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Internacionalização do Setor da Saúde<br />

Nacional<br />

(a)<br />

Mercados em Análise: <strong>EUA</strong><br />

Autores<br />

Cláudia Maria Neves Simões<br />

José Carlos Martins Rodrigues Pinho<br />

Manuel Herédia Caldeira Cabral<br />

Paula Alexandra Veloso da Veiga<br />

2012<br />

Com o Co-financiamento:<br />

Com a colaboração de:


Internacionalização do Setor da Saúde Nacional nos<br />

Mercados de Angola, Brasil, <strong>EUA</strong> e Alemanha<br />

Caderno Suplementar 4<br />

Mercados em análise: <strong>EUA</strong><br />

Autores<br />

Cláudia Maria Neves Simões (Senior Lecturer, Open University Business School/UK & Professora<br />

Associada, Universidade do Minho, iMARKE) (coordenadora)<br />

José Carlos Martins Rodrigues Pinho (Professor Associado, Universidade do Minho, iMARKE)<br />

Manuel Herédia Caldeira Cabral (Professor Auxiliar Universidade do Minho, NIPE)<br />

Paula Alexandra Veloso da Veiga (Professora Auxiliar Universidade do Minho, NIMA)<br />

A informação contida neste relatório reporta os dados obtidos junto das fontes referenciadas até junho<br />

de 2012. Várias dessas fontes são registos online cujos dados e informações evoluem ao longo do tempo<br />

e/ou se podem tornar indisponíveis. Assim, a utilização do conteúdo deste trabalho deverá ter em<br />

atenção a necessária consulta permanente da fonte para qualquer atualização que venha a ocorrer.<br />

Adicionalmente, este trabalho procura ser um documento de consulta e de orientação não substituindo<br />

a análise aprofundada da realidade da empresa e seus recursos, bem como, o devido aconselhamento<br />

legal quando necessário.


ÍNDICE<br />

3.8 | ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA ................................................................................... 1<br />

3.8.1 | Caracterização geral ....................................................................................... 1<br />

3.8.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ....................................... 3<br />

3.8.1.2 | Abertura ao exterior ................................................................................. 4<br />

3.8.1.3 | Outras informações relevantes .................................................................... 5<br />

3.8.2 | Mercado da saúde: análise dos fatores de crescimento/atratividade da indústria ............. 7<br />

3.8.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados da saúde .............................. 7<br />

3.8.2.2 | Despesas da saúde .................................................................................. 13<br />

3.8.2.3 | Regulação dos produtos de saúde ................................................................ 16<br />

3.8.2.4 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico ..................................... 16<br />

3.8.2.5 | Qualidade e custos da mão-de-obra ............................................................. 18<br />

3.8.2.6 | Qualidade das infraestruturas .................................................................... 19<br />

3.8.2.7 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual ......................................... 20<br />

3.8.2.8 | Acesso a capital e a financiamento .............................................................. 22<br />

3.8.2.9 | Mercado e marketing ............................................................................... 23<br />

3.8.2 | Biotecnologia como área de destaque ................................................................. 30<br />

3.8.3 | Importações de produtos de saúde ..................................................................... 31<br />

3.8.3 | Decisões de entrada ...................................................................................... 38<br />

3.8.4 | Exportar para os <strong>EUA</strong> ..................................................................................... 39<br />

3.8.4.1 | Entrar no mercado americano via exportação ................................................. 39<br />

3.8.4.2 | Legislação ............................................................................................ 41<br />

3.8.4.3 | Serviços de importação ............................................................................ 41<br />

3.8.4.4 | Identificação de mercadorias ..................................................................... 41<br />

3.8.4.5 | Classificação dos produtos ........................................................................ 42<br />

3.8.4.6 | Sistema pautal ....................................................................................... 42<br />

3.8.4.7 | Outros impostos e taxas ........................................................................... 43<br />

3.8.4.8 | Procedimentos alfandegários ..................................................................... 44<br />

3.8.4.9 | Acordos de comércio internacional .............................................................. 47<br />

3.8.5 | Investir nos <strong>EUA</strong> ............................................................................................ 48<br />

3.8.5.1 | Investimento direto estrangeiro .................................................................. 48<br />

3.8.5.2 | Outras formas de envolvimento .................................................................. 48<br />

3.8.5.3 | Regime de investimento ........................................................................... 49<br />

3.8.5.4 | Incentivos ao investimento ........................................................................ 51<br />

3.8.5.5 | Sistema fiscal ........................................................................................ 52<br />

i


3.8.6 | Farmacêutica ............................................................................................... 54<br />

3.8.6.1 | Estrutura e desempenho da indústria farmacêutica .......................................... 55<br />

3.8.6.2 | Consumo e despesas com produtos farmacêuticos ............................................ 58<br />

3.8.6.3 | Regulação dos produtos farmacêuticos ......................................................... 61<br />

3.8.6.4 | Identificação de oportunidades: farmacêutica ................................................ 70<br />

3.8.7 | Dispositivos médicos ...................................................................................... 72<br />

3.8.7.1 | Estrutura e desempenho da indústria ........................................................... 72<br />

3.8.7.2 | Consumo e despesas com os dispositivos médicos ............................................ 76<br />

3.8.7.3 | Análise dos principais segmentos terapêuticos ................................................ 77<br />

3.8.7.4 | Regulação de dispositivos médicos .............................................................. 84<br />

3.8.7.5 | Importações .......................................................................................... 98<br />

3.8.7.6 | Identificação de oportunidades: dispositivos médicos ...................................... 101<br />

3.8.8 | Medicina personalizada .................................................................................. 102<br />

3.8.8.2 | Regulação de produtos de medicina personalizada .......................................... 106<br />

3.8.8.3 | Comparticipação ................................................................................... 109<br />

3.8.8.4 | Registos eletrónicos de saúde ................................................................... 109<br />

3.8.8.5 | Entrada no mercado ............................................................................... 110<br />

3.8.8.6 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada .................................. 112<br />

3.8.9 | Ambient Assisted Living ................................................................................. 113<br />

3.8.9.1 | Estrutura ............................................................................................. 113<br />

3.8.9.2 | Identificação de oportunidades: AmbientAssisted Living ................................... 115<br />

3.8.10 | Oportunidades e desafios do setor da saúde nos <strong>EUA</strong> ............................................ 116<br />

3.8.11 | Referências ............................................................................................... 120<br />

3.8.12 | Anexo 1 – Método do estudo .......................................................................... 130<br />

3.8.13 | Anexo 2 – Lista das posições pautais ................................................................. 132<br />

ii


Índice de quadros<br />

Quadro 3.8.1 | Perfil do país – <strong>EUA</strong> ................................................................................... 2<br />

Quadro 3.8.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ........................................ 3<br />

Quadro 3.8.3 | Evolução da balança comercial e investimento direto ......................................... 4<br />

Quadro 3.8.4 | Indicador doing business (World Bank) ............................................................ 4<br />

Quadro 3.8.5 | Negociar nos <strong>EUA</strong> ...................................................................................... 5<br />

Quadro 3.8.6 | Sites relevantes ........................................................................................ 6<br />

Quadro 3.8.7 | Principais seguradoras privadas .................................................................... 11<br />

Quadro 3.8.8 | Principais códigos usados pela Medicare ......................................................... 11<br />

Quadro 3.8.9 | Empresas com prestação de serviços de apoio aos processos de pedido de<br />

comparticipação ......................................................................................................... 12<br />

Quadro 3.8.10 | Evolução das despesas de saúde ................................................................. 14<br />

Quadro 3.8.11 | Evolução das despesas de saúde (mil milhões de US$) ....................................... 14<br />

Quadro 3.8.12 | Evolução dos indicadores de saúde dos <strong>EUA</strong> ................................................... 17<br />

Quadro 3.8.13 | Organizações de compras em grupo ............................................................. 27<br />

Quadro 3.8.14 | Taxa de crescimento das importações dos <strong>EUA</strong>* .............................................. 31<br />

Quadro 3.8.15 | Taxa de crescimento dos 10 principais exportadores de produtos de saúde dos <strong>EUA</strong> .. 33<br />

Quadro 3.8.16 | Documentos essenciais para exportação para os <strong>EUA</strong> ........................................ 44<br />

Quadro 3.8.17 | Recomendações da alfândega americana para os exportadores ........................... 45<br />

Quadro 3.8.18 | Relatórios de investimento externo ............................................................. 50<br />

Quadro 3.8.19 | Acordo de dupla tributação <strong>Portugal</strong> – <strong>EUA</strong> .................................................... 53<br />

Quadro 3.8.20 | Produção e importação da indústria farmacêutica (2010)................................... 54<br />

Quadro 3.8.21 | Área de atuação das principais empresas farmacêuticas americanas ..................... 57<br />

Quadro 3.8.22 | Despesas por classe terapêutica (mil milhões $US) ........................................... 61<br />

Quadro 3.8.23 | Importações totais dos <strong>EUA</strong> de produtos farmacêuticos (2011) ............................ 68<br />

Quadro 3.8.24 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os <strong>EUA</strong>......................... 70<br />

Quadro 3.8.25 | Número de trabalhadores e valor da produção (2010) ....................................... 73<br />

Quadro 3.8.26 | Associações do setor de dispositivos médicos ................................................. 74<br />

Quadro 3.8.27 | Índice de competitividade......................................................................... 75<br />

Quadro 3.8.28 | Drivers, riscos e indústria: cardiovascular ...................................................... 77<br />

Quadro 3.8.29 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 78<br />

Quadro 3.8.30 | Drivers, riscos e indústria: ortopédico .......................................................... 78<br />

Quadro 3.8.31 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 79<br />

Quadro 3.8.32 | Top 10 centros ortopédicos ....................................................................... 79<br />

Quadro 3.8.33 | Drivers, riscos e indústria: imagiologia ......................................................... 80<br />

Quadro 3.8.34 | Drivers, riscos e indústria: diagnóstico ......................................................... 80<br />

Quadro 3.8.35 | Evolução dos segmentos reagentes e consumíveis e instrumentos e imagens (US$ mil<br />

milhões) ................................................................................................................... 81<br />

Quadro 3.8.36 | Evolução de subsegmentos ........................................................................ 81<br />

iii


Quadro 3.8.37 | Drivers, riscos e indústria: equipamento de reabilitação .................................... 82<br />

Quadro 3.8.38 | Drivers, riscos e indústria: dentária ............................................................. 83<br />

Quadro 3.8.39 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$) ..................................... 83<br />

Quadro 3.8.40 | Principais documentos legislativos............................................................... 85<br />

Quadro 3.8.41 | Comparação dos processos PMN e PMA ......................................................... 90<br />

Quadro 3.8.42 | Código das especialidades e Code of Federal Regulations (CFR) ........................... 95<br />

Quadro 3.8.43 | Importações totais dos <strong>EUA</strong> de dispositivos médicos ......................................... 99<br />

Quadro 3.8.44 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para os <strong>EUA</strong> ............................ 100<br />

Quadro 3.8.45 | Valor de mercado de medicina personalizada (US$ mil milhões) ......................... 102<br />

Quadro 3.8.46 | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos ................................................ 103<br />

Quadro 3.8.47 | Principais empresas do setor de medicina personalizada nos <strong>EUA</strong> ........................ 103<br />

Quadro 3.8.48 | Valor de mercado .................................................................................. 104<br />

Quadro 3.8.49 | Cuidados personalizaos(Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença) .......... 104<br />

Quadro 3.8.50 | 10 maiores empresas americanas (e mundiais) de software de saúde ................... 105<br />

Quadro 3.8.51 | Empresas de Ambient Assisted Living .......................................................... 113<br />

iv


Índice de figuras<br />

Figura 3.8.1 | Sistemas de comparticipação ........................................................................ 10<br />

Figura 3.8.2 | Cronograma da reforma .............................................................................. 13<br />

Figura 3.8.3 | Custos da indústria de biotecnologia - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100) ....................... 30<br />

Figura 3.8.4 | Importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde (milhares de EUR) ............................... 31<br />

Figura 3.8.5 | Proporção das importações de produtos farmacêuticos e de dispositivos médicos no total<br />

das importações dos <strong>EUA</strong> ............................................................................................... 32<br />

Figura 3.8.6 | Evolução da quota de mercado dos 10 principais exportadores para o mercado dos <strong>EUA</strong><br />

de produtos de saúde ................................................................................................... 33<br />

Figura 3.8.7 | Quota de mercado da Irlanda nas importações americanas de produtos de saúde ........ 34<br />

Figura 3.8.8 | Quota de mercado da Alemanha nas importações americanas de produtos de saúde .... 34<br />

Figura 3.8.9 | Quota de mercado de Israel nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde .............. 35<br />

Figura 3.8.10 | Quota de mercado da China nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde ............ 36<br />

Figura 3.8.11 | Quota de mercado do Reino Unido e França nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de<br />

saúde ....................................................................................................................... 36<br />

Figura 3.8.12 | Quota de mercado do Japão nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde ............ 37<br />

Figura 3.8.13 | Quota de mercado de <strong>Portugal</strong> nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde ......... 37<br />

Figura 3.8.14 | Custos farmacêutica - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100) ......................................... 57<br />

Figura 3.8.15| Despesas com medicamentos (mil milhões $US) ................................................ 58<br />

Figura 3.8.16 | Valor de vendas de medicamentos sujeitos a receita médica ............................... 59<br />

Figura 3.8.17 | Etapas de procedimentos de entrada no mercado (medicamentos inovadores) .......... 62<br />

Figura 3.8.18 | Ensaios clínicos ....................................................................................... 63<br />

Figura 3.8.19 | Custo dos ensaios clínicos - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100)................................... 63<br />

Figura 3.8.20 | Medicamentos importados por grupo terapêutico .............................................. 69<br />

Figura 3.8.21 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado dos <strong>EUA</strong> de produtos<br />

farmacêuticos (2011) ................................................................................................... 69<br />

Figura 3.8.22 | Custos de produção de dispositivos médicos - mercados maduros (EU=100) .............. 75<br />

Figura 3.8.23 | Despesas com equipamento médico (vendas a retalho) ....................................... 76<br />

Figura 3.8.24 | Processo para autorização de entrada ........................................................... 89<br />

Figura 3.8.25 | Fluxograma dos procedimentos de importação pelos <strong>EUA</strong> .................................... 96<br />

Figura 3.8.26 | Quota de mercado dos maiores exportadores para os <strong>EUA</strong> de dispositivos médicos (2011)<br />

.............................................................................................................................. 98<br />

Figura 3.8.27 | Peso das exportações portuguesas nas importações americanas de dispositivos médicos<br />

............................................................................................................................. 100<br />

Figura 3.8.28 | Oportunidades e desafios no setor da saúde – <strong>EUA</strong> ........................................... 116<br />

v


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8 | Estados Unidos da América<br />

Este documento apresenta o trabalho realizado no âmbito do estudo sobre a internacionalização do setor<br />

da saúde nacional (ver método do estudo no Anexo 1). O trabalho foi contratado pela AICEP à<br />

Universidade do Minho e teve na génese da sua definição a colaboração entre a AICEP e o Health Cluster<br />

<strong>Portugal</strong> como parceiros no desenvolvimento do setor da saúde. Em particular, são aqui espelhadas<br />

informações e reflexões sobre o mercado da saúde americano.<br />

3.8.1 | Caracterização geral<br />

Os <strong>EUA</strong> são o 4º maior país do mundo em termos de área (de<br />

9.161.923 km²). A extensão do mercado e a forte autonomia dos<br />

Estados tornam este país num mercado constituído por vários<br />

mercados, com diferentes características na especialização e<br />

organização industrial, na distribuição e no consumo. Nas últimas<br />

décadas, os <strong>EUA</strong> têm sido a maior economia mundial. Em 2010, o<br />

PIB ascendeu a $US14,5 triliões. A atividade económica é ampla e<br />

diversificada, sendo o país líder mundial em diversos setores, dos<br />

quais se destacam o da saúde. O Quadro 3.8.1 apresenta as<br />

características gerais e geopolíticas do país.<br />

1


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.1 | Perfil do país – <strong>EUA</strong><br />

População: 314 milhões de habitantes (Estimativa, Setembro de 2012). A população está concentrada no litoral. A<br />

California é o Estado mais populoso concentrando cerca de 12% da população. Segue-se o Texas com 8,1%, New York e<br />

Florida com cerca de 6% cada (dados de 2011).<br />

Densidade populacional: 33,8 habitantes por km². Em várias regiões do país, a densidade populacional é muito baixa.<br />

O Distrito de Columbia, os Estados de New Jersey, Rhode Island e Massachusetts são os que registam maior<br />

concentração populacional. O Alaska, por outro lado, é o Estado com menor densidade populacional (dados de 2011).<br />

Taxa de urbanização: 80% (dados de 2011).<br />

Capital: Washington, D.C. (601,723 hab.). Área metropolitana (4,4 milhões) (dados de 2011)<br />

Outras cidades importantes: New York (19 milhões hab.), Los Angeles (12,9 milhões hab.), Chicago (9,5 milhões<br />

hab.), Houston (5,9 milhões hab.), Philadelphia (5,6 milhões hab.), Dallas (6,4 milhões hab.), Detroit (4,3 milhões<br />

hab.), Atlanta (5,4 milhões) e Miami (5,7 milhões hab.) (dados de 2011)<br />

Língua: Os <strong>EUA</strong> não têm língua oficial federal. O inglês é a língua predominante. O Espanhol é uma língua comum em<br />

algumas regiões do país.<br />

Organização Política: Os <strong>EUA</strong> são um Estado Federal, com 50 Estados, um Distrito Federal e 14 dependências<br />

territoriais. Cada Estado tem a sua própria Constituição e considerável autonomia legislativa e administrativa. O poder<br />

executivo é exercido pelo presidente e os seus ministros (normalmente designados secretários). O regime partidário é<br />

pluripartidário, apesar de na prática ser praticamente bipartidário. O país goza de estabilidade política, jurídica e<br />

social.<br />

Unidade monetária: Dólar dos <strong>EUA</strong><br />

(US$)<br />

Taxa de câmbio (junho de 2012):<br />

I EUR=US$1,449 1<br />

Risco do País (AAA = risco menor; D<br />

= risco maior):<br />

- Risco político: AA<br />

- Risco estrutura económica: A<br />

Ambiente de negócios:<br />

- Ranking em negócios: índice 8,09 (10 = máximo)<br />

- Ranking geral:9 (entre 82 países)<br />

- Risco de crédito (risco menor = 1; risco maior = 7): 1<br />

[O país é considerado um dos melhores países para realizar negócios e<br />

investimentos por vários rankings disponíveis]<br />

Importações/exportações<br />

- Exportações + Importações/PIB (2008-2010) = 27,8%<br />

- Importações/PIB (2010) = 13,4%<br />

- Importações/Importações mundiais (2010) = 12,7%<br />

Fontes: OMC 2012, statistics database online 2 ; AICEP <strong>Global</strong>, 2012a; US Census Bureau 3 ; US Census Bureau Population Division 4 .<br />

1 http://pt.exchange-rates.org/HistoricalRates/A/EUR/30-6-2011 [último acesso: junho 2012]<br />

2 http://stat.wto.org [último acesso: junho 2012]<br />

3 http://www.census.gov/popest/data/metro/totals/2011/index.html [último acesso: junho 2012]<br />

4 http://www.census.gov/popest/data/index.html [último acesso: junho 2012]<br />

2


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos<br />

O Quadro 3.8.2 apresenta a evolução recente e a prevista para os principais indicadores<br />

macroeconómicos. Após a crise de 2008, o país regressou ao crescimento económico, embora a um ritmo<br />

moderado. A atividade económica ainda se ressente da crise; em particular a taxa de desemprego<br />

continua elevada (com tendência decrescente). Espera-se que o crescimento económico continue fraco<br />

nos próximos anos e, principalmente, muito dependente da evolução das economias da União Europeia<br />

(UE) (FMI, 2012). Espera-se, igualmente, que a moeda se aprecie face ao Euro, o que poderá contribuir<br />

para diminuir a competitividade internacional do país e aumentar o seu volume de importações.<br />

Quadro 3.8.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos<br />

Indicador Unidade 2009 2010 2011 2012 2013 2017<br />

População Milhões 307a 310,2 313,1 316,2 319,2 330,2<br />

PIB a preços de mercado 10 12 US$ 13,9a 14,5 15,6 15,8 16,5 19,7<br />

PIB per capita 10 3 US$ 45,4 46,9 48,3 49.6 51,8 59,7<br />

Crescimento real PIB % -3,5 3,0 1,7 2,1 2,4 3,5<br />

Dívida pública (bruta) % do PIB 85,2 98,5 102,9 106,6 110,2 112,9<br />

Taxa de inflação % -0,3 1,6 3,1 2,1 1,9 2,0<br />

Taxa de desemprego % 9,3 9,6 8,9 8,2 7,9 5.8<br />

Balança corrente % do PIB -2,7 -3,2 -3,1 -3,2 -3,1 -3.5<br />

Taxa de câmbio a) 1EUR=xUS$ 1,39 1,33 1,39 1,31 1,29 1,27<br />

Fontes: FMI 2012; (a) The Economist Intelligence Unit EIU / ViewsWire May 22nd 2012 in AICEP, 2012; The Economist Intelligence Unit<br />

in AICEP 2012a, FMI World Economic outlook database, online 5 .<br />

Importante<br />

Regime cambial: o dólar americano é a principal moeda conversível no mercado mundial. Os <strong>EUA</strong> têm um regime de<br />

câmbios flutuantes, sem restrições ou controles cambiais. Nos últimos anos, a moeda tem vindo a valorizar-se,<br />

relativamente ao Euro facilitando o crescimento das exportações europeias para os <strong>EUA</strong>.<br />

De acordo com o inquérito realizado em 2004 pela Eurochambres & US Chamber of Commerce a flutuação da taxa de<br />

câmbio era percecionada, pelas empresas europeias, como o principal obstáculo às relações comerciais com os <strong>EUA</strong><br />

(US Chamber of Commerce, 2004).<br />

A potencial instabilidade cambial é um dos aspetos a ter em conta pelas empresas, que desejem internacionalizar-se<br />

para os <strong>EUA</strong>.<br />

5 http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2012/01/weodata/index.aspx [último acesso: junho 2012]<br />

3


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.1.2 | Abertura ao exterior<br />

Os <strong>EUA</strong> são o segundo maior exportador mundial e o principal importador. O comércio dos <strong>EUA</strong> com o<br />

exterior é responsável por cerca de 12,7% das importações mundiais, sendo o fornecimento do mercado<br />

interno, em larga medida, assegurado pelo comércio externo. O grau de abertura do país atingiu cerca de<br />

27,8% no período entre 2008-2010. O país é, ainda, o principal investidor estrangeiro no mundo e o<br />

primeiro a atrair investimento externo. O Quadro 3.8.3 resume a evolução de alguns indicadores relativos<br />

à balança comercial e ao investimento direto.<br />

Quadro 3.8.3 | Evolução da balança comercial e investimento direto<br />

2007 2008 2009 2010 2011a<br />

Balança Comercial de Mercadorias (10 6 USD) (a)<br />

Exportação fob 1.148,2 1.287,4 1.056,0 1.278,1 1.480,4<br />

Importação fob 2.020,4 2.169,5 1.605,3 1.968,1 2.266,0<br />

Saldo -872,2 -882,1 -549,3 -690,0 -784,0<br />

Posição no ranking comercial<br />

Como exportador 3ª 3ª 3ª 2ª 2º<br />

Como importador 1ª 1ª 1ª 1ª 1<br />

Investimento Direto (10 3 USD) (b)<br />

Investimento Estrangeiro nos <strong>EUA</strong> 216,0 306,4 152,9 222,8 210,7<br />

Investimento dos <strong>EUA</strong> no Estrangeiro 393,5 308,3 282,7 328,9 383,8<br />

Posição no ranking mundial<br />

Como recetor 1ª 1ª 1ª 1ª 1ª<br />

Como emissor 1ª 1ª 1ª 1ª 1ª<br />

Fontes: (a) OMC 2012, statistics database online; (b) Unctad 2011, Unctad 2012.<br />

Os <strong>EUA</strong> são o 4º melhor país do mundo para negócios de acordo com o ranking do Banco Mundial. Apesar<br />

de relativamente pouco competitivo no aspeto fiscal, o país goza de um ambiente geral de negócios<br />

propício ao investimento. Outros indicadores especificados no Quadro 3.8.4 mostram o ambiente favorável<br />

aos negócios.<br />

Quadro 3.8.4 | Indicador doing business (World Bank)<br />

Critérios Ranking Critérios Ranking<br />

Clima geral de negócios 4 Proteção dos investimentos 6<br />

Iniciar um negócio 13 Coeficiente fiscal 69<br />

Autorização para construção de infraestruturas 17 Comércio internacional 22<br />

Registo de propriedade 25 Enforcement de contratos 6<br />

Obtenção de crédito 4 Encerramento de um negócio 16<br />

Fonte: World Bank 2012.<br />

4


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

As relações comerciais de <strong>Portugal</strong> com os <strong>EUA</strong> são antigas. No entanto, nos últimos anos, têm perdido a<br />

importância. Atualmente, os <strong>EUA</strong> são o 8º cliente de <strong>Portugal</strong> e o 12º fornecedor (INE in AICEP, 2012a). Por<br />

seu lado, em 2011 <strong>Portugal</strong> foi o 77º cliente dos <strong>EUA</strong> (0,1% do total exportado pelos <strong>EUA</strong>) e 64º fornecedor<br />

(0,1% total do total importado) pelos <strong>EUA</strong> (WTA in AICEP, 2012a). Em termos de investimento, os <strong>EUA</strong> são<br />

o 10º investidor mais relevante e o 6º principal destino do investimento (AICEP, 2012a).<br />

3.8.1.3 | Outras informações relevantes<br />

Os Quadros 3.8.5 e 3.8.6 apresentam informação relevante relativamente aos <strong>EUA</strong>.<br />

Quadro 3.8.5 | Negociar nos <strong>EUA</strong><br />

Etiqueta de negócio<br />

Viajar para os <strong>EUA</strong><br />

Documentos e informação<br />

necessária para viajar ou<br />

emigrar para os <strong>EUA</strong><br />

Em geral, os americanos são informais (HLB, 2009). Normalmente as pessoas tratamse<br />

pelo nome próprio. A competência, o profissionalismo e o sentido de<br />

responsabilidade são atributos valorados no mundo dos negócios. A pontualidade e o<br />

cumprimento de prazos são igualmente apreciados. Contacto físico e troca de<br />

presentes são pouco usuais (Communicaid, 2009).<br />

As reuniões tendem a decorrer em ambientes informais. Os horários de trabalho são<br />

normalmente entre as 8 a.m. - 9 a.m. às 5 p.m. (17:00) - 6 p.m. (18:00), sem<br />

interrupções. A maioria dos americanos janta perto das 7 p.m. (19:00). 6<br />

Mais Informações úteis sobre o mercado podem ser encontradas em AICEP <strong>Portugal</strong><br />

<strong>Global</strong> (2002) <strong>EUA</strong>-Ficha de Mercado (Maio 2012), Disponível no site da AICEP-<br />

<strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong>. 7<br />

A TAP (Transportes Aéreos Portugueses disponibiliza voos diretos entre Lisboa e New<br />

York -Newark (com 7 ligações semanais no Verão e 5 ligações semanais no Inverno) e<br />

entre Porto e New York-Newark (3 ligações semanais no verão e 2 no inverno).<br />

Desde 2011 é possível voar desde Lisboa para Miami através da TAP, num total de 5<br />

voos semanais.<br />

A SATA (companhia aérea açoriana) disponibiliza várias soluções de viagem (voos<br />

diretos e/ou com escala) com partida de aeroportos de <strong>Portugal</strong> continental e Ilhas<br />

e com destino a vários estados americanos.<br />

Recomenda-se a consulta do site do US Citizenship and Immigration Services:<br />

http://www.uscis.gov/portal/site/uscis<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

6<br />

http://www.globalsmes.org/news/index.php?func=detail&detailid=416&catalog=22&lan=en&search_keywords= [último acesso:<br />

junho 2012]<br />

7<br />

http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=b5d8c71a-6412-4f2a-830d-10cb6d70f05d [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

5


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.6 | Sites relevantes<br />

Tipo de informação<br />

Informações gerais legais e<br />

económicas sobre o mercado<br />

Dados estatísticos do mercado<br />

Organismos públicos/ Agências<br />

governamentais<br />

Outros sites<br />

Sites/documentos de interesse<br />

AICEP <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong> http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/<br />

US Census Bureau http://www.census.gov/<br />

US Bureau of Labor Statistics (BLS) http://www.bls.gov/<br />

National Center for Health Statistics http://www.cdc.gov/nchs/<br />

The World Bank http://data.worldbank.org/indicator<br />

US Department of Labor http://www.dol.gov/<br />

US International Trade Commission (USITC) http://www.usitc.gov/<br />

US Trade Online http://www.usatradeonline.gov/<br />

US Department of Commerce http://www.commerce.gov/<br />

US Department of Health & Human Services (HHS) http://www.hhs.gov/<br />

US Food Drug Administration: http://www.fda.gov<br />

US Patent Trademark Office: http://www.uspto.gov/<br />

US Economic Development Administration<br />

(EDA):http://www.eda.gov/Resources/StateEconomicDevelopment.xml<br />

US Government’s Official Web Portal: http://www.usa.gov/<br />

American Law Sources On-Line: http://www.lawsource.com/also/usa.cgi?us1<br />

American National Standards Institute (ANSI): http://www.ansi.org/<br />

Federal Regulations: http://www.regulations.gov/#!home<br />

Federal Reserve Bank of New York: http://www.newyorkfed.org/index.html<br />

Federal Trade Commission: http://www.ftc.gov/ogc/stat2.shtm<br />

Foreign Trade Division: http://www.census.gov/foreign-trade/<br />

International Trade Administration (ITA): http://www.ita.doc.gov/<br />

Organization of American States (OAS): http://www.oas.org/en/default.asp<br />

Public and Private Laws: http://www.gpoaccess.gov/plaws/index.html<br />

AICEP New York - email: <strong>aicep</strong>.newyork@<strong>Portugal</strong>global.pt<br />

AICEP S. Francisco - email: <strong>aicep</strong>.s.francisco@<strong>Portugal</strong>global.pt<br />

Embaixada Portuguesa nos <strong>EUA</strong>: http://www.embassy<strong>Portugal</strong>-us.org/<br />

Embaixada <strong>EUA</strong> em Lisboa: http://www.american-embassy.pt<br />

Câmara de Comércio Americana Em <strong>Portugal</strong>: http://amcham.org.pt<br />

Há 7 consulados portugueses nos <strong>EUA</strong>.<br />

http://www.secomunidades.pt/web/guest/PostosConsulares<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

6


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.2 | Mercado da saúde: análise dos fatores de crescimento/atratividade da indústria<br />

Despesas da<br />

saúde<br />

Organização e<br />

modo de<br />

financiamento<br />

dos cuidados de<br />

saúde<br />

Envelhecimento,<br />

longevidade e<br />

quadro<br />

epidemiológico<br />

Mercado e<br />

marketing<br />

Sector da Saúde<br />

<strong>EUA</strong><br />

Inovação, I&D e<br />

protecção à<br />

propriedade<br />

intelectual<br />

Acesso ao<br />

capital e<br />

financiamento<br />

Qualidade e<br />

custo de mãode-obra<br />

e<br />

infraestruturas<br />

3.8.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados da saúde<br />

i | Seguros e organização dos cuidados de saúde<br />

De um modo geral, o acesso aos cuidados de saúde nos <strong>EUA</strong> deriva da capacidade de pagar, sendo a<br />

intervenção estatal reduzida, quando comparada com os países europeus. A provisão dos cuidados de<br />

saúde está associada ao financiamento sendo igualmente essencialmente privado. O sistema é caro,<br />

complexo e com o envolvimento de muitos players. Em consequência, estima-se que cerca de 50 milhões<br />

de americanos não possua qualquer tipo de proteção em termos de acesso aos cuidados de saúde. A<br />

situação deverá alterar-se até 2014, com a implementação da reforma de saúde recentemente aprovada.<br />

Em termos de programas públicos, destacam-se a Medicaid, a Medicare e a Children’s Health Insurance<br />

Program (SCHIP). A Medicaid é o maior programa público de seguros de saúde. Destina-se a americanos de<br />

baixo rendimento, nomeadamente crianças e grupos mais desprotegidos da população. Cobre cerca de 52<br />

milhões de americanos. As despesas da Medicaid representam aproximadamente 15% do total de despesas<br />

de saúde (CMS, online). As decisões de funcionamento e financiamento da Medicaid têm grande impacto<br />

no mercado, pelo que os investidores devem estar atentos à sua evolução.<br />

Para mais informações recomenda-se a consulta do site da Medicaid em:<br />

http://www.medicaid.gov/ [último acesso: junho 2012]<br />

A Medicare é o programa federal que providencia cobertura de saúde a pessoas com idade igual ou<br />

superior a 65 anos e adultos portadores de deficiências permanentes, servindo mais de 41 milhões de<br />

7


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

americanos. Durante toda a sua vida ativa as pessoas contribuem para o Medicare como forma de garantir<br />

a sua elegibilidade para o programa ao perfazerem os 65 anos. As despesas da Medicare representam<br />

cerca de 20% do total das despesas com a saúde (CMMS, online). Em 2011, cerca de 90% dos beneficiários<br />

da Medicare usufruíam de cobertura abrangente de medicamentos (PhRma, 2011).<br />

Para mais informações sobre o funcionamento do sistema consultar o site da Medicare em:<br />

http://www.medicare.gov [último acesso: junho 2012]<br />

As Accountable Care Organizations (ACO) são um novo modelo de prestação de cuidados de saúde para<br />

utentes da Medicare. São grupos de médicos, hospitais e outros profissionais de saúde, que se juntam para<br />

dar atendimento a pacientes do Medicare. Há vários modelos de organização das ACO mas todos devem<br />

incluir médicos de cuidados primários e de especialidade e, no mínimo, um hospital. Cada ACO tem de<br />

servir, pelo menos, 5 mil beneficiários e concordar em participar no “Programa de Poupança<br />

Compartilhada” durante um período mínimo de três anos. Os incentivos são simples: se o ACO reduzir os<br />

custos dos cuidados recebe uma parte da poupança conseguida.<br />

O SCHIP dá proteção e cuidados de saúde a crianças, não abrangidas pelo Medicaid.<br />

Para mais informações consultar o site do SCHIP em:<br />

<br />

http://www.medicaid.gov/Medicaid-CHIP-Program-Information/By-Topics/Childrens-Health-Insurance-<br />

Program-CHIP/Childrens-Health-Insurance-Program-CHIP.html [último acesso: junho 2012]<br />

Os seguros privados têm diferentes formas de financiamento e de organização dos cuidados, que diferem<br />

na liberdade de escolha e nos custos: (i) Indemnity plans; (ii) Health Maintenance Organizations (HMO);<br />

(iii) Preferred Provider Organizations (PPO); (iv) Point of Service (POS). Os Indemnity Plans são as<br />

organizações de seguros que oferecem mais liberdade de escolha, mas tendem a ser mais caros. As HMO<br />

são organizações integradas de cuidados de saúde e financiamento, cujos planos oferecem um conjunto de<br />

benefícios pré-definidos, por um valor mensal. O HMO tem uma rede de fornecedores, que limita a<br />

escolha dos segurados. As PPOs são combinações dos indemnity plans e da HMO. Têm uma lista de<br />

fornecedores preferenciais mas comparticipam com uma comparticipação inferior cuidados com<br />

fornecedores não incluídos na rede. Os POS são planos de saúde que procuram conciliar a liberdade de<br />

escolha com menores custos. Diferem dos PPOs porque os segurados devem escolher um médico dos<br />

cuidados primários de uma lista previamente acordada. O médico escolhido é o point of service que pode<br />

referenciar para cuidados especializados fora da rede.<br />

8


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

ii | Comparticipação<br />

A comparticipação nas despesas pelos seguros privados e públicos são um dos principais determinantes do<br />

sucesso dos produtos de saúde no mercado americano. Em consequência não compreender o(s)<br />

mecanismo(s) de comparticipação (via reembolso) nos <strong>EUA</strong> pode inviabilizar o sucesso comercial de<br />

qualquer produto de saúde. A dimensão e importância do mercado americano, tornam as decisões de a<br />

comparticipação, um fator crítico para a viabilidade das empresas, mesmo noutros mercados (US<br />

Department of Commerce, 2010).<br />

No âmbito do Medicaid e da Medicare, os Centers for Medicare and Medicaid Services (CMS) e o<br />

Department of Health and Human Services administram o reembolso de produtos e serviços de saúde. As<br />

decisões são separadas das decisões da autorização de comercialização tomadas pela FDA, mas o CMS<br />

tende a não comparticipar produtos de saúde que não estejam aprovados pela FDA. Por outro lado, a<br />

aprovação pela FDA não garante uma decisão positiva na comparticipação, ou determina o seu nível.<br />

A Medicare tem um processo e critérios para determinar a comparticipação dos produtos e serviços. A<br />

decisão relativa à comparticipação pondera sobretudo a segurança e eficácia dos produtos/serviços. O<br />

processo é feito ao nível nacional e/ou local. As decisões de comparticipação a nível nacional vinculam os<br />

agentes contratados locais. No entanto, a maioria (90%) das decisões de comparticipação são deixadas à<br />

discrição dos agentes locais (Phurrough, 2006).<br />

O manual de procedimentos para a decisão de comparticipação nacional está disponível no site da CMS no seguinte<br />

endereço:<br />

<br />

http://www.cms.hhs.gov/Manuals/IOM/list.asp<br />

A lista dos produtos com cobertura nacional pode ser acedida no site da CMS em:<br />

http://www.cms.gov/medicare-coverage-database/overview-and-quick-search.aspx<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

O sistema de comparticipação distingue o reembolso de cuidados hospitalares, do sistema de reembolso<br />

de cuidados de ambulatório. Os sistemas de comparticipação consideram, ainda, a prescrição feita por<br />

médicos privados (Part D-Drug Benefits do Medicare) e de equipamento médico duradouro (Title XIX da<br />

Medicaid). A Figura 3.8.1 resume o enquadramento de cada tipo de reembolso/comparticipação.<br />

9


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Figura 3.8.1 | Sistemas de comparticipação<br />

Cuidados hospitalares<br />

Pagamentos prospetivos baseados nos “Grupos Homogéneos de Diagnóstico<br />

(GHDs)”<br />

Possibilidade de pagamento adicional para tecnologias inovadoras, no mercado<br />

há menos de dois anos, com custos superiores ao previsto no GDH (baseado no<br />

