EDITORIAL - Revista Sobrape
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R. Periodontia - 21(1):7-9<br />
VOL. 21 - Nº 01<br />
MARÇO 2011<br />
<strong>EDITORIAL</strong><br />
Caros leitores,<br />
Ser pesquisador sempre foi um desafio, entretanto, houve uma época na qual essa figura era envolta por poesia. Na<br />
atualidade sua imagem encontra-se deturpada e sem dúvida seu maior projeto é definir seus próprios limites. Perante<br />
tantas exigências não se consegue precisar o que é realmente possível. Mas em nosso país esse esforço sobre-humano<br />
tem sido recompensado.<br />
Apesar de uma estrutura e organização distintas daquelas encontradas nos maiores produtores de ciência mundial, o<br />
Brasil, desde o início da década de 1990, vem se posicionando entre os quatro países com maior crescimento em número<br />
de artigos científicos publicados. Estamos também ascendendo qualitativamente e publicar em revistas internacionais<br />
relevantes já se tornou uma realidade para o pesquisador brasileiro.<br />
Nesse turbilhão de descobertas e emoções o pesquisador aprendeu a desfrutar o agora pois o planejamento mais<br />
longo se tornou impossível. Sem dúvida, o momento induz a uma profunda reflexão, mas como o pesquisador aprendeu<br />
não há tempo suficiente! Por isso a <strong>Sobrape</strong>, e em especial, a equipe da <strong>Revista</strong> agradece a todos que têm contribuído<br />
e participado desse extenuante e maravilhoso processo de geração de conhecimento.<br />
Boa leitura!<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Editora-chefe<br />
3
REVISTA PERIODONTIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA<br />
DE PERIODONTOLOGIA<br />
SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />
PERIODONTOLOGIA<br />
Fundada em 05/10/1970 Gestão 2010/2011<br />
Sede: Rua Tres Pontes, 52<br />
CEP: 05042-020 - São Paulo - SP<br />
Tel/Fax: (11) 11 3862-1422 / 11 9611-7257<br />
Home-page: www.sobrape.org.br<br />
E-mail: sobrape@sobrape.org.br<br />
Diretoria Executiva<br />
Presidente: Joaquim Resende - MG<br />
Vice-Presidente: Ricardo Guimarães Fischer - RJ<br />
1º Secretário: Lívio de Barros Silveira - MG<br />
2º Secretária: Carolina Ferreira Franco - MG<br />
1º Tesoureiro: Gerdal Roberto de Sousa - MG<br />
2º Tesoureira: Telma Campos Medeiros Lorentz - MG<br />
7<br />
passo-a-passo da pesquisa<br />
A BIOESTATÍSTICA É ÚTIL EM ESTUDOS<br />
DESCRITIVOS?<br />
Biostatistics is useful in descriptive studies?<br />
Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu<br />
<strong>Revista</strong> Periodontia<br />
Editora: Sheila Cavalca Cortelli - SP<br />
Editores Associados: Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira, Davi<br />
Romeiro Aquino,Fernando de Oliveira Costa, Gilson César Nobre<br />
Franco, Luis Otávio de Miranda Cota, Marinella Holzhausen, Mônica<br />
César do Patrocínio<br />
Corpo Editorial: Alexandre Prado Scherma – SP, Ângela G. Martins<br />
- BA, Arthur B. Novaes Jr. - SP, Bruno C. De V. Gurgel - RN, Cristiano<br />
Susin - RS, Delane M. Rêgo - RN, Eduardo Feres - RJ, Élcio Marcantonio<br />
Júnior - SP, Estela S. Gusmão - PE, Francisco E. Pustiglioni - SP,<br />
Francisco H. Nociti Jr. - SP, Gerdal Roberto de Sousa - MG, Geraldo A.<br />
Chiapinotto - RS, Getúlio R. Nogueira Filho - CA, Giuseppe Alexandre<br />
Romito - SP, Isaac S. Gomes Filho - BA, Joaquim Resende – MG, João<br />
B. César-Neto - RS, Joni A. Cirelli - SP, José E. C. Sampaio - SP , José<br />
Roberto Cortelli - SP, Karina Cogo – SP, Karina Silverio - SP, Lívio de<br />
Barros Siveira - MG, Luciene Figueiredo - SP, Luis A. P. de Lima - SP,<br />
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Mauricio Araújo - PR, Patrícia Furtado Gonçalves - MG, Plínio Macedo -<br />
PI, Poliana M. Duarte - SP, Raul G. Caffesse - (EUA), Ricardo G. Fischer -<br />
RJ, Rosemary A. C. Marcantonio - SP, Renata Cimões - PE, Renato de V.<br />
Alves - PE, Rodrigo O. C. C. Rêgo - CE, Rosenês L. dos Santos - PB, Rui<br />
V. Oppermann - RS, Sabrina Gomes - (RS), Sebastião L. A. Greghi - SP,<br />
Sergio L. da S. Pereira - CE, Sheila Cavalca Cortelli - SP, Telma Campos<br />
Medeiros Lorentz - MG<br />
Auxiliar técnica: Thaís Pereira Peixoto<br />
Diretor do Jornal Periodonto: Mauro Ivan Salgado - MG<br />
Divulgação e Promoção: Rodrigo Seabra - MG, Orley Araújo Alves<br />
- MG<br />
Redação / Seleção de Pauta: Alcione Maria Dutra de Oliveira,<br />
Carlos Roberto Martins - MG<br />
Diretor Cultural: Lorenza Carvalhais Souza - MG, José Eustáquio<br />
da Costa - MG<br />
Diretor Social: Ana Carolina Duppin Souza - MG, Arnaud Bezerra -<br />
MG<br />
Diretor Bibliotecário: Jayme Reis Ferracioli - MG<br />
Diretor de Informática: Douglas Campidelli Fonseca - MG<br />
Equipe comercial: Eleine Claudino Aguiar Quintella - MG, Henrique<br />
Teixeira de Castro - RJ, Marcio Eduardo Vieira Falabella - MG<br />
Diretor Acadêmico: Luis Otávio de Miranda Cota - MG<br />
Assessores da Presidência: Alfeu Eloy Bari - SP, Cesário Antônio<br />
Duarte - SP, Charles Menezes Leahy - AL, Moyses Moreinos - RJ<br />
Assessores Internacionais: Antônio Wilson Sallum - SP, Arthur Belém<br />
Novaes Junior - SP, Eduardo Tinoco - RJ<br />
Conselho Científico: Carlos Marcelo Figueiredo - RJ, Fernando de<br />
Oliveira Costa - MG, Valdir Golveia Garcia - SP<br />
Conselho Deliberativo<br />
Efetivos: Alfeu Eloy Bari - SP, Antônio Wilson Sallum - SP, Benedicto<br />
Egbert Corrêa de Toledo - SP, Cesário Antônio Duarte - SP, Hamilton<br />
Taddei Bellini - SP, Urbino da Rocha Tunnes - BA<br />
Membros Natos: Moyses Moreinos - RJ, Paulo Roberto Pereira de Sá<br />
- RJ Javan Seixas de Paiva - PE, Rodrigo Veras de Almeida - PE, Antônio<br />
Wilson Sallum - SP, Giuseppe Alexandre Romito - SP<br />
Suplentes: Inácio Rocha - RJ, Henrique Guilherme de Castro Teixeira<br />
- MG, Walter Augusto Soares Machado - RJ, Juracy Corrêa da Silveira<br />
- MG<br />
In Memoriam: João Nunes Pinheiro - CE, Juarez Corrêa da Silveira -<br />
MG, Rugerpe Antônio Pedreira - RJ, Yeddi Pereira - RJ, Nelson Thomaz<br />
Lascala - SP, Roberto Fraga Moreira Lotufo - SP<br />
Conselho Fiscal: Marcos Vinicius Moreira de Castro - GO, Charles<br />
Menezes Leahy - AL, Carlos Roberto Martins - MG<br />
Suplentes: José Márcios Falabella - MG, Guido de Oliveira - MG,<br />
Ibajay Brito de Oliveira - MG<br />
Representantes Regionais<br />
REGIÃO NORTE: Am - Anne Michelle Lima Ferreira, Pa - Mario Jardeo<br />
Diniz Da Silva, Ac - José Américo Gonçalves Fagundes, Ro - Mário Umezawa<br />
REGIÃO NORDESTE: AL - Charles Menezes Leahy; BA - Safy Rodrigues Pires, PE -<br />
Renata Cimões, PB - Dejanildo Jorge Veloso, CE - Raimundo Nonato Soares de Castro,<br />
PI - Plínio da Silva Macêdo, RGN - Eduardo Gomes Seabra<br />
REGIÃO SUDESTE: ES - Fábio Matos Chiarelli, RJ - Neyde M. B. Tinoco, MG - Vanessa<br />
Frazão Cury, SP - José Roberto Cortelli<br />
REGIÃO CENTRO OESTE: GO - Marcos Vinícius M. de Castro, TO - Joana Estela<br />
Rezende Vilela, MS - José Peixoto Ferrão Junior, DF - Emílio Barbosa e Silva<br />
REGIÃO SUL: PR - Ricardo Luiz Grein, SC- José Luiz do Couto, RS - Cassiano H. Rosing<br />
índice<br />
10<br />
12<br />
20<br />
passo-a-passo prática clínica<br />
DIABETE MELITO: CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />
PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA<br />
Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />
artigos originais<br />
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TERAPIA<br />
FOTODINÂMICA COMO ADJUNTO AO<br />
TRATAMENTO PERIODONTAL DE PACIENTES<br />
COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />
Evaluation of the Efficacy of Photodynamic Therapy as<br />
Adjunct to periodontal treatment in Patients with Aggressive<br />
Periodontitis<br />
Flavia Bomfim Garcia, Alexandra Tavares Dias, Eduardo Muniz<br />
Barreto Tinoco, Ricardo Guimarães Fischer<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />
NÃO CIRÚRGICO SOBRE AS CÉLULAS BRANCAS<br />
E VERMELHAS DO SANGUE DE PACIENTES<br />
PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />
GENERALIZADA<br />
The influence of non-surgical periodontal treatment on white<br />
and red blood cells of patients with chronic periodontitis<br />
Caroline Moura, Gabriela G. de Moraes, Marília da S. P.<br />
Bittencourt, Marilisa L. F. Terezan<br />
Jornalista Responsável: Sueli dos Santos (MTB 25034) SP<br />
Impressão:<br />
Tiragem da <strong>Revista</strong>: 500 Exemplares<br />
Periodicidade: Trimestral<br />
Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade do(s)<br />
autor(es) e não expressam, a priori, os interesses da <strong>Sobrape</strong>. É proibida a reprodução total ou parcial<br />
dos artigos sem a devida autorização.
INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />
PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO SOBRE<br />
PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E<br />
BIOQUÍMICOS DE PACIENTES RENAIS<br />
CRÔNICOS EM PRÉ-DIÁLISE<br />
Influence of non-surgical periodontal treatment<br />
on hematological and biochemical parameters of<br />
patients with chronic renal failure in pre-dialysis<br />
27<br />
revisão de literatura<br />
CLINICAL IMPLICATIONS OF<br />
NANOSURFACE TECHNOLOGY ON<br />
CLINICAL SUCCESS AND SURVIVAL RATE<br />
OF SINGLE IMPLANT RESTORATIONS:<br />
A REVIEW<br />
55<br />
Aline de Almeida Carvalho, Patrícia Pereira Farsura,<br />
Marcos Gomes Bastos, Eduardo Machado Vilela<br />
Gareth Z. Benic, Andrew Tawse-Smith and Vincent<br />
Bennani<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />
PERIODONTAL NO CONTROLE<br />
GLICÊMICO EM PACIENTES DIABÉTICOS<br />
TIPO 2 NÃO INSULINO-DEPENDENTES –<br />
ARTIGO ORIGINAL<br />
Influence of periodontal treatment on glycemic<br />
control in diabetic patients type 2 non-insulin<br />
dependent – Original paper.<br />
Dário da Rocha Pereira, Léo Guimarães Soares, Márcio<br />
Eduardo Vieira Falabella, Denise Gomes da Silva,<br />
Eduardo Muniz Barretto Tinoco<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />
PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO SOBRE<br />
O PERFIL LIPÍDICO DE PACIENTES<br />
PORTADORES DE PERIODONTITE<br />
CRÔNICA<br />
The influence of non-surgical periodontal treatment<br />
on lipid profile of patients with chronic periodontitis<br />
34<br />
43<br />
TERAPIA FOTODINÂMICA PARA A<br />
REDUÇÃO MICROBIANA NO<br />
TRATAMENTO DAS DOENÇAS<br />
PERIODONTAIS: REVISÃO DE<br />
LITERATURA<br />
Photodynamic therapy for microbial reducing in<br />
periodontal treatment diseases: A review<br />
Andre Luis Gomes Moreira, Adriano Monteiro<br />
D´Almeida Monteiro, Marcelo de Azevedo Rios<br />
A RELAÇÃO BIDIRECIONAL ENTRE<br />
DOENÇA PERIODONTAL E DOENÇA<br />
RENAL CRÔNICA: DA PROGRESSÃO DA<br />
DOENÇA RENAL CRÔNICA À TERAPIA<br />
RENAL SUBSTITUTIVA DE DIÁLISE<br />
Diva Claudia de Almeida, Carlos Sardenberg Pereira,<br />
José Mauro Granjeiro , Walter Augusto Soares<br />
Machado, Fátima Regina Veiga Tostes, Eliane dos<br />
Santos Porto Barboza<br />
65<br />
73<br />
Gabriela G. de Moraes, Caroline Moura, Marília da S. P.<br />
Bittencourt, Marilisa L. F. Terezan<br />
<strong>EDITORIAL</strong><br />
3<br />
REDUÇÃO DO ÍNDICE DE CÁLCULO<br />
SUPRAGENGIVAL: DENTIFRÍCIO<br />
ANTICÁLCULO VERSUS DENTIFRÍCIO<br />
CONVENCIONAL<br />
Reduction in supragingival calculus index: anticalculus<br />
dentifrice versus conventional dentifrice<br />
49<br />
resumos fórum científico<br />
Relação de Revisores<br />
80<br />
109<br />
Bruna de Carvalho Farias, Felipe Bravo Machado de<br />
Andrade, Valma Maria Lins Gondim, Renata de Souza<br />
Coelho Soares, Estela Santos Gusmão, Renata Cimões<br />
Normas para publicação de<br />
artigos<br />
110
VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
REVISTA PERIODONTIA v. 21, n. 01, 2011. São Paulo: Sociedade Brasileira de<br />
Periodontologia.<br />
TRIMESTRAL<br />
ISSN 0103-9393<br />
CDD 617.6<br />
CDD 617.632005<br />
A <strong>Revista</strong> Periodontia (ISSN 0103-9393) é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Os artigos<br />
publicados são de responsabilidade dos seus autores. As opiniões e conclusões explicitadas nos artigos não necessariamente<br />
correspondem às opiniões da <strong>Revista</strong> e/ou da SOBRAPE. O material vinculado à publicidade é de inteira responsabilidade do<br />
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Associação e assinaturas: sobrape@sobrape.org.br<br />
6
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
passo-a-passo da pesquisa<br />
A BIOESTATÍSTICA É ÚTIL EM ESTUDOS DESCRITIVOS?<br />
Biostatistics is useful in descriptive studies?<br />
Mauro Henrique Nogueira<br />
Guimarães de Abreu<br />
INTRODUÇÃO<br />
Apesar de se reconhecer a importância da<br />
abordagem qualitativa (Minayo, 1993), a pesquisa<br />
científica na área da saúde é hegemonicamente<br />
quantitativa. Desta forma, quando desenvolvemos estudos<br />
laboratoriais e clínico-epidemiológicos, um dos tripés da pesquisa é<br />
a estatística que aplicada à área das ciências da saúde e biológicas<br />
é denominada de bioestatística.<br />
A bioestatística será útil, pelo menos em dois momentos<br />
da pesquisa científica: no delineamento do estudo e na análise<br />
dos dados (Walter, 1995). Não será objetivo do presente artigo,<br />
discutir aprofundadamente a primeira etapa. Livros clássicos de<br />
epidemiologia e pesquisa odontológica (Gordis, 2008; Luiz et<br />
al., 2005) abordam esta etapa de forma bastante adequada.<br />
Abordaremos questões relativas ao delineamento amostral,<br />
quando esse repercutir na etapa seguinte.<br />
Os resultados de (quase) todo estudo quantitativo deveria<br />
envolver a descrição de variáveis. Algumas vezes, o estudo é<br />
Recebimento: 19/01/11 - Correção: 01/02/11 - Aceite: 14/02/11<br />
eminentemente descritivo. Uma dúvida que aparece<br />
entre alguns pesquisadores é não considerar a análise<br />
descritiva como análise estatística. Além disso, alguns<br />
artigos publicados insistem na inclusão de testes<br />
estatísticos, quando os objetivos do estudo não<br />
demandam tal técnica.<br />
Considerando assim a importância da descrição<br />
dos resultados em qualquer pesquisa, o presente<br />
artigo abordará a utilidade da bioestatístca em estudos<br />
descritivos.<br />
UNITERMOS: bioestatística, pesquisa, periodontia<br />
Análise estatística descritiva dos resultados<br />
Bom referencial teórico, objetivo relevante,<br />
desenho do estudo elegante e uma honesta coleta de<br />
dados são imprescindíveis e não há análise estatística,<br />
a posteriori, que possa superar problemas com os<br />
três tópicos.<br />
Considerando que o pesquisador foi cuidadoso<br />
nos seus objetivos, no delineamento do estudo<br />
7
R. Periodontia - 21(1):7-9<br />
e na coleta de dados, chega o momento da análise dos<br />
mesmos. Basicamente, podemos dividir a análise estatística<br />
em dois tipos: a análise estatística descritiva e a inferencial.<br />
O pesquisador deve utilizar uma e/ou outra dependendo<br />
do objetivo do estudo que foi realizado. Se a pergunta do<br />
pesquisador envolve a descrição de um fenômeno qualquer,<br />
deve-se realizar análise estatística descritiva. Caso a pergunta<br />
da pesquisa envolva a associação entre duas ou mais variáveis,<br />
deve-se realizar, também, a análise estatística inferencial.<br />
Serão discutidas apenas algumas técnicas úteis para análise<br />
descritiva<br />
A análise estatística descritiva é fundamental para o<br />
entendimento do que se pesquisou. Ela envolve a descrição de<br />
freqüências, para as variáveis quantitativas e, especialmente,<br />
para as categóricas. Para as variáveis quantitativas, cálculos<br />
de medidas de tendência central e de variabilidade também<br />
são utilizados.<br />
Quando se estuda a frequência de pacientes com<br />
periodontite por algum critério internacional qualquer, há<br />
apenas duas possibilidades de respostas: ou o indivíduo<br />
apresenta a doença ou não. Para este último exemplo, temos<br />
uma variável categórica dicotômica. Em estudos descritivos,<br />
nossa única opção é descrever a freqüência, geralmente em<br />
termos percentuais, dos indivíduos com e sem periodontite.<br />
Quadro 1<br />
Indicação de algumas análises descritivas<br />
Variável Exemplo Análise(s) indicada(s) Figuras indicadas<br />
Categórica<br />
Presença de<br />
periodontite<br />
Cálculo de proporção<br />
Gráfico de barras<br />
Gráfico de colunas<br />
Gráfico de setor (pizza)<br />
Tabelas<br />
Quantitativa<br />
Profundidade<br />
de sondagem<br />
Medidas de tendência central<br />
Medidas de variabilidade<br />
Testes de avaliação de normalidade<br />
(KS e SW)<br />
Histograma<br />
Box-Plot<br />
Gráfico Q-Q<br />
Apresentações gráficas e tabelas podem ser úteis para<br />
descrever frequências.<br />
Quando se deseja descrever a profundidade de sondagem<br />
periodontal em um sítio periodontal de um dente específico,<br />
podem-se calcular as medidas de tendência central (média,<br />
mediana, moda), bem como as medidas de variabilidade<br />
(desvio-padrão, coeficientes de variação) e quartis, percentis,<br />
dentre outros. Além dessas medidas é muito útil que se saiba<br />
se a variável estudada apresenta ou não distribuição normal,<br />
também chamada de gausssiana. Análises gráficas e testes<br />
estatísticos (Testes de Kolmogorov-Smirnov - KS, Shapiro-Wilk<br />
- SW) são utilizados para essa avaliação (Soares & Siqueira,<br />
2002; Kim & Dailey, 2008). Vamos exemplificar um pouco,<br />
para clarear esses conceitos. É bastante comum lermos<br />
em artigos científicos que a profundidade de sondagem<br />
média foi igual a 4,0 (±0,4) mm. A interpretação destes<br />
resultados é importante para o entendimento do que se<br />
estudou. Considerando que a distribuição dessa variável é<br />
normal, aproximadamente 68% dos indivíduos apresentam<br />
profundidade de sondagem entre 3,6 e 4,4 mm. Quando o<br />
dobro do valor do desvio-padrão é adicionado e subtraído da<br />
média, ou seja, de 3,2 a 4,8 mm, temos, aproximadamente,<br />
95% dos pacientes do estudo.<br />
Pode-se verificar, ainda, se a variável quantitativa<br />
apresenta distribuição de Poisson ou Binomial. A utilidade<br />
do desvio-padrão e da média é questionável, quando a<br />
distribuição da variável não é gaussiana.<br />
Quando a distribuição de uma variável quantitativa não é<br />
normal, é interessante apresentar os valores mínimo, máximo<br />
e os quartis. Quando se afirma que para a variável perda de<br />
inserção periodontal, o primeiro quartil é igual a 2,0 mm, isso<br />
significa que 25% dos pacientes apresentam até 2,0 mm<br />
de perda de inserção periodontal. Se a mediana, sinônimo<br />
de Segundo quartil, for igual a 3,5 mm, podemos afirmar<br />
que metade dos indivíduos pesquisados perdeu até 3,5 mm<br />
de inserção periodontal. Esse mesmo raciocínio vale para o<br />
terceiro quartil e para os percentis, tercis etc.<br />
Algumas apresentações gráficas são úteis para a<br />
apresentação de uma variável quantitativa. Histograma e Q-Q<br />
plot também permitem avaliar se há ou não distribuição normal<br />
8
R. Periodontia - 21(1):7-9<br />
dos dados. O gráfico Box-Plot é útil para a apresentação das<br />
medidas de tendência central e variabilidade em uma única<br />
figura (Soares & Siqueira, 2002; Kim & Dailey, 2008).<br />
Quando se descreve uma amostra calculada e selecionada<br />
de forma aleatória, deve-se apresentar ainda o Intervalo de<br />
Confiança, geralmente de 95% (IC95%), para a estimativa<br />
calculada (Walter, 1995; Soares & Siqueira, 2002; Kim &<br />
Dailey, 2008). Por exemplo, se a prevalência de gengivite<br />
associada à placa em uma amostra aleatória simples de 1000<br />
crianças de uma cidade foi igual a 22%, o IC 95% variará de<br />
19,5% a 24,7%. Pode-se concluir que se fossem realizadas,<br />
por exemplo, 100 outras amostras aleatórias simples neste<br />
município em 95 destas amostras, a prevalência de gengivite<br />
variaria de 19,5% a 24,7%. Especificamente na amostra que foi<br />
sorteada, observou-se a prevalência de 22%. Intuitivamente,<br />
pode-se afirmar que quando se pesquisa o universo de<br />
indivíduos (estudos censitários), não se deve calcular tal<br />
intervalo.<br />
Em estudos com amostras selecionadas por<br />
conglomerados, estratificação ou pela combinação<br />
destas técnicas, as estimativas das variáveis categóricas<br />
ou quantitativas devem ser calculadas considerando o<br />
delineamento amostral. Tanto as estimativas descritivas<br />
quanto as inferenciais devem considerar, neste caso, que o<br />
plano amostral foi complexo (Queiroz et al., 2009).<br />
Há vários anos, quem desenvolve pesquisas na área da<br />
saúde, utiliza, inevitavelmente, algum software para a análise<br />
dos seus dados. Há boas e amigáveis opções no mercado.<br />
Quando se deseja um programa de uso livre, o Epi-Info (Dean,<br />
1999) é, ainda, uma opção confiável e que abarca quase a<br />
totalidade do que se discutiu no presente artigo. Softwares<br />
licenciados podem até ser amigáveis, mas muitos têm custo<br />
proibitivo.<br />
A utilização e interpretação adequadas dos estudos<br />
descritivos, além de responder às perguntas colocadas pelo<br />
pesquisador, geram novas perguntas descritivas ou sobre<br />
determinantes dos fenômenos que foram pesquisados. Assim,<br />
interpretando bem seus dados descritivos, além de conhecer<br />
bem o que foi pesquisado, sua pesquisa poderá ser útil para a<br />
formulação de novas hipóteses, contribuindo para o avanço<br />
do conhecimento científico.<br />
Finalmente, respondendo ao título do trabalho, a<br />
bioestatística é, não apenas útil, mas fundamental em<br />
estudos descritivos na área da saúde. O (ab)uso de técnicas<br />
estatísticas (bivariadas, multivariadas, multiníveis, etc, etc...)<br />
tão em moda nos dias de hoje, não pode passar a sensação<br />
de que a descrição dos resultados é algo de menor valor ou<br />
ultrapassado.<br />
UNITERMS: biostatistics, research, periodontics<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1- Minayo MCS. Desafio do conhecimento. A pesquisa qualitativa em<br />
saúde. 2a ed. Rio de Janeiro: Hucitec; 1993. p.269.<br />
2- Walter SD. Methods of Reporting Statistical Results from Medical<br />
Research Studies. Am J Epidemiol 1995; 141:896-906.<br />
3- Gordis L. Epidemiologia. 4a. Ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010. p.392.<br />
4- Luiz RR, Costa AJL, Nadanovsky P. Epidemiologia e bioestatística na<br />
pesquisa odontológica. São Paulo: Atheneu; 2005. p.473.<br />
5- Soares JF, Siqueira AL. Introdução à estatística médica. 2a Ed. Belo<br />
Horizonte: Coopmed; 2002. p.300.<br />
6- Kim JS, Dailey RJ. Biostatistics for oral healthcare. Oxford: Blackwell<br />
Munksgaard; 2008. p.332<br />
7- Queiroz RCS, Portela MC, Vasconcellos MTL. Pesquisa sobre as<br />
Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil 2003): seus<br />
dados não produzem estimativas populacionais, mas há possibilidade<br />
de correção. Cad Saude Publica 2009; 25:47-58.<br />
8- Dean AG. Epi Info and Epi Map: current status and plans for Epi info<br />
2000. J Public Health Manag Pract 1999; 5:54-7.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu<br />
Departamento de Odontologia Social e Preventiva,<br />
Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais<br />
Av. Antônio Carlos, 6627<br />
CEP: 312.70901 - Belo Horizonte - MG - Brasil<br />
E-mail: maurohenrique@ufmg.br<br />
9
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
passo-a-passo Prática clínica<br />
DIABETE MELITO: CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />
PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA<br />
Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />
Médica Endocrinologista titulada pela SBEM<br />
O Diabete Melito (DM) tipo 2 é uma doença<br />
crônica caracterizada por aumento da glicemia<br />
(taxa de açúcar no sangue), resistência insulínica<br />
(defeito na ligação da insulina no seu receptor),<br />
e deficiência relativa da secreção pancreática de<br />
insulina. A prevalência da doença tem assumido<br />
proporções epidêmicas, sendo um dos principais<br />
problemas de saúde publica no mundo. Globalmente afeta cerca<br />
de 285 milhões de indivíduos, dos quais 46% se encontram na<br />
faixa etária de 40 a 59 anos. O DM causa um impacto negativo<br />
sobre a qualidade de vida dos indivíduos além de uma sobrecarga<br />
aos sistemas de saúde. Infelizmente estima-se que em 2025, a<br />
doença possa acometer 380 milhões de indivíduos caso medidas<br />
preventivas não sejam adotadas. Cabe ressaltar que existe<br />
um número significativo de portadores assintomáticos, pois o<br />
quadro clínico muitas vezes é insidioso. Entretanto, alterações<br />
no metabolismo da glicose podem ser observadas anos antes<br />
Recebimento: 15/01/11 - Correção: 04/02/11 - Aceite: 17/02/11<br />
do diagnóstico do DM tipo 2, o que justifica nesse<br />
momento a freqüente presença de complicações<br />
associadas. O fato do DM tipo 2 acarretar em diversas<br />
complicações crônicas torna o diagnóstico precoce<br />
ainda mais importante. Assim, o cirurgião-dentista por<br />
vezes pode se tornar o responsável pelo diagnóstico<br />
da doença e considerando-se o número crescente<br />
de casos deve estar preparado para o manejo clínico<br />
adequado de tais pacientes.<br />
As complicações crônicas do DM classificamse<br />
em: microvasculares (microangiopaticas) e<br />
macrovasculares (macroangiopaticas). As complicações<br />
microvasculares são advindas principalmente do<br />
controle inadequado da doença, do tempo de<br />
evolução e de fatores genéticos, e são divididas em:<br />
nefropatias, retinopatias e neuropatias diabéticas.<br />
Por outro lado, as complicações macrovasculares<br />
incluem desordens cardiovasculares, cerebrovasculares<br />
e periféricas.<br />
10
R. Periodontia - 21(1):10-11<br />
A fim de se padronizar os critérios em 1997 a American<br />
Diabetes Association (ADA), determinou os seguintes<br />
parâmetros diagnósticos:<br />
1 – Glicemia de jejum (GJ), exame no qual se determina<br />
a taxa glicêmica em amostra de sangue periférico coletada<br />
após 12 horas de jejum. Esse exame permite as seguintes<br />
interpretações:<br />
- Normal: GJ ≤100 mg/dL<br />
- Glicemia de jejum inadequada (GJI): GJ entre 101<br />
e 125 mg/dL<br />
- DM tipo 2: GJ ≥ 126 mg/dL, em pelo menos dois<br />
episódios de análise<br />
2 – Teste de tolerância oral à glicose (TTOG), exame<br />
onde na mesma avaliação são obtidas duas medições da<br />
glicemia em sangue periférico. A primeira taxa é determinada<br />
após 12 horas de jejum, e a segunda 120 minutos após a<br />
administração oral de 75g de glicose. Esse exame possibilita<br />
as seguintes interpretações:<br />
- Normal: Glicemia após 120 minutos ≤140 mg/dL<br />
- Intolerância à glicose (ITG): Glicemia após 120<br />
minutos entre 141 e 199 mg/dL<br />
- DM tipo 2: Glicemia após 120 minutos ≥ 200 mg/dL<br />
Embora mais sensível, o TTOG é mais caro e demanda<br />
mais tempo comparativamente a GJ. Talvez por isso,<br />
recentemente tenha-se sugerido usá-lo em pacientes de alto<br />
risco para doenças cardiovasculares, como os hipertensos<br />
e os obesos. Adicionalmente, a dosagem de Hemoglobina<br />
Glicosilada (HbA1c) tem se mostrado um terceiro exame útil<br />
e com ampla aplicabilidade clínica. Realizado em amostra<br />
única de sangue periférico, colhida após 12 horas de jejum,<br />
reflete a mediana dos últimos 90 dias, e mais sensivelmente<br />
dos últimos 60 dias. Baseado em estudos populacionais<br />
multicêntricos foi definido como ideal o valor menor ou<br />
igual a 7% (ADA tem proposto 6,5%), uma vez que tem<br />
sido sugerido que quanto menor o valor da hemoglobina<br />
glicosilada menores são as complicações crônicas, sobretudo<br />
as microvasculares.<br />
Existem fatores de risco bem estabelecidos para o<br />
desenvolvimento do metabolismo anormal da glicose, que<br />
por sua vez pode levar ao DM, GJI ou ITG. Assim, onde o<br />
profissional da saúde deve estar atento a: sedentarismo;<br />
parentesco de primeiro grau com DM tipo 2; gestação que<br />
se encerra com bebê macrossômico (maior 4 kg); diabetes<br />
gestacional: hipertensão arterial, dislipidemia (HDLc menor<br />
35mg/dL ou triglicerídeos maior 150 mg/dL), síndrome dos<br />
ovários policísticos em mulheres com idade reprodutiva,<br />
e história de acidente cardiovascular (infarto agudo do<br />
miocárdio, acidente vascular cerebral). Finalmente, deve-se<br />
atentar à obesidade que sem dúvida representa o fator de<br />
risco mais importante para o DM, pois ela induz a resistência<br />
periférica à captação de glicose mediada pela insulina e pode<br />
também diminuir a sensibilidade das células β à glicose.<br />
Concluindo-se, frente a um paciente com diagnóstico<br />
de DM deve-se contribuir e incentivar o adequado controle<br />
da doença para prevenir as complicações crônicas as<br />
quais incluem também o comprometimento dos tecidos<br />
periodontais. Já para os indivíduos que apresentam um ou<br />
mais dos fatores de risco acima mencionados deve-se ficar<br />
atento para uma possível realização do diagnóstico precoce.<br />
Cabe ainda ressaltar a necessidade de um bom controle<br />
metabólico antes da realização de qualquer intervenção<br />
cirúrgica frente aos riscos aumentados para complicações<br />
no trans- ou pós-operatório, tais como: infecções locais e<br />
em tecidos adjacentes, discrasias sanguíneas, deiscência de<br />
sutura e retardo de cicatrização.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1- American Diabetes Association. Standards of medical care in<br />
diabetes-2010. Diabetes Care. 2010 Jan:33 Suppl 1:S11-61. Erratum<br />
in: Diabetes Care. 2010 Mar; 33(3):692.<br />
2- UpToDate. Disponível em: URL: https://www.uptodate.com/online/<br />
login.do<br />
3- Gross JL, de Azevedo MJ, Silveiro SP, Canani LH, Caramori ML,<br />
Zelmanovitz T. Diabetic nephropathy: diagnosis, prevention, and<br />
treatment. Diabetes Care. 2005 Jan; 28(1): 164-76.<br />
4- The effect of intensive treatment of diabetes on the development and<br />
progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes<br />
mellitus. The Diabetes Control and Complications Trial Research Group.<br />
N Engl J Med. 1993. Sep 30; 329 (14):977-86.<br />
5- Writing Team for the Diabetes Control and Complications Trial/<br />
Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications Research<br />
Group. Sustained effect of intensive treatment of type 1 diabetes<br />
mellitus on development and progression of diabetic nephropathy:<br />
the Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (EDIC)<br />
study. JAMA. 2003 Oct 22; 290 (16): 2159-67.<br />
6- Randomised placebo-controlled trial of lisinopril in normotensive<br />
patients with insulin-dependent diabetes and normoalbuminuria or<br />
microalbuminuria. The EUCLID Study Group. Lancet. 1997 Jun 21;<br />
349 (9068): 1787-92.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />
E-mail: priaquino@uol.com.br<br />
11
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TERAPIA FOTODINÂMICA<br />
COMO ADJUNTO AO TRATAMENTO PERIODONTAL DE<br />
PACIENTES COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />
Evaluation of the efficacy of photodynamic therapy as adjunct to periodontal treatment in patients<br />
with aggressive periodontitis<br />
Flavia Bomfim Garcia 1 , Alexandra Tavares Dias 2 , Eduardo Muniz Barreto Tinoco 3 , Ricardo Guimarães Fischer 4<br />
RESUMO<br />
A periodontite agressiva é um processo inflamatório<br />
de origem bacteriana mediado pelo sistema imunológico<br />
do hospedeiro e é provavelmente a forma mais grave de<br />
doença periodontal com destruição das estruturas de<br />
proteção e de suporte, em um período relativamente<br />
rápido, normalmente levando a perda prematura dos<br />
elementos dentários. O objetivo do presente ensaio clínico<br />
randomizado controlado foi avaliar o efeito clínico da terapia<br />
fotodinâmica como adjunto ao tratamento periodontal não<br />
cirúrgico no tratamento da periodontite agressiva. Foram<br />
selecionados dez pacientes com periodontite agressiva, os<br />
quais foram examinados no dia zero e após três meses.<br />
O desenho do estudo consistiu em um modelo de boca<br />
dividida, onde um hemiarco foi tratado com raspagem e<br />
alisamento radicular e terapia fotodinâmica (laser diodo<br />
+ azul de metileno 0,005%) e o outro apenas com<br />
raspagem e alisamento radicular. Três meses após o término<br />
do tratamento, os grupos terapêuticos apresentaram<br />
resultados semelhantes para todos os parâmetros clínicos<br />
avaliados: ambas as terapias tiveram sucesso, como<br />
redução de profundidade de bolsa, ganho de nível de<br />
inserção clínica relativo, redução de índice de placa visível,<br />
redução de sangramento à sondagem, diminuição de<br />
envolvimento de furca e diminuição de mobilidade, porém<br />
sem diferenças estatisticamente significantes entre elas.<br />
Assim, os resultados sugeriram que a terapia fotodinâmica<br />
adjuntamente ao tratamento periodontal não cirúrgico<br />
mecânico foi tão eficaz quanto o tratamento periodontal<br />
não cirúrgico mecânico sozinho.<br />
UNITERMOS: agentes fotossensibilizadores, terapia<br />
fotodinâmica, periodontite agressiva, laser. R Periodontia<br />
2011; 21:12-19.<br />
1<br />
Mestre em Periodontia UERJ<br />
2<br />
Mestranda em Clínica Odontológica UFF<br />
3<br />
Pós Doutor em Periodontia TEMPLE UNIVERSITY<br />
4<br />
Doutor em Periodontia LUND UNIVERSITY<br />
Recebimento: 03/12/10 - Correção: 25/01/11 - Aceite: 21/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
Com caráter inflamatório e infeccioso, as<br />
periodontites são caracterizadas pela destruição<br />
tecidual tanto dos tecidos de proteção quanto dos<br />
tecidos de suporte dos dentes. Essa destruição<br />
resulta da combinação de um hospedeiro suscetível<br />
com bactérias periodontopatogênicas presentes<br />
no biofilme. 1,2 A interação entre o hospedeiro<br />
suscetível e a microbiota local é controlada por<br />
inúmeros moduladores, além de fatores ambientais<br />
e comportamentais. 3<br />
Desde 1999 já é aceito que as doenças periodontais<br />
podem ser síndromes e ter etiologias distintas, porém<br />
com manifestações clínicas semelhantes 4,5 , fato esse<br />
estabelecido no sistema classificatório realizado pela<br />
American Academy of Periodontology nesse mesmo<br />
ano. 6<br />
A Periodontite Agressiva (PA) é provavelmente a<br />
forma mais grave de doença periodontal, apresentando<br />
destruição das estruturas tanto de proteção quanto<br />
de suporte dentário, em um período relativamente<br />
rápido, normalmente levando a perda prematura<br />
dos elementos dentários. Apresenta-se por perda de<br />
inserção e perda vertical de osso alveolar principalmente<br />
em torno dos incisivos e primeiros molares, podendo<br />
12
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
ocorrer também em outros elementos dentários, aparecendo<br />
normalmente na puberdade. 7 Caracteriza-se por afetar<br />
adolescentes e adultos jovens e a prevalência de PA na<br />
população geral é de 0,1-5,0%, com alguns estudos sugerindo<br />
uma agregação familial e geográfica 7. Assim, dependendo do<br />
grupo étnico e das condicões sócio-econômicas, a prevalência<br />
pode variar de 0,1 a 3,0%. 8 Já no Brasil, em um estudo<br />
realizado na região sul, verificou-se que a prevalência de PA<br />
é de 5,5% em indivíduos até 29 anos. 9<br />
O tratamento da periodontite, incluindo a PA, tem<br />
o objetivo de eliminar depósitos de bactérias e nichos<br />
bacterianos através da remoção mecânica de biofilme<br />
supragengival e subgengival. 10 Segundo Rosling et al. 11 , nos<br />
20% dos pacientes que apresentam alta susceptibilidade à<br />
doença, a PA parece progredir apesar da terapia periodontal.<br />
Para controlar a recolonização e evitar a recorrência da<br />
doença, o uso de antibióticos sistêmicos associados à terapia<br />
periodontal tem sido preconizado, pricipalmente em pacientes<br />
com PA. 12,13 No entanto, todas essas opções de tratamento<br />
nem sempre são eficazes de maneira previsível.<br />
Novas tecnologias e técnicas vêm sendo testadas e<br />
utilizadas no tratamento das periodontites, inclusive na<br />
periodontite agressiva. Desde o início da década de 90 a<br />
aplicação de fototerapia, vem sendo considerada como uma<br />
nova abordagem no tratamento periodontal. De maneira<br />
geral, o uso de Light Amplification by Stimulated Emission<br />
(laser) vem sendo proposto como uma nova modalidade<br />
técnica no tratamento de doenças periodontais 14,15,16 e a<br />
terapia fotodinâmica (PDT) vem se destacando como um novo<br />
método eficaz de descontaminação das bolsas periodontais,<br />
dentre as fototerapias. 17<br />
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a<br />
eficácia da terapia fotodinâmica como adjunto à raspagem<br />
e alisamento radicular no tratamento de pacientes com<br />
periodontite agressiva.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Vinte pacientes com periodontite agressiva, recrutados<br />
na Clínica de Especialização em Periodontia do Instituto de<br />
Odontologia da PUC-Rio, foram selecionados. Perda óssea<br />
angular em primeiros molares e incisivos, e outros dentes<br />
adjacentes, com profundidade de bolsa maior ou igual a 5<br />
mm e perda de inserção clínica maior ou igual a 2 mm foram<br />
as características analisadas para o diagnóstico de PA. Os<br />
pacientes que consentiram em participar do estudo assinaram<br />
um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado<br />
juntamente com o protocolo de pesquisa pelo Comitê de<br />
Ética do Hospital Pedro Ernesto, em 15 de outubro de 2008<br />
(2217 CEP/HUPE).<br />
Foram excluídos do estudo pacientes com<br />
comprometimento sistêmico que estivessem sob tratamento<br />
periodontal ou que tivessem sido submetidos ao tratamento<br />
periodontal nos últimos três meses antes do baseline;<br />
pacientes que tenham feito uso de antibioticoterapia nesse<br />
mesmo período e aqueles que consentiram em participar<br />
ou que não concordaram com os termos do protocolo de<br />
procedimentos do presente estudo.<br />
Após anamnese, médica e odontológica, foi realizada<br />
moldagem para confecção de um splint de silicone e instrução<br />
de higiene bucal. O exame periodontal foi realizado por<br />
uma única avaliadora devidamente calibrada até alcançar<br />
concordância intra-examinador ≥ 0,80 pelo índice ICC (Índice<br />
de Correlação Intraclasse) para as medidas contínuas de<br />
profundidade de bolsa à sondagem (PBS) e nível de inserção<br />
clínica relativo à sondagem (NICR). Os parâmetros clínicos<br />
periodontais foram avaliados em todos os dentes e incluíram:<br />
• medida de PBS, representada pela distância da margem<br />
gengival ao fundo da bolsa;<br />
• medida do NICR, representada pela margem do splint de<br />
silicone ao fundo da bolsa;<br />
• índice de sangramento à sondagem (SS); 18<br />
• índice de placa visível (IPV), 19 os dois últimos determinados<br />
de forma dicotômica;<br />
• envolvimento de furca; 20<br />
• grau de mobilidade. 21<br />
As medidas de PBS e NICR foram feitas em quatro sítios<br />
para cada dente (vestibular, lingual/palatino, mesial e distal) e<br />
o valor considerado foi o de maior profundidade à sondagem,<br />
por exemplo: sítio mésio-vestibular do elemento 36: é anotado<br />
que o maior valor foi por vestibular dessa área interproximal. As<br />
medidas de sangramento à sondagem e placa visível também<br />
foram realizadas em quatro sítios por dente. Uma sonda<br />
milimetrada calibrada (HU-FRIEDY de 15 mm) foi utilizada para<br />
as medidas de PBS e NICR, e uma sonda Nabers (NEUMAR)<br />
para avaliação de envolvimento de furca. Para a avaliação de<br />
mobilidade foram utilizados dois instrumentos rígidos para<br />
manter a precisão da medida. Exame radiográfico periapical<br />
completo inicial foi solicitado para ser realizado em uma<br />
única clínica radiológica previamente escolhida para critério<br />
de diagnóstico de periodontite agressiva. Os parâmetros<br />
clínicos foram registrados no exame inicial e aos três meses<br />
pós-terapia.<br />
Para tratamento periodontal foi utilizado um modelo<br />
de boca dividida onde os pacientes recrutados receberam<br />
de um lado raspagem e alisamento radicular, e de outro,<br />
raspagem e alisamento radicular associado à terapia<br />
fotodinâmica. O tratamento mecânico foi efetuado utilizando-<br />
13
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
se o aparelho ultrassônico Cavitron® (Dentisply, EUA) com<br />
pontas subgengivais, curetas Mcall 13-14, Gracey 11-12,<br />
Gracey 13-14 e limas de Hirschfield (HU- Friedy®, Chicago,<br />
EUA), sob anestesia local (Lidocaína 1:100.000® DFL, BR).<br />
A arcada tratada na consulta foi escolhida aleatoriamente<br />
através de cara ou coroa, e o hemiarco que recebeu a Terapia<br />
Fotodinâmica também foi determinado dessa forma, porém<br />
após a terapia mecânica ter sido realizada em ambos os<br />
hemiarcos para não gerar viés. No hemiarco que recebeu<br />
o tratamento mecânico e mais a terapia fotodinâmica, foi<br />
aplicado o corante fotossensibilizador no interior das bolsas<br />
periodontais (azul de metileno a 0,005%) com o auxílio de uma<br />
seringa descartável de três mililitros, cinco minutos antes da<br />
aplicação do laser diodo (TwinFlex®, MMOptics, São Paulo,<br />
BR). Essa aplicação do laser foi realizada de forma pontual<br />
por sítio, em todos os dentes do hemiarco, aplicando-se uma<br />
dose de 120 J/cm², por 120 segundos, com comprimento de<br />
onda de 660nm e potência de 40 mW.<br />
Após três meses, os pacientes eram submetidos à<br />
raspagem supragengival e nova instrução de higiene oral e<br />
a reavaliação periodontal era realizada seguindo os mesmos<br />
critérios anteriormente avaliados.<br />
Nessa rechamada após três meses, a metade dos<br />
pacientes recrutados foi perdida: 6 (seis) por abandono<br />
de tratamento e 4(quatro) por utilização de antibiótico<br />
por motivos diversos. Assim, o número de pacientes que<br />
finalizou o estudo dentro do prazo de três meses foi de 10<br />
(dez) pacientes, com média de idade de 39,3 anos e todos<br />
não fumantes.<br />
ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />
Todos os dados foram inseridos em planilha de Excel<br />
(Microsoft) e a entrada de dados e os testes estatísticos<br />
do estudo foram realizados utilizando-se o programa SPSS<br />
(Statistical Package for the Social Sciences).<br />
As médias de sítios com sangramento à sondagem e<br />
placa visível e as médias de profundidade de bolsa, nível de<br />
inserção clínica relativo, envolvimento de furca e mobilidade<br />
foram calculadas para cada hemiarco estudado nos dois<br />
tempos de avaliação do estudo. Os parâmetros clínicos de<br />
PBS e NICR ainda foram categorizados em: 1-4mm (rasos),<br />
5-6mm (médios) e ≥7mm (profundos); e os parâmetros de<br />
envolvimento de furca e mobilidade foram categorizados<br />
em:
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
Tabela 2<br />
Média de PBS e nível de inserção relativo no baseline e aos 3 meses<br />
Tratamento Baseline (±DP) 3 Meses (±DP) P<br />
PBS<br />
PDT/RAR 2,67 ± 0,78 2,16 ± 0,62 *<br />
RAR 2,41 ± 0,78 2,04 ± 0,67 *<br />
VALOR DE P NS NS<br />
NIR<br />
PDT/RAR 5,08 ± 1,43 4,84 ± 1,35 *<br />
RAR 4,98 ± 1,47 4,77 ± 1,42 *<br />
VALOR DE P NS NS<br />
