotion.<br />

Keyword: Market Research, Management Strategies, Action Plan<br />

1 Introdução<br />

Fatores de ordem tecnológica, econômica e social podem influenciar<br />

diretamente o contexto de atuação das organizações. Estar atento às mudanças<br />

de merca<strong>do</strong>, bem como às variáveis que podem impactar o negócio da<br />

empresa é primordial no processo de gestão.<br />

Nesta perspectiva, Oliveira (2002) destaca a importância da compreensão<br />

<strong>do</strong>s fatores de desenvolvimento da competitividade das organizações,<br />

onde explícita ou implicitamente a<strong>do</strong>tam-se estratégias competitivas, buscan<strong>do</strong><br />

o incremento das vendas e a maximização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das empresas.<br />

A identificação de fatores internos ou externos à organização permitem aos<br />

gestores a elaboração de um plano de ação, que buscará fortalecer o posicionamento<br />

estratégico da mesma.<br />

Uma das alternativas de identificação destas oportunidades e ameaças<br />

referente ao negócio é o planejamento merca<strong>do</strong>lógico. Este tem por finalidade<br />

proporcionar ao gestor, uma avaliação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de atuação onde a<br />

empresa está inserida (STANTON, 2000).<br />

Desta forma, a empresa consegue identificar oportunidades que possam<br />

maximizar seus resulta<strong>do</strong>s, bem como ameaças, que podem ser administradas<br />

da melhor forma possível, sem que haja grande impacto para a organização.<br />

Beuren e Zonatto (2009) explicam que eventos que representam<br />

ameaças podem se tornar uma oportunidade para as empresas.<br />

Neste contexto, o presente estu<strong>do</strong> tem por finalidade identificar alternativas<br />

para o aumento <strong>do</strong> volume de vendas de uma empresa distribui<strong>do</strong>ra<br />

de produtos lubrificantes e graxas no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS. A<br />

questão problema que norteia o estu<strong>do</strong> proposto é: De que forma a empresa<br />

pesquisada poderá incrementar o volume de vendas de produtos lubrificantes<br />

e graxas no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul?<br />

Para tanto, fez-se uma avaliação junto aos clientes da empresa pesquisada,<br />

sobre os 4 P’s <strong>do</strong> composto de marketing; preço, praça, produto e<br />

promoção. A seguir, realizou-se a análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, buscan<strong>do</strong> identificar<br />

oportunidades e ameaças ao negócio da organização. Por fim, elaborou-se<br />

um plano de ação para auxiliar os gestores no processo de incremento das<br />

vendas.<br />

O trabalho foi realiza<strong>do</strong> em uma empresa distribui<strong>do</strong>ra de lubrifican-<br />

266


tes e graxas, que atua na região pesquisada, e encontra-se estrutura<strong>do</strong> da<br />

seguinte forma: fundamentação teórica, com abordagem teórica sobre marketing,<br />

planejamento e planejamento merca<strong>do</strong>lógico; meto<strong>do</strong>logia da pesquisa;<br />

análise e interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s; e as considerações finais <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong> proposto.<br />

2 Fundamentação teórica<br />

2.1 Marketing<br />

Muito tem se discuti<strong>do</strong> sobre uma definição específica para Marketing.<br />

Segun<strong>do</strong> Cobra (1997, p. 23), a maioria das definições estão pautadas<br />

nos conceitos da AMA - Americam Marketing Association, que conceitua marketing<br />

como “o desempenho das atividades de negócios que dirigem o fluxo<br />

de bens e serviços de produtor ao consumi<strong>do</strong>r ou utiliza<strong>do</strong>r”.<br />

Na concepção de Kotler (2006), o marketing não é apenas um meio<br />

de vender ou fazer uma propaganda de determina<strong>do</strong> produto que se deseja<br />

colocar no merca<strong>do</strong>, mas sim no de satisfazer as necessidades <strong>do</strong>s clientes.<br />

Para o autor, é por intermédio da área de marketing que a empresa se mantém<br />

mais próxima <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> a oportunidade de conhecê-lo a fim<br />

de atender suas exigências, e buscan<strong>do</strong> assim mantê-los sempre satisfeitos<br />

e fideliza<strong>do</strong>s à empresa.<br />

Em ambos os conceitos pode-se perceber que o foco principal <strong>do</strong><br />

marketing é o cliente e a busca pelo atendimento às suas necessidades,<br />

manten<strong>do</strong> um equilíbrio entre o deseja<strong>do</strong> pelo merca<strong>do</strong> e os interesses da<br />

organização. De acor<strong>do</strong> com Cobra (1997), isto se deve em função <strong>do</strong> marketing<br />

estar liga<strong>do</strong> diretamente às normas de uma empresa, que define as<br />

características de seus produtos e serviços para atender um público cada vez<br />

mais crítico e exigente, satisfazen<strong>do</strong> ainda suas necessidades e os interesses<br />

internos à organização.<br />

Nesta perspectiva, Kotler e Keller (2006) explicam que a chave para<br />

o alcance <strong>do</strong>s objetivos e metas organizacionais, consiste em ser mais eficaz<br />

que as concorrentes para integrar as atividades de marketing, satisfazen<strong>do</strong>,<br />

assim as necessidades e desejos <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s-alvos. Observa-se a contribuição<br />

<strong>do</strong> marketing no processo de planejamento e gestão de vendas das<br />

organizações.<br />

É por meio da análise de merca<strong>do</strong> que os gestores podem planejar<br />

suas ações, a fim de atender às necessidades de seus consumi<strong>do</strong>res e os<br />

interesses da empresa, avalian<strong>do</strong> se as estratégias já a<strong>do</strong>tadas estão proporcionan<strong>do</strong><br />

os resulta<strong>do</strong>s deseja<strong>do</strong>s. Logo, pesquisar, planejar, implementar e<br />

avaliar são ações que devem constantemente subsidiar o processo decisório.<br />

267


Sob este aspecto, para que se possa realizar um planejamento adequa<strong>do</strong><br />

das atividades de marketing na organização, torna-se importante distinguir<br />

o que vem a ser orientação de marketing e orientação para vendas, o<br />

que passa a ser apresenta<strong>do</strong> a seguir.<br />

2.2 Planejamento<br />

A concepção para orientação de marketing e orientação para vendas<br />

não é a mesma. De acor<strong>do</strong> com Kotler e Armstrong (2005), a primeira está<br />