ICD-9).<br />

Cobertura limitada para produtos off-label<br />

GDHs são baseados no tratamento:<br />

- se o produto não é reembolsável individualmente não afeta o reembolso;<br />

- se o procedimento se resume ao uso de um produto sem comparticipação,<br />

todo o pagamento do ato de tratamento pode ser colocado em causa<br />

Cuidados de<br />

ambulatório<br />

Pagamentos baseados no sistema de código Ambulatory Payment Classification<br />

(APC) associados aos CPT ou aos HCPS.<br />

Possibilidade de pagamento suplementar de novas tecnologias, caso o seu custo<br />

não seja insignificante relativamente ao valor total pago pelo procedimento.<br />

Para um dispositivo qualificar-se ao pagamento adicional deve estar classificado<br />

pela CMS como nova tecnologia ou poder candidatar-se a essa categoria. Outros<br />

requisitos incluem: estar registado no FDA (se aplicável) e ser considerado<br />

necessário ao tratamento.<br />

Prescrição de<br />

médicos privados<br />

(Part D Drug Benefits<br />

do Medicare)<br />

Lista positiva de medicamentos comparticipados<br />

Preços negociados entre o CMS e os produtores<br />

Equipamento médico<br />

duradouro (DME):<br />

(Title XIX da<br />

Medicaid)<br />

Dispositivos médicos (não consumíveis) usados em tratamentos médicos<br />

domiciliários comparticipados pela Medicare (e/ou por seguros privados)<br />

Está em curso a transição do pagamento feito de acordo com uma tabela de<br />

preços, para um sistema de licitação<br />

Os seguros privados não são obrigados a seguir as decisões do CMS mas, em geral, não tomam decisões<br />

muito diferentes. Os seguros privados tendem, no entanto, a comparticipar um maior número de produtos<br />

e a ajustar mais rapidamente os níveis de reembolso. Como há muitas seguradoras privadas, o processo de<br />

tentar obter a comparticipação do maior número de seguros possíveis, pode ser dispendioso e lento. O<br />

Quadro 3.8.7 algumas das seguradoras privadas mais relevantes e o respetivo site.<br />

10


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.7 | Principais seguradoras privadas<br />

Nome da empresa | site<br />

Aetna<br />

http://www.aetna.com/<br />

Beechstreet<br />

http://www.beechstreet.com<br />

Blue Cross Blue Shield<br />

http://www.bluecares.com<br />

Cigna<br />

http://www.cigna.com<br />

Coventry Health Care<br />

http://www.coventryhealthcare.com<br />

Nome da empresa | site<br />

Humana<br />

http://www.humana.com<br />

Kaiser Permanente<br />

http://www.kaiserpermanente.org<br />

PacifiCare Health Systems<br />

http://www.pacificare.com<br />

United Healthcare Group<br />

http://www.uhc.com<br />

Well Point Health Networks<br />

http://www.wellpoint.com<br />

HealthSmart Preferred Care<br />

http://www.healthsmart.net [último acesso: junho 2012]<br />

Comparticipação de novos produtos<br />

As empresas com produtos ou serviços novos podem pedir comparticipação com cobertura estadual ou<br />

nacional. No caso de pedirem a comparticipação nacional e esta for rejeitada, não é possível obter a<br />

comparticipação ao nível dos Estados. Tal justifica a preferência, da maioria das empresas, por uma<br />

abordagem gradual, procurando inicialmente a comparticipação ao nível dos Estados.<br />

Para os pedidos de comparticipação, as empresas devem definir uma estratégia de mercado e de<br />

comunicação fortes (Gold, 2003). O pedido de inclusão do produto na lista de comparticipações deve ser<br />

acompanhado de um processo contendo informação relevante, nomeadamente: (i) informações sobre o<br />

produto; (ii) estudos académicos e citações; (iii) evidência do suporte da comunidade médica; (iv) dossiê<br />

clínico do produto; (v) avaliação económica do produto; (vi) preço do produto.<br />

Um dos aspetos mais importantes no processo de reembolso é a determinação do código que identifica os<br />

produtos e procedimentos. Novos produtos requerem novos códigos. Sem codificação (apropriada) não há<br />

lugar a reembolso. Os sistemas de códigos mais usados pela Medicare são apresentados no Quadro 3.8.8.<br />

Quadro 3.8.8 | Principais códigos usados pela Medicare<br />

Código<br />

ICD-9-CM ® ( em transição<br />

para IOC-10)<br />

CPT ®- “current procedure<br />

terminology”(CPT®)<br />

HCPCS<br />

Descrição<br />

Sistema de classificação internacional para diagnósticos e procedimentos. Estes<br />

códigos são raramente usados para descrever medicamentos ou dispositivos<br />

Código que identifica serviços médicos e procedimentos. Códigos desenvolvidos<br />

pela American Medical Association (AMA)<br />

Desenvolvidos pela CMS para identificar, produtos serviços e procedimentos<br />

que não estão identificados no CPT.<br />

11


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Para solicitar um novo código, deve-se contatar a American Medical Association (AMA) ou o CMS. A<br />

indústria de dispositivos refere a demora na atribuição de códigos, podendo o processo de aprovação<br />

alongar-se entre um a três anos.<br />

A posição da indústria relativamente ao processo pode ser consultada em:<br />

<br />

http://www.medicaldevices.org/issues/Reimbursement<br />

O CMS publica documentos com informações e orientações para pedidos de comparticipação no âmbito dos seguros<br />

públicos. Mais informações podem ser acedidas em:<br />

<br />

http://www.cms.gov/Medicare/Coverage/MedicareCoverageGuideDocs/index.html<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Importante<br />

A complexidade dos sistemas de reembolso/comparticipação reforça a importância de parcerias com empresas<br />

americanas para entrada no mercado. No caso de ser a própria empresa a pedir comparticipação, deve considerar<br />

recorrer a serviços externos.<br />

Existe um considerável número de empresas nos <strong>EUA</strong> dedicadas a ajudar as empresas com aspetos<br />

relacionados com os processos de comparticipação. As empresas são facilmente encontradas na internet.<br />

Referem-se no Quadro 3.8.9 algumas dessas empresas.<br />

Quadro 3.8.9 | Empresas com prestação de serviços de apoio aos processos de pedido de comparticipação<br />

Nome da empresa | site<br />

AlvaMed: LL:<br />

http: www.alvamed.com<br />

Boston Healthcare:<br />

http://www.bostonhealthcare.com<br />

B&D Consulting:<br />

http://www.bakerdconsulting.com<br />

Regulatory&Clinical Research Institue:<br />

http://www.rcri-inc.com/index.php<br />

Strategic Reimbursement Consulting:<br />

http://www..strategicreimbursement.com<br />

Nome da empresa | site<br />

TheJGS Group:<br />

http://www.jgsgroup.com<br />

BioMedicalStrategies:<br />

http://www.biomedicalstrategies.com<br />

JR Associates:<br />

http://www.1jra.com<br />

Reimbursement Principles:<br />

http://www.reimbursementprinciples.com<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

12


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

iii | Reforma da saúde<br />

A reforma da saúde nos <strong>EUA</strong> aprovada em 2011 está a criar um elevado grau de incerteza no setor, em<br />

particular para as empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos. O objetivo principal da reforma é o<br />

de reduzir o número de indivíduos sem seguro (de 19% de todos os residentes em 2010 para 8% em 2016). A<br />

nova lei deverá, até 2019, estender a cobertura do seguro de saúde a cerca de 32 milhões de americanos<br />

atualmente não segurados. Este aumento do número de segurados levará a um aumento significativo do<br />

mercado da saúde. No entanto, o impacto final no setor é incerto: se por um lado a reforma aumenta as<br />

oportunidades no mercado, por outro lado penaliza as empresas em termos de aumento de taxas e<br />

impostos, dificulta os reembolsos e aumenta os requisitos para entrada e permanência no mercado. A<br />

Figura 3.8.2 representa os principais marcos da reforma, que se estende até a 2020.<br />

Figura 3.8.2 | Cronograma da reforma<br />

2010<br />

2011<br />

2013<br />

2014<br />

2018<br />

2020<br />

•Reforma dos<br />

seguros<br />

•Aumentar os<br />

descontos da<br />

Medicaid<br />

•Medicaire Part D<br />

donut hole<br />

começa a ser<br />

aliviada<br />

•Criação do<br />

Patient-Centered<br />

Outcomes<br />

Research Institute<br />

•Taxa aos<br />

produtores<br />

•Aumento da<br />

comparticipação<br />

para a Medicare (+<br />

0.9%)<br />

•Imposto de 3.8%<br />

no rendimento do<br />

investimento<br />

•Eliminação da<br />

dedução para os<br />

subsídios Medicare<br />

Part D<br />

•Imposto sobre os<br />

dispositivos<br />

médicos<br />

•Expansão da<br />

Medicaid<br />

•"Obrigação<br />

individual" e<br />

subsídios<br />

•"Obrigação do<br />

empregador"<br />

•40% de impostos<br />

nos planos de<br />

saúde caros<br />

•Fim de Medicare<br />

Part D<br />

Fonte: Adaptado de Ernst & Young 2010.<br />

3.8.2.2 | Despesas da saúde<br />

O mercado dos cuidados de saúde nos <strong>EUA</strong> é o maior mercado de saúde o mundo. As despesas da saúde<br />

ascenderam, em 2010, a $US 2,6 triliões, representando cerca de 18% da riqueza criada no país. As<br />

despesas per capita ascendem a $US 8,402 (Quadro 3.8.10). O Office of the Actuary no CMS (CMS, 2012)<br />

estima que, em entre 2015 e 2020 a despesa deverá crescer anualmente cerca de 6,2% e que em 2020 as<br />

despesas com a saúde ascenderão a mais de $4,6 triliões, atingindo os 19.8% do PIB (CMS, 2012). As<br />

despesas públicas com programas públicos de saúde representam atualmente cerca de 40% das despesas<br />

de saúde. Incluindo o envolvimento do Governo Federal e dos estados, no financiamento de seguros para<br />

grupos especiais (veteranos, nativos) e nos programas de saúde pública, estima-se que o envolvimento do<br />

estado, no financiamento da saúde, ultrapassou os 48% da despesa da saúde em 2010 (OCDE Health Data<br />

2012, online 8 ). Espera-se ainda que o peso do Estado no financiamento continue a crescer, em particular<br />

pelo aumento de indivíduos abrangidos pela Medicare.<br />

8 http://www.oecd.org/health/healthpoliciesanddata/oecdhealthdata2012.htm [último acesso: junho 2012]<br />

13


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.10 | Evolução das despesas de saúde<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2020<br />

Despesa total (mil milhões de US$) 2,496 2,594 2,695 2,809 2,916 3,130 3,308 4,781<br />

Despesa total da saúde (% do PIB) 17,9 17,9 17,9 17,9 17,8 18,2 18,2 18,2<br />

Despesa per capita 8,149 8,402 8,661 8,953 8,214 9,808 10,272 13,346<br />

Despesas diretas das famílias (% do total) 12,0 11,8 11,5 11,4 11,2 10,2 10 9,6<br />

Despesas com seguros públicos (% do total) 38,9 39,5 40,3 40,4 40,7 42,1 42,2 43,3<br />

Fonte: CMS 2012.<br />

A tendência de crescimento das despesas de saúde está fortemente associada à rápida adoção de<br />

tecnologia e à sofisticação dos cuidados. A literatura sugere que a tecnologia é um dos principais drivers<br />

dos custos de saúde (Newhouse, 1977 e 1992; Okunade & Murthy 2002).<br />

O Quadro 3.8.11 detalha a evolução das despesas de saúde, por tipo de despesa. Os hospitais são os<br />

principais responsáveis pela despesa de saúde; representando cerca de 31,4% da despesa total em 2010.<br />

As despesas hospitalares, por dia de internamento, são aproximadamente US$1100, quase seis vezes mais<br />

do que na Alemanha ou na França (OMS in PwC, 2011).<br />

Quadro 3.8.11 | Evolução das despesas de saúde (mil milhões de US$)<br />

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2020<br />

Despesas hospitalares 776,1 814,0 848,9 884,7 920,7 982,7 1.083,3 1.495,7<br />

Serviços profissionais 671,2 688,6 708,0 735,4 745,9 805,6 849,9 1.229,1<br />

Medicamentos sujeitos a receita médica 256,1 259,1 269,2 277,1 283,7 308,7 327,3 483,2<br />

Outros produtos médicos (retalho) 78,8 82,5 85,8 90,3 93,7 101,7 107,6 152,7<br />

Cuidados domiciliários 66,1 70,2 72,9 77,5 81,9 88,3 94,5 148,3<br />

Cuidados com lares, cuidados continuados 138,7 143,1 151,3 155,2 163,2 172,0 181,1 255,0<br />

Investimento 146,3 149,0 151,9 153,7 157,7 165,3 174,9 248,2<br />

Outros 362,7 387,5 407 435,1 469,2 505,7 488,4 1.997.9<br />

Fonte: CMS 2012.<br />

As despesas com pagamento de cuidados de saúde a profissionais de saúde, ascendem a 27% do total das<br />

despesas. O consumo de medicamentos prescritos, em ambulatório, representa cerca de 10% das despesas<br />

totais. Após um período de estabilidade, o CMS projeta que os custos com os medicamentos em<br />

ambulatório cresçam a partir de 2014, a uma taxa composta anual superior a 6%, impulsionada com a<br />

reforma da saúde e o abrandamento do fim de patentes. Em 2020, o peso destes itens nos gastos totais<br />

deverá corresponder a cerca de 11%. As despesas com dispositivos médicos, vendidos em retalho,<br />

representam cerca de 3% das despesas totais. As despesas de investimento, que incluem despesas com<br />

infraestruturas e em I&D, representam cerca de 6% das despesas totais (CDC, US Department of Health &<br />

Human Services, online).<br />

As despesas de saúde estão fortemente concentrados em algumas doenças. As despesas com as doenças<br />

cardiovasculares representam a maior fatia (33%); seguem-se as despesas com o tratamento das neoplasias<br />

14


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

(20%), da diabetes (11%) e doenças associadas ao excesso de peso e obesidade (10%). No total, estas<br />

patologias correspondem a cerca de 75% das despesas totais (CDC, US Department of Health & Human<br />

Services, online).<br />

A tendência para o aumento do controlo dos custos de saúde, em particular dos custos hospitalares,<br />

condiciona a evolução do setor. Os cortes nas despesas têm vindo, de facto, a afetar as margens dos<br />

hospitais nos últimos anos. Em resultado, os hospitais também têm vindo a alterar a sua política de<br />

investimentos e de compras. Os investimentos nos hospitais, em termos das suas receitas, diminuíram<br />

cerca de 2.8 pontos percentuais entre 2006 e 2009 (Larew, 2011). Os hospitais têm igualmente alterado a<br />

sua estrutura de custos. Por exemplo, os internamentos têm vindo a diminuir, enquanto os cuidados<br />

ambulatórios têm aumentado. Em consequência, o mercado dos setores de ambulatório, urgências,<br />

reabilitação física e meios de diagnósticos tem aumentado, o que é acompanhado por um aumento da<br />

concorrência.<br />

No futuro, espera-se que os produtos e serviços de saúde capazes de contribuir para a diminuição ou<br />

contenção de custos terão maior facilidade em atrair investidores e maiores níveis de comparticipação. As<br />

projeções do CMS apontam, para além do maior crescimento das despesas hospitalares, para um forte<br />

crescimento das despesas em estruturas e equipamentos nos próximos anos 9 . Os executivos dos hospitais<br />

esperam, igualmente, um crescimento dos seus orçamentos, nos próximos anos (Lavoise, 2012) pela<br />

necessidade de modernizar os serviços, após um forte controlo da despesa. De notar, no entanto, que uma<br />

parte elevada dos investimentos nos próximos anos, deverá ser aplicada na compra e no desenvolvimento<br />

de sistemas informáticos. Em particular, os hospitais terão de continuar a fazer investimentos que<br />

permitam desenvolver os registos de saúde eletrónicos e assim cumprir o disposto na lei da reforma dos<br />

cuidados de saúde. Espera-se, no entanto, e num futuro imediato, que o controlo de custos continue a<br />

afetar principalmente as compras de dispositivos médicos tecnológicos (Patil, 2012) e os medicamentos<br />

inovadores mais caros.<br />

Adicionalmente, o controlo de custos tem acelerado novas formas de organização de prestação e<br />

financiamento dos cuidados de saúde, nomeadamente as ACO e os IDN (rede integrada de serviços),<br />

aumentado o poder dos grupos de compras coletivas. Estas tendências tendem a diminuir as margens dos<br />

produtores e distribuidores afetando, em particular, as empresas mais pequenas e com menor poder de<br />

mercado.<br />

9 O seu peso relativo das despesas hospitalares deverá continuar a crescer, mas a um ritmo lento até 2014. Estima-se que o<br />

crescimento da despesa hospitalar volte a crescer uma taxa de crescimento superior a 6% a partir de 2014 (CDC, US Department of<br />

Health & Human Services, online).<br />

15


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.2.3 | Regulação dos produtos de saúde<br />

A indústria tem um ambiente favorável ao desenvolvimento, produção e comercialização dos produtos Os<br />

aspetos fortes incluem a proteção eficiente de patentes e um sistema de regulação considerado como um<br />

dos mais avançados do mundo (US Department of Commerce, 2010). O organismo responsável pelo<br />

processo de aprovação e vigilância dos produtos de saúde é a Food and Drug Administration (FDA). A FDA<br />

é a agência reguladora mais influente do mundo (com forte poder na configuração das indústrias e do<br />

comércio internacional (Carpenter, 2010).<br />

O site da FDA dá informação detalhada sobre diferentes aspetos da regulação nos produtos de saúde.<br />

Recomenda-se a sua consulta em:<br />

http://www.fda.gov/ [último acesso: junho 2012]<br />

Dada a complexidade e especificidade, a regulação de cada indústria e produto(s) é apresentada em<br />

separado nas seções correspondentes.<br />

Importante<br />

Antes de entrar no mercado as empresas devem verificar se estão preparadas para lidar com um ambiente regulatório<br />

tão complexo e dispendioso.<br />

3.8.2.4 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico<br />

O sistema de saúde americano regista dos melhores resultados de saúde dos países desenvolvidos,<br />

excetuando os menos bons resultados em termos de mortalidade infantil. O padrão de saúde dos<br />

americanos é, à semelhança dos países desenvolvidos, marcado pela prevalência de doenças<br />

cardiovasculares, neoplasias e problemas respiratórios. A prevalência de doenças neuro-degenerativas<br />

associadas ao envelhecimento, como sejam o Alzheimer e o Parkinson, está a aumentar. De notar,<br />

igualmente, a elevada proporção de problemas associados ao excesso de peso e obesidade. A redução da<br />

taxa de mortalidade associada à maioria destas doenças coincide com as despesas elevadas de saúde,<br />

conforme notado anteriormente, e a prevalência de elevadas taxas de morbilidade. O Quadro 3.8.12<br />

apresenta a evolução dos principais indicadores de saúde dos <strong>EUA</strong>.<br />

16


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.12 | Evolução dos indicadores de saúde dos <strong>EUA</strong><br />

Indicadores de saúde 2005 2006 2007 2008 2009<br />

Taxa de mortalidade infantil 6,87 6,69 6,75 6,61 6,42<br />

Taxa de mortalidade - Todas as causas 825,9 810,4 803,6 813,0 794,5<br />

Taxa de mortalidade – Acidentes 39,7 40,6 41,0 40,1 38,5<br />

Taxa de mortalidade - Drogas/Intoxicação medicamentosa 11,3 12,8 12,7 12,4 12,2<br />

Taxa de mortalidade - Doenças Cerebrovasculares 48,4 45,8 45,1 44,1 42,0<br />

Taxa de mortalidade - Doenças respiratórias crónicas 44,2 41,6 42,4 46,4 44,8<br />

Taxa de mortalidade - Doenças do coração 220,0 211,0 204,3 202,9 195,0<br />

Taxa de mortalidade - neoplasias malignas 188,7 187,0 186,6 186,0 185,0<br />

Taxa de mortalidade – Alzheimer 24,2 24,2 24,7 27,1 25,8<br />

Taxa de mortalidade – Parkinson 6,6 6,5 6,7 6,7 6,7<br />

Taxa de mortalidade - Gripe e pneumonia 21,3 18,8 17,5 18,5 17,5<br />

Esperança de vida à nascença (anos) 77,4 77,7 77,9 78,1 78,2<br />

Esperança de vida aos 65 anos (anos) 18,2 18,5 18,6 18,8 19,2<br />

Fonte: National Center for Health Statistics, online 10 ; World Bank, online 11 .<br />

O crescimento do mercado de saúde é fortemente influenciado pela alteração na estrutura demográfica e<br />

pelo quadro epidemiológico. A evolução da demografia e as características epidemiológicas da população<br />

definem as principais oportunidades para o setor da saúde. A população de idosos (pessoas com 65 anos e<br />

acima) é de aproximadamente 40 milhões (valores relativos a 2010), representando cerca de 13% da<br />

população do país. Estimativas do governo federal indicam que a população idosa será de 72 milhões em<br />

2030 e aproximadamente 89 milhões em 2050 (Vincent & Velkof, 2010). A população com mais de 80 anos<br />

mais do que duplicará entre 2030 e 2050 (de 3,4 milhões para 8,7 milhões). O grupo populacional de<br />

maiores de 65 anos é responsável por cerca de um terço do consumo de cuidados de saúde (CMS 2012,<br />

online) 12 .<br />

10 Consultar: http://www.cdc.gov/nchs/ [último acesso: junho 2012]<br />

11 Consultar: http://data.worldbank.org/country/united-states [último acesso: junho 2012]<br />

12 https://www.cms.gov/Research-Statistics-Data-and-Systems/Statistics-Trends-and-Reports/NationalHealthExpendData/NHE-Fact-<br />

Sheet.html [último acesso: junho 2012]<br />

17


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.2.5 | Qualidade e custos da mão-de-obra<br />

i | Mão-de-obra<br />

O mercado de trabalho nos <strong>EUA</strong> é muito dinâmico, competitivo e com elevada mobilidade. A<br />

produtividade é elevada, apesar de estar em declínio. O número de profissionais qualificados é elevado,<br />

em particular na área das ciências da saúde. Refira-se, por fim, que a produtividade e os salários na<br />

indústria dos produtos de saúde e na I&D são acima da média.<br />

Características detalhadas sobre o mercado de trabalho encontram-se no site do Bureau of Labour Statistics, podendo<br />

ser acedido em:<br />

<br />

http://www.bls.gov/cps/lfcharacteristics.htm<br />

Dados sobre a formação científica da força de trabalho podem ser encontrados em:<br />

<br />

http://www.nsf.gov/statistics/seind10/appendix.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Direitos do trabalho<br />

O National Labor Relation Act é o principal documento normativo a regular a relação de trabalho. Nas<br />

áreas de saúde e segurança dos trabalhadores, alguns estados adotaram medidas mais restritas do que as<br />

tomadas ao nível federal. A maioria das relações laborais não é regulada por nenhum contrato escrito. Em<br />

consequência, qualquer das partes pode acabar a relação sem necessitar de fundamentar os motivos. O<br />

empregador tem apenas de comunicar ao trabalhador o fim do vínculo laboral com 60 dias. Ainda assim,<br />

estão isentas desta obrigação empresas com menos de 100 trabalhadores, empresas com dificuldades<br />

financeiras ou que se encontrem encerradas por circunstâncias não planeadas. A exceção são os contratos<br />

coletivos com os sindicatos, acordos com alguns trabalhadores e alguns casos para lidar com discriminação<br />

(Deloitte, 2011).<br />

Independentemente da filiação sindical, a maioria dos trabalhadores está coberta pela Fair Labour<br />

Standard que regula o salário mínimo, trabalho infantil, igualdade de pagamento entre sexos. A lei da<br />

Igualdade de Oportunidade aplica-se à contratação, despedimento, promoção e salários.<br />

O horário normal de trabalho é de 40 horas semanais. O trabalho extraordinário é pago com 50% do valor<br />

adicional, com exceção de alguns trabalhadores de cargos executivos e de salários elevados (Deloitte,<br />

2011).<br />

Pensões e segurança social<br />

A contribuição para o sistema de segurança social (Federal Old Age, Survivors and Disability Insurance -<br />

OASDI) é atualmente de 12,4%, repartida igual percentagem entre os trabalhadores e as empresas. Em<br />

geral, as empresas contribuem para planos de pensão complementares. A contribuição para a Medicare<br />

está definida em 2,9% sobre todos os rendimentos de trabalho. O pagamento é repartido em partes iguais<br />

entre os trabalhadores e as empresas.<br />

A contribuição para o fundo federal de desemprego é atualmente de 6,2% incidindo sobre os primeiros<br />

18


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

US$7 mil recebidos pelo trabalhador. O pagamento é da responsabilidade da entidade empregadora. As<br />

entidades podem reclamar um crédito de 5,4%, se forem cumpridoras atempadas do compromisso. A<br />

contribuição estadual varia.<br />

3.8.2.6 | Qualidade das infraestruturas<br />

i | Infraestruturas gerais<br />

Apesar de muita discussão recente sobre o desinvestimento e sobre o estado das infraestruturas (US<br />

Treasury, 2012), os <strong>EUA</strong> têm, em geral, muito boas infraestruturas viárias, portuárias e aeroportuárias. A<br />

rede viária liga todos os 50 estados e 90% das cidades são servidas por vias rápidas. Existem mais de<br />

15,000 aeródromos, 5,174 aeroportos com pistas pavimentadas e 604 aeroportos comerciais. Os principais<br />

aeroportos dispõem de capacidade de processamento rápido de cargas. O sistema portuário consiste em<br />

326 portos. Los Angeles, Long Beach, New York-New Jersey, Savanah, e Houston destacam-se como<br />

grandes centros portuários (US Department of Transportation, 2011)<br />

O sistema de comboios é privado e tem cerca de 240,000 km de linha. O país tem uma das mais modernas<br />

redes de telecomunicações fixas e móveis do mundo. De acordo com o inquérito realizado pela Federal<br />

Comission Comunication (FCC) (Horrigan, 2010), 86% dos americanos usa telefone móvel. A tecnologia de<br />

banda-larga por fibra-ótica está generalizada. De acordo com o inquérito da FCC (Horrigan,2010), 78% dos<br />

americanos usam internet e 67% têm banda larga. A velocidade da banda larga é razoável, mas inferior à<br />

da generalidade dos países europeus (PwC, 2011).<br />

ii | Infraestruturas de saúde<br />

O mercado dos cuidados de saúde é maioritariamente privado. Em 2010, existiam cerca de 5.700<br />

hospitais, 25.00 clínicas e 17.000 lares (Swedish Trade Export, 2011). Os cuidados de saúde nos <strong>EUA</strong> são<br />

dos mais sofisticados do mundo. Existem muitas instituições de saúde especializadas e tecnologicamente<br />

avançadas e vários hospitais de referência mundial. A adoção de inovações nos hospitais americanos tende<br />

a ser muito rápida (Skinner & Staiger, 2009).<br />

19


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.2.7 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual<br />

i | Capacidade para Inovar<br />

Os <strong>EUA</strong> são um dos países com maiores gastos em I&D, ascendendo em termos de percentagem da riqueza<br />

nacional a 2.67% do PIB (PwC, 2011). As empresas farmacêuticas e das ciências da vida têm o maior nível<br />

de investimento (Ross et al., 2011). Para além do investimento privado, os gastos do setor público em I&D<br />

são expressivos. O National Institute of Health é o principal financiador da investigação básica nas áreas<br />

das ciências da saúde.<br />

O país tem um sistema de ensino eficiente, com 152 universidades entre as 500 melhores universidades do<br />

mundo e uma grande capacidade de reter indivíduos qualificados (PwC, 2011). Nas Ciências da Vida, 11<br />

universidades americanas estão entre as 12 mais reputadas do mundo (Ross et al., 2011). As universidades<br />

americanas têm o maior volume de investigação científica e graus académicos atribuídos nas áreas das<br />

ciências e da engenharia 13 .<br />

O investimento em educação e I&D tem contrapartida no número de patentes. O país tem o maior número<br />

de patentes do mundo (WIPO, 2011). Como esperado, o maior número de patentes registadas nos <strong>EUA</strong> tem<br />

origem no próprio país (WIPO, 2011; US PTO, 2011).<br />

ii | Proteção à propriedade intelectual<br />

Os <strong>EUA</strong> têm um sistema de proteção da propriedade intelectual muito desenvolvido (Deloitte, 2011).<br />

Destacam-se as patentes, os direitos de autor, marcas e segredos comerciais.<br />

Importante<br />

Antes de exportar ou instalar-se nos <strong>EUA</strong> uma empresa deve verificar se a marca, o slogan (etc…) já estão registados<br />

nos <strong>EUA</strong> para evitar infringir a lei. Em seguida, deve registar o mais rapidamente possível a(s) sua(s) patente(s),<br />

marca(s), ou slogan(s).<br />

Patentes<br />

O US Patent and Trademark Office (US PTO) é a Agência Federal responsável pela proteção de patentes e<br />

de marcas. A Patent Law (Lei de Patentes) de 1930 e as sucessivas adendas são as peças legislativas mais<br />

relevantes. O âmbito de aplicação da Lei de Patentes é federal.<br />

A Lei de Patentes não distingue a nacionalidade do proprietário. A International Trade Commission<br />

(Comissão do Comércio Internacional) é responsável pela investigação das denúncias de infração às<br />

patentes no comércio internacional. O direito de patente é atribuído por 20 anos. Nesse período, o<br />

proprietário tem o direito a excluir outros de produzir, usar, vender e oferecer tecnologia ou invenção<br />

patenteada. Tem também o direito de licenciar qualquer um destes direitos a terceiros. No caso do<br />

13 Para detalhe dos dados em I&D e patentes ver: http://www.nsf.gov/statistics/seind10/appendix.htm [último acesso: junho 2012]<br />

20


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

mercado dos medicamentos, as empresas de marca podem solicitar até cinco anos adicionais de proteção<br />

para compensar o tempo referente ao processo de aprovação da FDA.<br />

A atribuição de uma licença pode ter de contemplar questões relacionadas com a propriedade das<br />

invenções relacionadas. Se nada for dito em contrário, a propriedade das inovações é do licenciante. A lei<br />

pode obrigar os trabalhadores a atribuírem a licença ao empregador (Deloitte, 2011).<br />

Informações detalhadas sobre a lei em vigor pode ser consultada no site da USPO em:<br />

<br />

http://www.uspto.gov/patents/law/index.jsp<br />

O America Invents Act (AIA), aprovado em 2011 afetará o sistema de patentes a partir de Março de 2013 14 . Informação<br />

sobre a implementação da nova lei pode ser encontrada no site da USPO em:<br />

<br />

http://www.uspto.gov/aia_implementation/index.jsp<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Direitos de autor<br />

As questões de direitos de autor estão reguladas no Copyright Act de 1976 e adendas. Estes aspetos são<br />

particularmente relevantes para áreas como as bulas, folhetos informativos, programas de software. O<br />

autor de um original é automaticamente o dono do direito de autor. Tal como as patentes, os direitos de<br />

autor podem ser licenciados a terceiros.<br />

Marcas<br />

De acordo com o Lanhan act de 1946 as marcas para distinguir serviços ou bens podem/devem ser<br />

registadas no US PTO. O símbolo ® é proibido em marcas não registadas (podendo usar as iniciais TM).<br />

Contrariamente às patentes, as marcas não são limitadas temporalmente. No entanto, o proprietário da<br />

marca pode perder o direito a usá-la.<br />

Detalhes sobre procedimentos podem ser obtidos nos US Trademark Law Rules of Practice & Federal Statutes,<br />

disponíveis em:<br />

http://www.uspto.gov/trademarks/law/tmlaw.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

Segredos comerciais<br />

Os segredos comerciais são considerados uma forma de propriedade intelectual. De acordo com a lei, o<br />

dono de um segredo comercial tem o direito de o usar em seu favor.<br />

14 http://judiciary.house.gov/issues/issues_patentreformact2011.html [último acesso: junho 2012]<br />

21


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.2.8 | Acesso a capital e a financiamento<br />

i | Capital de risco privado<br />

Uma importante vantagem competitiva do mercado americano é a facilidade de acesso a financiamento,<br />

em particular a abundância de capital de risco. Em 2007, o total de capital de risco arrecadado pelo setor<br />

de ciências da vida nos países da OCDE foi de US$8 mil milhões, dos quais 68,3% foi absorvido por<br />

empresas americanas (OCDE, online). O capital de risco ressentiu-se, no entanto, da crise económica. De<br />

acordo com Ernst & Young (2011) o capital de risco disponível diminuiu mais de 60% entre 2007 e 2010. No<br />

setor da saúde, o capital de risco também decresceu, mas a um ritmo muito inferior. Por exemplo, na<br />

indústria de dispositivos, o capital de risco diminuiu 15% em 2011, comparativamente a 2010 (Ernst &<br />

Young, 2011).<br />

Importante<br />

Dossiês de investimento completos e bem elaborados podem facilitar a realização de contratos de financiamento com<br />

as empresas de capital de risco.<br />

ii | Capital de risco público<br />

A agência federal US Small Business Administration (SBA) disponibiliza capital de risco para “Startups<br />

tecnológicas de elevado crescimento” 15 , assim como, para empresas que se localizem em zonas de baixo<br />

desenvolvimento económico 16 .<br />

O programa PRIME facilita o acesso a capital de risco e outros apoios para microempresas. Para mais informações<br />

sobre o programa consultar no site da SBA em:<br />

http://www.sba.gov/content/prime-program [último acesso: junho 2012]<br />

15 Para mais informações consultar: http://www.sba.gov/content/venture-capital-startups-high-growth-technology-companies<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

16<br />

Para mais informações consultar: http://www.sba.gov/content/new-markets-venture-capital-companies [último acesso: junho<br />

2012]<br />

22


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.2.9 | Mercado e marketing<br />

i | Dimensão do mercado<br />

A dimensão do mercado apresenta desafios às empresas que querem exportar ou investir nos <strong>EUA</strong>. De<br />

facto, quando se fala do mercado americano, pode fazer mais sentido falar em vários mercados, dadas as<br />

especificidades e a elevada autonomia de cada Estado. As empresas que pretendam exportar ou investir<br />

nos <strong>EUA</strong>, devem reconhecer a dimensão física e económica do mercado e avaliar a sua capacidade para<br />

responder à escala do país. Em algumas áreas de negócio, em particular em subsetores da saúde onde<br />

pode ser necessário um maior contacto com os clientes, os mercados tendem a ser abordados numa<br />

perspetiva regional.<br />

A dimensão do mercado levanta várias questões. Por um lado, os custos de entrada no mercado são muito<br />

elevados, pelo que podem só ser rentáveis se a empresa entrar no mercado ao nível nacional. Por outro<br />

lado, a cobertura do mercado nacional obriga a um investimento avultado na capacidade produtiva e na<br />

distribuição.<br />

Para as indústrias do setor da saúde importa reconhecer algumas especificidades geográficas do(s) mercado(s) A ideia<br />

de clusters predomina na organização espacial da indústria.<br />

A região do Nordeste (Connecticut, Maine, Massachusetts, New Hampshire, Rhode Island e Vermont) tem as principais<br />

instituições médicas.<br />

A indústria farmacêutica concentra-se principalmente na região Middle Altlantic (Delaware, New Jersey, New York<br />

Pennsylvania e Washington DC). Existe particular concentração da indústria de dispositivos médicos nas regiões de<br />

California, Florida, New York, Pennsylvania, Michigan, Massachusetts, Illinois, Minnesota e Georgia.<br />

Os principais clusters biotecnologia encontram-se em Massachusetts, California, Pennsylvania, Maryland, North<br />

Carolina e Illinois<br />

A California é a região mais populosa. O Estado da California tem o maior número de indústrias tecnológicas e é o<br />

mais recetivo a produtos inovadores e de ponta.<br />

Fontes: US Department of Commerce, 2010; 2010a; dados primários<br />

As empresas devem, ainda, ter em conta a densidade populacional das regiões. Em alguns segmentos de<br />

mercado da saúde os potenciais compradores, são poucos e/ou estão geograficamente concentrados,<br />

enquanto em outros setores os potenciais clientes estão dispersos geograficamente e/ou são em grande<br />

quantidade.<br />

As empresas poderão enfrentar dificuldades logísticas e financeiras decorrentes da dimensão geográfica do mercado.<br />

Por exemplo, na indústria farmacêutica, a divulgação de produto por delegados de propaganda médica torna a<br />

entrada no mercado muito dispendiosa. Encontrar parceiros pode ajudar as empresas a reduzir as dificuldades.<br />

Não compreender a dimensão e a complexidade inerente ao mercado americano pode ditar o insucesso no mercado.<br />

Fonte: dados primários<br />

23


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

ii | Produto<br />

A diferenciação do produto é um fator crítico para o sucesso no mercado americano (UK Trade &<br />

Investment, 2010). Em particular no caso dos produtos de saúde humana, a inovação é o fator de<br />

diferenciação mais relevante. A evidência da segurança, eficácia e de custo-efetividade dos produtos<br />

(Lavoise 2012) é também extremamente importante porque condiciona o reembolso dos produtos.<br />

De acordo com Lavoise (2012) a qualidade do produto é o atributo mais valorado pelos hospitais na sua<br />

relação com as empresas de dispositivos médicos. Outros fatores, tais como, a durabilidade do produto, a<br />

redução dos procedimentos e da duração, facilidade de instalação e uso, assistência pós-venda (Mjardsjo<br />

& Associates, LLC, 2008, UK Trade & Investment, 2010) e o design (MedTech, 2011), são importantes para<br />

o sucesso dos produtos de saúde no mercado americano. Existe forte disponibilidade para pagar por<br />

dispositivos que previnam infeções e reduzam os riscos dos procedimentos médicos (Lavoise, 2012).<br />

Não há maneira do produtor isolar totalmente o risco de um processo de responsabilidade civil, por<br />

problemas com os produtos. Os seguros devem ser vistos apenas como parte da solução, pelo que devem<br />

ser feitos esforços para diminuir o risco de defeitos e litígios. Uma atenção especial deve ser dada à<br />

certificação dos produtos e às práticas de controlo de qualidade. Os procedimentos devem ser<br />

documentados cuidadosamente.<br />

Adicionalmente, os manuais de uso e de instruções devem ser claros, compatíveis com as normas do<br />

mercado e regularmente revistos. Os rótulos e os avisos devem ser regularmente revistos numa perspetiva<br />

jurídica e técnica. As etiquetas devem ser visíveis, duráveis e contemplar os possíveis riscos dos produtos.<br />

