03.07.2013 Views

Transformando corpos em pergaminhos - Nucleo de Humanidades ...

Transformando corpos em pergaminhos - Nucleo de Humanidades ...

Transformando corpos em pergaminhos - Nucleo de Humanidades ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Emilene Leite <strong>de</strong> Sousa<br />

cial, <strong>de</strong>scartável, fragmentada, presa à um corpo que permanece uno,<br />

indiviso, fixo? Esse me parece o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio na discussão sobre o<br />

corpo como dispositivo, mecanismo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação na atualida<strong>de</strong>.<br />

2. EXPLICANDO O CORPO ATRAVÉS DAS<br />

CONCEPÇÕES SÓCIO-ANTROPOLÓGICAS<br />

O corpo parece explicar-se a si mesmo,<br />

mas nada é mais enganoso (Le Breton<br />

2006).<br />

A Sociologia do corpo nasce a partir da compreensão <strong>de</strong> que a<br />

corporeida<strong>de</strong> humana é um fenômeno social, objeto <strong>de</strong> representações<br />

e imaginários. Assim, o corpo seria um construto cultural especialmente<br />

rico <strong>em</strong> simbologia, o que o torna importante objeto <strong>de</strong> estudo.<br />

O valor s<strong>em</strong>ântico do corpo está dado pelo fato <strong>de</strong> que ele é<br />

moldado pelas circunstâncias históricas, sendo legitimado no contexto<br />

sócio-cultural <strong>em</strong> que está inserido. Ou seja, as socieda<strong>de</strong>s se expressam<br />

diferent<strong>em</strong>ente por meio <strong>de</strong> <strong>corpos</strong> diferentes. Enquanto instrumento<br />

cultural, o corpo é responsável pela ligação do hom<strong>em</strong> com o<br />

mundo, pela concretização <strong>de</strong> sua existência que é, sobretudo, corporal<br />

(LE BRETON, 2006).<br />

Ad<strong>em</strong>ais, o corpo permite ao hom<strong>em</strong> apropriar-se da substância<br />

<strong>de</strong> sua vida, traduzindo-a para os d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros da socieda<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>pre<br />

a partir dos sist<strong>em</strong>as simbólicos que compartilha com estes m<strong>em</strong>bros.<br />

Ele <strong>em</strong>erge como um dos principais instrumentos a serviço do<br />

hom<strong>em</strong> na produção <strong>de</strong> sentidos. Nessa produção <strong>de</strong> sentidos através<br />

das técnicas corporais (MAUSS, 2003) é que o hom<strong>em</strong> se torna ser<br />

social. Prova disso é que um corpo não domesticado pelas técnicas<br />

culturais não torna o seu portador um ser social.<br />

Através do corpo o hom<strong>em</strong> produz sentido e se insere num sist<strong>em</strong>a<br />

simbólico específico que legitima continuadamente os sentidos<br />

inventados pelo corpo. Assim, o corpo é produtor e produto <strong>de</strong>stes<br />

sentidos numa relação ambivalente.<br />

Ao pensarmos sobre o corpo, pod<strong>em</strong>os incorrer no erro <strong>de</strong> encarálo<br />

como simplesmente biológico, lugar universal on<strong>de</strong> a cultura escreveria<br />

histórias diferentes. Entretanto, existe um conjunto <strong>de</strong> significados<br />

que cada socieda<strong>de</strong> escreve nos <strong>corpos</strong> dos seus m<strong>em</strong>bros ao<br />

longo do t<strong>em</strong>po, e estes significados vão <strong>de</strong>finir o que é corpo <strong>de</strong><br />

maneiras variadas.<br />

Horace Miner (1973) <strong>em</strong> conhecido artigo intitulado “Rituais Cor-<br />

60 Ciências Humanas <strong>em</strong> Revista - São Luís, V.5, n.2, <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro 2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!