10 19 a 25 de Setembro de 2008 <strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! Uma panóplia de aplausos AIDA BAPTISTA aidabatista@sapo.pt Começou mais um ano lectivo. À semelhança do que aconteceu na recta final do anterior, adivinha-se polémico. As primeiras reacções de certos partidos políticos e declarações de algumas figuras sindicais, no Dia do Diploma, por causa da entrega do prémio de mérito - este ano atribuído pela primeira vez aos alunos do 12º Ano de cada escola que, no ano transacto, concluíram o seu ciclo de estudos com as melhores notas – são bem reveladoras de que a guerra aberta, entre professores e ministério, está longe de ter um fim. As costumeiras vozes ergueram-se contra este prémio, como se a mediocridade devesse ser a bitola pela qual todos nos devemos reger e o mérito um defeito a combater. Entre algumas das razões invocadas, uma delas referia o facto de o prémio ser de natureza pecuniária – quinhentos euros – e nem sempre contemplar os alunos mais necessitados. Este tipo de argumentação prova bem como uma preocupação de natureza social se transforma num discurso puramente demagógico. Estamos a falar de premiar o estudo, a garra, a vontade de vencer, que são atributos que não devem ter condição social. A situação do estudante carenciado é tratada no início do ano lectivo, no âmbito da Acção Social Escolar. Estamos, portanto, a falar de coisas diiferentes. Alegar que os filhos da burguesia estão predestinados a serem os melhores é esquecer o número de quantos, por terem tido a vida demasiado facilitada, se ficaram pelo caminho. Não podemos negar que o meio em que se nasce pode propiciar condições para se ser bem sucedido, mas não se trata propriamente de um determinismo natural, nem os genes herdados no berço trazem inscritos o sucesso, antecipadamente garantido. Antes de iniciar a minha carreira como leitora no estrangeiro, leccionei em diversas escolas e em diferentes graus de ensino. Pelas minhas mãos passaram gerações de estudantes provenientes dos mais diversificados estratos sociais. Alguns deles, antes de chegarem à escola, já traziam na sacola horas de trabalho roubadas às suas madrugadas de sonos que ficaram por dormir, quando a voz da pobreza lhes interrompia os sonhos. No entanto, isso não os impediu de estarem entre os melhores, de terem prosseguido estudos superiores e hoje estarem em posições de destaque na sociedade. Não tenho números estatísticos mas, no mínimo, a minha experiência prova que a adversidade não é inimiga do mérito. Pelo contrário, em muitas situações é um incentivo. Se quisermos exemplos de quão verdade isto é, basta-nos referir duas figuras públicas: o mais alto representante do Nação e o nosso prémio Nobel. O Presidente Cavaco Silva é filho de um proprietário de uma bomba de gasolina; José Saramago é neto de analfabetos e ficou-se por um curso profissional. O amor à escrita, feito de muita entrega e dedicação encarregou-se do resto. Nenhum deles teve biblioteca em casa, nenhum deles teve progenitores ilustrados, e isso não foi entrave para que chegassem aonde chegaram. Hoje, felizmente, a Escola contempla cada vez mais a igualdade de oportunidades e os professores devem ser os promotores da qualidade, do rigor e da exigência, mas também o garante de que às minorias, menos bafejadas pela sorte, seja assegurada a possibilidade de vencer os desafios que a sociedade actual impõe. Não chegamos lá pela via do facilitismo, nem dando à mediocridade o estatuto de excelência. Uma grande parte dos professores recusa as reformas implementadas. Com razão ou sem ela, é mais que evidente uma visceral resistência à mudança.. Sem pretender fazer qualquer juízo de valor sobre o clima de crispação há muito instalado, foi sempre minha convicção que um professor é, acima de tudo, um educador, mesmo quando não se encontra em ambiente formal de sala de aula. Por isso, custa-me aceitar atitudes que tenham um pendor laxista ou menos exigente no trato com aqueles que são os destinatários da suas mensagens. Ocorre-me, neste momento, uma tarde cultural a que assisti, dedicada ao Dia de S. Valentim, que teve como mote: “Um beijo e uma flor”! O título foi muito feliz e o espectáculo constava da interpretação de canções de amor (maioritariamente), um breve mas muito belo momento de poesia e um pequeno monólogo abrejeirado sobre a traição e o adultério, na linha da revista à portuguesa. Salvaguardando, desde