05.04.2014 Views

Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio ... - Comunità italiana

Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio ... - Comunità italiana

Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio ... - Comunità italiana

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

economia<br />

negócios<br />

Banco dos pobres<br />

chega à Itália<br />

País será o primeiro da Europa a receber o projeto<br />

que rendeu um prêmio Nobel da Paz ao seu criador<br />

Sede do Grameen Bank<br />

O<br />

Grameen Bank, ou Banco<br />

do Vilarejo, criado pelo<br />

bengalês Muhammad Yunus,<br />

terá uma filial <strong>italiana</strong>.<br />

Foi o próprio Yunus, um economista<br />

de 68 anos, quem anunciou<br />

sua decisão de levar seu<br />

projeto para mais um membro do<br />

G8, depois dos Estados Unidos.<br />

Ele apresentou seus planos<br />

para a Itália no mês passado,<br />

em uma coletiva de imprensa realizada<br />

na Fundação Cariplo, em<br />

Milão. A instituição é um dos<br />

principais braços sociais da Igreja<br />

Católica e doou 1 milhão de<br />

euros para o fundo Tettamanzi de<br />

auxilio a famílias que perderam<br />

empregos recentemente.<br />

A filial <strong>italiana</strong> do chamado<br />

Banco dos Pobres está prevista<br />

para ser aberta na Bolonha, no<br />

segundo semestre. No seu país<br />

natal, Bangladesh, Yunus fundou<br />

o Grameen Bank em 1976. Tornou-se<br />

mundialmente conhecido<br />

por levar oportunidades sociais e<br />

econômicas para os cidadãos de<br />

baixa renda através de pequenos<br />

empréstimos, o que ajudou a tirar<br />

milhões da pobreza extrema.<br />

O “pioneiro do microcrédito”<br />

escolheu a Itália para instalar seu<br />

primeiro projeto na Europa por ser<br />

um país com um tecido econômico<br />

apoiado na pequena e média<br />

empresa. Porém, não só por isso.<br />

É um sinal da crise que está empobrecendo<br />

as nações mais ricas.<br />

O Produto Interno Bruto da Itália,<br />

em 2008, foi de -1,0%, o pior<br />

desde 1975. Para Yunus, o uso<br />

de dinheiro público para sanar a<br />

crise não é a solução.<br />

— Isso é a manutenção de um<br />

motor que não funciona mais. Este<br />

sistema faliu. Temos que reconstruir<br />

tijolo por tijolo, uma finança<br />

fundada em princípios que inclua<br />

a todos e que se ocupe dos problemas<br />

não apenas quando eles chovem<br />

nas costas dos ricos — diz.<br />

Na opinião de Yunus, a crise<br />

serviu para mostrar que os ricos,<br />

para um banco, “são menos confiáveis<br />

do que os pobres”. Ele prega<br />

o “business social” como<br />

um instrumento para<br />

domesticar o<br />

capitalismo<br />

selvagem.<br />

Muhammad Yunus<br />

Gu i l h e r m e Aq u i n o<br />

Correspondente • Milão<br />

A idéia passa pela criação de um<br />

modelo empresarial sem a distribuição<br />

de dividendos e sem perdas<br />

no negócio. Ele explica que<br />

os “investidores sociais” irão recuperar<br />

apenas o dinheiro que<br />

colocaram no projeto. O lucro será<br />

reinvestido na empresa.<br />

Já existem no mercado empresas<br />

com perfil não lucrativo. Entretanto,<br />

a diferença é que estas,<br />

em sua grande maioria, vivem de<br />

doações para manter as atividades.<br />

No caso do “business social”,<br />

a empresa é auto-sustentável:<br />

— A empresa social vai entrar<br />

em um novo tipo e dedicado<br />

mercado de capitais, para recolher<br />

recursos. Depois, deve ser<br />

capaz de caminhar com as próprias<br />

pernas e de se expandir —<br />

afirma Yunus.<br />

Ele acha que os países do<br />

terceiro mundo são um terreno<br />

fértil para plantar esta nova<br />

iniciativa. Isso porque são países<br />

cujos governos não têm capacidade<br />

de administrar de forma<br />