direcionada para que a empresa possua um merca<strong>do</strong> bem defini<strong>do</strong> e estrutura<strong>do</strong>,<br />

o qual se deseja liderar. Já a segunda é direcionada para produtos que<br />

já existem na empresa, cujo objetivo principal é o resulta<strong>do</strong> final, ou seja, a<br />

lucratividade da mesma.<br />

Logo, pode-se verificar que é necessário o estabelecimento de estratégias<br />

diferentes para planejar ações de marketing e ações para vendas.<br />

Segun<strong>do</strong> Oliveira (2007), o planejamento tem a função de definir quais objetivos<br />

a organização tem a atingir e como se deve proceder para alcançá-los,<br />

ou seja, aonde quer se chegar, o que deve ser feito, quan<strong>do</strong>, como e em que<br />

seqüência deve ser realiza<strong>do</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, deve-se estabelecer algumas<br />

premissas para que os resulta<strong>do</strong>s de uma operação planejada possam ser<br />

alcança<strong>do</strong>s.<br />

Ao que se refere ao planejamento das atividades de marketing propriamente<br />

ditas, Kotler e Armstrong (2005) explicam que este deve compreender<br />

ações de longo prazo, buscan<strong>do</strong> alinhar os objetivos da empresa<br />

para com as necessidades <strong>do</strong>s clientes. Já com relação ao planejamento<br />

de vendas, os autores explicam que, neste caso, os gestores devem planejar<br />

ações de curto prazo que proporcionem a lucratividade imediata para a<br />

organização.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, além de conhecimento <strong>do</strong> contexto onde a empresa<br />

está inserida, é necessário viabilizar os resulta<strong>do</strong>s da organização de mo<strong>do</strong><br />

que esta se mantenha e a, longo prazo, possa alcançar a liderança de merca<strong>do</strong>.<br />

Sob este aspecto, Oliveira (1995, p. 130) explica que “a busca por um<br />

aumento nas vendas das organizações passou a ser algo constante”. Porém,<br />

não deve-se esquecer as atividades principais que determinarão os rumos da<br />

organização em longo prazo, ou seja, seu plano merca<strong>do</strong>lógico.<br />

2.3 Planejamento Merca<strong>do</strong>lógico<br />

Para que se possa executar um plano de marketing, com o objetivo<br />

de incrementar as vendas da organização em longo prazo, é necessário<br />

inicialmente conhecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> onde se está inseri<strong>do</strong>. Chiavenatto,<br />

268


(2006) explica que a análise <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> é importante para se conhecer o<br />

público alvo, sua estrutura, os canais de distribuição, fornece<strong>do</strong>res, e dessa<br />

forma planejar ações para que a empresa consiga aumentar suas vendas e<br />

conseqüentemente aumentar sua lucratividade.<br />

Uma das alternativas para que se possa realizar esta análise de merca<strong>do</strong>,<br />

a qual subsidiará to<strong>do</strong> o planejamento merca<strong>do</strong>lógico da organização,<br />

é a pesquisa de merca<strong>do</strong>, utilizan<strong>do</strong>-se as variáveis <strong>do</strong> composto merca<strong>do</strong>lógico,<br />

ou seja, os 4 P’s. De acor<strong>do</strong> com Cobra (2009), as variáveis de Preço,<br />

Praça, Produto e Promoção, são fatores importantes que permitem o gestor<br />

conhecer melhor o consumi<strong>do</strong>r desde o momento da compra até a entrega<br />

da merca<strong>do</strong>ria. A Figura 1 apresenta as definições <strong>do</strong>s 4 P’s <strong>do</strong> composto de<br />

marketing.<br />

FIGURA 1 - Composto de Marketing - Preço, Praça, Produto e Promoção<br />

Fonte: adapta<strong>do</strong> de Kotler e Armstrong (2005, p. 48)<br />

Como se pode observar por meio das definições apresentadas na<br />

Figura 1, uma organização que conhece o merca<strong>do</strong> onde está inserida pode<br />

direcionar ações com maiores chances de serem realizadas, pois possui um<br />

conhecimento <strong>do</strong>s fatores locais que influenciam a aquisição <strong>do</strong>s produtos,<br />

bem como o comportamento daqueles consumi<strong>do</strong>res. Logo, as estratégias<br />

utilizadas na fase <strong>do</strong> planejamento merca<strong>do</strong>lógico, serão direcionadas para<br />

que se possa satisfazer este merca<strong>do</strong> alvo e viabilizar os resulta<strong>do</strong>s da organização.<br />

269


3 Meto<strong>do</strong>logia<br />

Este estu<strong>do</strong> caracteriza-se por uma pesquisa exploratória. Segun<strong>do</strong><br />

Gil (2002, p. 41), a pesquisa exploratória tem por objetivo “proporcionar<br />

maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou<br />

a construir hipóteses. Pode-se dizer que essas pesquisas têm como objetivo<br />

principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições”.<br />

Inicialmente realizou-se uma pesquisa bibliográfica, com o intuito de<br />

fundamentar o estu<strong>do</strong> proposto. “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com<br />

base em material já elabora<strong>do</strong>, constituí<strong>do</strong> principalmente de livros e artigos<br />

científicos” (GlL, 2002, p. 44). A seguir, buscou-se coletar os da<strong>do</strong>s necessários<br />

para a realização <strong>do</strong> trabalho. Este processo deu-se por meio de um<br />

levantamento ou survey. Lakatos e Marconi (2002, p.138) explicam que o levantamento<br />

de da<strong>do</strong>s “serve para descobrir a opinião <strong>do</strong>s clientes, quanto ao<br />

nível de satisfação em relação à empresa’’. A técnica utilizada foi a aplicação<br />

de um questionário conten<strong>do</strong> ao to<strong>do</strong> treze questões, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>ze pre<strong>do</strong>minantemente<br />

fechadas e uma aberta.<br />

A amostra da pesquisa compreendeu trinta e um postos de combustíveis,<br />

localiza<strong>do</strong>s no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS, clientes da empresa<br />

pesquisada. A amostra utilizada é intencional, ou seja, não probabilística, alcançada<br />

por conveniência.<br />

Com relação á análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, utilizou-se de uma abordagem<br />

quantitativa para a tabulação e qualitativa para a análise. A abordagem quantitativa,<br />

conforme Richardson (1989, p. 29), “caracteriza-se pelo emprego da<br />

quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no<br />

tratamento dessas através de técnicas estatísticas”. Já a abordagem qualitativa<br />

baseia-se na busca pelas alternativas que objetivem a melhoria <strong>do</strong><br />

desempenho da empresa no ambiente pesquisa<strong>do</strong>, viabilizan<strong>do</strong> o incremento<br />

das vendas.<br />

Para a tabulação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s utilizou-se o Software Sphinx 5.2. Como<br />

limitação <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> proposto, destaca-se que a pesquisa foi direcionada apenas<br />

aos clientes da empresa pesquisada, proprietários de Postos de Combustíveis,<br />

to<strong>do</strong>s localiza<strong>do</strong>s no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> não podem ser generaliza<strong>do</strong>s.<br />

