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34 19 a 25 de Setembro de 2008 <strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! Café Central ILDA JANUÁRIO ilda.januario@gmail.com Quando volto a Portugal de férias, (férias que se parecem cada vez mais com a construção de uma vida paralela), a minha vida circula dentro da faixa compreendida entre a costa e as cidades de Leiria, Alcobaça, e Caldas, ao longo da linha do Oeste, que recebeu recentemente subsídios governamentais para a ressuscitar. A minha última visita à cidade da Rainha foi memorável. Girou em torno de uma obra do conhecido artista Júlio Pomar, ilustrador, ceramista, muralista, pintor, escultor, um grande valor cultural português, nascido em 1926. No Verão passado soube por um morador de Caldas que no Café Central, sito ao pé da Praça da Fruta, se esconde um mural da autoria do Mestre. Retive na memória este precioso ponto de informação que ainda não tinha visto mencionado em nenhum panfleto ou brochura turística. Aliás fazer turismo em Caldas e Leiria, e suspeito que em outras cidades históricas portuguesas, se torna um exercício frustrante pois que muitos dos monumentos se encontram encerrados ao público – por razões válidas, concordo, por medo de roubos e vandalismo – mas sem recurso alternativo, como por exemplo, visitas guiadas através dos Centros de Turismo. Torna-se um jogo de busca para entendidos, que falem português, saber como encontrar a pessoa, ou pessoas, que detêm a chave para uma possível visita. Ainda estamos neste pé! Por esse motivo não conheço a famosa Igreja do Pópulo das Caldas, que sempre encontro fechada quando vou à cidade, entre outras preciosidades culturais e históricas, como o próprio Café Central. Dirigi-me ao Café cujo nome já me era familiar nos tempos da pré-adolescência. Sentei-me diante do mural para o examinar Júlio Pomar: “Um dos vícios que tenho é não ser capaz de repetir as coisas.” com minúcia. Terá dois metros de largura por um e meio de altura. Por debaixo dele, uma bancada com mesas cheias, àquela hora de praça. Pintado de azul médio, podem ver-se, delineados a traços dourados, como se talhados por uma goiva de génio, profundos, abreviados e graciosos, como que inacabados mas perfeitamente delineados, as silhuetas de dois cavalos míticos, em primeiro plano. De um lado um Pégaso, cavalo alado, do outro, um unicórnio. As cabeças e os olhares de ambos, pois não se tratam de silhuetas nuas e cruas, dirigem-se para uma égua jovem, em segundo plano, colocada à esquerda do mural, parecendo estar receptiva à atenção de que é alvo. Ela, ao contrário deles, é bem terrena, não tem asas, corno no meio da testa ou outro atributo mítico. Do lado esquerdo, a assinatura, Pomar 55 (1955). Uma cena com história (s), um pequeno deleite de cor e composição. Oiro sobre azul, em todo o sentido. Tirei sorrateiramente a máquina fotográfica do saco de mão. Mas depressa desisti da ideia de gravar digitalmente a memória do painel. Não conseguiria tirar a foto sem flash e sem apanhar os clientes sentados na bancada; e, mesmo que pudesse, reparei que os olhos experimentados do dono, ou gerente, haviam percebido a minha intenção. Intuí que se pedisse autorização para fotografar, esta me seria negada. A minha experiência em Portugal dos últimos anos já me ensinou que é mais fácil obter licença para fotografar pessoas do que interiores ou obras de arte, mesmo sem usar flash. Depois de indagar o porquê noutras ocasiões, veio à tona um medo mórbido de roubos e sobretudo de alguém copiar/publicar a bonita loja, montra, etc., fazendo jus ao livro de José Gil sobre O MEDO DE EXISTIR. Levantei-me e dirigi-me ao dono. Perguntei-lhe se por acaso não tinha à venda postais ilustrados com o mural, dado que sou residente no Canadá e queria levar alguns para oferecer a amigos e conhecidos. Logo me disse que não, que melhor era que as pessoas conhecessem o Café por boca e o viessem visitar em pessoa; já se encontra assinalado nos mapas mais recentes da cidade... Retorqui que se tivesse cartões com a foto do mural e as coordenadas do Café, a publicidade iria muito mais longe, não ficaria limitada a Caldas e arredores. A argumentação mudou de tom. Sim, talvez fosse uma boa ideia, retorquiu o dono sorridente, pois a troca de palavras estava a ser bem-disposta. Ah, mas nesse caso haveria problemas de direito de autor e acontece que Pomar é muito difícil de contactar, sendo uma pessoa idosa e muito solicitada. Aqui tive mesmo que sorrir com o que me soou a inapetência pousando para a “foto” como impotência. Retorqui, que quem sabe, talvez Mestre Pomar gostasse mesmo da ideia, se lhe fosse proposta. Foi ao tentar procurar na Net uma possível foto do mural, sem sucesso, como eu já previa, que encontrei um par de artigos da imprensa nacional sobre o Café. Cito: “O Café Central, antigo local de tertúlias e discussões intelectuais, um símbolo do património cultural edificado das Caldas da Rainha, vai ser transformado numa loja de produtos chineses. Edificado nos anos 30 do século passado, o café fechou há três anos por “falta de rentabilidade”, explicou a proprietária, Luísa Pião. Desde então, a Câmara Municipal tem prometido fazer "tudo o que for possível" para evitar a transformação do espaço, situado junto da mais antiga praça da cidade - local onde se realiza o tradicional mercado diário. O encerramento do Café Central despertou um movimento de opinião na cidade contrário a tal acção e a Assembleia Municipal das Caldas da Rainha aprovou uma moção contra a extinção do espaço, que alberga na parede um trabalho artístico do pintor Júlio Pomar reconhecido como de grande valor". (Correio da Manhã, 10-02- 2004) Felizmente a acção do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) cimentou esta decisão. Uma história com fim feliz, ficando a salvo, nos prados azuis da nossa imaginação, e no betão que a preserva, o mural da eguazita e dos seus pretendentes míticos: uma jóia cuidada no estojo descurado do nosso património.
<strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! 19 a 25 de Setembro de 2008 35 CHEFE DE COZINHA LUSO-CANADIANO ELEITO PELA FUNDAÇÃO JEAN LUMB Albino Silva, prestigiado Chefe de Cozinha lusocanadiano, foi mais uma vez distinguido, desta feita pela Fundação Jean Lumb, de origem chinesa. Durante uma conferência de imprensa levada a cabo esta semana, os Professores-Chefes Leo Chan e Gian Paolo Michelini, co-fundadores da Cambridge Food and Wine Society, que comemora o seu 20º Aniversário, anunciaram os vencedores deste ano. POST MILÉNIO foi alvo de um convite que, pelo facto de inserir um dos elementos de maior destaque na nossa Comunidade, não foi alvo de qualquer hesitação no que dizia respeito à nossa presença. Na ocasião fomos informados da escolha que recaiu em Albino Silva, o qual receberá este prémio no próximo dia 25 de Outubro, durante um jantar que vai realizar-se no Empire Restaurante, no 3600 Victoria Park Avenue, a norte da McNicholl Ave., com a Recepção marcada para as 18 horas e o Jantar de Gala para as 19. Não é a primeira vez que Albino Silva é alvo de prémios semelhantes, tendo, inclusivamente, sido distinguido por instituições de grande prestigio da nossa Comunidade. A sua arte no confeccionar e no apresentar da gastronomia portuguesa tem ultrapassado fronteiras, sendo o seu Restaurante Chiado, um dos mais escolhidos entre a alta-sociedade canadiana.Desde já os nossos parabéns a Albino Silva, por, mais uma vez, prestigiar tudo quanto está relacionado com a cozinha portuguesa, neste maravilhoso país onde vivemos. JACK’S PADARIA PASTELARIA Foi na Dundas que Jack Carvalho iniciou a sua carreira neste ramo de negócio, com a Padaria Caldense. Durante 12 anos Jack Carvalho foi o proprietário daquele estabelecimento, o qual, ainda hoje existe. Jack Carvalho decidiu mudar de vida e regressar à sua terra natal, onde formou diversas sociedades sempre a pensar no futuro dos seus. Apesar de ter sido muito bem-sucedido, há algum tempo começou a pensar em regressar a Toronto, a terra onde tudo tinha começado, para concretizar o regresso ao negócio que sempre soube dominar e controlar totalmente, a pastelaria-padaria... E ele aí está de novo a tirar partido de toda a sua experiência, de todos os seus conhecimentos. E agora, eis que Jack Carvalho abriu ao público canadiano, com o seu nome, JACK’S Pastelaria e Padaria, na Oakwood, mais concretamente no mesmo local onde 888 College St. / 4950 Yonge St. existia uma das padarias Nova Era. Jack Carvalho e Jason Carvalho, pai e filho, de mãos dadas vão trabalhar para proporcionarem aos canadianos em geral e luso-canadianos em particular os mais deliciosos bolos e pão, bem portugueses, para além de todos os outros produtos que estão sempre ao dispor desta diferente Padaria-Pastelaria, a Jacks. Pela ocasião da abertura oficial da Padaria-Pastelaria JACK’S e do corte do enorme bolo de inauguração, estiveram presentes Mário Silva, Peter Ferreira, César Palácio, Carlos Teixeira e como não podiam faltar os amigos que estão sempre dispostos a dar um incondicional apoio. Parabéns Jack Carvalho... Seja bem-vindo, com a Jack’s Padaria- Pastelaria, na Oakwood com a Rogers. BG Carlos M. Valente, DD, HIS
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