Contratos frequentes com os distribuidores e com os consumidores podem, igualmente, reduzir os riscos<br />

para as empresas. Em particular, os produtores e/ou importadores devem ser sensíveis às reclamações<br />

para evitar o recurso ao sistema judicial e à possibilidade de danos punitivos. Deve notar-se, no entanto,<br />

que de acordo com a lei federal, nenhuma parte pode eximir-se de total culpa em caso de má-conduta ou<br />

negligência grosseira (OSEC, 2009).<br />

Importante<br />

Antes de entrar no mercado é fundamental testar o desempenho e a aceitação do produto. Ensaios clínicos e<br />

relatórios científicos podem contribuir para a aceitação do produto.<br />

Serviços de pós-venda e apoio ao consumidor. Os hospitais e os consumidores procuram mais do que o<br />

produto. Em geral, os clientes e consumidores americanos têm a expectativa de um serviço de elevada<br />

qualidade (UK Trade & Investment, 2010). As empresas devem planear cuidadosamente os seus serviços<br />

pós-venda (Mjardsjo & Associates LLC, 2008).<br />

As empresas que operem nos <strong>EUA</strong> devem, ainda, procurar dispor de um sistema de contacto eficiente adaptado aos<br />

diferentes fusos horários dos estados onde operarem.<br />

24


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

iii | Preço<br />

O preço é um fator importante no mercado americano (UK Trade & Investment, 2010), dada a presença de<br />

grandes seguradoras, das organizações de compra de grupo (GPOs – ver ponto v) e, em alguns produtos, a<br />

forte concorrência externa baseada em preços baixos. Espera-se uma elevada elasticidade preço da<br />

procura, o que combinado com a dimensão do mercado, faz com que o preço seja uma variável<br />

estratégica importante.<br />

A dimensão do canal de distribuição deve ser previamente analisada. Cada nível de distribuição é, em<br />

geral, renumerado com uma percentagem do preço original do produto, o que aumenta o preço final. Na<br />

prática, isto significa que uma cadeia de distribuição com intervenientes a vários níveis poderá eliminar<br />

vantagens de preço iniciais.<br />

iv | Promoção<br />

Tal como produtos de outros setores os produtos de saúde devem ter uma promoção cuidadosa. Por<br />

exemplo, deverá ser construída uma imagem de marca forte clara. Todas as formas de contacto devem ser<br />

trabalhadas. O site da empresa e a informação contida no mesmo pode ser um instrumento relevante para<br />

comunicar a oferta. A empresa deverá mostrar evidência sólida da qualidade do produto. Além disso, é<br />

necessário avaliar soluções para a infraestrutura de vendas (distribuidores, alianças estratégicas, ou<br />

filiais) que podem melhor atender as necessidades de distribuidores e clientes exigentes.<br />

Citações científicas<br />

No mercado da saúde dos Estados Unidos, as estratégias de marketing, incluindo divulgação de citações<br />

científicas e a presença em congressos científicos, são relevantes (Mjardsjo & Associates, LLC, 2008;<br />

Medtech, 2011). A existência de disponibilidade de informação e de dados sobre os produtos de saúde, é<br />

um dos principais determinantes da decisão de compra dos hospitais (Lavoise, 2012).<br />

Participação em feiras e conferências<br />

O mercado dos <strong>EUA</strong>, em grande parte, gira em torno de redes (UK Trade & Investment, 2010). Neste setor,<br />

as redes estabelecidas com a comunidade científica e médica, podem ser muito relevantes para o sucesso<br />

no mercado (dados primários). O reconhecimento da comunidade científica e médica é crucial para a<br />

adoção dos produtos. Os médicos e outros profissionais de saúde são ainda decisores importantes das<br />

compras dos produtos de saúde nas instituições (embora se encontrem a perder poder).<br />

Estilos empresariais passivos não costumam resultar no mercado americano, devendo as empresas adotar<br />

uma postura proactiva (UK Trade & Investment, 2010). O exportador/investidor deve, por exemplo,<br />

desenvolver relacionamentos. Saliente-se, ainda, a relevância da participação em eventos do setor (e.g.,<br />

feiras, conferências de associações profissionais) como determinantes de abordagem ao mercado.<br />

25


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Os congressos são, em geral, divulgados nos diferentes sites das associações profissionais. Existem também sites com<br />

informações sobre as maiores feiras, como por exemplo:<br />

<br />

<br />

http://www.tsnn.com/datasite<br />

http://www.biztradeshows.com/<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Assim, empresas devem, comunicar com os vários públicos/stakeholders intervenientes no mercado. O<br />

contacto com líderes das comunidades científicas e médica é muito importante pelo que a participação<br />

em congressos de profissionais é adequada para a promoção de serviços e produtos. A principal plataforma<br />

de acesso à comunidade médica é a American Medical Association.<br />

Por outro lado, se a empresa está interessada em encontrar distribuidores, contratos de transferência de<br />

licença ou subcontratação, a participação em feiras do(s) setor(es) é um importante instrumento de<br />

marketing.<br />

v | Compras dos produtos de saúde<br />

Compras em grupo<br />

Há duas principais formas de compras pelos fornecedores de cuidados de saúde: (i) compras diretas, (ii)<br />

compras de grupo. Os departamentos de compras dos hospitais, com a participação do comité de<br />

avaliação, decidem os produtos a comprar. Os médicos e os enfermeiros podem fazer pedidos diretamente<br />

ao comité (Swedish Trade Export, 2011).<br />

O modelo mais comum é as instituições prestadoras de cuidados de saúde recorrerem às GPOs (Miller,<br />

2008). As GPOs negoceiam contratos com os fornecedores em nome das instituições de saúde. Incluem,<br />

além de hospitais, clínicas, lares e agências de saúde. De acordo com a Health Industry Group Purchasing<br />

Association (HIGPA), 96%-98% dos hospitais recorre a GPOs. Estima-se que em 2009 cerca de 73% das<br />

compras hospitalares (excluindo mão de obra) foram realizadas através de GPOs (Schneller, 2009)<br />

Os responsáveis pelos hospitais reforçam a relação com as GPOs mesmo para produtos tecnologicamente<br />

avançados. Ao mesmo tempo, o papel dos médicos nas decisões de compra está a diminuir (Lavoise, 2012).<br />

Existe um aceso debate e vários estudos, sobre o papel das GPOs no mercado, nomeadamente na pressão<br />

sobre os custos e no reforço do grau de concentração.<br />

Usar a experiência de um parceiro local com GPOs pode ser uma forma facilitadora e eficaz de entrar no mercado.<br />

As etapas e procedimentos para vender às GPOs variam de acordo com as organizações. As empresas<br />

devem contatar diretamente as empresas relevantes (Quadro 3.8.13)<br />

26


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.13 | Organizações de compras em grupo<br />

Nome da empresa | site<br />

Amerinet<br />

http://www.amerinet-gpo.com<br />

The Broadlane Group<br />

http://www.broadlane.com/<br />

Child Health Corporation of America<br />

http://www.chca.com/<br />

GNYHA Services Inc.<br />

http://www.gnyhaservices.com/<br />

Health Trust Purchasing Group<br />

http://www.healthtrustcorp.com/<br />

HPS<br />

http://www.hpsnet.com<br />

Innovatix<br />

http://www.innovatix.com/<br />

Nome da empresa | site<br />

MedAssets<br />

http://www.medassets.com<br />

Medbuy Corporation<br />

http://www.medbuy.ca/<br />

Novation<br />

http://www.novationco.com/<br />

Permier<br />

http://www.premierinc.com/<br />

PRIME<br />

http://www.pr1me.org/<br />

Novation<br />

http://www.novationco.com/<br />

Yankee Alliance<br />

http://www.yankeealliance.com<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Compras públicas<br />

Os regulamentos das compras governamentais dos <strong>EUA</strong> estão consolidados em dois documentos principais:<br />

a Federal Acquisitions Regulation e o Buy American Act de 1933. O Buy American Act de 1933 determina<br />

que os produtos comprados pelo Governo Federal devem ser de origem nacional, exceto quando não sejam<br />

produzidos internamente em quantidades suficientes e qualidade satisfatória, ou quando a compra no<br />

mercado doméstico seja considerada incompatível com o interesse público ou pouco razoável em termos<br />

de custos. A margem razoável é, normalmente, entre 6% para grandes empresas e 12% para pequenas<br />

empresas. No caso de compras efetuadas pelo Departamento de Defesa, essa diferença pode chegar aos<br />

50% (Health Industry Group Purchasing Association, 2011; Luckey, 2009).<br />

Para poderem participar em compras públicas as empresas devem registar-se em:<br />

https://www.fbo.gov/<br />

https://www.bpn.gov/ccr<br />

Para obter informação sobre oportunidade de negócios com o governo, consultar em:<br />

<br />

http://FedBizOpps.Gov<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

27


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

vi | Complexidade legal<br />

Um dos principais aspetos a ter em conta com a internacionalização para os <strong>EUA</strong> é a compreensão do seu<br />

sistema legal. Vários aspetos do sistema jurídico são únicos e, por vezes, difíceis para um investidor<br />

externo conhecer e avaliar.<br />

Litígio<br />

O litígio é frequente, em particular, em áreas da saúde, e representa um custo importante para as<br />

empresas. O acesso à justiça é fácil, graças às oportunidades que existem para a recolha de provas e ao<br />

princípio ‘no win no fee’, mas em muitos aspetos relevantes para o negócio não existe lei federal<br />

multiplicando-se os normativos jurídicos por estados. Não há base legal para restringir o tamanho das<br />

indemnizações concedidas e estas tendem a ser avultadas. Os danos são muitas vezes referidos como<br />

danos punitivos.<br />

As questões mais relevantes para um empresário referem-se normalmente ao contencioso empresarial com<br />

parceiros (quebra de contrato, falta de pagamentos, violação da propriedade intelectual) e litigação por<br />

responsabilidade do produto. A litigação com base na responsabilidade por produto é muito mais comum<br />

nos <strong>EUA</strong> do que na Europa. Os aspetos legais da responsabilidade civil (product liability) provocam, em<br />

geral, grande preocupação aos exportadores e investidores (Eurochambres e US Chamber of Commerce,<br />

2004). A legislação ao nível estatal acresce às dificuldades. Os custos legais e os sistemas de proteção<br />

sobre estes custos são elevados.<br />

Apesar do custo, aconselha-se que os empresários ponderem a subscrição de seguros de responsabilidade<br />

civil. Embora o seguro não seja obrigatório, alguns parceiros e compradores podem recusar negócios a<br />

menos que os membros da parceria obtenham o seguro (AICEP, 2012). Nas compras da Defesa, essa<br />

diferença pode chegar aos 50% (Health Industry Group Purchasing Association, 2011; Luckey 2009).<br />

Serviços de mediação e arbitragem estão disponíveis nos <strong>EUA</strong> através da American Arbitration Association, um serviço<br />

público, sem fins lucrativos que lida com uma ampla gama de disputas e revindicações. Informação adicional sobre<br />

esta associação poder ser consultada no seguinte site:<br />

http://www.adr.org/ [último acesso: junho 2012]<br />

Acordos de confidencialidade<br />

Antes de iniciar qualquer relação comercial formal com um parceiro nos <strong>EUA</strong>, as empresas devem garantir<br />

a assinatura de contrato (ou a inclusão de cláusulas) de confidencialidade (OSEC, 2009). Caso contrário, o<br />

potencial parceiro não está impedido de publicar ou de usar as informações confidenciais para seus<br />

próprios fins. Para garantir a aplicabilidade de um acordo de confidencialidade, o contrato deve ser<br />

detalhado. Dado que os danos resultantes da violação de sigilo são difíceis de provar, os acordos de<br />

confidencialidade devem especificar medidas cautelares. Adicionalmente, os acordos de confidencialidade<br />

incluem normalmente cláusulas que permitem a divulgação de informações confidenciais aos reguladores<br />

do Estado e outras instituições de direito nas circunstâncias previstas pela lei (OSEC, 2009).<br />

28


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

vii | Outros fatores relevantes de abordagem ao mercado<br />

Diplomacia económica e lobbying<br />

Há evidência do impacto positivo da diplomacia económica e lobbying, nas relações económicas nos (e<br />

com os) <strong>EUA</strong> (Gawande et al., 2006). Esta tenderá a ser mais importante em setores dominados pelas<br />

compras públicas e de bens de reputação, como é o caso dos setores em análise.<br />

Os responsáveis do setor salientaram frequentemente o papel que a diplomacia portuguesa pode ter na promoção das<br />

empresas portuguesas. No caso do mercado americano, as empresas salientaram o potencial papel que poderá ser<br />

desempenhado pela diáspora nos <strong>EUA</strong>.<br />

Fonte: dados primários<br />

É também comum as empresas terem serviços dedicados ao lobbying ou contratarem empresas de<br />

lobbying. De acordo com os dados do Center for Responsive Politics, as indústrias e serviços do setor da<br />

saúde foi o que apresentou mais gastos (Center for Responsive Politics, online 17 ) e a indústria<br />

farmacêutica foi a que mais gastou em atividades de lobbying nos <strong>EUA</strong> (entre 1998-2012).<br />

“… nós [portugueses] temos muito pudor em falar no lobbying formal. Os <strong>EUA</strong> é um mercado que sem lobby não<br />

se trabalha. Perguntam sempre quem é o nosso lobbyist. Nós não temos. (…) Portanto, [os ex-diplomatas]<br />

podiam ser um trunfo importante, porque conhecem [as pessoas e o meio].<br />

Fonte: dados primários<br />

Credibilidade<br />

Um aspeto relevante no desenvolvimento de negócios nos <strong>EUA</strong> é a credibilidade pessoal, empresarial e do<br />

país de origem do empresário. Estes são fatores chave para a entrada no mercado competitivo dos <strong>EUA</strong><br />

(dados primários).<br />

17<br />

http://www.opensecrets.org/lobby/top.php?indexType=i [último acesso: junho 2012]<br />

29


Ásia<br />

Pacífico Europa Américas<br />

CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.2 | Biotecnologia como área de destaque<br />

Os <strong>EUA</strong> são o principal mercado mundial de biotecnologia. Cerca de 75% das vendas mundiais de produtos<br />

derivados da biotecnologia são provenientes dos <strong>EUA</strong> (AICEP, 2011a). A Figura 3.8.3 apresenta os índices<br />

de custos das empresas de biotecnologia americanas e dos outros mercados maduros. O Canadá e os países<br />

europeus, com as exceções da Alemanha e da Itália, são mais competitivos em termos de custos do que os<br />

<strong>EUA</strong>. Os fatores de custo mais importantes são os custos salariais e os impostos. Os custos operacionais<br />

também diferem substancialmente entre as regiões/cidades. As cidades de Raleigh, Indianapolis e Austin<br />

têm custos substancialmente inferiores à média nacional (KPMG, 2012).<br />

Figura 3.8.3 | Custos da indústria de biotecnologia - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100)<br />

Canada<br />

93,0<br />

US<br />

França<br />

Alemanha<br />

Itália<br />

Holanda<br />

Reino Unido<br />

Austrália<br />

100,0<br />

96,1<br />

102,4<br />

101,5<br />

89,5<br />

99,3<br />

107,4<br />

Japão<br />

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0<br />

Fonte: KPMG 2012, p. 36.<br />

Índice de Custo (<strong>EUA</strong>=100)<br />

De acordo com a OCDE (2012) há cerca 6213 empresas de biotecnologia, das quais 2370 são empresas<br />

dedicadas. A maioria das empresas (76%) é de pequena ou média dimensão empregando menos de 50<br />

trabalhadores (OCDE, 2012). No total, a indústria biomédica emprega perto de 1.219 trabalhadores, com<br />

um salário médio 70% superior à média nacional (Ross et al., 2011). De acordo com a OCDE cerca 42% das<br />

patentes mundiais de biotecnologia registadas entre 2007 e 2009 são americanas (OECD, 2012). O setor é<br />

concentrado geograficamente. As áreas geográficas mais relevantes são: San Francisco Bay e New England,<br />

San Diego, New Jersey.<br />

30


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.3 | Importações de produtos de saúde<br />

Os <strong>EUA</strong> é o maior importador mundial de produtos de saúde. As importações representam cerca de 15,2%<br />

no total das importações mundiais de produtos de saúde. Em termos de subsetores, os <strong>EUA</strong> são<br />

responsáveis por 13,9% das importações mundiais de produtos farmacêuticos e por 18,7% de dispositivos<br />

médicos. Entre 2001 e 2011, as importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde mais do que duplicaram,<br />

crescendo de €32 mil milhões para €74 mil milhões (Figura 3.8.4). Os produtos farmacêuticos registaram o<br />

crescimento mais acentuado ascendendo a €50 mil milhões. As importações de dispositivos médicos<br />

correspondem aos restantes €24 mil milhões.<br />

Figura 3.8.4 | Importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde (milhares de EUR)<br />

80000000<br />

70000000<br />

60000000<br />

50000000<br />

40000000<br />

30000000<br />

20000000<br />

10000000<br />

0<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

O mercado de produtos de saúde nos <strong>EUA</strong> registou, no período em análise, taxas de crescimento muito<br />

superiores às do crescimento das importações totais dos <strong>EUA</strong> (Quadro 3.8.14). Entre 2001 e 2011, as<br />

importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde cresceram a uma taxa composta anual de 8,2% contra 2,1% das<br />

importações totais. As despesas crescentes em saúde e a maior abertura do mercado ao exterior, em<br />

particular o aumento do recurso à subcontratação internacional, ajudam a explicar esta evolução. De<br />

notar, no entanto, a desaceleração do crescimento no período 2006-2011. Neste período, a taxa de<br />

crescimento foi de 5,9% contra 10,5% no período 2001-2006.<br />

Quadro 3.8.14 | Taxa de crescimento das importações dos <strong>EUA</strong>*<br />

Produtos 2001-2011 2001-2006 2006-2011<br />

Produtos farmacêuticos 9,1% 12,1% 6,2%<br />

Dispositivos médicos 6,5% 7,7% 5,2%<br />

Produtos de saúde 8,2% 10,5% 5,9%<br />

Total das importações 2,1% 3% 1,2%<br />

Taxa de crescimento composta anual. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

31


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Em resultado deste crescimento a proporção das importações de produtos de saúde aumentou de 2,6%<br />

para 4,6% do total das importações, na última década. Os produtos farmacêuticos representam cerca de<br />

3,1% do total das importações dos <strong>EUA</strong>, enquanto os dispositivos médicos representam cerca de 1,5% do<br />

total (Figura 3.8.5).<br />

Figura 3.8.5 | Proporção das importações de produtos farmacêuticos e de dispositivos médicos no total das<br />

importações dos <strong>EUA</strong><br />

6%<br />

5%<br />

4%<br />

3%<br />

2%<br />

1%<br />

0%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Produtos farmacêuticos<br />

Dispositivos médicos<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

A Figura 3.8.6 apresenta os dez principais exportadores de produtos de saúde para o mercado americano,<br />

os quais representam cerca de 75% da quota de mercado das importações do setor. Na última década, os<br />

países que mais contribuíram para o crescimento das importações dos <strong>EUA</strong> na área de produtos de saúde<br />

foram a Irlanda (25,6%), Alemanha (12,6%), Suíça (11,5%), Israel (8,8%) e China (6,4%). Estes cinco países<br />

contribuíram em cerca de 65% para o crescimento das importações destes produtos no mercado dos <strong>EUA</strong>,<br />

no período 2001 a 2011.<br />

Entre 2001 e 2011, verificaram-se alterações significativas nas quotas do mercado de importação de alguns<br />

dos principais exportadores de produtos de saúde para os <strong>EUA</strong>. Entre os principais exportadores de<br />

produtos de saúde, Israel, Irlanda, China e Suíça registaram as mais elevadas taxas de crescimento. De<br />

salientar, ainda, os aumentos de quota que foram registados pela Irlanda (11,7% para 19,3%), Suíça (5,9%<br />

para 8,9%) e Israel (2,9% para 6,1%). No mesmo período, entre importantes exportadores, registou-se a<br />

perda de quota de mercado do Reino Unido (11,6% para 4,8%), da França (7% para 4,5%) e a do Japão<br />

(9,8% para 3,5%) (Figura 3.8.6). O Quadro 3.8.15 especifica como se comportaram as taxas de crescimento<br />

dos principais exportadores para os <strong>EUA</strong>.<br />

32


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.6 | Evolução da quota de mercado dos 10 principais exportadores para o mercado dos <strong>EUA</strong> de<br />

produtos de saúde<br />

20%<br />

18%<br />

16%<br />

14%<br />

12%<br />

10%<br />

8%<br />

6%<br />

4%<br />

2%<br />

0%<br />

Irlanda Alemanha Suíça Israel México China Reino<br />

Unido<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

2001 2011<br />

França Canadá Japão<br />

Quadro 3.8.15 | Taxa de crescimento dos 10 principais exportadores de produtos de saúde dos <strong>EUA</strong><br />

Países 2001-2006 2006-2011 2001-2011<br />

Irlanda 14,3% 13% 13,7%<br />

Alemanha 12,2% 3,2% 7,6%<br />

Suíça 7,3% 18,6% 12,8%<br />

Israel 21% 12,6% 16,7%<br />

México 9,6% 7,1% 8,4%<br />

China 11,4% 14,9% 13,1%<br />

Reino Unido 4,2% -5,7% -0,9%<br />

França 10,5% -3,3% 3,4%<br />

Canadá 15,2% -0,6% 7%<br />

Japão -4,3% -0,5% -2,4%<br />

Total 10,5% 5,9% 8,2%<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Taxa de crescimento composta anual.<br />

i | Irlanda: principal fornecedor<br />

A Irlanda é o principal fornecedor externo de produtos de saúde dos <strong>EUA</strong>, registando, em 2011, um volume<br />

de vendas de cerca de €14,3 mil milhões (€10,8 mil milhões de produtos farmacêuticos e €3,5 milhões de<br />

dispositivos médicos). Na última década a importância da Irlanda, como fornecedor, reforçou-se,<br />

registando um aumento de cerca de 7,6 p.p. na sua quota de mercado (Figura 3.8.7). Em particular, entre<br />

2001 e 2011 a proporção das exportações da Irlanda de produtos farmacêuticos para os <strong>EUA</strong> aumentou de<br />

11,7% para 21,7% e de dispositivos médicos de 11,8% para 14,3%.<br />

33


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Figura 3.8.7 | Quota de mercado da Irlanda nas importações americanas de produtos de saúde<br />

18,3%<br />

17,2%<br />

18,2%<br />

16,4%<br />

16,5%<br />

19,3%<br />

11,7%<br />

13,9% 14,1% 13,9%<br />

12,9%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

A relevância da Irlanda como país fornecedor reflete a importância das políticas governamentais para investimento<br />

estrangeiro (Rios-Morales & Brennan, 2009). Em resposta a políticas favoráveis muitas empresas americanas investiram<br />

na Irlanda, o que explica o crescimento das exportações para os <strong>EUA</strong> (Boring, 2010).<br />

ii | Alemanha<br />

A Alemanha é o segundo maior exportador de produtos de saúde para o mercado americano. As<br />

exportações de produtos de saúde da Alemanha com destino aos <strong>EUA</strong> rondavam em 2011 os €9,7 mil<br />

milhões (€6,3 mil milhões de produtos farmacêuticos e €3,4 mil milhões de dispositivos médicos). No<br />

mesmo ano, a quota de mercado da Alemanha nas importações de produtos de saúde dos <strong>EUA</strong> foi de<br />

13,2%, tendo os valores na década 2001-2011 oscilado entre os 12,1% (2010) e os 15,7% (2007) (Figura<br />

3.8.8). Ainda em 2011, as exportações alemãs de produtos farmacêuticos para os <strong>EUA</strong> registavam uma<br />

quota de mercado 12,8% e os dispositivos médicos de 14%.<br />

Figura 3.8.8 | Quota de mercado da Alemanha nas importações americanas de produtos de saúde<br />

13,9%<br />

13,3% 13,2%<br />

14,6%<br />

14,3%<br />

15,0%<br />

15,7%<br />

14,9%<br />

14,1%<br />

12,1%<br />

13,2%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

34


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

iii | Suíça e Israel<br />

As exportações de produtos de saúde da Suíça também reforçaram a sua quota nas importações dos <strong>EUA</strong>.<br />

Entre 2001 e 2011, a Suíça ganhou quota de mercado (7,3% para 10,2%) nas exportações de produtos<br />

farmacêuticos para os <strong>EUA</strong> e nos dispositivos médicos (3,6% para 6,3%). De um modo semelhante, as<br />

exportações de produtos de saúde de Israel para os <strong>EUA</strong> registam uma subida na sua quota de mercado em<br />

3,2p.p., entre 2001 e 2011 (Figura 3.8.9). Esta subida resultou do aumento do peso das exportações de<br />

Israel de produtos farmacêuticos (de 2,9% para 8,3%) para os <strong>EUA</strong>, nos últimos dez anos.<br />

Figura 3.8.9 | Quota de mercado de Israel nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde<br />

6,0% 6,1%<br />

4,5%<br />

4,1%<br />

5,0% 5,0%<br />

2,8%<br />

2,4% 2,4% 2,5%<br />

3,3%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

iv | China<br />

As exportações de produtos de saúde da China com destino aos <strong>EUA</strong> registaram um importante<br />

crescimento entre 2001 e 2011, tendo a sua quota de mercado aumentado de 3.1% para 4.9% (Figura<br />

3.8.10). As exportações dos produtos farmacêuticos registaram uma taxa de crescimento composta anual<br />

de 13,6%, a que correspondeu um aumento da quota de mercado de 1,5% para 2,3%. Os dispositivos<br />

médicos registaram uma taxa de crescimento composta anual de 12,9%, a que correspondeu um aumento<br />

da quota de mercado de 5,6% para 10,1%. A China é o quarto maior fornecedor externo de dispositivos<br />

médicos para os <strong>EUA</strong>.<br />

35


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Figura 3.8.10 | Quota de mercado da China nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde<br />

4,3%<br />

4,5%<br />

4,8% 4,9%<br />

3,1%<br />

2,7% 2,6% 2,7%<br />

3,0%<br />

3,2%<br />

3,5%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

v | Países fornecedores em declínio: Reino Unido, França e Japão<br />

As exportações de produtos de saúde do Reino Unido e da França registam perdas nas respetivas quotas no<br />

mercado dos <strong>EUA</strong> no período 2001-2011. O Reino Unido passou de fornecer 11,6% para apenas 4,8%, das<br />

importações dos <strong>EUA</strong>, enquanto as exportações da França diminuíram de 7% para 4,5% (Figura 3.8.11). Em<br />

ambos os casos a diminuição do peso das exportações foi mais marcada no caso dos produtos<br />

farmacêuticos.<br />

Figura 3.8.11 | Quota de mercado do Reino Unido e França nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde<br />

14%<br />

12%<br />

10%<br />

8%<br />

6%<br />

4%<br />

2%<br />

0%<br />

Reino Unido<br />

França<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

O Japão registou, igualmente, uma diminuição da sua quota de mercado em cerca de 6,3 p.p (Figura<br />

3.8.12). As importações dos <strong>EUA</strong> com origem no mercado nipónico perderam quota de mercado tanto nos<br />

produtos farmacêuticos (8,6% para 2,2%), como nos dispositivos médicos (11,7% para 6,2%), entre 2001 e<br />

2011.<br />

36


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.12 | Quota de mercado do Japão nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde<br />

9,8%<br />

8,4%<br />

7,7%<br />

6,9%<br />

6,3%<br />

4,8%<br />

4,3%<br />

3,9%<br />

4,2% 4,4%<br />

3,5%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

vi | <strong>Portugal</strong><br />

De acordo com os dados de comércio externo disponíveis relativos a 2011, as exportações de <strong>Portugal</strong> para<br />

os <strong>EUA</strong> ascenderam a cerca de €35,6 milhões, i.e. cerca de 4,8% das exportações portuguesas totais de<br />

produtos de saúde. O volume de exportações reparte-se entre os 35,4 milhões de Euros de produtos<br />

farmacêuticos e apenas €200 mil de dispositivos médicos.<br />

Entre 2001 e 2001, as exportações portuguesas para os <strong>EUA</strong> não acompanharam o ritmo de crescimento<br />

das importações americanas e, em geral, o aumento de abertura registado neste mercado, o que conduziu<br />

a uma progressiva perda de quota de mercado (Figura 3.8.13). Estes dados, revelam as dificuldades que as<br />

empresas portuguesas têm sentido em entrar no mercado americano.<br />

Figura 3.8.13 | Quota de mercado de <strong>Portugal</strong> nas importações dos <strong>EUA</strong> de produtos de saúde<br />

0,09%<br />

0,08%<br />

0,09%<br />

0,06%<br />

0,07%<br />

0,06%<br />

0,07%<br />

0,05%<br />

0,07%<br />

0,05% 0,05%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

37


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.3 | Decisões de entrada<br />

As empresas devem avaliar cuidadosamente o mercado americano antes da sua entrada (vantagem<br />

competitiva do seu produto, concorrentes, preços, os serviços oferecidos pela competidores, o<br />

desenvolvimento do mercado, etc.). As barreiras à entrada e as disputas legais são comuns. As empresas<br />

devem, ainda, certificar-se que estão preparadas para os custos e para um ambiente regulatório<br />

complexo. Os custos podem, ainda incluir: (i) taxas de incorporação (filling fees for incorporation); (ii)<br />

custos de consultores (em particular consultores legais); (iii) franchise taxes (somente em alguns estados);<br />

(iv) espaço de escritório; (v) seguros; (vi) salários e custos de imigração. Quanto maior o envolvimento no<br />

mercado maiores tendem a ser os custos.<br />

A maior barreira à entrada é, no entanto, a forte concentração de mercado na maioria dos segmentos da<br />

saúde. É difícil a uma empresa pequena lidar com a escala de produção, de marketing e de vendas das<br />

maiores empresas do mundo. Embora seja um dos países (áreas) desenvolvidos mais liberais, diversos<br />

entrevistados salientaram o protecionismo não tarifário dos <strong>EUA</strong>, em resultado do forte lobby da indústria.<br />

Fatores percecionados como de sucesso na entrada no mercado Americano: inovação, parcerias e nichos de<br />

mercado<br />

Os responsáveis do setor referem a falta de cooperação entre as empresas portuguesa para entrarem no mercado,<br />

nomeadamente a ausência de partilha de custos e de exploração de sinergias. Referem também a ausência de serviços<br />

consulares de receção ao investidor, que poderiam diminuir os custos de entrada no mercado.<br />

Fonte: dados primários<br />

Internacionalização no mercado americano: perceções dos empresários<br />

Fatores que mais contribuíram para a decisão de internacionalização no mercado americano:<br />

(i) Especial interesse por parte dos gestores pela internacionalização<br />

(ii) Posse de conhecimentos técnicos únicos (patentes e licenças)<br />

(iii) Posse de produtos específicos<br />

Obstáculos mais relevantes na entrada no mercado americano:<br />

(i) Forte concorrência no mercado<br />

(ii) Regulação muito restritiva<br />

(iii) Custos elevados de entrada e permanência no mercado<br />

Fonte: dados primários - questionário<br />

38


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.4 | Exportar para os <strong>EUA</strong><br />

3.8.4.1 | Entrar no mercado americano via exportação<br />

As empresas podem optar por exportar diretamente ou indiretamente para o mercado americano. As<br />

exportações diretas para os clientes constituem, normalmente, relações comerciais esporádicas e<br />

envolvem produtos tecnológicos muito avançados. É possível que ocorram assegurando um contrato com<br />

uma organização de compras coletivas.<br />

A empresa pode, ainda, optar por criar uma empresa local para distribuição, o que permite maior<br />

controlo. Em geral, as empresas optam por distribuir através de parcerias com empresas americanas e<br />

através de importadores/ distribuidores. A criação da sua própria rede de distribuição é onerosa e exige<br />

contactos e uma forte preparação sobre o mercado.<br />

A distribuição através de retalhistas, grossistas ou pela internet é pouco comum, dadas as características<br />

dos produtos. No entanto, deverá ter-se em atenção que a distribuição é um setor muito forte no país,<br />

com importantes cadeias de distribuição dispersas geograficamente. De notar, ainda, que a internet é<br />

cada vez mais um canal de distribuição, a ponderar.<br />

Na avaliação sobre qual o melhor canal de distribuição, a empresa deve ter em conta os aspetos<br />

relacionados com o número de clientes, a concentração de mercado, o preço e as características do<br />

produto. A empresa deve, ainda, considerar a sua capacidade de financiamento e a necessidade de<br />

controlar a distribuição dos produtos.<br />

i | Relações com os distribuidores<br />

A relação com distribuidores deve ser próxima, monitorizada e definida por um contrato. A<br />

correspondência deve ser em Inglês. O conteúdo deve ser fácil de entender e apresentar todas as<br />

informações e aspetos relevantes do negócio de forma clara. Para conseguir um importador local é, em<br />

geral, necessário apresentar material com bom inglês, grafismo atraente e os preços em dólares<br />

americanos.<br />

Importante<br />

Se o empresário não domina o inglês deve ponderar a contratação de tradutores nos contactos que estabelecer com<br />

o mercado.<br />

De notar que o papel padrão americano varia do A4. Documentos e manuais em A4 não conseguirão ser fotocopiados<br />

com qualidade.<br />

As empresas devem contratar distribuidores e parceiros com conhecimentos no (s) mercado (s).<br />

Adicionalmente, devem definir claramente os aspetos relacionados com o controlo do processo de<br />

regulação.<br />

39


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Onde encontrar compradores e distribuidores?<br />

É possível identificar clientes e distribuidores online. Existem igualmente bases de dados com contactos disponíveis,<br />

normalmente com um custo de acesso. São exemplos:<br />

<br />

<br />

http://www.definitivedatabase.com<br />

http://www.warrenbyrd.net/mainpage/<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

A formalização do negócio deve ser feita sempre por contrato, por questões legais e por precaução. De<br />

acordo com o United States Uniform Commercial Code a venda de bens com valor superior a US$ 5 mil<br />

deve estar sustentada em contrato comercial escrito e válido. Aconselha-se o uso de linguagem de<br />

comércio internacional consolidada no Incoterms 2000 (Wise, 2009).<br />

As empresas devem ter presente que a lei de contratos é estadual (OSEC, 2009). Em muitos estados,<br />

vigoram os chamados Commission Protection Acts - leis que regulam o relacionamento entre o fabricante<br />

e o representante local.<br />

Os aspetos a ter em conta são comuns a outros mercados maduros, mas podem ser particularmente<br />

pertinentes no mercado americano, devido à dimensão do país e à maior frequência de problemas de<br />

responsabilidade civil. Os contratos devem ter clara definição de responsabilidades entre os produtores e<br />

os distribuidores. Alguns pontos merecem particular atenção: (i) determinação da jurisdição estadual; (ii)<br />

descrição adequada dos produtos e serviços cobertos pelo acordo; (iii) definição dos direitos relativos a<br />

inovações incrementais; (iv) definição do poder sobre o processo regulatório; (v) estabelecimento da<br />

responsabilidade e processos para procedimentos de recall; (vi) Determinação da exclusividade das vendas<br />

ou compras; (vii) Especificação da possibilidade de subcontratação ou transferência do acordo; (viii)<br />

Especificação do período de vigência dos contratos; (ix) Especificação dos cuidados a ter com os produtos,<br />

o stock mínimo, a publicidade, e a rescisão do contrato.<br />

Importante<br />

As empresas devem reconhecer a complexidade do sistema judicial americano e ponderar recorrer a serviços legais<br />

(se necessário). As empresas devem, ainda, ter em conta as restrições impostas pela lei anti trust americana, na<br />

elaboração do contrato com os distribuidores (Wise, 2009).<br />

40


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.4.2 | Legislação<br />

A legislação de importação para os <strong>EUA</strong> é complexa. O potencial exportador deve tentar conhecer a<br />

legislação antes de entrar no mercado. Os documentos legislativos básicos são: Tariff Act de 1930; Trade<br />

Act de 1976; Trade Agreement Act de 1979; Omnibus Trade Bill de 1988; Trade Act de 2002; Homeland<br />

Security Act de 2002; Maritime Transportation Security Act 2002 18 ; Container Security Initiative 2002 19 ;<br />

Customs Modernization and Informed Compliance Act 1993 20 .<br />

Informed Compliance e Reasonable Care<br />

O Customs Modernization and Informed Compliance Act (1993), define dois princípios relativos às importações de<br />

bens: Informed compliance e Reasonable Care. O Informed Compliance define uma política de transparência que se<br />

traduz na obrigatoriedade dos serviços de fornecerem informação detalhada, em linguagem simples, aos interessados<br />

relativamente aos procedimentos normas e regulamentos de importação. Impõe como responsabilidade aos<br />

importadores exercerem Reasonable Care (cuidado razoável) em todo o processo de importação, o que significa que<br />

se espera que ajam com razoabilidade e com conhecimento dos factos e das suas obrigações legais.<br />

3.8.4.3 | Serviços de importação<br />

A estrutura dos serviços de importações dos <strong>EUA</strong> envolve os serviços da alfândega (Customs and Border<br />

Protection, CBP) com sede em Washington, DC, o National Commodity Specialist Division (NCSD) e os<br />

portos do país. Os serviços têm uma hierarquia de funcionários que importa ao exportador distinguir. O<br />

ponto de contacto mais frequente é o Especialista, que é o responsável pelo controlo das mercadorias<br />

importadas pelos <strong>EUA</strong>. Apenas uma parte das mercadorias são controladas. Os Agentes Especiais são<br />

agentes que não estão envolvidos na rotina da alfândega e que apenas agem quando há suspeita de<br />

violação da legislação.<br />

Para informações sobre os portos aceder à página oficial em:<br />

<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/toolbox/ports/ [último acesso: junho2012]<br />

3.8.4.4 | Identificação de mercadorias<br />

A identificação do país de origem deve ser legível e esclarecedora. Não é aceitável, por exemplo, a<br />

utilização da expressão Made in EU (AICEP, 2012a). A marca de identificação de origem deve ser: legível,<br />

indelével, permanente e fácil de encontrar. A identificação deve ser escrita em Inglês (para mais detalhes<br />

recomenda-se a leitura do documento orientador do CBP (2001). A entrada de mercadoria nos <strong>EUA</strong> requer<br />

a correta identificação do produto e do país de origem. Os produtos de saúde, regulados pela FDA, têm<br />

adicionalmente de cumprir os requisitos impostos para poderem entrar no mercado.<br />

18 http://www.tsa.gov/assets/pdf/MTSA.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

19 http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/cargo_security/csi/ [último acesso: junho 2012]<br />

20<br />

http://www.govtrack.us/congress/bills/102/s2880 [último acesso: junho 2012]<br />

41


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.4.5 | Classificação dos produtos<br />

Para classificar os produtos, o exportador deve estar familiarizado com as regras gerais de interpretação<br />

(general rules of interpretation) do HTSUS. A responsabilidade pela codificação é do exportador e os erros<br />

estão sujeitos a penalizações elevadas (UK Trade & Investiment, 2010).<br />

As empresas que desejem exportar para os <strong>EUA</strong> podem solicitar à alfândega aduaneira a classificação<br />

prévia da mercadoria. Para tal, devem enviar amostras e descrição detalhada da mercadoria para os<br />

serviços da alfândega 21 . Podem ainda fazê-lo via correio eletrónico (ver requisitos no site da Alfândega) 22<br />

ou contacto telefónico (AICEP <strong>Global</strong>, 2012) 23 .<br />

3.8.4.6 | Sistema pautal<br />

O sistema pautal dos <strong>EUA</strong> é baseado na tabela aduaneira intitulada Harmonized Tariff Shedule of United<br />