4. Análise e interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />

4.1 Caracterização da Empresa Pesquisada<br />

A empresa pesquisada é uma Sociedade Anônima de Capital Fecha<strong>do</strong><br />

- indústria de graxas e lubrificantes, localizada no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.<br />

270


Fundada em 1977, atualmente conta com um quadro de aproximadamente<br />

900 colabora<strong>do</strong>res.<br />

A empresa comercializa seus produtos no ataca<strong>do</strong> para distribui<strong>do</strong>ras<br />

e no varejo para rede de postos de combustíveis, fazendas, cooperativas,<br />

órgãos públicos, entre outros, atuan<strong>do</strong> em território nacional. A partir da década<br />

de 90, iniciou suas atividades de inserção no merca<strong>do</strong> externo, exportan<strong>do</strong><br />

atualmente para to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong> Mercosul e para a África. Para a<br />

realização deste estu<strong>do</strong>, denomina-se a empresa, bem como os produtos de<br />

sua marca, como “Beta”.<br />

4.2 Caracterização <strong>do</strong>s Clientes Distribui<strong>do</strong>res - Público Alvo da<br />

Pesquisa<br />

A caracterização <strong>do</strong>s clientes da empresa pesquisada tem por objetivo<br />

verificar o perfil <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res respondentes da pesquisa. Neste item<br />

buscou-se identificar o ramo de atividade principal das empresas pesquisadas,<br />

sua localização, o tempo médio de atuação no merca<strong>do</strong> e o número<br />

médio de emprega<strong>do</strong>s destas.<br />

Com relação ao ramo de atividade principal, todas as empresas pesquisadas<br />

caracterizam-se como postos de combustíveis. Destes, 54,84% (17<br />

postos) localizam-se na região central de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul. Os demais,<br />

22,58% (7 postos) localizam-se na RST 287, 16,13% (5 postos) no Bairro<br />

Arroio Grande, e, 6,45% (2 postos), no Bairro Universitário.<br />

Ao que se refere ao tempo médio de atuação das empresas pesquisadas,<br />

18 destas atuam no merca<strong>do</strong> há mais de 11 anos, o que representa<br />

58,07% das empresas pesquisadas. Seis empresas (19,35%), atuam entre<br />

6 e 10 anos, e apenas 7 empresas (22,58%) possuem menos de 5 anos de<br />

atuação.<br />

Já em relação ao número médio de emprega<strong>do</strong>s das empresas pesquisadas,<br />

51,61% (16 empresas) possuem mais de 11 funcionários. Destas,<br />

as que mais empregam, 8 empresas (25,81%), possuem de 11 a 15 funcionários.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, pode-se afirmar que as empresas que possuem entre 5 e<br />

15 colabora<strong>do</strong>res, possuem na média 7 funcionários.<br />

4.3 Caracterização <strong>do</strong>s Respondentes da Pesquisa<br />

A caracterização <strong>do</strong>s respondentes da pesquisa tem por objetivo<br />

identificar o perfil <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res que responderam o questionário aplica<strong>do</strong>.<br />

Neste item, fora questiona<strong>do</strong> o gênero, a função que este exerce na<br />

organização, e, quanto tempo atua na empresa.<br />

Com relação ao gênero <strong>do</strong>s respondentes, 77,42% <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>-<br />

271


es respondentes (24) são homens. Os demais, 22,58% (7), são mulheres.<br />

Ao que se refere a função exercida por estes nas organizações, a maioria <strong>do</strong>s<br />

respondentes da pesquisa, 19 ao to<strong>do</strong> (61,29%), são funcionários que exercem<br />

cargo ou função de gerência. Os demais, 12 (38,71%), são proprietários.<br />

Em relação ao tempo médio de atuação <strong>do</strong>s respondentes nas empresas<br />

pesquisadas, pôde-se identificar que <strong>do</strong>s trinta e um, dez (32,26%) colabora<strong>do</strong>res<br />

atuam nestas empresas ente 6 a 10 anos. Outros dez (32,26%)<br />

atuam entre 11 a 15. Sete respondentes apenas (22,58%) atuam nas empresas<br />

a menos de 5 anos. E os demais (12,90%) atuam nas organizações a<br />

mais de 16 anos.<br />

4.4 Apresentação e Análise <strong>do</strong>s Resulta<strong>do</strong>s<br />

Neste item apresentam-se os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa e a análise <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s. Inicialmente buscou-se questionar sobre o tempo em que os distribui<strong>do</strong>res<br />

pesquisa<strong>do</strong>s são clientes da empresa Beta. A seguir, sobre as variáveis<br />