desvio padrão (DP), profundidade de bolsa à sondagem (PBS), terapia fotodinâmica antimicrobiana (PDT), raspagem e alisamento radicular (RAR), não significante (NS), nível de inserção clínica<br />
relativo (NIR). Nota: significância de diferenças intergrupo (Wilcoxon Signed-Rank Test; teste não-paramétrico) e entre os grupos (Mann-Whitney U Test; teste não-paramétrico) *(p=7MM<br />
Período de observação<br />
Gráfico 1 - Comparação dos parâmetros clínicos categorizados (1-4mm, 5-6mm e ≥7mm) ao exame inicial e aos 3 meses do grupo PDT/RAR<br />
15
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
Comparação entre o número de sítios do grupo controle<br />
50<br />
Número de sítios<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
1-4MM<br />
5-6MM<br />
>=7MM<br />
0<br />
antes<br />
3 meses<br />
Período de observação<br />
Gráfico 2 - Comparação dos parâmetros clínicos categorizados (1-4mm, 5-6mm e ≥7mm) ao exame inicial e aos 3 meses do grupo RAR.<br />
Sítios com envolvimento de furca<br />
Número de sítios<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
ANTES<br />
=2<br />
CONTROLE TESTE CONTROLE TESTE<br />
Período de observação<br />
Gráfico 3 - Comparação entre o número de sítios com envolvimento de furca ao exame inicial e aos 3 meses nos grupos PDT/RAR (teste) e RAR (controle)<br />
Mobilidade<br />
Número de dentes com<br />
mobilidade<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
ANTES<br />
=2<br />
CONTROLE TESTE CONTROLE TESTE<br />
Período de observação<br />
Gráfico 4 - Comparação entre o número de dentes com mobilidade ao exame inicial e aos 3 meses nos grupos PDT/RAR (teste) e RAR (controle)<br />
16
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
DISCUSSÃO<br />
A periodontite agressiva é uma forma de periodontite<br />
onde, em alguns casos, não se consegue a resolução do<br />
tratamento através apenas de terapia mecânica. Tem havido<br />
um debate na literatura sobre o emprego de terapias adjuntas<br />
ao tratamento periodontal não cirúrgico convencional com o<br />
intuito de resolver esses casos onde esse tratamento pode não<br />
apresentar resultados satisfatórios. Eventualmente quando<br />
essa remoçao mecânica não é efetiva devido a complexidade<br />
anatômica das raízes-furcas e concavidades 22, 23,24 e também<br />
devido a invasão bacteriana aos tecidos adjacentes por<br />
Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Porphyromonas<br />
gingivalis 25 presentes na periodontite agressiva, a utilização<br />
de antissépticos e antibióticos é realizada. Para tentar<br />
solucionar essa questão, terapias adjuntas como a citada<br />
antibioticoterapia e o emprego de terapia PDT 26 vêm sendo<br />
realizados.<br />
No presente estudo os resultados mostraram que a terapia<br />
fotodinâmica não demonstrou nenhum efeito adicional à<br />
terapia básica convencional não cirúrgica (raspagem e<br />
alisamento radicular). Portanto, o que foi observado, é que<br />
não houve diferença significativa em qualquer parâmetro<br />
clínico avaliado com o uso adjunto da PDT.<br />
Essa ausência de efeito adicional da terapia fotodinâmica<br />
pode ser explicada por dois motivos: a amostra estudada<br />
foi limitada de modo que o reduzido número de pacientes<br />
estudado não permitiu a avaliação real da eficácia da técnica<br />
testada; ou simplesmente não há na realidade qualquer<br />
efeito adicional no uso da PDT. A terapia básica convencional<br />
não cirúrgica sozinha alcança o resultado desejado para o<br />
tratamento da periodontite agressiva.<br />
Devido ao número limitado de estudos in vivo relacionados,<br />
a aplicação da terapia fotodinâmica apresenta uma dificuldade<br />
na avaliação da eficácia da mesma.<br />
Em estudo realizado por Yilmaz et al. 27 foram observadas<br />
melhoras clínicas e microbiológicas significativas apenas<br />
nos grupos que receberam raspagem/alisamento radicular<br />
em conjunto com PDT e raspagem/alisamento radicular,<br />
respectivamente. Os resultados desse estudo se assemelham<br />
totalmente com o nosso presente estudo, onde também não<br />
encontramos diferenças de parâmetros clínicos entre o grupo<br />
tratado com raspagem/alisamento radicular mais PDT e o<br />
grupo tratado apenas com raspagem/alisamento radicular.<br />
Dois estudos clínicos controlados recentes avaliaram<br />
os efeitos clínicos a curto prazo (3 meses) da PDT adjunta<br />
à raspagem e alisamento radicular em pacientes com<br />
periodontite crônica. Andersen et al. 28 observaram que<br />
a combinação de raspagem/alisamento radicular mais<br />
PDT resultou em melhoras significativas nos parâmetros<br />
investigados, o que não ocorreu no grupo que foi submetido<br />
à raspagem/alisamento radicular apenas. Braun et al. 29<br />
avaliaram o efeito adjunto da PDT na periodontite crônica<br />
usando um desenho de boca dividida e encontraram como<br />
o uso adjunto de PDT uma mudança significantemente mais<br />
alta na média de nível de inserção relativo, profundidade de<br />
bolsa à sondagem e sangramento à sondagem nos sítios<br />
testados com PDT em comparação aos sítios tratados apenas<br />
com raspagem/alisamento radicular. Os resultados relatando<br />
uma melhora significativa nos parâmetros clínicos com o uso<br />
adjunto da PDT nesses estudos contrastam com os resultados<br />
encontrados neste estudo, talvez pela amostra menor que<br />
foi avaliada mas também pelo perfil das doenças que foram<br />
incluídas nas amostras, pois apesar da periodontite crônica<br />
e agressiva serem a mesma doença, elas se apresentam com<br />
características diferentes e implicações imunológicas distintas,<br />
onde a susceptibilidade do hospedeiro parece ser bem mais<br />
importante e acentuada nos portadores de periodontite<br />
agressiva.<br />
Já Chistodoulides et al. 30 avaliaram os efeitos clínicos<br />
e também microbiológicos do uso adicional da PDT ao<br />
tratamento periodontal não cirúrgico. Após 3 e 6 meses<br />
ambos os tratamentos resultaram em reduções significantes<br />
estatísticamente e clinicamente na média de profundidade<br />
de bolsa à sondagem e nível de inserção. No entanto,<br />
nenhuma diferença estatística ou clínica no nível de inserção<br />
ou profundidade de bolsa foi encontrada entre os dois grupos.<br />
Baseado nesse achados, eles concluíram que um único<br />
episódio de terapia fotodinâmica, como adjunta a raspagem<br />
e alisamento radicular falhou em uma melhora adicional<br />
em relação à profundidade de bolsa à sondagem e nível de<br />
inserção, porém resultou em uma redução significante nos<br />
níveis de sangramento. Esses resultados são similares aos<br />
encontrados neste estudo em relação à profundidade de<br />
bolsa e nível de inserção, mas diferentemente aos achados<br />
de sangramento citados pelos autores. No presente estudo<br />
não foi encontrada melhora no sangramento à sondagem, o<br />
que pode ser explicado pelo fato de alguns pacientes terem<br />
retornado após três meses com gengivite.<br />
Apenas um estudo antes deste avaliou a PDT em<br />
pacientes com periodontite agressiva 31 , onde, após três<br />
meses, ambas as terapias aplicadas obtiveram resultados<br />
clínicos semelhantes, como redução da profundidade de<br />
bolsa e ganho de nível de inserção, sugerindo um efeito clínico<br />
potencial da PDT como alternativa a raspagem/alisamento<br />
radicular. Em ambos os grupos, os efeitos benéficos foram<br />
mais pronunciados nas bolsas inicialmente rasas e moderadas.<br />
Neste estudo, foram encontradas diferenças entre o baseline<br />
17
R. Periodontia - 21(1):12-19<br />
e o final do estudo com relação à sangramento à sondagem e<br />
profundidade de bolsa à sondagem tanto no grupo controle<br />
nas bolsas rasas, moderadas e profundas (estratificações 1-4<br />
mm; 5-6 mm; e ≥7 mm) quanto no grupo teste nas bolsas<br />
rasas e profundas (estratificações 1-4 mm; e ≥7 mm). Ou<br />
seja, os dois tratamentos foram igualmente eficazes nestes<br />
parâmetros, embora sem diferenças entre si.<br />
No presente estudo, a terapia básica periodontal não<br />
cirúrgica convencional apresentou os mesmos resultados<br />
do que quando combinada com a terapia fotodinâmica,<br />
em pacientes com periodontite agressiva. Para confirmação<br />
desses resultados encontrados, novos estudos clínicos<br />
randomizados controlados com amostras mais significativas<br />
e com tempos maiores de observação são necessários.<br />
CONCLUSÃO<br />
No presente estudo tanto a terapia periodontal<br />
convencional quanto a associada a PDT apresentaram<br />
melhora dos parâmetros clínicos após três meses de<br />
tratamento. No entanto, não foram encontradas diferenças<br />
significativas entre os grupos teste e controle.<br />
Estudos com uma amostra maior e com maior tempo de<br />
acompanhamento devem ser realizados para se verificar o<br />
efeito da terapia fotodinâmica como adjunto do tratamento<br />
da periodontite agressiva.<br />
ABSTRACT<br />
Aggressive periodontitis is an inflammatory process of<br />
bacterial origin mediated by host immune response and is<br />
probably the most serious form of periodontal disease, with<br />
destruction of the structures of protection and support, with<br />
fast course, often leading to premature loss of the teeth. The<br />
aim of this randomized controlled trial was to investigate<br />
the clinical effect of photodynamic therapy as an adjunct to<br />
nonsurgical periodontal treatment in patients with aggressive<br />
periodontitis. We selected ten patients with aggressive<br />
periodontitis, which were examined in the baseline to three<br />
months. The study design consisted of a split mouth model,<br />
where a quadrant was treated with scaling and root planing<br />
and photodynamic therapy (diode laser) and the other only<br />
with scaling and root planing. Three months after the end of<br />
the treatment, the treatment groups showed similar results<br />
for all clinical parameters evaluated: both therapies have<br />
been successful and showed reduction of pocket depth,<br />
gain of relative attachment level, reduction of visible plaque<br />
index, reduction of bleeding on probing, decreased furcation<br />
involvement and decreased mobility, but without statistically<br />
significant differences between them. The results suggest that<br />
photodynamic therapy adjunct to non-surgical periodontal<br />
mechanic treatment was as effective as the non-surgical<br />
periodontal mechanic treatment alone.<br />
UNITERMS: photosensitizing agents, photodynamic<br />
therapy, aggressive periodontitis, laser.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Flavia Bomfim Garcia<br />
Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, 1350 - bloco 1 - apt 2008<br />
Barra da Tijuca<br />
CEP: 22620-311 – Rio de Janeiro – RJ<br />
E-mail: flaviabgarcia@hotmail.com<br />
19
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />
NÃO CIRÚRGICO SOBRE AS CÉLULAS BRANCAS E<br />
VERMELHAS DO SANGUE DE PACIENTES PORTADORES<br />
DE PERIODONTITE CRÔNICA GENERALIZADA<br />
The influence of non-surgical periodontal treatment on white and red blood cells of patients with<br />
chronic periodontitis<br />
Caroline Moura 1 , Gabriela G. de Moraes 2 , Marília da S. P. Bittencourt 3 , Marilisa L. F. Terezan 4<br />
RESUMO<br />
A periodontite crônica é capaz de gerar uma resposta<br />
inflamatória sistêmica subclínica e decorrentes alterações<br />
hematológicas vêm sendo estudadas nos últimos anos.<br />
O objetivo do nosso estudo foi desenvolver um plano<br />
piloto para uma futura investigação sobre a influência do<br />
tratamento periodontal não cirúrgico sobre as contagens<br />
totais de células brancas e vermelhas do sangue de pacientes<br />
portadores de periodontite crônica generalizada (PCG). Os<br />
pacientes foram encaminhados pela Clínica de Diagnóstico<br />
Bucal, tendo sido examinados e tratados periodontalmente<br />
na Clínica de Especialização em Periodontia da Faculdade<br />
de Odontologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro<br />
(UERJ). Participaram desse estudo 8 pacientes com PCG,<br />
fumantes e/ou não fumantes, 5 mulheres e 3 homens, com<br />
média de idade de 49,5 anos (±9,0) e de qualquer raça.<br />
Foram realizados exames periodontais clínicos antes e 30<br />
dias após o tratamento periodontal não cirúrgico, nestes<br />
mesmos períodos foram realizadas as coletas de sangue<br />
periférico para avaliação no Laboratório de Análises Clínicas<br />
do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Os resultados não<br />
demonstraram diferença significativa entre as contagens<br />
de células brancas e vermelhas, embora os parâmetros<br />
clínicos tenham apresentado melhora significativa (P <<br />
0,05), os níveis de hemoglobina e hematócrito tiveram uma<br />
tendência à redução (P= 0,09 e P= 0,07, respectivamente).<br />
Pode-se concluir que, nesse estudo piloto o tratamento<br />
periodontal não cirúrgico não exerceu influência sobre<br />
as células brancas e vermelhas do sangue nos pacientes<br />
portadores de PCG. No entanto, outros estudos são<br />
importantes para verificar essa questão.<br />
UNITERMOS: Periodontite crônica. Células brancas.<br />
Células vermelhas. R Periodontia 2011; 21:20-26.<br />
1<br />
Mestranda em Periodontia da UERJ<br />
2<br />
Mestranda em Periodontia da UFRJ<br />
3<br />
Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />
4<br />
Cordenadora e Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />
Recebimento: 03/12/10 - Correção: 27/01/11 - Aceite: 09/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
Doenças periodontais são um conjunto de<br />
patologias infecciosas que acometem os tecidos<br />
periodontais, podendo resultar na perda progressiva<br />
de inserção conjuntiva e osso alveolar. Suas formas<br />
mais comuns são a gengivite e as periodontites<br />
crônica (PC) e agressiva (PA). A PC é reconhecida como<br />
a forma mais comum de periodontite, sendo mais<br />
prevalente em adultos, podendo, no entanto, surgir<br />
em qualquer idade. É caracterizada pela formação de<br />
bolsas e/ou recessão gengival, sendo a quantidade<br />
de destruição compatível com a presença de fatores<br />
locais. Sua prevalência e severidade aumentam com<br />
a idade, pode afetar um número variável de dentes e<br />
apresentar diferentes taxas de progressão (1).<br />
O acúmulo de componentes antimicrobianos<br />
do biofilme dental é responsável pelo início da PC<br />
(2, 3, 4). Segundo Seymour e Heasman (5), o epitélio<br />
juncional constitui a via pela qual toxinas, antígenos<br />
e enzimas derivados deste biofilme, que se forma na<br />
superfície dental, podem penetrar e atingir o tecido<br />
conjuntivo subepitelial, iniciando um ciclo inflamatório<br />
e de injúrias teciduais. Bactérias periodontais ou<br />
seus produtos podem também invadir os tecidos<br />
periodontais (6, 7, 8) e ganhar acesso à circulação<br />
20
R. Periodontia - 21(1):20-26<br />
sistêmica. Esta bacteremia, que é gerada pela periodontite,<br />
está diretamente relacionada com a gravidade da inflamação<br />
dos tecidos periodontais (9). Estas observações indicam que<br />
pacientes portadores de periodontite podem ter uma reação<br />
inflamatória sistêmica subclínica (10).<br />
Já está bem documentado que a periodontite pode<br />
ser modificada por determinados fatores, como o fumo e o<br />
estresse, e supostamente por doenças sistêmicas, como certas<br />
disfunções neutrofílicas e o diabetes mellitus (11). Por outro<br />
lado, estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que a<br />
periodontite também está associada a um risco aumentado<br />
de doenças sistêmicas como alterações cardiovasculares,<br />
isquemia cerebral, ateroscleroses (9) e baixo peso de recémnascidos<br />
(9). Foi demonstrado ainda que pacientes com<br />
periodontite têm níveis elevados de glóbulos brancos, em<br />
particular neutrófilos polimorfonucleares (PMNs), e de proteína<br />
C Reativa (PCR) (12, 13, 14, 15, 16). Tradicionalmente, o<br />
número total de glóbulos brancos no sangue periférico tem<br />
sido usado como uma medida diagnóstica para investigar se<br />
uma determinada pessoa sofre de uma infecção ou doença<br />
inflamatória (16). Alguns pesquisadores relatam que o total<br />
de células brancas do sangue ou leucócitos é outro fator<br />
importante na previsão de risco de doença cardíaca isquêmica<br />
(17, 18), sugerindo assim uma possível inter-relação entre<br />
doença periodontal e alterações cardiovasculares.<br />
Em relação aos glóbulos vermelhos do sangue, ou<br />
eritrócitos, a literatura vem associando um estado de anemia a<br />
infecções, principalmente as crônicas. Anemia leve a moderada<br />
tem sido relatada como uma manifestação freqüente de artrite<br />
reumatóide (19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26). De fato, em várias<br />
outras doenças crônicas, tais como doenças parasitárias,<br />
bacterianas e fúngicas e doenças neoplásicas, a anemia tem<br />
sido observada (22, 27, 28, 29, 30) e, conseqüentemente,<br />
foi atribuído a ela o termo de anemia de doença crônica<br />
(ACD) (22). Esta chamada anemia de doença crônica (ACD) é<br />
definida como a anemia que ocorre em infecções e condições<br />
inflamatórias crônicas, que não é devido a deficiências da<br />
medula ou outras doenças, bem como a presença de uma<br />
adequada reserva de ferro e vitaminas (22, 23, 30). É um<br />
reflexo de um sistema imune ativado e possivelmente resulta<br />
de uma inovadora estratégia de defesa do organismo no<br />
sentido de retirar o fator de crescimento de ferro essencial de<br />
patógenos invasores e de aumentar a eficácia da imunidade<br />
mediada por células (31). Embora a anemia não tenha<br />
sido identificada na literatura como uma conseqüência<br />
sistêmica da periodontite, os primeiros relatos (32, 33, 34,<br />
35) identificaram a anemia associada a periodontite como<br />
uma das causas desta infecção, em vez de considerar essa<br />
condição como uma consequência.<br />
Por milhares de anos o sangue tem sido considerado<br />
como o fluido corporal capaz de indicar processos de doença.<br />
Nas últimas décadas, tem havido um interesse crescente em<br />
saber se a periodontite pode provocar mudanças celulares e<br />
moleculares sobre componentes do sangue periférico. Sendo<br />
assim, o objetivo deste estudo é desenvolver um plano piloto<br />
para uma futura investigação sobre a influência do tratamento<br />
periodontal não cirúrgico sobre as contagens totais de células<br />
brancas e vermelhas do sangue de pacientes portadores de<br />
periodontite crônica generalizada.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Seleção de pacientes<br />
Foram selecionados 8 (oito) pacientes portadores de<br />
periodontite crônica generalizada, 5 mulheres e 3 homens<br />
(média de idade de 49,5 anos, ± 9,0), classificados de acordo<br />
com a Academia Americana de Periodontia (AAP) em 1999.<br />
Os pacientes selecionados foram encaminhados da Clínica<br />
de Diagnóstico Bucal para Clínica de Especialização em<br />
Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para tratamento periodontal.<br />
Nenhum deles relatou doença sistêmica e não haviam<br />
utilizado antibióticos ou qualquer outro tipo de medicação,<br />
que pudesse ter efeito adverso direto sobre o periodonto,<br />
nos seis meses anteriores ao início do estudo. As pacientes<br />
que participaram do estudo não estavam grávidas ou eram<br />
lactentes. Todos possuíam no mínimo 18 dentes e pelo menos<br />
32 sítios com perda de inserção igual ou superior a 4 mm,<br />
evidência radiográfica de perda óssea vertical e horizontal<br />
nesses sítios e sinais de inflamação clínica generalizada. Todos<br />
relataram, ainda, não terem sido submetidos a tratamento<br />
periodontal prévio nos últimos 6 meses. O objetivo do estudo<br />
foi explicado, e um termo de consentimento foi assinado por<br />
todos. O protocolo deste estudo foi aprovado pelo Comitê<br />
de Ética e Pesquisa do Hospital Pedro Ernesto (2408-CEP/<br />
HUPE – CAAE: 0143.0228.000.09).<br />
Parâmetros clínicos utilizados<br />
Os exames clínicos incluíram: (1) Índice de Placa (IP) de<br />
Silness e Löe (36); (2) Índice Gengival (IG) de Löe (37); (3) Medida<br />
de Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS), caracterizada<br />
pela distância da margem gengival até o fundo da bolsa ou<br />
sulco; (4) Medida do Nível de Inserção Clínico à Sondagem<br />
(NIC), caracterizada pela distância da junção amelocementária<br />
até o fundo da bolsa ou sulco. Foram ainda registrados e<br />
classificados, segundo Hamp, Nyman e Lindhe (38), todos<br />
os sítios com envolvimento de furca. O exame periodontal<br />
foi realizado por um único examinador. Todas as medidas de<br />
21
R. Periodontia - 21(1):20-26<br />
PBS e NI foram determinadas com o mesmo tipo de sonda<br />
periodontal, manual, Williams (15mm com intervalos de 1mm)<br />
da marca Hu-Friedy®. Tais medidas foram realizadas em seis<br />
pontos (mesiovestibular, bucal, distovestibular, mesiolingual/<br />
palatino, lingual/palatino e distolingual/palatino) de todos<br />
os dentes presentes. Todos os pacientes foram submetidos<br />
a exame radiográfico periapical completo.<br />
Dados relativos à coleta de sangue<br />
Previamente ao tratamento periodontal e trinta dias após<br />
o mesmo (reavaliação), os pacientes foram encaminhados ao<br />
Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Pedro<br />
Ernesto e submetidos à coleta de 10ml de sangue periférico,<br />
depositado em tubo Vacutainer contendo EDTA, através de<br />
punção venosa.<br />
foram registrados. Raspagem supragengival, polimento<br />
coronário e reforço das medidas de higiene oral foram<br />
executados, quando necessário.<br />
Análises laboratoriais<br />
As células e índices da série vermelha, da série branca e as<br />
plaquetas foram determinados através de contagem eletrônica<br />
(HST Sysmex). A velocidade de hemossedimentação (VHS) foi<br />
obtida através de microfotometria capilar automatizada.<br />
Análises estatísticas<br />
Teste não paramétrico pareado foi utilizado. O teste<br />
T de Fischer foi usado para comparar valores obtidos nos<br />
diferentes exames clínicos (inicial e após trinta dias). O nível<br />
de significância foi determinado em 5% (p < 0,05).<br />
Tratamento periodontal<br />
Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />
periodontal não-cirúrgico que consistiu de instrução<br />
de higiene bucal e controle de placa dental, raspagem<br />
supragengival, polimento coronário, raspagem subgengival e<br />
alisamento radicular. A raspagem supragengival foi realizada<br />
através de instrumentos manuais (curetas do tipo McCall Hu-<br />
Friedy®) e ultra-sônicos (Cavitron, Dentsply®), enquanto a<br />
raspagem subgengival e o alisamento radicular foram feitos<br />
somente através de instrumentos manuais (curetas do tipo<br />
Gracey Hu-Friedy®, e limas de Hirschfeld, Hu-Friedy®). A<br />
afiação do instrumental era feita previamente às raspagens<br />
e durante o procedimento, sempre que necessário. Todo o<br />
tratamento foi realizado por um único operador.<br />
Reavaliações clínicas<br />
Consulta para reavaliação foi feita trinta dias após o<br />
término do tratamento. Novas medidas de PBS e NIC foram<br />
realizadas. Os índices de placa (IP) e gengival (IG) também<br />
Tabela 1<br />
Comparação dos valores médios (± desvio padrão) para número de dentes e sítios, índice de placa (IP), índice gengival (IG), porcentagem de sítios<br />
com profundidade de bolsa à sondagem (PBS) e nível de inserção clínico (NIC); iniciais e pós-tratamento (30 dias) (n=8)<br />
Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />
Nº de dentes 24,9 (±4,7) 24 (± 5,3) 0,3<br />
Nº de sítios 149,2 (±28,2) 144 (±31,9) 0,3<br />
% de sítios com IP≥2 63,2 (±16,5) 31,5 (±22,5) 0,003<br />
% de sítios com IG≥2 45,9 (±21,5) 25,5 (±12,0) 0,01<br />
% de sítios com PBS entre 1-3 mm 53,0 (±17,0) 74,9 (±17,2) 0,01<br />
% de sítios com PBS entre 4-6 mm 40,4 (±13,8) 22,1 (±15,1) 0,01<br />
% de sítios com PBS≥7 mm 6,9 (±7,7) 3,0 (±2,7) 0,09<br />
% de sítios com NIC entre 4-6 mm 44,0 (±12,1) 32,4 (±19,8) 0,08<br />
% de sítios com NIC≥7 mm 11,1 (±9,6) 6,5 (±5,9) 0,1<br />
22<br />
RESULTADOS PRELIMINARES<br />
A maioria dos parâmetros clínicos sofreu alterações<br />
significativas, conforme tabela 1. O número de dentes e o<br />
número de sítios não sofreram alterações (P= 0,3 em ambos<br />
parâmetros). A porcentagem de sítios com índices de placa (IP)<br />
e gengival (IG) maior ou igual a 2 diminuiu significativamente<br />
(P= 0,003, P= 0,01; respectivamente); assim como a<br />
porcentagem de sítios com profundidade de bolsa à<br />
sondagem (PBS) entre 4 e 6mm (P= 0,01). Já a porcentagem<br />
de sítios com profundidade de bolsa à sondagem (PBS) entre<br />
1 e 3mm aumentou (P= 0,01). A porcentagem de sítios com<br />
profundidade de bolsa à sondagem (PBS) maior ou igual a<br />
7mm e de sítios com nível de inserção clínico (NIC) entre 4 e<br />
6mm diminuíram, porém não significativamente (P= 0,09 e<br />
P= 0,08, respectivamente). A porcentagem de sítios com nível<br />
de inserção clínico (NIC) maior ou igual a 7mm não sofreu<br />
alteração (P= 0,1). Estes resultados estão demonstrados na<br />
tabela 1.
R. Periodontia - 21(1):20-26<br />
Tabela 2<br />
Comparação dos valores médios (± desvio padrão) para dados hematológicos iniciais e pós-tratamento (30 dias) (n=8)<br />
Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />
Leucócitos totais (10³/µL) 8,2 (±1,8) 7,7 (±1,5) 0,3<br />
Hemácias (10 6 /µL) 4,7 (±0,2) 4,6 (±0,1) 0,2<br />
Hemoglobina (g/dl) 13,9 (±0,6) 13,6 (±0,1) 0,09<br />
Hematócrito (%) 41,9 (±2,2) 40,6 (±0,7) 0,07<br />
VCM (fL) 89,2 (±2,7) 87,6 (±2,9) 0,1<br />
HCM (pg) 29,5 (±1,0) 29,5 (±1,6) 0,5<br />
CHCM (g/dl) 33,1 (±0,8) 31,0 (±7,5) 0,1<br />
Plaquetas (10³/µL) 254,8 (±49,1) 263,5 (±37,7) 0,3<br />
Linfócitos (%) 31,3 (±7,0) 32,8 (±4,3) 0,3<br />
Monócitos (%) 7,7 (±2,6) 6,8 (±2,5) 0,2<br />
Eosinófilos (%) 3,9 (±5,7) 3,8 (±4,1) 0,4<br />
Basófilos (%) 0,2 (±0,1) 0,2 (±0,1) 0,3<br />
Em relação aos resultados laboratoriais, não houve<br />
diferença entre as contagens de células brancas e vermelhas,<br />
assim como entre os demais parâmetros laboratoriais. Apesar<br />
disso, níveis de hemoglobina e hematócrito sofreram uma<br />
tendência à redução (P≤0,09), conforme tabela 2.<br />
DISCUSSÃO<br />
Acreditando que a periodontite pode gerar uma resposta<br />
inflamatória sistêmica subclínica, alguns autores vêm<br />
analisando a influência do tratamento periodontal sobre a<br />
contagem de células brancas e/ou vermelhas de pacientes<br />
portadores de periodontite. Em 2004, Bittencourt et al. (39)<br />
encontraram, após tratamento periodontal não cirúrgico,<br />
redução de hemoglobina e tendência à redução de hemácia<br />
e hematócrito. Apesar disso, não encontraram nenhuma<br />
influência do tratamento periodontal não cirúrgico sobre a<br />
contagem de células brancas, assim como Christigau et al.<br />
(40) e Worch et al. (41). Em contrapartida, Fokkema et al. (42),<br />
após exodontia de elementos dentários que não responderam<br />
a tratamento periodontal não cirúrgico, observaram que<br />
a contagem de células brancas do sangue periférico e de<br />
neutrófilos sofreram diminuição ao longo do tempo. Já o<br />
atual estudo mostrou que o tratamento periodontal não<br />
cirúrgico não exerceu nenhuma influência significativa sobre<br />
as células brancas e vermelhas do sangue de pacientes<br />
portadores de periodontite crônica generalizada, porém níveis<br />
de hemoglobina e hematócrito sofreram uma tendência à<br />
redução (P= 0,09 e P= 0,07; respectivamente).<br />
Estudos têm analisado variáveis hematológicas em<br />
pacientes com periodontite sendo seus resultados ainda<br />
contraditórios (10, 12, 16, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48,<br />
49, 50, 51, 52, 53, 54). Em 1993, Kweider et al. (12) relataram<br />
números mais elevados de leucócitos na periodontite. Outros<br />
encontraram níveis ligeiramente elevados de leucócitos,<br />
mesmo que não significativos (16, 41, 44, 45, 48, 50, 53). Em<br />
contrapartida, Gustafssom e Asman (43) não encontraram<br />
diferença significante entre os 14 pacientes com periodontite<br />
e os 14 pacientes saudáveis avaliados, apesar de sugerirem a<br />
presença de neutrófilos específicos na periodontite crônica.<br />
Os níveis de células brancas também têm sido investigados<br />
como indicadores da relação entre a doença periodontal e a<br />
doença arterial coronariana (12, 16, 45, 48, 50, 52, 53, 54).<br />
Apesar de Geerts et al. (55) não terem analisado a contagem<br />
de células brancas, eles avaliaram a presença e severidade da<br />
periodontite e sua correlação com doença arterial coronariana<br />
observando que a periodontite era significativamente mais<br />
freqüente em pacientes com doença sistêmica do que nos<br />
controles.<br />
Além disso, alguns autores têm analisado a contagem<br />
de glóbulos brancos como fator de risco para periodontite.<br />
Em 1999, Fredrikssom et al. ( 45) realizaram um estudo<br />
para observar a contagem de células brancas em pacientes<br />
portadores de periodontite, procurando diferenças entre<br />
pacientes fumantes e não fumantes. Encontraram uma forte<br />
influência do tabagismo, evidenciada pelo maior aumento<br />
sofrido entre os pacientes fumantes. Em 2002, Christian et al.<br />
(46) também realizaram um estudo para avaliar a influência<br />
do tratamento periodontal não cirúrgico sobre a contagem<br />
de células brancas de pacientes fumantes e não fumantes.<br />
Observaram significativa redução de células brancas e<br />
neutrófilos dos pacientes não fumantes quando comparados<br />
23
R. Periodontia - 21(1):20-26<br />
aos fumantes. Fritsche et al.(56), em 2004, realizaram<br />
um estudo para avaliar a associação entre um marcador<br />
inflamatório não específico, como a contagem de glóbulos<br />
brancos e fatores relevantes para a patogênese da diabetes<br />
tipo 2. Concluíram que o aumento do número de leucócitos<br />
estava associado à deteriorização da tolerância à glicose.<br />
Em 2007, Ishizaka et al. (49) realizaram um estudo com o<br />
objetivo de investigar a associação entre tabagismo, número<br />
de leucócitos (WBC) e síndrome metabólica em pacientes<br />
japoneses. Concluíram que o risco para síndrome metabólica<br />
pode ser estimado pelo número de leucócitos no homem<br />
japonês, independentemente da sua condição de fumante,<br />
apesar do tabagismo aumentar o número de leucócitos<br />
circulantes. Já Zaromb et al. (57) apresentaram um caso<br />
clínico onde foi descoberto que o paciente era portador de<br />
neutropenia crônica benigna a partir da manifestação clínica<br />
de periodontitite, relatando a importância de diagnosticar a<br />
doença periodontal como um possível indicador de doença<br />
sistêmica subjacente.<br />
Em relação a contagem de células vermelhas poucos<br />
estudos analisam essa variável. A anemia de doença<br />
crônica não tem sido identificada na literatura como uma<br />
conseqüência sistêmica de periodontite. Apesar disso, Hutter<br />
et al. (10) encontraram menor número de hemácias e baixos<br />
níveis de hemoglobina, não relacionados a deficiências de ferro<br />
e vitaminas, fornecendo evidências de que a periodontite tem<br />
efeitos sistêmicos e é capaz de causar anemia. Já Worch et al.<br />
(41) encontraram em pacientes portadores de periodontite<br />
crônica, no pré e pós-tratamento, níveis de distribuição ampla<br />
de glóbulos vermelhos (RDW); e, segundo os autores, RDWs<br />
elevadas são significativas para certas formas de anemia.<br />
Além disso, Erdemir et al. (51) concluíram que o tabagismo<br />
pode influenciar os sinais de anemia de doença crônica em<br />
pacientes com periodontite crônica.<br />
Diferentes materiais e métodos justificam em parte as<br />
contradições dos resultados relatados. Mesmo assim, a<br />
maioria dos estudos sugere que a periodontite pode ser capaz<br />
de gerar anemia de doença crônica, resposta inflamatória<br />
sistêmica subclínica e alterações hematológicas, capazes<br />
de influenciar na severidade de doenças como as doenças<br />
coronarianas.<br />
ABSTRACT<br />
Chronic Periodontitis is capable of generating an<br />
inflammatory response and necessitated subclinical<br />
hematological have been studied in recent years. The aim of<br />
our study was to develop a master plan for future research<br />
on the influence of non-surgical periodontal treatment on<br />
the total counts of white and red blood cells of patients with<br />
generalized chronic periodontitis (GCP). The patients were<br />
referred by the Oral Diagnosis Clinic and was examined in<br />
periodontally and treated Clinical Specialist in Periodontics,<br />
Faculty of Dentistry, State University of Rio de Janeiro (UERJ).<br />
8 pacients with PCG participated in this study, smokers<br />
/ nonsmokers, 5 women and 3 men, mean age of 49.5<br />
years (±9.0) and indifferent to race. Clinical periodontal<br />
examinations were performed before and 30 days after<br />
non-surgical periodontal treatment, these same periods were<br />
performed peripheral blood samples for evaluation in the<br />
Clinical Laboratory of University Hospital Pedro Ernesto. The<br />
results showed no significant difference between the white<br />
and red cell, although the clinical parameters have shown<br />
significant improvement (P
R. Periodontia - 21(1):20-26<br />
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Endereço para correspondência;<br />
Caroline Moura<br />
E-mail: carolinedemouramartins@yahoo.com.br<br />
26
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
influência do tratamento pERIODONTAL NÃO<br />
CIRÚRGICO sobre parâmetros hematológicos e<br />
bioquímicos de pacientes renais crônicos em prédiálise<br />
Influence of non-surgical periodontal treatment on hematological and biochemical<br />
parameters of patients with chronic renal failure in pre-dialysis<br />
Aline de Almeida Carvalho 1 , Patrícia Pereira Farsura 1 , Marcos Gomes Bastos 2 , Eduardo Machado Vilela 3<br />
RESUMO<br />
Objetivo: Avaliar e correlacionar o efeito do tratamento<br />
não cirúrgico da periodontite crônica sobre parâmetros<br />
hematológicos e bioquímicos em pacientes portadores de<br />
doença renal crônica. Métodos: 56 pacientes (36 casos<br />
e 20 controles) foram submetidos previamente ao exame<br />
clínico periodontal e à coleta de 10 mL de sangue periférico,<br />
por meio dos quais foram avaliados hemograma completo<br />
e marcadores de ferro. Os parâmetros clínicos periodontais<br />
utilizados foram nível de inserção clínica; profundidade de<br />
sondagem; sangramento à sondagem e profundidade<br />
de bolsa à sondagem >4 mm. Resultados: Após 90 dias<br />
da conclusão do tratamento, foi realizada reavaliação<br />
e constatada melhora estatisticamente significativa de<br />
todos os parâmetros clínicos. A hemoglobina aumentou<br />
significativamente (p=0,03) nos pacientes controles e houve<br />
tendência ao aumento no número de hemácias (p=0,05).<br />
Houve diminuição significativa no número de leucócitos<br />
global (p=0,004). Quanto aos marcadores de ferro, pacientes<br />
controles apresentaram redução significativa (p=0,03) no<br />
índice de saturação de transferrina e aumento nos níveis de<br />
ferritina (p=0,03). Pacientes experimentais não apresentaram<br />
alterações significativas em seus parâmetros hematológicos e<br />
bioquímicos, apesar da tendência ao aumento no número de<br />
hemácias (p=0,07). Conclusão: O tratamento não cirúrgico<br />
da periodontite crônica foi efetivo, e após o mesmo, pacientes<br />
do grupo controle apresentaram aumento significativo nos<br />
níveis de hemoglobina, diminuição no número de leucócitos<br />
global e tendência ao aumento no número de hemácias.<br />
Pacientes com doença renal crônica apresentaram uma<br />
tendência ao aumento no número de hemácias.<br />
UNITERMOS: periodontite crônica, insuficiência renal<br />
crônica, hemograma completo. R Periodontia 2011; 21:27-33.<br />
1<br />
Graduandas em Odontologia da FOUFJF<br />
2<br />
Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Extensão em Nefrologia – NIEPEN da Faculdade de<br />
Medicina e Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora; Coordenador do Programa<br />
de Pós-Graduação em Saúde (Mestrado e Doutorado) da UFJF; Professor Adjunto IV da FMUFJF<br />
3<br />
Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – UF/Pelotas, Professor Adjunto IV da<br />
FOUFJF<br />
Recebimento: 08/11/10 - Correção: 21/12/11 - Aceite: 18/01/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
A doença renal crônica (DRC) é considerada<br />
um problema de saúde pública mundial. No Brasil,<br />
a incidência e a prevalência de falência funcional<br />
renal estão aumentando. O prognóstico ainda é<br />
considerado ruim e os custos do tratamento são<br />
altíssimos. O número projetado para pacientes<br />
brasileiros em tratamento dialítico e com transplante<br />
renal está próximo dos 120.000 a um custo de 1,4<br />
bilhões de reais (Bastos et al., 2010).<br />
As implicações clínicas da DRC incluem uma<br />
deficiente produção de eritropoetina, hormônio<br />
produzido pelos rins que participa da eritropoiese, e<br />
um acúmulo no sangue de substâncias que devem<br />
ser filtradas e excretadas pelos rins, caracterizando<br />
a uremia (Romão Júnior, 1995; Souza et al., 2005;<br />
Abensur et al., 2006). A anemia relacionada à DRC<br />
é do tipo normocrômica e normocítica, sendo suas<br />
causas mais importantes a produção diminuída de<br />
hemácias secundárias a um déficit de produção renal<br />
de eritropoetina e a carência de ferro (Romão Júnior,<br />
1995; Mafra, Cozzolino, 2000). Como esta anemia<br />
parece acelerar o declínio da função renal, sua correção<br />
pode interferir de forma favorável na evolução da DRC<br />
(Abensur et al., 2006). A evolução da DRC depende<br />
da qualidade do atendimento ofertado antes da<br />
27
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
ocorrência da falência funcional renal, de medidas que<br />
retardem a progressão da doença, bem como da correção de<br />
suas complicações e comorbidades mais frequentes (Bastos<br />
et al., 2004).<br />
A periodontite crônica é uma doença infecciosa que<br />
causa uma inflamação dos tecidos de suporte do dente.<br />
A placa bacteriana é a responsável pelo surgimento e<br />
pela manutenção da doença, mas mecanismos de defesa<br />
do hospedeiro são reconhecidos por desempenhar um<br />
importante papel na sua patogênese (Kornman, 2008). A<br />
periodontite contribui para a carga inflamatória sistêmica,<br />
incluindo elevação da proteína C-Reativa. A ação de citocinas<br />
pró-inflamatórias da DRC e da periodontite crônica contribui<br />
para uma menor produção renal de eritropoetina e também<br />
interfere na disponibilidade de ferro para eritropoiese (Klassen,<br />
Krasko, 2002; Bastos et al., 2004).<br />
De acordo com Craig (2008) a presença de periodontite<br />
não diagnosticada pode ter efeitos significativos sobre a<br />
gestão clínica dos pacientes renais crônicos e pode ser um<br />
fator tratável de inflamação sistêmica na população de<br />
doentes renais crônicos. Alguns estudos demonstraram que<br />
pacientes em diálise têm saúde bucal precária, apresentam<br />
grande acúmulo de placa bacteriana e elevada formação de<br />
cálculo dentário, necessitando de tratamento periodontal<br />
específico (Klassen, Krasko, 2002; Dias et al., 2007). Estes<br />
achados devem alertar os profissionais da área de saúde<br />
para uma maior assistência odontológica para doentes renais<br />
crônicos.<br />
O tratamento não cirúrgico da periodontite crônica<br />
poderia exercer influência nos parâmetros hematológicos<br />
e bioquímicos de pacientes renais crônicos, uma vez que<br />
elimina ou reduz um foco potencial de infecção e inflamação.<br />
Entretanto, poucos estudos avaliaram o efeito do tratamento<br />
periodontal sobre o perfil bioquímico sanguíneo de pacientes<br />
renais crônicos e apresentaram resultados diversos (Ide et<br />
al., 2003; Bittencourt et al., 2004). Assim, o presente estudo<br />
centrou-se em avaliar e comparar o efeito do tratamento<br />
não cirúrgico da periodontite crônica sobre parâmetros<br />
hematológicos e bioquímicos em pacientes portadores de<br />
doença renal crônica e controles saudáveis.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Estratégia amostral<br />
Conforme determina a Resolução n°. 196/96 do<br />
Conselho Nacional de Saúde, este estudo foi aprovado<br />
pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Universidade<br />
Federal de Juiz de Fora, sob o nº. 327/2006. Todos os<br />
pacientes receberam informações a respeito da pesquisa,<br />
seus objetivos, importância, benefícios e assinaram o Termo<br />
de Consentimento Livre e Esclarecido. A adesão ao estudo<br />
foi espontânea, não se promovendo obrigatoriedade ou<br />
constrangimento ao paciente.<br />
A amostra do estudo foi composta de 56 pacientes,<br />
sendo 20 do grupo controle (sem problemas renais) e 36 do<br />
grupo caso (pacientes portadores de DRC, nos estágios prédialítico<br />
III, IV e V). Os pacientes com DRC foram selecionados<br />
na Clínica de Nefrologia da Fundação IMEPEN, classificados<br />
de acordo com a tabela para cálculo estimado do ritmo de<br />
filtração glomerular, proposto por Bastos & Bastos (2005).<br />
Exame clínico<br />
Em um primeiro contato com os pacientes foram realizados<br />
exames clínicos geral e periodontal. No exame clínico geral<br />
foi realizada minuciosa anamnese, contendo registro de<br />
história da doença atual, presença de comorbidades, história<br />
e antecedentes familiares, tratamento medicamentoso<br />
atual e anterior, bem como história de hábitos nocivos entre<br />
outros. Realizou-se exame físico (profissional capacitado da<br />
área médica) para avaliação de pressão arterial, frequências<br />
cardíaca e respiratória, altura, cintura abdominal, cintura de<br />
quadril e presença de linfonodos cervicais.<br />
No exame clínico periodontal, foi observada história<br />
dental completa e realização de odontograma por um<br />
único examinador, previamente calibrado, utilizando-se<br />
instrumentos manuais, como sonda periodontal milimetrada<br />
tipo Williams (Hu Friedy ® ) e espelho bucal anteriormente<br />
esterilizados, obtendo-se desta forma, o diagnóstico dos<br />
pacientes como portadores ou não de periodontite crônica,<br />
segundo os preceitos de Machtei et al. (1992).<br />
No exame periodontal foi feita sondagem de 6 sítios<br />
em cada dente nas faces mesiovestibular (MV), mesial (M),<br />
mesiolingual (ML), distovestibular (DV), distal (D) e distolingual<br />
(DL) utilizando-se sonda periodontal milimetrada tipo Williams<br />
e os parâmetros clínicos foram: 1) profundidade de sondagem<br />
(PS), caracterizada pela distância da margem gengival até o<br />
fundo da bolsa ou sulco; 2) sangramento à sondagem (SS),<br />
determinado pela presença ou ausência de sangramento<br />
observado, durante 30 segundos, após a primeira inserção<br />
da sonda na bolsa periodontal; 3) nível de inserção clínica<br />
(NIC), caracterizada pela distância da junção amelocementária<br />
até o fundo da bolsa ou sulco; 4) Profundidade de bolsa à<br />
sondagem (PBS) > 4 mm, caracterizada pela distância da<br />
margem gengival até o fundo da bolsa ou sulco com valores<br />
> 4 mm.<br />
Foram utilizados como critérios de diagnóstico da<br />