eficiente setores como saúde<br />

e educação. Como consequência,<br />

entregam estes serviços básicos<br />

para as empresas privadas.<br />

— Esse setor privado visa<br />

apenas o lucro e exclui os programas<br />

a favor dos pobres, das<br />

mulheres e do ambiente. Eu defendo<br />

um setor privado que se<br />

nutre da energia da consciência<br />

social a partir de um empresariado<br />

social — explica Yunus.<br />

O banqueiro de Bangladesh<br />

diz que a crise não ameaça o seu<br />

Grameen Bank. Desde a sua fundação,<br />

a instituição empresta,<br />

sem pedir garantias, dinheiro para<br />

a construção da casa própria,<br />

estudos e criação de micro-empresas<br />

de famílias pobres. Além<br />

disso, oferece produtos como<br />

poupança, seguros e fundos de<br />

pensão. Os clientes já somam 7,6<br />

milhões de pessoas, sendo que<br />

97% deste total são mulheres.<br />

— Descobrimos que dar um<br />

empréstimo a uma mulher significava<br />

levar maiores benefícios<br />

para uma família — conta ele.<br />

Exemplo italiano<br />

Na Itália, existem duas iniciativas<br />

próximas ao que Yunus prega,<br />

ambas criadas no ano passado. A<br />

primeira a surgir foi o Housing Social,<br />

da fundação Cariplo. No projeto,<br />

empreiteiros sociais levantam<br />

casas para famílias sem-teto<br />

sem buscar os lucros do mercado<br />

imobiliário. A fórmula inclui a participação<br />

do poder público para<br />

viabilizar o projeto. Por exemplo,<br />

a cessão de terrenos da prefeitura<br />

para a construção dos imóveis.<br />

No sul do país, a vinicultura<br />

Donnafugata e seus parceiros<br />

criaram um projeto de microcrédito.<br />

São empréstimos limitados<br />

entre 10 e 15 mil euros, com baixas<br />

taxas de juros e concedidos<br />

a pessoas que não conseguiriam<br />

manter aberta uma linha de financiamento<br />

num banco privado<br />

convencional. A empresa siciliana<br />

se apóia no voluntariado e em<br />

Organizações Não Governamentais<br />

para atuar.<br />

Cheiros da<br />

Amazônia<br />

Empresa <strong>italiana</strong> de peças íntimas e biquínis<br />

aposta em linha de cosméticos inspirada no Brasil<br />

Depois de investir na relação<br />

com o Brasil para o<br />

desenvolvimento de sua<br />

marca de biquínis e peças<br />

íntimas, a rede <strong>italiana</strong> Yamamay,<br />

com sede em Verese (Lombardia),<br />

celebra as boas vendas com uma<br />

linha de cosméticos feita a partir<br />

de produtos extraídos da selva<br />

amazônica. Além disso, tentam<br />

resgatar uma parceria iniciada em<br />

1983 e, quem sabe, ter pontos de<br />

venda aqui.<br />

— Conheço o estado de Santa<br />

Catarina, em especial a cidade de<br />

Blumenau. Em junho de 1983, fiz<br />

meu primeiro negócio com o Brasil.<br />

Na época, comprei 500 mil camisetas<br />

da Hering e 200 mil toalhas<br />

de mão da Karsten. Depois expandimos<br />

pedidos para Teka, Sulfabril<br />

e Marisol. Eu trabalhava com uma<br />

outra marca, que vendi há sete<br />

anos. E então começamos a história<br />

da Carpisa, de bolsas e acessórios,<br />

e da Yamamay, com suas lingeries<br />

e biquínis — explica o presidente<br />

das empresas Luciano Cimmino,<br />

que acompanhou 16 representantes<br />

das suas marcas ao Brasil<br />

e concedeu entrevista exclusiva à<br />

Comunità, no Rio de Janeiro.<br />

Da redação<br />

Por conta do trabalho que<br />

desenvolveu entre Itália e Brasil,<br />

Cimmino recebeu do então presidente<br />

José Sarney a comanda da<br />

Ordem Rio Branco. Agora, o regresso<br />

teve como meta a realização<br />

de um catálogo de bolsas<br />

e valises inspirado na arquitetura<br />

de Oscar Niemeyer em Brasília.<br />

Para tanto, a equipe passou pela<br />