<strong>do</strong> composto de marketing: produtos, preços pratica<strong>do</strong>s, promoções<br />

ofertadas e praça de distribuição. Na seqüência, verificou-se a satisfação <strong>do</strong>s<br />

clientes pesquisa<strong>do</strong>s para com os serviços <strong>do</strong> representante, <strong>do</strong> atendimento<br />

call center e <strong>do</strong> serviço pós venda. Por fim, apresentam-se quais alternativas<br />

podem ser utilizadas para o incremento das vendas da empresa Beta.<br />

Com relação ao tempo médio em que os respondentes da pesquisa<br />

são clientes da empresa Beta, se observou que a maioria <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res<br />

são clientes á mais de cinco anos, o que mostra a credibilidade da empresa<br />

e seus produtos. Apenas 6,5% <strong>do</strong>s respondentes, comercializam produtos á<br />

menos de um ano.<br />

De acor<strong>do</strong> com Kotler e Armstrong (2006), uma empresa pode perder<br />

dinheiro em uma transação específica, mas continuará lucran<strong>do</strong>, e muito, de<br />

um relacionamento dura<strong>do</strong>uro. Uma alternativa para a construção de relacionamentos<br />

de longa duração é a criação de valor e a satisfação superior<br />

para o cliente. Clientes que estão satisfeitos têm maior probabilidade de ser<br />

tornarem clientes fiéis, e clientes fiéis têm maior probabilidade de dar á empresa<br />

uma participação maior em sua preferência. Neste senti<strong>do</strong>, observa-se<br />

que a empresa Beta fideliza seus clientes, manten<strong>do</strong>-os há bastante tempo<br />

consumi<strong>do</strong>res de seus produtos.<br />

O segun<strong>do</strong> item pesquisa<strong>do</strong> refere-se à identificação das linhas de<br />

produtos atuais mais comercializadas pelos distribui<strong>do</strong>res. Neste questionamento,<br />

identificou-se que a linha mais comercializada pelos distribui<strong>do</strong>res<br />

são óleos (65%) e lubrificantes automotivos (35%). O resulta<strong>do</strong> de certa forma<br />

pode ser considera<strong>do</strong> como previsível, visto que esta é a atividade principal<br />

<strong>do</strong>s clientes da empresa Beta. De posse destas informações, verificou-se<br />

272


a percepção <strong>do</strong>s respondentes da pesquisa, sobre as variáveis <strong>do</strong> composto<br />

de marketing: produtos, preços pratica<strong>do</strong>s, promoções ofertadas e praça de<br />

distribuição, apresentadas no Gráfico 1.<br />

GRÁFICO 1 - Percepção sobre as variáveis <strong>do</strong> composto de marketing<br />

Com relação a percepção <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res quanto á variedade (mix)<br />

<strong>do</strong>s produtos, pode-se observar que 48,4% destes consideram o mix <strong>do</strong>s produtos<br />

da empresa Beta como bom. Outros 38,6% consideram essa variedade<br />

de produtos como muito boa, e 6,5% consideram esta como sen<strong>do</strong> ótima.<br />

Apenas 6,5% <strong>do</strong>s clientes pesquisa<strong>do</strong>s consideram a variedade <strong>do</strong>s produtos<br />

como regular.<br />

De acor<strong>do</strong> com Kotler (2003), uma empresa deve observar em seu<br />

mix de produtos quatro dimensões importantes. São elas: abrangência <strong>do</strong>s<br />

produtos (número de diferentes linhas de produtos que a empresa produz ou<br />

comercializa), extensão <strong>do</strong> mix de produtos (número total de itens que a empresa<br />

produz dentro de cada uma das linhas), profundidade <strong>do</strong> mix de produtos<br />

(número de versões oferecidas para cada produto da linha) e consistência<br />

<strong>do</strong>s produtos (grau de proximidade e relacionamento entre várias linhas de<br />

produtos e seu uso final).<br />

Pode-se perceber que com a comercialização de um portfólio de<br />

mais de 40 produtos, o mix da empresa é positivo, sen<strong>do</strong> muito bem avalia<strong>do</strong><br />

por seus clientes, o que favorece a organização no lançamento de novos<br />

produtos. Periodicamente a empresa realiza uma pesquisa de merca<strong>do</strong> com<br />

seus distribui<strong>do</strong>res, a fim de estabelecer padrões de consumo e/ou identificar<br />

novas necessidades locais.<br />

Ao que se refere há qualidade desses produtos, pode-se observar<br />

que 58,1% <strong>do</strong>s clientes pesquisa<strong>do</strong>s, classificam os produtos da empresa<br />

Beta como de boa qualidade. Outros 32,2% classificam os produtos como<br />

de muito boa qualidade e, 9,7%, como produtos de ótima qualidade. Neste<br />

273


senti<strong>do</strong>, pode-se inferir que 100% <strong>do</strong>s clientes Beta, consideram esses como<br />

produtos de alta qualidade.<br />

Cobra (2009) explica que quan<strong>do</strong> a qualidade <strong>do</strong>s produtos ou material<br />

vendi<strong>do</strong> é de péssima qualidade, não há, realmente, serviço que possa<br />

dar satisfação ao consumi<strong>do</strong>r. Manter ou reparar um produto ou serviço de má<br />

qualidade não é assegurar um serviço, é com certeza reparar um prejuízo.<br />

Este questionamento reflete o prestígio <strong>do</strong>s produtos Beta, para com<br />

os distribui<strong>do</strong>res. Através da matéria-prima de boa qualidade e procedência,<br />

gera-se um produto de qualidade. Toda a linha de produção da empresa<br />

Beta é considerada de boa qualidade, satisfazen<strong>do</strong> assim, seus clientes no<br />

momento da compra. Por conseqüência, a empresa obtém vantagem competitiva<br />

frente à concorrência, por meio desta credibilidade e da qualidade de<br />

seus produtos, poden<strong>do</strong> assim inovar no seu mix de produção, aumentan<strong>do</strong><br />

seu volume de vendas.<br />

Outro item pesquisa<strong>do</strong>, refere-se a percepção <strong>do</strong>s clientes Beta, em<br />

relação aos preços pratica<strong>do</strong>s pela empresa. Como se pôde observar no Gráfico<br />

1, a maioria das empresas pesquisadas avaliou este item como bom<br />

(67,7%) e muito bom (29,1%). Apenas 3,2% <strong>do</strong>s clientes da empresa Beta<br />

avaliaram os preços pratica<strong>do</strong>s como regulares.<br />

Para Cobra (2009), o preço é um <strong>do</strong>s responsáveis diretos pela receita<br />

de vendas <strong>do</strong>s produtos, os outros são os custos de fabricação e de<br />

distribuição. Uma redução de preços com certeza favorece o consumo, ou<br />

seja, incrementa a demanda. Portanto, uma redução de custos decorrentes<br />

de uma economia de escala de fabricação favorece a redução de preços e,<br />

por conseguinte, aumenta a demanda <strong>do</strong> produto. Verifica-se que os preços<br />

pratica<strong>do</strong>s pela empresa Beta possuem uma boa aceitação pelo merca<strong>do</strong>.<br />

Isto favorece a organização na comercialização de novos produtos, o que<br />

pode contribuir no incremento das receitas da empresa, bem como na maximização<br />