periodontite crônica, os propostos por Machtei et al. (1992):<br />
pacientes com idade entre 30 a 65 anos, com no mínimo<br />
28
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
20 dentes remanescentes, apresentando 2 ou mais dentes<br />
com nível de inserção clínica ≥ 6 mm e um ou mais sítios<br />
com profundidade de sondagem ≥ 5 mm. Como critérios de<br />
exclusão foram utilizados os propostos por Ide et al. (2003):<br />
pacientes que tenham recebido tratamento periodontal no<br />
início do estudo; referência ao uso de tabaco nos últimos<br />
5 anos; uso de antibioticoterapia e de medicação antiinflamatória<br />
esteróide ou não esteróide nos últimos 6 meses<br />
antecessores ao estudo e durante o mesmo e pacientes em<br />
reposição de ferro para tratamento da anemia.<br />
Avaliação de parâmetros hematológicos<br />
Previamente ao tratamento periodontal e 90 dias após<br />
o mesmo (reavaliação), os pacientes foram submetidos à<br />
coleta de 10 mL de sangue periférico, com punção venosa<br />
realizada em condições padronizadas (todos os exames foram<br />
realizados no mesmo laboratório), após um jejum mínimo de<br />
12 horas, pelo mesmo técnico de enfermagem, em posição<br />
sentada e em cadeira apropriada. O plasma/soro foi obtido por<br />
centrifugação por 15 minutos a 2000 rpm até 1 hora após a<br />
coleta. As amostras foram estocadas a -70°C até a realização<br />
da análise padronizada. Foram avaliados marcadores da<br />
anemia como ferro sérico, ferritina, índice de saturação de<br />
transferrina e hemograma completo.<br />
A técnica utilizada para avaliação do ferro sérico foi a<br />
Ferrozine, com valores expressos em mcg/dL, com sensibilidade<br />
de 1,25 e linearidade de 1000.00. O nível de ferritina foi<br />
avaliado pela técnica de Electroquimioluminescência, com<br />
sensibilidade de 0,5 ng/mL, linearidade de 2000.00 ng/dL e<br />
coeficiente de variação biológica de 14,9%. Para avaliação<br />
do índice de saturação de transferrina utilizou-se o LABTEST<br />
ferrozina, com variação de 20 a 50%.<br />
O material utilizado para obtenção do hemograma<br />
completo foi o sangue total com EDTA, cuja técnica utilizada<br />
foi Automatizada Coulter STKS, com revisão de lâmina.<br />
Tratamento periodontal não-cirúrgico<br />
Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />
periodontal não cirúrgico que consistiu de instrução de<br />
higiene oral (utilização de escova dental pela técnica de<br />
Bass modificada, fio dental e outros meios complementares)<br />
e controle de placa, raspagem supragengival, polimento<br />
coronário, raspagem subgengival e alisamento radicular.<br />
As raspagens supragengival, subgengival e aplainamento<br />
radicular foram realizadas sob anestesia local, utilizandose<br />
ultrassom e instrumentos manuais como as curetas de<br />
Gracey e mini-Gracey da coleção principal (5-6, 7-8, 11-12 e<br />
13-14), profilaxia com taça de borracha e pasta profilática de<br />
granulação fina. Esta terapia foi realizada em 2 sessões no<br />
intervalo de 7 dias, sem limite de tempo, de acordo com a<br />
necessidade individual de cada paciente.<br />
As áreas instrumentadas foram reavaliadas após 2<br />
semanas e sofreram reinstrumentação em caso de persistência<br />
de cálculo e sangramento. Após 30 e 60 dias foram realizadas<br />
a manutenção do tratamento, com controle de placa supra<br />
e subgengival de todos os pacientes, profilaxia profissional e<br />
reforço das instruções de higiene oral. Ao final do tratamento,<br />
90 dias após, foi realizado novo exame e coletados os mesmos<br />
parâmetros clínicos e sangue.<br />
Análise estatística<br />
A análise estatística incluiu análise descritiva utilizando<br />
médias e desvios- padrão, para variáveis numéricas<br />
(quantitativas) e frequências relativas (percentagens). Para<br />
variáveis categóricas, foram realizados testes de normalidade<br />
para decisão sobre o teste a ser aplicado. Para marcadores<br />
com distribuição normal, testes paramétricos foram<br />
aplicados. Nas comparações de médias de cada marcador<br />
no Baseline “0” e no período final (após 3 meses) foi utilizado<br />
o teste t de Student, pareados. A diferença foi considerada<br />
estatisticamente significante quando o valor de p foi <<br />
0,05. Comparações entre as alterações nos parâmetros<br />
hematológicos e bioquímicos (hemograma e sorologia de<br />
ferro) com os parâmetros periodontais, foram analisadas pela<br />
correlação de Spearman.<br />
RESULTADOS<br />
A Tabela 1 mostra a caracterização da amostra de<br />
acordo com variáveis demográficas. Dentre as comorbidades<br />
presentes, foi prevalente a hipertensão arterial (97,2%) nos<br />
doentes renais crônicos e o diabetes mellitus, abrangendo<br />
27,8% dos pacientes do mesmo grupo (Tabela 1).<br />
Quando comparados os valores médios e seus respectivos<br />
desvios-padrão dos dados clínicos periodontais: NIC, PS, SS<br />
e PBS > 4 mm, iniciais e pós-tratamento da periodontite<br />
crônica de todos os pacientes, foi possível verificar melhora<br />
estatisticamente significativa (p < 0,05) de todos os índices<br />
avaliados em ambos os grupos. Os índices periodontais NIC e<br />
PBS > 4 mm foram numericamente mais elevados no grupo<br />
experimental em comparação com o grupo controle antes do<br />
tratamento da periodontite crônica (Tabela 2).<br />
Em relação aos dados hematológicos e bioquímicos dos<br />
pacientes estudados, foi observada melhora estatisticamente<br />
significativa dos níveis de hemoglobina nos pacientes do<br />
grupo controle após tratamento não cirúrgico da periodontite<br />
crônica (p = 0,03) e uma tendência ao aumento no número<br />
de hemácias (p = 0,05).<br />
29
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
Tabela 1<br />
Gênero<br />
Masculino<br />
Feminino<br />
Raça<br />
Branca<br />
Negra<br />
Mestiça<br />
Estágio DRC<br />
III<br />
IV<br />
V<br />
Doenças sistêmicas<br />
Diabetes Mellitus<br />
HAS<br />
± (desvio-padrão).<br />
Distribuição dos dados demográficos dos grupos experimental e controle<br />
Variáveis Experimental (DRC) Controle<br />
Idade 53,17±12,37 43,4±11,01<br />
23 (63,9%)<br />
13 (36,1%)<br />
23 (63,9%)<br />
6 (16,7%)<br />
9 (19,4%)<br />
21 (58,3%)<br />
12 (33,3%)<br />
3 (8,3%)<br />
10 (27,8%)<br />
35 (97,2%)<br />
9 (45,0%)<br />
11(55,0%)<br />
13 (65,0%)<br />
3 (15,0%)<br />
4 (20,0%)<br />
-<br />
-<br />
-<br />
1 (5,0%)<br />
5 (25,0%)<br />
Tabela 2<br />
Distribuição dos dados clínicos periodontais dos grupos DRC e controle antes e após o tratamento da periodontite crônica<br />
Variáveis<br />
DRC (média/desvio-padrão)<br />
CONTROLE (média/desvio-padrão)<br />
Pré Pós p* Pré Pós p*<br />
Nº dentes 22,97±5,27 22,33±5,30
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
Houve diminuição significativa no número de leucócitos<br />
global (p = 0,004) e no número de plaquetas (p = 0,01) dos<br />
pacientes do grupo controle. Quanto aos marcadores de<br />
ferro, pacientes do grupo controle apresentaram redução<br />
significativa no índice de saturação de transferrina (p = 0,03)<br />
e aumento significativo nos níveis de ferritina (p = 0,03) após<br />
tratamento da periodontite crônica. Pacientes portadores<br />
de doença renal crônica não apresentaram alterações<br />
significativas em seus dados hematológicos e bioquímicos<br />
após tratamento da periodontite crônica. Entretanto,<br />
apresentaram uma tendência ao aumento do número de<br />
hemácias (p = 0,07) (Tabela 3).<br />
Houve correlação positiva do índice periodontal SS com o<br />
número de leucócitos global (R = 0,003) no grupo DRC antes<br />
do tratamento da periodontite crônica. No grupo controle<br />
observou-se correlação negativa do índice PBS > 4 mm como<br />
número de leucócitos global (R= -0,025). Após o tratamento<br />
da periodontite crônica, houve correlação positiva entre o<br />
índice PS com a hemoglobina (R = 0,011) em pacientes renais<br />
crônicos. No grupo controle após tratamento da periodontite<br />
crônica, foi observada correlação negativa do NIC com os<br />
níveis de hemoglobina (R = -0,006) bem como entre o índice<br />
SS e o número de leucócitos global ( R = -0,006).<br />
DISCUSSÃO<br />
O número de pacientes com DRC está aumentando<br />
em todo o mundo o que tem levado autoridades médicas a<br />
considerá-lo como um problema de saúde pública (Bastos et<br />
al., 2004). No Brasil, as atenções com a DRC se restringem<br />
quase que exclusivamente ao seu estágio mais avançado,<br />
quando se necessita de terapia renal substitutiva. Contudo,<br />
a evolução da DRC depende da qualidade do atendimento<br />
ofertado antes da ocorrência da falência funcional renal<br />
(Bastos et al., 2004; Bastos, Bastos, 2005).<br />
A DRC que consiste na perda progressiva e irreversível da<br />
função renal (glomerular, tubular e endócrina) pode levar ao<br />
desenvolvimento da síndrome urêmica, quando um estado<br />
pré ou pró-inflamatório provoca imunodeficiência devido<br />
ao aumento de substâncias tóxicas na corrente sanguínea.<br />
Esses pacientes são mais susceptíveis ao desenvolvimento<br />
de inflamação crônica, e tem sido considerada como um<br />
fator de risco não tradicional preditor da morbimortalidade<br />
cardiovascular, principalmente nos pacientes em fase terminal<br />
da DRC (Bastos et al., 2004; Souza et al., 2005; Gricio et<br />
al., 2009). Em decorrência dessa inflamação crônica, a<br />
eritropoiese em pacientes portadores de DRC é diminuída,<br />
devido a deficiente produção do hormônio eritropoetina. A<br />
eritropoetina é produzida por fibroblastos próxima às células<br />
tubulares renais e tem um efeito antiapoptótico nas células<br />
precursoras de hemácias na medula óssea por inibir a via das<br />
caspases (Abensur et al., 2006).<br />
A periodontite crônica por sua vez, é uma doença<br />
infecciosa que causa uma inflamação dos tecidos de suporte<br />
do dente, levando a sua perda progressiva (Bittencourt et<br />
al., 2004). Células responsáveis pelo processo imunológico<br />
como os neutrófilos iniciam a resposta do hospedeiro contra<br />
a invasão de microrganismos periodontopatogênicos. A<br />
periodontite crônica tem contribuição para a inflamação<br />
generalizada e desenvolvimento de doenças sistêmicas,<br />
sabendo-se aterosclerose e doença cardiovascular (Abensur<br />
et al., 2006; Craig, 2008).<br />
Alguns estudos (Souza et al., 2005; Dias et al., 2007;<br />
Craig, 2008), têm tentado demonstrar uma relação entre<br />
a doença periodontal e a doença renal, mas os resultados<br />
encontrados foram inconsistentes. Neste estudo, 27,8% dos<br />
pacientes do grupo DRC pré-diálise apresentavam Diabetes<br />
Mellitus e 97,2% eram hipertensos. É sabido que a diabetes<br />
e a hipertensão são fatores de risco tradicionais para a DRC.<br />
Resultado semelhante foi observado no estudo de Klassen &<br />
Krasko (2002), onde um terço dos pacientes em diálise eram<br />
diabéticos e quase todos eram hipertensos e todos possuíam<br />
prótese não-dentária.<br />
No geral a literatura científica correlaciona a periodontite<br />
com a doença renal. Esses dados se baseiam em alguns<br />
estudos (Klassen, Krasko, 2002; Souza et al., 2005; Dias et al.,<br />
2007) que comparam os pacientes em tratamento de diálise<br />
(hemodiálise e diálise peritoneal) a um grupo controle ou em<br />
alguns outros estudos que incluíram um grupo pré-dialítico<br />
(Bastos et al., 2004; Bastos, Bastos, 2005).<br />
No presente estudo, observou-se após o tratamento<br />
não cirúrgico da periodontite crônica, uma melhora<br />
estatisticamente significativa dos parâmetros clínicos<br />
periodontais: NIC; PS; SS e PBS > 4 mm em todos os pacientes<br />
estudados, de ambos os grupos (DRC = 36 pacientes e<br />
controle = 20 pacientes). Resultado semelhante foi observado<br />
no estudo de Bittencourt et al. (2004), em que o tratamento<br />
periodontal não cirúrgico promoveu uma melhora significativa<br />
de todos os dados clínicos supracitados, embora como<br />
diferença sua amostra fosse constituída apenas de pacientes<br />
sistemicamente normais.<br />
A anemia é uma das alterações hematológicas que<br />
acomete precocemente os pacientes portadores de DRC.<br />
Suas causas mais importantes são a deficiente produção<br />
de hemácias secundárias a déficit de produção renal de<br />
eritropoetina e falta de elementos essenciais no processo de<br />
hematogênese como o ferro (Romão Júnior, 1995; Ide et al.,<br />
2003). Houve no presente estudo, após o tratamento não<br />
31
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
cirúrgico da periodontite crônica, uma melhora significativa (p<br />
= 0,03) dos níveis de hemoglobina nos pacientes do grupo<br />
controle e tendência ao aumento no número de hemácias (p<br />
= 0,05). Estes resultados podem ser explicados pelo fato de<br />
ao se tratar a periodontite, eliminou-se um foco potencial de<br />
infecção e inflamação, permitindo uma adequada eritropoiese.<br />
Resultado contrário foi observado no estudo de Bittencourt et<br />
al. (2004), em que foi observada uma redução significativa da<br />
hemoglobina e tendência à redução do número de hemácias.<br />
Bittencourt et al. (2004) demonstraram que pacientes<br />
portadores de periodontite de moderada a severa, quando<br />
comparados a controles saudáveis, apresentavam menor<br />
número de hemácias e níveis mais baixos de hematócrito e<br />
hemoglobina, o que justificaria a inclusão desses pacientes<br />
em um quadro sistêmico de anemia relacionada a doenças<br />
crônicas.<br />
No presente estudo foi observada uma diminuição<br />
significativa no número de leucócitos global dos pacientes do<br />
grupo controle após tratamento não cirúrgico da periodontite<br />
crônica (p = 0,004), embora seus valores estivessem dentro<br />
dos padrões normais tanto antes quanto depois. No entanto,<br />
Bittencourt et al. (2004) evidenciaram elevado número de<br />
leucócitos relacionados à periodontite nos estudos por ele<br />
pesquisado.<br />
Quanto aos marcadores de ferro, pacientes do grupo<br />
controle apresentaram redução significativa no índice de<br />
saturação de transferrina (p = 0,03) e aumento significativo<br />
nos níveis de ferritina (p = 0,03). Para Mafra & Cozzolino<br />
(2000), o ferro é um nutriente essencial à saúde humana.<br />
Cerca de 60% do conteúdo total de ferro encontra-se na<br />
hemoglobina para transporte de oxigênio e de dióxido de<br />
carbono. Do sangue o ferro é transportado pela transferrina<br />
para as células ou para eritropoiese na medula óssea. O<br />
índice de saturação de transferrina é um marcador de ferro<br />
que mensura a porcentagem de ferro circulante. Quando a<br />
necessidade de ferro é excedida, ele é armazenado como<br />
ferritina ou hemossiderina no fígado, baço ou osso. Por sua<br />
vez, pacientes portadores de DRC não apresentaram neste<br />
estudo, alterações estatisticamente significativas em seus<br />
parâmetros hematológicos e bioquímicos após tratamento<br />
da periodontite crônica. Entretanto, apresentaram uma<br />
tendência ao aumento no número de hemácias (p = 0,07).<br />
Pacientes renais crônicos em decorrência da uremia possuem<br />
alterações hematológicas que incluem anemia, alterações<br />
qualitativas plaquetárias e de glóbulos brancos (Romão Júnior,<br />
1995; Bastos, Bastos, 2005).<br />
Observou-se correlação positiva do SS com o número<br />
de leucócitos global no grupo DRC antes do tratamento da<br />
periodontite crônica (R = 0,003). O índice periodontal SS é<br />
indicativo de situação de inflamação. Em pacientes renais<br />
crônicos a carga inflamatória é altamente prevalente e elevada.<br />
Nos pacientes com DRC, a contagem global e diferencial<br />
de leucócitos é geralmente normal. Entretanto, a função<br />
dos glóbulos brancos parece estar diminuída e pacientes<br />
portadores de DRC são predispostos a infecções virais e<br />
bacterianas (Romão Júnior, 1995).<br />
No grupo controle foi possível observar uma correlação<br />
negativa do índice PBS > 4 mm com o número de leucócitos<br />
global antes do tratamento da periodontite crônica (R =<br />
-0,025). Após o tratamento da periodontite crônica houve no<br />
grupo DRC correlação positiva do índice PS com a hemoglobina<br />
(R = 0,011). À medida que diminuiu a inflamação, eliminando<br />
ou reduzindo bolsas periodontais, facilitou-se a eritropoiese e<br />
consequente produção de hemoglobina. Porém mais estudos<br />
ou pesquisas que melhor expliquem esta associação se fazem<br />
necessários. A relação entre a periodontite e a anemia vem<br />
sendo investigada há algum tempo sem, no entanto, atingir<br />
resultados satisfatórios (Bittencourt et al., 2004).<br />
No grupo controle pós-tratamento da periodontite<br />
crônica, também foi observada correlação negativa do índice<br />
periodontal NIC com o os níveis de hemoglobina (R = -0,006),<br />
assim como correlação negativa do SS com o número de<br />
leucócitos global (R = -0,006).<br />
Os parâmetros hematológicos e bioquímicos dos pacientes<br />
portadores de DRC deste estudo não apresentaram alterações<br />
significativas, ao contrário do que aconteceu com pacientes<br />
do grupo controle. Porém, a necessidade de aumentar o<br />
tamanho da amostra e mais estudos que procurem explicar<br />
a relação dos parâmetros hematológicos e bioquímicos antes<br />
e após o tratamento da periodontite crônica em pacientes<br />
renais crônicos e pacientes sistemicamente normais fazem-se<br />
necessários.<br />
CONCLUSÃO<br />
Pacientes portadores de doença renal crônica não<br />
apresentaram alterações significativas nos parâmetros<br />
hematológicos e bioquímicos após o tratamento periodontal<br />
não-cirúrgico. Entretanto, uma melhora nestes parâmetros,<br />
especialmente a hemoglobina, foi observada em pacientes<br />
sem problemas renais.<br />
ABSTRACT<br />
Objective: To evaluate and correlate the effect<br />
of nonsurgical treatment of chronic periodontitis on<br />
hematological and biochemical parameters in patients with<br />
chronic kidney disease and healthy controls.<br />
32
R. Periodontia - 21(1):27-33<br />
Methods: Fifty six patients (36 experimental group and 20<br />
control group) were previously submitted to periodontal and<br />
clinical examination, and to collection of 10 mL of peripheral<br />
blood by means the complete blood count and markers of<br />
iron were assessed. The clinical periodontal parameters used<br />
were: clinical attachment level, probing depth, bleeding on<br />
probing and probing pocket depth > 4 mm.<br />
Results: After 90 days of completion of treatment there<br />
was reevaluation and it was found statistically significant<br />
improvement (p
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL NO<br />
CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO<br />
2 NÃO INSULINO-DEPENDENTES – ARTIGO ORIGINAL<br />
Influence of periodontal treatment on glycemic control in diabetic patients type 2 non-insulin<br />
dependent – Original paper.<br />
Dário da Rocha Pereira 1 , Léo Guimarães Soares 1 , Márcio Eduardo Vieira Falabella 2 , Denise Gomes da Silva 3 , Eduardo Muniz<br />
Barretto Tinoco 4<br />
RESUMO<br />
O diabetes mellitus abrange um grupo de distúrbios<br />
metabólicos que levam à hiperglicemia e tem sido proposto<br />
que o tratamento periodontal em pacientes diabéticos pode<br />
contribuir para a redução dos níveis glicêmicos. O objetivo<br />
deste trabalho foi investigar os efeitos do tratamento<br />
periodontal usando-se a técnica de “desinfecção de boca<br />
total” sobre os níveis de glicose em pacientes diabéticos<br />
tipo 2 não insulino-dependentes. Um total de 20 indivíduos<br />
foram randomicamente divididos em grupo experimental<br />
e controle. Os resultados deste estudo demonstram que<br />
indivíduos com diabetes tipo 2, não insulino-dependentes,<br />
que receberam tratamento periodontal não cirúrgico,<br />
apresentaram uma redução significativa nos níveis de<br />
hemoglobina glicosilada após 3 meses de terapia, enquanto<br />
indivíduos do grupo controle não apresentaram uma<br />
redução estatisticamente significante. Os dados sugerem<br />
um possível efeito adjunto da terapia periodontal no<br />
controle glicêmico de pacientes diabéticos.<br />
UNITERMOS: Periodontite; diabetes; controle glicêmico;<br />
hemoglobina glicosilada. R Periodontia 2011; 21:34-<br />
42.<br />
1<br />
Mestre em Periodontia (UNIGRANRIO).<br />
2<br />
Professor Adjunto (UNIGRANRIO e UFJF); Doutor em Periodontia (UERJ).<br />
3<br />
Professor Adjunto (UNIGRANRIO); Doutor em Periodontia (UERJ).<br />
4<br />
Professor Adjunto (UNIGRANRIO e UERJ); Doutor em Periodontia (UNIVERSIDADE DE OSLO).<br />
Recebimento: 20/12/10 - Correção: 18/01/11 - Aceite: 22/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença<br />
metabólica, sistêmica, resultante de distúrbios<br />
endócrinos, caracterizado por um aumento anormal<br />
de glicose no sangue, provocada pela falta relativa ou<br />
absoluta de insulina, resultando em um defeito na<br />
utilização de carboidratos e alterações no metabolismo<br />
dos lipídios e proteínas. O Diabetes Mellitus tipo<br />
II (DMII) é resultado de uma alteração que pode<br />
ocorrer tanto em nível molecular da insulina quanto<br />
em nível celular dos receptores para insulina. Este<br />
tipo representa 85 a 90 % do grupo de diabéticos.<br />
Frequentemente os pacientes que sofrem de DMII<br />
são obesos, ocorrendo assim, a típica intolerância<br />
à glicose. Em consequência deste descontrole<br />
metabólico, ao longo do tempo, os pacientes<br />
diabéticos podem desenvolver retinopatia, neuropatia<br />
sensorial, nefropatia, miopatia, vasculopatia e doença<br />
periodontal (Souza et al., 2002).<br />
A doença periodontal leva em consideração<br />
o caráter multifatorial, uma vez que o hospedeiro<br />
está incluído em um conjunto de variáveis que,<br />
na saúde, acha-se em equilíbrio. Segundo Stamm<br />
(1998), o interesse está se voltando cada vez mais<br />
para determinados fatores do hospedeiro que<br />
34
R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
provavelmente aumentam o risco da doença, justificando<br />
então as intensivas investigações científicas visando comprovar<br />
possíveis relações entre infecções orais e doenças sistêmicas.<br />
Por isso, o DM é um importante elemento a ser considerado.<br />
Segundo Oliver & Tervonen (1994), o controle metabólico<br />
inadequado está correlacionado à severidade da doença<br />
periodontal e ao aumento do risco de indivíduos diabéticos<br />
virem a desenvolvê-la.<br />
A Periodontite é a infecção oral crônica mais comum<br />
e maior causadora de perda de dentes em adultos e tem<br />
sido considerada a sexta complicação do diabetes mellitus.<br />
Reciprocamente, a periodontite mostrou ser um fator de<br />
risco para pacientes diabéticos com pobre controle glicêmico<br />
devido à ação bacteriana e de seus subprodutos no tecido<br />
periodontal inflamado constituindo uma fonte crônica de<br />
desafio sistemático para o hospedeiro. Alguns mediadores<br />
imunes pró-inflamatórios produzidos localmente como o<br />
fator α de necrose tumoral, o qual é conhecido por induzir a<br />
resistência insulínica, pode ser lançado da bolsa periodontal<br />
dentro do sistema circulatório e assim aumentar a resistência<br />
à insulina e exacerbar o controle metabólico glicêmico em<br />
pacientes com diabetes (Chen et al., 2010).<br />
Sastrowijoto et al. (1990) relataram que um melhor<br />
controle metabólico pode levar a uma melhor saúde<br />
periodontal, mas ainda não está claro se o controle das<br />
infecções periodontais pode melhorar o controle metabólico<br />
do diabetes, ou quais os marcadores sistêmicos estariam<br />
relacionados com a possível melhora do controle glicêmico.<br />
No estudo das manifestações periodontais em pacientes<br />
diabéticos, observa-se que o espessamento dos vasos<br />
sanguíneos no periodonto dificulta o transporte de<br />
oxigênio e nutrientes à intimidade dos tecidos, bem como<br />
a eliminação de resíduos metabólicos, desencadeando um<br />
desequilíbrio fisiológico, por meio da qual se torna aumentada<br />
a susceptibilidade desses tecidos à doença periodontal (DP),<br />
uma vez que tais alterações microvasculares comprometem o<br />
metabolismo de defesa do periodonto (Bridges, 1996).<br />
O DM é capaz de aumentar a susceptibilidade do<br />
hospedeiro à DP, facilitando a sua instalação ou agravando<br />
o curso da doença. As modificações teciduais patológicas<br />
evidentes no periodonto de pacientes diabéticos viriam a<br />
predispô-los à DP. Nesses relatos enfatiza-se, porém, que as<br />
alterações fisiopatológicas na estrutura do periodonto estão<br />
diretamente ligadas ao controle metabólico da doença,<br />
bem como ao tempo de instalação da mesma, sendo<br />
a descompensação glicêmica fundamental para que as<br />
mudanças histopatológicas aconteçam a nível periodontal<br />
(Carranza 1997).<br />
Diversos fatores têm sido associados à maior severidade<br />
das alterações periodontais observadas em diabéticos,<br />
incluindo modificações na composição da microbiota<br />
subgengival, alteração no metabolismo do colágeno e prejuízo<br />
funcional dos neutrófilos. Tomados em conjunto, esses fatores<br />
indicam menor resistência a infecção e menor capacidade<br />
reparativa, o que justificaria a maior severidade de doença<br />
periodontal observada nos diabéticos (Cianciola, 1982).<br />
O periodonto de uma pessoa diabética apresenta primeira<br />
linha de defesa alterada, isto é, as funções dos neutrófilos<br />
polimorfonucleares estão reduzidas, tais como: a quimiotaxia,<br />
aderência e a fagocitose; portanto, a resposta do hospedeiro<br />
fica debilitada. Além disso, o metabolismo do colágeno fica<br />
comprometido, devido à função reduzida dos fibroblastos,<br />
síntese do colágeno, maturação e estabilidade ao longo do<br />
tempo. Da mesma forma, as funções dos osteoblastos estão<br />
diminuídas, o que impossibilita a reposição óssea adequada<br />
no periodonto (Mealey, 2000).<br />
Oliver & Ternoven (1994) observaram diminuição da<br />
quimiotaxia, aderência e fagocitose dos leucócitos sanguíneos<br />
periféricos nos diabéticos. Estes indivíduos, portadores<br />
de periodontite severa, têm demonstrado depressão da<br />
quimiotaxia de leucócitos periféricos, quando comparados<br />
com diabéticos com periodontite moderada e não diabéticos<br />
com periodontite severa ou moderada.<br />
Segundo Borges & Moreira (1995), as propriedades do<br />
colágeno se modificam com a idade e com as alterações<br />
metabólicas do diabético. Isso afeta a progressão da doença<br />
periodontal e a cicatrização de feridas. Quando esses<br />
pacientes são submetidos a condições hiperglicemiantes, há<br />
uma diminuição na proliferação celular e redução da síntese<br />
do colágeno pelos fibroblastos. Além disso, a enfermidade<br />
periodontal nos diabéticos não segue um padrão consistente.<br />
Graus variáveis de inflamação podem ser encontrados<br />
relacionados a um controle insatisfatório de placa. Alterações<br />
no ambiente subgengival tais como aumento dos níveis da<br />
glicose e uréia no fluído crevicular gengival, favorecem o<br />
crescimento de algumas espécies microbianas.<br />
Um estudo realizado por Novaes Junior (1991) mostrou<br />
que o índice de placa foi maior nos pacientes diabéticos que<br />
no grupo controle, e que atingia mais mulheres que homens<br />
diabéticos, não havendo essa variação quanto ao gênero no<br />
grupo controle. Pacientes diabéticos bem controlados podem<br />
ser tratados de maneira similar ao paciente não diabético na<br />
maioria dos procedimentos dentários de rotina (Schneider,<br />
1995).<br />
Segundo Grossi et al. (1997), o tratamento periodontal<br />
com redução da inflamação periodontal está associado com a<br />
redução dos níveis de Hemoglobina Glicosilada em pacientes<br />
diabéticos não insulinodependentes.<br />
35
R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
Muito se tem discutido sobre a hipótese de recolonização<br />
de sítios periodontais em tratamentos convencionais de<br />
múltiplas sessões em contrapartida com a possibilidade<br />
de minimização das probabilidades de recolonização no<br />
tratamento periodontal em full-mouth (desinfecção de boca<br />
total em um estágio). Zijnge et al. (2010) concluíram que os<br />
resultados de tratamento de full-mouth e múltiplas sessões<br />
são comparáveis, mas a recolonização de lesões periodontais<br />
pode ser melhor prevenida na full-mouth desinfection.<br />
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a<br />
influência do tratamento periodontal não cirúrgico na redução<br />
dos níveis glicêmicos em pacientes diabéticos tipo 2 não<br />
insulino-dependentes.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Seleção dos pacientes<br />
A população foi composta de 20 indivíduos de ambos os<br />
sexos, provenientes da Clínica de Mestrado em Periodontia<br />
da UNIGRANRIO, com idade entre 37 e 77 anos, sendo 8<br />
homens e 12 mulheres.<br />
tivessem recebido tratamento periodontal há menos de seis<br />
meses e também insulino-dependentes.<br />
Métodos<br />
Os pacientes foram divididos em dois grupos – Grupo<br />
Teste e Grupo Controle. Todos os participantes foram<br />
avaliados por um único pesquisador para se manter a<br />
calibragem de observação e foram avaliados com sonda<br />
periodontal milimetrada e sonda Nabers da mesma empresa<br />
fabricante. Após exame periodontal, profundidade de bolsa à<br />
sondagem, nível de inserção clínico e índice de sangramento,<br />
sendo constatada a presença da doença periodontal ativa, os<br />
indivíduos dos dois grupos tiveram a sua taxa glicêmica em<br />
jejum medidas por um aparelho portátil Accu-check Active<br />
(Laboratório Roche, SP, Brasil – Figuras 1 e 2) e posterior<br />
avaliação da taxa de Hemoglobina Glicosilada feita em<br />
Desenho do estudo<br />
Trata-se de um estudo intervencional longitudinal<br />
randomizado onde os indivíduos apresentavam diagnóstico<br />
de periodontite crônica e diabetes tipo 2 não insulinodependentes,<br />
com pelo menos 10 dentes. Estes pacientes<br />
assinaram um termo de consentimento informado (CEP<br />
UNIGRANRIO nº 0008.0.317.000-09) e responderam a um<br />
questionário de avaliação inicial onde constavam os dados<br />
de identificação, anamnese direcionada ao DM, medicações,<br />
valores de glicemia e hemoglobina glicosilada e os dados<br />
periodontais.<br />
Critérios de exclusão<br />
Foram excluídos deste estudo fumantes, grávidas,<br />
pacientes com doenças imunossupressoras, que estavam em<br />
uso de medicamentos à base de cortisona e pacientes que<br />
Figura 1 - Aparelho portátil Accu-check<br />
Active indicando a taxa glicêmica em<br />
jejum.<br />
Figura 2 - Demonstração da coleta da taxa glicêmica em jejum pelo Accu-check.<br />
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R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
Tabela 1<br />
Valores glicêmicos referentes aos dias 0, 30, 60 e 90<br />
Valores Glicêmicos<br />
Hemoglobina Glicosilada<br />
Taxa Glicêmica Capilar<br />
G. Teste Inicial 90 dias Redução Inicial 30 dias 60 dias 90 dias<br />
01 8,6 5,3 3,3 252 130 208 268<br />
02 10 7,8 2,2 379 133 120 115<br />
03 8,9 5,1 3,8 384 289 389 223<br />
04 8 5,6 2,4 125 113 117 91<br />
05 8,4 7,4 1 133 138 153 206<br />
06 10,5 8,4 2,1 317 292 263 253<br />
07 6 4,4 1,6 133 288 196 80<br />
08 7,7 7,4 0,3 285 176 155 135<br />
09 7,9 6,6 1,3 290 203 227 113<br />
10 7 5,8 1,2 133 143 135 115<br />
Média 8,3 6,38 1,92 243,1 190,5 196,3 159,9<br />
D Padrão 1,324135 1,328993 1,0675 104,4195 72,925 83,07299 70,27162<br />
Intra grupo<br />
In – Fn<br />
P = ,000<br />
In – 30 d<br />
P = 0,151<br />
In – 60 d<br />
P = 0,140<br />
In – 90 d<br />
P = 0,03<br />
% Redução 23,13 % 21,63 % 19,25 % 34,22 %<br />
Hemoglobina Glicosilada<br />
Taxa Glicêmica Capilar<br />
G. Controle Inicial 90 dias Redução Inicial 30 dias 60 dias 90 dias<br />
01 5,9 6,9 -1 133 115 106 152<br />
02 10,6 10,2 0,4 285 392 398 219<br />
03 8,2 7 1,2 189 141 180 115<br />
04 10 7,6 2,4 243 377 265 274<br />
05 10,6 10 0,6 289 302 290 250<br />
06 7 6,8 0,2 112 115 108 92<br />
07 6,2 5,8 0,4 131 125 128 112<br />
08 11,6 10,1 1,5 280 275 270 262<br />
09 7,8 8,5 -0,7 118 132 125 130<br />
10 6,9 7,3 -0,4 140 178 181 143<br />
Média 8,48 8,02 0,46 192 215,2 205,1 174,9<br />
DP 2,057939 1,58591 1,038375 74,68006 110,843 97,20477 69,09486<br />
Intra grupo<br />
In – Fn<br />
P = 0,195<br />
In – 30 d<br />
P = 0,225<br />
In – 60 d<br />
P = 0,324<br />
In – 90 d<br />
P = 0,156<br />
Entre grupos P = 0,097 P = 0,049 P = 0,014 P = 0,184 P = 0,910 P = 0,970 P = 0,520<br />
% Redução 5,42 % 8,90 %<br />
In = Inicial - Fn = Final<br />
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R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
Tabela 2<br />
Parâmetros periodontais dos pacientes do grupo teste.<br />
Parâmetros Periodontais do Grupo Teste<br />
Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final<br />
PB ≥ 5 PB ≥ 5 PB < 5 PB < 5 NI ≥ 4 NI ≥ 4 NI < 4 NI < 4<br />
01 5 0 31 36 8 0 28 36<br />
02 8 2 80 86 12 10 76 78<br />
03 4 0 80 84 9 0 75 84<br />
04 28 5 44 67 29 6 43 66<br />
05 4 0 44 48 4 0 44 48<br />
06 5 2 79 82 6 2 78 82<br />
07 24 12 16 28 24 18 16 22<br />
08 18 6 94 106 22 4 90 108<br />
09 4 1 40 43 17 16 27 28<br />
10 17 0 16 33 19 6 14 27<br />
Média 11,7 2,8 52,4 61,3 15 6,2 49,1 57,9<br />
DP 9,226171 3,88158 28,60536 27,17454 8,445906 6,56252 28,33706 29,73382<br />
PB = profundidade de bolsa à sondagem<br />
NI = nível de inserção clínica<br />
(p = 0,003) (p = 0,003) (p = 0,004) (p = 0,004)<br />
laboratório de análises clínicas. Os 10 primeiros pacientes<br />
atendidos formaram o grupo experimental e os 10 seguintes<br />
formaram o grupo controle. Todos os pacientes foram tratados<br />
com raspagem e alisamento radicular, instrução de higiene<br />
oral, controle de placa e profilaxia. Os indivíduos do grupo<br />
controle foram tratados de forma igualitária, com raspagem<br />
e alisamento radicular, instrução de higiene oral, controle de<br />
placa e profilaxia, porém somente após o período de controle<br />
de 90 dias. Durante este período de controle os pacientes<br />
foram avaliados em suas taxas glicêmicas no mesmo intervalo<br />
de tempo do grupo teste. A avaliação da taxa glicêmica foi<br />
feita nos dias 0, 30, 60, 90 do tratamento periodontal, sendo<br />
orientado aos pacientes sobre a necessidade de estarem em<br />
jejum. A avaliação da taxa de Hemoglobina Glicosilada foi<br />
realizada nos dias 0 e 90 do tratamento periodontal, sendo<br />
os indivíduos orientados a fazerem os exames no mesmo<br />
laboratório. Por não terem sido encontrados pacientes com<br />
casos agudos e lesões apresentando supuração, os pacientes<br />
não receberam tratamento com antibióticos. Após os exames<br />
todos os pacientes foram reavaliados de acordo com os<br />
parâmetros periodontais.<br />
Tratamento dos dados<br />
Os dados foram tratados estatisticamente utilizando<br />
testes paramétricos. Teste T Student para análise dos valores<br />
iniciais e finais de cada paciente intra-grupos e o Teste Mann-<br />
Whitney para análise das médias entre os grupos teste e<br />
controle. O nível de significância estatística foi de α = 0,05.<br />
RESULTADOS<br />
Os dados dos valores glicêmicos referentes aos dias 0,<br />
30, 60 e 90 estão apresentados na Tabela 1.<br />
Houve uma redução estatisticamente significante nos<br />
níveis de hemoglobina glicosilada após 90 dias nos pacientes<br />
do Grupo Teste (p = 0,000), representando uma redução<br />
percentual de 23,13% e uma redução na média de 1,92%.<br />
Também houve uma redução estatisticamente significante<br />
nos níveis de glicemia após 90 dias nos pacientes de Grupo<br />
Teste (p = 0,03), porém não foi encontrada diferença<br />
estatística nas medidas de 30 e 60 dias.<br />
Na comparação entre os valores de redução dos índices<br />
de hemoglobina glicosilada entre grupo teste e grupo controle<br />
38
R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
foi encontrado p = 0,014, o que indica que houve diferença<br />
estatisticamente significante entre os grupos.<br />
Os dados referentes aos parâmetros periodontais dos<br />
pacientes do grupo teste no início e fim do estudo estão<br />
apresentados na Tabela 2.<br />
Com relação aos parâmetros periodontais, o grupo teste<br />
apresentou, após 90 dias, uma redução estatisticamente<br />
significante no número de bolsas ≥ 5mm e também no<br />
número de bolsas com nível de inserção ≥ 4 mm. O grupo<br />
controle teve o seu tratamento periodontal adiado, e não<br />
apresentou alterações significantes durante o período sem<br />
tratamento.<br />
DISCUSSÃO<br />
O presente estudo, utilizando a terapia periodontal<br />
não cirúrgica, sugeriu que com a redução da infecção<br />
periodontal e a concomitante manutenção do estado<br />
de saúde periodontal do paciente, houve uma redução<br />
significativa dos níveis de hemoglobina glicosilada após três<br />
meses de tratamento. Todos os pacientes foram orientados<br />
a manter a rotina medicamentosa estabelecida pelo médico<br />
endocrinologista, bem como a rotina de atividades diárias<br />
normais e alimentação.<br />
A influência do DM sobre a doença periodontal tem sido<br />
grandemente relatada pela literatura (Novaes Junior, 1991;<br />
Sepala & Ainamo, 1993; Oliver & Tervonen, 1994; Stamm,<br />
1998; Rocha, 2001; Souza et al., 2002) assim como há uma<br />
grande quantidade de estudos que relatam a alta incidência<br />
e severidade da doença periodontal em pacientes diabéticos<br />
comparados com os não diabéticos. (Hugoson et al., 1989;<br />
Sastrowijo et al., 1990, Taylor et al., 1998; Kiran et al., 2005)<br />
No entanto, ainda são inconclusivos os resultados sobre<br />
a influência do tratamento periodontal sobre o controle<br />
glicêmico, havendo certas discordâncias dos autores em<br />
relação aos resultados obtidos.<br />
Mongardini et al. (1999) mostraram que os efeitos da<br />
terapia periodontal não cirúrgica em um estágio é superior<br />
à terapia periodontal convencional nos resultados clínicos e<br />
microbiológicos. Os pacientes diabéticos são considerados<br />
de alto risco de infecções devido às alterações vasculares e<br />
podem se beneficiar deste tipo de tratamento. A terapia de<br />
full-mouth em um estágio minimiza os riscos de infecções<br />
recorrentes nas áreas tratadas, diminuindo a chance de<br />
translocação bacteriana entre sítios contaminados. Em uma<br />
revisão de Taylor (2001), o autor sugere que um controle da<br />
infecção periodontal pode levar a uma redução dos sintomas<br />
da doença local e controlaria o metabolismo da glicose.<br />
A redução na média dos níveis de hemoglobina glicosilada<br />
após 90 dias nos pacientes do Grupo Teste de 1,92%<br />
encontrada no presente estudo esteve em acordo com<br />
achados de Khaw et al. (2001), que avaliou 4662 homens<br />
com idade entre 45 e 79 anos e verificou a importância da<br />
hemoglobina glicosilada como preditor do risco de morte<br />
por todas as causas. Um aumento de 1% da HbA1c esteve<br />
associado à elevação de 28% do risco de morte, independente<br />
da idade, pressão, lipidemia, IMC ou fumo.<br />
Embora alguns estudos evidenciem uma ação mais direta<br />
do tratamento periodontal sobre o controle glicêmico, como<br />
Tervonen et al. (1991), Tervonen & Oliver (1993), Miller et al.<br />
(1992), Grossi et al. (1997), Iwamoto et al. (2001), nem todos<br />
relatam uma melhora no controle glicêmico após tratamento<br />
periodontal como Seppala & Ainamo (1994), Smith et al.<br />
(1996) e Westfeld et al. (1996). Diferenças metodológicas<br />
nestes estudos impossibilitam uma comparação direta entre<br />
os resultados.<br />
Um estudo de Kiran et al. (2005), feito com 44 pacientes<br />
randomizados em 2 grupos, comparou os resultados<br />
do tratamento periodontal na técnica de full-mouth<br />
tendo como grupo controle indivíduos sem tratamento<br />
periodontal. Mostraram que no grupo teste houve uma<br />
redução significativa da taxa de HbA1c enquanto no grupo<br />
controle houve um leve, porém insignificante aumento deste<br />
parâmetro. Entretanto em nosso estudo, houve uma redução<br />
dos parâmetros de HbA1c nos grupos teste e controle, com<br />
significância estatística apenas no primeiro.<br />
Embora haja diversidade de entendimento no tempo de<br />
resposta do tratamento periodontal, Morrison et al. (1980)<br />
sugerem um período de 1 mês, Badersten et al. (1981)<br />
sugerem de 4-5 meses para bolsas de 4-7 mm, em nosso<br />
estudo usamos como parâmetro de tempo o período de 3<br />
meses.<br />
A boa resposta do tratamento periodontal no controle<br />
glicêmico em pacientes diabéticos em nosso estudo após<br />
90 dias, confirma os resultados de Tervonen et al. (1991),<br />
enquanto Christgau et al. (1998) reportaram que a terapia<br />
mecânica não teve efeitos sobre os níveis de HbA1c em<br />
pacientes diabéticos mal controlados. Entretanto, o grupo<br />
teste consistia de apenas 3 indivíduos, o que impossibilita<br />
qualquer conclusão definitiva.<br />
Westfeld et al. (1996) não encontraram alterações nos<br />
níveis de HbA1c no grupo controle de pacientes diabéticos<br />
moderadamente controlados. Por outro lado, Steward et al.<br />
(2001), em um estudo retrospectivo, relataram que houve<br />
uma melhora significativa no controle glicêmico em indivíduos<br />
com DM tipo 2 após tratamento periodontal.<br />
Em um estudo de Rodrigues et al. (2003), com 30<br />
pacientes randomizados em 2 grupos, sendo G1 indivíduos<br />
39
R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
que receberam terapia periodontal mais amoxicilina com<br />
ácido clavulânico 850 mg e G2 indivíduos que foram<br />
tratados apenas com terapia periodontal, mostrou que<br />
ambos os grupos obtiveram redução nos índices de HbA1c.<br />
Entretanto o G1 não teve diferença significativa enquanto a<br />
redução foi significativa no G2, confirmando o encontrado<br />
em nosso estudo de que a terapia periodontal mesmo sem<br />
administração antibiótica proporciona resposta satisfatória na<br />
redução dos índices de HbA1c em face à terapia periodontal.<br />
Grossi et al. (1997) também encontraram resposta similar<br />
ao encontrado por Rodrigues et al. (2003), após 3 meses com<br />
a combinação de terapia periodontal não cirúrgica e doxiciclina<br />
enquanto Steward et al. (2001) mostraram redução média<br />
de 17% nos níveis de HbA1c após terapia periodontal sem<br />
uso de antibióticos, confirmando nosso estudo onde foram<br />
encontrados 23,13%.<br />
Estudos anteriores envolvendo apenas terapia periodontal<br />
sem uso de antibióticos reportaram melhora apenas da<br />
condição periodontal (Seppala & Ainamo, 1994; Smith et al.,<br />
1996; Westfelt et al., 1996) enquanto estudos incluindo terapia<br />
antibiótica acompanhado de terapia periodontal reportaram<br />
melhora em ambos os índices, nos níveis de HbA1c e nos<br />
índices periodontais (Grossi et al., 1997; Iwamoto et al.,<br />
2001), entretanto nosso estudo confirma os achados de<br />
Kiran et al 2005. O achado mais significativo deste estudo<br />
é que os dados clínicos mostram a redução dos índices de<br />
HbA1c em pacientes diabéticos tipo 2 com terapia periodontal<br />
apenas. Nosso estudo sugere que a eliminação da infecção<br />
periodontal pela terapia periodontal reduz significativamente,<br />