States (HTSUS). É um sistema simples, beneficiando a maioria dos parceiros dos benefícios da NRI- Normal<br />

Trade Relations. Os produtos farmacêuticos estão listados no capítulo 30. Os dispositivos médicos no<br />

capítulo 90 (USITC, 2012).<br />

Os documentos podem ser consultados no site da US International Trade Commision em:<br />

http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/1210c30.pdf [Capítulo 30]<br />

http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/0910c90.pdf [Capítulo 90]<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

A HTSUS prevê três tipos de tarifas: (i) ad valorem (percentagem do valor total da mercadoria); (ii)<br />

específica (importância cobrada por unidade de peso ou outra quantidade); (iii) mista (uma combinação<br />

das duas tarifas anteriores). A taxa média de imposto nos <strong>EUA</strong> ao abrigo da NRI- Normal Trade Relations é<br />

aproximadamente de 3,5% (2,1 % ponderado) (OMC, online dados de 2012) 24 .<br />

21 http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/legal/rulings/ruling_letters.xml [último acesso: junho 2012]<br />

22<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/legal/rulings/eRulingRequirements.xml [último acesso: junho 2012]<br />

23<br />

O contacto é +44 (0) 1702 366 077 das 08.30-17.00<br />

24 Aceder em http://stat.wto.org/TariffProfile/WSDBTariffPFView.aspx?Language=E&Country=US [último acesso: junho 2012]<br />

42


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.4.7 | Outros impostos e taxas<br />

Além dos direitos aduaneiros, as mercadorias importadas para os <strong>EUA</strong> estão sujeitas a:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Imposto sobre produtos industrializados (excise tax) – imposto indireto aplicado sobre a<br />

produção, venda e/ou consumo de determinando tipo de produtos (não recai sobre produtos<br />

farmacêuticos e dispositivos médicos);<br />

Imposto sobre vendas) (sales taxes) - imposto estadual sobre as vendas com incidência legal<br />

sobre o consumidor no ato de compra;<br />

Taxa de manutenção dos portos (se entrada por via marítima) - 0,125% do valor da mercadoria;<br />

Taxa de processamento das mercadorias - 0,364% sobre o valor da mercadoria, com valores<br />

mínimos e máximos fixados pelas Alfândegas (CBP, online) 25 .<br />

Em casos excecionais as mercadorias podem estar sujeitas a direitos anti-dumping e/ou a direitos<br />

compensatórios.<br />

A United States Internacional Trade Commission tem informação disponível, sem encargos, no seu site em:<br />

<br />

http://dataweb.usitc.gov/<br />

Informação sobre os impostos aduaneiros e procedimentos de produtos originários da União Europeia pode ser<br />

encontrada na Market Access Database, da responsabilidade da UE em:<br />

<br />

http://madb.europa.eu/mkaccdb2/indexPubli.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

i | Pharmaceuticals zero-for-zero initiative<br />

No âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), os <strong>EUA</strong> e vários parceiros, entre os quais os países<br />

da UE, acordaram em 1995 a diminuição recíproca das tarifas dos produtos farmacêuticos e produtos<br />

químicos intermediários usados na produção de produtos farmacêuticos (Pharmaceuticals zero-for-zero<br />

initiative).<br />

A listagem tem vindo a ser atualizada e inclui atualmente 10,000 produtos livres de imposto aduaneiro podendo ser<br />

encontrada no site da United States International Trade Commission em:<br />

<br />

http://www.usitc.gov/publications/docs/tata/hts/bychapter/1000PHARMAPPX.pdf [último acesso: junho<br />

2012]<br />

ii | Dispositivos médicos<br />

A taxa aduaneira modal dos dispositivos médicos é zero (Market Access Database, online). No entanto, a<br />

Alfândega, pode classificar os dispositivos médicos ou componentes de dispositivos médicos de tal forma<br />

que resulte na aplicação de taxas de imposto superior (e.g., as taxas aplicadas aos produtos têxteis ou<br />

material elétrico) (Mjardsjo & Associates LLC, 2008). Assim, o valor médio das tarifas é de 0,7% (PwC,<br />

25<br />

https://help.cbp.gov/app/answers/detail/a_id/810/kw/harbor%20maintenace/session/L3NpZC94VzFCeXgqaw%3D%3D<br />

acesso: junho 2012]<br />

[último<br />

43


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

online 26 ).<br />

3.8.4.8 | Procedimentos alfandegários<br />

As empresas, em geral, utilizam despachantes alfandegários para acompanhar a entrada das mercadorias<br />

nos <strong>EUA</strong>. Nesse caso, a Alfândega americana recomenda a seleção do despachante autorizado a operar o<br />

Automated Broker Interface (ABI).O despachante autorizado pode preencher a documentação e efetuar os<br />

pagamentos. O Quadro 3.8.16 inclui os documentos essenciais para exportar para os <strong>EUA</strong>.<br />

Quadro 3.8.16 | Documentos essenciais para exportação para os <strong>EUA</strong><br />

1) Notificação prévia do embarque marítimo (Importer Security Filling) ou aéreo<br />

2) A fatura comercial do vendedor com o valor e a descrição da mercadoria para cada embarque que exceda os<br />

US$500. Se não for apresentada pode ser apresentada uma fatura pró-forma e um termo de responsabilidade<br />

assegurando a apresentação no máximo em 4 meses<br />

3) Evidência do direito de fazer o processo de desalfandegamento Carrier’s Certificate.<br />

4) Formulários de entrada: Customs Form 7533 27 ou Customs Form 3461 28 (permissão especial para entrada imediata:<br />

produtos para feiras, por exemplo)<br />

5) Packing List, se apropriada<br />

6) Documentos necessários para determinar se a mercadoria pode ser admitida<br />

Informações adicionais sobre os documentos para entrada de produtos pode ser consultada em<br />

http://madb.europa.eu/<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Para obter informações sobre o Automated Broker Interface (ABI), consultar:<br />

<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/automated/automated_systems/abi/<br />

O site das alfândegas, Customs and Border Protection, disponibiliza informação variada sobre os procedimentos<br />

administrativos de importação e produtos sujeitos a restrições ou proibições podendo ser acedido em:<br />

<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/travel/vacation/kbyg/prohibited_restricted.xml [informação disponível em<br />

espanhol]<br />

Todos os formulários e instruções de preenchimento podem ser encontrados no site do CBP em:<br />

<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/toolbox/forms/<br />

O CBP tem, ainda, a seguinte publicação útil sobre os procedimentos Importing into the United States A Guide for<br />

Commercial Importers (CBP2006):<br />

<br />

http://www.cbp.gov/linkhandler/cgov/newsroom/publications/trade/iius.ctt/iius.pdf<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

26<br />

http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho<br />

2012]<br />

27 http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7533.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

28<br />

http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_3461.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

44


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Importante<br />

As empresas devem ter em atenção que a Alfândega americana é muito rigorosa no que se refere ao<br />

cumprimento dos procedimentos e ao preenchimento correto e completo dos documentos solicitados.<br />

Incumprimentos e omissões podem resultar em apreensão da mercadoria e multas elevadas ao importador.<br />

A alfândega também publica um conjunto de recomendações que devem ser seguidas pelos importadores.<br />

As recomendações são sumarizadas no Quadro 3.8.17.<br />

Quadro 3.8.17 | Recomendações da alfândega americana para os exportadores<br />

Recomendações<br />

Fatura<br />

Embalagens<br />

Produtos de saúde<br />

Segurança<br />

Incluir toda a informação pedida.<br />

Ser cuidadoso nas faturas: claro e com espaço entre as linhas<br />

Identificar e numerar cada embalagem (numeração igual à das faturas)<br />

Listar nas faturas cada item de cada embalagem individual<br />

Marcar os bens de acordo com as regras de origem e outras normas da lei americana<br />

Colaborar com o CBP para desenvolver padrões de embalagem<br />

Respeitar as normas que se aplicam<br />

Estabelecer procedimentos de segurança de nas instalações e ao transportar as mercadorias.<br />

Não dar oportunidades a narcotraficantes<br />

Outros<br />

Usar uma transportadora participante na Automated Manifest System (AMS).<br />

Se usar distribuidor, considerar um participante da Automated Broker Interface (ABI).<br />

Fonte: Adaptado de CBP 2006.<br />

i | Processo de desalfandegamento<br />

O processo de desalfandegamento é operacionalizado através do sistema autorizado pela alfândega, o<br />

Customs Automated Comercial System. O sistema permite a apresentação e processamento da informação<br />

por meios eletrónicos.<br />

Para mais informações sobre o sistema, consultar:<br />

http://www.cbp.gov/xp/cgov/trade/automated/automated_systems/acs/ [último acesso: junho 2012]<br />

O processo começa, em geral, com a submissão eletrónica do formulário 7533 (ou 3461) aos serviços de<br />

alfândega. O formulário contém a informação básica sobre a mercadoria incluindo a identificação do<br />

transportador, importador tipo de mercadoria, classificação, valor e informação relacionada.<br />

Para aceder ao formulário consultar:<br />

http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7533.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

45


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Importante: valoração das mercadorias<br />

Um dos aspetos mais complicados é a valoração das mercadorias. A Alfândega dos <strong>EUA</strong> aplica a regra da OMC, segundo<br />

a qual a valoração das mercadorias importadas deve seguir um dos métodos, por ordem listada: 1) Valor de transação;<br />

2) Valor de transação de mercadorias idênticas/similares; 3) Valor deduzido; 4) Valor calculado a partir dos custos; 5)<br />

Valor baseado em critérios razoáveis.<br />

Os importadores locais tendem a considerar que o valor da mercadoria é o valor pago constante na fatura/recibo ou o<br />

preço de transação. No entanto, os serviços de alfândega podem obrigar os importadores locais a prestarem<br />

informações adicionais sobre custos e despesas e outras informações contabilísticas detalhadas. Se não incluídos na<br />

fatura/recibo, os custos com embalagens, comissões, assistência, royalties, licenças e outros custos do importador,<br />

descontos devem ser incluídos para apuramento do valor aduaneiro da mercadoria. A ausência desta informação é um<br />

dos erros mais comuns identificados pelos serviços da alfândega. É igualmente comum erros de facturamento<br />

relacionados com o tipo de frete acordado (CBP, 2003).<br />

Após a aprovação de entrada dos produtos, o importador local, o despachante contratado ou advogado 29<br />

preenche o formulário 7501 que sumariza a informação sobre a mercadoria relevante para o apuramento<br />

dos impostos. Este procedimento, assim como o depósito dos impostos, devem ser realizados até 10 dias<br />

após a aprovação.<br />

Para aceder ao formulário 7501 consultar:<br />

http://forms.cbp.gov/pdf/CBP_Form_7501.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

O prazo para levantamento das mercadorias na alfândega é de 15 dias. Findo este prazo, o diretor da<br />

alfândega manda guardar os produtos no armazém, assumindo o importador todos os riscos. É possível<br />

também utilizar os armazéns ou a Foreign Trade Zone (FZT). As FTZ são áreas nos <strong>EUA</strong> designadas pela<br />

Alfândega para guardar ou manipular bens por um período ilimitado de tempo à espera de entrar no<br />

mercado dos <strong>EUA</strong> ou países próximos/áreas. Estas áreas são consideradas fora do território aduaneiro dos<br />

<strong>EUA</strong>. No entanto, os produtos nas FZT devem respeitar as normas no âmbito da FDA. Entre as vantagens<br />

oferecidas pelas FTZ, enumeram-se a facilidade de acesso, manuseio, transformação e montagem sem o<br />

controle restrito por parte da alfândega. Os exportadores ou os representantes locais podem, igualmente,<br />

montar showrooms para mostrar produtos a potenciais importadores ou clientes.<br />

ii | Drawback<br />

Ao abrigo do regime aduaneiro especial de drawback, há lugar ao reembolso de até 99% dos direitos de<br />

importação sobre mercadoria reexportada; mercadorias destruída por qualquer motivo sob supervisão da<br />

Alfândega; mercadoria importada que tenha sido utilizada na industrialização ou acondicionamento de<br />

produtos a serem exportados.<br />

29 São necessários documentos adicionais, ver CBP( 2006).<br />

46


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

iii | Amostras e material publicitário<br />

As amostras, material publicitário ou catálogos podem entrar no mercado isentos de impostos através de<br />

um dos dois procedimentos seguintes: (i) classificação fiscal baseada no capítulo 98, subcapítulo 11<br />

(amostras) - a mercadoria não deverá ter valor comercial e ter estampado “sample”; (ii) admissão<br />

temporária - este procedimento exige uma caução e promessa de exportação ou destruição da<br />

mercadoria.<br />

3.8.4.9 | Acordos de comércio internacional<br />

Os <strong>EUA</strong> são membro da OMC, signatários do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) e do Acordo de<br />

Valoração Aduaneira. As relações comerciais com o exterior regem-se, ainda, por um conjunto de acordos<br />

preferenciais ao abrigo dos quais são concedidas isenções ou redução de impostos aduaneiros. Entre eles o<br />

acordo de comércio livre regional (América do Norte) NAFTA e o Sistema de Preferências Generalizadas<br />

(SPG). O importador pode decidir produzir toda (ou parte) da sua produção em países cujos produtos<br />

entrem em condições vantajosas nos <strong>EUA</strong>.<br />

47


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.5 | Investir nos <strong>EUA</strong><br />

3.8.5.1 | Investimento direto estrangeiro<br />

Uma empresa pode decidir estabelecer-se fisicamente nos <strong>EUA</strong>, ou estabelecer acordos de<br />

cooperação/parcerias com empresas americanas. A opção de entrada no mercado através da criação de<br />

empresa ou sucursal própria tem, normalmente, custos financeiros elevados e expõe a empresa ao<br />

complexo sistema fiscal americano. Permite, no entanto, um maior controlo do mercado.<br />

Assim, as empresas podem optar por criar uma empresa de raiz/comprar, estabelecer uma sucursal ou<br />

optar por outras formas de estabelecimento previstas na lei. As outras formas de estabelecimento<br />

legalmente previstas são: Empresário em Nome Individual, Joint-Venture, Sociedade de Responsabilidade<br />

Limitada, Trust (AICEP, 2012). A criação de uma empresa de raiz tem a vantagem de proteger a empresa<br />

mãe do complexo sistema fiscal e legal. A criação de uma empresa de direito americano pode, ainda,<br />

facilitar a credibilização da empresa e o acesso a investidores e a financiamento (dados primários).<br />

Uma outra possibilidade é a compra de uma empresa americana já existente. Esta opção permite uma<br />

entrada rápida no mercado, mas comporta riscos e custos elevados. Em particular, a empresa pode ficar<br />

exposta a problemas de responsabilidade civil envolvendo a empresa adquirida. Os tipos de Sociedades<br />

previstas na lei americana encontram-se descritos no site da AICEP (2012a).<br />

3.8.5.2 | Outras formas de envolvimento<br />

A estratégia mais viável para uma empresa portuguesa que deseja entrar no mercado americano é a de<br />

estabelecer acordos de cooperação com empresas americanas. Para além da distribuição, as parcerias<br />

podem envolver colaboração em I&D, incorporação de parte do produto, licenças, subcontratação.<br />

As parcerias podem ser a forma mais eficiente de contornar o protecionismo americano. A associação a uma empresa<br />

americana garante uma maior aceitação no mercado. Um empresário referiu: “… Houve parcerias que foram feitas no<br />

passado, o caso da Sanofi com a Bristol Myers Squibb, para promover determinado tipo de produtos (…), na área dos<br />

cardiovasculares e dos anti-agregantes plaquetados, em que o objetivo foi esse mesmo. (...) A Bristol é uma empresa<br />

americana, a Sanofi é uma empresa francesa. Se fizerem uma parceria para a promoção destes produtos, há maior<br />

facilidade em promover estes produtos nos <strong>EUA</strong>. (…) Aconteceu também com a Schering e com a Organom,<br />

nomeadamente na área das pílulas. (…) O objetivo de haver estas parcerias é de facilitar [a entrada no mercado].<br />

Fonte: dados primários<br />

i | Licenciamento<br />

O licenciamento da propriedade intelectual e de marcas, não é apenas um instrumento para entrar<br />

diretamente no mercado americano, mas igualmente um elemento importante para outras formas de<br />

parceria (ver na Secção 3.8.2.7 relativa ao tema da propriedade intelectual).<br />

48


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

ii | Parcerias para desenvolvimento do produto<br />

As parcerias para o desenvolvimento do produto são sobretudo interessantes para as PME, empresas de<br />

biotecnologia e, em geral, spin-offs. Esta forma de entrada pode ajudar no processo de desenvolvimento<br />

do produto, nos custos de registo e outros custos de acesso ao mercado. Importa definir contratualmente<br />

os direitos após a entrada no mercado.<br />

iii | Subcontratação<br />

A subcontratação por parte de empresas americanas de empresas terceiras (Contract Manufacturing<br />

Organizations - CMO) para a produção ou I&D é uma estratégia crescente (MedTech, 2011). Esta forma de<br />

parceira decorre essencialmente para baixar custos de produção e aproveitar o potencial de algumas<br />

empresas.<br />

Os contratos de subcontratação podem ter modelos diferentes, envolvendo em graus diferentes as<br />

empresas. As CMO devem registar-se na FDA. Em geral, as empresas assinam contratos de<br />

confidencialidade com as contratantes.<br />

A subcontratação pode constituir uma oportunidade para as empresas portuguesas nos setores em estudo. A MedTech<br />

(2011) recomenda às empresas (de dispositivos médicos) o estabelecimento deste tipo de parcerias com pequenas e<br />

médias empresas. Os argumentos incluem:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

As startups americanas tendem a ter (mais) tecnologia de ponta<br />

O processo tende a ser menos burocrático<br />

É mais fácil identificar as pessoas<br />

As empresas de capital de risco podem facilitar o processo<br />

Pode abrir portas à relação com grandes empresas porque normalmente as startups de sucesso são<br />

adquiridas<br />

Mais fácil compreender o negócio e a relação estabelecida entre as partes<br />

Mais fácil estabelecer uma relação e objetivos comuns e confiança mútua<br />

3.8.5.3 | Regime de investimento<br />

O regime de investimento privado é caracterizado pela primazia do mercado e da livre iniciativa. Há<br />

restrições setoriais ao investimento mas que não afetam nenhum dos subsetores em estudo. Não há<br />

discriminação no tratamento de investidores nacionais e estrangeiros. Não está definido nenhum valor<br />

federal mínimo de capital para abrir uma empresa. Se o Estado recetor do investimento o fixar, é<br />

normalmente baixo (Wise, 2009).<br />

De acordo com o Banco Mundial (World Bank, 2011), a criação de uma empresa nos <strong>EUA</strong> é um processo<br />

simples e rápido. Não existe legislação federal sobre constituição de empresas. A sociedade é uma<br />

entidade legal criada de acordo com as leis estaduais. Em geral, as leis estaduais são semelhantes, mas há<br />

especificidades a que o investidor deve estar atento. De facto, cada Estado possui legislação própria em<br />

matéria de direito das sociedades variando, consequentemente, as formalidades de constituição.<br />

49


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Em cada Estado a documentação para criação de uma empresa pode ser obtida junto dos respetivos serviços<br />

estaduais. Se a empresa tiver negócios num outro Estado poderá ter de se registar. O site da US Small Business<br />

Administration (SBA) disponibiliza informação adicional sobre esta matéria em:<br />

<br />

http://www.sba.gov/category/navigation-structure/startingmanagingbusiness/startingbusiness/establishing-business/incorporating-registering-you-0<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

As propostas de investimento não estão sujeitas a aprovação prévia, nem necessitam de registo junto das<br />

autoridades federais americanas. No entanto, de acordo com o International Investment Survey Act of<br />

1976, devem ser reportados às autoridades federais (Bureau of Economic Analysis- United States<br />

Department of Commerce) os investimentos em que um estrangeiro: (i) passe a deter, direta ou<br />

indiretamente, 10% ou mais dos direitos de voto (algumas exceções são admitidas para os pequenos<br />

negócios); (ii) compre de mais de 200 acres de terra, sem ser para fins pessoais. No caso da compra de<br />

10% ou mais dos direitos de voto, os investidores ficam obrigados a preencher relatórios iniciais<br />

trimestrais, anuais e quinquenais (Quadro 3.8.18).<br />

Quadro 3.8.18 | Relatórios de investimento externo<br />

Formulário Responsabilidade Prazo Exceções<br />

Trimestrais<br />

Formulário BE-605<br />

Investidor<br />

30 dias após a<br />

conclusão de cada<br />

trimestre.<br />

Valor de ativos, vendas ou<br />

rendimento líquido anual<br />

inferior a US$60 milhões.<br />

Anuais<br />

Formulários BE-15 (A, B ou EZ)<br />

Investidor<br />

31 de Maio, aprox. 60<br />

dias após o formulário<br />

ser distribuído.<br />

Valor de ativos, vendas ou<br />

rendimento líquido inferior a<br />

US$120 milhões.<br />

Quinquenal<br />

Formulários BE-12 (A;B ou C)<br />

(Benchmark Survey)<br />

Investidor<br />

Pode ser apresentado em versão<br />

reduzida.<br />

Os formulários encontram-se disponíveis em:<br />

http://www.bea.gov/surveys/surveyforms.htm [último acesso: junho 2012]<br />

Liberdade de capitais: Não há restrições gerais à transferência de lucros, dividendos, juros, royalties de<br />

não-residentes. De acordo com a Currency and Foreign Transactions Reporting Act 30 , os indivíduos que<br />

transportem mais do que US$10,000 em dinheiro devem declarar na alfândega (CBP, 2006).<br />

30 Consultar: http://www.federalreserve.gov/boardDocs/supmanual/bsa/bsa_p4.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

50


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.5.4 | Incentivos ao investimento<br />

Não há, em geral, pacotes federais de incentivos fiscais e empréstimos a investidores, nacionais ou<br />

estrangeiros. Existem, pontualmente, incentivos federais que não distinguem a nacionalidade do<br />

investimento.<br />

A lista de incentivos federais ao investimento, por setor de atividade, pode ser encontrada em:<br />

http://selectusa.commerce.gov/investment-incentives [último acesso: junho 2012]<br />

Não há incentivos aos setores em análise neste trabalho. As empresas do setor podem, no entanto,<br />

beneficiar de programas federais de apoio à I&D e de cooperação entre a indústria e académicos, assim<br />

como, de apoios a pequenas empresas (no caso em que é aplicável).<br />

O Governo Federal tem, ainda, instrumentos de assistência financeira, de gestão e outros apoios a<br />

pequenas empresas, em particular às que têm dificuldade de acesso ao mercado financeiro. O conjunto de<br />

programas de apoio a pequenas empresas é gerido pela SBA. O site da SBA contém informação relevante e<br />

detalhada sobre os apoios disponíveis. Grosso modo, distinguem-se em instrumento de crédito, subsídios e<br />

de capital de risco.<br />

i | Crédito e subsídios<br />

As condições de acesso ao crédito, garantias e capital de risco são fixadas pela SBA atendendo ao<br />

montante de apoio aprovado anualmente pelo congresso. Não estão contemplados subsídios para<br />

instalação de empresas e, de modo geral, os subsídios federais são considerados uma exceção 31 .<br />

Para ter acesso aos empréstimos disponíveis as empresas devem procurar informação no site do SBA em:<br />

http://www.sba.gov/loans-and-grants [último acesso: junho 2012]<br />

ii | Outros programas<br />

Há outros programas possíveis de incentivo ao investimento que podem ter interesse para o setor da<br />

saúde. Destacam-se alguns desses programas.<br />

31<br />

http://www.sba.gov/content/facts-about-government-grants [último acesso: junho 2012]<br />

51


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Apoio a empresas tecnológicas<br />

<br />

http://www.sba.gov/about-sba-services/7050 [Atualmente há 5 programas de apoio a pequenas empresas<br />

tecnológicas, no valor total de $US2 mil milhões]<br />

Apoios à exportação<br />

<br />

<br />

http://www.sba.gov/content/export-financing-0 [A SBA disponibiliza um conjunto de programas de apoio<br />

financeiro e técnico às exportações]<br />

http://www.exim.gov/index.cfm [A agência Export-Import Bank of the United States concede subsídios à<br />

exportação - caso uma empresa se decida instalar nos <strong>EUA</strong> e exporte pode aceder a incentivos à exportação]<br />

Apoios ao desenvolvimento regional<br />

<br />

http://www.eda.gov/investmentPriorities.htm [No âmbito do desenvolvimento regional é possível obter<br />

assistência técnica e financeira de acordo com as prioridades fixadas]<br />

Apoios à eficiência energética<br />

<br />

http://www.dsireusa.org [Incentivos a empresas para o uso mais eficiente de energia ao abrigo do Federal<br />

Energy Policy Act 2005]<br />

O Department of Commerce tem disponível informação online sobre as oportunidades de investimento e as listas de<br />

empresas nacionais em cooperação com parceiros estrangeiros:<br />

<br />

http://www.commerce.gov<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

iii | Apoios estaduais ou locais<br />

Os Estados, assim como os municípios, competem entre si na tentativa de atrair capital estrangeiro, em<br />

particular investimento gerador de emprego. Assim, oferecem um conjunto de incentivos e créditos<br />

fiscais. Os incentivos dependem do reconhecimento da importância do investimento. Previamente à<br />

entrada os investidores devem negociar com os responsáveis do Estado e/ou Município as condições para<br />

instalação do investimento.<br />

3.8.5.5 | Sistema fiscal<br />

O sistema fiscal está organizado em três níveis: federal, estadual e municipal. A maioria dos Estados (47)<br />

impõe e administra os seus próprios impostos e taxas. Os municípios podem também cobrar impostos. O<br />

valor de impostos pago por uma empresa depende, assim, do local de estabelecimento. O investidor deve<br />

verificar os impostos a que pode estar sujeito, antes de decidir a localização.<br />

O Internal revenue code (IRC) é o documento normativo que rege os impostos sobre os rendimentos. No<br />

âmbito deste estudo abordamos apenas os impostos sobre as empresas e investidores. Os <strong>EUA</strong> e <strong>Portugal</strong><br />

celebraram um acordo para evitar dupla tributação e prevenir evasão fiscal (Resolução da Assembleia da<br />

República nº 39/1995, de 12 de Outubro 32 ) (Quadro 3.8.19).<br />

32<br />

http://www.gddc.pt/siii/docs/rar39-1995.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

52


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.19 | Acordo de dupla tributação <strong>Portugal</strong> – <strong>EUA</strong><br />

Imposto<br />

Imposto sobre o<br />

rendimento coletável<br />

das pessoas coletivas<br />

(ou corporate tax):<br />

Dividendos<br />

Juros<br />

Royalties e fees<br />

Varia progressivamente entre 15% a 35%.<br />

Informação<br />

Os impostos são pagos anualmente, mas as empresas devem submeter as suas expectativas<br />

trimestralmente. Os ganhos de capital das empresas são sujeitos à mesma taxa.<br />

Taxa mínima alternativa: Os <strong>EUA</strong> impõem um imposto mínimo a determinadas empresas,<br />

indivíduos e trust. O imposto mínimo é calculado com base no rendimento aceitável<br />

ajustado para itens específicos, que recebem tratamento especial no sistema normal. A<br />

taxa mínima não se aplica a pequenas empresas (i.e. com receitas brutas anuais médias<br />

inferiores a US$7.5 milhões durante um período de 3 anos).<br />

Dividendos pagos por uma empresa americana a um investidor estrangeiro são sujeitos a<br />

uma retenção de 30%, a não ser que haja acordo bilateral.<br />

Com base no acordo com <strong>Portugal</strong>, a taxa de imposto sobre os dividendos varia entre 5% e<br />

15%.<br />

Os juros pagos ao estrangeiro são tributados a 30% a menos que haja um acordo bilateral.<br />

De acordo com o acordo de dupla tributação, a taxa de juros cobrada a transferências para<br />

<strong>Portugal</strong> é de 10%.<br />

Quando pagas a estrangeiros incorrem numa carga tributária de 20%, ou no que é<br />

determinado por um acordo bilateral.<br />

A taxa de com o acordo de dupla tributação com <strong>Portugal</strong> é de 10%.<br />

Elevada tributação<br />

Considerando os impostos cobrados pelo Estado, a tributação às empresas nos <strong>EUA</strong> é de 39,2%, consideravelmente<br />

superior à média da OCDE (Ross et al., 2011).<br />

Transfer pricing: as autoridades tributárias têm o direito de alterar o preço das trocas existentes entre a<br />

empresa mãe e a(s) subsidiária(s) dos <strong>EUA</strong>, se considerarem que estas não refletem o valor real.<br />

Número de identificação fiscal: As empresas devem proceder a um registo no Internal Revenue Service<br />

(IRS) e nos serviços responsáveis no Estado e no Município, aquando da constituição da empresa. O número<br />

de identificação fiscal (Employer Identification Number, também conhecido por Employer Tax ID) é<br />

atribuído gratuitamente pelo IRS.<br />

53


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.6 | Farmacêutica<br />

De acordo com a definição do Census Bureau dos <strong>EUA</strong> a indústria farmacêutica compreende todas as<br />

empresas envolvidas na investigação, desenvolvimento, produção e marketing de medicamentos<br />

produzidos por processos químicos ou processos biológicos. As estatísticas do Census Bureau classificam os<br />

diagnósticos in vitro como produtos da indústria (NAIC 325413), embora sejam definidos, pela FDA, como<br />

dispositivos médicos.<br />

Os dados do valor da produção, exportação e importação das preparações farmacêuticas (NAIC- 325412)<br />

estão apresentados no Quadro 3.8.20. Os medicamentos para as doenças oncológicas e doenças<br />

cardiovasculares representam cerca de 50% da produção dos medicamentos. As exportações não<br />

representam mais do que 13,3% do total da produção o que ilustra a importância da produção interna para<br />

a indústria farmacêutica do país. De facto, estima-se que a produção interna corresponda a cerca de 80%<br />

do consumo aparente. O valor de produção os produtos biológicos, exceto diagnósticos (NAIC 325414),<br />

ascendia a US$22 milhões de em 2010.<br />

Quadro 3.8.20 | Produção e importação da indústria farmacêutica (2010)<br />

Descrição do produto<br />

Preparações farmacêuticas com ação em…<br />

Valor da<br />

produção<br />

Exportações<br />

Importações<br />

para consumo<br />

… neoplasias, sistema endócrino, e doenças<br />

metabólicas, para uso humano<br />

29.556.596 4.636.459 11.820.645<br />

… sistema nervoso central 27.998.110 3.064.952 7.931.897<br />

… no sistema cardiovascular 11.426.644 2.726.546 11.381.229<br />

… no sistema respiratório, para uso humano 17.979.532 895.431 3.746.877<br />

… no sistema digestivo ou génito-urinário, para uso<br />

humano<br />

10.354.839 665.950 2.509.998<br />

… na pele para uso humano 4.166.218 128.164 599.072<br />

… em preparados de vitamina, nutrientes, e<br />

hematínicos, para uso humano<br />

… nas doenças parasitárias e infeciosas, para uso<br />

humano<br />

9.069.795 489.087 187.620<br />

8.726.716 3.175.379 7.415.964<br />

… usos veterinários 2.617.563 417.023 807.032<br />

Fonte: US Census Bureau.<br />

54


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.6.1 | Estrutura e desempenho da indústria farmacêutica<br />

O setor farmacêutico tinha, em 2007, cerca de 1538 empresas (US Census 33 ). O número de empresas<br />

farmacêuticas por tipo de produto produzido, pode ser encontrada no site do US Census 34 . O setor<br />

emprega mais de 400,000 trabalhadores na indústria e em empresas de investigação (US Department of<br />

Commerce, 2011). Em Maio de 2011, a indústria empregava cerca de 272,000 trabalhadores, na sua<br />

maioria qualificados (BLS, online) 35 . O salário médio anual ascendia a US$63,180 (BLS, online).<br />

As maiores empresas farmacêuticas do mundo têm sede nos <strong>EUA</strong>. As 10 principais empresas americanas<br />

produzem cerca de 40% do mercado mundial (US Department of Commerce, 2010a). As maiores empresas<br />

farmacêuticas em 2011 incluiam: a Pfizer 36 , Merck & Co 37 , Abbott Laboratories 38 , Eli Lilly Company 39 ,<br />

Bristol-Myers Squibb 40 , Mckesson 41 (Forbes, online 42 ).<br />

As maiores empresas americanas de genéricos são a Mylan 43 (11,3% do mercado mundial), Watson<br />

Pharmaceuticals(6,3%), Greenstone (5,4%), Par Pharma (4,1% do mercado), Hospira (3,3% do mercado) e<br />

Covidien (Mallinckrodt) (2,7%) (Fierce Pharma, 2010). A maioria das empresas tem acordos ou outro tipo<br />

de relação com empresas estrangeiras, principalmente indianas.<br />

Paralelamente, há ainda a tradição de associativismo empresarial no setor. O leque é amplo envolvendo<br />

associações dedicadas à farmacêutica em geral, de produtos genéricos, de biofarmacêutica, investigação<br />

(etc.).<br />

33<br />

http://factfinder2.census.gov/faces/tableservices/jsf/pages/productview.xhtml?src=bkmk[último acesso: junho 2012]<br />

34<br />

http://www.census.gov/manufacturing/cir/historical_data/ma325g/index.html [útimo acesso: junho 2012]<br />

35<br />

http://www.bls.gov/oes/current/naics4_325400.htm [último acesso: junho 2012]<br />

36<br />

http://www.pfizer.com/home/ [último acesso: junho 2012]<br />

37<br />

Comprou a Schering-Plough em 2009<br />

38<br />

http://www.abbott.com/index.htm [último acesso: junho 2012]<br />

39<br />

http://www.lilly.com/Pages/home.aspx [último acesso: junho 2012]<br />

40<br />

http://www.bms.com/pages/default.aspx [último acesso: junho 2012]<br />

41<br />

http://www.mckesson.com/en_us/McKesson.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

42<br />

http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Pharmaceuticals_United%20States_All%20states_[último acesso: junho 2012]<br />

43<br />

http://www.mylan.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

55


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Associações ligadas à farmacêutica (exemplos)<br />

Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA):<br />

http://www.phrma.org<br />

Generic Pharmaceutical Association:<br />

<br />

http://www.gphaonline.org<br />

National Association of Boards of Pharmacy (NABP):<br />

<br />

http://www.nabp.net<br />

American Pharmacists Association:<br />

<br />

http://www.pharmacist.com<br />

American Association of Pharmaceutical Scientists (AAPS):<br />

<br />

http://www.aaps.org<br />

The SAFE-BioPharma Industry Standard:<br />

<br />

http://www.safe-biopharma.org<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Apesar da importância mundial, as empresas farmacêuticas de investigação americana enfrentam desafios<br />

comuns às empresas dos países desenvolvidos. Em primeiro lugar, a rápida perda de patentes e de<br />

mercado nos últimos anos (KPMG, 2011). Em segundo lugar, a indústria é afetada pela diminuição do<br />

desenvolvimento de novos medicamentos e o aumento exponencial dos custos das inovações. Em terceiro,<br />

as empresas enfrentam forte pressão legislativa e regulatória, assim como, forte pressão sobre o preço<br />

(KPMG, 2011).<br />

O Quadro 3.8.21 lista a área de atuação de alguma das principais empresas farmacêuticas americanas. As<br />

empresas estão a ajustar-se ao mercado diversificado, aumentando a produção de medicamentos não<br />

prescritos, genéricos de marca, vacinas e produtos de cuidados pessoais (US Department of Commerce,<br />

2010). A indústria consolida-se através de aquisições e fusões e de acelerada expansão para os mercados<br />

emergentes traduzindo uma indústria relativamente confiante no futuro. Em paralelo ao decréscimo do<br />

mercado de medicamentos de marca, o mercado dos genéricos continua a crescer e é muito competitivo.<br />

Os preços tendem a rondar, cerca de 75% do preço do mercado de marca.<br />

56


Ásia<br />

Pacífico Europa Américas<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.21 | Área de atuação das principais empresas farmacêuticas americanas<br />

Pfizer Merck BMS Lilly Abbott<br />

Alergias X X<br />

Anti-bacterias / anti-fungosl / infeções X X X X X<br />

Anti-inflamatórios/analgésicos X X X<br />

Doenças cardiovasculares X X X X<br />

Dermatologia<br />

Doenças endócrinas X X<br />

Doenças de visão X X<br />

Gastrointestinal<br />

X<br />

Hematologia<br />

Imunologia X X X<br />

Doenças metabolismo X X X X<br />

Neurologia/Psiquiatria X X X X<br />

Oncologia X X X X X<br />

Doenças respiratórias X X<br />

Problemas urogenitais X X<br />

Virologia (Incluindo HIV) X X<br />

Fontes: Adaptado de Davidson & Greblov 2005; sites das empresas.<br />

i | Competitividade/custo<br />

O índice de competitividade baseado nos custos de produção sugere que os <strong>EUA</strong> são relativamente menos<br />

competitivos do que alguns países Europeus e o Canadá, mas relativamente mais competitivos do que os<br />

países concorrentes da Ásia (Figura 3.8.14).<br />

Figura 3.8.14 | Custos farmacêutica - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100)<br />

Canada<br />

95,9<br />

US<br />

França<br />

Alemanha<br />

Itália<br />

Holanda<br />

Reino Unido<br />

Austrália<br />

Japão<br />

100,0<br />

96,1<br />

100,1<br />

96,9<br />

94,7<br />

95,0<br />

102,6<br />

106,0<br />

Fonte: KPMG 2012, p. 28.<br />

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0<br />

Índice de Custo<br />

57


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

ii | Inovação<br />

De entre os países da OCDE, as empresas farmacêuticas americanas são responsáveis por cerca de 63% da<br />

I&D em biotecnologia (OCDE,2012) e mais de 40% das patentes (OCDE, 2012). De acordo com o<br />

Pharmaceutical Research and Manufacturers of America (PhRMA, 2011) as empresas associadas gastaram<br />

cerca de $50.47 mil milhões em I&D em 2010, aproximadamente 9% 44 das receitas totais de vendas. Cerca<br />

de 80% do investimento em I&D foi realizado nos <strong>EUA</strong>. Aproximadamente 77% em produtos não biológicos.<br />

3.8.6.2 | Consumo e despesas com produtos farmacêuticos<br />

O mercado interno tem sido o motor de crescimento do setor farmacêutico. O mercado americano é o<br />

maior mercado de saúde do mundo, com um consumo de medicamentos estimado, em 2010, no valor de<br />

US$ 307 mil milhões (IMS Health, 2011). Em termos reais, o valor de mercado tem vindo crescer a um<br />

ritmo moderado nos últimos anos (Figura 3.8.15). A perda de patentes de um elevado número de<br />

medicamentos e a rápida difusão dos genéricos tem contribuído para a estabilidade do mercado, em<br />

termos de valor.<br />

Figura 3.8.15| Despesas com medicamentos (mil milhões $US)<br />

320<br />

310<br />

300<br />

290<br />

280<br />

270<br />

260<br />

250<br />

2006 2006 2008 2009 2010<br />

Fonte: IMS Health 2011.<br />

i | Medicamentos sujeitos a receita médica<br />

O valor do mercado de medicamentos sujeitos a receita médica atingiu $259 mil milhões, em 2010 (Figura<br />