<strong>do</strong>s seus resulta<strong>do</strong>s.<br />

Com relação à satisfação <strong>do</strong>s clientes da empresa Beta, quanto às estratégias<br />

promocionais praticadas pela organização, observou-se que 61,3%<br />

destes classificaram essas como boas, outros 29,0% como muito boas. Apenas<br />

3,2% <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s avaliaram as práticas promocionais da empresa<br />

Beta como regulares. Kotler (2006), explica que as práticas promocionais<br />

dizem respeito às estratégias que a empresa utiliza para promover vendas. A<br />

promoção de vendas consiste em incentivos de curta duração destina<strong>do</strong>s a<br />

estimular a compra ou venda imediata de um produto ou serviço.<br />

Nota-se a importância das práticas promocionais para as organizações.<br />

Uma empresa que possui uma política de vendas bem definida, com<br />

prazos e promoções estabeleci<strong>do</strong>s, pode aumentar suas vendas, induzin<strong>do</strong><br />

também seus clientes a praticarem preços diferencia<strong>do</strong>s em campanhas pro-<br />

274


mocionais.<br />

Em relação ás condições de pagamento praticadas pela empresa<br />

Beta, sétimo item pesquisa<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s evidenciam que<br />

61,3% <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res consideram boas as condições de pagamento praticadas<br />

pela empresa em sua política de vendas. Outros 35,5% avaliaram tais<br />

condições como muito boas e apenas 3,2%, avaliaram estas como regulares.<br />

De acor<strong>do</strong> com Cunha, Costa e Ribeiro (2007), a política de vendas de uma<br />

empresa estabelece a forma como ela administrará suas vendas, inclusive<br />

suas vendas a prazo.<br />

Segun<strong>do</strong> os autores, <strong>do</strong> ponto de vista gerencial, uma política de<br />

crediário é fundamental para a organização administrar suas necessidades<br />

de recursos para giro, bem como, a análise para concessão <strong>do</strong> crédito ao<br />

cliente. Por outro la<strong>do</strong>, com um prazo para pagamento, o cliente passa a ter<br />

condições de administrar melhor seus desembolsos, programan<strong>do</strong> seu fluxo<br />

de caixa e maximizan<strong>do</strong> seus resulta<strong>do</strong>s.<br />

A política de vendas da empresa Beta é bem aceita pelo merca<strong>do</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> avaliada como muito boa. A empresa possui ainda uma estratégia de<br />

comercialização, que amplia prazos e condições de pagamento para clientes<br />

que compram produtos em quantidade maior. Também pratica descontos<br />

especiais para pagamentos antecipa<strong>do</strong>s. Tais condições possibilitam<br />

aos clientes da empresa Beta a programação de suas compras, bem como<br />

seus desembolsos (pagamentos). Logo, com uma flexibilidade maior e um<br />

mix de produtos que atenda as necessidades <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, a empresa poderá<br />

aumentar suas vendas, bem como maximizar seus resulta<strong>do</strong>s.<br />

A oitava questão da pesquisa buscou avaliar a satisfação <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res,<br />

para com o prazo de entrega <strong>do</strong>s produtos da empresa Beta. Neste<br />

caso, 64,5% <strong>do</strong>s clientes pesquisa<strong>do</strong>s, classificaram os prazos de entrega<br />

da empresa como bons. Outros 29,0% classificaram tais prazos como muito<br />

bons e, apenas 6,5% destes, classificaram tais prazos como regulares. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, pode-se concluir que 93,5% <strong>do</strong>s clientes pesquisa<strong>do</strong>s estão satisfeitos<br />

quanto aos prazos de entrega pratica<strong>do</strong>s pela empresa.<br />

Cobra (1997, p. 315) explica que “vender sem entregar não é vender”.<br />

Segun<strong>do</strong> o autor, é necessário o cumprimento <strong>do</strong>s prazos de entrega<br />

acorda<strong>do</strong>s entre o cliente e fornece<strong>do</strong>r, uma vez que esta variável afeta diretamente<br />

a satisfação <strong>do</strong>s clientes. Logo, pode-se dizer que a empresa Beta<br />

prima pela excelência no cumprimento de seus prazos.<br />

O nono questionamento realiza<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong>, refere-se a satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes Beta quanto a logística da empresa. Do total de clientes pesquisa<strong>do</strong>s,<br />

54,8% avaliaram a logística de distribuição como boa e 32,3% como<br />

muito boa. Apenas 12,9% <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>s avaliaram esta como regular.<br />

Ballou (2007, p. 25) afirma que a logística é vital em uma empresa isolada<br />

275


que opera em uma economia de alto nível. “Muitas vezes os merca<strong>do</strong>s são<br />

nacionais e internacionais, e a produção se concentra em pontos escassos.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, é a logística que vai fazer a ponte de ligação entre os locais de<br />

produção e merca<strong>do</strong>s separa<strong>do</strong>s por tempo e distância”.<br />

Apesar de estar localizada no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, a empresa Beta<br />

preocupa-se muito com sua logística de distribuição. A empresa possui uma<br />

política de seleção de distribui<strong>do</strong>res, onde os mesmos são avalia<strong>do</strong>s constantemente.<br />

Em caso de atrasos na entrega de merca<strong>do</strong>rias ou avarias nos<br />

produtos, os distribui<strong>do</strong>res podem até ser descredencia<strong>do</strong>s, deixan<strong>do</strong> de<br />

prestarem seus serviços a empresa Beta.<br />

O décimo questionamento realiza<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong>, buscou identificar a<br />

satisfação <strong>do</strong>s clientes distribui<strong>do</strong>res, para com os serviços de atendimento<br />