em curto prazo os índices de HbA1c, melhorando então a<br />
diabetes e o controle metabólico.<br />
are polydipsia, polyuria, polyphagia and weight loss. Some<br />
authors suggested that periodontal treatment in diabetic<br />
patients may contribute to the reduction of blood glucose<br />
levels. The aim of this study was to investigate the effects<br />
of periodontal treatment using “full mouth disinfection”<br />
on glucose levels in type 2 diabetic non-insulin-dependent<br />
patients. A total of 20 individuals were randomly divided<br />
into experimental and control groups. The results of this<br />
study demonstrate that individuals with type 2 diabetes,<br />
insulin-dependent, which received non-surgical periodontal<br />
treatment, showed a significant reduction in levels of glycated<br />
hemoglobin after 3 months of therapy, while the control group<br />
did not show a statistically significant reduction. Data suggest<br />
a possible effect of periodontal therapy assistant in glycemic<br />
control in diabetic patients.<br />
UNITERMS: periodontitis, full-mouth, diabetes, glycemic<br />
control, glycated hemoglobin.<br />
Declaração de conflitos de interesse e fomento<br />
Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse<br />
e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />
CONCLUSÃO<br />
Os resultados deste estudo demonstram que:<br />
Indivíduos com diabetes tipo 2, não insulino dependentes,<br />
que receberam tratamento periodontal não cirúrgico, sem uso<br />
de antibióticos, apresentaram uma redução significante nos<br />
níveis de hemoglobina glicosilada após 3 meses de terapia.<br />
Os indivíduos do grupo controle não apresentaram uma<br />
redução estatisticamente significante.<br />
Dentro das limitações deste estudo, os dados sugerem<br />
um possível efeito adjunto da terapia periodontal no controle<br />
glicêmico de pacientes diabéticos.<br />
ABSTRACT<br />
Diabetes mellitus comprises a group of metabolic<br />
disorders that lead to hyperglycemia and its main symptoms<br />
40
R. Periodontia - 21(1):34-42<br />
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Saúde do Idoso. Ministério da Saúde: 1997.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Léo Guimarães Soares<br />
Praça Garcia, 99 - centro<br />
CEP: 25850-000 - Paraíba do Sul - RJ<br />
E-mail: dr_leog@hotmail.com<br />
42
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO<br />
CIRÚRGICO SOBRE O PERFIL LIPÍDICO DE PACIENTES<br />
PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />
The influence of non-surgical periodontal treatment on lipid profile of patients with chronic periodontitis<br />
Gabriela G. de Moraes 1 , Caroline Moura 2 , Marília da S. P. Bittencourt 3 , Marilisa L. F. Terezan 4<br />
RESUMO<br />
A periodontite crônica tem sido associada a alterações<br />
sistêmicas, entre elas as dislipidemias, que por sua<br />
vez apresentam relação direta com a aterosclerose. A<br />
proposta do presente estudo foi desenvolver um plano<br />
piloto para uma futura investigação sobre a influência<br />
do tratamento periodontal não cirúrgico sobre o perfil<br />
lipídico de pacientes portadores de periodontite crônica<br />
generalizada. Participaram do estudo oito indivíduos (5<br />
mulheres e 3 homens), com média de idade de 49,5 anos,<br />
portadores de periodontite crônica generalizada. Exames<br />
clínicos foram realizados para avaliação de Índice de Placa<br />
(IP), Índice Gengival (IG), Profundidade de Bolsa à Sondagem<br />
(PBS) e Nível de Inserção (NI). Foram também coletadas<br />
amostras de sangue, para a verificação de colesterol total<br />
e triglicerídeos antes e após 30 dias de terapia básica<br />
periodontal. Através da análise dos dados, não foram<br />
observadas alterações significativas nos valores de colesterol<br />
total (P= 0,3) e triglicerídeos (P= 0,06), apesar da melhora<br />
dos parâmetros clínicos, concluindo que neste grupo de<br />
pacientes, o tratamento periodontal não exerceu influência<br />
sobre o perfil lipídico.<br />
UNITERMOS: periodontite crônica, perfil lipídico.<br />
R Periodontia 2011; 21:43-48.<br />
1<br />
Mestranda em Periodontia da UFRJ<br />
2<br />
Mestranda em Periodontia da UERJ<br />
3<br />
Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />
4<br />
Coordenadora e Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />
Recebimento: 21/12/10 - Correção: 26/01/11 - Aceite: 23/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
Periodontite Crônica é uma doença infecciosa<br />
resultante da inflamação dos tecidos de suporte<br />
e perda progressiva da inserção conjuntiva. Seu<br />
início pode ocorrer em qualquer idade sendo,<br />
entretanto, mais prevalente em adultos (Academia<br />
Americana de Periodontia, 1999). Micro-organismos<br />
como Porphyromonas gingivalis, Prevotella<br />
intermedia, Tanerela forsythensis e Actinomyces<br />
actinomycetemcomitans são reconhecidos como<br />
os principais agentes etiológicos das periodontites.<br />
Suas endotoxinas, principalmente lipopolissacarídeos,<br />
provocam uma resposta mediada pelo hospedeiro com<br />
conseqüente destruição tecidual (Beck & Offenbacher,<br />
2001). A Periodontite era identificada como uma<br />
doença oral cuja resposta, associada à destruição<br />
tecidual, permanecia limitada ao periodonto. Recentes<br />
estudos têm indicado, no entanto, que a Periodontite<br />
pode produzir também alterações sobre a saúde<br />
sistêmica, incluindo Acidente Vascular Cerebral,<br />
Insuficiência Renal, Parto Prematuro (Iacopino &<br />
Cutler, 2000), Diabetes (Genco et al., 2005) e Doença<br />
Coronariana (Geismar et al., 2006).<br />
Atenção especial tem sido dada a possível<br />
43
R. Periodontia - 21(1):43-48<br />
relação entre periodontite e aterosclerose através do efeito<br />
causado pelas endotoxinas liberadas de patógenos e as<br />
citocinas de linfócitos e monócitos produzidas durante o<br />
processo infeccioso dessa doença sobre as paredes dos vasos<br />
sanguíneos, contribuindo para o processo de aterogênese e<br />
eventos tromboembolíticos (Beck et al., 2001). A Periodontite e<br />
suas citocinas pró-inflamatórias, também induzem mudanças<br />
na função das células imunes, promovendo desregulação<br />
do metabolismo de lipídios. A alteração no perfil lipídico de<br />
indivíduos portadores de Periodontite pode não ser somente<br />
explicado pelos hábitos comportamentais, mas talvez<br />
também pela presença de crônicos episódios de bacteremia<br />
e disseminação de endotoxinas (Iacopino & Cutler, 2000).<br />
A Periodontite pode estar associada ao aumento nos níveis<br />
de colesterol total, de lipoproteínas plasmáticas de baixa<br />
densidade (LDL) e de triglicerídeos (Löesche et al., 2000).<br />
Gallin et al. (1969) observaram elevações nos níveis de lipídios<br />
em pacientes com hepatite e infecção severa causada por<br />
bacilos gram negativos, quando comparados aos indivíduos<br />
saudáveis. Já Alvarez et al. (1986) observaram que pacientes<br />
com infecção apresentavam diminuição significante nas taxas<br />
de colesterol total, lipoproteína de alta intensidade (HDL),<br />
apoproteínas A e B, e aumento nas taxas de triglicerídeos (P<br />
< 0,05). Os autores encontraram também correlação positiva<br />
no decréscimo das concentrações de HDL e hipoalbuminemia,<br />
sugerindo uma via comum entre as duas anormalidades.<br />
Taxas de LDL e HDL reduzidas foram observadas por<br />
Sammalkorpi et al. (1988) durante a fase aguda de infecção<br />
viral relacionadas à severidade da infecção, independentes<br />
dos agentes infecciosos. Quanto aos triglicerídeos, Cutler et<br />
al. (1999) observaram que a presença de periodontite estava<br />
significantemente associada a níveis elevados (OR= 8.6, P =<br />
0,0009), assim como colesterol (OR = 7, P = 0,004) e elevada<br />
concentração de anticorpos para LPS de P. Gingivalis. Além<br />
disso, Iacopino et al. (2000) relataram que a periodontite<br />
eleva os níveis de lipídios, promovendo também aumento da<br />
infecção pela ação de citocinas pró-inflamatórias. Taxas de<br />
colesterol total (P < 0,03), LDL (P < 0,003) e triglicerídeos (P<br />
< 0,001) também foram observadas maiores em indivíduos<br />
com doença periodontal, quando comparados aos controles<br />
(Lösche et al., 2000).<br />
Katz et al. (2001) observaram importante associação<br />
do Índice Periodontal das Necessidades de Tratamento<br />
(CPITN) com hipercolesterolemia e uma possível associação<br />
com doença coronária. Segundo os autores, é possível<br />
a associação entre altos níveis de colesterol sanguíneo,<br />
inflamação periodontal crônica e aterosclerose. Ainda, Katz et<br />
al. (2002) relataram uma forte associação entre a existência<br />
de bolsas periodontais e níveis de lipídios plasmáticos, sem,<br />
no entanto, poder estabelecer causalidade. Craig et al. (2003)<br />
observaram taxas de colesterol total e LDL aumentadas<br />
em pacientes portadores de periodontite, concluindo que<br />
a doença periodontal destrutiva e a progressão da doença<br />
estão associadas aos componentes séricos presentes na<br />
resposta de fase aguda. Já Ide et al. (2003) não observaram<br />
mudanças nos níveis dos marcadores cardiovasculares em<br />
pacientes peridontais submetidos ao tratamento periodontal<br />
bem sucedido.<br />
Segundo Khovidhunkit et al. (2004), inflamação e infecção<br />
induzem a resposta de fase aguda. Alterações específicas<br />
nas concentrações de proteínas plasmáticas ocorrem<br />
concomitantemente com essa resposta, mediadas por<br />
citocinas, que também promovem alteração no metabolismo<br />
de lipídios. O aumento dos níveis de triglicerídeos, oxidação<br />
de LDL e lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e a<br />
transformação de HDL em molécula pró-inflamatória poderão<br />
ocorrer. Se prolongada a resposta de fase aguda, mudanças<br />
na estrutura e função das lipoproteínas poderão causar<br />
efeitos deletérios e contribuir para o desenvolvimento de<br />
condições como a aterosclerose. Além disso, D’ Aiuto et al.<br />
(2005) observaram que pacientes submetidos ao tratamento<br />
peridontal apresentaram reduções nos níveis de proteína C<br />
reativa e IL-6 assim como LDL.<br />
Machado et al. (2005) não observaram relação entre<br />
a doença periodontal, independente da intensidade, e a<br />
dislipidemia. Aumento significativo das taxas de colesterol total<br />
e triglicerídeos nos pacientes com periodontite (P = 0,045 e P<br />
= 0,016, respectivamente), foram relatados por Moeintaghayl<br />
et al. (2005), concluindo que a dislipidemia pode estar<br />
associada à periodontite em indivíduos saudáveis. No entanto,<br />
os autores enfatizam que não está claro se as mudanças<br />
observadas no metabolismo de lipídios são de fato a causa<br />
ou a consequência da periodontite. Além de dislipidemia (HDL<br />
mais baixo e LDL mais alto) citada anteriormente, aumento<br />
de contagem de células brancas e maiores níveis de glicose<br />
foram relatados por Nibali et al. (2007). Eles observaram que<br />
pacientes portadores de periodontite apresentavam um baixo<br />
grau de inflamação sistêmica, comparados aos controles<br />
periodontalmente saudáveis, sugerindo uma possível ligação<br />
entre a periodontite generalizada severa, a inflamação<br />
sistêmica e o estado de desequilíbrio metabólico. Enquanto<br />
isso, Oz et al. (2007) observaram decréscimo nas taxas de<br />
colesterol total e LDL do grupo submetido ao tratamento<br />
quando comparados seus valores iniciais e pós-tratamento.<br />
Fentoglu et al. (2009) obser varam que taxas de<br />
triglicerídeos, colesterol total e LDL-C foram significantemente<br />
mais altas no grupo dislipidêmico comparado ao grupo<br />
controle. Segundo os autores, é possível que a severidade e<br />
44
R. Periodontia - 21(1):43-48<br />
o pobre controle da dislipidemia possam afetar a severidade<br />
da doença periodontal. Monteiro et al. (2009) também<br />
relataram que os níveis de triglicerídeos e HDL de pacientes<br />
com periodontite eram significativamente mais altos e mais<br />
baixos respectivamente, quando comparados aos controles.<br />
Através desses resultados, os autores sugeriram uma possível<br />
associação entre a periodontite crônica e a doença coronária.<br />
Níveis altos de triglicerídeos foram igualmente verificados por<br />
Izumi et al. (2009) associados a um aumento da prevalência<br />
de periodontite em pacientes idosos não fumantes, enquanto<br />
que HDL e LDL podem apresentar diferentes efeitos sobre a<br />
doença periodontal.<br />
Desta forma, o objetivo deste estudo foi desenvolver um<br />
plano piloto para uma futura investigação sobre a influência<br />
do tratamento periodontal não cirúrgico sobre o perfil lipídico<br />
de pacientes portadores de periodontite crônica generalizada.<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram selecionados 8 pacientes, 5 mulheres e 3 homens<br />
(49,5 ± 9,0 anos), de raça indiferente, portadores de<br />
periodontite crônica generalizada. Todos apresentavam, no<br />
mínimo, 18 dentes e, pelo menos, 29 sítios com profundidade<br />
de bolsas acima de 4 mm. Nenhum dos participantes recebeu<br />
tratamento periodontal prévio nos últimos seis meses<br />
anteriores ao início do tratamento.<br />
Os pacientes foram selecionados pelos serviços de<br />
Triagem da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />
Estado do Rio de Janeiro (FO/UERJ) e encaminhados para<br />
tratamento na clínica de Especialização de Periodontia desta<br />
Faculdade. Os indivíduos foram informados sobre a natureza<br />
do estudo e assinaram um termo de consentimento. Este<br />
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do<br />
Hospital Universitário Pedro Ernesto (2407-CEP/HUPE – CAAE:<br />
0142.0.228.000.09).<br />
Indivíduos portadores de patologia sistêmica como<br />
diabetes, AIDS, doenças autoimunes e que tenham utilizado<br />
medicamentos de uso prolongado nos seis meses anteriores<br />
ao início do estudo ou muito frequentemente (mais de três<br />
vezes por ano) como antibióticos, anti-histamínicos, cortisona,<br />
hormônios, nifedipina e outros que possam ter efeitos<br />
adversos direto sobre o periodonto não foram incluídos no<br />
estudo.<br />
Os exames clínicos, realizados antes e 30 dias após o<br />
término do tratamento periodontal, consistiram de Índice de<br />
Placa (IP) de Silness & Löe (1964), Índice Gengival (IG) de Löe<br />
(1967), Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS) e Nível de<br />
Inserção (NI) à Sondagem. A avaliação da perda óssea foi feita<br />
através de radiografias periapicais. O exame periodontal foi<br />
realizado por um único examinador. As medidas de PBS e NI<br />
foram determinadas com uma sonda periodontal manual do<br />
tipo Williams (15mm com intervalos de 1mm) da marca Hu-<br />
Friedy®. As medidas foram realizadas em seis sítios de todos<br />
os dentes (mesio-vestibular, médio-vestibular, disto-vestibular,<br />
mesio-lingual, médio-lingual e disto-lingual).<br />
Previamente ao tratamento periodontal e 30 dias após o<br />
mesmo, os pacientes foram submetidos à coleta de 10ml de<br />
sangue periférico, depositado em tubo Vacuntainer contendo<br />
EDTA, através de punção venosa, após um jejum mínimo de<br />
12 horas.<br />
Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />
periodontal não-cirúrgico que consistiu de instrução de<br />
higiene oral, controle de placa, raspagem supragengival<br />
realizada por meio de instrumentos manuais (curetas do<br />
tipo McCall da marca Hu-Friedy®) e ultrassônicos (Cavitron,<br />
Dentsply®), raspagem subgengival e alisamento radicular<br />
realizada somente através de instrumentos manuais (curetas<br />
do tipo Gracey da marca Hu-Friedy® e limas de Hirshfeld da<br />
marca Hu-Friedy®). Todo o tratamento foi realizado por um<br />
único operador.<br />
Consulta para reavaliação foi feita 30 dias após o término<br />
do tratamento. Novas medidas de PBS e NI foram realizadas.<br />
Os índices de placa (IP) e gengival (IG) também foram<br />
registrados. Raspagem supragengival, polimento coronário<br />
e reforço das medidas de higiene oral foram executados,<br />
quando necessário.<br />
As amostras de sangue foram colhidas para obtenção<br />
do colesterol total (COL), o colesterol HDL, o colesterol<br />
LDL, o colesterol VLDL e os triglicerídeos através do método<br />
colorimétrico-enzimático (Automação, MODULAR Roche).<br />
A análise estatística foi realizada através do teste T de<br />
Fischer, usado para comparar valores obtidos nos diferentes<br />
exames clínicos (inicial e 30 dias). O nível de significância<br />
foi determinado em 5% (p < 0,05). Os valores obtidos nos<br />
resultados estatísticos das amostras foram aproximados para<br />
uma casa decimal após a vírgula.<br />
RESULTADOS<br />
Quando os valores médios (± desvio padrão) do IP e<br />
IG, iniciais e pós-tratamento, dos 8 pacientes selecionados,<br />
foram comparados, foi possível verificar melhora estatística<br />
(P = 0,003 e P = 0,01, respectivamente). Profundidade de<br />
Bolsa à Sondagem entre 1-3 mm sofreu aumento significativo<br />
(P = 0,01), enquanto que as de 4-6mm sofreram redução<br />
significativa (P = 0,01). Não foram observadas alterações<br />
significativas nos demais parâmetros clínicos, conforme<br />
tabela 1<br />
45
R. Periodontia - 21(1):43-48<br />
Tabela 1<br />
Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />
Número de Dentes 24,9 (± 4,7) 24 (± 5,3) 0,3<br />
Número de sítios 149,2 (± 28,2) 144 (± 32) 0,3<br />
% de sítios com IP=2 63,2 (± 16,5) 31,5 (± 22,4) 0,003<br />
% de sítios com IG=2 45,9 (± 21,5) 25,5 (± 12,0) 0,01<br />
% de sítios com PBS entre 1 - 3 mm 53 (± 17,0) 74,9 (± 17,2) 0,01<br />
% de sítios com PBS entre 4-6 mm 40,4 (± 13,8) 22,1 (± 15) 0,01<br />
% de sítios com PBS=7 mm 6,9 (± 7,7) 3 (± 2,7) 0,09<br />
% de sítios com PBS entre 4-6 mm 44 (± 12) 32,3 (± 19,8) 0,08<br />
% de sítios com PBS=7 mm 11,1 (± 9,6) 6,5 (± 5,9) 0,1<br />
Colesterol total (mg/dl) 200,5 (± 44,2) 191,9 (± 32,9) 0,3<br />
Triglicerídeos (mg/dl) 83,4 (± 31,4) 127,6 (± 72,9) 0,06<br />
Tabela 1 – Número de dentes e sítios, porcentagem de sítios com Índice de Placa (IP), Índice Gengival (IG), Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS) de 1 à 3mm, 4 e 6mm, e ≥ 7mm, porcentagem<br />
de sítios com Nível de Inserção (NI) de 4 à 6mm , ≥ 7mm, e dados hematológicos iniciais e pós-tratamento (30dias) (n=8).<br />
DISCUSSÃO<br />
A dislipidemia, doença metabólica caracterizada por<br />
níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no<br />
sangue, frequentemente acompanha infecções e doenças<br />
inflamatórias. Pacientes portadores de periodontite tendem<br />
a apresentar uma dislipidemia, identificada por um HDL<br />
mais baixo e LDL mais alto, quando comparados a controles<br />
periodontalmente saudáveis (Nibali et al., 2007). Neste<br />
trabalho não foram observadas diferenças significativas (P<br />
> 0,05) nos níveis de colesterol total e triglicerídeos entre<br />
pacientes portadores de periodontite. Por outro lado, estudos<br />
mostram que indivíduos que apresentam dislipidemia possuem<br />
valores maiores de profundidade de bolsa, nível de inserção<br />
e sangramento a sondagem (Fentoglu et al., 2009). Altos<br />
níveis de triglicerídeos também estão associados a uma maior<br />
prevalência de periodontite em pacientes idosos não fumantes<br />
(Izumi et al., 2009). Apesar dessas informações, Machado<br />
et al., (2005) observaram que, independente da severidade<br />
da doença periodontal, não existe correlação significativa<br />
entre esta patologia e a dislipidemia. Esta discrepância de<br />
dados, segundo esses autores, justifica-se pela dificuldade<br />
metodológica associada a um grande número de variáveis<br />
envolvidas, como hábitos de alimentação, atividade física,<br />
condições sócio-econômicas, obesidade, idade e estresse.<br />
Também, segundo Loesche et al., (2000) a complexidade do<br />
metabolismo de lipídios e a variedade de seus parâmetros<br />
contribuem para a diversidade de resultados.<br />
Infecções agudas são conhecidas por interferirem no<br />
metabolismo de lipídios e triglicerídeos plasmáticos, (Alvarez<br />
C. et al., 1986). Indivíduos que apresentam infecções severas<br />
possuem aumento nos níveis de lipídios, quando comparados<br />
aos controles saudáveis. A dislipidemia observada em<br />
pacientes com infecções causadas por bactérias não pode<br />
ser explicada por nenhuma característica especial quanto<br />
ao estado clínico do paciente (Gallin et al., 1969). A doença<br />
periodontal destrutiva e sua progressão também estão<br />
associadas aos componentes séricos presentes na resposta<br />
de fase aguda (Craig et al., 2003). D´Aiuto et al., (2005)<br />
mostraram que a periodontite é capaz de causar inflamação<br />
sistêmica moderada em indivíduos sistemicamente saudáveis.<br />
Durante a periodontite, a presença de patógenos<br />
subgengivais provoca uma resposta inflamatória local<br />
representada pela formação de um infiltrado inflamatório<br />
crônico caracterizado por exudato e migração de um<br />
grande número de leucócitos que fazem parte da primeira<br />
linha de defesa do hospedeiro. Essa resposta inflamatória<br />
é ampliada pela produção de citocinas pró-inflamatórias e<br />
prostaglandinas. A liberação dessas substâncias na circulação<br />
sanguínea estimula maior recrutamento de mediadores<br />
46
R. Periodontia - 21(1):43-48<br />
inflamatórios e leucócitos para o sítio da infecção, induzem<br />
alterações no metabolismo de lipídios, como aumento de<br />
LDL e de triglicerídeos, da lipogênese hepática e da lipólise<br />
do tecido adiposo ou reduzem “limpeza” sanguínea (Iacopino<br />
et al., 2000).<br />
Alvarez C. et al., (1986) mostraram que níveis de colesterol<br />
total, LDL e HDL diminuem durante as infecções virais e<br />
bacterianas podendo estar relacionados ao aumento da<br />
permeabilidade vascular durante o processo inflamatório.<br />
Em contrapartida, Sammalkorpi et al., (1988) demonstram<br />
que muitas vezes essas alterações estão mais associadas<br />
a severidade da infecção do que aos agentes infecciosos<br />
propriamente ditos. Katz et al., (2002) observaram que<br />
níveis de colesterol total e LDL são mais altos em pacientes<br />
com periodontite, quando comparados aos pacientes com<br />
periodonto saudável, enquanto que Machado et al., (2005)<br />
não observaram diferença significativa entre concentrações<br />
de colesterol total, triglicerídeos, HDL e LDL entre indivíduos<br />
saudáveis e com periodontite. Por outro lado, na periodontite<br />
o recrutamento de leucócitos polimorfonucleares estimulado<br />
pelos LPS de Porphyromonas gingivalis poderá elevar as<br />
taxas de triglicerídeos, capazes de modular a produção de<br />
IL- 1β (Cutler et al., 1999). Katz et al., (2002) demonstraram<br />
associação entre níveis de lipídios sanguíneos, presença de<br />
bolsas periodontais e altos níveis de triglicerídeos.<br />
Uma forte associação estatística positiva entre a existência<br />
de bolsas periodontais e níveis de lipídios plasmáticos<br />
suportam a ligação entre o aumento da prevalência da<br />
mortalidade cardiovascular entre pacientes com doença<br />
periodontal (Katz et al., 2002). Do mesmo modo, pacientes<br />
com doença coronária apresentam altos níveis de colesterol<br />
sanguíneo, associados à inflamação periodontal crônica e a<br />
aterosclerose (Katz et al., 2001). Apesar dessas afirmações,<br />
têm-se obser vado que em alguns casos de doença<br />
coronária existem valores mais baixos ou insignificantes<br />
de HDL, LDL, triglicerídeos e pressão sanguínea quando<br />
comparados aos controles saudáveis (Machado et al.,<br />
2005). Por outro lado, elevação nas taxas de colesterol total<br />
e triglicerídeos, caracterizando o processo de dislipidemia,<br />
poderá estar associado à periodontite em indivíduos<br />
saudáveis, aumentando o risco para doença cardiovascular<br />
(Löesche et al., 2000). Ainda existem dúvidas se a doença<br />
periodontal pode provocar um aumento da dislipidemia ou se<br />
a doença periodontal e a doença cardiovascular compartilham<br />
a dislipidemia como um fator de risco em comum (Löesche<br />
et al., 2000).<br />
A melhora da saúde periodontal através de tratamento<br />
poderá não influenciar nos níveis de marcadores vasculares,<br />
como as IL-6 e IL-8 (Ide M et al., 2003). Todavia, D’Aiuto et<br />
al., (2005) observaram redução nos níveis de IL-6 e Proteína<br />
C Reativa (PCR) em pacientes sob tratamento comparados<br />
a controles sem tratamento. A terapia periodontal poderá<br />
provocar decréscimo nas taxas de colesterol total e LDL em<br />
grupo de pacientes com periodontite crônica severa quando<br />
seus valores iniciais e pós-tratamento são comparados.<br />
Oz et al. (2007), no entanto mostraram que o tratamento<br />
periodontal não exerceu influência significativa (P > 0,05) nos<br />
níveis de colesterol total e triglicerídeos entre as fases pré e<br />
pós – tratamento, apesar da melhora dos parâmetros clínicos<br />
periodontais (P< 0,05).<br />
Considerando a diversidade dos poucos estudos<br />
desenvolvidos, assim como diferentes hábitos de alimentação<br />
e populações estudadas, novas pesquisas são necessárias<br />
para estabelecer as reais mudanças sistêmicas causadas pela<br />
periodontite, em especial sobre o metabolismo de lipídios<br />
(Machado et al., 2005).<br />
CONCLUSÃO<br />
Através desses resultados, observou-se que neste grupo<br />
de pacientes portadores de periodontite crônica generalizada<br />
o tratamento periodontal não cirúrgico não exerceu influência<br />
sobre o perfil lipídico.<br />
ABSTRACT<br />
Chronic periodontitis, has been associated to systemic<br />
changes, including dyslipidemia, which is directly related to<br />
atherosclerosis. The purpose of this study was to develop a<br />
master plan for future research about the influence of nonsurgical<br />
periodontal treatment on the lipid profile of patients<br />
with chronic periodontitis. Eight subjects (5 women and 3<br />
men) with a mean age of 49.5 years. Clinical examinations<br />
were performed for evaluation of Plaque Index (PI), Gingival<br />
Index (GI), Pocket Probing Depth (PPD) and Attachment<br />
Level (AL). We also collected blood samples for checking<br />
total cholesterol and triglycerides before and after 30 days<br />
of basic therapy. By analyzing data, there were no significant<br />
changes in total cholesterol (P=0.3) and triglycerides (P=0.06),<br />
despite improvement in clinical parameters, concluding that<br />
in this group of patients, lipid profile was not influenced by<br />
periodontal treatment.<br />
UNITERMS: chronic periodontitis, lipid profile.<br />
47
R. Periodontia - 21(1):43-48<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Gabriela G. de Moraes<br />
E-mail: moraesgabriela36@yahoo.com.br<br />
48
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
REDUÇÃO DO ÍNDICE DE CÁLCULO SUPRAGENGIVAL:<br />
DENTIFRÍCIO ANTICÁLCULO VERSUS DENTIFRÍCIO<br />
CONVENCIONAL<br />
Reduction in supragingival calculus index: anti-calculus dentifrice versus conventional dentifrice<br />
Bruna de Carvalho Farias 1 , Felipe Bravo Machado de Andrade 1 , Valma Maria Lins Gondim 2 , Renata de Souza Coelho Soares 3 ,<br />
Estela Santos Gusmão 4 , Renata Cimões 5<br />
RESUMO<br />
O presente estudo clínico randomizado simples-cego,<br />
analisou um dentifrício anticálculo a base de pirofosfato<br />
tetrassódico comparado a um dentifrício convencional. O<br />
estudo foi realizado em 26 participantes, de ambos os sexos<br />
os quais apresentavam cálculo supragengival em todos os<br />
dentes anteriores inferiores registrado pelo índice de Volpe et<br />
al (1965). Os participantes foram divididos em dois grupos:<br />
teste e controle. Após registro do índice de cálculo, os<br />
indivíduos receberam tratamento periodontal convencional,<br />
orientação de higiene bucal quanto ao uso do fio dental<br />
e do dentifrício (2 escovações diárias) por um período de<br />
16 semanas, e alertados quanto à proibição da utilização<br />
de outros métodos de higiene no decorrer do estudo.<br />
Não se observou diferença estatisticamente significante<br />
entre o dentifrício anticálculo e o dentifrício controle sob<br />
as condições experimentais aplicadas no presente estudo.<br />
Portanto, pode-se inferir que a concentração do pirofosfato<br />
tetrassódico no dentifrício experimental avaliado não foi<br />
suficiente para obter benefícios significativos na redução<br />
do acúmulo de cálculo supragengival.<br />
UNITERMOS: cálculos dentários, dentifrícios. R<br />
Periodontia 2011; 21:49-54.<br />
1<br />
Doutorando(a) em Odontologia UFPE<br />
2<br />
Especialista em Periodontia UFPE<br />
3<br />
Profa. Adjunto Doutora de Periodontia na UFPB<br />
4<br />
Profa. Adjunto Doutora do Depto. Medicina Oral FOP-UPE<br />
5<br />
Profa. Adjunto Doutora do Depto. Prótese e Cirurgia Buco Facial UFPE<br />
Recebimento: 24/01/11 - Correção: 04/02/11 - Aceite: 23/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
A doença periodontal tem como agente etiológico<br />
de maior determinação para o seu desenvolvimento<br />
uma microbiota bacteriana periodontopatogênica<br />
aderida à superfície dentária, denominada biofilme<br />
dental. A presença constante deste biofilme<br />
normalmente sofre um processo de calcificação ou<br />
mineralização, formando o cálculo ou tártaro dentário,<br />
que assim como o biofilme pode ser localizado acima<br />
(supragengival) ou abaixo (subgengival) da margem<br />
gengival (Addy & Moran, 1997; Lang et al 2005).<br />
Existem várias teorias explicativas e sugestivas<br />
de como ocorre o processo de mineralização ou<br />
calcificação, sendo os mais conhecidos: o núcleo inicial<br />
de mineralização e o crescimento do cristal, onde a<br />
nucleação do cálcio e fosfato pode ser homogênea<br />
(ocorre em condições experimentais) ou heterogênea<br />
que ocorre dentro das variáveis biológicas do processo<br />
de calcificação, com o biofilme dental formando o<br />
ambiente para que a nucleação dos cristais de fosfato<br />
de cálcio ocorra (Roberts-Harry & Clerehugh, 2004).<br />
O diagnóstico do cálculo supragengival é<br />
realizado por meio da inspeção visual e através da<br />
sondagem clínica. Os depósitos são mais prevalentes<br />
49
R. Periodontia - 21(1):49-54<br />
e próximos aos ductos excretores das glândulas salivares<br />
parótidas, sublinguais e submandibulares, estando, portanto,<br />
com mais frequência nas superfícies linguais dos dentes<br />
anteriores inferiores e vestibulares dos molares superiores. Sua<br />
quantificação para efeito de controle clínico e para pesquisas<br />
é realizada por meio de vários índices, sendo, no entanto, o<br />
índice de cálculo de Volpe et al (1965), o mais empregado<br />
nas pesquisas epidemiológicas e clínicas.<br />
Normalmente, os dentifrícios são utilizados em<br />
combinação com a escovação dentária com o objetivo<br />
de facilitar a remoção do biofilme dental, e como agentes<br />
preventivos e terapêuticos. Existem no mercado várias marcas<br />
de dentifrícios especificados como anticálculo, onde é incluído<br />
nas suas formulações vários agentes, sendo o principal<br />
elemento o pirofosfato monofásico e de dupla fase.<br />
De acordo com as pesquisas estas substâncias são<br />
capazes de inibir a nucleação e o crescimento de cristais de<br />
fosfato de cálcio, em torno de 15 a 50% (Yiu & Wei, 1993;<br />
Sowinski, 2000; Liu et al, 2002; LeGeros, 2003; Van der<br />
Weijden et al, 2005).<br />
A presente pesquisa teve como objetivo testar um<br />
dentifrício anticálculo a base de pirofosfato, a fim de verificar<br />
a ação do mesmo num período experimental de 30, 60 e 90<br />
dias, comparativamente a um dentifrício convencional.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
A pesquisa foi realizada em 26 pacientes, sendo 10 do<br />
sexo masculino e 16 do sexo feminino, cuja faixa etária variou<br />
de 13 a 50 anos, inscritos para tratamento na clínica do curso<br />
de Especialização em Periodontia da Universidade Federal de<br />
Pernambuco (UFPE). A presente pesquisa foi aprovada pelo<br />
Comitê de Ética da UPE parecer nº 032/05.<br />
O critério de inclusão estabelecido pela pesquisa foi que<br />
os pacientes deveriam apresentar todos os dentes anteriores<br />
inferiores com presença de cálculo supragengival na região<br />
lingual, registrado pelo índice de Volpe et al (1965). Foram<br />
excluídos os pacientes que apresentavam doença sistêmica;<br />
estavam fazendo uso de qualquer tipo de medicação<br />
sistêmica; pacientes fumantes; fazendo uso de antissépticos<br />
bucais e dentifrícios medicamentosos; respiradores bucais;<br />
que usavam aparelho ortodôntico fixo; que apresentavam<br />
alterações nos níveis dos hormônios sexuais (menopausa);<br />
estavam em período gestacional, e os que tinham nos dentes<br />
restaurações e coroas protéticas.<br />
O índice determinado para esta pesquisa teve como<br />
princípio de diagnóstico a realização da medição do cálculo<br />
supragengival com uma sonda periodontal milimetrada, em<br />
três sítios da superfície lingual, ou seja: médio lingual, mésio<br />
lingual, disto lingual, nos dentes anteriores inferiores. Após<br />
a obtenção das medidas em milímetros, correspondentes a<br />
cada dente, essas foram somadas entre si, obtendo-se o total<br />
de cálculo da área examinada.<br />
Após determinação das medidas, todos os pacientes<br />
receberam raspagem e alisamento da região com raspadores<br />
manuais e em seguida polimento dental, considerando<br />
o momento “zero”, que se deu início ao experimento.<br />
Receberam orientação para realizar 2 escovações diárias<br />
(manhã e noite) com os correspondentes dentifrícios (teste<br />
e controle), por um minuto e utilizar o fio dental na mesma<br />
frequência da escovação. Todos os participantes receberam<br />
um kit contendo uma escova dentária, marca Colgate<br />
Professional®, cabeça pequena com cerdas macias, dois<br />
dentifrícios, respectivos a cada grupo e um estojo de fio dental<br />
com 100 metros. Foram instruídos, através de demonstração,<br />
em relação à quantidade de dentifrício a ser utilizada, que<br />
correspondeu ao comprimento das cerdas, e receberam<br />
orientações prática de como realizar a escovação.<br />
O dentifrício teste Máxima Proteção Anticáries®<br />
(Colgate) tinha como composição: 1450 ppm de Flúor,<br />
Carbonato de Cálcio, Lauril Sulfato de Sódio, Sacarina<br />
Sódica, Pirofosfato Tetrassódico, Silicato de Sódio, Sorbitol,<br />
Carboximetilcelulose, Metilparabeno, Propilparabeno, Aroma,<br />
Água e Monofluorfosfato. Já o dentifrício controle Tripla<br />
Ação® (Colgate) era composto de: 1,1% de Monofluorfosfato<br />
de Sódio, Água, Carbonato de Cálcio, Sorbitol, Lauril Sulfato de<br />
Sódio, Sabor, Goma de Celulose, Silicato de Sódio, Bicarbonato<br />
de Sódio, Sacarina Sódica, Goma Xantan, Metilparabeno.<br />
Os 26 participantes foram divididos equitativamente<br />
em dois grupos, assim distribuídos: grupo teste com 13<br />
participantes que utilizaram o dentifrício anticálculo duas vezes<br />
ao dia, por um período de 30, 60 e 90 dias; grupo controle<br />
com 13 participantes que utilizaram o dentifrício convencional<br />
obedecendo aos mesmos critérios do experimental.<br />
Os dados obtidos de cada mensuração através do índice<br />
foram submetidos a testes estatísticos (análise descritiva e<br />
inferencial). Para análise dos dados foram obtidas distribuições<br />
absolutas e percentuais e as medidas estatísticas: média,<br />
mediana, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo.<br />
Utilizou-se os testes t-Student com variâncias iguais ou<br />
desiguais, F (NOVA) para medidas repetidas incluindo<br />
as correções dos graus de liberdade Greenhouse-Geiser,<br />
e no caso da comprovação de diferenças significantes<br />
entre os tempos de avaliação foram utilizados os testes<br />
de comparações pareadas de Bonferroni. A verificação da<br />
hipótese de igualdade de variância foi realizada através do<br />
teste F de Levene. O nível de significância utilizado nos testes<br />
foi de 5%.<br />
50
R. Periodontia - 21(1):49-54<br />
RESULTADOS<br />
Foi constatado no presente estudo que a maioria dos<br />
participantes era do sexo feminino, sendo mais prevalente<br />
em ambos os grupos, embora mais elevado no grupo teste<br />
(69,2%) do que no grupo controle (53,8%). As médias de idade<br />
foram aproximadas entre os dois grupos (35,15) e (36,23),<br />
respectivamente.<br />
Na Tabela 1 apresenta-se a média e o desvio padrão do<br />
acúmulo de cálculo supragengival por superfície, por grupo e<br />
tempo de avaliação e os resultados dos testes comparativos<br />
entre: os grupos para cada superfície e tempo de avaliação;<br />
entre os tempos de avaliação para cada grupo e superfície.<br />
A maior diferença entre as médias de cada superfície e do<br />
tempo de avaliação ocorreu na avaliação inicial da superfície<br />
disto lingual com valor 0,12 mais elevado no grupo teste do<br />
que no grupo controle (1,13 x 1,01), não se comprovando<br />
diferença significante entre os grupos para nenhuma das<br />
superfícies e os tempos de avaliações. A média foi mais elevada<br />
em cada um dos grupos e das superfícies no período da<br />
avaliação inicial do que nas demais avaliações, sendo menos<br />
elevada na avaliação com 30 dias, seguido da avaliação com<br />
60 dias e 90 dias. Comprovou-se diferença significante entre<br />
os tempos de avaliação para cada uma das superfícies e<br />
grupos e pelos testes de comparações pareadas de Bonferroni,<br />
observou-se diferença significante entre: a avaliação inicial<br />
com cada uma das avaliações e entre a avaliação de 30<br />
dias com a avaliação de 90 dias na superfície médio lingual<br />
do grupo teste; entre a avaliação inicial com cada uma das<br />
avaliações nas superfícies mésio lingual e disto lingual do<br />
grupo teste; e entre a avaliação inicial e final com cada uma<br />
das outras duas avaliações do grupo controle em cada uma<br />
das superfícies pesquisadas.<br />
Tabela 1<br />
Média e desvio padrão do acúmulo de cálculo supragengival por avaliação e grupo, segundo a superfície dentária.<br />
Grupo<br />
Superfície Avaliação Teste Controle Valor de p<br />
Média ± DP<br />
Média ± DP<br />
Médio lingual Inicial 1,08 ± 1,58 (A) 1,13 ± 1,05 (A) p(1) = 0,789<br />
30 dias 0,39 ± 0,94 (B) 0,40 ± 0,59 (B) p(1) = 0,959<br />
60 dias 0,46 ± 0,98 (BC) 0,44 ± 0,59 (B) p(1) = 0,882<br />
90 dias 0,51 ± 1,05 (C) 0,53 ± 0,61 (C) p(1) = 0,889<br />
Valor de p p (3) < 0,001* P (3) < 0,001*<br />
Mésio lingual Inicial 1,21 ± 1,43 (A) 1,17 ± 1,16 (A) p(2) = 0,853<br />
30 dias 0,35 ± 0,59 (B) 0,35 ± 0,55 (B) p(2) = 1,000<br />
60 dias 0,41 ± 0,63 (B) 0,40 ± 0,53 (B) p(1) = 0,945<br />
90 dias 0,47 ± 0,71 (B) 0,49 ± 0,53 (C) p(2) = 0,899<br />
Valor de p p (3) < 0,001* P (3) < 0,001*<br />
Disto lingual Inicial 1,13 ± 1,49 (A) 1,01 ± 1,07 (A) p(1) = 0,5795<br />
30 dias 0,29 ± 0,58 (B) 0,33 ± 0,59 (B) p(2) = 0,6815<br />
60 dias 0,35 ± 0,66 (B) 0,38 ± 0,59 (B) p(2 = 0,7489<br />
90 dias 0,40 ± 0,76 (B) 0,49 ± 0,56 (C) p(1) = 0,4349<br />
Valor de p p (3) < 0,001* p (3) < 0,001*<br />
(*): Diferença significante a 5,0%.<br />
(1): Através do teste t-Student com variâncias desiguais.<br />
(2): Através do teste t-Student com variâncias iguais.<br />
(3): Através do teste F(ANOVA) para medidas repetidas.<br />
Obs. Se as letras entre parêntesis são todas distintas existe diferença significante entre os tempos de avaliação correspondentes em cada grupo através do teste de Bonferroni.<br />
51
R. Periodontia - 21(1):49-54<br />
A média do acúmulo de cálculo supragengival mais<br />
elevada ocorreu na avaliação inicial, enquanto a menos<br />
elevada foi observada na avaliação com 30 dias. Houve um<br />
aumento no valor da média da avaliação de 30 para 60 dias<br />
e de 60 para 90 dias. A maior diferença no valor da média<br />
entre os grupos ocorreu na avaliação com 90 dias com valor<br />
0,12 mais elevado no grupo controle (1,38 no grupo teste<br />
e 1,50 no grupo controle), entretanto não se comprovou<br />
diferença estatisticamente significante entre os grupos para<br />
nenhuma das avaliações. Observou-se diferença significante<br />
entre os tempos de avaliação em cada um dos grupos,<br />
assim como também se verificou diferença no grupo teste<br />
entre a avaliação inicial com cada uma das avaliações e<br />
entre a avaliação de 30 com de 90 dias. No grupo controle,<br />
com exceção das avaliações de 30 e de 60 dias, observouse<br />
diferença estatisticamente significante entre as demais<br />
avaliações (Tabela 2).<br />
Tabela 2<br />
Média e desvio padrão do acúmulo de cálculo supragengival por avaliação e grupo.<br />
Grupo<br />
Avaliação Teste Controle Valor de p<br />
Média ± DP<br />
Média ± DP<br />
Inicial 3,41 ± 4,41 (A) 3,31 ± 3,08 (A) P(1) = 0,8748<br />
30 dias 1,03 ± 1,96 (B) 1,08 ± 1,60 (B) P(2) = 0,8558<br />
60 dias 1,22 ± 2,10 (BC) 1,22 ± 1,55 (B) P(1) = 0,9827<br />
90 dias 1,38 ± 2,32 (C) 1,50 ± 1,52 (C) P(1) = 0,7144<br />
Valor de p p (3) < 0,001* p (3) < 0,001*<br />
(*): Diferença significante a 5,0%.<br />
(1): Através do teste t-Student com variâncias desiguais.<br />
(2): Através do teste t-Student com variâncias iguais.<br />
(3): Através do teste F(ANOVA) para medidas repetidas.<br />
Obs. Se as letras entre parêntesis são todas distintas existe diferença significante entre os tempos de avaliação correspondentes em cada grupo através do teste de Bonferroni.<br />
DISCUSSÃO<br />
A formação do cálculo dental supragengival é<br />
consequência da mineralização ou calcificação do biofilme<br />
dental com participação de vários elementos, acrescido, ainda<br />
pela saliva (Lang et al, 2005). Destacam-se os componentes<br />
orgânicos e inorgânicos, onde os principais inorgânicos são o<br />
fosfato de cálcio e a hidroxiapatita (LeGeros, 2003).<br />
Agentes anticálculo (pirofosfato, triclosan, citrato de<br />
zinco) estão sendo incorporados aos dentifrícios comerciais<br />
para controlar o cálculo supragengival. A hipótese testada<br />
por LeGeros (2003) afirma que estes agentes não inibem<br />
totalmente a sua formação, no entanto podem afetar<br />
a composição do componente inorgânico do cálculo.<br />
A relevância desta alteração composicional é que pode<br />
afetar tanto a solubilidade como a estabilidade do mesmo.<br />
Os benefícios obtidos com o uso frequente de dentifrício<br />
anticálculo vão além da redução da sua formação, uma<br />
vez que auxiliam o profissional durante o ato da raspagem,<br />
diminuindo o número de movimentos e a força aplicada<br />
(White et al, 1996a) .<br />
Na revisão sistemática realizada por Netuvelli & Sheiham<br />
(2004), observou-se que dentifrícios anticálculo podem ter<br />
variação na sua efetividade dependendo do seu agente ativo<br />
e de sua concentração.<br />
Nesta pesquisa comparou-se a eficácia na redução da<br />
formação do cálculo supragengival do dentifrício Máxima<br />
Proteção Anticáries® (Colgate), contendo o pirofosfato<br />
tetrassódico, com a do dentifrício Tripla Ação® (Colgate),<br />
apenas com o flúor, onde os mesmos apresentaram um<br />
padrão semelhante de atuação na redução dos índices de<br />
cálculo inicial e final.<br />
A menor média de redução em cada grupo foi registrada<br />
na avaliação de 30 dias, ocorrendo em seguida um aumento<br />
no valor médio de 30 para 60 dias e de 60 para 90 dias. O<br />
procedimento de raspagem realizado na primeira fase da<br />
