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O egoísmo lógico e a sua superação - Centro de Filosofia

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O conceito <strong>de</strong> uma Lógica Transcen<strong>de</strong>ntal 215<br />

uma condição a uma consequência, mas nem toda a relação condicional é, por si<br />

mesma, uma relação causal. O seu conceito é indubitavelmente mais vasto e a relação<br />

objectiva entre condição e condicionado só limitativamente se <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong>terminar<br />

como causação, no sentido <strong>de</strong> uma sucessão regulada <strong>de</strong> aparições no elemento da<br />

experiência empírica.<br />

O facto <strong>de</strong> Kant ter conduzido o conceito <strong>de</strong> uma ontologia formal na direcção<br />

<strong>de</strong> uma teoria do objecto da experiência empírica funciona como uma verda<strong>de</strong>ira<br />

amputação do significado sistemático da própria ontologia formal. Não só as<br />

formas do juízo têm uma maior vastidão que aquela que Kant refere na <strong>sua</strong> tábua<br />

das categorias, como o significado da conexão entre categorias da significação e<br />

categorias objectivas ultrapassa em muito o âmbito limitado <strong>de</strong> uma teoria da objectivida<strong>de</strong><br />

empírica. Tomado no seu aspecto absolutamente geral, o conceito <strong>de</strong> uma<br />

lógica transcen<strong>de</strong>ntal é o conceito da correlação entre forma judicativa e objecto<br />

categorial puro, ou entre apofântica e ontologia formais, e só quando a consciência<br />

originariamente doadora é entendida humeanamente como sensibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> uma<br />

lógica transcen<strong>de</strong>ntal resolver-se num sistema dos princípios do pensamento empírico<br />

em geral, sistema que é apenas uma das <strong>sua</strong>s partes. Foi, no entanto, <strong>de</strong>sta forma<br />

limitada que o projecto kantiano <strong>de</strong> uma lógica transcen<strong>de</strong>ntal foi concebido <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a <strong>sua</strong> raiz. Ele tinha um significado estratégico no pensamento <strong>de</strong> Kant: tratava-se<br />

<strong>de</strong> instruir o processo da Metafísica e <strong>de</strong> mostrar como a valida<strong>de</strong> objectiva dos<br />

conceitos puros só se obtinha por conexão com o dado da intuição sensível.<br />

Mas essa forma diminuída como a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma lógica transcen<strong>de</strong>ntal,<br />

enquanto ontologia formal, aparece no pensamento <strong>de</strong> Kant nada retira da enorme<br />

dívida que todos nós contraímos relativamente ao seu génio imorredouro. Todos<br />

nós, disse, ou seja, todos aqueles que, em consonância com o espírito do kantismo,<br />

vêem a <strong>Filosofia</strong> como o lugar mais elevado <strong>de</strong> inteligência do real e não como<br />

oportunida<strong>de</strong>, sempre à mão, para sonhos visionários, para exaltações místicas ou<br />

verbosida<strong>de</strong>s intermináveis, mas, na verda<strong>de</strong>, vazias.

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