<strong>do</strong> representante regional, serviços de call center, e, serviços de atendimento<br />

pós vendas. Com relação ao primeiro, 67,7% (21) <strong>do</strong>s respondentes, consideram<br />

o atendimento <strong>do</strong> representante regional da empresa como de muito<br />

boa qualidade. Ao que se refere aos serviços de call center, 80,7% (25) <strong>do</strong>s<br />

clientes pesquisa<strong>do</strong>s encontram-se satisfeitos com este serviço, classifican<strong>do</strong><br />

o mesmo como bom ou muito bom, mesmo percentual de satisfação identifica<strong>do</strong><br />

para em relação aos serviços de atendimento pós venda.<br />

Para Kotler (2006), a qualidade no atendimento é fundamental, visto<br />

a importância de não se limitar a descobrir e conquistar novos clientes,<br />

mas conservá-los e cultivá-los. As empresas competitivas nos dias atuais não<br />

querem somente conquistar, mas sim preservar clientes por tempo indetermina<strong>do</strong>.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, pôde-se verificar que a empresa Beta também prima<br />

pela excelência no atendimento á seus clientes.<br />

Por meio <strong>do</strong>s seus serviços disponibiliza<strong>do</strong>s (atendimento <strong>do</strong> representante<br />

regional, call center e atendimento pós vendas), a empresa busca<br />

um feedback da relação Beta x Clientes, avalian<strong>do</strong> constantemente suas<br />

estratégias, serviços, produtos e processos. Logo, se os clientes estiverem<br />

satisfeitos, pode-se afirmar que esta relação torna-se mais sólida e, por conseqüência,<br />

o cliente será fideliza<strong>do</strong>.<br />

4.5 Estratégias para o incremento de vendas<br />

Após a análise de merca<strong>do</strong>, realizada a partir <strong>do</strong>s 4 P’s <strong>do</strong> composto<br />

de marketing, e a identificação da satisfação <strong>do</strong>s clientes para com os serviços<br />

presta<strong>do</strong>s, buscou-se identificar alternativas que possibilitem o incremento<br />

nas vendas da empresa Beta, no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul/RS.<br />

Inicialmente verificou-se os fatores locais que influenciam a comercialização<br />

<strong>do</strong>s produtos.<br />

Observou-se na pesquisa que 51,6% (16) <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res, afirmam<br />

276


que o principal fator que os leva a comercializar os produtos Beta é o preço<br />

pratica<strong>do</strong> pela empresa. Na opinião <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res, 25,8% (8) comercializam<br />

estes produtos por serem de boa qualidade. Foram identifica<strong>do</strong>s ainda<br />

<strong>do</strong>is outros fatores que influenciam a comercialização: qualidade <strong>do</strong> atendimento<br />

(12,9%) e agilidade na entrega (9,7%). Dessa forma, pode-se concluir<br />

que os principais fatores que influenciam os clientes da empresa Beta a comercialização<br />

de seus produtos são os preços pratica<strong>do</strong>s pela empresa e a<br />

qualidade de seus produtos.<br />

Após a identificação <strong>do</strong>s fatores que influenciam a comercialização<br />

<strong>do</strong>s produtos Beta, procurou-se identificar junto aos clientes pesquisa<strong>do</strong>s, de<br />

que forma seria possível melhorar a divulgação <strong>do</strong>s produtos, ou seja, torná-<br />

-los mais conheci<strong>do</strong>s, a fim de incrementar as vendas da organização. Foram<br />

coletadas as seguintes sugestões: fornecimento de brindes (chaveiros, bonés,<br />

camisetas, etc.); criação de um mascote Beta (brindes para crianças);<br />

fornecimento de acessórios personaliza<strong>do</strong>s para veículos (lixeiras, adesivos,<br />

protetor solar, etc.); e, aromatiza<strong>do</strong>r de carros personaliza<strong>do</strong>.<br />

Por fim, no último questionamento realiza<strong>do</strong>, procurou-se identificar<br />

quais as promoções já realizadas pela empresa Beta que mais comercializaram<br />

produtos na região. Os resulta<strong>do</strong>s da pesquisa indicaram duas estratégias<br />

promocionais que de fato aumentaram ás vendas desses produtos<br />

naquele perío<strong>do</strong>. São elas:<br />

a) Na compra de três unidades de produtos Beta (óleo), leve a quarta<br />

unidade pelo valor de 50% <strong>do</strong> preço de venda; e,<br />

b) Na troca de óleo, você recebe uma ducha rápida.<br />

De posse destas informações, elaborou-se um plano de ação, basea<strong>do</strong><br />

no modelo 5W1H, com o intuito de contribuir efetivamente para com a<br />

organização, no estabelecimento de estratégias que viabilizem o incremento<br />

das vendas da empresa Beta á longo prazo, no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong><br />

Sul/RS, contexto da realização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Fossa (2006, p. 77), o<br />

5W1H, basicamente, é<br />

um checklist de determinadas atividades que precisam<br />

ser desenvolvidas com o máximo de clareza<br />

possível por parte <strong>do</strong>s colabora<strong>do</strong>res da empresa.<br />

Ele funciona como um mapeamento destas atividades,<br />

onde ficará estabeleci<strong>do</strong> o que será feito,<br />

quem fará o quê, em qual perío<strong>do</strong> de tempo, em<br />

qual área da empresa e to<strong>do</strong>s os motivos pelos<br />

quais esta atividade deve ser feita.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, procurou-se propor estratégias relacionadas a políticas<br />

de preços (EPr), fator identifica<strong>do</strong> na pesquisa como influencia<strong>do</strong>r na<br />

277


comercialização <strong>do</strong>s produtos Beta; estratégias de divulgação (EDv), sugestão<br />

apresentada na pesquisa pelos clientes como uma alternativa para incrementar<br />

as vendas destes produtos; e, estratégias promocionais (EPm), visto<br />

que estas funcionaram anteriormente quan<strong>do</strong> utilizadas pela empresa Beta.<br />

O Quadro 1 apresenta o Plano de Ação proposto no estu<strong>do</strong>.<br />

QUADRO 1 - Plano de ação elabora<strong>do</strong> na pesquisa<br />

Como se pode observar no Quadro 1, o plano proposto levou em consideração,<br />

os acha<strong>do</strong>s da pesquisa. Assim sen<strong>do</strong>, sugere-se que este seja<br />

encaminha<strong>do</strong> á direção da empresa, a fim de ser analisa<strong>do</strong> e, entenden<strong>do</strong>-se<br />

que o mesmo é viável, seja coloca<strong>do</strong> em prática, para contribuir com incremento<br />

das vendas da empresa pesquisada na região, fator que motivou a<br />

realização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

5 Considerações finais<br />

A melhoria nos processos de gestão das organizações pode contribuir<br />

na maximização <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s das empresas. Para tanto, é necessário<br />

o monitoramento constante <strong>do</strong> ambiente de negócios, bem como, da satisfação<br />

<strong>do</strong>s clientes. Sob este aspecto, a pesquisa de merca<strong>do</strong> pode contribuir<br />

