Reescrita de textos.qxd - IEL - Unicamp
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<strong>Reescrita</strong> <strong>de</strong> <strong>textos</strong>.<strong>qxd</strong> 20.02.08 09:05 Page 32<br />
mal <strong>de</strong>finida, é tomada, tanto por alunos como por professores, como<br />
uma espécie <strong>de</strong> “libertinagem”, uma violação completa <strong>de</strong> regras<br />
e/ou estruturas textuais. Mas não é bem assim. Observe o texto a<br />
seguir, trecho <strong>de</strong> um relatório que Graciliano Ramos escreveu ao<br />
governador <strong>de</strong> Alagoas quando era prefeito <strong>de</strong> Palmeira dos Índios.<br />
Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Palmeira dos Índios<br />
Relatório<br />
Ao Governo do Estado <strong>de</strong> Alagoas<br />
Exmo. Sr. Governador:<br />
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura <strong>de</strong><br />
Palmeira dos Índios em 1928.<br />
Não foram muitos, que os nossos recursos são exíguos. Assim minguados,<br />
entretanto, quase invisíveis ao observador afastado, que <strong>de</strong>sconheça<br />
as condições em que o Município se achava, muito me custaram.<br />
Começos<br />
O principal, o que sem <strong>de</strong>mora iniciei, o que <strong>de</strong>pendiam todos os outros,<br />
segundo creio, foi estabelecer alguma or<strong>de</strong>m na administração.<br />
Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores <strong>de</strong> impostos, o<br />
comandante do <strong>de</strong>stacamento, os soldados, outros que <strong>de</strong>sejassem<br />
administrar. Cada pedaço do Município tinha sua administração particular,<br />
com prefeitos coronéis e prefeitos inspetores <strong>de</strong> quarteirões. Os fiscais,<br />
esses, resolviam questões <strong>de</strong> polícia e advogavam.<br />
Para que semelhante anomalia <strong>de</strong>saparecesse lutei com tenacida<strong>de</strong><br />
e encontrei obstáculos <strong>de</strong>ntro da prefeitura e fora <strong>de</strong>la – <strong>de</strong>ntro, uma<br />
resistência mole, suave, <strong>de</strong> algodão em rama; fora, uma campanha sorna,<br />
oblíqua, carregada <strong>de</strong> bile. Pensavam uns que tudo ia bem nas mãos <strong>de</strong><br />
Nosso Senhor, que administra melhor do que todos nós; outros me davam<br />
três meses para levar um tiro. (...)<br />
Ramos, Graciliano. “Viventes das Alagoas”.<br />
In Maria Helena Silveira. Comunicação, expressão e<br />
cultura brasileira, São Paulo: Vozes, 1973.<br />
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