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os bares<br />
Divulgação<br />
Carpe Diem<br />
Por Beth Almeida<br />
O<br />
lugar era considerado maldito,<br />
onde nada se manteve ou<br />
prosperou entre 1961 e 19<strong>90</strong>.<br />
O prédio na esquina da 104 Sul fora<br />
construído por uma italiana, Matilde,<br />
que recebera a concessão da área do<br />
próprio Juscelino Kubitschek. Foi lá<br />
que, há quase 20 anos, cinco sócios<br />
decidiram romper uma maldição e<br />
abrir o Carpe Diem, com a proposta<br />
de oferecer o clima descontraído de um<br />
bar, associado a um bom restaurante,<br />
algo que ainda não existia na cidade,<br />
segundo um dos fundadores, Fernando<br />
La Rocque.<br />
Aliado ao bom ambiente, ótima<br />
comida e bebida, o Carpe Diem tem<br />
funcionado nestes 19 anos também<br />
como ponto cultural da cidade, onde já<br />
foram lançados mais de dois mil livros.<br />
Por lá deram autógrafos personagens<br />
como Cristovam Buarque, Delfim<br />
Netto, Antônio Houaiss e até a<br />
jornalista Ana Paula Padrão, que,<br />
segundo La Rocque, foi recordista<br />
de venda na noite de lançamento.<br />
“Este mês estou com a agenda lotada<br />
e, cedendo às pressões, vou abrir para<br />
esses eventos também aos sábados<br />
e domingos, porque é um espaço<br />
que ficou conhecido como de apoio<br />
à cultura. Isso é muito importante<br />
para a gente”, afirma.<br />
Também chegou a funcionar na casa<br />
uma livraria e um pequeno ponto de<br />
venda de CDs. “Estávamos à frente do<br />
tempo, porque depois é que surgiram<br />
as grandes empresas como FNAC e<br />
Livraria Cultura, com esse mix, mas<br />
acabamos desistindo da ideia, porque<br />
a gestão dessa quantidade de itens era<br />
muito trabalhosa”, lembra La Rocque.<br />
Desistiram também das apresentações<br />
de jazz e MPB, sempre instrumental,<br />
“em respeito à vizinhança”.<br />
O Carpe Diem caiu mesmo no<br />
gosto dos comensais brasilienses, que<br />
alimentaram sua expansão – hoje<br />
é uma rede, com mais cinco casas<br />
espalhadas pela da cidade. O curioso<br />
é que, na verdade, cada uma das casas<br />
tem personalidade e vocação próprias.<br />
No Brasília Shopping, o carro-chefe<br />
é a parrilla. A do Terraço caminha para<br />
ser uma cantina italiana e a do<br />
CasaPark tem o perfil de um bistrô<br />
francês. A tradicional feijoada dos<br />
sábados agora é servida apenas na<br />
104 Sul. “Não quero concorrer comigo<br />
mesmo e também nunca pretendi<br />
oferecer uma gastronomia pasteurizada”,<br />
justifica La Rocque, único dono da<br />
empresa desde a saída de Jael Silva (com<br />
ele na foto, em primeiro plano).<br />
Assim, depois de chegar a ter<br />
oito sócios, o Carpe Diem é hoje um<br />
empreendimento familiar, em que<br />
La Rocque conta com a assessoria dos<br />
quatro filhos, tendo Fernanda como<br />
seu braço direito. O filho cuida dos<br />
assuntos financeiros, a filha psicóloga<br />
cuida de recursos humanos e a outra<br />
comanda a filial do do CasaPark.<br />
Para o segundo semestre, La Rocque<br />
promete um novo Carpe Diem na<br />
104 Sul. “Quero contar um pouco da<br />
história do Carpe Diem nas paredes<br />
do restaurante”, adianta. Ele pretende<br />
reunir fotos de amigos e autores que<br />
lançaram seus trabalhos na casa, com<br />
os respectivos autógrafos e publicações.<br />
Mais do que contar a história do<br />
restaurante, o acervo contará um<br />
pouco da história de Brasília.<br />
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