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Pág. 10 Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", SetlOut, n° 310, 54: 7- 12, 1999<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 Material<br />

Foram utilizadas amostras de leite cru para<br />

análise do teor de caseína; coletadas no tanque de<br />

equilíbrio da usina de laticínios da Departamento<br />

de Tecnologia de Alimentos da UFV, no mês de<br />

setembro de 1995.<br />

As análises foram realizadas no laboratório<br />

de Análises Físico-Químicas de Leite e Derivados<br />

do DTA/UFY.<br />

2.2 Delineamento Experimental<br />

Foi utilizado um modelo de delineamento<br />

experimental com dois tempos de exposição, cinco<br />

temperaturas, três repetições e análises em duplicata.<br />

As amostras de leite cru foram submetidas<br />

a aquecimento à partir da temperatura ambiente<br />

até que atingissem temperatura próxima ao seu<br />

ponto de ebulição. As 5 (cinco) temperaturas<br />

definidas para análise foram: ambiente (25°C),<br />

40°C, 60°C, 80°C e 100°C.<br />

Em duas amostras distintas de um mesmo leite<br />

foram realizados dois tratamentos, consistindo de<br />

aquecimento à partir da temperatura ambiente (25°C)<br />

até 100°C. Os referidos tratamentos diferiram com<br />

relação aos intervalos de tempo: o primeiro de 12<br />

minutos e o segundo de 41 minutos entre a primeira<br />

temperatura (ambiente = 25°C) e a última (l00°C).<br />

Para o primeiro tratamento (il T = 12<br />

minutos), foi utilizado como fonte de aquecimento<br />

um bico de bunsen. No segundo tratamento<br />

(il T = 41 minutos) foi utilizado como<br />

fo nte de aquecimento um aquecedor de chapa<br />

(elétrico), com controle de intensidade.<br />

As amostras que sofreram aquecimento nos<br />

diversos tratamentos foram previamente resfriadas<br />

à temperatura ambiente, para então serem<br />

realizadas as análises.<br />

Foram executadas três repetições para cada<br />

tratamento com as análises individuais de caseína<br />

em duplicata. O resultado final de cada observação<br />

representa a média das duplicatas de cada tratamento.<br />

2.3 Método<br />

O método utilizado para análise de caseína<br />

das amostras foi o método do formol, modificado,<br />

em sua versão mais recente, desenvolvido por<br />

SILVA (1995). Um fluxograma da técnica analítica<br />

é apresentado na Figura 3.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das determinações analíticas<br />

de caseína em leite pelo método de formol (SILVA,<br />

1995) para os tempos de exposição ilT = 12 min<br />

10 rnl leite<br />

10 rnl água destilada 40°C<br />

1,5 rnl ácido acético (1+9)<br />

0,4 rnl oxalato de potássio 28% (p/v)<br />

Figura 3 - Representação esquemática do método<br />

do formol.<br />

Fonte: SILVA (1995).<br />

e DDT = 41 min são apresentados na Figuras 4 e<br />

5, respectivamente, considerando-se as cinco<br />

temperaturas utilizadas.<br />

O resumo da análise de variância dos resultados<br />

obtidos é apresentado no Quadro 2, onde<br />

depreende-se que houve diferença significativa<br />

(P :s;; 0,0020) entre as temperaturas, mas não entre<br />

os tempos de exposição (P 0,07 13). A interação<br />

entre tempo e temperatura foi significativa,<br />

entretanto, os coeficientes de correlação entre teor<br />

de caseína e tempo e entre teor de caseína e<br />

temperatura foram 0,2703 (P 0,0742) e 0,6951<br />

(P :s;; 0,0000), respectivamente, demonstrando que<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândido Tostes", SetlOut, n° 310, 54: 7-12, 1999 Pág. 11<br />

