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Terremoto faz vítimas e destrói patrimônio ... - Comunità italiana

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eligião<br />

O Dom da<br />

comunicação<br />

Sílvia So u z a<br />

O ítalo-brasileiro Dom Orani João Tempesta assume, no dia<br />

19 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro defendendo a “unidade<br />

na diversidade”. É dessa forma que acredita ser possível combater<br />

as divisões existentes na Igreja Católica diante do enfrentamento de<br />

problemas sociais como o recente abuso sexual seguido do aborto<br />

de uma menina de 9 anos, em Pernambuco.<br />

Aos 58 anos, ele chega à capital fluminense vindo da<br />

Arquidiocese de Belém, no Pará. O bispo nascido em<br />

São José do Rio Pardo, interior paulista, é presidente<br />

da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e<br />

Comunicação Social da Confederação Nacional dos<br />

Bispos do Brasi (CNBB). Para ele, a<br />

evangelização deve penetrar diferentes<br />

mídias, como o Youtube, canal em que o<br />

Vaticano se lançou no início deste ano.<br />

De Roma, onde participava de um seminário<br />

sobre Comunicação, Dom Orani concedeu uma<br />

entrevista exclusiva à Comunità, por e-mail:<br />

— É impossível trabalhar hoje na<br />

evangelização sem utilizar a mídia e, em especial,<br />

as assim chamadas novas mídias — afirma.<br />

ComunitàItaliana - Como<br />

o senhor recebeu a notícia<br />

da nomeação para<br />

a Arquidiocese do Rio<br />

de Janeiro?<br />

Dom Orani - Com surpresa e, ao<br />

mesmo tempo, muito respeito<br />

e responsabilidade pela missão<br />

que Deus, através das mediações<br />

da Igreja, me confia. Conheço<br />

o Rio de Janeiro como todas as<br />

pessoas do Brasil conhecem, porém<br />

pretendo conhecer agora em<br />

profundidade e, principalmente,<br />

a Igreja do Rio de Janeiro, sua<br />

missão e sua história.<br />

CI - Que problemas acredita que<br />

serão os mais desafiantes no Rio?<br />

DO – Só mesmo conhecendo profundamente.<br />

A imprensa destacou<br />

muito, em perguntas, a<br />

questão da violência, que não é<br />

exclusividade do Rio. Creio que<br />

encontrarei tudo o que existe no<br />

Brasil, pois acredito que o Rio<br />

seja um resumo do Brasil.<br />

CI - Problemas como a falta de<br />

segurança e garantia de direitos<br />

básicos dos cidadãos resultaram<br />

em diversas manifestações<br />

na gestão Dom Eusébio. O senhor<br />

acredita que a Igreja possa se<br />

aproximar da política sem que<br />

haja um conflito?<br />

DO - A Igreja tem suas próprias<br />

convicções e liberdade de pensamento<br />

e de direcionamento. Porém,<br />

no trabalho social, temos<br />

consciência de que são necessárias<br />

parcerias e um trabalho com<br />

todos, inclusive com os governantes,<br />

e também outras igrejas,<br />

religiões, associações, para um<br />

trabalho mais eficaz.<br />

CI - O que o fez seguir a vida religiosa?<br />

DO - A vocação é, e sempre será,<br />

um mistério. Porém, posso ver os<br />

sinais desde o início na família.<br />

Depois, na participação na paróquia<br />

de São Roque, em São José<br />

do Rio Pardo. Mais tarde, o dom<br />

que o Senhor colocou no profundo<br />

do coração para deixar tudo e<br />

segui-lo no serviço aos irmãos e<br />

irmãs. A decisão definitiva desse<br />

passo foi dada quando estava<br />

cursando o atual ensino médio,<br />

na época, curso colegial.<br />

CI - Recentemente a Igreja foi<br />

muito criticada pela atuação no<br />

caso da menina de 9 anos vítima<br />

de abuso pelo padrasto no<br />

Recife. O senhor acredita que a<br />

postura da Igreja diante dos problemas<br />

do século 21 deva sofrer<br />

mudanças?<br />

DO - A Igreja tem uma responsabilidade<br />

que não depende da votação<br />

da maioria e sim de princípios<br />

que marcam a sua vida. É por isso<br />

que ela é defensora da vida em<br />

todas as etapas e situações. Como<br />

tem a missão de evangelizar, sabe<br />

que o mundo futuro depende muito<br />

das posições que hoje tomamos.<br />

Acredito que neste caso a pergunta<br />

mais importante e que não foi<br />

feita é: porque esses fatos ocorrem<br />

e porque estão aumentando?<br />

CI - Depois do fenômeno Padre<br />

Marcelo Rossi, tornou-se pública<br />

a existência de outras correntes<br />

de evangelização na Igreja.<br />

Atualmente, o sucesso do Padre<br />

Fábio de Melo tem sido apontado<br />

como canal para aproximação<br />

com os jovens. Como o senhor<br />

avalia a influência e os avanços<br />

desses movimentos na constituição<br />

da assembléia hoje?<br />

DO - Cada pessoa tem seu carisma<br />

e é muito bom ver as pessoas<br />

convictas e coerentes serem<br />

canais de graça de Deus e conseguirem<br />

levar Jesus Cristo a todos,<br />

em especial à juventude. Todos<br />

esses irmãos necessitam de<br />

um acompanhamento próximo<br />

para que, na unidade da Igreja,<br />

sirvam com alegria e disponibilidade<br />

ao povo de Deus.<br />