já, a qualidade das prestações de todos os intervenientes, incluindo a excelente execução do pianista, quero apenas debruçar-me sobre duas frases menos felizes que, em circunstância alguma devem ser ditas, muito menos em público e dirigidas a uma camada jovem. Tratando-se de canções de amor, e considerando que uma das mais entoadas este ano foi “Encosta-te a mim” de Jorge Palma, os jovens foram fazendo coro com a belíssima voz da intérprete, bem como com outras igualmente bastante conhecidas, de outros autores, compostas há muitos mais anos. Como a intérprete foi também apresentadora, fez - e muito bem - a ligação de todo o espectáculo. A determinada altura, e perante o entusiasmo dos jovens, disse: «Já reparei que conhecem muito bem todas as canções. Não admira, seguem todos as novelas da TVI, não é?». Registe-se que nada tenho contra a TVI, mas preferia que alguém com responsabilidades na divulgação dos nossos autores, tivesse aproveitado para falar deles e da intemporalidade de certas canções - o “Anel de Rubi” de Rui Veloso, por exemplo, há quantos anos foi composto? Muitos deles não eram ainda nascidos! - que acabam por ser transversais a várias gerações. Medir conhecimentos musicais pelo nível de audiência das novelas, implica reduzir tudo à cultura novelesca. A seguir, e ao falar do amor, afirmou qualquer coisa como ser este responsável por uma panóplia de emoções. E perguntou directamente aos jovens: «Sabem o que quer dizer panóplia?» Perante o silêncio que se seguiu, respondeu: - Já vi que não sabem, mas não se preocupem que eu também não sei! Ouviram-se aplausos. Ainda hoje tenho dificuldade em aceitar que estivesse a falar verdade. Dou-lhe o benefício da dúvida e inclino-me para o facto de querer simpática com a plateia. Porém, tanto num caso como noutro, estamos, sim, perante uma panóplia de cedências. E, de cedência em cedência, aproximamo-nos cada vez mais da indecência de aplaudir a ignorância. Muito honestamente, e a visada que me perdoe se estou a cometer uma injustiça, pareceu-me mesmo que ela não sabia o que significava a palavra panóplia. MÁRIO SILVA LANÇA CAMPANHA ELEITORAL EM DAVENPORT E FAZ BALANÇO POSITIVO DA PRIMEIRA SEMANA DE CAMPANHA Mário Silva, candidato Liberal e actual deputado no círculo eleitoral de Davenport fez o lançamento oficial da sua campanha eleitoral e fez um balanço positivo da sua primeira semana de campanha. “Sinto-me muito satisfeito pelos comentários e pelo apoio que tenho recebido nestes primeiros dias de campanha. A comunidade tem demonstrado um grande apoio pelo trabalho que tenho realizado nos últimos quatro anos, representando em Otava, os residentes do círculo eleitoral de Davenport”, disse Silva durante a abertura oficial do seu escritório de campanha. Silva tem recorrido as ruas de Davenport a pedir o apoio e o voto dos residentes desta zona de Toronto. “A resposta das pessoas tem sido muito boa, mas ainda há muito trabalho por fazer. Aproveito também para fazer um apelo a todos os cidadãos para usufruírem do seu direito de voto. O voto não é só um direito, mas é também um dever”, disse o deputado. Durante o seu discurso, Silva fez também questão em mencionar o facto de ele ter vivido no círculo eleitoral de Daveport durante toda a sua vida, enquanto os outros candidatos vivem fora de Toronto. “Temos candidatos nesta zona que vivem fora de Toronto e não conhecem a realidade dos residentes do círculo eleitoral de Davenport. Pergunto-me: como poderão representar esta comunidade se forem eleitos?”, Questionou Silva. Mário Silva elogiou também o chefe do partido Liberal, Stephane Dion pelas políticas desenvolvidas para melhorar o estado dos serviços de saúde no país. Dion anunciou que o governo liberal gastaria 900 milhões de dólares para ajudar os canadianos com os custos elevados das receitas médicas. “O governo conservador de Stephen Harper levou a nossa economia ao ponto da recessão. A política de inacção deste governo só tem criado mais desigualdades entre os mais ricos e as famílias trabalhadoras. Entretanto, o NDP promete muito, sabendo bem que nunca vai formar governo”, explicou o deputado. As eleições federais foram chamadas para o dia 14 de Outubro, no entanto os residentes de Davenport podem votar desde já nos escritórios de Elections Canada para o círculo de Davenport no 30 Bank Street perto da Dufferin e Dundas.
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