Revista Ethos & Episteme IV - Faculdade Salesiana Dom Bosco
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<strong>Revista</strong> de Ciências Humanas e Sociais da FSDB – ANO II, VOLUME <strong>IV</strong> – JULHO – DEZEMBRO 2006<br />
EPISTEMOLOGIA DA PRÁTICA E PROCESSOS FORMAT<strong>IV</strong>OS<br />
rESumo<br />
Silas Borges Monteiro – Universidade Federal de Mato Grosso<br />
Outubro de 2006<br />
Tem sido chamado de Epistemologia da<br />
Prática aquele campo de estudos da educação<br />
que toma o fazer do docente como<br />
objeto privilegiado de compreensão da sua<br />
identidade profissional. Procederam desta<br />
inscrição investigações que têm contribuído<br />
para avaliar práticas formativas, buscando<br />
compreender a atuação do docente a partir<br />
de seu interior, ou seja, da situação concreta<br />
do ensino. A partir dessa compreensão, os<br />
esforços têm sido direcionados na profissionalização<br />
dos professores a partir de concepções<br />
teórico-práticas que tenham como<br />
sustentação esse solo de análise. Uma das<br />
alternativas que tem ocupado as agendas de<br />
debate é a concepção do professor-reflexivo,<br />
adotada neste texto. Para superar a visão<br />
mais individual da formação, complementase<br />
com o conceito de pesquisa-colaborativa.<br />
O diálogo entre ambos estes conceitos concorrem<br />
para a construção de uma Epistemologia<br />
da Prática. Daí o título deste trabalho.<br />
Neste texto, pretendo apresentar: o sentido<br />
histórico da palavra epistemologia na filosofia;<br />
o sentido de epistemologia da prática; a<br />
conotação que dou ao termo; a relação da<br />
epistemologia da prática com a formação<br />
de professores. Minha intenção é sustentar<br />
90<br />
a idéia de que há fertilidade no conceito de<br />
Epistemologia da Prática como proposição<br />
de concepções formativas que pretendam<br />
efetivar um tipo de identidade docente profundamente<br />
implicada com a realidade profissional<br />
vivida.<br />
introdução<br />
O tema geral deste texto se insere em<br />
um movimento surgido em diferentes países<br />
a partir da década de 1990, denominado<br />
professor reflexivo. A característica do conceito<br />
é a de valorização da formação e da<br />
profissionalização de professores, iniciada<br />
por Donald Schön com seu livro Educando o<br />
profissional reflexivo, destinado à formação de<br />
estudantes de arquitetura.<br />
Na verdade, o americano Schön reacende<br />
uma preocupação presente em John<br />
Dewey de que a formação escolar tivesse<br />
como marca o desenvolvimento da reflexão<br />
como instrumento de tomada de decisão<br />
qualitativamente melhor do que a mera resposta<br />
impulsiva. Essa concepção transborda<br />
ao sentido profissional – e, em nosso caso,<br />
docente – de modo a acentuar a importância<br />
da reflexão como instrumento de<br />
valorização do magistério. Os movimentos