278


significativamente na identificação, monitoramento e avaliação da organização<br />

e sua relação com o merca<strong>do</strong> (público alvo).<br />

Neste contexto, buscan<strong>do</strong> contribuir para com a Empresa Beta na<br />

melhoria <strong>do</strong>s seus processos de gestão e na análise <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> local, realizou-se<br />

o presente estu<strong>do</strong>. A questão problema que norteou a pesquisa foi: De<br />

que forma a empresa pesquisada poderá incrementar o volume de vendas de<br />

produtos lubrificantes e graxas no município de <strong>Santa</strong> <strong>Cruz</strong> <strong>do</strong> Sul?<br />

Por meio da pesquisa realizada, pode-se verificar que os clientes<br />

distribui<strong>do</strong>res da empresa Beta mostram-se satisfeitos com a qualidade <strong>do</strong>s<br />

produtos, com as estratégias de preço e promoção praticadas pela empresa,<br />

e com os serviços presta<strong>do</strong>s por esta. Também foi possível identificar os principais<br />

fatores que influenciam a comercialização <strong>do</strong>s produtos Beta: preços<br />

pratica<strong>do</strong>s e a qualidade <strong>do</strong>s produtos.<br />

Outro resulta<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> na pesquisa se refere há forma que possibilitaria<br />

uma melhor divulgação <strong>do</strong>s produtos Beta, a fim de incrementar as<br />

vendas da empresa pesquisada. Foram coletadas as seguintes sugestões:<br />

fornecimento de brindes (chaveiros, bonés, camisetas, etc.); criação de um<br />

mascote Beta (brindes para crianças); fornecimento de acessórios personaliza<strong>do</strong>s<br />

para veículos (lixeiras, adesivos, protetor solar, etc.); e aromatiza<strong>do</strong>r<br />

de carros personaliza<strong>do</strong>.<br />

A pesquisa realizada também possibilitou ainda a identificação das<br />

principais promoções realizadas pela empresa Beta, que incrementaram as<br />

vendas <strong>do</strong>s distribui<strong>do</strong>res no local pesquisa<strong>do</strong>. De forma geral, conclui-se<br />

que a pesquisa de merca<strong>do</strong>, realizada a partir <strong>do</strong>s 4 P’s <strong>do</strong> composto de marketing,<br />

é um instrumento de gestão eficiente que pode suportar as atividades<br />

de planejamento merca<strong>do</strong>lógico da empresa em longo prazo.<br />

Ao que se refere à questão problema <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> proposto, conclui-se<br />

que é possível o incremento nas vendas da Empresa Beta, e apresenta-se<br />

um Plano de Ação sugerin<strong>do</strong>-se a a<strong>do</strong>ção de três estratégias para o alcance<br />

deste objetivo: Preço, Divulgação e Promoção. Como recomendação a<br />

futuros estu<strong>do</strong>s, sugere-se que esta pesquisa seja desenvolvida em outros<br />

locais em que a empresa comercializa seus produtos, a fim de identificar<br />

tendências, similaridades e estratégias comuns que possam ser a<strong>do</strong>tadas,<br />

reduzin<strong>do</strong> seus custos de implantação e proporcionan<strong>do</strong> a maximização <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s da empresa Beta.<br />

6 Referências<br />

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais<br />

e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

279


BEUREN, I. M.; ZONATTO, V. C. S. Evidenciação da gestão de riscos <strong>do</strong><br />

COSO (2004) nos relatórios de administração de 2007 de empresas com<br />

ADRs. In: Anais… International Conference of the Iberoamerican Academy<br />

of Management. Buenos Aires: 2009 - v. 1, p. 1-15.<br />

CHIAVENATO, I. Princípios da administração: O essencial em teoria geral<br />

da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.<br />

COBRA, M. Marketing básico: uma abordagem brasileira. 4. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 1997.<br />

_____. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 4. ed. São Paulo:<br />

Atlas, 2009.<br />

CUNHA, R. L.; COSTA, B. E.; RIBEIRO, K. C. S. Trade off: políticas de<br />

crédito x vendas e provisão para contas. In: SEGET, 4ed., 2007, São Paulo.<br />

Anais ... Resende: 2007 - v. 1, p. 1-15.<br />

FOSSA, A. J. Aspectos da conformidade no merca<strong>do</strong> de gás combustível<br />

e o impacto na sua expansão. 2006. 152f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em<br />

Energia) - Programa Interunidades de Pós Graduação em Energia. Universidade<br />

de São Paulo, São Paulo, 2006.<br />

GIL. A. C. Méto<strong>do</strong>s e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,<br />

2002.<br />

KOTLER, P. Princípios de marketing. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003.<br />

_____. Princípios de marketing. 9 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006.<br />

_____; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Prentice<br />

Hall, 2005.<br />

_____. Princípios de marketing. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2006.<br />

KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing: a bíblia <strong>do</strong> marketing.<br />

São Paulo: Prentice Hall, 2006.<br />

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisas: planejamento<br />

e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa,<br />

elaboração, análise e interpretação de da<strong>do</strong>s. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2002.<br />

280


OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, meto<strong>do</strong>logias e<br />

práticas. São Paulo: Atlas, 1995.<br />

_____. Sistemas, organizações e méto<strong>do</strong>s: uma abordagem gerencial.<br />

13. ed. São Paulo: Atlas, 2002.<br />

_____. Planejamento estratégico: conceitos, meto<strong>do</strong>logia e práticas. 23.<br />

ed. São Paulo: Atlas, 2007.<br />

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: méto<strong>do</strong>s e técnicas. 2. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 1989.<br />

STANTON, W. J. S. Administração de vendas. 10. ed. Rio de Janeiro: LCT,<br />

2000.<br />

281


282


NORMAS PARA PUBLICAÇÃO<br />

NA REVISTA NOVOS HORIZONTES<br />

A Revista Novos Horizontes é uma publicação semestral da Faculdade <strong>Dom</strong><br />

<strong>Alberto</strong> voltada à divulgação de artigos científicos, produzi<strong>do</strong>s por estudantes<br />

de graduação, pós-graduação, professores e pesquisa<strong>do</strong>res em geral.<br />

A revista recebe artigos de temas relativos a Administração, Direito, Educação,<br />