pesquisa, juntamente com a orientação de higiene bucal<br />
dada aos pacientes e a efetivação desta pelos mesmos neste<br />
período, pode explicar a significativa queda no índice após<br />
o período de 30 dias. Entretanto, com o prosseguimento<br />
do estudo não se observou continuidade na diminuição do<br />
acúmulo de cálculo nas avaliações com 60 e 90 dias, podendo<br />
52
R. Periodontia - 21(1):49-54<br />
este fato estar associado à dificuldade de manutenção do<br />
padrão ideal de higiene bucal pelos pacientes com o passar<br />
do tempo.<br />
Assim como Cohen et al (1994), os quais compararam<br />
o dentifrício à base de nitrato de potássio a 5%, pirofosfato<br />
a 1,3% solúvel e 1,5% de copolímero com o dentifrício com<br />
0,243% fluoreto de sódio e sílica, diversos outros autores<br />
comprovaram a eficácia da atividade anticálculo dos dentifrícios<br />
à base de pirofosfato: Banoczy et al (1995) analisaram o<br />
dentifrício com pirofosfato a 1,3% solúvel com outro apenas<br />
com flúor; Bollmer et al (1995) utilizaram o dentifrício com<br />
3,3% de pirofosfato comparado a um convencional apenas<br />
com flúor; White et al (1996a) compararam o pirofosfato a<br />
5% com o 5% de pirofosfato e 0,28% de triclosan e ainda<br />
com um terceiro dentifrício apenas com flúor; White et<br />
al (1996b) estudaram o dentifrício com pirofosfato a 5%<br />
e outro contendo a associação de 1,3% de pirofosfato e<br />
1,5% copolímero gantrex; Liu et al (2002) compararam o<br />
hexametafosfato de sódio a 7% com um dentifrício apenas<br />
com flúor e outro com triclosan. Apesar dos estudos descritos<br />
terem obtidos resultados significantes quanto à eficácia dos<br />
dentifrícios à base de pirofosfato, na presente pesquisa não<br />
se verificou diferenças estatisticamente significantes, quanto<br />
ao uso do dentifrício Máxima Proteção Anticáries, contendo<br />
pirofosfato tetrassódico, com a utilização do dentifrício Tripla<br />
Ação, com apenas flúor.<br />
A não efetividade significativa entre os dois dentifrícios<br />
empregados nesta pesquisa conduz a uma análise quanto<br />
às variáveis: ausência da concentração do agente ativo<br />
(pirofosfato tetrassódico) descrita na embalagem do dentifrício<br />
teste e a adequação do tempo de uso do mesmo. A literatura<br />
relata que os dentifrícios mais efetivos possuem maior<br />
concentração de pirofosfatos (7%, 5%, 3,3%), assim como<br />
os que contêm associação do pirofosfato com o copolímero<br />
(Gantrex), e que o benefício aumenta com um período mais<br />
prolongado de uso (6 a 12 meses) (Liu et al, 2002; Netuveli<br />
& Sheiham, 2004).<br />
Diante das análises realizadas neste estudo, pode-se<br />
inferir que a concentração do pirofosfato tetrassódico no<br />
dentifrício experimental avaliado, provavelmente não foi<br />
significativo, comparativamente a literatura pesquisada,<br />
para obter benefícios na redução do acúmulo de cálculo<br />
supragengival. Além disso, sugere-se que a manutenção do<br />
padrão de higiene bucal realizada pelos participantes, pode<br />
ter sido falha ao longo da pesquisa, variável esta de extrema<br />
importância na obtenção dos resultados, quando se exige um<br />
autocontrole efetivo do biofilme dental e consequentemente<br />
do cálculo dentário.<br />
CONCLUSÃO<br />
Através do presente estudo pode-se concluir:<br />
Os índices iniciais de cálculos foram semelhantes nos<br />
dois grupos com a média de 3,4 no grupo teste e 3,3 no<br />
grupo controle;<br />
Não houve interferência das variáveis sexo e idade,<br />
entre os grupos, nos resultados obtidos, em ambos houve<br />
a prevalência do sexo feminino e a média de idade foi de 30<br />
anos;<br />
Não se verificou diferença significante entre os dentifrícios<br />
anticálculo e convencional nos períodos avaliados.<br />
ABSTRACT<br />
The present single-blind, randomized clinical study,<br />
analyze a commercially avaliable anti-calculus dentifrice,<br />
containig tetrasodium pyrosphosphate, in contrast with<br />
another conventional dentifrice. The study was conducted on<br />
26 adults subjects, from both sexes that showed supragingival<br />
calculus on all their anterior mandibular teeth quantified<br />
by the Volpe et al (1965). The subject was divided in two<br />
groups, test and control. After recording calculus index, the<br />
subject received conventional periodontal treatment, as well<br />
instruction about the use of dental floss and the dentifrice<br />
(twice daily) for a period of 16 weeks, and also was forbidden<br />
to use any other hygiene method during the study. There<br />
was no statistically significant difference between anticalculus<br />
dentifrice and control dentifrice under experimental conditions<br />
and the period of this study. It was concluded that the<br />
tetrasodium pyrophosphate concentration may be not<br />
enough to provide a significant reduction on the accumulation<br />
of supragingival calculus.<br />
UNITERMS: dental calculus, dentifrices.<br />
Declaração de conflitos de interesse e fomento:<br />
Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse<br />
e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />
53
R. Periodontia - 21(1):49-54<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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of a dentifrice containing potassium nitrate, soluble pyrophosphate,<br />
PVM/MA copolymer, and sodium fluoride in a silica base: a welve-week<br />
clinical study. J Clin Dent 1994;5:93-6.<br />
13- Banoczy J, Sari K, Schiff T, Petrone M, Davies R. Anticalculus efficacy<br />
of three dentifrices. Am J Dent 1995;8(4):205-8.<br />
14- Bollmer BW, Sturzenberger OP, Vick V, Grossman E. Reduction<br />
of calculus and Peridex stain with Tartar-Control Crest. J Clin<br />
Dent1995;6(4):185-7.<br />
15- White DJ, McClanahan SF, Lanzalaco AC, Cox ER, Bacca L, Perlich<br />
MA, et al. The comparative efficacy of two commercial tartar control<br />
dentifrices in preventing calculus development and facilitating easier<br />
dental cleanings. J Clin Dent 1996b;7(2):58-64.<br />
Endereço para correspondência:<br />
Bruna de Carvalho Farias<br />
Rua José Aderval Chaves, 264 / 402, Boa Viagem<br />
CEP: 51111-030 - Recife - PE - Brasil<br />
Tel: (81) 3325-1232<br />
E-mail: bruna_farias@hotmail.com<br />
54
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
CLINICAL IMPLICATIONS OF NANOSURFACE<br />
TECHNOLOGY ON CLINICAL SUCCESS AND SURVIVAL<br />
RATE OF SINGLE IMPLANT RESTORATIONS: A REVIEW<br />
Gareth Z. Benic 1 , Andrew Tawse-Smith 2 and Vincent Bennani 3<br />
ABSTRACT<br />
Background: Surface nanofeatures of commercially<br />
available dental implants have been assessed only recently.<br />
Preclinical studies demonstrate a substantial improvement<br />
on the rate and extent of osseointegration for nanosurface<br />
implants compared to their predecessors. However, to our<br />
knowledge few human studies have been conducted to<br />
report on this recently introduced implant surface.<br />
Aim: To review the clinical success and survival rate<br />
of nanosurface single implant restorations by focusing on<br />
human studies using the Nanotite dental implant<br />
Materials and Methods: A search of the main<br />
electronic databases for articles published in the last 10<br />
years was conducted. The present review focussed on<br />
literature involving Biomet3i’s Nanotite implant only, with<br />
the intention to investigate other implant companies in the<br />
near future. Case reports and review articles were discluded.<br />
Results: Out of 302 studies, two were identified to<br />
meet the author’s inclusion criteria. These two studies<br />
described a combined survival rate of 95.3% for 142<br />
Nanotite single tooth dental implants, both for immediately<br />
loaded scenarios. Nanotite implants seem to be a viable<br />
option in implant rehabilitation and perform comparatively<br />
well to other immediately loaded implants with various<br />
surface enhancements.<br />
Conclusion: Nanosurfaced implants, such as Nanotite,<br />
show potential to control the biological activity of the<br />
implant surface but additional human studies with longer<br />
follow-ups are needed to provide more insight into the longterm<br />
clinical outcomes. Standardisation of future implant<br />
studies is also necessary.<br />
UNITERMS: Dental implants; Single-tooth implant;<br />
Nanotechnology. R Periodontia 2011; 21:55-64.<br />
1<br />
Final Year BDS, School of Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />
2<br />
Senior Lecturer, DDS, Cert. Perio, Periodontist, Sir John Walsh Research Institute, School of<br />
Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />
3<br />
Senior Lecturer, DDS, PhD, Prosthodontist, Department of Oral Rehabilitation, Sir John Walsh<br />
Research Institute, School of Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />
Recebimento: 02/12/10 - Correção: 26/01/11 - Aceite: 25/02/11<br />
INTRODUCTION<br />
Osseointegration and implant surface<br />
engineering<br />
Osseointegration is defined as the time dependent<br />
healing process whereby clinically asymptomatic<br />
rigid fixation of alloplastic materials is achieved<br />
and maintained in bone during functional loading<br />
(Zarb & Albrektsson 1991). Osseointegration<br />
was originally observed in implants with titanium<br />
surfaces and was considered the consequence of<br />
a foreign body response: the surgical trauma due<br />
to implantation causes a severe oxidative stress<br />
resulting in the overproduction of free radicals and<br />
oxygenated derivatives at the titanium surface. This<br />
leads to the thickening of the titanium dioxide (TiO 2<br />
)<br />
layer of the surface (Dohan Ehrenfest et al. 2010).<br />
Calcium and phosphorus ions from the bone matrix<br />
are then incorporated into the TiO 2<br />
porous layer<br />
making the bone/implant interface highly dynamic<br />
(Dohan Ehrenfest et al. 2010). On the other hand, the<br />
contamination or destruction of the TiO 2<br />
layer results<br />
in the pathological loss of osseointegration, called<br />
peri-implantitis (Mouhyi et al. 2009).<br />
Characteristics of the bone implant interface have<br />
been of particular interest in dental implant research.<br />
55
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
Table 1<br />
1st generation<br />
Techniques for the modification of the implant surface<br />
2nd generation<br />
3rd generation<br />
Enhanced / nano-enhanced<br />
Machined surface<br />
Sand blasted<br />
Titanium plasma sprayed (TPS)<br />
Hydroxyapatite coated<br />
Titanium blasted<br />
Sand blasted and acid etched<br />
Dual acid etched<br />
Electrolyte enhancement<br />
Hydroxyapatite crystal<br />
Genetically enhanced<br />
Recombinant BMP<br />
Different techniques have been attempted to improve the<br />
bone implant interface by modifying implant surfaces with<br />
the aim of accelerating bone healing and improving bone<br />
anchorage to the implant (Albrektsson & Wennerberg 2004a,<br />
Albrektsson & Wennerberg 2004b) (see Table 1).<br />
Typically there have been two different techniques used.<br />
In the first technique, the interface is improved chemically by<br />
incorporating inorganic phases, such as calcium phosphate,<br />
on or into the TiO2 interface layer, which might stimulate<br />
bone regeneration and improve the biochemical interlocking<br />
between bone matrix proteins and surface materials (Coelho<br />
et al. 2009). Incorporation of organic molecules, such as<br />
proteins, enzymes or peptides, to induce specific cell and tissue<br />
responses is a variant of this first approach and is known as<br />
biochemical surface modification (Puleo & Nanci 2009, Morra<br />
2006, Morra 2007, Morra et al. 2009, Bussy et al. 2008, Morra<br />
et al. 2006).<br />
In the second technique, the interface is improved<br />
physically by surface topography. How these surface structures<br />
influence the healing response has until recently been limited<br />
to the millimetre (mm) and micrometre (µm) length scales<br />
(Svanborg et al. 2009). At the micrometre level, the reasoning<br />
for this approach is that a rough surface presents a higher<br />
developed area than a smooth surface, and thus increases<br />
bone anchorage and reinforces the biomechanical interlocking<br />
of the bone with the implant, at least up to a certain level<br />
of roughness (Coelho et al. 2009). Surface nanofeatures of<br />
commercially available dental implants have been assessed<br />
only recently (Svanborg et al. 2009).<br />
What is Nanotopography?<br />
Nanotechnology has been defined as ‘the creation of<br />
functional materials, devices and systems through control<br />
of matter on the nanometer length scale (1–100 nm), and<br />
exploitation of novel phenomena and properties (physical,<br />
chemical, and biological) at that length scale’ (National<br />
Aeronautics and Space Administration). Nanotechnology<br />
involves materials that have a nanosized topography or are<br />
composed of nanosized structures (Junker et al. 2009). All<br />
surfaces show nanotopography, but not all of them have<br />
significant nanosized structures (Dohan Ehrenfest et al.<br />
2010). When describing nanostructures, it is essential to<br />
differentiate between the number of nanoscale dimensions:<br />
smooth, rough (one dimension), patterned/porous/tubes (two<br />
dimensions), particle (three dimensions) (Dohan Ehrenfest<br />
et al. 2010). Nanotextured surfaces have one dimension<br />
at the nanoscale (peak height), which can also appear in<br />
repetitive and homogeneous forms as nanoroughness or<br />
nanorugosity (Bucci-Sabattini et al. 2010). Nanopatterns have<br />
two nanoscale dimensions so the dimensions of the repetitive<br />
pattern are nanometric. Nanoparticles have three nanoscale<br />
dimensions so each of their three spatial dimensions are also<br />
in the nanometre range (Dohan Ehrenfest et al. 2010).<br />
Repetitiveness and homogeneity are key parameters<br />
to define the nanostructure of an implant surface, but<br />
these are difficult to quantify and are considered qualitative<br />
morphological parameters (Dohan Ehrenfest et al. 2010). If<br />
nanostructures are not clearly visible (no patterns, no particles,<br />
insignificant texture) or not homogeneous and repetitive,<br />
the surface is considered as nanosmooth (Dohan Ehrenfest<br />
et al. 2010).<br />
At the nanometre level, the effects on the biological<br />
response are almost entirely unknown for commercially<br />
available implants (Wennerberg & Albrektsson 2010).<br />
Nanofeatures of the most common commercially available<br />
dental implants have been assessed just recently (Svanborg et<br />
al. 2009). A handful of experimental studies have shown that<br />
a change in the nanotopography of an implant surface has a<br />
significant impact on the behaviour of bone cells (Mendonca et<br />
al. 2009, Vetrone et al. 2009, Dalby et al. 2006). It is thought<br />
that a more textured (rough) surface topography increases<br />
the surface energy. A high surface energy increases its<br />
wettability to blood and increases the spreading and binding<br />
of fibrin and matrix proteins (Dohan Ehrenfest et al. 2010). A<br />
more textured surface thus favours bone cell differentiation,<br />
migration, proliferation and attachment. This in turn influences<br />
tissue healing particularly directly after implantation which is<br />
an important part of the osseointegration process (Dohan<br />
56
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
Ehrenfest et al. 2010).<br />
Since previous studies have shown that these<br />
nanostructures can be of importance in the bone healing<br />
process, Svanborg et al. (2009) recently made the first<br />
attempt to characterise commercial oral implants not only<br />
at a micrometer level, which has been standard procedure<br />
up to today, but also at the nanometer level. The authors<br />
investigated whether the surface roughness on the nanometer<br />
level was correlated to the micrometer roughness of the<br />
implants. Their results showed that some of the commercial<br />
implants do have structures in the nanometer range of the<br />
implants investigated (Svanborg et al. 2009).<br />
Although there have been in vitro and in vivo studies<br />
performed on implants marketed as having nanosurface<br />
enhancements, little research has been published on<br />
human studies using these nanophase implants. This has<br />
consequently limited the evidence available to confidently<br />
claim that nanosurface implant performance is superior to<br />
their predecessors. For this reason, the aim of our study is to<br />
review literature that fulfilled the selection criteria.<br />
The present review focussed on literature involving<br />
Biomet3i’s Nanotite implant only, with the intention to<br />
investigate other implant companies in the near future.<br />
It should be noted that selection of the Nanotite implant<br />
as a representation of an implant expressing nanosurface<br />
technology was purely random and that the authors have no<br />
financial interests or associations with this particular company<br />
whatsoever.<br />
MATERIALS AND METHODS<br />
Nanotite<br />
The Nanotite implant is Biomet3i’s (Palm Beach Gardens,<br />
Florida, USA) “new generation” titanium dental implant<br />
that entered the market in the last three to four years. The<br />
complexity of the surface topography is increased through a<br />
Discrete Crystalline Deposition (DCD), a process in which<br />
nano-scale crystals of Calcium Phosphate are added to<br />
about 50% of the Biomet3i’s Osseotite dual acid-etched<br />
surface (Mendes et al, 2009). The Calcium Phosphate<br />
crystals are between 20-100nm in size (Mendes et al, 2009).<br />
Biomet3i’s website (www.Biomet3i.com) state that the<br />
resulting undercuts of the nano-scale crystals act as the main<br />
driving force for “Bone Bonding” by means of a mechanical<br />
interlocking of bone matrix with the Calcium Phosphate crystal<br />
modified implant surface.<br />
Search Methodology<br />
Ovid MEDLINE (2000 through September 2010)<br />
EMBASE (2000 through September 2010)<br />
Cochrane database of systematic review (2000 through<br />
September 2010)<br />
The search for international peer reviewed journal<br />
articles was through the above databases. The search<br />
parameters involved human studies reported in English<br />
and published between the years 2000 and current 2010<br />
(4/9/2010). The following combinations of search terms and<br />
keywords were used: “nanotechnology” OR “nanosurface”<br />
OR “nanostructures” OR “topography” OR “surface coating”<br />
OR “nanotite” OR “Biomet3i” AND “single implant” OR<br />
“single tooth implant” OR “single oral implant” OR “single<br />
dental implant” OR “single implant restoration”. The above<br />
protocol was carried out in order to obtain research articles<br />
on Biomet3i’s Nanotite dental implant used in single implant<br />
cases. As we were searching three different databases, some<br />
articles appeared in more than one database, these are<br />
termed duplicates and were subsequently removed ensuring<br />
articles were not accounted for more than once. The resulting<br />
articles were manually searched.<br />
Furthermore, bibliographies of research articles from<br />
the Biomet3i’s company website were sourced and relevant<br />
articles were manually searched. A further database search<br />
with terms “Biomet3i” OR “Nanotite” was also performed, as<br />
the initial database search was inconclusive (Figure 1).<br />
In addition, the reviewers attempted to contact<br />
corresponding authors, where appropriate, to confirm data<br />
extraction and/or obtain missing data (Figure 1).<br />
Study Selection<br />
The searches were carried out by one author (GB)<br />
independently. All types of study designs were included,<br />
except for case reports because of their lack of quantitative<br />
outcomes (Atieh et al. 2009). Review articles were also<br />
discluded, however their bibliographies were searched for<br />
any potential articles. No further inclusion criteria for study<br />
selection were specified. All duplicates were removed.<br />
Data Abstraction<br />
The following information was retrieved from the selected<br />
studies using a specially designed data template:<br />
• Publication details (title, author(s), journal, year, volume,<br />
issue number, pages)<br />
• Type of study (ie. clinical trial, review)<br />
• Patient details (sex, age)<br />
• Number of implants placed/participants involved<br />
• Details of the surgical approach<br />
• Treatment modality (ie single unit or multi unit restoration)<br />
• Implant diameter<br />
57
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
Figure 1<br />
First Data Search<br />
Database Search A (all fields): EMBASE,<br />
Ovid MEDLINE, Cochrane database of<br />
systematic reviews:<br />
• “single implant” OR<br />
• “single tooth implant” OR<br />
• “single oral implant” OR<br />
• “single dental implant” OR<br />
• “single implant restoration” (895 articles)<br />
Limit by: English Language, Human Year<br />
2000-current (4/9/10), Removing duplicates<br />
(289 articles)<br />
AND<br />
Database Search B (all fields): EMBASE, Ovid<br />
MEDLINE, Cochrane database of systematic<br />
reviews:<br />
• “nanotechnology” OR<br />
• “nanosurface” OR<br />
• “nanostructures OR “topography” OR<br />
• “surface coating” OR “Biomet3i” OR<br />
“Nanotite” (95672 articles)<br />
Limit by: English Language, Human Year<br />
2000-current (4/9/10), unable to remove<br />
duplicates (22913 articles)<br />
Database search A+B<br />
Results=4 articles<br />
<br />
After removing:<br />
- case reports, review articles, non dental articles<br />
- articles focussing on other aspects of the implant system and implant related<br />
procedures (ie abutments, or grafting procedures)<br />
<br />
Database search A+B<br />
Results=0 articles<br />
Data Search A and B were not conclusive, therefore the authors further looked at search results of specific<br />
keywords and one implant company website and performed a second search<br />
Second Data Search<br />
Database search C (all fields): EMBASE, Ovid<br />
MEDLINE, Cochrane database of systematic reviews<br />
“biomet3i” OR “nanotite” (22 articles)<br />
Limit by: English Language, Human Year<br />
2000-current (4/9/10), Removing duplicates<br />
(8 articles)<br />
<br />
After removing:<br />
-case reports, review articles, non dental articles<br />
-articles focussing on other aspects of the implant<br />
system and implant related procedures (ie abutments,<br />
or grafting procedures)<br />
<br />
Database search C<br />
Results= 6 articles<br />
<br />
Reading full articles to confirm they make<br />
the inclusion criteria and omit duplicates<br />
<br />
Database search C+D<br />
Results= 2 Articles<br />
Data search D-Biomet3i company<br />
website<br />
-All references to research on<br />
Nanotite implants<br />
(www.biomet3i.com)<br />
(32 articles)<br />
After removing:<br />
-articles not satisfying inclusion criteria as<br />
set out in methods<br />
<br />
<br />
<br />
Data search D<br />
Results=4 articles<br />
58
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
• Implant location<br />
• Implant length<br />
• Time to loading/placing of the implant<br />
• Implant survival or success rate of treatment groups<br />
• Observation/follow-up period<br />
RESULTS<br />
Out of 302 studies, two were identified to meet the<br />
author’s inclusion criteria. Those two studies describing 142<br />
single tooth implants were included to support a survival rate<br />
of 95.3%, both for immediately loaded scenarios (as shown in<br />
Table 2). Both of these articles were prospective study designs,<br />
furthermore Ostman et al. (2010) is also a one year report of<br />
a multicentre study.<br />
DISCUSSION<br />
Through an extensive search on Nanotite’s current use<br />
in Dentistry only two articles met our inclusion criteria. These<br />
two articles were produced by the same research teams. The<br />
Biomet3i website cited other articles as evidence of the success<br />
with Nanotite surfaces, however under careful scrutiny there<br />
were few human studies available. Of these studies, sample<br />
sizes differed and single tooth replacement information<br />
provided by the authors was limited. Follow up periods were<br />
no greater than one year.<br />
Although somewhat limited in the aforementioned human<br />
studies, the Nanotite implant surface featuring application of<br />
nanometer-scale calcium phosphate, has been shown to<br />
enhance early bone fixation and formation in preclinical and<br />
Table . 2<br />
Characteristics of the studies on the Nanotite (Biomet3i) Implant surface<br />
Characteristic Östman et al. 2010(a) Östman et al. 2010(b)<br />
Study Design Prospective Prospective (multicentre)<br />
No. of implants/<br />
participants<br />
102 implants<br />
355 implants<br />
185 patients<br />
Age (years) NA 51.5 (mean)<br />
Gender NA 56 %F, 46%M<br />
Implant length (mm) 8.5, 10, 11.5, 13,15 8.5, 10, 11.5, 13<br />
Implant diameter<br />
(mm)<br />
4 and 5 4 and 5<br />
Ant Mx-18.4% Ant Mn- 4.7%<br />
Mx-7 single implants<br />
Post.Mx – 26.2% Post Mn- 50.4%<br />
Implant location<br />
Mn-7single implants<br />
(Single implant vs multi-unit implant location<br />
not specified)<br />
Surgical protocol<br />
Modified drill technique<br />
Undersized osteotomies<br />
Different. As 15 different study centres<br />
Treatment modality<br />
Time to loading<br />
/placing of restoration<br />
-Multi-unit restorations (64 implants)<br />
-Single-tooth restorations (14 implants)<br />
-Maxillary full-arch fixed prostheses (24<br />
implants)<br />
Immediate<br />
216 cases<br />
-single tooth restorations (128 cases/<br />
implants)<br />
-multi unit fixed prostheses (88 cases)<br />
Immediate<br />
Observation period 3, 6, 12months 6, 12 months (then yearly for 5 years)<br />
Measurement of<br />
success/survival<br />
Clinically<br />
Radiographically<br />
Clinically<br />
PA’s,<br />
Implant success/<br />
survival rate (%)<br />
NA=not available<br />
99.2% CSR 94.9% CSR<br />
59
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
in human histomorphometric studies (Goene´ et al. 2007,<br />
Orsini et al. 2007), although human histomorphometric data<br />
from prospective, randomised, controlled, double-blind studies<br />
are understandably restricted.<br />
Orsini et al (2007) enrolled 15 patients (mean age: 56.9<br />
years) with partial or full edentulism, who had elected to<br />
receive dental implants to restore their dentition in a study.<br />
One custom-made 2mm by 10mm implant with a DCDmodified<br />
DAE surface (Nanotite) and one implant with only<br />
a DAE surface (Osseotite) was placed in the posterior maxilla<br />
of the 15 patients. After a mean healing time of 7-8 weeks,<br />
implants and surrounding hard and soft tissue were retrieved<br />
by trephine. The mean bone-to-implant contact was 32% for<br />
the Nanotite surfaces and 19% for the Osseotite surfaces and<br />
was statistically significant. The authors concluded that the<br />
DCD treatment increased the osteoconduction of the implant<br />
surface during the first 2 months after the implant was placed.<br />
They also suggested that DCD surface modification can lead<br />
to a shorter healing period once the implant has been placed.<br />
The results of Goene´ et al (2007) are similar to those of<br />
Orsini et al (2007). In a prospective randomised controlled<br />
trial in humans, nine pairs of implants, with the Nanotite or<br />
Osseotite surface, were placed in the posterior maxillae. Three<br />
pairs were retrieved by a trephine with surrounding soft and<br />
hard tissue following 4 weeks of healing, five after 8 weeks of<br />
healing and one pair after 12 weeks of healing. After 4 weeks,<br />
there was no significant difference reported between the<br />
two implant surfaces. After 8–12 weeks the mean bone-toimplant<br />
contact percentages were 45% for Nanotite implants<br />
and 18% for Osseotite implants. It was concluded that the<br />
DCD modification of Nanotite implants appeared to have a<br />
profound effect on the development of new bone following<br />
implant placement.<br />
CLINICAL IMPLICATIONS<br />
A reduced healing period and increased osteoconduction<br />
can enable earlier fixation as well as minimise micromotion,<br />
thus allowing immediate or accelerated loading protocols<br />
and restoration of function for implants placed in areas with<br />
low-density and poor bone quality and quantity (Junker et<br />
al. 2009). As preclinical studies demonstrate a substantial<br />
improvement on the rate and extent of osseointegration for<br />
nanosurface implants compared to their predecessors, there<br />
are a number of other potential scenarios where such an<br />
implant might be beneficial to patient and practice such as<br />
immediate replacement in extraction sockets, simultaneous<br />
grafted sites and implant placement, esthetic areas where<br />
bone preservation is critical and locations requiring short or<br />
wide implants (www.biomet3i.com).<br />
Review of study one (Ostman et al. 2010(a))<br />
Ostman et al. (2010a) published a prospective, singlecentre<br />
clinical study that clinically and radiographically<br />
evaluated the outcome of the Nanotite implant when used<br />
for immediate loading of multiple fixed prostheses and singletooth<br />
restorations in a patient group with an initial implant<br />
stability corresponding to an Implant stability quotient (ISQ)<br />
value of 55 and final torque of 25Ncm.<br />
Bone quality and quantity were assessed according<br />
to Lekholm and Zarb’s criteria (Lekholm & Zarb 1985) and<br />
implants were placed in underprepared osteotomies to<br />
increase initial stability (Ostman et al. 2006). Selection of the<br />
final drill size was based on bone quality and a countersinking<br />
technique was utilised in order for the implant to engage as<br />
much cortical crestal bone as possible. Resonance frequency<br />
analysis (RFA) measurements were performed to then assess<br />
implant stability.<br />
Although this study included multiple fixed prostheses<br />
and single-tooth restorations, single tooth implant location<br />
and length were not specified. Additionally, marginal bone<br />
loss was presented combining both multiple fixed prosthesis<br />
and single tooth restorations; six implants showed more than<br />
1mm of bone loss after one year, but it was not clear what<br />
sites these implants were placed in. Implant stability quotient<br />
(ISQ) measurements were recorded at implant placement and<br />
at 6 months when the temporary prosthesis was removed, but<br />
further measurements at the one year recall are not stated.<br />
Success was evaluated using a four-field table according<br />
to Albrektsson & Zarb (1993) using the following categories:<br />
Success, survival, unaccounted for, failure:<br />
1. Success-An implant meeting with success criteria.<br />
Criteria for success according to Albrektsson and Zarb (1993)<br />
include absence of implant mobility and absence of pain<br />
and neuropathy. Also, 1 mm of bone loss from the implant<br />
head was acceptable during the first year and less than 0.2<br />
mm bone loss annually thereafter. Less strict criteria were<br />
used in the study by Ostman et al. (2010a) since implants<br />
were individually tested for mobility only after 3 months and<br />
not later. Success grade 1 was defined as an implant with<br />
no clinical and radiographic signs of pathology showing less<br />
than 1 mm of bone resorption at 1 year of follow-up whereas<br />
success grade 2 was defined as an implant with no clinical<br />
and radiographic signs of pathology showing less than 2 mm<br />
of bone resorption at 1 year of follow-up.<br />
2. Survival-An implant still in the bone that does not meet<br />
with or has not been tested for success criteria.<br />
3. Unaccounted for-An implant in a patient who dropped<br />
60
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
out of the study for any reason.<br />
4. Failure-An implant removed for any reason.<br />
According to Ostman and colleagues (2010(a)) the overall<br />
cumulative success rate for implants was 99.2% after one<br />
year, with one representing failure by showing rotational<br />
mobility after three months. The failed implant showed no<br />
radiographic signs of loss of integration and was part of a<br />
three unit bridge. However based on radiographs and clinical<br />
examinations, success grade 1 was applicable for 93%,<br />
survived 6%, unaccounted for 0% and failed 1%. Although<br />
two single provisional crowns were noted to fracture and had<br />
to be rebuilt, there was no distinguishing between success<br />
of single implant restorations (which we were interested in)<br />
versus those being used for multiple fixed prostheses.<br />
The marginal bone levels were evaluated from digital<br />
periapical radiographs by a radiologist. A silicone index material<br />
with an individually constructed radiograph holder for each<br />
participant was used. Periapical radiographs were exposed<br />
after implant surgery to establish baseline, at six months and<br />
at one year of function. Crestal bone loss was determined by<br />
measuring the distance from the implant/abutment junction<br />
(IAJ) on the mesial and distal aspects to the level of the margin<br />
of the crestal bone. Bone loss was presented as the mean<br />
values for distal and mesial changes from baseline for each<br />
implant and each time point. At baseline implant placement,<br />
the mean crestal bone level was 0.19 mm (SD 0.3) below the<br />
IAJ, and after one year of loading, the level was 0.56 mm (SD<br />
0.37) from the IAJ. The average bone loss for 102 surviving<br />
implants was calculated to be 0.37 mm (SD 0.39) after one<br />
year of follow-up. Six implants showed more than 1 mm<br />
of bone loss, and no implants showed more than 2 mm of<br />
bone loss after 1 year. However, bone level measurements<br />
presented in this study included both single implant and<br />
multiunit implant restorations without distinction.<br />
The authors state that other factors which could<br />
contribute to the good outcome of their research are: the<br />
modified drilling protocol aiming for high primary stability;<br />
the macroanatomy of the Prevail implant and implant surface<br />
used. This may suggest that the success seen in this study<br />
may be due to a combination of various determinants and<br />
not only to implant surface modification.<br />
Review of study two (Ostman et al. 2010(b))<br />
In the one-year interim report by Ostman et al. (2010(b))<br />
on the prospective multicentre study on the “immediate<br />
provisionalisation in support of single-tooth and unilateral<br />
restorations”, one hundred and eighty-five patients in 15<br />
international study centres received a total of 335 implants<br />
of which 128 were single-tooth implants.<br />
The study had no restrictions on bone quality and quantity<br />
and researchers were directed to reference bone density by<br />
recording it as soft, normal or dense according to the clinician’s<br />
tactile assessment during osteotomy preparation. However<br />
it was reported that about 80% of implants were placed in<br />
normal or dense bone.<br />
Standardised periapical radiographs are implicated in the<br />
study to indicate perimplant radiolucencies and crestal bone<br />
levels at 6 months following implant placement and yearly<br />
for 5 years, however findings of any radiographs of the 128<br />
single tooth implants taken at any follow-up period are not<br />
presented in the study. Similarly this one year report does not<br />
present records of bone levels even though the study states<br />
that it would analyse bone levels at 6 months. Information<br />
regarding how periapical radiographs were standardised is<br />
not presented.<br />
Implant survival is based on the absence of persistent signs<br />
and symptoms of pain, infection, paresthesia, inflammation,<br />
and implant mobility, with no clarification on how each of<br />
these symptoms were assessed. At one year 17 implants in<br />
11 patients had been declared failures for an overall implant<br />
cumulative survival rate (CSR) of 94.9%, with the exact CSR<br />
for single tooth implants alone being 94.5% (7 failures out of<br />
128 single tooth restoration implants).<br />
It is noteworthy that 53% of NanoTite implants were<br />
restored with a pre-surgical approach and that in-house<br />
laboratories were available for nearly half of all procedures.<br />
For the presurgical approach, “an indirect impression is taken<br />
with construction of a prosthesis that is relined and cemented<br />
onto the abutments at the time of the implant placement<br />
surgery”(Ostman et al. 2010b). Investigators who selected<br />
abutments intended for permanent prostheses, avoided<br />
the need for removal and reconnection which is thought to<br />
promote increased regressive crestal bone remodelling (King<br />
et al. 2010). Ostman and colleagues (2010b) deem this as an<br />
advantage and hence suggest that it may facilitate procedural<br />
success.<br />
The authors also note that the occlusion on most of<br />
the provisional prostheses lacked direct occlusal contacts.<br />
However claim that because their subjects experienced<br />
forces generated during mastication, from surrounding soft<br />
tissues and the musculature of the tongue, functional loads<br />
were delivered on these prostheses and therefore the study’s<br />
immediately provisionalised implant is also an immediately<br />
loaded implant. It is important to consider this information<br />
when comparing success and survival rates of different<br />
studies as the magnitude of occlusal forces that a prosthesis<br />
experiences can greatly affect its success, especially in the<br />
early stages after implant placement when osseointegration<br />
61
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
hasn’t fully completed.<br />
Fur thermore, a recent consensus conference<br />
recommended that further prospective clinical trials with<br />
large patient numbers are urgently needed to provide definitive<br />
data on the effectiveness of immediately loaded single tooth<br />
restoration implants (Wang et al. 2006).<br />
Standardisation of future implant studies is needed<br />
The present review was concentrated on investigating<br />
Biomet 3i therefore this review has limited impact.<br />
Unfortunately, at this stage it seems there is little literature<br />
available from other companies on their nanosurface<br />
implants which warrants their investigation and comparison.<br />
Nevertheless further information on these new nanosurface<br />
implant’s chemical and physical characteristics is needed. Size,<br />
shape and width of implants as well as site placement all have<br />
an effect on implant success, therefore it is of paramount<br />
importance to have this information when comparing different<br />
implants. Standardisation of research would mean that<br />
implants could be effectively compared and thus this field of<br />
dentistry could advance at a much greater rate.<br />
Until now, implant surfaces have been classified by the<br />
way they are produced (e.g. grit-blasting, anodisation, acidetching)<br />
and not by their chemical and physical features<br />
(Coelho et al. 2009). Consequently, in many studies surface<br />
characterisation is not as thorough as one would like it to<br />
be which has resulted in limited data and difficulty in crossevaluating<br />
the numerous studies available and conducting<br />
meta-analyses (Wennerberg & Albrektsson 2009).<br />
It should become possible to compare data from the<br />
literature in a relevant and standardised way by using a simple<br />
characterisation code for each tested surface which will help<br />
investigators to better understand and interpret published<br />
results (Dohan Ehrenfest et al. 2010). This tool might be<br />
especially useful to establish an inventory of surface-related<br />
osteogenic behaviours, particularly in the field of bone tissue<br />
engineering that requires an accurate library of knowledge<br />
(Lovmand et al. 2009).<br />
Dohan Ehrenfest and colleagues (2009), recently<br />
presented such a standardised characterisation code for<br />
osseointegrated implant surfaces. This code describes<br />
the chemical composition of the surface such as the core<br />
material and its chemical or biochemical modification through<br />
impregnation or coating. This code also defines the physical<br />
surface features, at the micro- and nanoscale, such as<br />
microroughness, microporosity, nanoroughness, nanotubes,<br />
nanoparticles, nanopatterning and fractal architecture. This<br />
standardised classification system will allow investigators to<br />
clarify unambiguously the identity of any given osseointegrated<br />
surface and help to identify the biological outcomes of each<br />
surface characteristic. It is therefore a system that should<br />
be adopted and implemented by all academics performing<br />
implant research.<br />
CONCLUSION<br />
Evidently, the currently available methods to modify<br />
implant surface composition at the nano level as demonstrated<br />
through the Nanotite surface, cannot be concluded to show<br />
greater success and survival than their predecessors at<br />
this point in time, although their potential to control the<br />
biological activity of the implant surface does warrant further<br />
investigation. Thus, additional human studies are needed<br />
to provide more insight into a predicted bone response.<br />
Standardisation of future implant studies is necessary.<br />
Conflict of interest and source of funding statement:<br />
No external funding, apart from the support of the<br />
authors’ institution, was available for this study and the<br />
authors declare that there are no conflicts of interest in this<br />
study.<br />
CLINICAL RELEVANCE<br />
Scientific rationale for study: The introduction of<br />
“modified” implant surfaces has broadened treatment<br />
strategies in dental implantology. Benefits of the new<br />
generation nano-enhanced implants show further promising<br />
success and survival rates in preclinical studies and thus<br />
suggest positive benefits over their predecessors, such as<br />
shortened healing times and earlier implant loading. Humans<br />
studies on these surfaces are however limited.<br />
Principal findings: Nanosurface-enhanced implants<br />
seem to be a viable option in implant rehabilitation and perform<br />
comparatively well to other immediately loaded implants with<br />
various surface modifications when immediately provisionalised<br />
with single tooth restorations. However additional studies, as<br />
well as studies of longer duration are needed.<br />
Practical implications: Nanosurfaced implants, such as<br />
Nanotite, show potential to control the biological activity of<br />
the implant surface as demonstrated in preclinical studies.<br />
However the author’s research showed similar evidence of<br />
superior success and survival rates on human studies than<br />
other implant surfaces, suggesting additional human studies<br />