2,9<br />

2,8<br />

2,7<br />

ê 2,6<br />

cu 2,5<br />

.5 2,4<br />

(li<br />

li) 2,3<br />

cu •<br />

o 2,2<br />

2,1<br />

2<br />

20 40 60 80 10C<br />

Temperatura (IIC)<br />

Figura 4 - Resultados das determinações analíticas<br />

de caseína em leite pelo método de formol (SILVA,<br />

1995) para os tempos de exposição ilT = 12 min<br />

e temperaturas 25, 40, 60, 80 e 100 °C.<br />

<br />

ê<br />

cu<br />

.5<br />

(li<br />

li)<br />

cu<br />

o<br />

3,4<br />

3,2<br />

3<br />

2,8<br />

2,6 •<br />

2,4<br />

2,2<br />

2<br />

•<br />

20 40 60 80 100<br />

Temperatura (2C)<br />

Figura 5 - Resultados das determinações analíticas<br />

de caseína em leite pelo método de formol (SILVA,<br />

1995) para os tempos de exposição ilT = 41 min<br />

e temperaturas 25, 40, 60, 80 e 100 °C.<br />

Quadro 2 - Resumo da análise de variância dos resultados das determinações analíticas de caseína em<br />

leite pelo método de formol (SILVA, 1995) para os tempos de exposição ilT = 12 min, ilT = 41 min e<br />

temperaturas 25, 40, 60, 80 e 100 °C.<br />

Fonte de Graus de Liberdade Probabilidade de F<br />

Tempo<br />

Temperatura<br />

Tempo*Temperatura<br />

Resíduo<br />

Total<br />

(*) Estatisticamente significativo.<br />

1<br />

4<br />

4<br />

20<br />

29<br />

0,07 13<br />

0,0020 (*)<br />

(*)<br />

apenas a temperatura apresentou influência consi­ das mesmas . As proteínas do soro são as mais<br />

derável na interação.<br />

termolábeis pois, ao contrário das caseínas, não<br />

Uma série de fenômenos ocorrem quando o formam micelas, encontrando-se molecularmente<br />

leite é aquecido, em razão de seus constituintes se dissolvidas e susceptíveis à desnaturação térmica.<br />

apresentarem em solução (sais minerais e lactose); em Entre estas a a-Iactoalbumina é a mais resistente,<br />

emulsão (lipídeos) e em estado coloidal (proteínas) e seguida por -lactoglobulina, albumina do soro e<br />

das possíveis interações químicas entre estes. Alterações imunoglobulinas. A resistência intr(nseca das<br />

no equilíbrio salino, na solubilidade de proteínas, na caseínas ao calor é devido ao fato de apresentarem<br />

acidez, no pH, nas reações de escurecimento e muitos resíduos de prolina em sua estrutura<br />

vários outras são bastante conhecidas.<br />

primária, o que dificulta a formação de pontes de<br />

Do ponto de vista das proteínas, a principal hidrogênio. Isto confere uma estrutura espacial<br />

alteração que ocorre consiste na desnaturação parcialmente "desnaturada" às caseínas.<br />

protéica, fenômeno este dependente tanto da<br />

Estas associações são representadas, esque­<br />

intensidade do aquecimento quanto do tempo de maticamente, na Figura 6.<br />

aplicação do calor. Os resultados deste trabalho<br />

A desnaturação deve ser considerada como<br />

demonstraram o efeito destas variações.<br />

uma desorganização da estrutura espacial da<br />

Os resultados observados indicaram que molécula de proteína, resultando na exposição de<br />

houve um aparente aumento no teor de caseína grupos funcionais internos. A ativação de grupos<br />

quando as amostras de leite foram aquecidas em sulfidrilas é uma das principais mudanças químicas<br />

todos os tratamentos. Na verdade, a quantificação que acompanham a desnaturação e das mais<br />

do teor de caseína no leite aquecido é prejudicada facilmente detectáveis, sendo observada particu­<br />

pela co-precipitação das proteínas do soro sobre larmente na -lactoglobulina, por ser a proteína<br />

a caseína, efeito que é proporcional à intensidade do soro mais rica em grupamentos sulfidrila<br />

e tempo de exposição ao calor.<br />

(CARVALHO,1 977). Esta ativação implica na<br />

V ários trabalhos confirmam as mudanças formação de complexos entre as proteínas do soro<br />

físico-químicas nas diferentes frações proteicas e as casénas (K-caseínas), conforme apresentado<br />

e, consequentemente, na distribuição do nitrogênio a seguir.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org

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