3.8.16). Estima-se que 20 das principais empresas a operar no mercado representavam cerca de 80% em<br />

2010 (Evaluate Phamra, 2012). Entre 2015 e 2021, o mercado deve crescer a uma taxa média anual de<br />

6,6%, em resultado do aumento do número de segurados e refletindo a esperada comercialização de novos<br />

medicamentos (CMS, 2012).<br />

44 Valores do National Science Foundation reportam para 2008 valores superiores a 12% das vendas. Ver National Science Foundation<br />

(2010) US Businesses Report 2008 Worldwide R&D Expense of $330 Billion: Findings from new NSF Survey. InfoBrief. Disponível em:<br />

http://www.nsf.gov/statistics/infbrief/nsf10322/nsf10322.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

58


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.16 | Valor de vendas de medicamentos sujeitos a receita médica<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020<br />

Fonte: CMS, 2012.<br />

O segmento do mercado com maior taxa de crescimento é o dos genéricos. Em 2010, o mercado de<br />

genéricos valia cerca de $78 mil milhões, o que representa aproximadamente 22% do mercado total. A<br />

adoção de genéricos tem sido muito rápida, tendo absorvido aproximadamente 80% do mercado das<br />

marcas que perderam as patentes em 2011. Os genéricos representam já cerca 78% do total de prescrições<br />

(dados 2009). Quando consideradas apenas as prescrições de substâncias ativas com genérico, o peso dos<br />

genéricos ascende a cerca de 93% (IMS Health, 2011).<br />

Regista-se, também, um crescimento significativo do segmento de medicamentos produzidos com recursos<br />

a métodos da biotecnologia (6,6% em 2010) (IMS Health, 2011). Em 2008, o consumo de medicamentos<br />

biológicos nos <strong>EUA</strong>, era quatro vezes superior ao do japão, segundo país com mais gastos (Ross et al.,<br />

2011). No mesmo ano, os medicamentos biológicos representavam já 25% dos novos medicamentos em<br />

ensaios clínicos ou à espera de aprovação. De acordo com a IMS Health (2011) o mercado dos<br />

medicamentos biológicos ascendia a cerca de $67 mil milhões, em 2010.<br />

Ao longo dos últimos anos, as empresas de biotecnologia têm vindo a ser adquiridas por empresas<br />

farmacêuticas, ou alvo de fusão, reforçando os movimentos de consolidação do setor. Entre as mais<br />

importantes empresas de biotecnologia, de acordo com a Forbes 45 e EvaluatePharma (2022) incluem-se a<br />

Gilead Science 46 , Celgene 47 e Regeneron 48 , PDL BioPharma 49 e a ViroPharma 50 . A Amgen 51 , a Genzyme 52 e<br />

45<br />

http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Biotechs_United%20States_All%20states_ [último acesso: junho 2012]<br />

46<br />

http://www.gilead.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

47<br />

http://www.celgene.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

48<br />

http://www.regeneron.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

49 http://pdl.com/about/ [último acesso: junho 2012]<br />

50 http://www.viropharma.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

51<br />

http://www.amgen.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

52<br />

http://www.genzyme.com/default.asp [último acesso: junho 2012]<br />

59


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

a Biogen idec 53 são igualmente empresas independentes de referência (US department of Commerce,<br />

2010a).<br />

Em oposição ao crescimento destes mercados, o volume de vendas de medicamentos de marca produzidos<br />

pela indústria farmacêutica química diminuiu cerca de $US8.3 mil milhões. Os novos medicamentos<br />

representaram apenas 2,8% das despesas dos medicamentos de marca, em 2011. Este valor contrasta com<br />

os 5% de 2006 (IMS Health, 2011).<br />

Por classe terapêutica, os produtos com maiores volumes de vendas são os produtos oncológicos (22.3 mil<br />

milhões em 2010) seguidos dos agentes respiratórios (19,3 mil milhões), reguladores de lípidos (18,8 mil<br />

milhões), anti diabetes (16.9 mil milhões) e anti psicóticos (16,1 mil milhões) (Quadro 3.8.22). As áreas<br />

terapêuticas com maior crescimento, em 2009, foram os antidiabéticos (12.5%), ADHD (14,5%), VHI (12,2%)<br />

e anti psicóticos (10%) (IMS Health, 2011). Os medicamentos oncológicos, apesar de continuarem a<br />

dominar o mercado, têm registado um crescimento mais lento nos últimos anos. Em 2009, as despesas com<br />

medicamentos oncológicos cresceram apenas 3,5% (IMS Health, 2011).<br />

53<br />

http://www.biogenidec.com/ [últmo acesso: junho 2012]<br />

60


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.22 | Despesas por classe terapêutica (mil milhões $US)<br />

2010 2009 2008 2007 2006<br />

1 Oncológicos 22,3 21,5 19,7 18,1 15,8<br />

2 Agentes respiratórios 19,3 18,1 16,0 15,1 13,1<br />

3 Reguladores de lípidos 18,8 18,6 18,1 19,4 22,4<br />

4 Anti diabetes 16,9 15,0 12,8 11,4 10,2<br />

5 Anti psicóticos 16,1 14,7 14,3 12,8 11,4<br />

6 Anti ulcerais 11,9 14,1 14,2 14,6 14,1<br />

7 Antidepressivos 11,6 11,5 11,7 11,7 13,3<br />

8 Doenças auto imunes 10,6 9,7 8,6 7,6 7,0<br />

9 Antivirais VIH 9,2 8,2 7,1 6,2 5,6<br />

10 Angiotensina II 8,7 8,6 7,6 6,5 5,7<br />

11 Analgésicos narcóticos 8,4 8,0 7,3 6,7 5,7<br />

12 ADHD 7,2 6,3 5,2 4,6 4,0<br />

13 Inibidores de agregação de plaquetas 7,1 6,5 5,7 5,0 4,7<br />

14 Eritropoietinas 6,1 6,3 6,9 8,4 9,8<br />

15 Esclerose múltipla 5,7 4,9 4,1 3,4 3,2<br />

16 Anti epitéticos 5,6 6,9 11,1 10,0 8,7<br />

17 Vacinas (puras, combinadas, outras) 5,0 4,6 5,0 5,9 3,9<br />

18 Contracetivos hormonais 4,8 4,7 4,5 4,1 3,9<br />

19 Anti Alzheimer 4,5 4,0 3,4 2,9 2,5<br />

20 Agentes imuno estimuladores 4,2 4,1 4,1 4,1 4,0<br />

Total 307,4 300,3 285,7 280,5 270,3<br />

Fonte: IMS Health 2011 54 .<br />

3.8.6.3 | Regulação dos produtos farmacêuticos<br />

i | Autorização de introdução no mercado<br />

O processo de entrada no mercado farmacêutico é complexo e moroso. Os procedimentos e entrada do<br />

mercado dependem do tipo de medicamento: inovador, genérico, biológico. Para qualquer aprovação, o<br />

processo tem, ainda, de incluir a certificação de boas práticas de fabrico da FDA.<br />

O tempo médio de espera em 2010 foi de cerca de 14,3 meses para os novos medicamentos, o que<br />

corresponde a um agravamento do prazo quando comparamos com os 13,3 meses de 2009. Aliás, a<br />

evolução ao longo do tempo mostra grande variação no tempo médio de espera, o que introduz incerteza<br />

no mercado. No caso dos medicamentos biológicos a tendência é para um aumento da eficiência nos<br />

procedimentos de entrada. Em 2011, o tempo médio de espera foi de 11 meses, o que contrasta com os<br />

12,8 meses de 2009 (PhRma, 2011).<br />

54 Note-se diferença de valores com os dados de consumo aparente do census. Além de outras potenciais diferenças metodológicas,<br />

de notar que os valores do censos são fob.<br />

61


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Medicamento inovadores<br />

A Figura 3.8.17 mostra as etapas de procedimentos de entrada no mercado de medicamentos inovadores.<br />

Figura 3.8.17 | Etapas de procedimentos de entrada no mercado (medicamentos inovadores)<br />

Evidência<br />

laboratorial<br />

Pedido de<br />

autorização de<br />

testes em<br />

pessoas<br />

Investigational<br />

New Drug (IND)<br />

Pedido de<br />

entrada<br />

New Drug<br />

Application<br />

(NDA)<br />

Testes em<br />

animais<br />

Ensaios<br />

clínicos<br />

Entrada no mercado<br />

Farmacovigilância<br />

Documentos orientadores e informação sobre o pedido de autorização para realização de testes está disponível no<br />

site da FDA:<br />

<br />

http://www.fda.gov/Drugs/DevelopmentApprovalProcess/HowDrugsareDevelopedandApproved/ApprovalAppl<br />

ications/NewDrugApplicationNDA/default.htm<br />

Guias referentes aos procedimentos de inspeções da FDA podem ser encontrados no seguinte site:<br />

http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/default.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

O pedido de aprovação de entrada no mercado de um medicamento inovador, deve incluir informações<br />

completas sobre as especificações de fabricação, dados de estabilidade e biodisponibilidade, formas de<br />

dosagem, embalagem e rotulagem para os médicos e para os consumidores, e os resultados dos estudos<br />

toxicológicos adicionais não apresentados no pedido de autorização de testes em pessoas – Investigational<br />

New Drug (IND).<br />

O documento orientador relativo à aprovação de novos medicamentos está disponível no site da FDA, podendo ser<br />

consultado em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/Drugs/DevelopmentApprovalProcess/HowDrugsareDevelopedandApproved/ApprovalApp<br />

lications/NewDrugApplicationNDA/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

As fases e métodos previstos para os ensaios clínicos seguem as recomendações internacionais (Figura<br />

3.8.18). O ensaio clínico terá de percorrer três fases e mostrar resultados positivos em todas elas. Os<br />

ensaios clínicos têm de envolver instituições académicas e/ou centros de investigação. A investigação tem<br />

de ser liderada por um Investigador Principal e usualmente implementada por um conjunto de<br />

investigadores independentes.<br />

62


Ásia<br />

Pacífico Europa Américas<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.18 | Ensaios clínicos<br />

Fase I<br />

•Segurança<br />

•Propriedades<br />

metabólicas e<br />

farmacológicas<br />

Fonte: FDA, online.<br />

Fase II<br />

•Eficácia<br />

•Pequenos grupos<br />

Fase III<br />

•Eficácia<br />

•Efeitos dosagens<br />

•Interações<br />

medicamentosas<br />

• Grandes grupos<br />

De acordo com a proposta da reforma da saúde, as seguradoras devem cobrir os custos associados a<br />

participação nos ensaios autorizados para a prevenção, deteção e tratamento de neoplasias malignas e de<br />

outras doenças com risco de vida. A reforma da saúde impede a discriminação de indivíduos na<br />

participação em ensaios clínicos. A competitividade dos custos dos ensaios clínicos nos <strong>EUA</strong> encontra-se<br />

abaixo do nível de países como o Canadá, França, Holanda e Reino Unido (Figura 3.8.19).<br />

Figura 3.8.19 | Custo dos ensaios clínicos - mercados maduros (<strong>EUA</strong>=100)<br />

Canada<br />

88,1<br />

US<br />

100,0<br />

França<br />

79,4<br />

Alemanha<br />

Itália<br />

107,5<br />

107,0<br />

Holanda<br />

Reino Unido<br />

91,5<br />

94,6<br />

Austrália<br />

113,1<br />

Japão<br />

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0<br />

Índice de Custo<br />

Fonte: KPMG 2012, p. 38.<br />

No âmbito de ensaios clínicos internacionais, a FDA aceita como suporte para uma IND ou pedido de<br />

aprovação para entrada no mercado um estudo clínico estrangeiro bem concebido e implementado, se:<br />

<br />

<br />

<br />

Os dados podem ser extrapolados para a população americana;<br />

O estudo foi conduzido por investigadores de mérito reconhecido;<br />

Os dados são considerados válidos ou a FDA consegue validar os dados através de uma inspeção<br />

ao local onde se realizaram os testes ou através de outros métodos.<br />

De notar que ao longo do processo a FDA pode solicitar testes adicionais (ver Vinheta 1). A aprovação de<br />

entrada no mercado de medicamentos baseada exclusivamente em dados clínicos estrangeiros é regida<br />

pelo 21 CFR § 314,106.<br />

63


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

O documento 21 CFR § 314,106 pode ser acedido em:<br />

<br />

http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfcfr/CFRSearch.cfm?fr=314.106 [último acesso: junho<br />

2012]<br />

VINHETA 1<br />

BIAL: Inovação e Internacionalização – os desafios do mercado Americano<br />

Setor de atividade: Farmacêutico<br />

Localização: Porto<br />

Dimensão (2012): 870 colaboradores<br />

Mercados: A BIAL está atualmente presente nos quatro continentes.<br />

Outra informação relevante: Foi fundada em 1924, por Álvaro Portela como um pequeno laboratório farmacêutico. A<br />

Bial é hoje a primeira empresa nacional melhor classificada no top 10 “MADE IN” <strong>Portugal</strong> e figura na 257ª posição de<br />

“The 2010 EU Industrial R&D Investment” com €59,7 milhões investidos em I&D. Mais de 70% dos colaboradores<br />

possuem formação superior, dos quais 5% são doutorados.<br />

Nos anos 80/90, a aposta na internacionalização da Bial constituiu um passo decisivo na estratégia de negócio da<br />

empresa. O principal objetivo passou pelo desenvolvimento sustentado de projetos que incluem não só a componente<br />

industrial, mas também I&D. No início da década de 90, foram criadas duas unidades de produção: uma no Porto e a<br />

outra Espanha tendo sido neste período definidas as áreas chave para I&D: sistema nervoso central, alergologia e<br />

sistema cardiovascular.<br />

Como resultado de uma forte aposta em I&D in-house, a BIAL lança com sucesso em 2009 o seu primeiro<br />

medicamento: o antilepiléptico Zebinix®. Este é vendido em 17 países europeus e será distribuído no mercado norteamericano<br />

através de um acordo de licenciamento com um parceiro local.<br />

A entrada nos <strong>EUA</strong> tem exigido um grande esforço de investimento por parte da empresa. Após a consulta a uma<br />

Consultora relevante na área, a escolha do parceiro teve subjacente o grau de cobertura do mercado e a existência de<br />

um Departamento de Desenvolvimento de Negócio. Foram necessários aproximadamente dois anos de negociação.<br />

Adicionalmente, apesar de já ter chegado às farmácias europeias em Outubro de 2009, o Zebinix® continua sem ter<br />

luz verde da reguladora do mercado farmacêutico norte-americano FDA. As várias similaridades do processo de<br />

aprovação e do grau de exigência com o Europeu, não facilitaram a aprovação do medicamento numa primeira<br />

tentativa. Tal é normal dado muito poucos medicamentos conseguirem a aprovação numa primeira fase – apenas 20%<br />

dos medicamentos na área do sistema nervoso central são aprovados na primeira tentativa. A empresa teve de<br />

proceder a novos testes e encontra-se a ultimar uma nova submissão do processo. Espera-se que num futuro próximo o<br />

medicamento venha a estar disponível no mercado.<br />

A aposta nos <strong>EUA</strong> tem subjacente a estratégia de I&D da empresa. Este mercado é, normalmente, atrativo pelos<br />

preços praticados e margens sendo um importante estímulo para o investimento em inovação. Assim, o potencial de<br />

faturação do Zebinix® nos <strong>EUA</strong> é determinante para a Bial poder continuar a investir na criação de novas indicações<br />

terapêuticas e expandir a sua atividade.<br />

Fontes: Dados primários; site da empresa.<br />

64


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

As submissões com dados obtidos no estrangeiro devem incluir informação relativa a:<br />

a) Qualificações do investigador principal;<br />

b) Descrição das instalações de investigação;<br />

c) Resumo detalhado do protocolo do estudo e dos resultados;<br />

d) Os registos de casos;<br />

e) Informações sobre o produto;<br />

f) Dados a demonstrar que estudo é adequado e bem controlado (§ 314,126);<br />

g) Conformidade com os princípios éticos, incluindo os pareceres e resoluções da comissão de ética,<br />

descrição do consentimento informado, descrição dos incentivos (se aplicável).<br />

Medicamentos genéricos<br />

O sistema de aprovação dos medicamentos genéricos é denominado Abbreviated New Drug Application<br />

(ANDA). Os requerentes de aprovação de genéricos devem apenas demonstrar cientificamente que o seu<br />

produto é bioequivalente relativamente ao medicamento inovador. O processo de avaliação dos<br />

medicamentos genéricos foca-se nos dados da bioequivalência, dados químicos e microbiológicos, inspeção<br />

às condições de fabrico e rotulagem dos produtos.<br />

O portal do Office of Generic Drugs fornece informação adicional sobre os procedimentos em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDER/ucm119100.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

A alteração da aprovação dos medicamentos genéricos na reforma da política de saúde tem como objetivo<br />

acelerar a entrada de medicamentos genéricos, impedindo a indústria de atrasar a entrada dos<br />

medicamentos devido à alteração da sua bula. Antes da implementação da reforma, a bula de um<br />

genérico tinha de coincidir com o da marca. Na reforma, o genérico pode ser aprovado mesmo que haja<br />

alterações de última hora na bula dos medicamentos de marca (Lewis, 2010).<br />

Medicamentos e fármacos biológicos<br />

Os produtos biológicos são regulados por duas agências da FDA: o Center for Drug Evaluation and Research<br />

(CDER) e o Center for Biologics Evaluation and Research (CBER). O CDER regula e autoriza produtos<br />

biológicos terapêuticos. O CBER regula e licencia produtos de medicina celular, produtos de terapia<br />

genética, vacinas, extratos alergénicos, antitoxinas, sangue, componentes de sangue, plasma e produtos<br />

derivados de plasma.<br />

Legislação e informação sobre biológicos podem ser encontradas no site da FDA em:<br />

http://www.fda.gov/BiologicsBloodVaccines/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

O regime de aprovação do CBER requer que os indivíduos obtenham uma licença Biologic Licence<br />

Approval. O processo é semelhante ao dos outros produtos farmacêuticos. Após a aprovação, as empresas<br />

devem reportar problemas que surjam usando o Biological Product Deviation Reporting System.<br />

65


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Para mais detalhes em relação a esta problemática recomenda-se a consulta do seguinte site:<br />

http://www.fda.gov/cber/ind/ind.htm [último acesso: junho 2012]<br />

A lei da reforma da saúde autorizou a FDA a criar um quadro regulatório para os biossimilares. Os<br />

produtores inovadores de produtos biológicos usufruem de 12 anos de exclusividade, até à aprovação de<br />

entrada no mercado dos biossimilares.<br />

Informação adicional relativa à Healthcare Reform Law: A New Regulatory Pathway for Biosimilar Biological Products<br />

encontra-se disponível em:<br />

<br />

http://www.morganlewis.com/pubs/WashGRPP_RegulatoryPathForBiosimilarBiologicalProducts_LF_15apr10.<br />

pdf [último acesso: junho 2012]<br />

ii | Controlo de boas práticas de fabrico<br />

A entrada no mercado requer que a empresa tenha certificado de boas práticas. Cabe à FDA inspecionar as<br />

instalações para assegurar o cumprimento das normas exigidas. As boas práticas de fabrico da FDA são<br />

baseadas na premissa de que a qualidade não pode ser inspecionada ou testada no produto final, mas deve<br />

ser construída ao longo de todo o processo de fabrico (Pharma, 2012).<br />

Os documentos orientadores das boas práticas para produtos farmacêuticos podem ser encontrados em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/Drugs/GuidanceComplianceRegulatoryInformation/Guidances/ucm064971.htm [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

iii | Aspetos a considerar antes e depois da introdução do produto no mercado<br />

Antes da entrada no mercado é necessário considerar aspetos como as condições de produção, a<br />

rotulagem, embalagem, expedição, controlo, armazenamento, qualidade e comercialização do fármaco.<br />

Todas estas áreas obedecem a normas regulamentares emanada pela FDA. Depois da sua introdução no<br />

mercado, o medicamento continua a ser alvo de monitorização. Os produtores e distribuidores devem<br />

reportar todos os efeitos adversos.<br />

A FDA publicou um manual das boas práticas de farmacovigilância para orientar os procedimentos da indústria, o qual<br />

pode ser acedido em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/downloads/regulatoryinformation/guidances/ucm126834.pdf [último acesso: junho<br />

2012]<br />

iv | Controlo de preços e quantidades<br />

Contrariamente à maioria dos países da Europa e do Japão, não há controlo direto de preço dos<br />

medicamentos (embora haja indiretos via decisões de comparticipação). O acesso mais livre ao mercado,<br />

é um fator de forte atratividade para a indústria farmacêutica e biofarmacêutica nos <strong>EUA</strong> (Ross et al.,<br />

2011).<br />

66


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Substituição por genéricos: A lei requer que os farmacêuticos dispensem o medicamento genérico<br />

terapeuticamente equivalente mais barato, exceto se o médico o proibir expressamente na receita.<br />

v | Incentivos à inovação<br />

O Patient Proteccion and Affordable Act 55 (2010) inclui incentivos fiscais e subsídios para empresas<br />

(menos de 251 trabalhadores) que desenvolvam medicamentos para áreas terapêuticas ainda sem<br />

tratamento (Therapeutic Discovery Project Credit). A reforma estabelece a Cures Acceleration Network<br />

(CAN) para dar apoios aos avanços revolucionários na investigação básica e no desenvolvimento do<br />

conhecimento para doenças sem cura. A reforma dá, ainda, ênfase à investigação da “dor” e das doenças<br />

que afetam as mulheres.<br />

O orphan drug act (1983) permite aos produtores que desenvolvem medicamentos para doenças órfãs<br />

terem exclusividade de mercado durante sete anos e descontos fiscais de acordo com os valores de I&D. O<br />

programa de apoio ao desenvolvimento de medicamentos para doenças órfãs subsidia a pesquisa.<br />

Para informações recomenda-se a consulta do site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/ForIndustry/DevelopingProductsforRareDiseasesConditions/ /default.htm [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

vi | Implicações da reforma da saúde para a indústria farmacêutica<br />

A reforma impõe uma taxa anual para a indústria farmacêutica. A taxa é calculada com base no market<br />

share da empresa, excluindo os genéricos.<br />

vii | Importações de produtos farmacêuticos<br />

Apesar de liderar a produção, as importações são fundamentais para o abastecimento do mercado<br />

americano, em particular nas substâncias ativas e excipientes. O Quadro 3.8.23 apresenta os dados das<br />

importações totais de produtos farmacêuticos dos <strong>EUA</strong>. A posição pautal com maior relevância é a 3004. O<br />

maior crescimento no período ocorreu na posição pautal 3002, seguido pela posição pautal 3004.<br />

55 Consultar em: http://dpc.senate.gov/dpcdoc-sen_health_care_bill_archive_as_passed.cfm [último acesso: junho 2012]<br />

67


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.23 | Importações totais dos <strong>EUA</strong> de produtos farmacêuticos (2011)<br />

Posição pautal<br />

Valor (milhares de<br />

EUR)<br />

% Taxa de crescimento *<br />

(2001–2011)<br />

2936 748192,58 1,5% 4,7%<br />

2937 872498,74 1,8% -2,7%<br />

2938 77462,86 0,2% 7,0%<br />

2939 341443,11 0,7% -0,6%<br />

2941 817997,67 1,7% -1,9%<br />

3001 378693,75 0,8% 4,3%<br />

3002 8274907,57 16,7% 15,5%<br />

3003 948043,21 1,9% -0,5%<br />

3004 35611635,19 71,7% 9,9%<br />

3006 1569862,62 3,2% 8,9%<br />

Total 49640737,3 100 9,1%<br />

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. * Taxa de crescimento composta<br />

anual.<br />

Considerando uma agregação mais esclarecedora da evolução do mercado feita pelo US Census Bureau,<br />

salienta-se que a maioria dos medicamentos importados é para tratamentos de neoplasias, doenças do<br />

sistema endócrino e do sistema metabólico, seguido de doenças cardiovasculares e doenças do foro do<br />

sistema nervoso central (Figura 3.8.20).<br />

68


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.20 | Medicamentos importados por grupo terapêutico<br />

Neoplasias, sistema endócrino e<br />

doenças metabólicas<br />

2%<br />

Sistema nervoso central<br />

0%<br />

1%<br />

16%<br />

26%<br />

Sistema cardiovascular<br />

Sistema respiratório<br />

5%<br />

8%<br />

Sistema digestivo, reprodutor e<br />

urinário<br />

Dermatologia<br />

25%<br />

17%<br />

Vitaminas, nutrientes e<br />

preparações hematínicas<br />

Doenças infeciosas e parasitas<br />

Uso veterinário<br />

Fonte: US Census Bureau, Current Industrial reports, online 56 .<br />

As importações estão concentradas em sete países, apresentados na Figura 3.8.21. Em conjunto,<br />

representam cerca de 70% do total das importações. Como já havíamos notado anteriormente, a Irlanda é<br />

o principal exportador (30,4%) seguida da Alemanha (21,7%).<br />

Figura 3.8.21 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado dos <strong>EUA</strong> de produtos farmacêuticos<br />

(2011)<br />

21,7%<br />

30,4% Irlanda Alemanha<br />

Suíça<br />

Israel<br />

12,8%<br />

Reino Unido<br />

Canadá<br />

5,3%<br />

5,5%<br />

5,8%<br />

8,2%<br />

10,2%<br />

França<br />

Resto do Mundo<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

56<br />

http://www.census.gov/manufacturing/cir/historical_data/ma325g/index.html [último acesso: junho 2012]<br />

69


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

As exportações portuguesas por segmento e no total das importações americanas são marginais. A quota<br />

de mercado de <strong>Portugal</strong> é inferior a 1%. Em termos nacionais, as exportações de produtos farmacêuticos<br />

para os <strong>EUA</strong> não ultrapassam os 5,9% do total das exportações do setor. O Quadro 3.8.24 resume os dados<br />

das exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os <strong>EUA</strong>.<br />

Quadro 3.8.24 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para os <strong>EUA</strong><br />

Produtos Farmacêuticos Valor (EUR) Quota Taxa de crescimento *<br />

2001-2011<br />

2936 0 0% -<br />

2937 3786,52 0,43% 16,9%<br />

2938 0 0% -<br />

2939 0 0% -<br />

2941 7053,96 0,86% -13%<br />

3001 63,18 0,02% -<br />

3002 70,36 0,0009% -<br />

3003 1323,92 0,14% -<br />

3004 23102,52 0,06% 109%<br />

3006 4,31 0,0003% -<br />

Total 35404,77 0,07% 1,97%<br />

*Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de<br />

2012.<br />

3.8.6.4 | Identificação de oportunidades: farmacêutica<br />

O mercado americano é o maior mercado farmacêutico do mundo. Apesar das políticas para controlar as<br />

despesas de saúde, as despesas com os medicamentos continuam a crescer. Os segmentos onde a procura<br />

mais cresce são os dos medicamentos para o tratamento de condições agudas e de condições crónicas.<br />

Apesar dos desafios e dos custos de entrada e permanência muito elevados, o mercado dos <strong>EUA</strong> é um<br />

mercado incontornável, pela sua dimensão económica e reputação, em particular para fármacos<br />

inovadores. A ausência do controlo direto de preços e a relativa rapidez de procedimentos favorece a<br />

entrada no mercado. O mercado privado, em crescimento, compete pela qualidade o que favorece a<br />

adoção rápida das inovações. Inovações relativamente aos modos de administração de medicamentos, no<br />

sentido da simplificação da toma, da probabilidade de infeções ou diminuição da dor, tendem, em<br />

particular, a ter rápida aceitação.<br />

O sucesso no mercado é condicionado pela generosidade da comparticipação dos seguros. A<br />

comparticipação, por outro lado, tem-se tornado mais exigente e as decisões mais fundamentadas na<br />

evidência clínica e económica dos fármacos. As empresas que entrem no mercado devem preparar-se para<br />

um sistema cada vez mais exigente, em termos de evidência de mais-valia clínica e económica.<br />

O mercado oferece oportunidades para o estabelecimento de parcerias de investigação e outsorcing da<br />

produção e de I&D. O estabelecimento de parcerias de I&D com empresas e/ou centros de investigação<br />

70


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

permitem, não só, o acesso aos fundos de investigação, mas também a possibilidade de beneficiar da<br />

maior eficácia americana em patentear, industrializar e comercializar produtos.<br />

O rápido envelhecimento e controlo de custos tornam os segmentos de diagnóstico particularmente<br />

interessantes. Espera-se, ainda, que os biofármacos, incluindo biossimilares continuem a crescer.<br />

A elevada dependência dos Estados Unidos de importações de princípios ativos e de excipientes cria<br />

igualmente oportunidades Este segmento de mercado beneficia de menores custos de distribuição.<br />

Por fim, existem também oportunidades de entrada no mercado de medicamentos genéricos. Este<br />

segmento é, no entanto, particularmente difícil. A concorrência interna de empresas de grande dimensão<br />

e a de países terceiros com custos de produção mais baixos é muito elevada e os preços tendem a sofrer<br />

erosão rápida. Os elevados custos de entrada e os de distribuição acentuam as dificuldades deste<br />

segmento.<br />

71


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.7 | Dispositivos médicos<br />

O setor nacional de dispositivos médicos americano é reconhecido pela sua capacidade de inovação de<br />

produtos de elevada qualidade e complexidade, o que resulta de uma política expressiva de investimento<br />

em I&D (US Department of Commerce, 2010). De acordo com o inquérito da Price Waterhouse & Coopers<br />

(PwC, 2011) a responsáveis da indústria, o mercado americano é o mais atrativo e fácil de entrar de uma<br />

lista de seis mercados maduros e emergentes.<br />

O dispositivo médico é definido pelo Federal Food, Drug and Cosmetic Act [seção 101(h)] como “um<br />

instrumento, aparelho, executador, invenção, máquina, reagente in vitro ou outro produto ou artigo<br />

similar destinado a ser utilizado no diagnóstico, cura, diminuição, tratamento ou prevenção de doenças<br />

destinado a afetar a estrutura ou qualquer função do corpo humano e que não atua sobre ação química...<br />

E que não está dependente de ser metabolizado para atingir o objetivo principal” 57 .<br />

3.8.7.1 | Estrutura e desempenho da indústria<br />

A indústria de dispositivos médicos americana é muito diversificada, em termos de produtos e de<br />

sofisticação tecnológica. As classificações/agregações de dispositivos variam por fonte. Segundo o Census<br />

Bureau inclui os seguintes tipos de produtos: produtos de diagnósticos in vitro, equipamento electro<br />

médico; aparelhos de radiação, instrumentos cirúrgicos e médicos, aparelhos cirúrgicos e suprimentos,<br />

equipamentos consumíveis dentários, bens oftalmológicos e laboratórios dentários.<br />

De acordo com o Census Bureau, havia aproximadamente 5.300 empresas de dispositivos médicos, em<br />

2007. Atualmente, o número é de 8,000 empresas (PwC, online 58 ). Apesar da maioria das grandes<br />

empresas ter sede nos <strong>EUA</strong>, o mercado é essencialmente composto de empresas de pequena/média<br />

dimensão com menos de 20 trabalhadores. Apenas 15% das empresas têm mais de 100 trabalhadores<br />

(Census Bureau, 2007). De acordo com a Ernst & Young (2010), 1,023 são empresas de tecnologia médica.<br />

Nos últimos anos tem-se assistido a uma forte consolidação da indústria com fusões e aquisições<br />

(MedTech, 2011). Os segmentos com mais expressão na produção são os “Instrumentos cirúrgicos e<br />

médicos”, “Aparelhos cirúrgicos e suprimentos” e “Equipamento electro médico”. Em conjunto, estes três<br />

segmentos representam cerca de 76% do valor total da produção. O setor é igualmente importante em<br />

termos do mercado de trabalho gerando cerca de 390 mil empregos diretos. (Quadro 3.8.25).<br />

57 Tradução livre.<br />

58 http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho<br />

2012]<br />

72


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.25 | Número de trabalhadores e valor da produção (2010)<br />

NAICS<br />

Produtos<br />

Número de<br />

trabalhadores<br />

Valor produção %<br />

325413 Diagnósticos In-vitro 25,734 9135300,00 7%<br />

334510 Equipamento electro médico 61,635 24794372,00 20%<br />

334517 Aparelhos de irradiação 12,701 5204200,00 4%<br />

339112 Instrumentos cirúrgicos e<br />

médicos<br />

339113 Aparelhos cirúrgicos e<br />

suprimentos<br />

339114 Equipamentos consumíveis<br />

dentários<br />

107,013 35091893,00 29%<br />

104,870 33230684,00 27%<br />

15,447 4583143,00 4%<br />

339115 Bens oftalmológicos 20,991 5754955,00 5%<br />

339116 Laboratórios dentários 41,550 4125069,00 7%<br />

Total 389,930 121919616,00 100<br />

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fontes: Census Bureau Annual Survey of Manufactures: General<br />

Statistics: Statistics for Industry Groups and Industries: 2010- 2009, online.<br />

As maiores empresas mundiais do setor têm sede nos <strong>EUA</strong>. Na indústria, as empresas mais importantes de<br />

dispositivos médicos incluem a Johnson & Johnson 59 , Medtronic 60 , Baxter, Stryker Corporation, 61 Becton<br />

Dickinson 62 , Boston Scientific, St. Jude Medical, Zimmer Holding 63 (Forbes, online) 64 . Salientam-se, ainda,<br />

a GE Healthcare Technologies 65 , Abbott Laboratories e Beckman Coulter 66 , ( MedTech, 2011). De acordo<br />

com a Revista Fortune 67 as empresas de maior reputação (mundial) incluem: (i) St. Jude Medical; (ii)<br />

Stryker; (iii) Baxter; (iv) Becton Dickinson; (v) Medtronic. Há muitas listas disponíveis na internet, algumas<br />

das quais incluem contactos e detalhes<br />

Paralelamente, há várias associações ligadas ao setor. Estas englobam áreas como a manufatura de<br />

dispositivos médicos, dispositivos dentários, etc. (Quadro 3.8.26). As associações empresariais referidas,<br />

de um modo geral, disponibilizam nos seus sites contactos e informações gerais sobre os seus associados.<br />

59 http://www.jnj.com/connect/ [último acesso: junho 2012]<br />

60<br />

http://www.medtronic.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

61<br />

http://www.stryker.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

62<br />

http://www.bd.com/ [último acesso: junho 2012]<br />

63<br />

http://www.zimmer.com [último acesso: junho 2012]<br />

64<br />

http://www.forbes.com/global2000/#p_1_s_a0_Medical%20Equipment%20&%20Supplies_United%20States_All%20states_ [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

65 http://www3.gehealthcare.com [último acesso: junho 2012]<br />

66 https://www.beckmancoulter.com [último acesso: junho 2012]<br />

67<br />

http://money.cnn.com/magazines/fortune/most-admired/ [último acesso: junho 2012]<br />

73


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.26 | Associações do setor de dispositivos médicos<br />

Advanced Medical Technology Association (AdvaMed)<br />

Medical Device Manufactures Association (MDMA)<br />

Medical Imaging Technology Association (MITA)<br />

Dental Trade Alliance (DTA)<br />

International Association of Medical Equipment<br />

Remarketers & Services (IAMERS)<br />

http://www.advamed.org/<br />

http://www.medicaldevices.org/<br />

(inclui lista de contactos dos associados)<br />

http://www.medicalimaging.org/<br />

http://www.dentaltradealliance.org/<br />

http://www.iamers.org/<br />

[ultimo acesso: junho 2012]<br />

A indústria está dispersa por todo o território mas mais concentrada em regiões com concentração de<br />

indústrias tecnológicas: California, Florida, New York , Pennsylvania, Michigan, Massachusetts, Illinois,<br />

Minnesota e Georgia. Existem três clusters geográficos principais: Midwest, East Coast e a California.<br />

A concentração no mercado depende do segmento de mercado. O mercado de cardiologia é fortemente<br />

concentrado. A Medtronic, St. Jude Medical, Boston Scientific, dominam o mercado em todos os seus<br />

subsegmentos. O mercado do diagnóstico, de produtos para saúde oral e de reabilitação, são mercados<br />

fragmentados, onde as empresas tendem a operar localmente. [Para uma análise detalhada de cada<br />

segmento ver MedTech (2011).]<br />

Apesar dos preços virem a crescer menos do que para outros segmentos do mercado da saúde, as margens<br />

no setor são, em média, maiores do que no setor global da saúde (14% vs. 8%) (MedTech, 2011). No setor<br />

com baixa incorporação de tecnologia, as barreiras à entrada são baixas, a concorrência é intensa e as<br />

margens são mais pequenas. O setor está exposto à concorrência dos novos países asiáticos. O sucesso<br />

nestes mercados depende da capacidade de conseguir contratos de longo prazo com prestadores de<br />

cuidados de saúde (Patil, 2012). No setor da tecnologia médica, a concorrência tende a ser menos intensa<br />

e as empresas beneficiam de maiores margens. O setor é dominado pela capacidade de I&D e dirigir-se<br />

para necessidades ainda sem solução. A tecnologia avançada é normalmente usada na cardiologia,<br />

ortopédica, imagiologia e diagnóstico in-vitro.<br />

i | Inovação<br />

A indústria de dispositivos médicos americanos produz produtos de alta incorporação tecnológica. O<br />

investimento em I&D relativo a equipamento médico mais do que duplicou na última década. O I&D médio<br />

representa cerca de 8.8% das receitas. No entanto, o I&D por empresa varia entre 3.3% a 20.1%. O setor<br />

de dispositivos médicos ortopédicos investe em I&D cerca de 5.5%, enquanto os dispositivos<br />

cardiovasculares e in-vitro ascende a 11.4% (MedTech, 2011). O investimento em I&D continua a ser mais<br />

do dobro da média da indústria americana.<br />

Uma das importantes vantagens da indústria de dispositivos nos <strong>EUA</strong> é o volume de dinheiro investido pelo<br />

Governo Federal em I&D (US International Trade Commission, 2007). Duas agências federais contribuem<br />