Comunicação, Ciências Contábeis e áreas afins.<br />

NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS<br />

1. Os artigos envia<strong>do</strong>s para a Revista devem ser inéditos e serão submeti<strong>do</strong>s<br />

à avaliação da Comissão Editorial, que emitirá parecer sobre o texto, poden<strong>do</strong><br />

rejeitá-lo ou aceitá-lo.<br />

2. Os textos devem ser envia<strong>do</strong>s em forma digital para o e-mail novoshorizontes@<strong>do</strong>malberto.edu.br.<br />

Os originais recebi<strong>do</strong>s não serão devolvi<strong>do</strong>s.<br />

3. No corpo <strong>do</strong> e-mail, o autor deve informar seu endereço completo, telefone<br />

(fax), filiação institucional e endereço eletrônico.<br />

4. Os artigos deverão ser apresenta<strong>do</strong>s em português, deverão ter, no mínimo,<br />

dez páginas e, no máximo, 15, incluí<strong>do</strong>s os elementos não-textuais (tabelas,<br />

figuras e gráficos). Devem ser formata<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> as normas da revista.<br />

Textos que não obedecerem às normas não serão aceitos.<br />

5. Os textos devem ser digita<strong>do</strong>s em Word, fonte Arial 12, com alinhamento<br />

justifica<strong>do</strong>, com entrada de parágrafo de 1,25cm, espaçamento entre linhas<br />

1,5 cm. Nas citações diretas longas (mais de três linhas), no resumo e nas<br />

Referências, o espaço entrelinhas deve ser simples. As medidas para as margens<br />

de uma folha A4 são: esquerda e superior de 3cm; direita e inferior de<br />

2cm.<br />

6. O título <strong>do</strong> artigo deve ser centraliza<strong>do</strong>, em caixa alta, fonte 12 e em negrito.<br />

Duas linhas abaixo <strong>do</strong> título, à direita, deve(m) constar o(s) nome(s) <strong>do</strong>(s)<br />

autor(es), com letras maiúsculas somente para as iniciais. Para cada nome<br />

de autor deve ser inserida uma nota de rodapé com numeração em arábico,<br />

apresentan<strong>do</strong> a formação e a instituição onde atua.<br />

7. Duas linhas abaixo <strong>do</strong>(s) nome(s) <strong>do</strong>(s) auto(res), deve aparecer a pala-<br />

283


vra RESUMO, alinhada à esquerda, em caixa alta e em negrito. Duas linhas<br />

abaixo, deve-se apresentar um resumo, de até dez linhas, em espaço simples,<br />

o qual deve destacar o tema <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, os objetivos, a meto<strong>do</strong>logia e os<br />

resulta<strong>do</strong>s da pesquisa.<br />

8. Duas linhas abaixo <strong>do</strong> resumo, deve aparecer a expressão Palavraschave,<br />

seguida de <strong>do</strong>is-pontos, em negrito e alinhada à esquerda. Devem<br />

ser destacadas três palavras-chave.<br />

9. Duas linhas abaixo das palavras-chave, deve ser apresentada a palavra<br />

ABSTRACT, alinhada à esquerda, em caixa alta e em negrito. Duas abaixo,<br />

deve apresentar um resumo em língua inglesa, de até dez linhas, em espaço<br />

simples, o qual deve destacar os o tema, os objetivos, a meto<strong>do</strong>logia e os<br />

resulta<strong>do</strong>s da pesquisa.<br />

10. Duas linhas abaixo <strong>do</strong> abstract, deve aparecer a expressão Key-words,<br />

seguida de <strong>do</strong>is-pontos, em negrito e alinhada à esquerda. Devem ser destacadas<br />

três key-words.<br />

11. Os subtítulos <strong>do</strong> artigo devem ser em negrito e alinha<strong>do</strong>s à esquerda.<br />

12. Citações de até três linhas devem estar no corpo <strong>do</strong> texto, entre aspas.<br />

Caso as citações ultrapassem três linhas, deverão ser formatadas sem aspas,<br />

em fonte Arial, corpo 10, espaço simples e em bloco com recuo de 4cm.<br />

13. Após cada citação, deverá vir a sua referência bibliográfica, no formato:<br />

(SOBRENOME DO AUTOR, data de publicação, número das páginas). Por<br />

exemplo: (CANDIDO, 1995, p. 114). Ao final <strong>do</strong> texto, todas fontes citadas<br />

deverão ser apresentadas nas referências.<br />

14. Nas Referências, deve-se seguir as normas da ABNT (NBR-6023). Exemplos:<br />

a) Para livros<br />

SCHÜTZ, Edgar. Reengenharia mental: reeducação de hábitos e programação<br />

de metas. Florianópolis: Insular, 1997.<br />

b) Para organiza<strong>do</strong>res<br />

BOSI, Alfre<strong>do</strong> (Org.). O conto brasileiro contemporâneo. 3. ed. São Paulo:<br />

Cultrix, 1978.<br />

284


c) Dissertações e teses<br />

LOPES, Heitor Silveira. Analogia e aprendiza<strong>do</strong> evolucionário: aplicação<br />

em diagnóstico clínico. 1996. 179 f. Tese (Doutora<strong>do</strong> em Engenharia Elétrica)<br />

- Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal de<br />

<strong>Santa</strong> Catarina, Florianópolis, 1996.<br />

d) Artigo de revista<br />

ESPOSITO, Italo et al. Repercussões da fadiga psíquica no trabalho e na<br />

empresa. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 8, n. 32,<br />

p. 37-45, out./dez. 1979.<br />

e) Artigo de jornal<br />

OLIVEIRA, Walter. de. Judô: Educação física e moral. O Esta<strong>do</strong> de Minas,<br />

Belo Horizonte, 17 mar. 1981. Caderno de esporte, p. 7.<br />

f) Artigos de periódicos on-line<br />

MALOFF, Joel. A internet e o valor da “internetização”. Ciência da Informação,<br />

Brasília, v. 26, n. 3, 1997. Disponível em: .<br />

Acesso em: 18 mar. 1998.<br />

15. Notas explicativas ou de rodapé deverão ser evitadas.<br />

16. As idéias contidas nos trabalhos são de inteira responsabilidade <strong>do</strong>s autores.<br />

17. O envio de artigo significa que o seu autor estará ceden<strong>do</strong> gratuitamente<br />

seus direitos autorais à Revista Novos Horizontes para publicação.<br />

285

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