Revista Ethos & Episteme IV - Faculdade Salesiana Dom Bosco
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ídos, sem contudo, deixar de nos revelar<br />
que explícitas concepções desta formação<br />
estavam em jogo, determinando objetivos<br />
e linhas de ações (NUNES, 2000, p.56).<br />
No que pese as nomenclaturas e as concepções<br />
que as legitimam, indagamos: afinal,<br />
qual é a relevância, que tem hoje, a formação<br />
continuada de professores(as)? Estará limitada<br />
a ser uma prática de educação compensatória,<br />
vindo a servir, unicamente, para compor as lacunas<br />
de uma formação inicial, que se deu numa<br />
perspectiva de estreitamento da realidade social<br />
e educacional, e, que, por isso, não responde às<br />
necessidades sentidas pelo(a) professor(a), no<br />
cotidiano de suas práticas atuais?<br />
Ou será que a formação continuada,<br />
ainda que seja um ato de continuidade de<br />
estudos ao longo da carreira profissional, diferencia-se,<br />
qualitativamente, dessa perspectiva,<br />
que a vê como uma complementação da<br />
formação inicial?<br />
Nunes (2000) discute a necessidade de<br />
ampliarmos nossa visão quanto ao sentido<br />
de uma formação continuada, articulada ao<br />
desenvolvimento profissional docente, e não<br />
com qualquer outra perspectiva. Assim, recomenda<br />
que:<br />
Ao entender a formação de professores<br />
como um processo educativo permanente<br />
de (des)construção de conceitos e práticas<br />
para corresponder às exigências do<br />
trabalho e da profissão docente, posso<br />
afirmar que a formação contínua insere-se,<br />
não como substituição, negação ou mesmo<br />
complementação da formação inicial,<br />
mas como um espaço de desenvolvimento<br />
ao longo da vida profissional do professor,<br />
comportando objetivos, conteúdos,<br />
formas organizativas diferentes daquela, e<br />
que tem seu campo de atuação em outro<br />
contexto (p.07).<br />
Articulada ao desenvolvimento profissional,<br />
a formação continuada se constitui com<br />
o objetivo precípuo de proporcionar novas<br />
reflexões sobre a ação profissional e novos<br />
meios de desenvolvimento de uma pedago-<br />
42<br />
gia que caminha na perspectiva dialética que,<br />
no seu movimento histórico, vai construindo<br />
processos de interações, ora, marcados pela<br />
tensão e pelo conflito, ora, provisoriamente,<br />
conciliatórios, no interior da sociedade<br />
onde habita. Uma trajetória que não pode<br />
ser desconsiderada, pois corre-se o risco de,<br />
ao fazê-lo, perdermos de vista as expressões<br />
mais autênticas de um sujeito concreto.<br />
Com sua atividade prática os homens destruíram<br />
e criaram novos sistemas sociais;<br />
com sua práxis produtiva criaram as condições<br />
para que desaparecessem sucessivamente<br />
diversas formações econômicosociais<br />
– escravista, feudal ou capitalista – e<br />
com sua práxis social – protestos, rebeliões<br />
ou revoluções – contribuíram para a abolição<br />
das relações sociais capitalistas e para<br />
a derrocada do velho sistema colonial. Os<br />
homens aboliram a servidão, aumentaram<br />
as forças produtivas, criaram mercados nacionais,<br />
fizeram guerras, etc., e em nenhum<br />
momento desses casos se pode dizer que<br />
os resultados de sua atividade tenham sido<br />
a objetivação prática de um projeto comum,<br />
de uma intenção. Os atos dos indivíduos<br />
concretos como seres conscientes. Isto é,<br />
suas práxis individuais, integram-se numa<br />
práxis comum que desemboca num produto<br />
ou resultado (VASQUEZ, 1977, p.326).<br />
Lamentavelmente, a implementação de<br />
práticas de formação continuada, na direção<br />
desta pedagogia, que vai ao encontro de<br />
um sujeito histórico, parece ser uma perspectiva<br />
ainda, a ser concretizada, na nova<br />
sociedade, regida por altas tecnologias, dita,<br />
“pedagógica”, “educativa” e do “conhecimento”,<br />
onde, se fala, inclusive, sobre um<br />
novo tipo de homem.<br />
Algumas práticas de formação continuada<br />
ainda se firmam, para corresponder às<br />
finalidades de um paradigma econômico, de<br />
sentido, predominantemente, pontual, inclinado,<br />
por exemplo, à preparação de um<br />
indivíduo apto às solicitações do mercado<br />
de trabalho, onde, importa mais treinar habilidades<br />
e competências, do que instituir uma<br />
formação, que instiga e indaga sobre qual a