Revista Ethos & Episteme IV - Faculdade Salesiana Dom Bosco
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Porém, os docentes devem usar outras<br />
ferramentas, além do livro e da lousa, principalmente<br />
quando se trabalha com projetos.<br />
Uma delas é o computador, que possibilita a<br />
criação de ambientes abertos nos quais as<br />
diferenças são minimizadas, possibilitando<br />
que cada aluno deixe aflorar sua criatividade,<br />
desenvolvendo-se de acordo com suas<br />
limitações, habilidades e potencialidades e<br />
otimizando a aprendizagem.<br />
Ao investigar a formação dos professores<br />
que participaram da capacitação constatamos<br />
que 73,3% na escola A, e todos os da<br />
escola B, têm 10 (dez) anos ou mais de tempo<br />
de serviço no magistério. Confrontando<br />
esses dados com o que prescreve Garcia<br />
(1999), no sentido de que nem sempre os<br />
professores incorporam novas competências<br />
a sua prática, é possível entender porque<br />
estes não se sentem preparados para<br />
lidar com a diversidade e utilizar as TIC no<br />
desenvolvimento de projetos de trabalho.<br />
Aqueles que têm mais tempo de serviço se<br />
mostram mais acomodados e resistentes às<br />
mudanças, dificultando as iniciativas de formação<br />
em serviço.<br />
Além disso, como as capacitações para<br />
o uso das TIC na Educação promovidas pela<br />
Secretaria Estadual de Educação (SEE) não relacionam<br />
as atividades nelas desenvolvidas e<br />
o dia-a-dia em sala de aula, contribuem muito<br />
pouco para que os professores as coloquem<br />
em prática. Portanto, essa formação tem que<br />
ser revista possibilitando aos professores vivenciar,<br />
problematizar e refletir sobre o uso<br />
das TIC, dando maiores subsídios para que ele<br />
possa usar a SAI de maneira adequada, segundo<br />
a abordagem construcionista. É necessário,<br />
ainda, que eles sejam incentivados e que os<br />
gestores da escola tenham clareza sobre qual<br />
é a formação mais adequada aos professores,<br />
oferecendo maior disponibilidade de tempo<br />
para que eles possam participar de capacitações<br />
em serviço.<br />
Durante o processo de formação realizado<br />
na pesquisa, os professores expressaram<br />
32<br />
sua angústia pela presença de pessoas com<br />
deficiência em suas salas de aula, argumentando<br />
que não foram preparados para trabalhar<br />
com as diferenças. Procuramos mostrar<br />
que não é necessário que o professor tenha<br />
uma formação especial que o torne um especialista,<br />
mas sim uma formação inicial de<br />
qualidade. Porém, percebemos por meio de<br />
algumas frases, que eles esperavam obter<br />
“receitas prontas”, que indicassem qual era<br />
a melhor forma de atender os alunos com<br />
deficiência.<br />
Não é possível realizar um trabalho que<br />
valorize as diferenças e promova uma educação<br />
de qualidade para todos se o professor<br />
não tiver uma formação generalista e não<br />
estiver sempre atualizado em relação às diversas<br />
metodologias, recursos e estratégias<br />
existentes, para que possa utilizá-las com<br />
seus alunos de forma crítica, atendendo as<br />
diferenças e derrubando as barreiras (MAN-<br />
TOAN, 2004).<br />
Existe, ainda, uma confusão entre o que<br />
é incumbência da Sala de Recursos e o que<br />
cabe às classes regulares, no que diz respeito<br />
ao trabalho que o professor deve desenvolver.<br />
O professor da Sala de Recursos deve<br />
dar atendimento especializado às pessoas<br />
com deficiência, auxiliando-as a derrubar as<br />
barreiras que podem dificultar a sua inserção<br />
no ensino regular. Portanto, não cabe a ele<br />
abordar conteúdos curriculares, sendo esta<br />
uma incumbência do docente que atua nas<br />
classes regulares. Porém, nem sempre cada<br />
um desses profissionais tem clareza quanto<br />
as suas responsabilidades. Esse fato nos levou<br />
a concluir que existe um desconhecimento<br />
sobre o que está posto na legislação vigente<br />
no que diz respeito à inclusão das pessoas<br />
com deficiência no ensino regular.<br />
Além disso, comparando o conceito<br />
de inclusão definido por Sebba e Ainscow<br />
(1996, apud WARWICK, 2001, p.112) com<br />
as respostas dadas pelos professores das 3<br />
(três) escolas quando questionados sobre<br />
esse conceito, pudemos perceber que os