01.07.2013 Views

O egoísmo lógico e a sua superação - Centro de Filosofia

O egoísmo lógico e a sua superação - Centro de Filosofia

O egoísmo lógico e a sua superação - Centro de Filosofia

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

146<br />

projecto <strong>de</strong> uma “meta-sistemática cognitiva”, disse algo <strong>de</strong> semelhante a isto133.<br />

Esta sistematicida<strong>de</strong> elabora-se sobretudo a partir da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> passagem,<br />

fundamental no sistema kantiano134. Um dos méritos mais indiscutíveis do livro <strong>de</strong><br />

Victor Goldschmidt é o <strong>de</strong> ter capturado a ossatura teórica da passagem nos Estóicos.<br />

Émile Bréhier havia já sublinhado a importância das noções obtidas “segundo<br />

uma transição ”, a importância da transição/passagem para a compreensão<br />

do lugar135. Mas cabe a Victor Goldschmidt o mérito <strong>de</strong>, em admiráveis<br />

páginas, ter apresentado a importância da passagem no sistema estóico (e, vale a<br />

pena acrescentar, em qualquer sistema).<br />

Goldschmidt pôs em evidência a importância da passagem – uma passagem<br />

horizontal, po<strong>de</strong>r-se-ia dizer136 – da física à ética. Essa passagem não po<strong>de</strong> ser concebida<br />

como um salto137. Trata-se <strong>de</strong> uma passagem do pleno ao pleno, do mesmo<br />

ao mesmo. Se esquecermos a passagem, escreve Goldschmidt, “per<strong>de</strong>mos todo o<br />

sentido do sistema”. A passagem é a expressão <strong>de</strong> uma tendência, dá corpo a um<br />

83 Sobre a vonta<strong>de</strong> , cf., entre outras passagens, Cícero, Tusc., IV, 12; ND,<br />

II, 58; Off., I, 28, 115; Séneca, Vita, 15; Epicteto, Diss., passim (o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós; o que não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós); MA, XI, 36. Sobre os prolongamentos da doutrina estóica da vonta<strong>de</strong> no séc. XVII, cf.<br />

Ernst Cassirer, Descartes, Corneille et Christine <strong>de</strong> Suè<strong>de</strong>, Vrin, Paris, 1997.<br />

84 VII, 5.<br />

85 IX, 23. Sobre o acto e a acção , cf. Plutarco, Comm. not., XLII; Cícero, Off., I, 141-<br />

145, 153; Séneca, Tran., XIII, 1; MA, I, 16; V, 1; VI, 26, 51; VII, 11, 74; VIII, 1, 51; IX, 5, 16, 29, 41;<br />

X, 16; XII, 24.<br />

86 Notas respeitantes às observações sobre o sentimento do belo e do sublime, XX: 44.<br />

87 Ibid, XX: 41.<br />

88 Cf. Sobre o lugar comum: po<strong>de</strong> ser que esteja certo em teoria, mas na prática <strong>de</strong> nada vale, VIII: 279.<br />

89 Cícero, Fin., II, 20; Off., passim; MA, VI, 26.<br />

Paulo Tunhas<br />

90 Goldschmidt, op. cit., p. 126. Sobre hormê, e sobre a <strong>sua</strong> importância para a “psicologia moral” estóica,<br />

cf. Tad Brennan, “Stoic Moral Psychology”, in Inwood, op. cit., pp. 257-294, sobretudo p. 265 ss. Cf.<br />

igualmente DL, VII, 85-86; Cícero, Acad., II, 24, 108; Fin., III, 23; Off., I, 101, 132; MA, VIII, 1.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!