capital brasileira com o fotógrafo<br />

Ruy Teixeira. O grupo também<br />

esteve em São Paulo, onde é produzida<br />

a linha de cosméticos.<br />

— Essa linha de beleza aconteceu<br />

de uma parceria boa com o<br />

governo do Amazonas feita no ano<br />

passado. Naqueles dias em Manaus<br />

nasceu a Fundação Amazonas Sustentável<br />

que, como o nome diz,<br />

protege e incentiva a preservação<br />

da biodiversidade local e, fora do<br />

contexto político, também promove<br />

a economia sustentável. Fomos<br />

os primeiros a contribuir, com um<br />

depósito de 50 mil euros. Depois,<br />

compramos 200 mil bolsas produzidas<br />

na região que distribuímos<br />

promocionalmente com nossos<br />

produtos — recorda Cimmino.<br />

Segundo o empresário, a<br />

aproximação entre Brasil e Itália<br />

no setor têxtil poderia ser<br />

maior caso o país não estivesse<br />

fechado às importações. Ele diz<br />

que tem oferta de “produtos interessantes”<br />

ao mercado brasileiro.<br />

Ele observa, porém, que como<br />

“grande potência econômica”, o<br />

Brasil “não pode pensar apenas<br />

em continuar exportando”. Para<br />

No alto, sede da Yamamay cujo<br />

presidente, Luciano Cimmino,<br />

mostra carinho pelo Brasil<br />

Cimmino, a crise não afetou os<br />

negócios da Yamamay, muito pelo<br />

contrário:<br />

— Como a classe média estava<br />

tendo acesso a artigos considerados<br />

de luxo e nossos produtos<br />

são para a classe média, recuperamos<br />

nosso público. Trabalhamos<br />

a relação preço-qualidade<br />

— enfatiza, apontando a Grécia<br />

e a China como mercados importantes<br />

para a marca no exterior.<br />

A Yamamay soma uma rede<br />

com números expressivos: entre<br />

lojas e pontos de venda somente<br />

na Europa e na Itália são cerca<br />

de 530. A parceria com o Brasil<br />

resulta, segundo Cimmino, por<br />

índices como a venda de 300 mil<br />

biquínis por ano e uma produção<br />

que representa 15% do total<br />

de produtos comercializados pela<br />

empresa.<br />

— Os preços brasileiros não<br />

são tão baixos e a falta de uma<br />

entidade que regule a pequena<br />

produção às vezes atrapalha o<br />

comércio. No Sul, as coisas são<br />

mais profissionais, mas também<br />

compro de Fortaleza e Salvador,<br />

onde não existe quem intermedie<br />

a exportação.<br />

Freqüentador do São Paulo<br />

Fashion Week, uma das semanas<br />

de moda mais influente do país,<br />

Cimmino confessa gostar do trabalho<br />

do estilista Alexandre Herchcovitch.<br />

Para ele, o potencial<br />

a ser explorado aqui é a produção<br />

para o verão, “sempre criativa<br />

e colorida” porque os brasileiros<br />

“têm feeling para tudo que<br />

é ligado à praia”. Entre as nossas<br />

modelos, a que considera de<br />

beleza e profissionalismo “admiráveis”,<br />

com quem trabalhou, é<br />

Ana Beatriz Barros.<br />

Interessado no desenvolvimento<br />

brasileiro desde suas primeiras<br />

vindas ao país, ele assinala<br />

que nos idos dos anos 1980,<br />

quando a Itália já tinha desenvolvido<br />

sua indústria têxtil, via<br />

para sua nação o crescimento dos<br />

setores aeronáutico, químico e<br />

de informática, nos quais hoje o<br />

Brasil é quem tem destaque:<br />

— Vejo com admiração os aviões<br />

brasileiros da Embraer, a quarta<br />

maior empresa do setor que já<br />

forneceu aeronaves para a Alitalia.<br />

E também a indústria automotiva,<br />

com carros melhores que os<br />

europeus. Somente a China conseguiu<br />

se desenvolver mais durante<br />

o mesmo período. É por isso, que<br />

continuo a apostar no Brasil.<br />

16 C o m u n i t à I t a l i a n a / Ab r i l 2009<br />

A b r i l 2009 / Co m u n i t à I t a l i a n a 17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!