74


Ásia<br />

Pacífico Europa Américas<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

para o desenvolvimento do segmento mais tecnológico da indústria, o National Institute of Health (NIH) e<br />

o National Aeronautics and Space Administration (NASA).<br />

ii | Competitividade<br />

A análise de competitividade da Price Waterhouse & Coopers (2011) classifica os <strong>EUA</strong> como o mercado de<br />

dispositivos médicos mais competitivo entre os nove mais importantes. O estudo sublinha, no entanto, a<br />

perda de competitividade recente da indústria americana. O índice de competitividade foi construído com<br />

base em seis indicadores, apresentados no Quadro 3.8.27.<br />

Quadro 3.8.27 | Índice de competitividade<br />

Indicadores<br />

Futuro<br />

Incentivos financeiros 7.2<br />

Recursos para a inovação 7.3<br />

Sistema regulador 6.8<br />

Procura e insensibilidade ao preço 7.1<br />

Suporte da comunidade de investidores 7.2<br />

Total 7.1<br />

Fonte: PwC 2011. Nota: 0=mínimo, 9=máximo.<br />

Considerando a competitividade pelos custos entre os mercados maduros (Figura 3.8.22), os <strong>EUA</strong> são mais<br />

competitivos do que os seus concorrentes mais diretos - o Japão e a Alemanha - mas menos competitivos<br />

do que outros mercados relevantes, tais como, o Canadá e o Reino Unido. A indústria é menos competitiva<br />

do que nos mercados emergentes.<br />

Figura 3.8.22 | Custos de produção de dispositivos médicos - mercados maduros (EU=100)<br />

Canada<br />

96,2<br />

US<br />

França<br />

Alemanha<br />

Itália<br />

Holanda<br />

Reino Unido<br />

Austrália<br />

Japão<br />

100,0<br />

96,0<br />

101,2<br />

97,0<br />

95,0<br />

94,8<br />

104,1<br />

111,9<br />

Fonte: KPMG 2012, p. 24.<br />

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0<br />

Índice de Custo (<strong>EUA</strong>=100)<br />

75


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.7.2 | Consumo e despesas com os dispositivos médicos<br />

Os <strong>EUA</strong> são o maior mercado de dispositivos médicos do mundo, representando cerca de 40% do mercado<br />

mundial (Holtzman, 2012). O valor estimado do mercado varia entre US$108 milhões (Espicom, 2012) - US$<br />

150 mil em 2010 (Donahoe & King, 2011). O valor per-capita situa-se acima dos US$330, apenas<br />

ultrapassado pelos mercados suíço e dinamarquês (Espicom, 2012).<br />

Os segmentos menos tecnológicos representam uma percentagem importante do mercado devido ao<br />

volume. Os equipamentos descartáveis e os consumíveis representam cerca de 40% do mercado (Standard<br />

& Poor, 2012; Epsicom, 2011). O mercado nestes segmentos deverá, no entanto, crescer a um ritmo<br />

inferior ao crescimento do mercado. As ajudas técnicas representam cerca de 13.5% do mercado (Standard<br />

& Poor2012). De acordo com os resultados do inquérito a responsáveis hospitalares, o consumo de<br />

dispositivos pequenos deverá aumentar nos próximos anos (Lavoise, 2012).<br />

O mercado a retalho de equipamento médico vale cerca de 40 milhões (CMS, 2012). Estima-se que cresça<br />

a uma taxa anual de 6% % e atinja o valor de 66,5 milhões em 2020 (Figura 3.8.23). Se consideramos que<br />

consumo interno total crescerá à mesma taxa o mercado atingirá os US $270 mil-US $322 mil milhões em<br />

2020. As despesas com dispositivos médicos duráveis, das famílias, são maioritariamente suportadas por<br />

pagamentos diretos (53,3% em 2010). Espera-se um aumento da comparticipação pública que em 2020<br />

deverá corresponder a cerca de 30% do total das despesas (CMS,2012).<br />

Figura 3.8.23 | Despesas com equipamento médico (vendas a retalho)<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020<br />

76


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.7.3 | Análise dos principais segmentos terapêuticos<br />

A indústria de dispositivos médicos nos <strong>EUA</strong> é muito grande e diversa. O setor é melhor compreendido nos<br />

seus segmentos. Os segmentos de cuidados cardiovasculares e ortopedia são os principais segmentos.<br />

i | Cardiovascular<br />

O mercado cardiovascular americano estava avaliado em 2010 em US$16,3 mil milhões. Espera-se que o<br />

mercado cresça a uma taxa anual de 3,2% até 2014 (MedTech, 2011) 68 . O crescimento do setor é<br />

impulsionado pelo aumento da prevalência das doenças cardíacas em resultado do envelhecimento, estilos<br />

de vida pouco saudáveis e obesidade.<br />

É um setor fortemente concentrado, com elevado retorno e com importantes barreiras à entrada e<br />

elevados riscos. O domínio das três principais empresas de mercado reflete-se nos principais subsegmentos<br />

do mercado (Quadro 3.8.28).<br />

Quadro 3.8.28 | Drivers, riscos e indústria: cardiovascular<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria/Empresas(a)<br />

Cardiovascular<br />

Fonte: (a) Medtech, 2011.<br />

Prevalência das doenças relacionadas<br />

Principal causa de morte e morbilidade<br />

Envelhecimento e longevidade<br />

Elevado número de procedimentos<br />

Hospitais especializados e com cuidados<br />

sofisticados 69<br />

Recolhas frequentes<br />

Responsabilidade civil<br />

Indústria<br />

muito<br />

concentrada<br />

Medtronic- 46%<br />

Boston Scientific- 29%<br />

I&D – 6%<br />

Os <strong>EUA</strong> têm dos principais hospitais de referência na área cardiovascular. O segmento de eletrofisiologia e<br />

de dispositivos protésicos cardiovasculares são os que parecem oferecer maiores oportunidades de<br />

crescimento. O Quadro 3.8.29 apresenta os dados de evolução atual e prevista relativa aos vários<br />

segmentos.<br />

68<br />

Market research tem uma projeção mais otimista do CAGR de cerca de 9% de 2012 a 2015. Ver em:<br />

http://www.researchandmarkets.com/research/79q7lz/us_cardiac_device [último acesso: junho 2012]<br />

69<br />

http://health.usnews.com/best-hospitals/rankings/cardiology--heart-surgery [último acesso: junho 2012]<br />

77


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.29 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$)<br />

Segmento 2010 2014 Taxa de crescimento*<br />

Gestão de ritmo cardíaco 6,478 6,737 1.0%<br />

Cardiologia de intervenção 4,106 4,668 3.3%<br />

Dispositivos vasculares periféricos 2,123 2,644 5.6%<br />

Dispositivos de mercado de assistência cardíaca 437 578 7.2%<br />

Válvula protésica 453 527 3.9%<br />

Cirurgia cardiovascular 676 603 -2.9%<br />

Monitorização cardíaca 386 454 4.1%<br />

Dispositivos protésicos cardiovasculares 147 203 8.4%<br />

Eletrofisiologia 686 1,077 11.9%<br />

Desfibrilação externa 766 969 6.1%<br />

Total 16,257 18,459 3,2%<br />

*Previsão;**Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011.<br />

ii | Ortopedia<br />

O segmento de dispositivos para ortopedia é um dos mais importantes. Dado o envelhecimento da<br />

população é de esperar que o segmento de ortopedia/próteses lidere os ganhos de mercado nos próximos<br />

anos (Quadro 3.8.30). O segmento deverá continuar a crescer impulsionado também pelos<br />

desenvolvimentos nas áreas de convergência com a biotecnologia, nomeadamente a ortobiologia (Larew,<br />

2011).Outros importantes drivers do mercado são o elevado nível de I&D, a elevada participação de<br />

clínicos e académicos, a excelência e as margens de lucro dos hospitais de referência (OSEC, 2009).<br />

Quadro 3.8.30 | Drivers, riscos e indústria: ortopédico<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria<br />

Ortopédico<br />

Prevalência das doenças<br />

Envelhecimento da população<br />

Aumento dos procedimentos,<br />

Importações.<br />

Proximidade com o meio clínico e<br />

académico<br />

Rapidez de aceitação de novas<br />

tecnologias.<br />

Hospitais com elevada reputação<br />

Responsabilidade civil Principais empresas :<br />

Biomet<br />

dePuy orthopedics<br />

Smith and nephew<br />

I&D (6%)<br />

Elevado número de fusões<br />

Os desenvolvimentos na tecnologia e medicina regenerativa criam novas oportunidades no mercado. A<br />

indústria é muito concentrada e tem sofrido importantes movimentos de consolidação nos últimos anos.<br />

Por exemplo, 5 empresas detêm cerca de 90% do mercado de reconstrução da articulação. Em setores<br />

como o de produtos ortobiológicos, parece haver maior abertura, embora os requisitos regulatórios<br />

possam tornar difícil a entrada no mercado (Quadro 3.8.31).<br />

De acordo com a <strong>Global</strong>data (in MEdTech, 2011), em 2010, o mercado do segmento da ortopedia estava<br />

avaliado em cerca de US$19,8 milhões (aproximadamente 51% do mercado mundial). Espera-se que o<br />

78


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

mercado cresça a uma taxa composta anual de 8.7% até 2015. O segmento de reconstrução articular é o<br />

segmento mais importante (39% do mercado) e deverá continuar a crescer a um ritmo maior do que a<br />

média do setor. Os produtos ortobiológicos, que em 2010 representavam 12.8% do mercado, são o<br />

segmento onde se antecipa o maior crescimento nos próximos anos.<br />

A tendência demográfica joga a favor do desenvolvimento do mercado. No entanto, o segmento é sensível<br />

à evolução macroeconómica. O crescimento do mercado deverá ocorrer sobretudo pelo lado do volume já<br />

que se espera um aumento na pressão sobre os preços. Os principais clientes são os hospitais.<br />

Quadro 3.8.31 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$)<br />

Segmento Valor 2010 2015 Taxa de crescimento* (%)<br />

Reconstrução articular 7,700 12,041 9.3<br />

Cirurgia da coluna vertebral 4,186 5,741 6.6<br />

Ortobiológicos 2,731 5,442 14.8<br />

Trauma 2,213 2,916 5.7<br />

Artroscopia 1,183 1,565 5.8<br />

Suporte de ortóteses 700 911 5.4<br />

Próteses ortopédicas 430 547 4.9<br />

Buco-Maxilo-Facial 316 443 7.0<br />

Acessórios ortopédicos 296 330 2.2<br />

Alargadores ortopédicos 15 18 3.7<br />

Total 19,753 29,954 8.7<br />

Fonte: <strong>Global</strong>Data in MedTech 2011. *Taxa de crescimento anual composta.<br />

O setor tem um forte envolvimento com os especialistas e o meio académico. O país tem os mais<br />

reputados hospitais na área, com forte capacidade de adoção de novas tecnologias (Quadro 3.8.32. A<br />

indústria faz um enorme investimento a divulgar os seus produtos, junto da classe médica.<br />

Quadro 3.8.32 | Top 10 centros ortopédicos<br />

1. Hospital for Special Surgery (New York, NY)<br />

2. Mayo Clinic (Rochester , MN)<br />

3. Massachusetts General Hospital (Boston, MA)<br />

4. Cleveland Clinic (Cleveland, OH)<br />

5. Johns Hopkins Hospital (Baltimore, MD)<br />

6. Duke University Medical Center (Durham, NC)<br />

7. Barnes-Jewish Hospital/Washington University (St. Louis, MO)<br />

8. UMPC-University of Pittsburgh Medical Center (Pittsburgh, PA)<br />

9. University of Iowa Hospitals and Clinics (Iowa City , IA)<br />

10. Rush University Medical Center (Chicago, IL)<br />

Fonte: Best Hospitals 2011.<br />

79


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

iii | Imagiologia<br />

O segmento de imagiologia tem como fatores impulsionadores o desenvolvimento tecnológico e a medicina<br />

personalizada. Este setor é dominado por 4 empresas, sendo que as duas principais empresas têm perto de<br />

metade do mercado. Os hospitais são os principais clientes. O setor sente, assim, a pressão sobre os<br />

preços que deverá ser compensada pelo aumento do número de pacientes e pela generalização de nova<br />

tecnologia (Quadro 3.8.33).<br />

Quadro 3.8.33 | Drivers, riscos e indústria: imagiologia<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria(a)<br />

Imagiologia<br />

I&D<br />

Desenvolvimento tecnológico:<br />

Responsabilidade<br />

civil<br />

Setor muito concentrado<br />

GE healthcare (27%)<br />

- Imagem 3D<br />

- Imagem molecular<br />

Controlo de custos<br />

Philips Health Care - (22.3%)<br />

Siemens Healthcare (18.5%)<br />

- Medicina personalizada<br />

Toshiba Medical Systems (5%)<br />

Fonte: (a)Medtech 2011.<br />

De acordo com a <strong>Global</strong>Data, o mercado dos dispositivos de imagem médica tinha um valor de<br />

aproximadamente US$6,2 mil milhões, em 2010 (in MedTech, 2011). Os segmentos de ultrassons e MRI são<br />

os principais mercados, contando para cerca de 50% do mercado total. A consultora antecipa um<br />

crescimento a uma taxa composta anual de 4,6% até 2015. Espera-se, no entanto, que o mercado de<br />

equipamento de imagem nuclear seja o segmento com maior crescimento.<br />

iv | Diagnóstico<br />

O setor de diagnóstico é muito diversificado, em termos de produtos, tecnologia incorporada e estrutura<br />

de mercado. Alguns segmentos de diagnóstico são mercados maduros, enquanto outros estão em forte<br />

desenvolvimento tecnológico. Trata-se de um setor atrativo pela maior facilidade de entrada em alguns<br />

dos seus segmentos menos tecnológicos, assim como, pelo ritmo de crescimento nos segmentos mais<br />

tecnológicos. O crescimento do setor é impulsionado pelo aumento do número de empresas, pela I&D,<br />

pela melhoria das perspetivas de reembolso e pela tecnologia (Quadro 3.8.34).<br />

Quadro 3.8.34 | Drivers, riscos e indústria: diagnóstico<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria/empresas*<br />

Diagnóstico<br />

Fonte: *Medtech 2011.<br />

I&D<br />

Medicina<br />

personalizada<br />

Reembolso<br />

Responsabilidade<br />

civil<br />

Pressão custos<br />

Muito diversificada e com segmentos<br />

competitivos<br />

Principais empresas (quota de mercado):<br />

Siemens Health Care Diagnostic (9.2%)<br />

Abbott Diagnostic (9%)<br />

Roche Diagnostic (6,7%)<br />

80


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

As compras de hospitais representam cerca de 59% do mercado e os laboratórios independentes 34%<br />

(MedTech, 2011). Esta segmentação de mercado dá oportunidades as empresas que se dirijam ao mercado<br />

nacional e às que se concentram em mercados mais locais.<br />

A indústria do diagnóstico in vitro é muito concentrada: 10 empresas representam 78.5% do mercado<br />

(PwC, 2009) e os movimentos de concentração continuam (PwC, 2011a). Nos últimos anos o setor nos <strong>EUA</strong><br />

tem passado por um movimento de consolidação com aquisições e fusões, à semelhança do que aconteceu<br />

à escala mundial (PwC, 2009; 2011). No entanto, o mercado é muito dinâmico.<br />

Os <strong>EUA</strong> são o maior mercado de diagnósticos in vitro, com um valor estimado em US$18,9 mil milhões<br />

representando cerca de 44% do mercado mundial (PwC, 2009). O mercado americano estava valorado em<br />

US$18,7 mil milhões em 2010, 44% do mercado mundial, e de acordo com a <strong>Global</strong>Data (in Medtech, 2011)<br />

deverá crescer a uma taxa composta anual de 5,5% até 2015. Reagentes e consumíveis representam cerca<br />

de 84% do mercado (MedTech, 2011) (Quadro 3.8.35).<br />

Quadro 3.8.35 | Evolução dos segmentos reagentes e consumíveis e instrumentos e imagens (US$ mil milhões)<br />

Segmento<br />

2010 2015<br />

Taxa de crescimento*<br />

Reagentes e consumíveis 15,752 20,563 5.5%<br />

Instrumentos e imagens 2,929 3,830 5.5%<br />

Total 18,681 24,393 5.5%<br />

*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: <strong>Global</strong>Data in MedTech 2011.<br />

O mercado pode ser dividido em 7 tipo de testes. Quando consideramos o tipo de testes, o mercado é<br />

dominado pela imunoquímica, que representava, em 2010, cerca de 35% do mercado Os testes genéticos<br />

representam cerca de 4% do mercado de diagnóstico, mas será o segmento que mais contribuirá para o<br />

crescimento do mercado (Quadro 3.8.36). Este segmento é particularmente interessante para a entrada<br />

de novas empresas, por ainda ser bastante fragmentado.<br />

Quadro 3.8.36 | Evolução de subsegmentos<br />

Segmento Valor 2010 2015 Taxa de crescimento* (%)<br />

Imunoquímica 6,963 9,195 5.7<br />

Química clinica 4,012 5,177 5.2<br />

Hematologia 2,882 3,662 4.9<br />

Imunologia e infeciosas 2,102 2,810 6.0<br />

Cultura microbiológica 1,443 1,841 5.0<br />

Testes genéticos 714 972 6.4<br />

Histologia e citologia 563 737 5.5<br />

Total 18,681 24,393 5.5<br />

*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011.<br />

81


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Os diagnósticos moleculares são o segmento mais dinâmico. Os <strong>EUA</strong> lideram o crescimento do número de<br />

empresas no segmento. O mercado está avaliado em cerca de US$3,4 mil milhões (MedTech, 2011)- US$5<br />

mil milhões (PwC, 2009) e deverá crescer a um ritmo superior a 10% ano nos próximos anos, podendo<br />

ascender a US$ 10 mil milhões, em 2015 (PwC, 2009). Neste segmento, os testes a doenças infeciosas<br />

lideram o mercado (52%), seguidos de testes de sangue (27%) (PwC, 2009; 2011b).<br />

O I&D do segmento ultrapassa 11,4% das receitas O crescimento da farmacogenética deverá ser<br />

excecionalmente elevado. Os companion diagnostic estão a crescer rapidamente, motivados pelo<br />

desenvolvimento da medicina personalizada. O setor é particularmente atraente para aquisições e<br />

parcerias com a indústria farmacêutica.<br />

v | Equipamento de reabilitação<br />

De acordo com o Patterson Medical (in MedTech, 2011), o mercado de produtos de reabilitação valia em<br />

2009 aproximadamente US$4,1 mil milhões (cerca de 82% do mercado mundial). O mercado deverá crescer<br />

a uma taxa composta anual de 3% até 2013. O mercado é muito competitivo e fragmentado, sendo que a<br />

maioria das empresas tem uma abordagem. O canal de distribuição é variado, abordando de forma diversa<br />

instituições de saúde e consumidores finais.<br />

O envelhecimento é o maior driver do mercado. Adicionalmente, o aumento da necessidade de<br />

equipamentos decorrente de uma vida ativa mais prolongada e o aumento dos cuidados domiciliários<br />

acentuam o desenvolvimento do mercado (Quadro 3.8.37).<br />

Quadro 3.8.37 | Drivers, riscos e indústria: equipamento de reabilitação<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria<br />

Equipamento de<br />

reabilitação<br />

Envelhecimento<br />

Aumento do número de<br />

procedimentos<br />

Risco de responsabilidade<br />

civil<br />

Muito fragmentado e<br />

competitivo<br />

Aumento do número de<br />

profissionais<br />

Vantagens competitivas:<br />

preço, qualidade<br />

Tratamentos domiciliários<br />

Cobertura regional.<br />

vi | Dentária<br />

O mercado dos dispositivos médicos dentários é competitivo e fragmentado. O segmento dos implantes é o<br />

mais importante, mas revelou-se muito sensível à crise económica.<br />

Em geral as vendas diretas são pouco frequentes pelo que o canal de distribuição é muito relevante. O<br />

mercado é competitivo e tende a ser local/regional, o que abre perspetivas para a entrada de empresas<br />

mais pequenas. Apesar disso, a maior empresa de implantes Biocare tem um poder de mercado<br />

importante com cerca de 22% da market share. O mercado deverá crescer com a melhoria das condições<br />

económicas e com a melhor cobertura dos seguros com a implementação da reforma (Quadro 3.8.38).<br />

82


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.38 | Drivers, riscos e indústria: dentária<br />

Especialidade Drivers Riscos Indústria<br />

Dentária<br />

Aumento da prevenção<br />

Crescimento da cobertura dos<br />

seguros<br />

Elevada elasticidade preço e<br />

rendimento<br />

Setor muito fragmentado e<br />

competitivo<br />

Inovação (regeneração óssea,<br />

digitalização)<br />

Vantagens competitivas:<br />

preço, qualidade<br />

Cobertura regional<br />

Diminuição do número de<br />

dentistas (-)<br />

Fatores críticos: cadeia de<br />

distribuição, produto<br />

De acordo com a <strong>Global</strong> Data (in Medtech, 2011), o mercado de dispositivos médicos dentários tinha um<br />

valor estimado em US$2,4 mil milhões em 2010. O mercado deverá crescer a uma taxa composta anual de<br />

7,3% ano e atingir US$3,2 mil milhões em 2014. O segmento mais relevante é o de implantes seguido pelo<br />

segmento de cadeiras e equipamentos (Quadro 3.8.39).<br />

A distribuição no setor é dominada por empresas com uma forte cobertura nacional ou local. As vendas<br />

diretas são marginais pelo que para se entrar no setor é importante estabelecer relações sólidas com os<br />

distribuidores.<br />

Quadro 3.8.39 | Evolução dos segmentos de mercado (milhares de US$)<br />

Segmento 2010 2015 Taxa de crescimento* (%)<br />

Coroas e pontes 113 156 8,4<br />

Cadeiras e equipamentos 701 923 7,1<br />

Implantes 852 1.088 6,3<br />

Lasers 39 54 8,5<br />

Biomateriais 147 205 8,7<br />

Equipamento radiologia 551 760 8,4<br />

Total 2.402 3.184 7,3<br />

*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: MedTech 2011.<br />

vii | Produtos combinados<br />

Os produtos combinados são produtos com duas ou mais componentes reguladas, combinados física,<br />

quimicamente ou de outra maneira (21CFR part 3.2e). O mercado de produtos combinados tinha um valor<br />

de 13,7 mil milhões em 2009, o que representa 57% do mercado mundial. Espera-se um crescimento a uma<br />

taxa composta anual de 14,5% até 2014 (37 mil milhões). O mercado nos seus diferentes subsegmentos<br />

tem sido dominado pelo lançamento de produtos por grandes empresas. No entanto, também têm entrado<br />

no mercado pequenas empresas (MedTech, 2011).<br />

83


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.7.4 | Regulação de dispositivos médicos<br />

Apesar de menos regulado do que o mercado farmacêutico, o setor dos dispositivos médicos também é<br />

muito regulado. A regulação do setor tem vindo a aumentar. As empresas consideram a complexidade e<br />

instabilidade da regulação como o seu principal desafio gastando recursos consideráveis com as questões<br />

regulatórias. Apesar dos esforços de harmonização entre as nações, os resultados têm sido insuficientes.<br />

De facto, o mercado dos dispositivos médicos só está disponível para produtores que conseguiram a<br />

aprovação da FDA, seguindo os procedimentos estabelecidos. Nos últimos anos tem-se tornado cada vez<br />

mais difícil conseguir a autorização de entrada no mercado (US Department of Commerce, 2010).<br />

i | Entidade reguladora<br />

O processo regulatório de dispositivos médicos é nacional. O Center for Devices and Radiological Health<br />

(CDRH) da é o organismo responsável pela regulação das empresas que fabricam, embalam, etiquetam<br />

e/ou importam dispositivos médicos, vendidos nos <strong>EUA</strong>. Além disso, é também responsável pela regulação<br />

de produtos eletrónicos emissores de radiação (médicos e não médicos), como por exemplo, os lasers,<br />

raios-X, sistemas e equipamentos de ultrassom.<br />

Informação adicional pode ser encontrada no site do CDRH em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDRH/default.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Um primeiro contacto para exportar para os <strong>EUA</strong> é a Division of Small Manufacturers, International and<br />

Consumer Assistance (DSMICA). A DSMICA está mandatada para dar assistência sobre aspetos regulatórios a<br />

pequenas empresas e a empreasas estrangeiras. O Safe Medical Act de 1976, é a peça normativa que<br />

determina os aspetos principais da regulação do mercado particularmente nas áreas de premarket<br />

approval e postmarket surveillance. O Quadro 3.8.40 apresenta os principais documentos legislativos.<br />

O sistema regulatório é transparente, mas complexo e os prazos de entrada são demorados (Makower et<br />

al., 2012). Além do mais, os custos com a introdução de um novo dispositivo são muito elevados. Em<br />

consequência, a evidência sobre a perceção da indústria relativamente ao processo regulatório é negativa.<br />

Um inquérito à indústria (Makower et al., 2012) indica uma perceção de menor competência e<br />

previsibilidade da FDA quando comparada com a Agência Europeia do Medicamento (EMEA). De acordo<br />

com o inquérito da EMERGO Group (2012) os responsáveis da indústria revelam apreensão sobre a evolução<br />

da regulação, notando o aumento da complexidade e relevando os desafios que as alterações do sistema<br />

regulatório colocam ao setor.<br />

84


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.40 | Principais documentos legislativos<br />

Legislação<br />

Ata de 1990 – segurança<br />

em dispositivos médicos<br />

Ata de 1997 para<br />

Modernização da FDA<br />

Aspetos relevantes<br />

Estabelece requisitos do sistema de qualidade;<br />

Apoio da vigilância pós-venda;<br />

Abre a possibilidade de poder discricionário da FDA na atribuição das PMAs.<br />

Extensão das isenções da Classe I e Classe II;<br />

Define a “prestação menos onerosa”;<br />

Suporte da resolução de disputas;<br />

Estabelece a avaliação de designação automática de Classe III (dando ao patrocinador a<br />

oportunidade de solicitar classificação inferior devido a um dispositivo de risco mínimo,<br />

conhecida como revisão de “novo").<br />

Ata (MDUFMA) de 2002<br />

para taxa de utilização e<br />

modernização de<br />

dispositivos médicos<br />

Ata de 2007 para<br />

modernização da FDA<br />

Fonte: FDA, online 70 .<br />

Estabelece uma tabela de preços para a maioria dos tipos de submissões de dispositivos<br />

para alcançar tempos de revisão mais curtos;<br />

Exige que a FDA inclua especialistas pediátricos no painel de um produto destinado a uso<br />

pediátrico.<br />

Reautorização e expansão do MDUFMA.<br />

ii | Registo da empresa<br />

As empresas estrangeiras que produzam dispositivos médicos, têm de obedecer aos requisitos<br />

estabelecidos pela FDA, mesmo que já tenham sido aprovadas em outros países. Esses requisitos incluem o<br />

registo de estabelecimento.<br />

Os fabricantes nacionais e estrangeiros, assim como os distribuidores (importadores) de dispositivos<br />

médicos, devem fazer o registo eletrónico das suas empresas na FDA (21 CFR 807.20). As empresas que<br />

transformem, reembalem, esterilizem ou realizem outros procedimentos expressos na lei devem também<br />

registar-se. Estão isentas as empresas ao abrigo do 21 CFR 807.65. Desde 2007, há lugar ao pagamento de<br />

uma taxa de registo para a maioria das empresas. Todas as informações de registo devem ser verificadas<br />

anualmente entre 1 de outubro e 31 de dezembro.<br />

Importante<br />

O registo da empresa não significa a aprovação do estabelecimento ou dos dispositivos. Informações adicionais sobre o<br />

processo de registo, incluindo os formulários FDA-2891, podem ser encontradas no site da FDA em:<br />

http://fda.gov/cdrh/devadvice/341.html [último acesso: junho 2012]<br />

70<br />

http://www.fda.gov/AboutFDA/CentersOffices/OfficeofMedicalProductsandTobacco/CDRH/CDRHTransparency/ucm203018.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

85


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

iii | Agente<br />

Além do registo, os fabricantes estrangeiros devem também designar um agente nos <strong>EUA</strong>. As<br />

responsabilidades dos agentes incluem: (i) ajudar a FDA na comunicação com a empresa estrangeira; (ii)<br />

responder a questões relativas a produtos das empresas que representam; (iii) auxiliar a FDA a agendar as<br />

inspeções em contexto de dificuldade de contacto direto ou rápido com a empresa. A FDA pode dar<br />

informações e documentos aos agentes, considerando-se para efeitos legais equivalentes. O agente não<br />

tem responsabilidade de reportar eventos adversos (21 CFR Part 803) e submeter Premarket Notifications<br />

[510(k)] (21 CFR Part 807, Subpart E). 71<br />

Os fabricantes devem notificar à FDA o nome e os contactos (endereço, telefone, fax, email) do agente<br />

nos <strong>EUA</strong>. Mesmo que um fabricante produza diferentes produtos deve apontar só um agente. Os<br />

importadores locais devem igualmente estar registados. Os armazenistas, que não produzam, embalem ou<br />

rotulem produtos não precisam estar registados.<br />

Esta informação pode ser complementada em:<br />

http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/341.html#link_1 [último acesso: junho 2012]<br />

iv | Registo de dispositivos médicos<br />

Os fabricantes devem registar os seus dispositivos médicos na FDA. São obrigados a efetuar o registo:<br />

(re)fabricantes; fabricantes contratados que distribuem comercialmente dispositivos médicos;<br />

esterilizadores que distribuem comercialmente dispositivos médicos; empresas responsáveis pela<br />

(re)embalagem e (re)etiquetagem; processadores de dispositivos de uso único; fabricantes de acessórios e<br />

componentes vendidos diretamente ao consumidor final; e fabricantes americanos de dispositivos médicos<br />

destinados apenas à exportação.<br />

v | Classificação dos dispositivos<br />

Antes de introduzir um dispositivo no mercado, o fabricante deve primeiro determinar como é regulado<br />

(medicamento, dispositivo médico, produto biológico, ou combinação). Na maior parte dos casos a<br />

identificação do produto é fácil. No caso de não ser, o importador deve questionar a FDA sobre a<br />

classificação. A FDA deverá responder no prazo máximo de 60 dias.<br />

Os dispositivos médicos são classificados quanto ao risco por classe: classe I, classe II e classe III. O risco<br />

de doença ou lesão aumenta da classe I para III. A classe III inclui os dispositivos com maior risco de<br />

doença/lesão e os dispositivos de suporte de vida. O controlo regulamentar aumenta da classe I para a<br />

classe III.<br />

A identificação correta da classe é importante para determinar o processo regulatório. A classe de um<br />

dispositivo é feita de acordo com os regulamentos de classificação. As classificações propostas tendem a<br />

71 Ver para dúvidas: http://fdaagents.com/faq.html?Lang=EN [último acesso: junho 2012]<br />

86


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

ser genéricas pelo que se deve ter cuidado com a sua especificação. Se o dispositivo médico variar muito<br />

da classificação genérica é automaticamente classificado como Classe III.<br />

Informação sobre o risco dos dispositivos já no mercado pode ser acedida no site:<br />

http://ecfr.gpoaccess.gov/ [título 21] [último acesso: junho 2012]<br />

A responsabilidade pela categorização dos dispositivos (classe I, classe II e classe III) é da FDA. Os centros<br />

responsáveis são o Center for Devices and Radiological Health (CDRH) e a Division of Clinical Laboratory<br />

Devices (DCLD).<br />

vi | Acesso ao mercado<br />

O acesso ao mercado consiste na Premarket Notification (PMN) 510 (k) e Premarket Approval (PMA). O<br />

PMN 510 (k) é o processo mais simples. Para a obtenção da aprovação é necessário que a empresa<br />

argumente “equivalência substancial” com um dispositivo que já se encontra no mercado. Equivalência<br />

substancial requer que os dispositivos tenham o mesmo tipo de uso e as mesmas características<br />

tecnológicas ou, caso haja diferenças técnicas, não afetem a segurança do dispositivo. Se o dispositivo<br />

médico exigir uma PMN 510 (k), não pode ser distribuído comercialmente até receber uma carta da FDA<br />

com a devida autorização.<br />

Em 1998 a FDA estabeleceu o new 510(k) paradigma. Neste âmbito criou três tipos de 510(k): o<br />

tradicional, o especial e o simplificado. O 510(k) especial deve ser apresentado quando há alterações ao<br />

dispositivo que não alteram o uso ou as características tecnológicas. O 510(k) simplificado pode ser<br />

submetido quando existe um documento de orientação, ao qual já foi aplicado algum controlo especial, ou<br />

sobre o qual a FDA tem consenso sobre o standard necessário. Para dispositivos de baixo risco, as<br />

empresas podem, ainda, recorrer a entidades terceiras acreditadas, para submeter o 510(k). A maioria dos<br />

dispositivos, de classe I está isenta de Premarket Notification 510(k), enquanto que grande parte dos<br />

dispositivos de classe II exige essa notificação. Os dispositivos de classe III e os implantes necessitam de<br />

Premarket Approval (PMA). A Figura 3.8.24 sumariza o processo para obter autorização de entrada no<br />

mercado.<br />

87


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Informações detalhadas podem ser encontradas no site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/HowtoMarketYourDevice/PremarketSub<br />

missions/PremarketNotification510k/ucm134573.htm [510(k) especial]<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/HowtoMarketYourDevice/PremarketSub<br />

missions/PremarketNotification510k/ucm134574.htm [510(k) simplificado]<br />

Informações detalhadas sobre a podem ser encontradas no site da FDA: em<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/ResourcesforYou/Industry/ucm127127.htm [submissão do 510(k)]<br />

http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfpcd/315.cfm [lista de dispositivos isentos de<br />

Premarket Notification 510(k)]<br />

Para mais informações consultar o documento: FDA(1998) The New 510(k) Paradigm - Alternate Approaches to<br />

Demonstrating Substantial Equivalence in Premarket Notifications - disponível em<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm080187.htm<br />

[último acesso: junho de 2012]<br />

88


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Figura 3.8.24 | Processo para autorização de entrada<br />

É um aparelho ou um<br />

acessório para um aparelho?<br />

Não<br />

Não regulada pela<br />

FDA<br />

Pedido de<br />

reclassificação<br />

New 510(k)<br />

Sim<br />

PMA<br />

Está coberto pela<br />

classificação reguladora?<br />

Não<br />

Automaticamente<br />

Classe III<br />

510(k) tradicional<br />

Sim<br />

510(k) especial<br />

Quais as opções para<br />

Isento<br />

conseguir a aprovação ou<br />

clarificação do mercado?<br />

510(k)<br />

510(k) abreviado<br />

PMA<br />

510(k)<br />

Revisão por 3º parte<br />

Fonte: adaptado de Thompson, 2010.<br />

No caso dos dispositivos necessitarem de PMA, têm de demostrar ser seguros e efetivos, tratando-se de<br />

um processo mais complexo e incluindo a apresentação de evidência clínica 72 . Tal implica a realização de<br />

ensaios clínicos. O Quadro 3.8.41 compara os processos PMN e PMA.<br />

É obrigatório apresentar a lista de todos os dispositivos médicos fabricados ou importados, apresentando o<br />

formulário FDA-2892<br />

Informações sobre como submeter a listagem pode ser encontrada no site da FDA em:<br />

http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/342.html [último acesso: junho 2012]<br />

72<br />

Para detalhes consultar:<br />

http://www.fda.gov/medicaldevices/deviceregulationandguidance/howtomarketyourdevice/premarketsubmissions/premarketappro<br />

valpma/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

89


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Quadro 3.8.41 | Comparação dos processos PMN e PMA<br />

Dispositivos sujeitos<br />

Dados clínicos<br />

Evidência segurança e<br />

eficácia<br />

Barreiras ao<br />

marketing<br />

Duração do processo<br />

Modificações<br />

PMN<br />

Poucos da classe I, maioria da<br />

classe II e alguns da classe III<br />

antes do ato.<br />

Não obrigatórios. Apenas em<br />

10% dos casos para prova de<br />

equivalência.<br />

Para suportar “equivalência<br />

substancial”.<br />

Poucas.<br />

Aprox. 3 meses*<br />

4.5 meses**<br />

3-6 Meses ***<br />

31 meses****<br />

510(k) simplificado ou novo<br />

510(k) se houver alteração<br />

substancial.<br />

PMA<br />

Todos Classe III pós device act;<br />

Alguns classe III pré device act;<br />

Dispositivos que não tenham correspondente<br />

substancialmente equivalente aos de classe I ou II através<br />

do processo de PMN 510 (k);<br />

Dispositivos que não se encontrem na classificação anterior<br />

a 1976, exceto se: (i) a FDA reclassifica-os numa classe I ou<br />

II ou (ii) a FDA emite uma ordem classificando o dispositivo<br />

na classe I ou II de acordo com a secção 513 do Medical<br />

Device Act.<br />

Usualmente obrigatórios.<br />

Necessária evidência clínica e científica.<br />

Elevadas.<br />

Aprox. 9 meses*<br />

27.1 meses**<br />

12- 24 Meses***<br />

54 meses****<br />

Novo PMA. Depende das alterações<br />

Nota: A FDA emite uma ordem considerando o dispositivo “substancialmente equivalente” a um já existente no<br />

mercado quando “tem o mesmo uso possui as mesmas características tecnológicas ou tem características tecnológicas<br />

diferentes mas demonstra ser pelo menos tão seguro e efetivo como o comparador (medical device act). Se o<br />

argumento não se aplicar a empresa pode: (a) re-submeter o pedido; (b) requerer nova classificação do produto; (c)<br />

submeter um pedido de PMA. A FDA tem 180 dias para responder.<br />

Fontes: FDA, online; *2009; **Ernst and Young 2011; ***CHI&BCG, 2011, ****Makower et al (2012)<br />

vii | Investigational Device Exemption para estudos clínicos<br />

Uma Investigational Device Exemption (InvDE) permite a utilização de um dispositivo médico, ainda em<br />

investigação num estudo clínico, necessários para suportar uma PMA ou PMN 510 (k). Em resultado do<br />

maior rigor regulamentar o número de InvDEs concedidos tem vindo a diminuir (Ernst & Young, 2011).<br />

Se uma empresa portuguesa pretende realizar um ensaio clínico nos <strong>EUA</strong>, necessita encontrar um parceiro americano,<br />

já que uma empresa estrangeira, não pode obter um InvDE.<br />

90


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

viii | Ensaios clínicos<br />

Os ensaios clínicos com dispositivos da classe III devem ser aprovados pela FDA e por um Conselho de<br />

Revisão Institucional, antes de serem iniciados. A reforma da saúde, recentemente aprovada, tenderá a<br />

aumentar a complexidade da regulação, apesar de procurar diminuir a duração do processo. Em<br />

particular, a aprovação da maioria dos novos dispositivos médicos terá de ser acompanhada por evidência<br />

de efetividade sustentada em ensaios clínicos.<br />

A FDA propôs uma nova classe IIB, obrigando os dispositivos incluídos a apresentarem dados semelhantes aos dos<br />

dispositivos da classe III.<br />

Regulação do Sistema de Qualidade: inclui requisitos relacionados com os métodos utilizados e as<br />

instalações, bem como, controlo em relação ao design, compras, fabrico, embalagem, rotulagem,<br />

armazenamento, instalação e manutenção de dispositivos médicos. Os produtores estrangeiros, tal como<br />

os nacionais, estão sujeitos a inspeção. Cabe à FDA inspecionar as instalações para assegurar o<br />

cumprimento das normas de qualidade. A estratégia de inspeção da FDA denomina-se Quality System<br />