CI - O senhor concorda que a<br />

Igreja passa por um momento<br />

de crise nas vocações?<br />

DO - Na minha experiência acho<br />

que sucede exatamente o contrário.<br />

Apesar de toda propaganda<br />

contra a Igreja Católica e apesar<br />

da divulgação de fatos isolados<br />

como se fossem comuns e uma<br />

regra, vejo muitos jovens pedirem<br />

o ingresso na vida consagrada<br />

e sacerdotal. O que é necessário<br />

é um acompanhamento personalizado,<br />

pois hoje o jovem ao<br />

entrar traz consigo muito mais<br />

questionamentos que no passado.<br />

Hoje, existem outros tipos de<br />

pessoas consagradas que estão<br />

assumindo um belo trabalho na<br />

Igreja enquanto que as antigas<br />

formas de consagração passam<br />

por um amadurecimento e redescoberta<br />

do carisma.<br />

CI - “Para que todos sejam um” é<br />

o lema de seu episcopado. O que<br />

o senhor acredita que seja necessário<br />

para que essa seja uma<br />

máxima entre os católicos?<br />

DO - É para todos os cristãos, pois<br />

é uma palavra exigente de Jesus<br />

no Evangelho. Para que o mundo<br />

creia. Ele nos pede a unidade,<br />

que não significa uniformidade,<br />

mas unidade na diversidade, no<br />

respeito às diferenças, mas acolhendo-nos<br />

e aceitando-nos uns<br />

aos outros.<br />

CI - O senhor preside a Comissão<br />

Episcopal para a Cultura, Educação<br />

e Comunicação Social. Que<br />

trabalhos foram realizados com<br />

êxito até aqui e quais os planos da<br />

comissão para os próximos anos?<br />

DO - Esta é uma resposta que exigiria<br />

muitas páginas, pois somos<br />

cinco bispos dessa comissão que<br />

realiza uma diversidade de trabalho<br />

tanto aqui no Brasil como nos<br />

seus relacionamentos com o CE-<br />

LAM (América Latina) e com os<br />

Pontifícios Conselhos. É uma comissão<br />

de fronteira e de diálogo<br />

com a sociedade, além do trabalho<br />

com os grupos e meios da igreja<br />

católica. Acredito que são muitos<br />

os êxitos e o plano bienal da CNBB<br />

aponta ainda mais trabalhos para<br />

os últimos dois anos que ainda<br />

nos restam para essa missão.<br />

CI - O senhor esteve em Roma para<br />

um seminário sobre Comunicação<br />

no mês passado e, no início<br />

do ano, a Igreja lançou seu<br />

canal no Youtube. Como a Igreja<br />

percebe as novas tecnologias e<br />

de que forma sua passagem pelo<br />

Rio de Janeiro pretende privilegiar<br />

essa área?<br />

DO - O encontro em Roma<br />

foi para os bispos<br />

responsáveis pelo<br />

setor comunicação<br />

das conferências<br />

episcopais<br />

e estivemos em quase 90 conferências<br />

representadas dos cinco<br />

continentes. A presença da Igreja<br />

não se resume nos meios de<br />

comunicação, mas é uma preocupação<br />

de trabalhar o processo de<br />

comunicação do ser humano que<br />

é muito mais amplo. A presença<br />

no Youtube demonstra a presença<br />

em todos os novos e modernos<br />

meios. É impossível trabalhar hoje<br />

na evangelização sem utilizar<br />

a mídia e, em especial, as assim<br />

chamadas novas mídias.<br />

CI - Além desse compromisso, a<br />

passagem por Roma teve algum<br />

envolvimento com sua posse?<br />

DO - Esse encontro do Pontifício<br />

Conselho de Comunicações já estava<br />

agendado desde o ano passado,<br />

por isso nada teve a ver<br />

com a minha nomeação. Porém,<br />

aproveitamos para conversar<br />

com alguns amigos em Roma sobre<br />

a minha missão.<br />

CI - O senhor tem ascendência<br />

<strong>italiana</strong>?<br />

DO - Meu pai veio da Itália com<br />

meus avós e seus irmãos, quando<br />

tinha 5 anos. Na Itália temos muitos<br />

familiares, porém distantes,<br />

pois meus avós vieram ao Brasil<br />

com toda a família. Eles são da<br />

Região de Abruzzo, entre L’Aquila<br />

e Rieti. Algumas vezes encontrei<br />

familiares na Itália e até celebrei<br />

em um encontro da família, num<br />

desses anos. Normalmente, quando<br />

vou à Itália, a visita é mais<br />

a Roma onde tenho as reuniões<br />

e os trabalhos. Porém, é um país<br />

que sempre nos reserva belos locais<br />

para visitar e nunca terminamos<br />

de admirar as suas belezas.<br />

CI – Como percebe a participação<br />

da comunidade <strong>italiana</strong> na<br />

igreja do Brasil?<br />

DO - A Igreja do Brasil deve muitas<br />

características aos imigrantes<br />

italianos que, vindo para cá,<br />

trouxeram a sua religiosidade e<br />

seu entusiasmo católico. No passado,<br />

os italianos foram presenças<br />

marcantes nesse trabalho.<br />

Hoje, muitos dos seus descendentes<br />

estão presentes na Igreja<br />

e trazem no coração o exemplo<br />

de seus antepassados. Muitas<br />

devoções e santos e muitas maneiras<br />

de celebrar se deve a comunidade<br />

<strong>italiana</strong>.<br />

40 C o m u n i t à I t a l i a n a / Ab r i l 2009<br />

A b r i l 2009 / Co m u n i t à I t a l i a n a 41

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