with longer follow-ups are needed to provide more insight<br />
into a predicted bone response.<br />
62
R. Periodontia - 21(1):55-64<br />
REFERENCES<br />
1- Albrektsson T & Wennerberg A. (2004a) Oral implant surfaces:<br />
Part 1—review focusing on topographic and chemical properties of<br />
different surfaces and in vivo responses to them. International Journal<br />
of Prosthodontology 17, 536–543.<br />
2- Albrektsson T & Wennerberg A. (2004b) Oral implant surfaces:<br />
Part 2—review focusing on clinical knowledge of different surfaces.<br />
International Journal of Prosthodontology 17, 544–564.<br />
3- Albrektsson T & Zarb GA. (1993). Current interpretations of the<br />
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Correspondence Address:<br />
Andrew Tawse-Smith<br />
DDS, Cert Perio, Periodontist, Senior Lecturer, Deans Office, School of<br />
Dentistry, University of Otago<br />
P.O. Box 647 - Dunedin 9054 - New Zealand<br />
Tel: +64 3 470-3589<br />
E-mail: andrew.tawse-smith@otago.ac.nz<br />
64
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
TERAPIA FOTODINÂMICA PARA A REDUÇÃO MICROBIANA<br />
NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS PERIODONTAIS: REVISÃO<br />
DE LITERATURA<br />
Photodynamic therapy for microbial reducing in periodontal treatment diseases: A review<br />
Andre Luis Gomes Moreira 1 , Adriano Monteiro D´Almeida Monteiro 2 , Marcelo de Azevedo Rios 3<br />
RESUMO<br />
O objetivo do tratamento periodontal é o<br />
restabelecimento da saúde do periodonto, a partir da<br />
remoção dos redutos bacterianos presentes na superfície<br />
radicular. Seu sucesso depende da eliminação dos agentes<br />
que promovem a destruição dos tecidos periodontais.<br />
No entanto, a terapia mecânica é limitada em remover<br />
os patógenos periodontais devido à habilidade de alguns<br />
microrganismos em invadir o interior dos tecidos, tornando<br />
a bolsa inacessível aos instrumentos periodontais, além<br />
de servir como foco de reinfecção. Deste modo, a busca<br />
por métodos coadjuvantes ao tratamento periodontal<br />
tem aumentado nos últimos tempos. Frente a estes fatos,<br />
constitui propósito do presente estudo apresentar uma<br />
revisão da literatura sobre o efeito da terapia fotodinâmica nos<br />
patógenos periodontais. A análise da literatura demonstrou<br />
que a terapia fotodinâmica mostrou-se eficaz na redução<br />
bacteriana, inclusive bactérias periodontopatogênicas,<br />
apresentando-se como um coadjuvante promissor à terapia<br />
periodontal básica. Embora existam evidências científicas<br />
desses achados, novos estudos devem ser realizados para<br />
se determinar parâmetros específicos do laser e do agente<br />
fotossensibilizador, para tornar a terapia fotodinâmica mais<br />
efetiva e previsível.<br />
UNITERMOS: doença periodontal, laser, terapia<br />
fotodinâmica. R Periodontia 2011; 21:65-72.<br />
1<br />
Especialista em Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura<br />
2<br />
Professor adjunto. Departamento de Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura.<br />
3<br />
Professor assistente. Departamento de Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura.<br />
Recebimento: 24/01/11 - Correção: 07/02/11 - Aceite: 25/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
A periodontite é uma das maiores causas de perda<br />
dental em adultos, sendo causada, primariamente,<br />
por bactérias anaeróbias do biofilme dental que se<br />
acumulam ao longo da margem gengival (Jenkins<br />
et al.,1988). Enzimas, endotoxinas e outros fatores<br />
citotóxicos liberados por estas bactérias, no fluido<br />
crevicular, conduzem à destruição tecidual e a secreção<br />
de citocinas pro-inflamatórias como: interleucina 1-b<br />
(IL1-b), diretamente associada à reabsorção óssea;<br />
o fator de necrose tumoral-a (TNF-a), molécula<br />
reguladora positiva da produção de colagenase e<br />
prostaglandina E2, além de promover o colapso<br />
do ligamento periodontal utilizando mecanismos<br />
mediados por proteases (Loos et al, 1987; Jepsen et al.<br />
2003; Gemmell & Seymour, 2004). Esta complexa rede<br />
de citocinas direciona os mecanismos da inflamação,<br />
ampliando ou suprimindo as reações tissulares.<br />
A remoção mecânica dos agentes contaminantes<br />
via raspagem e alisamento radicular é o método mais<br />
efetivo para tratar a doença periodontal, algumas<br />
vezes com cirurgias complementares. Contudo, o<br />
uso sistêmico de antibióticos pode ser benéfico,<br />
pois reduz as perdas dentarias e necessidades<br />
cirúrgicas (Loesche et al, 1992). O principal objetivo<br />
65
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
da terapia não-cirúrgica é remover depósitos moles e duros,<br />
sub ou supra-gengivais para deter a progressão da doença<br />
(Cobb, 2006). Estudos relataram importantes melhoras nos<br />
parâmetros clínicos e microbiológicos no acompanhamento<br />
de pacientes submetidos à raspagem e alisamento radicular<br />
(Lindhe et al, 1984; Ramfjord et al, 1987). Surgiram no mercado<br />
instrumentos sônicos e ultrassônicas que potencializaram<br />
os efeitos da terapia não- cirúrgica. Em 1987, Loss et al<br />
(2005) encontraram resultados clínicos, após a terapia<br />
com instrumentos sônicos e ultrassônicos, comparáveis<br />
aos da instrumentação manual. A despeito dos ganhos<br />
clínicos obtidos com a terapia não- cirúrgica, na maioria dos<br />
casos, nenhuma das técnicas atuais de instrumentação é<br />
completamente efetiva na eliminação do calculo e bactérias<br />
subgengivais. Esta limitação é atribuída a diversos fatores<br />
como: complexa anatomia dentária (região de furca);<br />
habilidade do operador; bolsas de trajetos sinuosos ou ainda<br />
pela invasão dos periodontopatógenos nos tecidos vizinhos<br />
ou recolonização de bolsas periodontais a partir de outros<br />
sítios doentes (Adriaens & Adriaens, 2004). Adicionalmente,<br />
deve-se ter cuidado com os efeitos colaterais consequentes<br />
do uso de antibióticos sistêmicos, tais como: enterocolite<br />
pseudomembranosa, superinfecção e outras desordens<br />
gastrointestinais, e o surgimento de formas resistentes aos<br />
antibióticos. A aplicação local de antibióticos é uma alternativa<br />
aceitável pela eficácia e por gerar menores efeitos sistêmicos.<br />
Contudo, possui algumas desvantagens como a plena<br />
adesão do paciente ao tratamento, custo e aplicabilidade em<br />
pequenas áreas da boca (Azarpazhooh et al., 2010).<br />
Por estas razões, alternativas que possibilitem remover<br />
ou reduzir eficientemente as bactérias periodontais das<br />
superfícies dos tecidos duros têm sido pesquisadas. E neste<br />
bojo, a terapia fotodinâmica (TFD) surge como um novo<br />
horizonte, com chances de tornar-se um método bactericida<br />
eficaz auxiliando a instrumentação manual, ou como a própria<br />
terapia para o tratamento da periodontite.<br />
O objetivo deste trabalho é explorar a literatura corrente<br />
sobre a terapia fotodinâmica, analisando a sua eficácia e<br />
eficiência no tratamento da periodontite em adultos, como<br />
forma primária de tratamento ou sendo adjunta à raspagem e<br />
alisamento radicular, comparada ao tratamento não cirúrgico<br />
convencional.<br />
Revisão de literatura<br />
Desde os idos de 1890, cientistas utilizam os<br />
fotossensibilizantes no desenvolvimento de uma substância<br />
de toxicidade seletiva (Azarpazhooh et al., 2010). Este foi<br />
o fundamento para a quimioterapia. A aplicação de luz e<br />
tintas para destruir bactérias in vitro é pesquisada há muitos<br />
anos (Pfitzner et al., 2004) e a atividade antimicrobiana<br />
de substancias fotossensíveis, como o azul de metileno,<br />
é conhecida desde a segunda guerra mundial (Oliveira et<br />
al.,2009)<br />
A TFD consiste na associação de uma substância<br />
fotossensível com uma intensa fonte de luz com o objetivo<br />
de promover a destruição celular. A atividade fotodinâmica<br />
do fotossensibilizador é baseada em reações foto-oxidativas<br />
que induzem alterações morfobiológicas na célula alvo. A<br />
ação fotodinâmica se dá quando o agente fotossensibilizante<br />
absorve fótons da fonte luz e seus elétrons passam a<br />
um estado excitado de singleto. Subsequentemente, o<br />
fotossensibilizante pode tanto voltar para seu estado inicial,<br />
com emissão de fluorescência ou sofrer uma transição<br />
para um estado tripleto altamente energético. Através de<br />
um processo de cruzamento intersistemas, caracterizado<br />
pela inversão do spin eletrônico, a molécula do oxigênio<br />
pode passar do estado S1 para o estado excitado tripleto,<br />
caracterizado pelo tempo de vida muito mais longo que o<br />
estado S1. A interação do fotossensibilizante em seu estado<br />
tripleto excitado com o oxigênio endógeno das células alvo<br />
resulta nos efeitos citotóxicos (Machado, 2000).<br />
Tais interações podem ser por dois mecanismos<br />
principais de reação: tipo I ou tipo II. Na reação Tipo I, o<br />
fotossensibilizante reage diretamente com o substrato, que<br />
pode ser a membrana celular ou uma molécula, para formar<br />
radicais livres. Estes radicais irão posteriormente reagir com o<br />
oxigênio, produzindo as espécies reativas do oxigênio como<br />
os radicais superóxido, hidroxila e peróxido. Na reação tipo<br />
II, o fotossensibilizante transfere sua energia diretamente<br />
para o oxigênio molecular, para formar o oxigênio singleto.<br />
A vida útil do oxigênio singleto em sistemas biológicos é<br />
menor e estruturas que estiverem próximas da sua área de<br />
produção são diretamente afetadas. Ambas as reações podem<br />
ocorrer simultaneamente e a razão entre elas é influenciada<br />
pelas características do fotossensibilizante, dos substratos<br />
intracelulares e da concentração de oxigênio no meio. Porém,<br />
a presença do oxigênio singleto parece ser o principal fator<br />
para ocorrência de citotoxicidade (Fernandes et al, 2009).<br />
A primeira geração de agentes fotossensibilizante foi<br />
baseada em misturas de derivados porfirínicos. O agente<br />
fotossensibilizante tende a se concentrar no tecido alvo.<br />
O mecanismo para essa seletividade ainda não está bem<br />
esclarecido. No entanto, sabe-se que, ao menos em<br />
parte, essa seletividade decorre da associação do agente<br />
fotossensibilizante a lipoproteínas do plasma, que assim o<br />
transporta preferencialmente para as células anormais. Um<br />
agente fotossensibilizante clinicamente adequado (tabela<br />
1) deve possuir no seu estado tripleto excitado um tempo<br />
66
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
Tabela 1<br />
Propriedades ideais para um fotossensibilizador<br />
Alta seletividade.<br />
Baixa toxicidade e rápida eliminação da pele e do epitélio.<br />
Absorção em picos com baixa perda energetica na janela de transmissão para os tecidos biológicos.<br />
Máximo rendimento quântico de fluorescência.<br />
Máximo rendimento quântico de produção de oxigênio singlet in vivo.<br />
Alta solubilidade em água, soluções injetáveis e sangue.<br />
Adaptado de diversos trabalhos<br />
Estabilidade no armazenamento e aplicação da luz.<br />
de vida de longa duração (τT ≥ 500 ns), podendo reagir<br />
eficientemente tanto com moléculas vizinhas como com o<br />
oxigênio. Deve também apresentar elevada absortividade<br />
molar na região espectral compreendida entre 600 e 1000<br />
nm, conhecida como ‘janela fototerapêutica’, onde a<br />
membrana celular apresenta considerável transparência à<br />
radiação eletromagnética. Os tecidos humanos transmitem a<br />
luz vermelha de forma eficiente em comprimentos de<br />
onda entre 630 nm e 700 nm, correspondendo a uma faixa<br />
de penetração da luz de 5 mm a 15 mm respectivamente<br />
(Machado, 2000; Raghavendra et al., 2009) .<br />
A TFD pode favorecer o processo de reparo por promover a<br />
biomodulação no tecido a ser irradiado e reduzir a inflamação<br />
local, pois a laserterapia aumenta a atividade mitocondrial<br />
e a síntese de ATP, induz a proliferação celular, aumenta<br />
a produção de ácidos nucléicos e a síntese de colágeno<br />
(Raghavendra et al., 2009). As principais vantagens da TFD<br />
são: especificidade; não possui efeito colateral conhecido;<br />
não criar resistência bacteriana; ativo somente na presença<br />
da luz (tabela 2).<br />
A eficácia e a eficiência da TFD no tratamento da<br />
periodontite como primeira opção terapêutica ou adjunto<br />
à raspagem e alisamento radicular foram o foco de um<br />
numero muito limitado de estudos in vivo com pequenas<br />
amostras e sem um protocolo experimental comum. Wilson<br />
et al (1993). utilizaram a TFD com azul de toluidina como<br />
fotossensibilizador, numa concentração de 81,7 mM e uma<br />
dose de 22 J/cm2 , em um estudo in vitro e conseguiram uma<br />
redução logarítmica de fator 5 para a P. gingivalis e de 1 para o<br />
F nucleatum. Sarkar & Wilson (1993) descreveram um grande<br />
halo de inibição formado numa cultura, em Agar sangue,<br />
que foi tratada com azul de toluidina (163,5 mM) e azul de<br />
metileno (156,3 mM) e uma dosagem de laser de 5,5 J/cm2.<br />
Em outro estudo, conseguiu-se inativar completamente a P.<br />
gingivalis, o F nucleatum, C. gingivalis com uma intensidade<br />
luminosa de 5,3 J/cm2 na presença de 10 mM de clorina e6 e<br />
10 mM de BLC 1010 (Pfitzner et al, 2004). Braham et al. (2009)<br />
alcançaram redução significativa na atividade do TNF-a e IL1-b<br />
após irradiação com TFD, este achado, quando associado<br />
à inativação dos patógenos periodontais, pode conduzir<br />
Tabela 2<br />
Vantagens da terapia fotodinâmica no tratamento periodontal<br />
O desenvolvimento de formas resistentes ao TFD é quase inexistente, pois o oxigênio singleto e outras formas<br />
reativas de oxigênio atuam em diversas estruturas celulares e por diferentes caminhos.<br />
O TFD é uma terapia local de baixa invasividade, pois a fonte de luz conduzida pelo cabo fibra ótica agira somente<br />
na área alvo. Deste modo não ocorrerá distúrbios na microflora em outros locais.<br />
PDT oferece irrigação abundante e eliminação de patógenos em áreas inacessíveis da bolsa periodontal em curto<br />
espaço de tempo, portanto, beneficiando ambos operador e paciente.<br />
O risco de bacteremia após debridamento periodontal pode ser minimizado.<br />
Não há necessidade de prescrever antibióticos, portanto, a possibilidade de efeitos colaterais são evitados.<br />
Não há necessidade de anestesiar a área e destruição das bactérias é alcançados em um período muito curto<br />
(
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
a recolonização, do ambiente, por bactérias comensais,<br />
auxiliando o hospedeiro no restabelecimento da homeostase<br />
e promovendo a cicatrização tecidual. Embora estes estudos<br />
tenham apresentado bons resultados, é necessário lembrar<br />
que o modelo in vitro não reflete as condições do biofilme<br />
oral que potencialmente interfeririam na efetividade da TFD,<br />
tais como: o fato de o biofilme ser liquido e não semi-sólido<br />
como os meios de cultura e a presença de sangue ou soro.<br />
Estudos, em modelo animal, obtiveram resultados<br />
bastante promissores. Ratos imunossuprimidos, apresentando<br />
periodontite induzida, foram submetidos ao tratamento com<br />
TFD (azul de toluidina + laser GaAlAs 660 nm), apresentaram<br />
menor grau de inflamação e perda óssea do que aqueles que<br />
foram submetidos ao tratamento convencional (Fernandes<br />
et al. ,2009). Em um estudo a TFD foi avaliada como uma<br />
terapia auxiliar ao tratamento não-cirúrgico em 100 ratos com<br />
periodontite induzida. Estes animais foram submetidos à TFD<br />
(GaAlAs 685 nm+ azul de toluidina), os exames radiográficos<br />
e histológicos não encontraram mudanças significativas<br />
no padrão de perda óssea e inflamação no grupo tratado<br />
com a TFD em relação ao grupo não tratado após 15 dias;<br />
notando-se que o TFD reduziu transitoriamente a destruição<br />
periodontal (Almeida et al., 2007). A terapia fotodinâmica<br />
também foi aplicada em cães da raça beagle, com periodontite<br />
induzida, utilizando-se a clorine e6 ou BLC 1010 e luz laser<br />
diodo de comprimento de onda 662 nm, foram observados<br />
significante redução na vermelhidão e sangramento à<br />
sondagem, além da supressão do P gingivalis quando na<br />
presença da clorine e6 (Sigusch et al., 2005).<br />
Resultados recentes, em humanos, foram controversos a<br />
respeito dos efeitos benéficos da TFD como auxiliar a terapia<br />
convencional (Oliveira et al., 2007; Christodoulides et al., 2008;<br />
Braun et al., 2008; Lopes et al. 2008; Oliveira et al., 2009; Alzahrani<br />
et al., 2009; Macedo, 2009; Chondros et al., 2009; Lulic<br />
et al., 2009; Pinheiro et al, 2010). Braun et al, (2008) estudaram<br />
vinte pacientes portadores de periodontite crônica não<br />
tratados, onde todos os dentes receberam terapia<br />
periodontal tradicional. Por meio de um modelo de boca dividida,<br />
no qual dois quadrantes (grupo teste) foram adicionalmente<br />
tratados com terapia fotodinâmica. Não foram observadas<br />
diferenças, estatisticamente significantes, entre os grupos para<br />
profundidade de sondagem, sangramento a sondagem e nível<br />
de inserção relativo após uma semana. Entretanto, houve uma<br />
redução significativa para os valores dos mesmos parâmetros<br />
clínicos após três meses de tratamento no grupo controle,<br />
com um maior impacto sobre os sítios tratados com a TFD<br />
como adjuvante. Dez pacientes com periodontite agressiva<br />
foram tratados com TFD (laser diodo 690 nm+ fenotiazina)<br />
ou raspagem e alisamento radicular, após três meses eles<br />
observaram um maior ganho de inserção, diminuição da<br />
profundidade de sondagem e índice de sangramento nos<br />
dentes tratados com a TFD (Oliveira et al., 2007). Em trabalho<br />
posterior, o mesmo grupo investigou as concentrações<br />
de TNF-a e RANKL no fluido crevicular de indivíduos<br />
portadores de periodontite agressiva que foram submetidos,<br />
aleatoriamente, ao tratamento tradicional ou utilizando a<br />
TFD, observando efeitos equivalentes nas dosagens destas<br />
citocinas em ambas as abordagens terapêuticas (Oliveira et al,<br />
2009). Noutro estudo em humanos, percebeu-se a falha da<br />
TFD (laser diodo 670nm + substancia fotoativada não citada)<br />
em melhorar os níveis de sondagem e inserção, além de não<br />
ter proporcionado mudanças microbiológicas, entretanto<br />
observou-se importante redução no índice de sangramento<br />
(Christodoulides et al, 2008).<br />
Em mais um trabalho, com diferente metodologia, Lopes<br />
et al. (2008) estudaram vinte e um indivíduos com bolsas<br />
entre 5 e 9 mm, em locais não-adjacentes, utilizando-se<br />
o desenho metodológico de boca dividida, onde cada<br />
sítio foi aleatoriamente distribuído entre os grupos: raspagem<br />
e alisamento radicular e laser (1), laser isoladamente<br />
(2), somente raspagem e alisamento radicular (3), ou nenhum<br />
tratamento (4). O índice de placa, sangramento à sondagem e<br />
concentração no fluido crevicular da IL-1b foram avaliados no<br />
início e apos 12 e 30 dias, enquanto que a profundidade de<br />
sondagem, recessão gengival e nível de inserção clínico foram<br />
avaliados no início e 30 dias após o tratamento. Após 12 dias<br />
da realização do procedimento, houve redução do índice de<br />
placa grupos 1 e 2 (p
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
No mesmo ano, Macedo (2009) avaliou o efeito da<br />
terapia fotodinâmica como adjuvante à terapia periodontal,<br />
de pacientes diabéticos tipo 2. O estudo foi divido em duas<br />
fases (fase 1 tratamento e fase 2 terapia de suporte). Foram<br />
selecionados 45 pacientes diabéticos tipo 2, dos quais 30<br />
receberam a terapia periodontal associada à TDF (Grupo<br />
G1) e 15 realizaram terapia periodontal apenas, sendo que<br />
todos fizeram uso de doxiciclina. Avaliou-se no exame inicial<br />
e três meses após a terapia os seguintes parâmetros: índice<br />
de placa, profundidade de sondagem, nível de inserção<br />
clínica, sangramento à sondagem, supuração, hemoglobina<br />
glicosilada (HbA1c), glicemia em jejum, além da coleta de<br />
amostras de fluido gengival e biofilme subgengival para<br />
análise da IL1-β e exame microbiológico. Os resultados<br />
da fase 1 serviram como dados iniciais para fase 2. Nesta<br />
fase 2, o Grupo G1 foi subdividido em dois grupos de 15<br />
indivíduos: G1R onde foi realizada raspagem e alisamento;<br />
e G1-F onde foi realizada somente aplicação de PDT. O<br />
grupo G2 (n=15) recebeu raspagem e alisamento radicular.<br />
As mesmas avaliações da fase 1 foram feitas após 3, 6 e 9<br />
meses da realização da TPS. Observou-se uma redução<br />
significativa da HbA1C e glicemia em jejum para o grupo G1<br />
e para as bactérias do complexo vermelho. Na fase 2 não<br />
houve diferenças entre grupos para os parâmetros avaliados.<br />
Houve redução significativa do número bolsas entre 4, 5 e<br />
≥ 6 mm e aumento de sítios ≤ 3 mm entre o tempo de 3<br />
meses e as demais reavaliações (P
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
reduções foram nas profundidades de sondagem observadas<br />
no grupo teste (-0,67 + / - 0,34 p = 0,01) em comparação<br />
com os pacientes do grupo controle (-0,04 + / - 0,33; NS)<br />
após seis meses. Significativo ganho de inserção (0,52 + / -<br />
0,31, p = 0,01) foi observado para o grupo teste, mas não<br />
no controle (-0,27 + / - 0,52 ) em pacientes após 6 meses.<br />
Os indicies de sangramento diminuíram significativamente<br />
nos pacientes teste (97-64%, 67%, 77%), mas não nos do<br />
grupo controle após 3, 6 e 12 meses. Deste modo fica clara<br />
a eficiência do TFD, neste protocolo, como adjuvante à<br />
raspagem e alisamento radicular em paciente de manutenção<br />
periodontal. Os melhores resultados foram mais bem<br />
observados após seis meses (Lulic et al, 2009).<br />
Estas discrepâncias nos resultados podem ser explicadas<br />
pela utilização de diferentes metodologias como: tipo<br />
fotossensibilizador usado; concentração do fotossensibilizador;<br />
período de manutenção do fotossensibilizador em contato<br />
com o tecido; tempo para a resposta biológica; pH local;<br />
presença de exsudato; composição do fluido gengival; modo<br />
e freqüência de aplicação do fotossensibilizante.<br />
Os benefícios do TFD na doença periodontal podem<br />
ser explicados não apenas pela ação antimicrobiana local,<br />
descrita anteriormente, mas também pelo aumento da<br />
angiogênese que irá oxigenar melhor a área (Fernandes et al.,<br />
2009). Outra possível explicação para tais resultados pode ser<br />
a biomodulação exercida pelo laser de baixa potência, pois,<br />
este acelera o reparo ósseo, exerce um efeito antiinflamatório,<br />
favorece a quimiotaxia celular além de promover vasodilatação<br />
local (Raghavendra et al., 2009). Portanto, neste contexto,<br />
observa-se um aumento do aporte local de oxigênio no<br />
tecido, favorecendo o processo de reparo por que a secreção<br />
de colágeno, pelos fibroblastos, no espaço extracelular, ocorre<br />
somente na presença de altas concentrações deste gás.<br />
Tabela 3<br />
Terapia fotodinâmica em estudos in vivo<br />
Fotossensibilizador Luz Resultados<br />
Chlorine e6 BLC1010 662nm/ LED S 21 ; TFD<br />
Azul de metileno GaAlAs 685 nm 4.5 J/cm 2 ns;SRPxPDT 24<br />
Phenothiazine chloride 660 nm/ LED/ 60 mw/cm 2 ns 31<br />
Phenothiazine chloride 670 nm/75 mw ns; SRP+TFD 22<br />
Nenhum Er:YAG laser/ 12.9 J/cm 2 /pulse S;SRP+TFD 25<br />
TBO GaAlAs 660nm 57.14 J/cm 2 /point S;SRP+TFD 31<br />
Phenothiazine chloride 660nm-100 mw S;SRP+TFD 23<br />
Phenothiazine chloride 670nm-75 mw ns; SRP+TFD 28<br />
Phenothiazine chloride 660nm-60 mw ns; SRP+TFD=SRP 27<br />
SRP= raspagem e alisamento radicular, TFD= terapia fotodinâmica, S= significante, ns= não significante<br />
Considerações finais<br />
Embora alguns resultados sejam bastante animadores em<br />
relação à TFD como uma ferramenta auxiliar no tratamento<br />
da doença periodontal, especialmente quando aplicada<br />
em episódios repetidos, faz-se necessário a realização de<br />
pesquisas bem desenhadas com protocolo de avaliação e<br />
diagnóstico precisos, ensaios clínicos aleatórios com um<br />
número limitado ou sem perdas no acompanhamento e com<br />
métodos de aferição de parâmetros clínicos cuidadosamente<br />
padronizados e suas respectivas análises.<br />
ABSTRACT<br />
The main goal of the periodontal treatment is the reestablishment<br />
of the periodontal health. The success of<br />
periodontal therapy depends on the adequate elimination<br />
of the etiological factors, such as dental plaque and calculus<br />
deposited over root surface. However, mechanical therapy<br />
may not be sufficient for the total elimination of bacterial<br />
biofilm. Some areas are unaccessible to adequate periodontal<br />
instrumentation, thus some periodontal pathogenic bacteria<br />
can run into the soft tissues. Therefore, there is a continuous<br />
70
R. Periodontia - 21(1):65-72<br />
search for adjunctive methods to improve the results obtained<br />
by mechanical therapy. The purpose of this paper is to present<br />
a review of the literature focusing on studies that evaluated<br />
the effect of photodynamic therapy (PDT) on periodontal<br />
pathogens. The studies demonstrated that PDT is effective<br />
in reducing the amount of bacteria, including periodontal<br />
pathogens; and, thus, can be considered as an adjunctive<br />
method for non-surgical periodontal treatment. New studies<br />
should be conducted in order to determine the specific lasers<br />
parameters to make PDT more effective and predictable.<br />
UNITERMS: periodontal disease, lasers, photochemotherapy<br />
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Endereço para correspondência:<br />
André Luis Gomes Moreira<br />
Celular: (71) 9652-7274<br />
E-mail: almoreira21@yahoo.com.br<br />
72
R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />
A RELAÇÃO BIDIRECIONAL ENTRE DOENÇA PERIODONTAL<br />
E DOENÇA RENAL CRÔNICA: DA PROGRESSÃO DA DOENÇA<br />
RENAL CRÔNICA À TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA DE<br />
DIÁLISE<br />
Diva Claudia de Almeida 1 , Carlos Sardenberg Pereira 2 , José Mauro Granjeiro 3 , Walter Augusto Soares Machado 4 , Fátima Regina<br />
Veiga Tostes 5 , Eliane dos Santos Porto Barboza 6<br />
RESUMO<br />
A doença periodontal (DP) e a doença renal crônica<br />
(DRC) apresentam vários fatores em comum, os quais tanto<br />
são fatores de predisposição e/ou agravamento da DP<br />
quanto são causa, progressão, comorbidade/mortalidade<br />
ou risco de agravamento da DRC, principalmente no que<br />
tange à inflamação. Os estudos que correlacionam ambas<br />
as doenças são escassos, contraditórios, com metodologia<br />
variada, e a grande maioria refere-se especificamente à<br />
relação da DP com a DRC em terapia renal de substituição<br />
(TRS) de hemodiálise (HD). Os trabalhos relacionados à DP<br />
e DRC nas suas fases de progressão e em TRS de diálise<br />
peritoneal não elucidam, de forma suficiente, a possível<br />
relação ou não entre as duas doenças. Apesar desta<br />
limitação, parece haver uma viabilidade de correlação<br />
positiva ente ambas as doenças, em uma relação bilateral<br />
de causa-efeito, além de maior prevalência e severidade<br />
da DP na TRS em HD, que em diálise peritoneal, tendendo<br />
a diminuir sucessivamente em pacientes pré-diálise. Este<br />
artigo apresenta uma revisão da literatura discutindo a<br />
possível relação entre a DP e a DRC em suas fases de<br />
progressão e na TRS em hemodiálise e diálise peritoneal.<br />
UNITERMOS: periodontite, doença renal crônica,<br />
hemodiálise, diálise peritoneal. R Periodontia 2011; 21:73-<br />
79.<br />
1<br />
Mestranda em Odontologia (UFF), Professora Auxiliar de periodontia do Curso de<br />
Especialização em Periodontia da Universidade Veiga de Almeida.<br />
2<br />
Pós-graduando em Periodontia Odontoclínica Central do Exército (OCEX).<br />
3<br />
Livre Docente em Odontologia (FOB – USP), Professor Adjunto III da Universidade Federal<br />
Fluminense.<br />
4<br />
Livre Docente em Periodontia (Uerj), Professor Titular de Periodontia da Universidade Veiga de<br />
Almeida<br />
5<br />
Mestre em Nefrologia (Uerj), Médica Nefrologista da Policlínica Geral de Botafogo.<br />
6<br />
Mestre e Doutora em Periodontia (Universidade de Boston), Professora Associada da<br />
Universidade Federal Fluminense.<br />
Recebimento: 24/01/11 - Correção: 10/02/11 - Aceite: 25/02/11<br />
INTRODUÇÃO<br />
A prevalência da doença renal crônica (DRC) no<br />
Brasil, semelhante à observada em outros países,<br />
aumenta de forma alarmante, embora seja importante<br />
destacar que existem poucos estudos disponíveis na<br />
literatura sobre a prevalência da DRC no Brasil (Ajzen<br />
& Schor, 2002; Arora & Verrellim, 2010).<br />
Segundo censo da Sociedade Brasileira de<br />
Nefrologia, em 2008, cerca de 87.044 brasileiros<br />
faziam terapia renal substitutiva (TRS) por diálise. Em<br />
2007, ocorreram 13.338 óbitos, sendo as principais<br />
causas, doença cardiovascular (37%), infecção (26%)<br />
e doença cerebrovascular (10%). Em 2008, o aumento<br />
do número de casos de DRC foi 18%. Com base no<br />
grande número de grupos de risco, a previsão é que<br />
ultrapasse 125.000 casos em 2010 (Sesso et al, 2008;<br />
Arora & Verrellim, 2010).<br />
Essa situação mundial da DRC assume grande<br />
importância no que se refere à doença periodontal,<br />
por se tratar de uma doença de caráter infeccioso<br />
Multifatorial (Almeida et al, 2009), associada como<br />
fator de risco para algumas doenças sistêmicas (Craig<br />
et al, 2007; Bastos et al, 2009; Bastos et al, 2010).<br />
A maioria dos pacientes renais crônicos, em<br />
função da preocupação com a saúde sistêmica, não<br />
73
R. Periodontia - 21(1):73-79<br />
tem como prioridade a higiene bucal e o tratamento dos<br />
dentes. Além disso, existe também a dificuldade de acesso ao<br />
tratamento dentário público ou privado, contribuindo assim<br />
para o aparecimento de doenças periodontais, que podem<br />
representar focos de infecções aos pacientes renais crônicos,<br />
inclusive motivo de impedimento ao transplante renal (Castillo<br />
et al, 2007; Almeida et al, 2009)<br />
O objetivo deste artigo é revisar a literatura pertinente<br />
sobre a possível relação entre a DP e a DRC em suas fases de<br />
progressão e na TRS em hemodiálise (HD) e diálise peritoneal<br />
(PD).<br />
REVISÃO DE LITERATURA<br />
Doença Renal Crônica<br />
A Doença Renal Crônica é definida por anormalidades<br />
estruturais ou funcionais do rim, com ou sem diminuição<br />
da Taxa de Função Glomerular (TFG), evidenciada por<br />
anormalidades histopatológicas ou de marcadores de lesão<br />
renal, incluindo alterações sanguíneas ou urinárias, ou ainda<br />
de exames de imagem; TFG <br />
90 m mL/min/1,73 2 ); Fase 2: leve redução na TFG (60-89 mL/<br />
min/1,73 m 2 ); Fase 3: redução moderada da TFG (30-59 m<br />
mL/min/1.73 2 ); Fase 4: redução acentuada da TFG (15-29<br />
mL/min/1,73 m 2 ); Fase 5: Insuficiência renal (TFG
R. Periodontia - 21(1):73-79<br />
disfunção imune com impedimento de resposta à infecção<br />
e baixa resposta à vacinas (Cilkuba et al, 2007; Hauser et al,<br />
2008; Guzeldemir et al, 2009).<br />
A uremia causada pela baixa TFG provoca imunodeficiência<br />
devido ao aumento de substâncias tóxicas na corrente<br />
sanguínea. Pacientes com DRC apresentam as respostas<br />
imunes celulares e humoral suprimidas e concentrações séricas<br />
de IgA, IgM e IgG subnormais em um terço dessa população<br />
(Kshirsagar et al, 2007).<br />
O Diabete Mellitus é considerado a segunda maior causa<br />
de DRC. AGEs são uma das causas da disfunção imune<br />
em DRC e mostram uma estreita relação com marcadores<br />
inflamatórios, como proteína C- reativa (PCR) e IL-6,<br />
induzindo ao risco aumentado de eventos cardiovasculares,<br />
principalmente aterosclerose (Chen et al, 2006; Cilkuba et al,<br />
2007; Hauser et al, 2008; Arora & Verrellim, 2010).<br />
A inflamação crônica, comum em pacientes com DRC,<br />
contribui também para o desenvolvimento da anemia, em<br />
virtude da eritropoiese ser inibida por várias citocinas próinflamatórias<br />
como a interleucina -1, TNF- α, e gama interferon<br />
(IFN- γ). Além disso, altas concentrações de PCR plasmáticas<br />
têm se mostrado associado com anemia crônica em pacientes<br />
em hemodiálise (Chonchol et al, 2008).<br />
O hiperparatiroidismo secundário (PTHS), resultado da<br />
alteração do metabolismo cálcio-fósforo, na progressão<br />
da DRC, está associado a várias complicações, incluindo<br />
inflamação e alteração do metabolismo ósseo, levando a<br />
doenças ósseas e maior risco de morbidade e mortalidade<br />
cardiovascular. Pacientes nos estágios iniciais da DRC também<br />
apresentam PTHS e tende a progredir com a deterioração da<br />
função renal (Craig et al, 2007; Guzeldemir et al, 2009).<br />
Além da inflamação que ocorre como consequência da<br />
progressão da DRC, a reação inflamatória inespecífica que<br />
ocorre na terapia renal substitutiva (TRS) de hemodiálise pode<br />
ser induzida por vários mecanismos tais como o contato<br />
do sangue com a membrana do hemodialisador, qualidade<br />
da água, qualidade da diálise, presença de bactérias ou de<br />
fragmentos lipopolissacarídicos capsulares. Além da ocorrência<br />
de biofilme na superfície interna dos condutos de sangue ou<br />
de líquido de diálise, que podem ativar o sistema imunológico<br />
com diferentes intensidades e despertar reação inflamatória<br />
(Kim & Amar, 2006; Hauser et al, 2008).<br />
A mesma situação ocorre em diálise peritoneal, onde as<br />
alterações de características inflamatórias são freqüentemente<br />
identificadas na membrana peritoneal, apresentando nesses<br />
pacientes elevados índices de marcadores bioquímicos e<br />
inflamatórios, com aumento dos níveis séricos de proteínas de<br />
fase aguda positiva (proteína C-reativa, amilóide A e ferritina)<br />
e redução de proteínas de fase aguda negativas (transferrina,<br />
albumina e leptina séricas) (Kshirsagar et al, 2007; Kotanko,<br />
2008).<br />
Doença Periodontal e Doença Renal Crônica<br />
Nos últimos 10 anos, vários estudos foram realizados<br />
no sentido de relacionar DP e DRC (Offenbacher et al, 2008;<br />
Bayraktar et al, 2009; Thorman et al, 2009; Bastos et al, 2010;<br />
Um et al, 2010; El-Minshawy et al, 2010). No entanto, além de<br />
escassos, contraditórios e com metodologia muito variada, a<br />
grande maioria é direcionada à TRS em HD (Craig et al, 2007;<br />
Bastos et al, 2009).<br />
Os mecanismos da relação entre DRC e DP têm sido<br />
explicados por diversos autores, em virtude de alterações no<br />
periodonto que podem ser provocadas principalmente pela<br />
carga inflamatória sistêmica e pela baixa imunidade, além<br />
dos seus fatores em comum. Estes fatores são considerados<br />
tanto como fatores de predisposição e /ou agravamento da DP<br />
quanto são causas, progressão, comorbidade/mortalidade,<br />
ou risco de agravamento da DRC (Riella, 2003; Bastos et al,<br />
2009; Um et al, 2010; Kovesdy, 2010).<br />
Comorbidades e doenças sistêmicas, inerentes à DRC,<br />
ocasionam várias alterações no periodonto: 1- anemia,<br />
desnutrição e alterações imunológicas, que resultam na<br />
falta de integridade dos tecidos periodontais, exacerbando a<br />
resposta inflamatória da gengiva ao biofilme dental, além de<br />
mudanças degenerativas na gengiva, ao exame morfológico,<br />
as quais não são observadas em indivíduos com periodontite<br />
sem DRC (Craig et al, 2007; Castillo et al, 2007;Bayraktar et<br />
al, 2009); 2- alterações do metabolismo Ca e P, e o PTHS<br />
que envolvem atuação das prostaglandinas, IL1, IL6, TNF<br />
e interferon, as quais atuam no metabolismo do tecido<br />
ósseo, interferindo na sua remodelação e promovendo maior<br />
reabsorção óssea, o que pode contribuir para maior severidade<br />
da doença periodontal (Thorman et al, 2009; Guzeldemir<br />
et al, 2009); 3- diabete mellitus, que provoca alteração na<br />
função imune, aumento em número e na função de leucócitos<br />
polimorfonucleares, acúmulo de AGEs, redução na síntese<br />
do colágeno e um aumento na atividade da colagenase, o<br />
que influenciará negativamente o metabolismo do colágeno,<br />
causando a ruptura do tecido periodontal e cicatrização<br />
comprometida (Um et al, 2010); 4- uremia que propicia o<br />
aumento da uréia salivar e consequente alteração do pH do<br />
biofilme dental, ocasionando maiores depósitos de cálculo<br />
dental (Thorman et al, 2009); 5- fatores psicossociais como a<br />
depressão, que ocasionam baixa qualidade de higiene bucal<br />
e consequente baixa saúde bucal, por aumento do biofilme<br />
dental, principal fator etiológico da DP (Castillo et al, 2007;<br />
Thorman et al, 2009).<br />
Os fatores psicossociais, comuns na DRC, principalmente<br />
75
R. Periodontia - 21(1):73-79<br />
depressão (Cilkuba & Racek, 2007), pode ter influência<br />
na DP. Tal situação foi demonstrada em um estudo sobre<br />
qualidade de vida e status de saúde periodontal em pacientes<br />
submetidos à TRS de hemodiálise (Guzeldemir et al, 2009).<br />
Esse estudo revelou que quase a metade dos participantes<br />
não tinha hábitos de escovação. Somente um entre os<br />
participantes declarou usar fio dental diariamente. O número<br />
médio de dentes perdidos (6,53 ± 7,16) foi considerado alto.<br />
Em situação inversa, a DP tem sido relacionada como<br />
fator de risco à DRC (Borawski et al, 2007; Bastos et al,<br />
2010) devido à inflamação periodontal poder disseminar-se<br />
sistemicamente através da reação imune do hospedeiro, da<br />
injúria provocada pelas toxinas bacterianas e pela translocação<br />
de bactérias (Kim & Amar, 2006). Esses fatos tornaram-se<br />
evidentes quando anticorpos de Porphyromonas gingivalis,<br />
foram encontrados em autópsia humana, armazenados<br />
pelo ateroma. Modelos animais também mostraram que<br />
culturas bacterianas com cepas de P. gingivalis aceleraram<br />
a formação de placas ateroscleróticas na artéria coronária e<br />
aorta (Bayraktar et al, 2009).<br />
Além disso, Kshirsagar et al, (2007) concluíram que<br />
nível elevado de IgG para patógenos periodontais estava<br />
significativamente associado com diminuição da função renal,<br />
independente dos fatores de risco tradicionais da DRC.<br />
Outro fator é obser vado em estudos recentes<br />
demonstrando que infecções periodontais estão associadas<br />
com o aumento da incidência de complicações ateroscleróticas,<br />
uma das principais causas de mortalidade em DRC<br />
(Scannapieco et al, 2006; Bayraktar et al, 2009), podendo<br />
induzir ou perpetuar uma elevação do estado inflamatório<br />
crônico sistêmico, através da ativação hepática da resposta de<br />
fase aguda, causada pelos efeitos sistêmicos da disseminação<br />
da bactéria periodontal ou das suas toxinas bacterianas<br />
(Bayraktar et al, 2009). Como consequência, haverá um<br />
aumento dos níveis elevados de PCR, IL6, TNF- α e PGE 2<br />
, além<br />
de promover diminuição da lipoproteína de alta densidade,<br />
aumento da lipoproteína de baixa densidade, aumento de<br />
glicose no sangue, e diminuição da função e contagem dos<br />
neutrófilos no sangue periférico, resultando em episódios de<br />
hiperglicemia e mau controle metabólico (Souza et al, 2007).<br />
Alguns poucos estudos objetivaram avaliar a condição<br />
periodontal dos pacientes renais crônicos nas fases pré-diálise<br />
e em diálise peritoneal (St Peter, 2007; Bastos et al, 2009;<br />
Thorman et al, 2009). Além da limitação quantitativa desses<br />
estudos, os resultados encontrados não fornecem subsídios<br />
conclusivos suficientes. Este fato pode ser observado nos<br />
estudos de Davidovich et al, (2005), Borawski et al, (2007),<br />
Bayraktar et al, (2008), Garcez et al, (2009) e Thorman et al,<br />
(2009), que apresentaram resultados conflitantes quanto<br />
à severidade da DP na fase pré-diálise, na TRS de diálise<br />
peritoneal e nas duas modalidades de TRS (HD e PD).<br />
A terapia periodontal tem sido demonstrada como<br />
fator de diminuição dos índices de marcadores sistêmicos<br />
de inflamação como PCR, IL-6 e haptoglobina, além de<br />
melhor controle glicêmico e metabólico em indivíduos com<br />
periodontite e parcialmente restaurar a disfunção endotelial<br />
(Souza et al, 2007; Offenbacher et al, 2008). Recentemente<br />
foi demonstrado que, após 4 a 6 semanas do tratamento<br />
periodontal tradicional, há um decréscimo de 3 vezes em<br />
proteína C reativa e um aumento nos níveis de hemoglobina<br />
em pacientes de HD, além de decréscimo de IL-6 (Bayraktar<br />
et al, 2009).<br />
DISCUSSÃO<br />
O estudo da possível relação entre a doença periodontal<br />
e a doença renal crônica é relativamente novo na ciência da<br />
saúde. Embora nos últimos 5 anos o número desses trabalhos<br />
venha aumentando significativamente, a grande maioria<br />
refere-se especificamente à DRC em TRS de hemodiálise e,<br />
mesmo assim, apresentando resultados conflitantes.<br />
Os trabalhos relacionados à DP e DRC nas suas fases<br />
de progressão e em TRS de diálise peritoneal, além de não<br />
possuírem quantitativo significante, são muito controversos,<br />
não elucidando de forma suficiente, se existe ou não relação<br />
entre as duas doenças. Isto também é uma grande limitação<br />
para que os estudos possam ser comparados e discutidos.<br />
Tal situação foi também observada por Borawski et al, (2007),<br />
que relatou a mesma situação nos últimos 10 anos, tendo<br />
encontrado em sua busca na literatura, apenas 9 estudos<br />
pertinentes e, ainda assim, com resultados inconsistentes, em<br />
função de metodologia variada e não representativa.<br />
Apesar desta situação, parece existir uma tendência<br />
à viabilidade de uma relação bidirecional entre DRC e DP,<br />
baseada nos fatores comuns entre ambas (Riella, 2003;<br />
Borawski et al, 2007; Bastos et al, 2009; Um et al, 2010).<br />
Além desses fatores, a inflamação/infecção com seu<br />
impacto sistêmico, inerente a ambas as doenças, parece<br />
ser o maior fator de correlação. A plausibilidade biológica<br />
para considerar a DP como fator de risco à DRC é derivada<br />
do potencial da resposta inflamatória para a DP, na carga<br />
inflamatória crônica sistêmica, associada à DRC (Fisher et al,<br />
2008; Kovesdy, 2010).<br />
A resposta imunoinflamatória de destruição tecidual local<br />
aos periodontopatógenos, seus produtos (LPS) e citocinas<br />
inflamatórias, contribuem para a inflamação sistêmica<br />
crônica, podendo não apenas ser um fator de risco de<br />
infecção sistêmica a esses pacientes, como também um<br />
76
R. Periodontia - 21(1):73-79<br />
fator de impedimento e/ou de insucesso do procedimento de<br />
transplante renal, em função do risco de infecção oportunista<br />
no enxerto renal (Um et al, 2010; Kovesdy, 2010).<br />
Outro importante fator a se considerar que corrobora com<br />
essa plausibilidade biológica reside nas vias de disseminação<br />
da inflamação periodontal (Castillo et al, 2007), não apenas<br />
devido ao aumento da carga inflamatória sistêmica, mas<br />
também devido à translocação bacteriana, representando<br />