Inspections Technique (QSIT). A QSIT é baseada num sistema de inspeção top-down avaliando os controlos<br />

existentes em sete subsistemas: gestão, design, ações corretivas e preventivas, processos e sistema de<br />

produção processos, instalação e equipamentos, documentos e registos (FDA, online 73 ). Os produtores<br />

estrangeiros podem ser acreditados e inspecionados por terceiros certificados pela FDA Programa AP. O AP<br />

pode ser solicitado por empresas que cumpram os requisitos estabelecidos.<br />

O guia orientador das inspeções pode ser encontrado no seguinte documento:<br />

http://www.fda.gov/downloads/ICECI/Inspections/UCM142981.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

Requisitos de Rotulagem: incluem etiquetas do dispositivo médico, bem como, literatura descritiva e<br />

informativa que o acompanha.<br />

A descrição dos requisitos pode ser encontrada no site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/DeviceLabeling/[último<br />

acesso: junho 2012]<br />

ix | Vigilância após entrada no mercado<br />

A lei estabelece que os dispositivos de alto risco devem ser vigiados, pelos produtores após a entrada no<br />

mercado. A FDA também pode obrigar a vigilância do mercado a outros produtos se considerar que essas<br />

ações são necessárias para proteger a saúde pública. No âmbito do programa Medical Device Reporting<br />

(MDR), devem ser reportados à FDA todos os incidentes em que um dispositivo possa ter causado ou<br />

contribuído para a morte ou lesão grave de pacientes. Devem, igualmente, ser reportados à FDA os<br />

defeitos encontrados nos dispositivos. Os importadores locais (ou representantes) devem manter um<br />

73<br />

Consultar http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/InspectionGuides/ucm074883.htm [último acesso: junho 2012]<br />

91


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

processo MDR para cada evento adverso.<br />

Informações adicionais ser consultadas no site daFDA em :<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/Safety/ReportaProblem/default.htm [último acesso: junho de 2012]<br />

Adicionalmente, o distribuidor deverá ter informação que permita identificar a localização do dispositivo<br />

ao longo da cadeia de distribuição (Medical Device Tracking) 74<br />

Informações adicionais podem ser encontradas no site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/PostmarketRequirements/RecallsCorrect<br />

ionsAndRemovals/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

A FDA tem mandato, desde 2007, para implementar um sistema Unique Device Identifier (UDI) para os<br />

dispositivos médicos. O número de dispositivos recolhidos por defeitos ou outros problemas (recalls) tem<br />

vindo a aumentar, o que acarreta custos elevados para a indústria (Ernst & Young, 2011).<br />

No futuro a FDA pretende implementar um programa piloto de recolha de dispositivos antigos, após a<br />

introdução de novos dispositivos utilizados para os mesmos fins.<br />

x | Custos do quadro regulatório<br />

Os custos com o quadro regulatório são elevados. Os custos de serviço pagos à FDA são publicados<br />

anualmente.<br />

Os valores e métodos de pagamento, para 2012, para os diferentes procedimentos podem ser encontrados no site da<br />

FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/MedicalDeviceUserFeeandMod<br />

ernizationActMDUFMA/ucm109177.htm [último acesso: junho 2012]<br />

Os custos reais parecem, no entanto, muito maiores. De acordo com os resultados do inquérito a 200<br />

empresas de tecnologia médica, o custo médio de um dispositivo médico 510(k) até à entrada no mercado<br />

é de cerca de US$31 milhões, dos quais US$24 milhões estão associados a procedimentos da FDA (incluindo<br />

os ensaios clínicos). Cerca de US$5 milhões são gastos apenas no processo burocrático para obter o 510(k).<br />

Para um dispositivo PMA, o custo médio é de US$94 milhões, sendo US$75 milhões relacionados com<br />

procedimentos da FDA, dos quais aproximadamente US$15 são gastos de obtenção do PMA (Makower et<br />

al., 2012).<br />

74<br />

http://www.fda.gov/cdrh/devadvice/51.html [último acesso: junho 2012]<br />

92


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Reforma da saúde: novo imposto<br />

A partir de 2013, a nova lei impõe um novo imposto de 2,3% aplicado a todas as vendas. As importações<br />

estão sujeitas a igual taxa, no entanto as componentes estão dispensadas. Óculos, lentes de contacto,<br />

ajudas a audição e outros dispositivos de retalho determinados pelo responsável governamental estão<br />

isentos (IRS, 2012).<br />

O documento pode ser consultado em:<br />

http://www.irs.gov/pub/newsroom/reg-113770-10.pdf [último acesso: junho de 2012]<br />

xi | Produtos com regulação adicional<br />

Produtos que emitem radiação<br />

Os fabricantes que exportem para os <strong>EUA</strong> produtos que emitem radiação estão sujeitos a requisitos<br />

adicionais.<br />

Um guia sobre os requisitos pode ser encontrado no site da FDA em Eletronic Product Radiation Control:<br />

http://www.fda.gov/cdrh/comp/eprc.html [último acesso: junho 2012]<br />

Diagnóstico in vitro<br />

Os dispositivos de diagnóstico in vitro estão, adicionalmente, sujeitos aos requisitos impostos pelo Clinical<br />

Laboratory Improvement Amendments, de 1996, relativo às normas de qualidade para testes de<br />

laboratório e de acreditação para laboratórios de análises clínicas. Os requisitos variam de acordo com a<br />

complexidade técnica do processo de teste e riscos de danos.<br />

Informação adicional pode ser consultada em:<br />

<br />

http://www.cms.gov/Regulations-and-Guidance/Legislation/CLIA/index.html?redirect=/CLIA/ [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

Os regulamentos estabelecem três categorias de testes, com base na complexidade da metodologia de<br />

ensaio: (i) waived tests; (ii) ensaios de complexidade moderada; e (iii) ensaios de elevada complexidade.<br />

Os laboratórios que realizam testes de complexidade moderada e/ou alta, têm de cumprir requisitos de<br />

qualidade exigentes.<br />

93


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Para aceder a informação sobre os produtos e processos ver Product Complexity Database:<br />

<br />

http://www.accessdata.fda.gov/scripts/cdrh/cfdocs/cfCLIA/search.cfm<br />

Os requisitos de rotulagem específicos para diagnósticos in vitro estão definidos no título 21; CFR 809. Informação<br />

pode ser acedida no site:<br />

<br />

http://ecfr.gpoaccess.gov<br />

Para mais detalhes aceder ao site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/Overview/DeviceLabeling/InVitroDiagno<br />

sticDeviceLabelingRequirements/default.htm<br />

Recomendações à indústria podem ser encontradas no site da FDA em:<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/IVDRegulatoryAssistance/default.htm<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

Produtos combinados<br />

A crescente importância do segmento de produtos combinados levou à criação do Office of Combination<br />

Products (OCP) na FDA, em 2002. A submissão do produto ao OCP é orientada pelo princípio “principal<br />

modo de ação” [Primary Mode of Action (PMOA)]. Dependendo do PMOA, o processo é endereçado ao<br />

Center for Biologics Evaluation and Research (CBER); Center for Drug Evaluation and Research (CDER) ou<br />

Center for Devices and Radiological Health (CDRH).<br />

Para mais detalhes aceder ao site da FDA em:<br />

http://www.fda.gov/CombinationProducts/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

xii | Importação<br />

Todos os dispositivos médicos que são importados para os <strong>EUA</strong> devem respeitar as normas aduaneiras<br />

descritas e apresentadas nas seções anteriores. Na informação da entrada deverá, ainda, constar<br />

informação a demonstrar que o produto está em conformidade com as regras da FDA. A informação deve<br />

incluir o número de registo, o número de registo do estabelecimento e o nome do agente, autorizações de<br />

mercado e os dados do produto que constam no formulário FDA-2892.O código de identificação do produto<br />

para o CBP deve incluir dois dígitos a identificar a especialidade (Quadro 3.8.42) e as três letras do código<br />

do formulário FDA-2892.<br />

Para maior detalhe ver carta enviada pela FDA à indústria em Março 2011, a qual pode ser acedida em:<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/ResourcesforYou/Industry/ucm248321.htm [último acesso: junho 2012]<br />

94


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.42 | Código das especialidades e Code of Federal Regulations (CFR)<br />

Número Especialidade Médica CFR – Título XX<br />

73 Anestesia Parte 868<br />

74 Cardiologia Parte 870<br />

75 Química Parte 862<br />

76 Dentária Parte 872<br />

77 Ouvido, nariz e garganta Parte 874<br />

78 Gastroenterologia e urologia Parte 876<br />

79 Cirurgia geral e estética Parte 878<br />

80 General hospital Parte 880<br />

81 Hematologia Parte 864<br />

82 Imunologia Parte 866<br />

83 Microbiologia Parte 866<br />

84 Neurologia Parte 882<br />

85 Obstetrícia e genecologia Parte884<br />

86 Oftalmologia Parte 886<br />

87 Ortopedia Parte 888<br />

88 Patologia Parte 864<br />

89 Medicina física Parte 890<br />

90 Radiologia Parte 892<br />

91 Toxicologia Parte 862<br />

Os importadores de produtos que emitem radiação devem ainda submeter uma declaração escrita<br />

Declaration of Products Subject to Radiation Control Standards (Formulário FDA-2877) 75 e ter uma<br />

identificação visível da certificação afixada em cada produto.<br />

Para acesso ao Formulário FDA-2877 consultar:<br />

http://www.fda.gov/opacom/morechoices/fdaforms/FDA- 2877.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

Quando os documentos entram na CBP, é enviado o processo para o departamento local da FDA. A FDA<br />

deverá autorizar a entrada se o produto cumprir os requisitos estabelecidos. Após a entrada, a FDA pode<br />

examinar amostras do produto para assegurar as condições do produto final. Caso o processo ou a amostra<br />

não sigam as regras da FDA, o departamento local deverá emitir um Notice of FDA Action especificando a<br />

natureza da violação. O importador local ou o agente deverão prestar todas as informações e documentos<br />

pedidos, caso contrário a entrada dos produtos é recusada.<br />

O processo de importação pelos <strong>EUA</strong> de produtos sujeitos às regras da FDA é resumido na Figura 3.8.25.<br />

75 Para ter acesso ao formulário consultar: http://www.fda.gov/opacom/morechoices/fdaforms/FDA- 2877.pdf [último acesso: junho<br />

2012]<br />

95


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Figura 3.8.25 | Fluxograma dos procedimentos de importação pelos <strong>EUA</strong><br />

Fonte: Freeman 2006.<br />

96


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Importação para exportar<br />

A exportação para os <strong>EUA</strong> de dispositivos (incluindo componentes, acessórios e partes de dispositivo, etc.)<br />

para serem transformados ou incorporados em outros dispositivos e reexportados está regulada pela<br />

secção 322 do Bioterrorism Act de 2002. Uma empresa não pode, porém, exportar um dispositivo médico<br />

não aprovado, sem a necessária autorização, mesmo que este se destine apenas à reexportação para<br />

outros mercados.<br />

O importador deve fornecer uma declaração que confirma a intenção de processar ou incorporar um<br />

dispositivo em outro dispositivo para exportação. Deve, ainda, fornecer informação sobre a cadeia de<br />

transformação e exportação do produto, desde que entra nos <strong>EUA</strong> até à reexportação. A informação<br />

prestada ao longo da cadeia, assim como eventuais danificações ou destruições do produto, devem ficar<br />

registadas. Aquando da entrada nos <strong>EUA</strong>, deve ser paga uma fiança para acautelar possíveis danos por<br />

defeito no produto.<br />

Manuais de Procedimentos de importação – o qual pode ser acedido em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/downloads/ICECI/ComplianceManuals/RegulatoryProceduresManual/UCM074300.pdf<br />

Para detalhes recomenda-se a consulta do documento orientador para a indústria da FDA:<br />

http://www.fda.gov/ora/import/ora_import_system.html<br />

[Deve-se, ainda, consultar a secção 322 do Bioteorrorism act de 2002.]<br />

Informação adicional sobre a importação pode ser encontrada nos sites seguintes:<br />

<br />

<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/ [FDA Device Regulation and Guidance]<br />

http://www.fda.gov/ICECI/Inspections/IOM/ucm123337.htm [FDA Investigations Operations Manual, Chapter<br />

6, Imports]<br />

http://www.fda.gov/ForIndustry/ImportProgram/ImportAlerts/default.htm [Alertas de importação]<br />

http://www.fda.gov/ForIndustry/ImportProgram/ImportProgramOverview/default.htm [Import Program<br />

System Information]<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

xiii | Comparticipação<br />

Um dos aspetos mais importantes no processo de comparticipação é a determinação do Current Procedure<br />

Terminology (CPT®) - código que identifica os equipamentos e procedimentos. Novos produtos requerem<br />

novos códigos. Sem a codificação (apropriada) não há lugar a reembolso. Conforme já referido, para<br />

solicitar um novo código, o produtor deve-se contatar AMA ou CMS. Um código pode demorar de um a três<br />

anos até ser aprovado.<br />

Apesar da morosidade do processo, o estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC, 2011) realizado com<br />

responsáveis da indústria, revela que os <strong>EUA</strong> são um dos países onde é mais fácil obter comparticipação<br />

dos seguros na aquisição de dispositivos médicos. As perspetivas são, no entanto, de aumento da<br />

dificuldade. De facto, com a reforma na saúde, as decisões de comparticipação serão mais rígidas, sendo<br />

baseadas na efetividade do dispositivo e no impacto do seu uso nos custos de saúde. É, ainda, esperado<br />

um aumento da (já) forte pressão sobre os preços.<br />

97


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Frequentemente os seguros elaboram ou contratam especialistas para realizarem estudos de custoefetividade<br />

dos dispositivos médicos. O produtor deve tentar acompanhar o processo o mais possível. A<br />

publicação de artigos em revistas internacionais da especialidade sobre o custo-efetividade dos<br />

dispositivos é uma mais-valia importante para os processos de codificação e de comparticipação.<br />

A Veterans Administration é a agência principal responsável pela negociação de acordos com os<br />

fabricantes/distribuidores de dispositivos médicos para aquisição de dispositivos médicos para as agências<br />

governamentais.<br />

3.8.7.5 | Importações<br />

Apesar do crescimento constante das exportações americanas de dispositivos médicos, o crescimento da<br />

procura nos <strong>EUA</strong> e o aumento do outsourcing, tem vindo a provocar uma erosão gradual do superavit<br />

comercial. As importações cobrem atualmente aproximadamente 30% do consumo nacional. A título<br />

ilustrativo veja-se, por exemplo, os instrumentos cirúrgicos e médicos: enquanto as exportações<br />

cresceram cerca de 61,5% 2002-2007, as importações mais do que duplicaram, no mesmo período (US<br />

Department of Commerce, 2010).<br />

Os principais exportadores de dispositivos médicos para o mercado americano são apresentados na Figura<br />

3.8.26. Em conjunto os seis países representam cerca de 68% das importações. O México é o principal<br />

exportador, com um valor de exportações de €4 mil milhões, a que corresponde uma quota de mercado<br />

das importações de 16,7%. No período entre 2001 e 2011, as exportações mexicanas aumentaram a sua<br />

quota de mercado em 3 pp. O crescimento das exportações mexicanas está associada à forte<br />

deslocalização da produção para o México (para aproveitamento de menores custos laborais).<br />

Figura 3.8.26 | Quota de mercado dos maiores exportadores para os <strong>EUA</strong> de dispositivos médicos (2011)<br />

32,3%<br />

16,7%<br />

México<br />

Irlanda<br />

Alemanha<br />

14,3%<br />

China<br />

Suíça<br />

6,2%<br />

6,3%<br />

10,1%<br />

14,0%<br />

Japão<br />

Resto do Mundo<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

98


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

A maior parte das importações são de produtos de baixa incorporação de tecnologia, por exemplo, luvas<br />

cirúrgicas e instrumentos médicos. A componente “Aparelhos cirúrgicos e consumíveis ” corresponde ao<br />

maior segmento de trocas comerciais dentro dos dispositivos médicos. Esta categoria inclui numerosos<br />

itens de baixa incorporação tecnológica, onde o comércio tende a basear-se em vantagens comparativas<br />

de custos de produção. A China emergiu recentemente como um grande exportador desse segmento para o<br />

mercado americano. Relativamente às áreas terapêuticas, os dispositivos ortopédicos têm o maior volume<br />

de importações (48,8%) e apresentam uma tendência crescente (5,5%). A área com maior crescimento<br />

esperado é a dos dispositivos médicos combinados. O Quadro 3.8.43 apresenta as importações de<br />

dispositivos médicos por posições pautais.<br />

Quadro 3.8.43 | Importações totais dos <strong>EUA</strong> de dispositivos médicos<br />

Posição pautal<br />

Valor (milhares de<br />

EUR) (2011)<br />

%<br />

Taxa de crescimento*<br />

(2001 – 2011)<br />

3005 621553,05 2,5% 12,8%<br />

9018 11929306,02 48,8% 5,5%<br />

9019 1556434,61 6,4% 4,8%<br />

9020 84513,94 0,4% -1,5%<br />

9021 6410810,59 26,2% 11,4%<br />

9022 2827213,76 11,6% 3,3%<br />

9025 469461,84 1,9% 2,1%<br />

9402 552516,89 2,3% 11,6%<br />

Total 24451810,7 100,0% 6,5%<br />

*Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de<br />

2012.<br />

<strong>Portugal</strong>, como exportador de dispositivos médicos para os <strong>EUA</strong>, tem sido sempre marginal, como se pode<br />

verificar na Figura 3.8.27. De registar a quebra ocorrida após 2001. O mercado não representa mais de<br />

cerca de 0,5% das exportações portuguesas do setor. Mais uma vez, se notam as dificuldades das empresas<br />

portuguesas em entrarem neste mercado. Os custos regulamentares e a falta de escala são duas barreiras<br />

à entrada para as empresas portuguesas.<br />

99


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Figura 3.8.27 | Peso das exportações portuguesas nas importações americanas de dispositivos médicos<br />

0,0165%<br />

0,0037%<br />

0,0044%<br />

0,0027%<br />

0,0014%<br />

0,0009%<br />

0,0014%<br />

0,0010%<br />

0,0016% 0,0013%<br />

0,0008%<br />

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011<br />

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.<br />

As exportações portuguesas de dispositivos médicos para os <strong>EUA</strong> situam-se essencialmente nas posições<br />

pautais 9018; 9025; 9019; 9021 e 9402. Conforme se pode verificar no Quadro 3.8.44, as exportações<br />

apresentaram uma taxa de crescimento anual negativa na década 2001-2011.<br />

Quadro 3.8.44 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para os <strong>EUA</strong><br />

Dispositivos médicos<br />

Valor (milhares<br />

Euros) (2011)<br />

Quota no segmento<br />

Taxa de crescimento* (%)<br />

(2001 – 2011)<br />

3005 0 0% -<br />

9018 160,82 0,001% -22,1%<br />

9019 6,46 0,0004% -<br />

9020 0 0% -<br />

9021 4,31 0,0001% -2,6%<br />

9022 0 0% -100%<br />

9025 21,54 0,005% -19,5%<br />

9402 0,72 0,0001% -<br />

Total 193,85 0,001% -21,5%<br />

*Taxa de crescimento composta anual. Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de<br />

2012.<br />

100


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.7.6 | Identificação de oportunidades: dispositivos médicos<br />

A evolução do mercado de dispositivos médicos deverá ser marcada por dois fatores: o envelhecimento da<br />

população e o aumento do controlo de custos. O envelhecimento da população cria oportunidades de<br />

crescimento no mercado dos dispositivos, em particular nos seguintes segmentos: dispositivos de<br />

diagnóstico; dispositivos de cuidados domiciliários (e.g., dispositivos de utilização facilitada, em particular<br />

para o tratamento domiciliário de diabéticos, diálise domiciliário e produtos ortopédicos); e tecnologias<br />

de informação (AAL). Paralelamente a elevada prevalência de problemas de excesso de peso tornam o<br />

mercado ortopédico com elevado potencial de crescimento.<br />

Ao mesmo tempo, o controlo de custos cria oportunidades para a oferta de dispositivos custo-efetivos.<br />

Salientam-se os dispositivos que contribuam para reduzir o tempo de hospitalização com características de<br />

prevenção e que permitam a redução de infeções hospitalares.<br />

A evolução tecnológica deverá aumentar nos segmentos dos dispositivos mais pequenos (miniaturização)<br />

com incorporação de tecnologia bio e nano, em particular os dispositivos que permitam cuidados mais<br />

personalizados. Nestas áreas podem existir oportunidades interessantes para as empresas e centros de<br />

investigação portuguesas com projetos em curso que desenvolvem soluções inovadoras.<br />

Há, igualmente, espaço para produtos em segmentos de concorrência baseada no preço, como os<br />

consumíveis. O sucesso neste setor depende criticamente da capacidade de escala, de ajustamento de<br />

custos e do sucesso da distribuição.<br />

101


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.8 | Medicina personalizada<br />

A definição dos limites da medicina personalizada e do seu setor de atividade e empresarial não é<br />

consensual. Duas das mais importantes consultoras da área (PwC, 2009, Renub Research 76 ) consideram nos<br />

seus relatórios sobre medicina personalizada as áreas de cuidados personalizados (telemedicina, Tics,<br />

serviços de gestão da doença nutrição e bem-estar). Na organização deste relatório, optamos por<br />

considerar esta definição ampla das consultoras, para manter a consistência com as fontes.<br />

O mercado da medicina personalizada tem um valor estimado em US$225-US$232 mil milhões nos <strong>EUA</strong>,<br />

registando um crescimento de 9.5% (RNCOS, 2012) a 11 % anual (PwC, 2009) nos próximos anos. A Price<br />

Waterhouse & Coopers (2009) estima que o mercado atingirá os US$344-US$450 mil milhões em 2015<br />

(Quadro 3.8.45).<br />

Quadro 3.8.45 | Valor de mercado de medicina personalizada (US$ mil milhões)<br />

Núcleo: produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e<br />

empresas de diagnósticos<br />

Cuidados personalizados (telemedicina, Tics, serviços de<br />

gestão da doença)<br />

2009* 2015*<br />

Taxa de<br />

crescimento**<br />

US$24 US$42 10%<br />

US$12 US$118 44%<br />

Nutrição e bem-estar US$196 US$290 7%<br />

*Estimativas mais otimistas. **Taxa composta anual. Fonte: PwC 2009, p. 12.<br />

i | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos<br />

O núcleo da medicina personalizada inclui os testes diagnósticos e as terapêuticas-alvo. O segmento dos<br />

diagnósticos in vitro foi abordado na Secção 3.8.73. O mercado está avaliado em US$14,4 mil milhões<br />

(BCC Resarch, 2009 77 ) $US24 mil milhões (PwC, 2009) (Quadro 3.8.46). O estudo do Tufts Center for the<br />

Study of Drug Development (2010) mostra que quase todas as empresas biofarmacêuticas (94%) estão a<br />

investir em medicina personalizada. No período entre 2006-2011 as empresas aumentaram o investimento<br />

realizado em cerca de 75%. Espera-se que o investimento continue a crescer e aumente 53% no período<br />

entre 2011 e 2015. Nas empresas biofarmacêuticas, 12% a 50% dos produtos em desenvolvimento são da<br />

área da medicina personalizada.<br />

76 http://www.marketresearch.com/Renub-Research-v3619/Personalized-Medicine-Worldwide-Segments-Technologies-6130367/<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

77 http://www.bccresearch.com/report/personalized-medicine-phm044b.html [último acesso: junho 2012]<br />

102


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Quadro 3.8.46 | Núcleo: dispositivos médicos e farmacêuticos<br />

Valor do mercado (mil milhões US$)<br />

Taxa de crescimento*<br />

2009 2015 (09-15)<br />

Esoteric lab services 6 11 10%<br />

Esoteric test sales 5 10 13%<br />

Terapêuticas-alvo 13 21 9%<br />

Total 24 42 10%<br />

Valores arredondados. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: PwC 2009, p. 12.<br />

As grandes empresas farmacêuticas têm forte presença no mercado, em particular a Roche Diagnostic. O<br />

mercado tem no entanto sido recetivo à entrada de PME. O Quadro 3.8.47 apresenta algumas das<br />

principais pequenas e médias empresas do setor. Outras empresas encontram-se referidas na lista<br />

apresentada pela Bioinformatics (2009).<br />

Quadro 3.8.47 | Principais empresas do setor de medicina personalizada nos <strong>EUA</strong><br />

Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site<br />

20/20 GeneSystems<br />

http://www.2020gene.com/<br />

A&G Pharmaceutical inc<br />

http://agpharma.com/<br />

Genentech<br />

http://www.gene.com<br />

Genomas<br />

http://www.genomas.net/<br />

HistoRX<br />

http://www.historx.com/<br />

Thethys Bioscience<br />

http://www.tethysbio.com/<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

A medicina personalizada para o tratamento de neoplasias malignas está a dominar o mercado de<br />

representando cerca de metade do mercado. Um elevado preço dos medicamentos para as neoplasias<br />

torna este mercado particularmente atrativo para a investigação e para o desenvolvimento de parcerias<br />

com a indústria farmacêutica (PwC, 2009a). As aplicações terapêuticas têm vindo a ser alargadas a áreas<br />

como HIV, desordens cardiovasculares e neurológicas (PwC, 2009).<br />

Paralelamente, há várias associações ligadas ao setor. A principal associação de medicina personalizada<br />

nos <strong>EUA</strong> é a Personalized Medicine Coalition (PMC). O crescimento da Medicina Personalizada, nos <strong>EUA</strong>,<br />

revela-se também no número de membros associados - a associação tinha 20 membros em 2004 e 200 em<br />

2011 (PMC, 2012).<br />

No site da associação pode-se encontrar alguma informação e dados sobre o setor:<br />

http://www.personalizedmedicinecoalition.org [último acesso: junho 2012]<br />

De notar que a medicina personalizada continua ainda muito ligada ao meio académico e às parcerias com<br />

as empresas. Pelo menos 50 instituições de ensino e/ou investigação são membros do Personalised<br />

Medicine Coalition (PMC).<br />

103


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

Pode-se aceder à lista no portal da associação em:<br />

http://www.personalizedmedicinecoalition.org/members/member-list [último acesso: junho 2012]<br />

ii | Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença<br />

É ainda difícil mensurar o mercado da telemedicina e de outros cuidados personalizados ou antecipar o<br />

seu ritmo de crescimento. Parece consensual que a telemedicina deverá crescer nos próximos anos, mas<br />

as estimativas variam de acordo com os estudos. De acordo com o BCC research (2012) o mercado da<br />

telemedicina deverá crescer a uma taxa composta anual de 18.6% entre 2011 e 2016. O mercado valerá<br />

cerca de US$11,6 mil milhões em 2016 (Quadro 3.8.48). As estimativas da PricewaterhouseCoopers (PwC,<br />

2009) são menos precisas, apontando para um crescimento médio anual entre 2009-2015 entre 23 e 93%<br />

(Quadro 3.8.49).<br />

Quadro 3.8.48 | Valor de mercado<br />

Valor de mercado (mil milhões de US$)<br />

Taxa de crescimento*<br />

2011 2016<br />

Telemedicina 9,8 11,6 18,6%<br />

Telehospital/clínica 8,1 17,6 16,8%<br />

Telecasa 3,5 9,7 22,5%<br />

*Taxa de crescimento composta anual. Fonte: BCC research 2012.<br />

Quadro 3.8.49 | Cuidados personalizados (Telemedicina, TICs e serviços de gestão da doença)<br />

Valor (mil milhões de US$)<br />

Taxa de crescimento*<br />

2009 2015 09-15<br />

Controlo remoto/telemedicina 0-7 0- 109 23-93%<br />

Registos médicos eletrónicos 2 6 15%<br />

Gestão da doença 2 3 6%<br />

Nota: *Taxa de crescimento composta anual. Valores arredondados. Fonte: PwC 2009, p. 12.<br />

A reforma da saúde contém oportunidades importantes para a telemedicina. O mercado tem um forte<br />

potencial de crescimento, principalmente em áreas remotas e de baixa densidade populacional. O maior<br />

obstáculo continua a ser as dificuldades de comparticipação. Apesar da comparticipação dos seguradoras<br />

privadas estar aumentar, continua a ser limitada (Whiten et al., 2007). Por outro lado, o CMS ainda não<br />

incluiu formalmente a telemedicina no programa da Medicare. No entanto, a maioria dos Estados<br />

comparticipam, pelo menos alguns serviços de telemedicina (Purcell, 2011).<br />

104


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

De acordo com dados de Healthcare Informatics (2011, online 78 ) de entre as 100 maiores empresas<br />

informáticas de/com software de saúde, 96 são sedeadas nos <strong>EUA</strong>. O Quadro 3.8.50 apresenta as 10<br />

maiores empresas americanas da área e respetivos serviços.<br />

Quadro 3.8.50 | 10 maiores empresas americanas (e mundiais) de software de saúde<br />

Empresas<br />

McKesson Technology Solutions<br />

http://www.mckesson.com<br />

Dell Inc<br />

http://content.dell.com/us/en/healthc<br />

are/healthcare-solutions.aspx<br />

CareFusion<br />

http://www.carefusion.com<br />

Philips Healthcare<br />

http://www.philips.com/healthcare<br />

Cerner Corporation<br />

http://www.cerner.com<br />

Siemens Healthcare<br />

http://www.medical.siemens.com<br />

Keane, an NTT DATA Company<br />

http://www.keane.com/hsd<br />

CSC<br />

http://www.csc.com<br />

Pulse Systems, Inc., division of Cegedim<br />

http://www.pulseinc.com<br />

Serviços<br />

Soluções para melhorar a segurança do paciente, reduzir o custo e<br />

variabilidade de cuidados, e gerir fluxo de receitas e recursos.<br />

Soluções de tecnologia e processos de negócios e de serviços para a saúde e<br />

indústria de ciências da vida, desde o outsourcing de IT para soluções<br />

tecnológicas integradas, e do local de tratamento até ao centro de dados.<br />

Produtos e serviços, focados em erros de medicação e infeções associadas<br />

aos cuidados de saúde.<br />

Informática clínica e soluções para cuidado de pacientes destinados a<br />

complementar registos eletrónicos com os dados do paciente, simplificar o<br />

fluxo de trabalho clínico e melhorar os resultados financeiros.<br />

Otimiza os processos para as organizações de cuidados de saúde (que<br />

abrangem desde um médico, ao sistema de saúde de um país, indústrias<br />

farmacêuticas e de dispositivos médicos)<br />

Produtos e soluções incluindo imagens médicas, diagnósticos laboratoriais,<br />

medicina TI, e aparelhos auditivos, para toda a gama de cuidado do<br />

paciente, desde a prevenção e deteção precoce do diagnóstico, tratamento<br />

e cuidados posteriores.<br />

Soluções para cuidados de saúde TI para centros médicos, hospitais,<br />

instalações para tratamento após episódios agudos e cuidados de longa<br />

duração. Ajuda a organização a aumentar a eficiência, reduzir erros,<br />

respeitar os requisitos regulamentares, e melhorar a gestão do ciclo de<br />

receitas.<br />

Planeamento estratégico, melhoria de operações, integração de sistemas e<br />

serviços de subcontratação para todos os segmentos do setor da saúde.<br />

Suporta ambulatórios médicos através de um software que integra clínicos,<br />

processos financeiros e administrativos para uma solução abrangente.<br />

Cognizant<br />

http://www.cognizant.com<br />

Fonte: Adaptado de Healthcare Informatics, online 79 .<br />

TI, subcontratação de processos de negócios e serviços de consultoria para<br />

os que pagam, fornecedores, gestores de farmácias, e intermediários.<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

O setor tem, no entanto, vários desafios. Um dos principais desafios do setor da telemedicina é o<br />

reembolso. A telemedicina reduz a ocorrência do contacto com os prestadores de cuidados de saúde, o<br />

que, de acordo com o sistema de reembolso atual, se torna uma desvantagem. Adicionalmente não há<br />

tradição de cobertura pelos seguros privados. Outra dificuldade do setor prende-se com os diferentes<br />

requisitos de licenciamento dos profissionais de saúde nos vários estados. Finalmente, a medicina<br />

78 http://www.healthcare-informatics.com/hci100/2011-hci-100-list [último acesso: junho 2012]<br />

79 Healthcare Informatics (online)The 2011 Healthcare Informatics 100 Ranking”. Disponível em: http://www.healthcareinformatics.com/hci100/2011-hci-100-list<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

105


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

personalizada levanta problemas legais relacionados com a aplicação da severa legislação americana sobre<br />

responsabilidade e negligência médica.<br />

iii | Mobile health<br />

Os <strong>EUA</strong> são o maior mercado mundial de mobile health (mhealth). A <strong>Global</strong>Data estima que o mercado de<br />

mhealth teve um contributo de cerca de US$ 660 milhões, i.e., cerca de metade do valor do mercado<br />

mundial 80 .<br />

O uso de aplicações relacionadas com a gestão pessoal da saúde continua a crescer. De acordo com Purcell<br />

(2011), em 2011, cerca de 29% dos adultos que fizeram downloads de aplicações para telemóveis ou<br />

tablets, reportaram ter feito download de pelo menos uma aplicação de saúde. Os resultados mostraram<br />

ainda que 11% dos adultos com telemóveis usam aplicações de saúde que ajudam a monitorar ou “gerir” a<br />

sua saúde, o que significa um aumento de 2p.p. relativamente a 2010. A percentagem de consumidores<br />

que mantém o seu o seu registo de saúde em algum tipo de formato eletrónico é pequeno mas está a<br />

crescer (8% em 2008, 9% em 2009, 10% em 2010 e 11% em 2011) (Deloitte, 2011). O mercado de ligação<br />

dos dispositivos ao registo de saúde pessoal na internet está também em crescimento.<br />

Este subsetor é impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e pelas características da procura. Por<br />

exemplo, uma percentagem elevada de americanos com telemóvel (61%) manifesta interesse em ter um<br />

dispositivo médico que permita controlar a sua doença e contatar o seu médico; aproximadamente 57%<br />

quer ter acesso ao seu health record/registo de saúde ligado ao gabinete do respetivo médico (Deloitte,<br />

2010). Há, ainda a assinalar a elevada aceitação da tecnologia, por parte da classe médica (PwC, 2012).<br />

3.8.8.2 | Regulação de produtos de medicina personalizada<br />

O contexto regulatório da medicina personalizada está a evoluir mas ainda atrasado, como reconhece a<br />

FDA 81 . Um dos problemas da regulação é o facto de várias instituições ou serviços da FDA terem<br />

responsabilidades. No caso da farmacêutica a regulação dos testes genéticos contínua em debate. A FDA<br />

desenvolveu um mecanismo, não regulatório para partilhar informação que flexibiliza o processo de<br />

aprovação: Voluntary Exploratory Data Submissions (VXDS) 82 .<br />

O Companion Diagnostic reporta a necessidade de um quadro regulatório claro. Embora não haja, ainda, normas<br />

definitivas têm sido dados passos no sentido de clarificar o quadro regulatório. O Documento de orientação para a<br />

indústria foi publicado em julho de 2012 e pode ser acedido em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/UCM26<br />

2327.pdf [último acesso: junho 2012]<br />

80<br />

http://www.healthcare-informatics.com/news-item/research-mhealth-industry-reach-118-billion [último acesso: junho 2012]<br />

81<br />

http://www.fda.gov/AboutFDA/ReportsManualsForms/Reports/ucm274440.htm [último acesso: junho 2012]<br />

82<br />

http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/Pharmacogenetics/ucm083673.htm [último acesso: junho 2012]<br />

106


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

De acordo com a PMC (2012) cerca de 1% dos medicamentos de marca têm companion diagnostic. Cerca de<br />

10% das bulas de medicamentos aprovados pela FDA contém informação farmacogenômica, informa ou<br />

recomenda testes genéticos para o tratamento.<br />

A FDA tem encorajado o uso de biomarcadores e diagnósticos no desenvolvimento de medicamentos e na<br />

prescrição. Nesse sentido, publicou em 2004 o documento intitulado Innovation-Stagnation. Challenge and<br />

Opportunity on the Critical Path to New Medical Products, e em 2005 o documento intitulado Drug-<br />

Diagnostic Co-Development Concept Paper. Recentemente a FDA começou a reportar uma tabela dos<br />

biomarcadores genómicos considerados válidos. A FDA identifica 72 terapias com biomarcadores válidos,<br />

incluindo alguns que se aplicam a diferentes indicações 83 . A área com mais biomarcadores é a das doenças<br />

oncológicas, seguida de doenças infeciosas, neurológicas e cardiovasculares. Poucos biomarcadores são<br />

obrigatórios.<br />

Há duas categorias de diagnósticos estabelecidas pela FDA in vitro diagnostic e in vitro diagnostic<br />

multivariate index assay (IVDMIAs). A responsabilidade relativa ao setor de diagnóstico in vitro é<br />

partilhada pela FDA e pelo CMS. Em 2007, a FDA publicou linhas orientadoras para a regulação dos<br />

IVDMIAs 84 . Em 2011, a FDA publicou linhas orientadoras para a regulação de diagnósticos in vitro 85 . Outras<br />

normas e linhas orientadoras têm tentado cobrir as lacunas da regulação.<br />

Recomenda-se o seguinte site sobre o seu desenvolvimento:<br />

http://www.personalizedmedicinecoalition.org/policy/executive/guidance [último acesso: junho 2012]<br />

Relativamente à privacidade dos testes genéticos, a Lei Genetic Information Non- discrimination act de<br />

2008 (GINA) pretende reduzir os riscos de uso indevido da informação (Bioinformatics, 2009).<br />

Informação adicional pode ser consultada em:<br />

http://www.eeoc.gov/laws/statutes/gina.cfm [último acesso: junho 2012]<br />

i | Regulação na área da tecnologia da saúde<br />

Na área da tecnologia da saúde é importante compreender que para a FDA, acessórios ou componentes de<br />

um dispositivo médico, são eles próprios dispositivos médicos. Os componentes estão, no entanto, isentos<br />

da maioria dos requisitos da FDA. O nível de regulação a que os componentes e acessórios estão sujeitos<br />

depende do nível de risco do dispositivo ao qual se encontram ligados. A definição de dispositivo regulado<br />

depende, ainda, do uso pretendido (Thompson, 2010).<br />

Em 1989, a FDA propôs que algumas categorias de software fossem classificadas como dispositivos médicos<br />

83<br />

http://www.fda.gov/Drugs/ScienceResearch/ResearchAreas/Pharmacogenetics/ucm083378.htm [último acesso: junho 2012]<br />

84 http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm071455.pdf [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

85 http://www.fda.gov/downloads/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/UCM262327.pdf [último<br />

acesso: junho 2012]<br />

107


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

mas dispensadas dos procedimentos para entrada no mercado. Em 2008, a lista foi atualizada para incluir<br />

uma nova categoria de dispositivos médicos Medical Device Data Systems (MDDS).<br />