assim, possíveis focos de infecções aos pacientes renais<br />
crônicos (Craig et al, 2007).<br />
Esse fator pode ser extremamente importante no que<br />
se refere às fases de progressão da DRC, pois a resposta<br />
inflamatória crônica do hospedeiro às bactérias periodontais,<br />
ou aos seus produtos bacterianos, pode causar e/ou predispor<br />
a dano renal agravando a DRC (Um et al,Além disso, a bactéria<br />
periodontal pode instalar-se não apenas no glomérulo, mas<br />
inclusive nos vasos, acelerando a aterosclerose, principal causa<br />
de complicação cardiovascular nesses pacientes e responsável<br />
por 60% da taxa de mortalidade de pacientes em diálise<br />
(Bayraktar et al, 2009).<br />
Nesse contexto, a periodontite tem sido considerada<br />
atualmente como origem “oculta” de inflamação em<br />
pacientes com DRC, fator de risco não tradicional para DRC<br />
e, consequentemente, fator de comorbidade e agravamento<br />
da DRC (Thorman et al, 2009; Bastos et al, 2009; Bayraktar<br />
et al, 2009).<br />
A periodontite parece ser mais severa na TRS de HD,<br />
quando comparada à diálise peritoneal (Bastos et al, 2009;<br />
Thorman et al, 2009). Tal situação provavelmente pode ser<br />
devido a vários fatores, sendo um deles a inflamação, pois<br />
apesar das alterações inflamatórias na membrana peritoneal,<br />
características da terapia de diálise peritoneal, pacientes em<br />
HD podem tender a apresentar nível maior de inflamação em<br />
função de fatores próprios da HD, sendo um deles a perda<br />
crônica de sangue nos dialisadores, gerando a anemia crônica,<br />
um grande fator de inflamação e consequente desnutrição<br />
(Kshirsagar et al, 2007). Em adição, anemia e desnutrição estão<br />
relacionadas com diminuição da imunidade e agravamento<br />
de DP (Castillo et al, 2007; Thorman et al, 2009; Bayraktar<br />
et al, 2009).<br />
Davidovich et al, (2005), Borawski et al (2007) e Thorman<br />
et al, (2009) contrariando os estudos de Garcez et al, (2009)<br />
e Vesterinen et al, (2007) demonstraram que a doença<br />
periodontal pode tornar-se mais grave, conforme a DRC<br />
progride. Embora não existam estudos suficientes que<br />
justifiquem esses resultados, talvez o raciocínio que suporte<br />
esta hipótese resida no grau de inflamação e comorbidades<br />
que tendem a aumentar em função da progressão do dano<br />
renal, os quais normalmente são fatores de risco à DP. É<br />
importante enfatizar que a partir da fase 3 é que ocorre<br />
azotemia intensa, anemia e outros fatores que podem<br />
influenciar a evolução e severidade da DP (D’Ajuto et al, 2004;<br />
Borawski et al, 2007; Cilkuba & Racek, 2007; El-Minshawy<br />
et al, 2010).<br />
O estado psico-emocional dos pacientes renais crônicos<br />
pode influenciar fortemente a DP, pois a depressão é um<br />
dos motivos para negligenciar a higiene e saúde bucal,<br />
ocasionando acúmulo de biofilme dental e consequentemente<br />
maior colonização bacteriana e inflamação (Borawski et al,<br />
2007; Almeida et al, 2009; Kovesdy, 2010), o que está de<br />
acordo com o estudo de Guzeldemir et al, (2009).<br />
Associado a esse fato, várias comorbidades e doenças<br />
sistêmicas inerentes à DRC podem ocasionar alterações<br />
no periodonto, principalmente relacionadas à anemia,<br />
desnutrição, alterações imunológicas e diabete mellitus<br />
(Borawski et al, 2007; Castillo et al, 2007; Almeida et al,<br />
2009). Mudanças degenerativas na gengiva, observadas em<br />
exames morfológicos, não são observadas em indivíduos<br />
com periodontite sem DRC (Castillo et al, 2007). Além disso,<br />
as alterações do metabolismo Ca e P, e o PTHS parecem<br />
contribuir para maior perda de osso alveolar e severidade da<br />
DP (Borawski et al, 2007; Guzeldemir et al, 2009).<br />
Apesar do possível aumento da incidência e severidade<br />
da periodontite em pacientes com DRC, a mesma pode ser<br />
controlada através da terapia periodontal (Sesso et al, 2008;<br />
Bastos et al, 2009), propiciando melhoria da saúde bucal<br />
e efeito positivo sobre a morbidade e mortalidade desses<br />
pacientes. O tratamento da DP pode diminuir os índices de<br />
marcadores sistêmicos de inflamação, melhorar a glicemia<br />
e o controle metabólico, podendo inclusive parcialmente<br />
restaurar a disfunção endotelial (Offenbacher et al, 2008; Um<br />
et al, 2010), com consequente melhoria de saúde sistêmica<br />
e qualidade de vida dos pacientes renais crônicos (Garcez et<br />
al, 2009).<br />
Outra importante situação a ser considerada para a<br />
importância e necessidade de tratamento e controle da DP<br />
refere-se à TRS de transplante renal. Pacientes em diálise<br />
normalmente estão á espera do transplante renal e o mesmo<br />
ocorre de forma inesperada, porém a presença de infecção<br />
dentária e doença periodontal, tornam-se motivo para não<br />
realização, em função do risco de infecção oportunista no<br />
novo órgão (Borawski et al, 2007).<br />
CONCLUSÕES<br />
A DRC pode predispor e/ou agravar a DP, da mesma forma<br />
que, em sentido inverso, a DP pode ser fator de comorbidade<br />
e fonte oculta de inflamação, podendo causar e/ou predispor<br />
77
R. Periodontia - 21(1):73-79<br />
ao dano renal agravando a DRC, inclusive risco de dano ao<br />
enxerto renal.<br />
A viabilidade desta relação bidirecional de causa-efeito<br />
entre DRC e DP, está baseada nos fatores em comum<br />
entre ambas as doenças, principalmente no impacto<br />
sistêmico da inflamação/infecção e potencial da resposta<br />
imunoinflamatória.<br />
É possível que a DP seja mais leve nos estágios iniciais da<br />
DRC, evoluindo para fases modera e severa, de acordo com<br />
a progressão da DRC e modalidade de TRS, em função da<br />
progressão do grau de inflamação, azotemia, comorbidades<br />
e doenças sistêmicas associadas, além de fatores inerentes<br />
à diálise.<br />
O diagnóstico precoce, tratamento e controle da DP,<br />
associados à avaliação periódica da saúde bucal, desde<br />
os estágios iniciais da DRC, devem ser intensificados,<br />
como fator de prevenção de comorbidade, inclusive com<br />
a integração do cirurgião-dentista nas clínicas de diálise e<br />
equipe multiprofissional, o que pode ter um impacto positivo<br />
no estado de saúde bucal e sistêmica dos pacientes renais<br />
crônicos.<br />
Considerando que nos seus estágios iniciais a DRC é<br />
assintomática, é importante que o protocolo de rotina dos<br />
exames pré-operatórios odontológicos inclua dosagem<br />
sorológica de uréia e creatinina, como forma de prevenção<br />
de complicações pós-cirúrgicas e de auxílio no diagnóstico<br />
precoce da DRC.<br />
ABSTRACT<br />
Periodontal disease (PD) and Chronic Kidney Disease (CKD)<br />
share different factors, which are either predisposing and/<br />
or severity factors of PD and cause ative agent, progressive,<br />
comorbidity/mortality or severity risk of CKD, particularly with<br />
regard to inflammation. Studies that have correlated the<br />
two diseases are scarce, their results are contradictory, they<br />
differed on methodology, and focused on the relationship<br />
between PD and CKD in renal replacement therapy (RRT) by<br />
hemodialysis (HD). Studies related to PD and CKD in their<br />
stages of progression and in RRT in peritoneal dialysis do<br />
not sufficiently support the possible relationship between<br />
the two diseases. However positive correlation between PD<br />
and CKD seen is to be reasonable, in a bilateral cause-effect<br />
relationship, in addition to greater prevalence and severity<br />
of PD in RRT in HD than in peritoneal dialysis, which tends<br />
to diminish successively in pre-dialysis patients. This article<br />
presents a literature review discussing the possible relationship<br />
between PD and CKD in its stages of progression and in RRT<br />
in hemodialysis and peritoneal dialysis.<br />
UNITERMS: Periodontitis; Chronic Kidney Disease;<br />
Hemodialysis; Peritoneal Dialysis.<br />
Declaração de conflitos de interesse e fomento<br />
Os autores não declararam conflitos de interesse, nem<br />
suporte financeiro.<br />
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Endereço para correspondência:<br />
Diva Claudia de Almeida<br />
Largo do Machado, 29 - SL 603 - Catete<br />
CEP: 22221-020 – Rio de Janeiro - RJ<br />
E-mail: diclalm@gmail.com<br />
Tel: (21) 91240228<br />
79
VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
PROJETO<br />
80
VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
CONDUTA DO CIRURGIÃO DENTISTA NO SUS AO ATENDIMENTO PERIODONTAL<br />
Conduct of dentists in the SUS to periodontal care<br />
Rodrigues, Ananda Beatrice Danta Bahia; Brandão,Márcia<br />
RESUMO<br />
As Unidades Básicas de Saúde criada pelo Ministério de Saúde constituem-se a “porta de entrada” de pacientes para o<br />
SUS e sua importância está relacionada com a absorção de um contingente populacional que apresenta pouco ou nenhum<br />
acesso aos serviços odontológicos privados dada a situação econômica desfavorável. Atenção Básica considera o sujeito em sua<br />
singularidade, na complexidade, na integralidade, na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e<br />
tratamento de doenças e redução de danos ou sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver saudável.<br />
Em relação ao atendimento periodontal na USB o cirurgião-dentista deve saber diagnosticar as alterações periodontais antes<br />
de iniciar qualquer tratamento. Segundo o ministério da saúde o mesmo deve intervir nos fatores modificadores da doença<br />
periodontal; raspagem supragengival e subgengival, orientação de higiene oral, remoção de fatores de retenção de placa e<br />
outros procedimentos que sejam compatíveis com a capacidade instalada na clínica odontológica da unidade básica de saúde<br />
e quando não possível a realização de alguns procedimentos encaminhar para unidades especializadas. O objetivo do presente<br />
estudo é, pro meio de entrevista realizada com cirurgiões-dentistas das unidades básicas, em municípios que possuem Centros<br />
de especialidades odontológicas CEO, avaliar as condutas dos mesmos na terapia periodontal básica, avaliando critérios de<br />
diagnóstico, instrumentais utilizados e plano de tratamento. Os resultados apresentados são estudo piloto realizado no<br />
município de São Sebastião do Passé.<br />
UNITERMOS: SUS, USB<br />
AVALIAÇÃO DO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL NO TRATAMENTO DA PERIODONTITE CRÔNICA EM<br />
PACIENTES DIABÉTICOS<br />
Evaluation of debridement periodontal in the treatment of the chronic periodontite in subjects with diabetes.<br />
Nobre, Camila Neves; Nascimento, Maísa Cardozo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso.<br />
RESUMO<br />
O papel do biofilme como fator etiológico da doença periodontal já está bem estabelecido na literatura. No entanto,<br />
evidências sugerem que a gravidade e progressão da doença podem estar relacionadas a fatores ambientais e modificadores<br />
sistêmicos tais como o fumo e o Diabetes Melitus. Esta última alteração metabólica tem sido freqüentemente associada à<br />
doença periodontal, sendo a terapia periodontal mecânica associada ou não à antibioticoterapia a resolução da inflamação<br />
gengival. Entretanto, pela persistência ou recolonização de microorganismos, em alguns casos parece não ser capaz de devolver<br />
ou manter a saúde periodontal. Estudos sugerem que o debridamento em sessão única pode eliminar os periodontopatógenos<br />
e assim evitar reinfecções. Tratando-se de um grupo mais susceptível a infecção, como os portadores de diabetes mellitus<br />
esta nova abordagem de tratamento não cirúrgico pode apresentar algumas vantagens sobre o tratamento convencional em<br />
4 sessões, tais como uma diminuição do número de visitas ao dentista e uma redução abrupta nas bactérias causadoras da<br />
infecção. Dessa forma, o debridamento periodontal parece melhorar os resultados do tratamento periodontal não-cirúrgico e<br />
controle glicêmico. Sendo assim, o presente estudo justifica-se pela necessidade de novas investigações sobre a relação entre<br />
diabetes e doença periodontal, com o intuito de avaliar as alterações nos níveis séricos de HbA após terapia periodontal nãocirúrgica<br />
em sessão única e o efeito do debridamento periodontal no tratamento de pacientes portadores de periodontite<br />
crônica avançada.<br />
UNITERMOS: debridamento periodontal, diabetes, periodontite.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
EFEITO DA TFD AO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL EM FUMANTES COM PERIODONTITE CRÔNICA<br />
Photodynamic therapy as an adjunct to non-surgical treatment of chronic periodontitis in smokers<br />
Santos, David Barros Nunes; Balata, Maybel Lage; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso Ribeiro; Tunes, Urbino da Rocha<br />
RESUMO<br />
A raspagem e alisamento radicular é eficaz no tratamento da doença periodontal, entretanto, em alguns casos parece não<br />
ser capaz de devolver ou manter a saúde periodontal. A terapia fotodinâmica (TFD) é uma técnica que pode potencialmente<br />
atingir periodontopatógenos sem afetar os tecidos do hospedeiro. Diante disso, o objetivo do presente estudo é avaliar o<br />
efeito da instrumentação mecânica subgengival associada à TFD em pacientes fumantes com periodontite crônica severa.<br />
Será feito então um estudo clínico controlado, randomizado e cego com 12 pacientes. Os critérios de inclusão serão: presença<br />
de pelo menos dois dentes com sangramento à sondagem (SS) e profundidade de sondagem (PS) > 5 mm e dois dentes<br />
com SS e PS > 7 mm em lados opostos da boca; hábito de fumar mais de 10 cigarros por dia. Serão excluídos pacientes com<br />
doenças sistêmicas relevantes e que tenham recebido tratamento periodontal ou antibioticoterapia nos 6 meses anteriores<br />
ao estudo. Os pacientes serão submetidos à instrumentação mecânica subgengival em todos os sextantes e a TFD será<br />
realizada apenas em um dos lados da boca (modelo de boca dividida). Serão avaliados por examinador calibrado: Índice de<br />
placa, índice gengival, SS, recessão gengival, PS e nível de inserção clínica (NIC). Os parâmetros descritos acima serão avaliados<br />
antes do tratamento e 1, 3 e 6 meses depois. Os resultados obtidos serão comparados estatisticamente através da análise<br />
de variância com medidas repetidas.<br />
UNITERMOS: terapia fotodinâmica, doença periodontal, tratamento.<br />
LEVANTAMENTO DE SEIO MAXILAR COM XENOENXERTOS: AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA<br />
Sinus floor augmentation with xenografts: histological evaluation<br />
Costa, Gúbia Chagas de Araújo; Bittencourt, Sandro; Érica Del Peloso Ribeiro; Bezerra, Fábio<br />
RESUMO<br />
O objetivo do presente estudo é avaliar comparativamente a resposta histopatológica da cicatrização de assoalhos de<br />
seios maxilares após a colocação de xenoenxertos (derivado de osso medular bovino) para o preenchimento subantral, como<br />
procedimento de aumento no sentido vertical do soalho do seio maxilar. Serão selecionados 24 pacientes com indicação para<br />
a realização do levantamento do assoalho do seio maxilar com enxerto subantral. Aleatoriamente, os pacientes serão divididos<br />
em dois grupos: xenoenxerto - BioOss® (grupo controle) e o outro lado receberá o xenoenxerto - Osseus® (grupo teste).<br />
Após 6 meses, no momento em que o implante for realizado, será removida uma amostra de osso (3 X 7 mm) através de uma<br />
broca trefina de 3 mm. Esse material será processado para posterior análise microscópica descritiva, onde será visualizada a<br />
ocorrência dos seguintes eventos: presença de infiltrado inflamatório, formação do tecido ósseo, presença de tecido conjuntivo<br />
fibroso e reabsorção dos materiais. A histomorfometria será também realizada com a finalidade de se medir a área de osso<br />
neoformado, tecido conjuntivo fibroso e de biomaterial na área em reparo. As imagens serão capturadas utilizando uma câmera<br />
fotográfica digital acoplada ao microscópio ótico com objetiva de 12,5x e analisadas utilizando o programa Image Pro Plus.<br />
Os dados obtidos serão submetidos à análise estatística para comparação entre os grupos e determinação de correlações.<br />
UNITERMOS: xenoenxerto, seio maxilar, implante dental.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
DOCICICLINA ADJUNTO À TERAPIA PERIODONTAL MECÂNICA EM LESÕES DE FURCA CLASSE I e II:<br />
AVALIAÇÃO CLÍNICA<br />
Locally delivered doxycycline as an adjunct to mechanical periodontal therapy of class I and II furcation lesions: clinical<br />
evaluation<br />
Barbosa, Lígia Araujo; Cardozo, Maísa; Barbosa, Renata de Araujo; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
Um dos objetivos do tratamento dos defeitos de furca é a redução do biofilme dental das superfícies expostas do complexo<br />
radicular. Entretanto, em muitos casos, o debridamento mecânico não é suficiente para devolver às superfícies afetadas<br />
uma anatomia que facilite o controle da doença periodontal. A utilização tópica de doxiciclina tem sido proposta como<br />
uma alternativa não-cirúrgica para o tratamento desses pacientes, e tem demonstrando resultados positivos na redução de<br />
profundidade de sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC) e sangramento à sondagem (SS). Entretanto, poucos estudos<br />
analisam sua resposta em sítios associados a defeitos de furca. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar clinicamente os<br />
efeitos da doxiciclina a 10% no tratamento de lesões de furca classe I e II através da observação de seus efeitos associado ao<br />
tratamento de raspagem e alisamento radicular. Serão selecionados 20 pacientes com diagnóstico de periodontite crônica e<br />
que possuem pelo menos 01 sítio com envolvimento de furca classe I ou II em faces livres (V ou L). Eles serão aleatoriamente<br />
divididos em grupo teste, que receberá tratamento de RAR seguida da aplicação de doxiciclina nos sítios com defeitos de furca;<br />
e controle, que receberá a RAR e aplicação de placebo. Serão avaliados o índice de placa visível (IP), sangramento gengival (IG),<br />
sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem (PF), recessão gengival (Rec), nível de inserção clínica (NIC), grau<br />
de mobilidade dental e envolvimento de furca. Estes parâmetros serão reavaliados 30 e 90 dias após o tratamento.<br />
UNITERMOS: raspagem dentária, lesão de furca, antimicrobianos<br />
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA, CLÍNICOS-GEAIS E<br />
ESPECIALISTAS SOBRE O ESPAÇO BIOLÓGICO PERIODONTAL<br />
Evaluation of the knowledge of Dentistry students, clinicians and specialists about periodontal biologic width<br />
Almeida, Lorena Rodrigues; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A preservação do espaço biológico é de grande importância para a saúde dos tecidos periodontais diante de procedimentos<br />
restauradores e protéticos, e esta noção deve ser adquirida no período acadêmico para que seja posta em prática durante<br />
toda a carreira profissional. Assim, o objetivo deste estudo será avaliar o conhecimento de acadêmicos de Odontologia, clínicos<br />
gerais e especialistas em Periodontia ou Prótese sobre o espaço biológico periodontal. Para isto, esta pesquisa contará com 240<br />
participantes e dentre estes estarão: 80 alunos do último semestre do Curso de Odontologia, sendo 20 alunos da Universidade<br />
Federal da Bahia, 20 alunos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, 20 alunos da União Metropolitana de Educação e<br />
Cultura e 20 alunos da Universidade Estadual de Feira de Santana; 80 clínico-gerais, com pelo menos dois anos de formados,<br />
que realizem procedimentos periodontais e/ou protéticos e 80 especialistas, sendo 40 protesistas e 40 periodontistas. Estes<br />
responderão a um questionário que avaliará o conhecimento do conceito de espaço biológico, sua medida e importância na<br />
manutenção da saúde periodontal. Esses dados serão relacionados ao tempo de formado e a realização de pós-graduação<br />
“lactu senso”. Espera-se com os resultados desta avaliação, determinar as falhas existentes no conhecimento sobre espaço<br />
biológico para então propor formas de solucioná-las. Espera-se também ainda ressaltar a importância do conhecimento das<br />
estruturas do espaço biológico e sua preservação para evitar a ocorrência de problemas periodontais.<br />
UNITERMOS: espaço biológico, estudos epidemiológicos, conhecimento.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE MICROCIRURGIA PERIODONATAL PARA TRATAMENTO DE RECESSÕES<br />
GENGIVAIS EM FUMANTES<br />
Evaluation of periodontal microsurgery technique used to treat gingival recessions in smokers.<br />
Prates, Lyla; Araújo, Renata; Cardoso, Pauline; Ribeiro, Érica Del Peloso; Dourado, Mônica; Bittencourt, Sandro<br />
RESUMO<br />
Estudos clínicos vêm demonstrando que o hábito de fumar influencia negativamente o tratamento de recessões gengivais.<br />
Por outro lado, estudos em pacientes não fumantes vem confirmando que o uso da magnificação cirúrgica poderia facilitar<br />
a confecção do retalho cirúrgico, além de melhorar o suprimento sanguíneo e resultado estético. O objetivo deste estudo<br />
será avaliar a técnica de microcirurgia periodontal para tratamento de recessões gengivais em pacientes fumantes. Serão<br />
selecionados 15 pacientes não fumantes e 15 pacientes que fumam mais de 10 cigarros por dia e que apresentam recessões<br />
gengivais > 2,0 mm, localizadas em caninos e pré-molares superiores. Para ambos os grupos de pacientes, será utilizado o<br />
enxerto de tecido conjuntivo subepitelial, com o auxílio do microscópio operatório. Os parâmetros clínicos a serem avaliados<br />
incluem a largura e altura da recessão gengival, altura e espessura de mucosa queratinizada, profundidade de sondagem<br />
e nível de inserção clínica. A morbidade pós-operatória será medida através da escala visual analógica. Ao final do período<br />
experimental, a satisfação estética, morbidade pós-operatória e hipersensibilidade dentinária dos pacientes serão avaliadas<br />
através da aplicação de um questionário. A cicatrização e a estética das áreas operadas serão avaliadas por periodontistas<br />
independentes através de fotografias obtidas semanalmente, no primeiro mês pós-cirúrgico, e mensalmente até o sexto mês.<br />
Os dados clínicos serão coletados no pré-operatório e com seis meses após as cirurgias. Após a obtenção das médias, estas<br />
serão submetidas a um teste estatístico (ANOVA de Medidas Repetidas) para comparação entre os grupos e entre o período<br />
inicial e final do experimento.<br />
UNITERMOS: cirurgia periodontal; recobrimento radicular; microscópio<br />
AVALIAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE PERIODONTAL EM PACIENTES COM DOENÇA<br />
PERIODONTAL CRÔNICA<br />
Assessing self-perceptions of periodontal health in patients with chronic periodontal disease<br />
Nascimento, Maísa Cardozo; Nobre, Camila Neves; Barbosa, Ligia; Bittencourt, Sandro<br />
RESUMO<br />
A percepção da condição bucal, e a importância dada a ela, influencia o comportamento do indivíduo. Na maioria das vezes<br />
a razão para as pessoas não procurarem o atendimento odontológico é a não percepção de suas necessidades. Nos últimos<br />
anos, a Periodontia conquistou avanços muito significativos. Porém, poucos são os estudos que avaliam a autopercepção<br />
do processo saúde–doença periodontal, a mudança nos parâmetros clínicos de acordo com o conhecimento a respeito da<br />
doença e a efetividade da instrução e motivação antes, durante e depois do tratamento. Diante desta realidade, este estudo<br />
tem como objetivo avaliar a autopercepção dos pacientes em relação a doença periodontal e a efetividade da motivação e<br />
tomada de consciência sobre o tratamento da doença periodontal, através da aplicação de 3 questionários semi-estruturados.<br />
UNITERMOS: Autopercepção, Periodontite, Promoção a saúde<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
IODO POVIDINE ASSOCIADO AO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL NO TRATAMENTO DE PACIENTES<br />
COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />
Povidone iodine as an adjunct to periodontal debridement in the treatment of aggressive periodontitis<br />
Oliveira, Márcio Bastos; Almeida, Renato Augusto Rosal; Bastos, Vanda Emília Monte; Barbosa, Renata de Araújo; Ribeiro,<br />
Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro<br />
RESUMO<br />
A periodontite agressiva geralmente acomete indivíduos jovens, apresenta forte fator de agregação familiar e um perfil<br />
de perda óssea com rápida evolução. Especula-se ainda sobre sua ocorrência estar relacionada a uma maior susceptibilidade<br />
do indivíduo ou a microorganismos mais virulentos. No entanto, é fato relatado na literatura, que os pacientes acometidos<br />
apresentam pior resposta ao tratamento periodontal não-cirúrgico. Em adição, não há relatos na literatura sobre a ação<br />
antimicrobiana do iodo povidine, antimicrobiano de amplo espectro de ação, baixo potencial alergênico, baixos custos<br />
financeiros, no tratamento de pacientes com periodontite agressiva associado ao debridamento periodontal. O objetivo<br />
deste trabalho é avaliar os efeitos clínicos, microbiológicos e imunológicos da aplicação tópica subgengival de iodo povidine<br />
10% como adjunto da terapia mecânica em pacientes com periodontite agressiva. Serão selecionados 10 pacientes com o<br />
diagnóstico de periodontite agressiva. Um grupo receberá o tratamento de debridamento periodontal em sessão única com<br />
irrigação de cloreto de sódio 0,9% (controle) e o outro grupo receberá a irrigação com iodo povidine 10% (teste). O estudo é<br />
cego e o examinador é único e previamente calibrado.<br />
UNITERMOS: antimicrobianos, periodontite agressiva, raspagem dentária<br />
RESPOSTA IMUNE CELULAR E APOPTOSE EM PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />
Cellular immune response and Apoptosis in Individuals with Chronic Periodontitis<br />
Carvalho-Filho, Paulo Cirino; Fernandes, Bianca Franco Públio Pereira; Trindade, Soraya Castro; Meyer Roberto; Xavier, Márcia Tosta<br />
RESUMO<br />
A Periodontite é uma doença multifatorial, resultante da resposta imuno-inflamatória do hospedeiro frente a estímulos<br />
de bactérias do biofilme subgengival, destruindo tecidos de suporte e levando a perda dental. Pacientes com peridontite<br />
crônica podem apresentar alterações salivares, comprometendo ainda mais a saúde bucal. Este projeto objetiva avaliar a<br />
indução de apoptose em linfócitos T, o fenótipo de células T regulatórias e Th17, bem como a liberação das citocinas IL-17,<br />
IL-10 e TGF-β em cultura de Células Mononucleares de Sangue Periférico de indivíduos com periodontite crônica, estimuladas<br />
in vitro com antígeno de Porphyromonas gingivalis(Pg). As condições salivares desses indivíduos serão também avaliadas. Os<br />
participantes, cadastrados no Centro de Especialidades Odontológicas, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, após<br />
esclarecidos quanto aos termos da pesquisa, responderão a um questionário sobre condições de saúde e serão classificados<br />
quanto aos descritores clínicos periodontais (profundidade de sondagem, índice de recessão gengival e nível de inserção<br />
clínica). A determinação do fluxo e capacidade tampão salivar será realizada de acordo com Krasse (1988). Cálcio e proteínas<br />
salivares serão dosados utilizando-se Kits comerciais. As células cultivadas, utilizando-se os estímulos de Pg e de mitógenos<br />
convencionais, serão avaliadas quanto a apoptose por citometria de fluxo, também utilizada para a fenotipagem das células T<br />
regulatórias e Th17. A produção de IL-17, IL-10 e TGF-β será avaliada pelo teste de ELISA. O projeto foi aprovado pelo Comitê<br />
de Ética da Maternidade Climério de Oliveira /UFBA (N.053/2010). Os resultados deste trabalho poderão contribuir para um<br />
melhor entendimento da evolução da doença periodontal.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
IODO POVIDINE ASSOCIADO À RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR NO TRATAMENTO DE<br />
PACIENTES COM PERIODONTITE CRÔNICA<br />
Povidone iodine as an adjunct to scrapping and planning root in the treatment of patients with chronic peridontitis<br />
Almeida, Renato Augusto Rosal de; Bastos, Vanda Emília Monte; Barbosa, Renata de Araújo; Oliveira, Marcio Bastos; Ribeiro,<br />
Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro<br />
RESUMO<br />
O objetivo do presente estudo é avaliar a ação do iodo povidine 10% (PVP-I) tópico, como solução irrigadora, associado à<br />
raspagem e alisamento radicular, no tratamento de pacientes com periodontite crônica. Serão selecionados 20 pacientes, de<br />
ambos os gêneros, com periodontite crônica e mínimo 20 dentes e de quatro sítios com profundidade de sondagem (PS) ≥ 4<br />
mm e sangramento à sondagem; destes pelo menos dois com PS ≥ 7 mm. Serão excluídos pacientes portadores de doenças<br />
sistêmicas, que tenham utilizado antibiótico nos 60 dias anteriores ao exame, fumantes e mulheres grávidas ou amamentando.<br />
Os pacientes serão divididos, aleatoriamente, em 2 grupos, caracterizando um estudo paralelo, que receberão os seguintes<br />
tratamentos: grupo controle (10 pacientes)= Raspagem e alisamento radicular + irrigação subgengival com solução de NaCl<br />
0,9% e grupo teste (10 pacientes) = Raspagem e alisamento radicular + irrigação subgengival com PVP-I 10%. Serão avaliados<br />
os seguintes parâmetros clínicos: Índice de Placa Visível (IPV), Índice Gengival (IG), Sangramento à Sondagem (SS); Posição da<br />
Margem Gengival (PMG), Nível de Inserção Clínica (NIC) e PS. As avaliações clínicas serão realizadas na consulta inicial, 30,<br />
60 e 90 dias pós-terapia. Os resultados obtidos serão comparados estatisticamente através da análise de variância, teste de<br />
Tukey e teste qui-quadrado. A significância estatística será estabelecida em 5%<br />
UNITERMOS: raspagem dentária, periodontite crônica, antimicrobiano<br />
ESTUDO DA DOENÇA PERIODONTAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA<br />
Study of periodontal disease in patients submitted bariatric surgery<br />
Dias, Rosane Borges; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A obesidade é um problema crescente e contemporâneo de saúde pública. Esta patologia é considerada como fator<br />
de risco para o desenvolvimento de várias doenças como a diabetes mellitus tipo II, hiperlipidemia, hipertensão, doenças<br />
cardiovasculares e a colelitíase. Atualmente, vários estudos epidemiológicos tem investigado a relação da obesidade com a<br />
doença periodontal. A associação entre elas está relacionada a um processo inflamatório crônico, pois mediadores como o fator<br />
de necrose tumoral, interleucina-6 e interleucina-8 são secretados pelo tecido adiposo, o que faz com que estejam presentes<br />
em maior quantidade em pacientes obesos, podendo, por conseguinte levar a um estado hiper-inflamatório, aumentando o<br />
risco ou a progressão das doenças periodontais. E na ocorrência da cirurgia bariátrica essa condição bucal deve sofrer algum<br />
impacto. Assim, o objetivo do presente estudo é avaliar os efeitos da redução de peso corporal, obtida após cirurgia bariátrica,<br />
na prevalência e severidade da doença periodontal. Serão selecionados 50 pacientes não obesos, 50 pacientes obesos e 50<br />
pacientes que tenham sido submetidos à cirurgia bariátrica. Os parâmetros periodontais avaliados serão: índice de placa,<br />
sangramento à sondagem, posição da margem gengival, profundidade de sondagem, nível clínico de inserção e volume do<br />
fluido gengival. Mensurações do hálito matinal também serão feitas. Os dados obtidos serão submetidos à análise estatística<br />
para comparação entre os grupos e determinação de correlações. Espera-se que esses resultados auxiliem na disseminação<br />
do conhecimento sobre a associação entre obesidade e doença periodontal e sobre os efeitos da cirurgia bariátrica nessa<br />
associação.<br />
UNITERMOS: doença periodontal; obesidade; cirurgia bariátrica.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
TRABALHO CONCLUÍDO<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
CONDIÇÃO PERIODONTAL EM PORTADORES DE HIV NO MUNÍCIPIO DE JUAZEIRO, BAHIA<br />
Positive HIV subjects periodontal status in the municipality of Juazeiro, Bahia.<br />
Jambeiro, Anderson; Damasceno, Murilo Cândido do Monte; Figueiredo, Ana Cláudia Morais Godoy ; Passos, Johelle Santana;<br />
Gomes Filho, Isaac Suzart; Cruz, Simone Seixas da<br />
RESUMO<br />
As manifestações periodontais têm se mostrado como sinais de comprometimento do sistema imunológico de indivíduos<br />
portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e seu reconhecimento precoce pode facilitar o diagnóstico de pacientes<br />
infectados. Essas afecções, em portadores de HIV, geralmente apresentam quadros mais acelerados, comprometendo<br />
rapidamente os tecidos periodontais. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo piloto acerca da condição periodontal<br />
de indivíduos portadores de HIV no município de Juazeiro/BA. Neste estudo transversal exploratório, com 32 participantes,<br />
foram coletadas informações sobre características sócio-demográficas, de estilo de vida, de saúde geral e bucal contidas<br />
em prontuários clínicos ou obtidas através de exame bucal, bem como pela aplicação de um questionário. Foi avaliada a<br />
distribuição de todas as variáveis consideradas. Posteriormente, foram estimadas as medidas de associação desses fatores com<br />
a presença de periodontite grave. A lesão em tecidos moles mais frequente foi o Eritema Gengival Linear, presente em 9,75%<br />
da amostra. Apresentaram periodontite grave, 37,5% dos participantes. A média de sangramento gengival foi da ordem de<br />
3,3%, a Profundidade de Sondagem média foi de aproximadamente 1,38 mm e o Nível de Inserção Clínico médio foi de 1,74<br />
mm. Observou-se a existência de associação, mesmo após ajustes por idade, entre a presença de doenças sistêmicas e a<br />
ocorrência de periodontite grave [RP ajustada<br />
=3,30; IC 95%<br />
(0,95 – 11,50)]. Concluiu-se que há associação entre a presença das<br />
doenças sistêmicas investigadas e a ocorrência de periodontite grave.<br />
UNITERMOS: síndrome de imunodeficiência adquirida, infecções por HIV, periodontite, manifestações bucais.<br />
EFICÁCIA ANTIMICROBIANA IN VITRO DE COLUTÓRIOS ANTISSÉPTICOS EM PERIODONTOPATÓGENOS<br />
– ESTUDO PILOTO<br />
In vitro antimicrobial effectiveness of different mouth rinses on periodontal pathogens – a pilot study<br />
Pinto-Filho, Jorge Moreira; Araújo, Roberto Paulo Correia de; Costa, Lília Ferreira de Moura; Vieira, Cecília de Oliveira; Monteiro,<br />
Adriano Monteiro d´ Almeida<br />
RESUMO<br />
O papel do biofilme dental como fator etiológico primário da Doença Periodontal faz com que seu controle seja um dos<br />
tópicos mais discutidos da periodontia. Ainda que a remoção mecânica seja considerada o “padrão ouro” para controle de<br />
biofilme, diversos enxaguatórios bucais chegam diariamente até os pacientes e profissionais de odontologia com a promessa<br />
de auxiliar nesta tarefa. Este estudo avaliou a eficácia antimicrobiana in vitro de quatro bochechos antissépticos em cepas de<br />
Aggregatibacter actinomycetemcomitans (AA) e Porphyromonas gingivalis (PG), bactérias presentes no biofilme dental. Cada<br />
cepa foi semeada em cinco placas de petri, onde receberam discos de papel embebidos nas soluções a serem testadas. As<br />
placas foram incubadas em anaerobiose, e os alos de inibição gerados pelos discos foram medidos. Os bochechos a base de<br />
clorexidina e triclosan foram igualmente eficazes na inibição do AA, sendo que o segundo foi mais eficaz contra as PG. Podese<br />
concluir que o triclosan é uma excelente alternativa no controle químico da placa bacteriana.<br />
UNITERMOS: enxaguatórios bucais, clorexidina, triclosan, cloreto de cetilpiridínio, óleos essenciais.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA DECORRENTE DA INSTRUMENTAÇÃO MANUAL OU ULTRASSÔNICA<br />
Dentin Hypersensitivity resulting from manual or ultrasonic instrumentation<br />
Macedo, Margareth; Gaspar, Laíse Silva; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A instrumentação periodontal tem como objetivo remover biofilme e cálculo dental da superfície radicular. Tanto instrumentos<br />
manuais quanto ultrassônicos já foram consolidados como capazes de promover essa descontaminação. Contudo, o<br />
estabelecimento de um periodonto saudável pode resultar em efeitos adversos como a hipersensibilidade dentinária. O objetivo<br />
do presente estudo foi avaliar os efeitos da instrumentação manual ou ultra-sônica sobre a hipersensibilidade dentinária em<br />
pacientes submetidos ao tratamento periodontal não cirúrgico. Para realização deste estudo clínico controlado de “boca<br />
dividida” foram selecionados 14 pacientes que tinham em 2 quadrantes, dentes homólogos na região de incisivos a prémolares<br />
com profundidade de sondagem ≥ 5 mm, na face vestibular. A hipersensibilidade dentinária foi avaliada utilizando<br />
tanto uma sonda periodontal para arranhar a superfície radicular, quanto à seringa de ar. A resposta do paciente foi detectada<br />
por meio de uma escala visual analógica. Após a primeira semana do tratamento, o grupo teste (tratado com ultrassom)<br />
não apresentou hipersensibilidade quanto à ranhura, porém apresentou hipersensibilidade 2 quando acionado o jato de ar.<br />
Enquanto o grupo controle (tratado com cureta gracey) apresentou hipersensibilidade 0,5 quanto à ranhura e 2,5 quanto<br />
ao jato de ar. Com o decorrer do tempo, 4 semanas depois do tratamento, os níveis de hipersensibilidade chegaram a zero,<br />
em ambos os grupos. Não houve diferença entre a efetividade das terapias propostas e ocorrência de hipersensibilidade. O<br />
estímulo do ar em comparação ao estímulo de ranhura causou mais desconforto na avaliação da hipersensibilidade após o<br />
tratamento com curetas ou pontas ultrassônicas.<br />
UNITERMOS: hipersensibilidade dentinária, instrumentação manual, instrumentação ultrassônica.<br />
TERAPIA FOTODINÂMICA ASSOCIADA AO TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO EM<br />
PACIENTES COM PERIODONTITE CRÔNICA SEVERA<br />
Photodynamic therapy association non-surgical periodontal treatment in patients with severe chronic periodontitis.<br />
Balata, Maybel Lages; Barros, David; Lopes Louise; Ribeiro, Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro; Tunes, Urbino da Rocha<br />
RESUMO<br />
A terapia fotodinâmica (TFD) é um método de redução microbiana que pode ser benéfica nos locais de difícil acesso,<br />
como bolsas profundas, depressões e concavidades. O objetivo desse estudo clínico controlado randomizado e cego foi avaliar<br />
clinicamente os efeitos da TFD como adjuvante do tratamento periodontal não cirúrgico em pacientes com periodontite crônica<br />
severa. Vinte e dois pacientes com no mínimo 2 bolsas com profundidade de sondagem (PS) ≥ 7 mm e 2 bolsas com PS ≥<br />
5 mm e sangramento à sondagem (SS) em lados opostos da boca foram incluídos no estudo. Em um dos lados da boca, o<br />
paciente foi submetido à raspagem e alisamento radicular – RAR (grupo controle) e no outro lado recebeu RAR associada à<br />
TFD (grupo teste), caracterizando um estudo de boca dividida. O índice de placa, índice gengival, recessão gengival, nível<br />
de inserção clínica (NIC), PS e SS foram coletados antes e 3 meses após o tratamento. A PS diminuiu de 7,53±0,57 mm para<br />
3,89±1,16 mm no grupo teste e de 7,43±0,42 mm para 3,97±1,36 mm no grupo controle. Essa redução foi estatisticamente<br />
significante nos dois grupos. O ganho de NIC foi de 7,94±0,93 mm para 4,83±1,60 mm no grupo teste e de 7,88±1,36 mm<br />
para 4,59±1,79 mm no grupo controle. No grupo teste 62,47% dos sítios e no grupo controle 58,95% dos sítios ganharam<br />
NIC ≥ 2 mm aos 3 meses. Não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos. Conclui-se que a TFD não<br />
promoveu benefícios adicionais aos conseguidos com a RAR.<br />
UNITERMOS: terapia fotodinâmica, raspagem subgengival, periodontite crônica<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
ASSOCIAÇÃO ENTRE PERIODONTITE GRAVE E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO<br />
Association between severe periodontitis and acute myocardial infarction<br />
Farias, Naiara Silva Aragão; Passos, Johelle Santana; Cruz,Simone Seixas; Coelho, Julita Maria Freitas; Santos, Carlos Antonio<br />
de Souza Teles; Gomes Filho, Isaac Suzart<br />
RESUMO<br />
A doença periodontal tem sido sugerida como fator de risco para algumas complicações sistêmicas (BECK; OFFENBACHER,<br />
2005), a exemplo do infarto agudo do miocárdio (IAM). Um tema ainda controverso que aborda enfermidades de grande<br />
interesse para a saúde pública, dado à prevalência destas e à alta morbimortalidade do IAM. Nesta perspectiva, foi desenvolvido<br />
um estudo caso - controle, em dois Hospitais da cidade Feira de Santana – Bahia – Brasil, com o objetivo de estudar possível<br />
associação entre estas enfermidades. A amostra foi de 290 indivíduos, 216 controles e 74 casos. Os casos foram pacientes<br />
internados com IAM. Os controles por sua vez, foram acompanhantes dos casos e de outros pacientes internados nos referidos<br />
hospitais. Em toda a amostra foi realizado exame clínico bucal e diagnosticada quanto à doença periodontal, e classificou os<br />
indivíduos com periodontite grave (30% dos dentes com nível inserção clínica ≥ 5 mm) e indivíduos sem periodontite grave.<br />
Para diagnóstico do IAM realizou-se eletrocardiograma, dosagem de enzimas CK (MB) e troponina. Para análise dos dados<br />
empregou-se análise bivariada, análise estratificada e multivariada, além de regressão logística. Os resultados apresentaram<br />
uma odds ratio (OR) para a associação principal estudada de OR bruta<br />
=2,52 (I.C. 95% [1.38 - 4.70]), quando ajustado por<br />
idade, nível de escolaridade, hábito de fumar, hipertensão e diabete a medida foi de OR ajustada<br />
=1,87 (IC 95% [1.01- 3.48]) e<br />
nível de significância de 5%. Os resultados apontam para uma associação positiva entre a periodontite grave e infarto agudo<br />
do miocárdio.<br />
UNITERMOS: periodontite grave, infarto agudo do miocárdio, aterosclerose.<br />
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fórum clínico<br />
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TRATAMENTO DE REABSORÇÃO RADICULAR EXTERNA CAUSADA PELO USO DO ÁCIDO CÍTRICO COM<br />
TETRACICLINA – RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Treatment of external root resorption caused by the use of citric acid with tetracycline: case reported<br />
Santos, Jordana Alcântara; Silva, Laise Luduvic; Bittencourt, Sandro<br />
RESUMO<br />
O condicionamento da superfície radicular com ácido cítrico vem sendo proposto há algum tempo, mas os resultados<br />
dos estudos são inconclusivos e contraditórios. O presente estudo descreve um caso clínico de reabsorção radicular externa<br />
cervical presente nas unidades 13 e 23, tendo como principal suspeita da causa desta reabsorção o uso do ácido cítrico pH 1,0<br />
com tetraciclina durante a cirurgia periodontal para tratamento de recessão gengival nestas unidades. A reabsorção radicular é<br />
desencadeada por um desequilíbrio funcional entre os osteoblastos e osteoclastos que, em situação clínica normal, mantêm<br />