Informações detalhadas estão disponíveis no site da FDA em:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/ProductsandMedicalProcedures/GeneralHospitalDevicesandSupplies/Me<br />

dicalDeviceDataSystems/ucm251927.htm [último acesso: junho 2012]<br />

Em 21 de julho de 2011, a FDA colocou à discussão uma proposta de documento orientador da regulação<br />

das aplicações para dispositivos médicos 86 . A proposta enquadra, em geral, as aplicações no quadro da<br />

regulação dos dispositivos médicos pretendendo enquadrar: (i) aplicativos móveis usados como "uma<br />

extensão de um ou mais dispositivo(s) médico(s)" ou usado para exibir, armazenar, analisar ou transmitir<br />

ao paciente dados específicos; (ii) aplicações móveis que transformam a plataforma móvel num dispositivo<br />

médico, usando anexos, ecrãs, ou sensores ou através da inclusão de funcionalidades semelhantes às<br />

atualmente reguladas para dispositivos médicos; (iii) aplicações móveis que permitem que o utilizador<br />

insira informações específicas do paciente e, usando algoritmos ou fórmulas de processamento, proponha<br />

um diagnóstico, tratamento ou recomendação a ser utilizado na prática clínica e/ou para ajudar na<br />

tomada de decisões clínicas.<br />

A posição da FDA sobre a regulação de software parece manter orientações anteriores que excluem do<br />

controlo da regulação dois tipos de software: (i) os dados são introduzidos manualmente e não através de<br />

alguma máquina que toque o doente; (ii) o sistema não tem nenhum algoritmo que conduza<br />

automaticamente um diagnóstico ou a outro instrumento (Thompson, 2010). Assim, de acordo com o<br />

documento, não estarão sob o controlo da FDA: (i) registos eletrónicos de saúde; (ii) registos pessoais de<br />

saúde; (iii) produtos de tecnologia de informação, em geral.<br />

86 http://www.fda.gov/MedicalDevices/DeviceRegulationandGuidance/GuidanceDocuments/ucm263280.htm [último acesso: junho<br />

2012]<br />

108


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.8.3 | Comparticipação<br />

A falta de evidência de custo-efetividade tem dificultado o acesso aos produtos de medicina<br />

personalizada. Os ensaios clínicos, financiados pelo governo ou pela indústria não têm sido capazes de<br />

sustentar as decisões de financiamento. De notar, ainda, que a medicina personalizada muda o paradigma<br />

usual do financiamento, ao focar-se na previsão e prevenção das doenças.<br />

O Patient Centered Outcome Research proposto pela lei da reforma da saúde deverá contribuir para<br />

aumentar a evidência sobre a eficácia da medicina personalizada, dada a sua responsabilidade em análises<br />

de efetividade em subpopulações. A AMA introduziu códigos para os testes moleculares e genéticos mais<br />

frequentes. No entanto, o sistema de codificação pela AMA ainda não se adaptou à rapidez da evolução da<br />

medicina personalizada (IMS Health, 2011).<br />

No futuro, a generalização do uso de biomarcadores nos ensaios clínicos poderá facilitar o reembolso. Os<br />

financiadores começam a mostrar, em geral, flexibilidade para responder à evolução nesta área. Uma das<br />

abordagens é a “fase condicional” que permite aos pacientes terem acesso a tecnologias potencialmente<br />

benéficas enquanto o segurador recolhe dados para estabelecer a política de comparticipação. A Medicare<br />

enquadra-se nesta postura, embora na prática os resultados sejam limitados. Alguns seguros têm, durante<br />

esta fase, aplicado contratos de risco partilhado com os produtores, em que o financiamento passa a<br />

depender dos resultados obtidos com os tratamentos (IMS Health, 2011).<br />

3.8.8.4 | Registos eletrónicos de saúde<br />

O Governo Federal tem estado envolvido no financiamento e promoção de iniciativas relativas a ehealth<br />

ao abrigo do The Health Information Technology for Economic and Clinical Health (HITECH) Act ao abrigo<br />

do American Recovery and Reinvestment Act de 2009. O American Recovery and Reinvestment Act of 2009<br />

atribuiu cerca de US$35 mil milhões) para criar a infraestruturas de tecnologia da informação na saúde<br />

(General Electric Company, 2009, PwC, 2009).<br />

O programa HITECH (2004-2013) tem como principal objetivo a generalização dos registos eletrónicos de saúde<br />

Os projetos e as oportunidades de fundos estão disponíveis no site do programa em:<br />

<br />

http://healthit.hhs.gov/portal/server.pt/community/healthit_hhs_gov__home/1204 [último acesso:<br />

junho 2012]<br />

O mercado é um mercado em crescimento, mas longe da maturidade. Em 2011, 27% dos hospitais<br />

americanos funcionavam totalmente com registos eletrónicos, e 26% tinham os registos implementados em<br />

pelo menos uma unidade da organização (HIMSS, online). Mais de metade dos médicos (57%) tem um<br />

sistema de registos médicos/registos de saúde eletrónicos (EMR/EHR), variando de 40% no Louisiana a 84%<br />

109


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

em North Dakota 87 .<br />

Os programas informáticos de registos de saúde eletrónicos devem ser certificados de acordo com as<br />

normas emanadas pelos responsáveis pela coordenação nacional do projeto 88 . A implementação dos<br />

sistemas obedece ao princípio do meaningful use, o que significa que o uso de registos de saúde<br />

eletrónicos deve resultar do valor acrescentado para a prestação do cuidado de saúde. Na prática significa<br />

que os programas devem satisfazer os objetivos do princípio.<br />

3.8.8.5 | Entrada no mercado<br />

As parcerias são a chave do sucesso das empresas de medicina personalizada (Bioinformatics, 2009).<br />

Parcerias com universidades, centros de investigação e outras empresas são a maneira mais realista de<br />

entrar com sucesso no mercado americano. É recomendado que as empresas tentem focar a sua atividade.<br />

De acordo com os players do mercado, os fatores de sucesso das PME de medicina personalizada no<br />

mercado americano são: a capacidade de gestão; as parcerias (I&D e comercialização); a capacidade de<br />

obtenção de fundos (capitais de risco, financiamento à I&D) (Bioinformatics, 2009). Uma lista de<br />

financiadores pode ser encontrada em Bioinformatics (2009). A Vinheta 2 mostra a importância da<br />

certificação para a entrada no mercado.<br />

87<br />

http://www.cdc.gov/nchs/data/databriefs/db79.htm [último acesso: junho 2012]<br />

88 A infomação pode ser consultada no site da coordenação do programa:<br />

http://healthit.hhs.gov/portal/server.pt?open=512&objID=1195&parentname=CommunityPage&parentid=97&mode=2&in_hi_userid=1<br />

1673&cached=true [último acesso: junho 2012]<br />

110


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

VINHETA 2<br />

CGC Genetics - Certificação e na inovação como determinantes na entrada nos<br />

<strong>EUA</strong><br />

Atividade: Medicina personalizada, Genómica Clínica, Diagnóstico Molecular, Citogenética, Rastreio Pré-natal e<br />

Anatomia Patológica que oferecem mais de 1500 testes genéticos de rastreio e diagnóstico pré-natal, hematologia,<br />

oncologia, medicina preventiva, doenças comuns, farmacogenética, doenças raras, etc.<br />

Localização: <strong>Portugal</strong> (sede: Porto), Espanha e <strong>EUA</strong><br />

Dimensão: Cerca de 100 colaboradores. Entre os quais 7 Médicos Especialistas em Genética e mais de 50<br />

geneticistas altamente qualificados.<br />

Outra informação relevante: http://www.cgcgentics.com<br />

A CGC Genetics encontra-se no mercado americano com instalações próprias desde 2010, prestando serviços a<br />

vários hospitais. A internacionalização da empresa nos <strong>EUA</strong> teve como motores do seu sucesso o desenvolvimento<br />

de novos e exclusivos testes (Arrays CGC®), a aposta na certificação de um elevado número de testes e a obtenção<br />

de certificação de qualidade e de licenças.<br />

O mercado americano tem importantes barreiras à entrada e à implementação das empresas, em<br />

particular, o elevado protecionismo e a forte regulação. Para a afirmação da CGC Genetics num mercado tão<br />

exigente como o americano, e para o estabelecimento de parcerias com alguns dos mais prestigiados hospitais do<br />

país, foi fundamental o conjunto de licenças e certificações de qualidade obtido nas avaliações internacionais de<br />

qualidade: ISO (desde 2004), licença CLIA (desde 2007), licença de laboratório clínico para o Estado da Califórnia,<br />

Certificação de Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (NP 4457), entre outras.<br />

O forte investimento em inovação e desenvolvimento de novos testes genéticos, colocam o CGC como um<br />

laboratório de referência internacional (mais de 180 entradas em alguns diretórios de doenças raras), sendo<br />

também, para algumas doenças, o prestador exclusivo de diagnóstico. Recebendo amostras de todo o mundo, o<br />

CGC reforçou também o seu investimento internacional com instalações próprias nos Estados Unidos e na aquisição<br />

de uma posição maioritária em dois laboratórios em Espanha. As receitas internacionais representam já mais de<br />

um quarto da faturação e deverão ser responsáveis pela maioria do crescimento da empresa nos próximos anos.<br />

Fontes: Dados primários; site da empresa.<br />

111


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.8.6 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada<br />

Os Estados Unidos têm a mais importante indústria de biotecnologia, o que representa uma mais-valia<br />

para o desenvolvimento da medicina personalizada. Elevados recursos financeiros e científicos têm vindo a<br />

ser aplicados na investigação desta área. Contrariamente ao que parece estar a acontecer na Europa, o<br />

setor tem uma forte aproximação ao mercado. Apesar de persistirem desafios regulatórios, os <strong>EUA</strong> têm o<br />

melhor sistema regulatório dos países desenvolvidos na área da medicina personalizada.<br />

As áreas com maior desenvolvimento estão associadas a terapias para doenças crónicas, demência, assim<br />

como, doenças raras. <strong>Portugal</strong> tem um forte potencial nos seus centros de investigação e empresas<br />

dedicadas ao desenvolvimento de soluções nesta área que podem estabelecer parcerias e projetos comuns<br />

com instituições americanas. O modo de entrada mais favorável envolve parcerias e outsorcing de I&D. As<br />

parcerias de I&D permitem às empresas portugueses beneficiarem do financiamento disponibilizado pelo<br />

governo americano e uma maior facilidade de acesso a financiamento privado (em particular acesso a<br />

capital de risco). As parcerias permitem, ainda, às empresas beneficiarem de know-how industrial e de<br />

comercialização das empresas americanas.<br />

O setor farmacêutico americano tem acentuado a sua presença no setor da medicina personalizada numa<br />

fase de forte consolidação, através de aquisições e fusões, em particular de empresas de pequena<br />

dimensão e biotecnologia. Os <strong>EUA</strong> podem, assim, ser um mercado chave para startups desta área que<br />

seguem estratégias que passam pelo desenvolvimento de tecnologia e registo de patentes como forma de<br />

criar valor.<br />

No âmbito da telemedicina, o elevado investimento do governo federal na informatização dos cuidados de<br />

saúde representa uma oportunidade importante. Dados a complexidade e o controlo do setor, a entrada<br />

no mercado americano deve ser realizada preferencialmente através de parcerias.<br />

112


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

3.8.9 | Ambient Assisted Living<br />

3.8.9.1 | Estrutura<br />

O setor de Ambient Assisted Living (AAL) é tecnologicamente muito diversificado. Algumas grandes<br />

empresas atuam nos mercados mais tecnológicos. Dada a emergência do setor, a informação sobre o<br />

mesmo ainda é escassa. O Quadro 3.8.51 refere algumas das empresas americanas de AAL e respetivos<br />

sites. Reportamos de seguida uma breve caraterização de alguns subsetores do AAL: cuidados<br />

domiciliários, separando a análise do mercado de alarmes sociais, home telehealth e casas inteligentes.<br />

Quadro 3.8.51 | Empresas de Ambient Assisted Living<br />

Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site Nome da empresa | Site<br />

Comfort Keepers<br />

http://www.comfortkeepers.com/<br />

Elder Care at Home<br />

http://eldercareathome.org/<br />

Home Instead<br />

http://www.homeinstead.com<br />

Visiting Angels<br />

http://www.visitingangels.com/<br />

At Home – Elder Care Inc.<br />

http://www.athomeeldercare.net/<br />

Right at Home<br />

http://www.rightathome.net/<br />

Para uma lista de empresas ver http://www.leadingage.org/castmembers.aspx?id=956<br />

[último acesso: junho 2012]<br />

i | Cuidados domiciliários<br />

As despesas com os cuidados domiciliários, embora representem atualmente uma pequena fração dos<br />

custos de saúde terão no futuro o maior crescimento. Em 2010 o valor dos cuidados domiciliários ascendeu<br />

a US$ 72,9 mil milhões; estima-se que em 2021 seja aproximadamente de US$ 148,3 mil milhões (CMS,<br />

2012). Relativamente aos cuidados em residenciais e lares, o valor estimado em 2010 atingiu os US$<br />

143,1mil milhões e deverá chegar em 2021 à ordem dos US$255 mil milhões.<br />

A cobertura dos seguros para os cuidados de saúde domiciliários é alargada e a comparticipação dos<br />

seguros é elevada. Apenas cerca de 8% (dados de 2010) dos custos de saúde com cuidados domiciliários são<br />

custos diretos, valor inferior aos custos diretos médios (11,8%) e que contrasta com os 29,4% dos custos<br />

diretos pagos por cuidados de saúde em casas de saúde e lares (CMS, 2012). Há cerca de 18,000 empresas<br />

neste segmento de mercado (PwC, online 89 ). As ACO tenderão a reforçar a redução do período de<br />

hospitalização e, em consequência, a aumentar os cuidados domiciliários.<br />

A legislação da FDA relativa a dispositivos de uso domiciliário pode ser encontrada no site:<br />

<br />

http://www.fda.gov/MedicalDevices/ProductsandMedicalProcedures/HomeHealthandConsumer/HomeUseDev<br />

ices/default.htm [último acesso: junho 2012]<br />

89<br />

http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho<br />

2012]<br />

113


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

ii | Home telehealth<br />

O uso de tecnologias telehealth a partir de casa é um mercado em crescimento associado ao<br />

envelhecimento da população e às estratégias de redução de custos. Estima-se que o mercado mundial<br />

ultrapasse US$1mil milhões em 2016 e atinja os US$6 mil milhões em 2020 (InMedica , 2012). Os <strong>EUA</strong><br />

lideram o mercado. A evidência sugere que o mercado se encontra ainda muito abaixo do seu potencial<br />

(New England Healthcare Institute, 2009). A tecnologia é dominada por grandes empresas como sejam a<br />

Intel e a Bosch.<br />

O programa Care Coordination Home Telehealth (CCHT) 90 da Veterans Administration é provavelmente o<br />

exemplo mais avançado da Home Telehealth. No final de 2008, servia já mais de 30,000 utentes. As<br />

principais condições atendidas são diabetes (48,4%), hipertensão (40,3%), insuficiência cardíaca congestiva<br />

(24,8%) e doença pulmonar obstrutiva crónica (11,4%), depressão (2,3%) e transtorno de stress pós<br />

traumático (1,1%). As tecnologias mais usadas são mensagens (85%), vídeo telemonitores (11%) e telefones<br />

de vídeo (4%) (Darkins et al., 2008).<br />

iii | Casas inteligentes<br />

A indústria das casas inteligentes é uma indústria em crescimento. É difícil estimar o valor do mercado e o<br />

seu desenvolvimento. O mercado das casas inteligentes cujo valor era de US$5,325 milhões em 2010<br />

deverá crescer até aos $11,000 milhões em 2015 (taxa de crescimento composta anual de 5.6%) 91 . Os <strong>EUA</strong><br />

são o maior mercado e aquele que apresenta um maior ritmo de crescimento.<br />

Alguns dos projetos americanos podem ser encontrados no seguinte site:<br />

http://www.health-smarthomes.org/resources.htm [último acesso: junho 2012]<br />

iv | Alarmes sociais<br />

Os dispositivos de alarme social nos <strong>EUA</strong> é um mercado com forte potencial de crescimento. É um<br />

mercado tecnologicamente maduro, mas com a procura a crescer devido ao envelhecimento da população.<br />

De acordo com o estudo de Frost & Sullivan (2011), o mercado deverá crescer de US$963,9 milhões, em<br />

2010, para cerca de US$2 mil milhões em 2017.<br />

Estima-se que 2,3% da população com mais de 65 anos use algum tipo de alarme social. No entanto, a<br />

disponibilidade manifestada para usar ou vir a usar é consideravelmente superior. De acordo com um<br />

inquérito realizado (Barret, 2008), cerca de 91% dos idosos conhece estes dispositivos e 60% está<br />

disponível para os usar.<br />

Em alguns (poucos) estados, a Medicare cobre os custos com base no rendimento dos indivíduos. Os<br />

seguros privados tendem a não comparticipar. A maioria dos dispositivos é custo direto para os indivíduos<br />

90 http://www.telehealth.va.gov/ccht/index.asp [último acesso: junho de 2012]<br />

91<br />

http://www.marketsandmarkets.com/Market-Reports/smart-homes-and-assisted-living-advanced-technologie-and-global-market-<br />

121.html [último acesso: junho de 2012]<br />

114


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

ou famílias. Os preços variam entre US$200 e US$1.500 por mês acrescidos de custos de instalação 92 . É<br />

igualmente possível alugar ou fazer leasing dos dispositivos. O modelo de mercado continua marcado por<br />

serviços diretos ao consumidor.<br />

3.8.9.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living<br />

Uma população envelhecida, com forte poder de compra, familiaridade com tecnologias e elevada<br />

disponibilidade para comprar produtos de AAL são o principal determinante do crescimento esperado para<br />

este setor nos <strong>EUA</strong>. O mercado é, ainda, favorecido por um sistema de comparticipação relativamente<br />

generoso, em particular no que se refere aos produtos/dispositivos para cuidados domiciliários.<br />

Apesar do crescimento recente do setor nos diferentes segmentos do ALL, o mercado é muito dinâmico e<br />

oferece oportunidades interessantes. Umas das necessidades importantes neste setor é o desenvolvimento<br />

de soluções integradas. As empresas do setor, têm a oportunidade de desenvolver parcerias com outras<br />

empresas para entrarem no mercado com um portfolio mais completo de produtos. Esta abordagem<br />

reduziria os custos de entrada e tornaria o setor português mais competitivo. As empresas de tecnologias<br />

de informação têm fortes oportunidades neste mercado.<br />

92 http://www.ict-ageing.eu/?page_id=283 [último acesso: junho 2012]<br />

115


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.10 | Oportunidades e desafios do setor da saúde nos <strong>EUA</strong><br />

O mercado da saúde dos <strong>EUA</strong> é um mercado estratégico para o setor da saúde. Nos diferentes segmentos<br />

em estudo, os <strong>EUA</strong> são um dos líderes mundiais. Apesar da crise económica ter afetado severamente o<br />

desempenho económico, o setor da saúde continua a crescer. Algumas oportunidades e desafios do<br />

mercado sobressaem e são apresentadas na Figura 3.8.28.<br />

Figura 3.8.28 | Oportunidades e desafios no setor da saúde – <strong>EUA</strong><br />

Salientam-se os seguintes pontos relativos ao mercado americano da saúde com maior pormenor.<br />

116


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

<br />

i | Oportunidades<br />

Dimensão económica do mercado<br />

Os Estados Unidos são o maior mercado do mundo no setor da saúde e em todos os subsetores em análise.<br />

O mercado apresenta oportunidades em todos os segmentos de mercado. Apesar dos desafios e custos de<br />

entrada, a sua dimensão económica, torna-o o mercado mais atrativo do mundo, principalmente para<br />

produtos inovadores e com forte componente tecnológica. Se as empresas conseguirem entrar no<br />

mercado, tal pode significar um aumento de eficiência e de escala relevantes.<br />

Os próximos anos representam uma oportunidade para as empresas. Ainda que a um ritmo lento, a<br />

economia está em recuperação após a crise de 2008. Seguindo um período de crise económica severa é de<br />

esperar que o crescimento da economia se traduza, no curto prazo, num aumento do investimento na<br />

saúde em particular em alguns segmentos de mercado, como seja o setor do equipamento médico e TICs.<br />

<br />

Envelhecimento e longevidade da população<br />

A população americana está a envelhecer, contribuindo para o aumento do mercado e o surgimento de<br />

novas áreas de negócio, em particular do AAL. Além do mais, a população idosa tem uma percentagem<br />

considerável da riqueza nacional e mostra disponibilidade elevada para pagar por produtos que facilitem o<br />

seu quotidiano e melhorem a sua saúde.<br />

Os maus hábitos alimentares e outros estilos de vida têm contribuído para o crescimento da prevalência<br />

de doenças crónicas, resultando no aumento significativo da taxa de morbilidade. Alguns segmentos, como<br />

por exemplo o de dispositivos ortopédicos, são particularmente favorecidos pela evolução da obesidade.<br />

<br />

A reforma da saúde<br />

A reforma da saúde deverá aumentar o acesso aos cuidados de saúde. Assim, espera-se um crescimento do<br />

setor de cuidados de saúde. O impacto da reforma nos setores, em estudo, é no entanto incerto, devido<br />

ao imposto no setor e aos acréscimos dos requisitos regulamentares.<br />

<br />

Cuidados de saúde sofisticado<br />

Os cuidados de saúde nos <strong>EUA</strong> são sofisticados. O país tem hospitais de referência e tecnologia de ponta<br />

em virtualmente todas as áreas dos cuidados de saúde. A rapidez de adoção dos produtos inovadores e<br />

sofisticados tornam o mercado particularmente atraente para produtos inovadores.<br />

<br />

Crescimento dos cuidados domiciliários.<br />

A pressão sobre os custos e o aumento da população necessitada de cuidados de saúde de longa duração<br />

tem acelerado a domiciliação dos cuidados de saúde. Esta tendência, associada ao desenvolvimento da<br />

tecnologia, favorece, em particular, a procura dos dispositivos médicos pequenos, fáceis de usar e das<br />

tecnologias de informação. O mercado nestes segmentos está longe de estar saturado. Ainda há espaço<br />

para o aparecimento de empresas e de soluções tecnológicas nesta área, pelo que existem oportunidades<br />

interessantes para as empresas portuguesas.<br />

117


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

<br />

O aumento da abertura exterior: comércio e subcontratação de produção e de I&D<br />

As importações americanas de medicamentos têm vindo a crescer, criando oportunidades as empresas<br />

estrangeiras. A procura de menores custos de produção e de inovação tem levado as empresas americanas<br />

a aumentarem a subcontratação internacional. Tal representa uma oportunidade para as empresas<br />

portuguesas conseguirem competir nos seguintes aspetos: preço, rapidez e qualidade.<br />

<br />

Facilidade de acesso a crédito e a financiamento, em particular capital de risco<br />

Um dos aspetos mais atraentes da entrada no mercado americano é a relativa abundância de capital<br />

disponível para financiar I&D e investimento produtivo. O país apresenta vantagens importantes para as<br />

empresas tecnológicas em termos de acesso a capital de risco.<br />

<br />

ii | Desafios<br />

Protecionismo<br />

O acesso a contratos públicos é difícil para empresas estrangeiras. Para facilitar a entrada, as empresas<br />

devem encontrar parceiros americanos para os concursos públicos. A produção de parte do produto no<br />

mercado americano pode igualmente facilitar a entrada no mercado.<br />

<br />

Sistemas regulatório e legal dispendiosos e complexos<br />

A complexidade e os custos associados aos sistemas regulatórios e legal são uma das principais barreiras à<br />

entrada no mercado americano. As empresas devem estar preparadas para um sistema regulatório muito<br />

exigente e para as importantes diferenças do sistema legal.<br />

<br />

Segmentos com forte concentração da oferta<br />

Em alguns segmentos do setor da saúde, o mercado está muito concentrado em (poucas) grandes<br />

empresas. O elevado peso no mercado dessas empresas é uma importante barreira à entrada no mercado.<br />

<br />

Dimensão do mercado: necessidade de escala na produção e na distribuição<br />

A dimensão geográfica e económica do mercado, embora seja um dos principais atrativos, é também um<br />

importante desafio para as empresas portuguesas. A capacidade produtiva é limitada e os investimentos<br />

específicos para entrar num mercado da dimensão do mercado americano tendem a ser elevados.<br />

<br />

Custos de entrada e de distribuição elevados<br />

Além dos custos associados ao processo regulatório, os custos de operacionalização da entrada no mercado<br />

são elevados. Em consequência, a capacidade financeira pode restringir a entrada no mercado americano<br />

das empresas portuguesas.<br />

118


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

<br />

Forte concorrência interna e externa<br />

As exportações portuguesas do setor da saúde estão muito concentradas em produtos com pouca<br />

incorporação tecnológica, onde a concorrência com outras regiões do globo é muito forte e baseada no<br />

preço. As empresas que se posicionem neste segmento devem ter capacidade de fazer ajustamentos<br />

rápidos nos custos através de, por exemplo, melhorias no processo produtivo.<br />

<br />

Pressão sobre os preços<br />

A globalização e o forte controlo de custos por parte dos seguros privados e públicos têm vindo a<br />

pressionar os preços no mercado, em particular nos segmentos não sofisticados do setor. O preço é um<br />

fator decisivo para a entrada no mercado, o que dificulta o acesso das empresas portuguesas face aos<br />

custos de transporte e à concorrência de países com mão-de-obra mais barata. Neste contexto, os setores<br />

tecnológicos e inovadores têm melhores perspetivas no mercado americano.<br />

<br />

Imagem da origem do produto<br />

Existe forte evidência na literatura da importância que o consumidor americano atribui à origem dos<br />

produtos. A credibilidade é um fator decisivo nos negócios nos Estados Unidos, em particular em setores<br />

sensíveis como o da saúde. O reforço da imagem de ‘<strong>Portugal</strong>’, associando aos produtos do país uma<br />

imagem de credibilidade e segurança é um eixo crítico para o posicionamento das empresas portuguesas<br />

no mercado internacional, o que requer ações concertadas dos players internacionais mas, igualmente,<br />

das empresas e suas associações.<br />

119


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.11 | Referências<br />

AICEP (2011a), <strong>EUA</strong>- Biotecnologia/análise setorial. AICEP <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong>, junho 2011. Disponível em:<br />

http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/PT/Biblioteca/LivrariaDigital/<strong>EUA</strong>MercadoBiotecnologia.pdf[último acesso:<br />

junho 2012].<br />

AICEP (2012), <strong>EUA</strong> - Ficha de mercado (Maio 2012), AICEP <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong>. Disponível em<br />

http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=b5d8c71a-6412-4f2a-<br />

830d-10cb6d70f05d [último acesso: junho 2012].<br />

AICEP (2012a), <strong>EUA</strong>- Estabelecimento de Empresas, AICEP <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong> Janeiro 2012. Disponível em:<br />

http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/PT/Biblioteca/LivrariaDigital/<strong>EUA</strong>_EstabelecimentoEmpresas.pdf [último<br />

acesso: junho 2012].<br />

AICEP (2012b), <strong>EUA</strong>- Sites selecionados. Disponível em:<br />

http://www.<strong>Portugal</strong>global.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId= {55643975-D945-45F4-<br />

958D-21FE98A9EF5A} [último acesso: junho 2012].<br />

Archstone Consulting LLC (2009), The biopharmaceutical sector’s impact on the US Economy analysis at<br />

the national, state, and local levels. Disponível em:<br />

http://www.archstoneconsulting.com/biopharmapdf/report.pdf [último acesso: junho 2012].<br />

Barret L. (2008), Healthy @ Home. AARP Foundation, March 2008. Disponível em:<br />

http://assets.aarp.org/rgcenter/il/healthy_home.pdf. [último acesso: junho 2012].<br />

BCC Research (2012), Health care global markets for telemedicine technology. Resumo Disponível em<br />

http://www.bccresearch.com/report/telemedicine-technologies-global-markets-hlc014e.html [último<br />

acesso: junho 2012].<br />

Bioinformatics (2009), Opportunities in the US personalized medicine market report #09-089 December<br />

2009. Disponível em http://www.tekes.fi/fi/gateway/PTARGS_0_201_403_994_2095_43/http%3B/tekesali1%3B7087/publishedcontent/publish/programmes/pharma/documents/report_personalized_medicine.p<br />

df [último acesso:junho 2012].<br />

Boring, A. (2010), Determinants of the United States’ trade of pharmaceuticals, Working paper Disponível<br />

em http://congres.afse.fr/docs/2010/395201boring_determinantsofuspharmaceuticaltrade.pdf [último<br />

acesso: junho 2012].<br />

Carpenter, D. (2010), Reputation and power: Organizational image and pharmaceutical regulation at the<br />

FDA, Princeton: Princeton University Press, 2010. http://press.princeton.edu/titles/9205.html [último<br />

acesso: junho 2012].<br />

120


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

CBP (2001), Marking of country of origin on US imports: Acceptable terminology and methods for marking.<br />

Disponível em:<br />

http://www.cbp.gov/linkhandler/cgov/newsroom/publications/trade/co_origin.ctt/markingo.pdf [último<br />

acesso: junho 2012].<br />

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CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.12 | Anexo 1 – Método do estudo<br />

O método envolveu a recolha exaustiva de dados secundários e primários.<br />

Dados secundários<br />

Com vista ao diagnóstico e identificação de fatores de competitividade da fileira da saúde nos mercados em estudo,<br />

foi realizada a recolha de dados caracterizadores dos subsetores e mercados em estudo, em <strong>Portugal</strong> e nos países em<br />

análise. Tal englobou a consulta bibliográfica e análise de dados estatísticos englobando indicadores macroeconómicos<br />

relevantes; principais indicadores estatísticos (e.g., demografia; oferta de serviços de saúde; despesas em saúde;<br />

fontes de informação); análise contextual do setor da saúde nos quatro mercados (etc.). As fontes utilizadas são de<br />

natureza diversa, incluindo fontes nacionais (e.g., AICEP, INE, Banco de <strong>Portugal</strong>, Ministério da Saúde) e<br />

internacionais (e.g., OCDE, ONU, Banco Mundial).<br />

Dados primários<br />

A informação primária recolhida envolveu entrevistas semiestruturadas, realização de grupos-foco, entrevistas de<br />

benchmarking e a aplicação de um questionário.<br />

Entrevistas semiestruturadas<br />

O recurso a entrevistas semiestruturadas permitiu identificar as experiências concretas por parte dos diferentes<br />

atores que vivenciam no seu quotidiano problemas associados ao processo de internacionalização do setor da saúde.<br />

Os key informants foram pessoas ligadas a agentes económicos e sociais associados à fileira da saúde (e.g., pessoas<br />

ligadas a associações empresariais, AICEP, Health Cluster de <strong>Portugal</strong> e empresários). Foram realizadas 23 entrevistas<br />

com uma duração média de 100 minutos.<br />

Grupos-foco<br />

A realização de grupos foco teve como objetivo proporcionar a discussão e debate entre os stakeholders (com<br />

prevalência de empresários) dos quatro subsetores em estudo. A discussão nos grupos foco foi organizada em função<br />

de cada subsetor e centrou-se em três pontos: (i) Identificação de problemas, dificuldades, limitações, ameaças,<br />

(etc.) no âmbito do desenvolvimento e internacionalização das empresas portuguesas e respetivo subsetor; (ii)<br />

oportunidades, soluções, boas práticas e exemplos de sucesso de empresas portuguesas na internacionalização; (iv)<br />

sugestões de ações, medidas concretas, ou alterações, que as empresas, as associações empresariais, ou as<br />

instituições públicas possam tomar para promover a internacionalização do respetivo subsetor.<br />

Benchmarking<br />

A análise de benchmarking envolveu instituições e experiências relevantes na área da saúde. Para o efeito, foram<br />

realizadas quatro entrevistas em profundidade. Na análise de benchmarking cobriram-se os seguintes aspetos: (i)<br />

práticas empresariais de internacionalização nos mercados em análise e/ou noutros mercados de referência; (ii)<br />

práticas de desenvolvimento de projetos envolvendo I&D, a colaboração interdisciplinar e em rede (o papel das<br />

instituições universitárias e centros de investigação); (iii) práticas de auxílio às empresas desempenhadas por<br />

organismos nacionais ligados ao comércio e investimento; (iv) Práticas de políticas nacionais integradas de apoio ao<br />

desenvolvimento e internacionalização da área da saúde.<br />

130


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Questionário<br />

Como complemento à informação qualitativa foi ainda aplicado um questionário. O instrumento de pesquisa<br />

apresentava uma breve secção introdutória de apresentação do estudo e posteriormente dividiu-se em 3 partes. Numa<br />

primeira parte abordaram-se questões relativas à internacionalização empresarial. Na segunda parte reportaram-se<br />

aspetos referentes aos mercados. Por fim, na terceira parte, incluíram-se itens de caracterização da empresa e perfil<br />

do entrevistado.<br />

O questionário foi enviado através de um link numa mensagem eletrónica dirigida a uma lista de empresas<br />

previamente identificadas ao cuidado da pessoa da empresa envolvida na internacionalização do negócio.<br />

Posteriormente foram enviadas 3 mensagens com os reminders a reiterar o pedido de preenchimento do questionário.<br />

O Quadro abaixo apresenta a ficha técnica do estudo.<br />

Ficha técnica do Estudo<br />

Universo de Análise<br />

299 empresas<br />

Universo por setor Farmacêutico: 104<br />

Dispositivos Médicos: 68<br />

AALiving: 22<br />

Medicina Personalizada: 17<br />

Outros: 88<br />

Setores (CAE)<br />

13130, 21221, 22220, 32502 (…)<br />

Âmbito geográfico do estudo<br />

Continente e ilhas<br />

Unidade de análise<br />

Empresas<br />

Procedimento amostral<br />

Recenciamento<br />

Nº de respostas obtidas 60<br />

Nº de respostas válidas 45<br />

Taxa de resposta global 15%<br />

Taxa de resposta por setor Farmacêutico: 14%<br />

Dispositivos Médicos: 22%<br />

Medicina Personalizada: 23%<br />

Outros: 17%<br />

Nível de confiança<br />

95%; z=1,96<br />

Análise dos dados<br />

Os dados qualitativos foram analisados através de uma análise de conteúdo estabelecendo-se os principais temas<br />

emergentes. Os dados quantitativos foram codificados, inseridos e tratados através do software estatístico SPSS.<br />

Foram utilizadas técnicas descritivas de análise e análise bivariada.<br />

131


CADERNO SUPLEMENTAR 4: <strong>EUA</strong><br />

3.8.13 | Anexo 2 – Lista das posições pautais<br />

Posições pautais – Farmacêutica<br />

Posição<br />

Definição<br />

3001 Glândulas e outros órgãos para usos opoterápicos, dissecados, mesmo em pó; extractos de glândulas<br />

ou de outros órgãos ou das suas secreções, para usos opoterápicos; heparina e seus sais; outras<br />

substâncias humanas ou animais preparadas para fins terapêuticos ou profilácticos, não<br />

especificadas nem compreendidas em outras posições<br />

3002* Sangue humano; sangue animal preparado para usos terapêuticos, profilácticos ou de diagnóstico;<br />

anti-soros, outras fracções do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via<br />

biotecnológica; vacinas, toxinas, culturas de microrganismos (excepto leveduras) e produtos<br />

semelhantes<br />

3003 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos<br />

misturados entre si, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, mas não apresentados em<br />

doses nem acondicionados para venda a retalho<br />

3004 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos<br />

misturados ou não misturados, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, apresentados em<br />

doses (incluindo os destinados a serem administrados por via percutânea) ou acondicionados para<br />

venda a retalho<br />

3006 20* Reagentes destinados à determinação dos grupos ou dos factores sanguíneos.<br />

3006 30* Preparações opacificantes para exames radiográficos; reagentes de diagnóstico concebidos para<br />

serem administrados ao paciente<br />

3006 40 Cimentos e outros produtos para obturação dentária; cimentos para reconstituição óssea<br />

3006 50 Estojos e caixas de primeiros socorros, guarnecidos<br />

3006 60 Preparações químicas contraceptivas à base de hormonas, de outros produtos da posição 2937 ou de<br />

espermicidas<br />

3006 70 Preparações sob a forma de gel, concebidos para uso em medicina humana ou veterinária, como<br />

lubrificante para determinadas partes do corpo em intervenções cirúrgicas ou exames médicos, ou<br />

como meio de ligação entre o corpo e os instrumentos médicos<br />

Nota: *Comum à farmacêutica e medicina personalizada.<br />

132


INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL<br />

NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, <strong>EUA</strong> E ALEMANHA<br />

Posições pautais dos dispositivos médicos<br />

Posição<br />

Definição<br />

3005 Pastas (ouates), gazes, ataduras e artigos análogos (por exemplo, pensos, esparadrapos, sinapismos),<br />

impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho<br />

para usos medicinais, cirúrgicos, dentários ou veterinários<br />

3006 10 Categutes esterilizados, materiais esterilizados semelhantes para suturas cirúrgicas (incluindo os fios<br />

absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia) e adesivos esterilizados para tecidos<br />

orgânicos, utilizados em cirurgia para fechar ferimentos;laminárias esterilizadas; hemostáticos<br />

absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia; barreiras antiaderentes esterilizadas para<br />

cirurgia ou odontologia, absorvíveis ou não<br />

9018 Instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária, incluindo os aparelhos<br />

de cintilografia e outros aparelhos electromédicos, bem como os aparelhos para testes visuais<br />

9019 Aparelhos de mecanoterapia; aparelhos de massagem; aparelhos de psicotécnica; aparelhos de<br />

ozonoterapia, de oxigenoterapia, de aerossolterapia, aparelhos respiratórios de reanimação e outros<br />

aparelhos de terapia respiratória:<br />

9020 Outros aparelhos respiratórios e máscaras contra gases, excepto as máscaras de protecção<br />

desprovidas de mecanismo e de elemento filtrante amovível<br />

9021 Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras médico-cirúrgicas e as muletas; talas,<br />

goteiras e outros artigos e aparelhos para fracturas; artigos e aparelhos de prótese; aparelhos para<br />

facilitar a audição dos surdos e outros aparelhos para compensar deficiências ou enfermidades, que<br />

se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser implantados no organismo<br />

9022 Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem as radiações alfa, beta ou gama, mesmo para usos<br />

médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de<br />

radioterapia, os tubos de raios X e outros dispositivos geradores de raios X, os geradores de tensão,<br />

as mesas de comando, as telas de visualização, as mesas, poltronas e suportes semelhantes para<br />

exame ou tratamento<br />

9025 Densímetros, areómetros, pesa-líquidos e instrumentos flutuantes semelhantes, termómetros,<br />

pirómetros, barómetros, higrómetros e psicrómetros, registadores ou não, mesmo combinados entre<br />

si<br />

9402 Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária (por exemplo, mesas de operação,<br />

mesas de exames, camas dotadas de mecanismos para usos clínicos, cadeiras de dentista); cadeiras<br />

para salões de cabeleireiro e cadeiras semelhantes, com dispositivos de orientação e de elevação;<br />

suas partes<br />

133

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