ou remodelam as estruturas periodontais de suporte. A reabsorção externa cervical tem sido considerada por muitos autores<br />
como sendo um tipo específico de reabsorção radicular, devido às características peculiares, como a extensiva destruição<br />
dentária e, histologicamente, variar aspectos inflamatórios e proliferativos. O tratamento das reabsorções cervicais é sempre<br />
problemático. Sua localização, muito próxima à inserção do periodonto, e suas dimensões quase sempre avantajadas, são<br />
obstáculos difíceis de serem superados. Optou-se pelo tratamento transcirurgico-restaurador-endodôntico. O acompanhamento<br />
clínico e radiográfico está sendo executado, e no presente momento o tratamento realizado tem demonstrado sucesso,<br />
podemos assim, considerar esta opção, como sendo adequada para o tratamento de reabsorções radiculares externas cervicais.<br />
UNITERMOS: reabsorção radicular; ácido cítrico.<br />
REGENERAÇÃO TECIDUAL GUIADA: 15 ANOS DE ACOMPANHAMENTO DE UM CASO CLÍNICO<br />
Guided tissue regeneration: 15 years follow-up of a clinical case.<br />
Meira, Ana Luísa Teixeira; Balata, Maybel Lages; Ribeiro, Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro; Tunes, Urbino da Rocha<br />
RESUMO<br />
A doença periodontal leva à perda dos tecidos de suporte dos dentes e a terapia periodontal regenerativa visa reconstituir as<br />
estruturas perdidas com essa doença por meio da regeneração do cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. O objetivo<br />
deste trabalho é relatar, pelo acompanhamento clínico e radiográfico, o sucesso no tratamento periodontal regenerativo de<br />
um caso clínico. Uma paciente com 40 anos de idade portadora de periodontite crônica moderada localizada e lesão de<br />
bifurcação classe II no dente 37 foi submetida à raspagem e alisamento radicular e, posteriormente, à regeneração tecidual<br />
guiada (membrana de politetrafluoretileno expandido - PTFE-e) na unidade referida. A cirurgia de reabertura foi realizada após<br />
doze meses, e a paciente encontra-se em terapia periodontal de suporte há 15 anos. Quando devidamente indicada, a RTG<br />
mostra-se uma opção terapêutica eficaz para os molares com envolvimento de bifurcação classe I.<br />
UNITERMOS: periodontite, regeneração tecidual guiada, furca<br />
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UTILIZAÇÃO DE ANTIBIOTICOTERAPIA NO TRATAMENTO DA PERIODONTITE AGRESSIVA – RELATO DE<br />
CASO<br />
Use of systemic antibiotic theraphy on the treatment of agressive periodontitis – a case report.<br />
Matos, Anna Manuelle Correia de; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A periodontite agressiva consiste em um tipo distinto de doença que afeta indivíduos que, na maioria dos casos, parece<br />
saudável. Causa rápida destruição dos tecidos periodontais resultando em perda do osso alveolar de suporte. O seu tratamento<br />
é bastante discutido, mas assim como nas outras periodontites, o primeiro passo é a remoção da causa, ou seja, redução e/ou<br />
eliminação da microbiota patogênica. Acredita-se que a periodontite agressiva está associada a algumas bactérias específicas<br />
bastante virulentas. Sendo assim, a administração sistêmica de antibióticos para eliminação ou supressão desses patógenos<br />
tornou-se um forte aliado no tratamento dessas periodontites. O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir, por meio de<br />
caso clínico, o tratamento não-cirúrgico associado à antibioticoterapia sistêmica da periodontite agressiva. Paciente do sexo<br />
feminino, 35 anos, melanoderma, sem alterações sistêmicas, portadora de periodontite agressiva localizada, foi submetida<br />
ao tratamento periodontal não-cirúrgico em sessão única associado ao uso sistêmico de amoxicilina (500 mg) e metronidazol<br />
(400mg) por 7 dias. Reavaliação após 30 dias mostrou redução das profundidades de sondagem e ganho no nível clínico de<br />
inserção. A paciente foi então incluída em terapia periodontal de suporte. Pode-se concluir que a antibioticoterapia sistêmica<br />
é um importante adjunto no tratamento da periodontite agressiva.<br />
UNITERMOS: periodontite agressiva, antibióticos, raspagem dentária<br />
FRENETCTOMIA ASSOCIADA AO ENXERTO DE MUCOSA MASTIGATÓRIA: INDICAÇÃO E TÉCNICA<br />
Frenectomy associated with free gingival graft: Indication and Technique<br />
Santos, Camila Farias; Sobral, Luciana; Naves, Roberta Catapano; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A contribuição do freio labial maxilar para a etiologia de um diastema, dificuldade de higienização, limitação dos movimentos<br />
labiais e estética é frequente, havendo vários tipos de freios volumosos com inserção marginal ou papilar. Nesses casos, os<br />
freios devem ser removidos pela técnica de frenectomia labial que é um procedimento comum na área da cirurgia oral. Sendo<br />
assim, o objetivo deste trabalho, é relatar um caso clínico de frenectomia associada ao enxerto de mucosa mastigatória para<br />
discutir as indicações deste procedimento e as técnicas cirúrgicas envolvidas. No presente estudo, a paciente apresentava um<br />
freio patológico diagnosticado como sendo do tipo teto labial persistente, com extensão para o palato na região inter-incisal.<br />
Em função do planejamento ortodôntico foi decidido realizar uma frenectomia e em função do volume do freio foi indicado<br />
a realização simultânea de um enxerto de mucosa mastigatório para evitar deformidades de tecido mole. Após 30 dias de<br />
realização da cirurgia, com pós-operatório satisfatório do ponto de vista estético e funcional, a paciente foi encaminhada para<br />
o ortodontista. Pode-se então concluir que a frenectomia associada ao enxerto de mucosa mastigatória é um procedimento<br />
previsível e por isso de escolha para eliminação de freios volumosos cuja remoção estaria associada à seqüelas mucogengivais.<br />
UNITERMOS: frenectomia, diastemas na linha média<br />
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TUNELIZAÇÃO: OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA LESÕES DE FURCA CLASSE III<br />
Tunnel preparation: a therapeutic option for treatment of class III furcation involvement<br />
Marinho, Tatiana Araújo; Barbosa, Renata de Araújo; Casati, Márcio Zaffalon; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
A complexa morfologia radicular da região de furca dificulta a eliminação de biofilme e cálculo e, assim, a adequada<br />
instrumentação radicular. Existem diversos tratamentos para os diferentes graus de envolvimentos de furca e esses reservam<br />
diferentes prognósticos. A tunelização é um procedimento ressectivo que tem como objetivo a remoção de defeitos interradiculares,<br />
restabelecendo a arquitetura óssea e a exposição da área de furca. Desta forma, melhora o acesso para higienização<br />
e mantém a dentição saudável e funcional. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de tunelização, considerando<br />
as condições clínicas e radiográficas assim como as vantagens e desvantagens pertinentes a este tratamento periodontal. O<br />
paciente AECA, 36 anos, gênero masculino, queixava-se de sangramento gengival. O exame clínico indicou a presença de<br />
periodontite crônica severa generalizada e envolvimento de furca classe III na unidade 46. Ao exame radiográfico periapical<br />
desta região foi observada área radiolúcida inter-radicular, boa divergência das raízes e tronco radicular curto. Desta maneira,<br />
o paciente foi inicialmente submetido à fase de preparo inicial e raspagem e alisamento radicular. No momento da reavaliação,<br />
optou-se pela realização do procedimento de tunelização na unidade 46. A adequada indicação da técnica e a adesão do<br />
paciente à terapia periodontal de suporte garantiram manutenção da saúde periodontal na região durante todo o período de<br />
acompanhamento de 2 anos. Esse relato indica a possibilidade de manter dentes com envolvimentos de lesões de bifurcação<br />
classe III, tratados pela técnica de tunelização.<br />
UNITERMOS: defeitos de furca, cirurgia, raspagem dentária<br />
CORREÇÃO DE SORRISO GENGIVAL: RELATO DE UM CASO CLÍNICO<br />
Correction of gum smile: clinical case report.<br />
Sobral, Luciana dos Anjos; Nascimento, Maísa Cardozo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
O sorriso ideal leva em consideração simetria facial, linha interpupilar (nivelada ou desnivelada), linha do sorriso (baixa,<br />
média, ou alta), linha média dental em relação a linha média facial, exposição gengival durante a conversação, harmonia das<br />
margens gengivais, localização das margens gengivais em relação a JCE, tamanho e proporções do dente/harmonia e plano<br />
incisal/oclusal. Sua etiologia esta relacionada a diferentes fatores: erupção passiva alterada, aumento do volume de gengiva<br />
devido ao acúmulo de placa ou uso de medicamentos e excesso vertical da maxila. O aumento de coroa estético é realizado<br />
quando existe exposição excessiva da gengiva ou “sorriso gengival. A técnica cirúrgica para o aumento de coroa estético é a<br />
gengivectomia. O objetivo deste trabalho é através de um caso clínico mostrar o correção do sorriso gengival em uma paciente<br />
que apresenta excesso vertical da maxila associada a erupção passiva , o qual foi realizado pela técnica de gengivoplastia com<br />
incisão em bisel interno.<br />
UNITERMOS: cirurgia, sorriso gengival, estética<br />
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CONTRIBUIÇÃO PERIODONTAL PARA ESTÉTICA PERI-IMPLANTAR -RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Periodontal contribution to peri-implantar esthethics – case report.<br />
Barbosa, Renata de Araújo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
O sucesso dos implantes, principalmente na região anterior da maxila, envolve a obtenção de estética e função, além da<br />
osseointegração. No entanto, nos casos de perda da tábua óssea vestibular e de tecido gengival, a busca pela estética pode<br />
se tornar um grande desafio. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é abordar a utilização do enxerto de tecido conjuntivo<br />
subepitelial como uma boa alternativa para alcançar a estética peri-implantar. A paciente C.M, 25 anos apresentava queixa<br />
sobre o aspecto acinzentado que sua gengiva apresentava na região do implante (unidade 21). A unidade sofreu uma fratura<br />
no terço médio após um acidente doméstico. No momento da extração, foi detectada perda cervical da tábua óssea vestibular,<br />
tendo sido realizado o implante e simultaneamente um enxerto ósseo (hidroxiapatita). Já com a prótese definitiva foi realizado<br />
um enxerto de tecido conjuntivo para aumento da espessura gengival e assim mascarar o aspecto acinzentado causado pelo<br />
implante. O fenótipo gengival denso da paciente favoreceu o sucesso do caso, apresentando-se estável após um ano de<br />
acompanhamento. Este caso confirma a relevância da estética vermelha e o papel das cirurgias plásticas mucogengivais na<br />
busca pela estética peri-implantar.<br />
UNITERMOS: estética, implante dentário, cirurgia<br />
TRATAMENTO DE RECESSÃO GENGIVAL ASSOCIADA A LESÕES CERVICAIS – RELATO DE CASO CLÍNICO<br />
Treatment of gingival recession associated cervical lesions – Clinical case report.<br />
Barbosa, Viviene Santana; Rios, Marcelo de Azevedo<br />
RESUMO<br />
Situações clínicas onde há a combinação de lesões cervicais, cariosas ou não, com recessão gengival, muitas vezes gera a<br />
necessidade de um planejamento restaurador-periodontal integrado. O tratamento para essas condições passa pelo uso de<br />
técnicas de enxerto de tecido conjuntivo associado ao aplainamento das lesões dentárias, restauração direta com ionômero<br />
de vidro ou resina composta, ou ainda, apenas com enxerto. A combinação imediata de restaurações e enxerto pode otimizar<br />
os resultados do tratamento, principalmente em casos com amplas recessões, sensibilidade ou risco estético. Este trabalho<br />
tem o intuito de mostrar, através de elementos da literatura e relato de um caso clínico, uma abordagem combinada de<br />
procedimento restaurador e periodontal no tratamento de recessões gengivais associadas a lesões cervicais.<br />
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USO DE PELÍCULA DE CELULOSE PARA PROTEÇÃO DE FERIDAS CIRÚRGICAS DO PALATO<br />
Use of the new dressing for protection of surgical wounds in palate<br />
Barbosa, Viviene Santana; Souza, Thamires Silva; Marques, Vanessa Rios; Rios, Marcelo de Azevedo<br />
RESUMO<br />
Os procedimentos de enxertos de tecido mole em Periodontia são classicamente usados para recobrimento radicular,<br />
aumento mucoso de rebordos, ganho de mucosa ceratinizada, entre outros. Destes, as enxertias de tecido conjuntivo subepitelial<br />
e de tecido do palato epitelizado figuram como as mais utilizadas. No entanto, o procedimento de enxerto epitelizado apresenta<br />
algumas limitações e desvantagens como, desconforto aumentado e potencial para sangramento pós-operatório da área<br />
doadora, em virtude da presença de uma grande área cruenta que cicatriza por segunda intenção. Para tentar minorar esses<br />
sintomas, além da sutura, é comum tentar recobrir a área doadora com recursos como cimento cirúrgico, placas de acrílico<br />
ou acetato de celulose, tentando proteger a área. Em Medicina, existem recursos terapêuticos auxiliares muito empregados<br />
no tratamento de feridas cutâneas, que são capazes de fornecer um microambiente para formação de tecido de reparo de<br />
excelente qualidade estética e funcional. Dentre eles, mais recentemente, está disponível o Veloderm®, que consiste em uma<br />
película biológica natural, de origem vegetal, com uma estrutura baseada em microfibras de hemicelulose. Dessa forma, o<br />
objetivo desse trabalho é relatar um caso de enxerto de tecido do palato epitelizado com a aplicação de Veloderm® na área<br />
doadora e acompanhar o reparo por 15 dias.<br />
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tema livre<br />
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ASSOCIAÇÃO ENTRE A DOENÇA PERIODONTAL E A OBESIDADE<br />
Association between a periodontal disease and obesity<br />
Dias, Rosane Borges; Almeida, Mário Osvaldo Santana de; Ribeiro, Érica Del Peloso; Naves, Roberta Catapano<br />
RESUMO<br />
A prevalência da obesidade vem aumentando nas últimas décadas, representando uma preocupação para a saúde pública.<br />
Essa patologia é um importante fator de risco para o desenvolvimento de várias doenças sistêmicas como diabetes mellitus<br />
tipo II, hiperlipidemia, hipertensão, doenças cardiovasculares e colelitíase. Estudos epidemiológicos recentes demonstraram<br />
uma possível relação entre a obesidade e a doença periodontal. Esta é uma patologia infecto-inflamatória do tecido gengival<br />
e do periodonto de sustentação, cujo fator etiológico primário é a presença do biofilme bacteriano nas unidades dentárias. A<br />
associação entre a doença periodontal e a obesidade está diretamente relacionada ao processo inflamatório, pois mediadores<br />
como o fator de necrose tumoral, interleucina-6 e interleucina-8 são secretados pelo tecido adiposo, o que faz com que<br />
estejam presentes em maior quantidade em pacientes obesos, podendo, por conseguinte levar a um estado hiperinflamatório,<br />
aumentando o risco ou a progressão das doenças periodontais. Essa associação foi descrita inicialmente na década de 1970 por<br />
um estudo que avaliava se a resposta periodontal a irritantes gengivais apresentava-se alterada em ratos obesos e hipertensos.<br />
Foi observado que a obesidade contribuiu significativamente com a condição de severidade da doença periodontal. A partir<br />
disso, o objetivo deste trabalho é apresentar os possíveis mecanismos que mostram uma relação entre a doença periodontal<br />
e a obesidade e as evidências apresentadas na literatura sobre o assunto.<br />
UNITERMOS: doença periodontal, obesidade, medicina periodontal<br />
FULL MOUTH THERAPY: UM NOVO CONCEITO NO TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL<br />
Full mouth therapy: a new concept of periodontal disease treatment.<br />
Santos, Ana Gabriele da Cruz; Carvalho, Alline Passos; Soares, Felipe Fagundes; Nascimento, Maisa Cardozo; Viana, Aline<br />
Cavalcanti; Carvalho, Elizabeth Maria Costa de<br />
RESUMO<br />
O sucesso da terapia periodontal depende da redução de bactérias periodontopatogênicas que estão no biofilme dental,<br />
associada com a superfície dentária e outros nichos da cavidade bucal. Com o objetivo de aumentar a eficácia da terapia<br />
periodontal foi implementada a Full Mouth Therapy (FMT), que é um método farmacomecânico de tratamento periodontal<br />
não-cirúrgico, visando não só a assepsia como também o debridamento da boca completa no espaço de 24 horas, prevenindo<br />
assim a reinfecção das bolsas já tratadas por outras não tratadas. Essa técnica antiinfecciosa inicia-se com a fase de higienização,<br />
onde são transmitidas instruções de higiene bucal para o paciente. Em seguida, o paciente é submetido à desinfecção da boca<br />
completa dentro de 24 horas, com o auxílio de aparelhos ultrassônicos, e associado ao uso de clorexidina 0,2%, antes, durante<br />
e após o tratamento. Estudos que comparam o método convencional e a FMT têm demonstrado que esta técnica oferece<br />
resultados superiores de diminuição da profundidade de sondagem e ganho do nível de inserção clínica quando comparado<br />
à raspagem e alisamento radicular em múltiplas sessões. Neste trabalho descreveremos a conduta clínica deste método de<br />
tratamento, abordando suas vantagens e desvantagens, bem como sua efetividade.<br />
UNITERMOS: raspagem dentária, periodontite, clorexidina<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
RECOBRIMENTO RADICULAR DE RECESSÕES GENGIVAIS ASSOCIADAS A LESÕES CERVICAIS NÃO<br />
CARIOSAS<br />
Root coverage of gingival recessions associated to non carious cervical lesions<br />
Guida, Bruno; Damis, Lúcio Teixeira; Nasciben, Marcelo; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
Tem sido demonstrado que as recessões gengivais estão freqüentemente associadas às lesões cervicais não cariosas<br />
(LCNC), provocando queixas de hipersensibilidade e aspecto antiestético. Além da prevenção dos fatores etiológicos, as opções<br />
de tratamento geralmente são baseadas nos ajustes oclusais, restauração das lesões cervicais e cirurgias de recobrimento<br />
radicular. Essas terapias podem ser utilizadas individualmente ou combinadas. Porém, as restaurações são freqüentemente<br />
selecionadas como terapia única, desconsiderando a permanência da recessão gengival no resultado estético final. Alguns<br />
estudos comprovaram a eficácia e a previsibilidade do recobrimento radicular no tratamento de LCNC previamente restauradas.<br />
Entretanto, pouco se sabe a respeito da durabilidade das restaurações e se estas influenciarão negativamente a integridade do<br />
tecido periodontal em longo prazo. O objetivo desse trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre o tratamento de recessões<br />
gengivais classe I e II de Miller associadas a lesões cervicais não cariosas e discutir a indicação e viabilidade de se restaurar<br />
essa lesão previamente à cirurgia de recobrimento radicular. Nesse sentido, demonstra-se que as técnicas cirúrgicas para o<br />
recobrimento radicular, os materiais restauradores estéticos ou a combinação de procedimentos aparecem como possíveis<br />
opções de tratamento de recessões gengivais associadas à LCNC, desde que o planejamento seja cauteloso e relacionado<br />
diretamente com a etiologia e características anatômicas da lesão.<br />
UNITERMOS: Recessão gengival / cirurgia; abrasão dentária; raiz dentária / cirurgia; restauração dentária permanente.<br />
INTER-RELAÇÃO DOENÇA PERIODONTAL E SÍNDROME METABÓLICA<br />
Relationship between metabolic syndrome and periodontal disease.<br />
Gaspar, Carolina Drummond Ruas; Tunes, Roberta Santos<br />
RESUMO<br />
Doença periodontal (DP) é uma infecção crônica provocada por bactérias que possuem um alto poder de virulência. Esta<br />
infecção resulta em uma reação imunoinflamatória no hospedeiro que, por sua vez, promove a liberação de citocinas para o<br />
organismo. Estudos demonstram que a DP está relacionada com patologias sistêmicas, entre elas as doenças cardiovasculares,<br />
diabetes mellitus e a síndrome metabólica (SM). Este trabalho pretende mostrar como os processos imunoinflamatórios,<br />
produzidos pela DP e pelas alterações metabólicas presentes em indivíduos com SM, inter-relacionam-se, contribuindo tanto<br />
para o agravamento da DP, como de tais alterações, reciprocamente. Estas relações se devem ao fato de o periodonto inflamado<br />
ser uma porta de entrada para a corrente circulatória, de bactérias, endotoxinas e citocinas, implicando no aparecimento ou no<br />
agravamento de doenças sistêmicas. A SM é considerada como um conjunto de alterações metabólicas que se manifestam em<br />
um indivíduo, e são responsáveis por um estado pró inflamatório subclínico caracterizado pela liberação de citocinas inflamatórias<br />
no organismo. Dentre essas alterações estão a hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade central, intolerância à glicose e<br />
resistência à insulina. Com isso, pode-se relacionar a DP, uma infecção imunoinflamatória local, como fator colaborador para esse<br />
processo sistêmico. Além disso, pode-se considerar que essas doenças sistêmicas também podem agravar o desenvolvimento<br />
da DP, por serem doenças também indutoras de um estado de inflamação crônica no organismo. Demonstra-se a importância<br />
do conhecimento das inter-relações oro-sistêmicas, para o tratamento interdisciplinar dos pacientes portadores de DP e SM.<br />
UNITERMOS: Síndrome Metabólica; Doença Periodontal; Inflamação; citocinas.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
DOENÇA PERIODONTAL: 6ª COMPLICAÇÃO DE DIABETES MELLITUS<br />
Periodontal disease: 6 th complication of diabetes mellitus<br />
Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Carvalho, José Roberto<br />
RESUMO<br />
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 11 milhões de indivíduos são diabéticos no nosso país, sendo que 90%<br />
apresentam Diabetes Mellitus tipo 2. Cerca da metade desses diabéticos desconhece que são portadores desta patologia e<br />
23% não faz qualquer tipo de tratamento. Dados estatísticos atualizados apontam que existem cerca de 5 milhões de prédiabéticos<br />
no Brasil. A Diabetes Mellitus pode ser categorizada como uma síndrome que engloba alterações cardiovasculares<br />
precoces, alterações macrovasculares (aterosclerose agressiva – acelerada), complicações renais, dermatológicas e oftalmológicas,<br />
O objetivo deste trabalho é sensibilizar o olhar dos cirurgiões-dentistas para a necessidade de uma atenção odontológica<br />
diferenciada aos diabéticos, na perspectiva do diagnóstico precoce das alterações bucais associadas, em particular da doença<br />
periodontal, citada na literatura especializada como sendo a 6ª complicação do Diabetes Mellitus.<br />
UNITERMOS: diabetes mellitus, doença periodontal, medicina periodontal<br />
DOENÇA PERIODONTAL NA 3ª IDADE: CUIDADO DIFERENCIADO<br />
Periodontal disease on 3rd age: special care<br />
Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Almeida, Isabella; Abreu, Marcela<br />
RESUMO<br />
A doença periodontal é uma doença infecciosa crônica, que afeta os tecidos periodontais. Essas patologias estão distribuídas<br />
por todo o mundo e representam um problema de saúde bucal importante na saúde dos países. Segundo a OMS, a partir<br />
dos 60 anos os indivíduos são considerados idosos e o processo de envelhecimento envolve alterações fisiológicas em todo o<br />
organismo e na cavidade bucal também. A finalidade deste trabalho é conscientizar os cirurgiões-dentistas, para as alterações<br />
bucais mais encontradas nos idosos, priorizando a doença periodontal, que quando não tratada pode levar à perda dental.<br />
Cabe ressaltar que o desenho da pirâmide etária brasileira está mudando com um aumento considerável, do patamar de<br />
pessoas com mais de 60 anos e este fato justifica uma maior atenção odontológica aos pacientes geriátricos garantindo<br />
qualidade de vida, sem perder de vista o respeito aos limites individuais.<br />
UNITERMOS: doença periodontal, terceira idade<br />
PARÂMETROS PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES – REVISÃO DE LITERATURA<br />
Diagnostic parameters of periimplant diseases – review of literature<br />
Raimundo, Mariana Carvalho; Damis, Lúcio Flávio Teixeira<br />
RESUMO<br />
Os parâmetros clínicos e radiográficos estão sendo amplamente utilizados no diagnóstico das doenças periimplantares.<br />
O exame dos tecidos periimplantares por meio desses parâmetros permite a detecção dos sinais e sintomas da Mucosite<br />
Periimplantar e da Periimplantite. Além disso, os estudos atuais mostram um aumento na prevalência dessas alterações o que<br />
sugere a necessidade de um diagnóstico precoce. Os parâmetros clínicos mais comumente utilizados neste diagnóstico são<br />
os índices de placa, índice gengival e de sangramento, a profundidade de sondagem, a posição da margem gengival, o nível<br />
de inserção clínica, a supuração, a quantidade de mucosa queratinizada, o teste de mobilidade e a detecção da perda óssea<br />
radiográfica. Esta revisão de literatura tem como objetivo descrever, discutir e indicar quais os parâmetros clínicos e radiográficos<br />
mais confiáveis que podem ser utilizados na prática clínica diária a fim de diagnosticar as doenças periimplantares.<br />
UNITERMOS: Implantes dentários, diagnóstico, parâmetros.<br />
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EXISTE RELAÇÃO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL E ANEMIA FALCIFORME?<br />
Is There Relationship between Periodontal Disease and Sickle Cell Disease?<br />
Faria, Thaís Bacellar de; Santos, Ivanise Barros; Barbosa, Mônica Dourado<br />
RESUMO<br />
A anemia falciforme é uma condição autossômica recessiva caracterizada clinicamente como uma doença inflamatória<br />
crônica. É causada por uma mutação na posição seis da cadeia beta da hemoglobina, originando hemácias em formato de<br />
foice. A anemia falciforme é a doença hereditária de maior prevalência no país, afetando cerca de 0,1% a 0,3% da população<br />
negra. O estado da Bahia apresenta uma alta taxa de indivíduos da raça negra, portanto a prevalência da doença no estado<br />
da Bahia é alta. A incidência é de 1: 650 nascimentos. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão da literatura sobre a<br />
associação entre doença periodontal e anemia falciforme. As manifestações clínicas da doença são bem descritas na literatura<br />
médica. Algumas alterações orais podem ser observadas neste grupo específico de indivíduos e incluem: osteomielites na<br />
mandíbula, neuropatia do nervo mandibular, necrose pulpar assintomática e calcificação da câmara pulpar, lesões na mucosa<br />
oral, hipomaturação do esmalte e dentina, atraso na irrupção e palidez de mucosas. Alterações radiográficas em região de<br />
molares denominadas “Stepplader” têm sido relatadas. A fisiopatologia da anemia falciforme predispõe os indivíduos à infecções,<br />
existindo plausibilidade biológica para a investigação da doença periodontal neste grupo de indivíduos. Há na literatura estudos<br />
que avaliaram a doença periodontal em indivíduos com anemia falciforme, além do relato de crises falcêmicas desencadeadas<br />
por infecções periodontais. Porém, não há evidência da associação entre a anemia falciforme e a doença periodontal.<br />
UNITERMOS: Anemia falciforme; Periodonto, periodontite.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
painel<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
ANTIBIÓTICOS EM PERIODONTIA: COMO E QUANDO USAR?<br />
Antibiotics in periodontics: how and when to use?<br />
Cristina, Élica; Cordeiro, Rafael; Nunes Filho, José Luciano; Carvalho, Elisabeth<br />
RESUMO<br />
A decisão de usar a antibioticoterapia no tratamento da doença periodontal deve considerar primariamente a história<br />
médica do paciente, o exame clínico, dados laboratoriais e, principalmente, no diagnóstico acurado da doença. Em alguns<br />
casos, só a instrumentação mecânica da área afetada não é o suficiente. Embora tenha sido empregado muito esforço para<br />
controlar a progressão da doença e para identificar os agentes causadores da periodontite nos últimos trinta anos, em raras<br />
situações uma única espécie bacteriana tem sido associada diretamente às doenças periodontais com único fator etiológico<br />
ímpar. Existe, conscientemente, evidências fortes o suficiente para implicar pelo menos três microrganismos como agentes<br />
etiológicos da doença periodontal. Uma literatura abundante claramente indica que o Actinobacillus actinomycetemcomitans<br />
(Aa), está associado a periodontite agressiva tal como a Porphyromonas gingivalis e a Tannarella forsythia que se encontram<br />
em altas proporções nas lesões progressivas, e pode ser considerada como um forte indicador etiológico. Infelizmente nem<br />
a identidade do microrganismo causador, nem a susceptibilidade microbiana a um agente antimicrobiano são facilmente<br />
avaliadas pelos clínicos periodontistas. Como reconhecer o paciente que se beneficiará da terapia adjunta antimicrobiana?<br />
Qual o antimicrobiano que promoverá uma resposta benéfica com o mínimo de efeitos colaterais? O objetivo deste trabalho<br />
é salientar qual a relevância e importância do uso do antibiótico na Periodontia, sendo feita uma revisão das vantagens e<br />
das desvantagens do uso desses, associados ao tratamento periodontal não cirúrgico. A maioria dos pesquisadores em<br />
PERIODONTIA concordam que os microrganismos patogênicos que colonizam o biofilme subgengival são os primeiros<br />
agentes etiológicos nas doenças periodontais destrutivas. Já existem evidências de que a supressão ou erradicação desses<br />
microrganismos resulte na melhoria da saúde periodontal e talvez da saúde sistêmica.<br />
UNITERMOS: Antibióticos, Periodontia, Periodontite.<br />
HÁBITOS NOCIVOS AOS TECIDOS PERIODONTAIS<br />
Harmful habits on periodontal tissues<br />
Carneiro, Daline; Oliveira, Sandro; Pontes, Gleydson; Brito, Andrea; Cury, Patrícia<br />
RESUMO<br />
Apesar de o biofilme dental ser fator etiológico primário da doença periodontal, esta tem caráter multifatorial, de forma<br />
que o estado de saúde do paciente e hábitos nocivos podem também interferir negativamente nos tecidos periodontais. Os<br />
hábitos são classificados segundo a etiologia das doenças periodontais em: a) Neuroses (hábitos que levam a mandíbula<br />
numa posição extra-funcional): como morder lábios ou bochechas, morder palitos ou deixá-los entre os dentes, protrusão de<br />
língua, roer unhas, morder lápis ou canetas, bruxismo; b) Hábitos ocupacionais: segurar pregos/agulhas na boca (sapateiros,<br />
costureiros, estofadores ou carpinteiros), morder roscas de parafuso e pressionar uma palheta durante o uso de certos<br />
instrumentos musicais; c) Heterogêneos: cachimbo, cigarro, mascar fumo, sucção digital e hábitos inadequados de escovação.<br />
Essas forças parafuncionais geram uma série de estímulos no comportamento homeostático do periodonto de sustentação,<br />
do sistema neuromuscular, da ATM e dos dentes. No periodonto, estas alterações podem ser diagnosticadas por recessão<br />
gengival, mobilidade dental e colapso periodontal. Os pacientes podem não estar cientes de seus hábitos nocivos, que podem<br />
ser importantes no início e progressão de suas doenças periodontais e, cabe ao cirurgião-dentista informá-los e adverti-los<br />
sobre o risco de tais práticas.<br />
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DOENÇA PERIODONTAL: AUMENTO GENGIVAL INDUZIDO POR DROGAS ANTI CONVULSIVANTES:<br />
EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL JULIANO MOREIRA – SALVADOR – BAHIA<br />
Periodontal disease: gingival increase induced for drugs anticonvulsants: experiences of the hospital Juliano Moreira –<br />
Salvador - Bahia<br />
Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Calmon, Lívia<br />
RESUMO<br />
A epilepsia é a condição neurológica grave mais comum que se caracteriza pela tendência a apresentar crises epilépticas<br />
que são as manifestações clínicas decorrentes da descarga síncrona, excessiva e anormal de um grupo de neurônios. Estudos<br />
realizados no Brasil apontam que aproximadamente 1% da população tem epilepsia. Muitas formas de epilepsia são tratáveis e<br />
cerca de 70% dos pacientes têm suas crises controladas com medicamentos e o tratamento precoce é fundamental. A terapia<br />
medicamentosa pode ser realizada com as seguintes drogas: oxcarbazepina, carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, ácido<br />
valproíco, dentre outras. A finalidade deste trabalho é relatar casos clínicos de aumento gengival induzido pelo uso diário de<br />
medicações anticonvulsivantes, registrados no Núcleo Docente Assistencial de Odontologia & Saúde Mental –HJM –Salvador,<br />
Bahia. Cabe ressalvar, o papel decisivo da equipe multidisciplinar envolvida na ajuda e cuidado, situados no cruzamento do<br />
cientifico e da compaixão, traduzindo muitas vezes a humanização da atenção e o resgate da cidadania desses pacientes<br />
especiais.<br />
UNITERMOS: drogas anticonvulsivantes, doença periodontal<br />
DOENÇAS PERIODONTAIS<br />
Periodontal Disease<br />
Araujo, Gabriela; Guimarães, Huda; Tunes,Roberta<br />
RESUMO<br />
As doenças periodontais são classificadas de acordo com APP-1999 em I-Doenças gengivais; II- Periodontite Crônica; III-<br />
Periodontite Agressiva; IV- Periodontite com modificação sistêmica; V- Doenças periodontais necrosantes; VI- Abscesso do<br />
periodonto; VII- Desenvolvimentos ou deformidades e condições adquiridas. Este presente trabalho tem como objetivo dar<br />
ênfase a periodontite crônica e agressiva abordando suas características, tais como: CRÔNICA: maior prevalência em adultos;<br />
cálculo subgengival é um achado frequente; progressão lenta a moderada, podendo ter períodos de progressão rápida;<br />
outras e AGRESSIVA: indivíduos clinicamente saudáveis; relação familiar; rápida destruição óssea acompanhada por perda de<br />
inserção; outras. Quanto à classificação a periodontite crônica, se classifica de acordo com os sítios afetados em localizada ou<br />
generalizada e sub dividida também em relação a sua severidade (leve,moderada e severa). A periodontite agressiva, por sua<br />
vez se classifica com as mesmas nomenclaturas só que de acordo com o número de unidades dentárias afetadas. Ressaltando<br />
também as formas tratamento das doenças Periodontais, tais como o plano de tratamento e a execução do mesmo.<br />
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MEDICINA PERIODONTAL<br />
Periodontal medicine<br />
Araújo, Gabriela; Guimarães, Huda; Tunes, Roberta<br />
RESUMO<br />
A medicina periodontal é um tema de grande importância para a odontologia e a medicina. Os profissionais que atuam<br />
nessas áreas e sua clientela devem deixar de encarar as doenças periodontais como problemas restritos à cavidade bucal,<br />
pois existem demonstrações com relação à possibilidade de impacto negativo sobre a saúde no geral. O objetivo do presente<br />
trabalho é fazer um breve relato abordando a origem da Medicina Periodontal e alguns estudos que tratam da condição<br />
periodontal como fator para desencadear ou interferir em algumas condições sistêmicas. O trabalho tem como objetivo, a<br />
consolidação do novo paradigma na Odontologia, que é a medicina periodontal e relacionar as principais doenças sistêmicas<br />
que podem ser influenciadas pelas patologias periodontais. Irá ser demonstrado o histórico da medicina periodontal, no qual<br />
durante anos a odontologia esteve baseada no paradigma cirúrgico-restaurador, com foco voltado para o tratamento das<br />
doenças da cavidade bucal. Porém, desde a Antiguidade existem relatos sugerindo que existe possibilidade de certas condições<br />
sistêmicas terem repercussão sobre a cavidade bucal e vice-versa. Nesse sentido, foi proposto o termo medicina periodontal para<br />
designar o novo paradigma que procura estudar o relacionamento bidirecional entre as doenças periodontais e as condições<br />
gerais do indivíduo. Algumas dessas condições sistêmicas serão discutidas no presente trabalho como a artrite reumatóide,<br />
Diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, parto pré-termo e nascimento de bebês com baixo peso. A<br />
educação em saúde é tão importante quanto os trabalhos científicos e a prática odontológica, por isso cabe a nós da área da<br />
odontologia nos preocupar mais com o papel informativo, não se pode admitir que as doenças da cavidade bucal continuem<br />
sendo vistas como restritas à boca. A sociedade precisa entender que a saúde da boca contribui para a saúde do corpo.<br />
UNITERMOS: Condição sistêmica. Doença periodontal. Medicina periodontal.<br />
O PAPEL DOS VÍRUS NA DOENÇA PERIODONTAL<br />
The role of viruses in periodontal disease<br />
Almeida, Inamari Souza; Ribeiro, Marlos Barbosa; Matos, Talita; Cury, Patricia; Brito, Andrea<br />
RESUMO<br />
O desenvolvimento e progressão da doença periodontal (DP) inclui interações dinâmicas entre os agentes infecciosos e a<br />
resposta imune do hospedeiro. A infecção bacteriana sozinha pode não explicar o padrão agressivo de destruição tecidual e as<br />
fases de atividade/remissão da doença; têm-se procurado outros fatores que atuem junto com o sistema imune do hospedeiro<br />
no curso da DP. Há alguns anos os vírus têm sido associados à etiologia de muitas doenças orais, no entanto, pouca ou<br />
nenhuma consideração foi dada ao envolvimento de vírus humanos na etiologia desta doença. A proposta deste trabalho<br />
é, através de uma revisão de literatura, avaliar o papel dos vírus humanos na etiologia e patogênese da DP. Todos os vírus da<br />
família Herpes causam infecção primária no primeiro contato e tornam-se latentes durante toda a vida do indivíduo. Esses<br />
vírus podem causar DP como resultado direto de sua infecção e replicação, ou resultando de reações da defesa do hospedeiro.<br />
O citomegalovírus humano e herpes simples parecem ser os responsáveis pelas lesões ulcerativas orais, especialmente em<br />
pacientes imunocomprometidos; essas infecções podem acentuar a imunossupressão local, perturbar a imunidade protetora<br />
do periodonto, induzir a produção de citocinas, alterar a integridade estrutural do periodonto e levar ao crescimento de<br />
bactérias periodontopatógenas. Conclui-se, que existem associações diretas e/ou co-adjuvantes entre a DP e os vírus humanos,<br />
que contribuem para a morbidade dos tecidos de suporte do dente, o que torna evidente a necessidade de uma avaliação<br />
completa dos portadores destes vírus.<br />
UNITERMOS: doença periodontal, vírus, herpes<br />
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PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS DA RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR<br />
Biological principles of the root scaling and planning<br />
Valverde, Larissa de Faro; Amaral, Márcia Daniela Santana do; Viana, Mariana Andrade; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />
RESUMO<br />
O tratamento mecânico não-cirúrgico é a primeira conduta clínica proposta e fase indispensável da Terapia Periodontal.<br />
Consiste na raspagem supra e subgengival, além de medidas auto-administrativas de controle de placa. O objetivo do trabalho é<br />
apresentar e discutir a literatura a respeito dos princípios biológicos da Raspagem e Alisamento Radicular (RAR). A desorganização<br />
do biofilme bacteriano, proposta na RAR, visa o controle da doença periodontal e prevenção de sua recidiva. Entretanto,<br />
alguns fatores são determinantes para este sucesso: habilidade do operador, patogenicidade dos microorganismos envolvidos,<br />
resposta imunológica e controle de placa do paciente. A RAR apresenta a diminuição das bactérias periodontopatogênicas<br />
como seu principal aspecto microbiológico, permitindo assim, a diminuição da inflamação gengival, sangramento a sondagem,<br />
supuração, profundidade de sondagem, ganho no nível de inserção clínica e conseqüente formação de epitélio juncional<br />
longo, principalmente nos primeiros meses após o tratamento. Esses resultados são obtidos tanto com instrumentos manuais<br />
ou ultrassônicos ou com ou sem acesso cirúrgico. Pode-se então concluir que a RAR é um procedimento previsível e com<br />
efetividade comprovada.<br />
UNITERMOS: raspagem e alisamento radicular, princípios biológicos, terapia periodontal<br />
DOENÇA PERIODONTAL: ANEMIA FALCIFORME E DOENÇA PERIODONTAL<br />
Sickle cell disease and periodontal disease<br />
Barbosa, Maíra; Nogueira, Laís; Abdon, Luciana; Oliveira, Eulália Nogueira; Carvalho, Elizabeth<br />
RESUMO<br />
A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia que se caracteriza por apresentar uma anormalidade na estrutura da<br />
hemoglobina (HbS), sendo a doença hereditária de maior prevalência no Brasil e particularmente na população negra. A doença<br />
originou-se na África e foi trazida às Américas pelo processo de escravização dos africanos, e atualmente é encontrada em<br />
toda a Europa e em regiões da Ásia. A doença falciforme é predominante entre negros, pardos e afrodescendentes em geral.<br />
Dados oriundos da triagem neonatal apontam, que no nosso Estado entre os nascidos vivos, a incidência de traço falciforme é<br />
de 1:17 e da doença é de 1:650. Com base nestes dados, calcula-se que nasçam por ano, no país,cerca de 3500 crianças com<br />
doença falciforme e 200.000 portadores do traço. O diagnóstico laboratorial da doença falciforme é realizado pela detecção<br />
da Hb S, a técnica mais eficaz é a eletroforese de hemoglobina. Além de atingir pulmão, cérebro, baço, pele, rins e fígado, esta<br />
patologia também apresenta manifestações bucais dentre elas destacamos: glossite atrófica, queilite angular, parestesia do<br />
nervo mandibular e alterações periodontais. O objetivo deste trabalho é descrever as alterações bucais diagnosticadas com<br />
maior freqüência entre os portadores de anemia falciforme, com enfoque especial na doença periodontal, que pode levar à<br />
perda dental precoce. No Brasil, tendo em vista a importância epidemiológica significativa da anemia falciforme, advinda da<br />
sua alta prevalência e da morbimortalidade, o cenário determinado nos permite afirmar que esta patologia deve ser encarada<br />
como um problema de saúde pública.<br />
UNITERMOS: anemia falciforme, doença periodontal.<br />
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ASPECTOS CLÍNICOS DA PERIODONTITE AGRESSIVA<br />
Clinical aspects of agressive periodontitis<br />
Cardoso, Filipe; Aragão, Paulo; Pereira, Francisco; Brito, Andrea; Cury, Patrícia; Carvalho, Elizabeth<br />
RESUMO<br />
O sistema atual de classificação proposto pela Academia Americana de Periodontia classifica a periodontite agressiva<br />
com base em achados clínicos, radiográficos, históricos e laboratoriais nas formas localizada e generalizada. Na periodontite<br />
agressiva localizada ocorre o comprometimento, principalmente, dos dentes incisivos e primeiros molares permanentes. A<br />
forma generalizada da periodontite agressiva mostra episódios pronunciados de destruição periodontal e sinais mais evidentes<br />
de inflamação dos tecidos periodontais. Fatores genéticos, ambientais, imunológicos e microbiológicos estão associados à<br />
etiologia da periodontite agressiva e devem ser levados em consideração juntamente com os aspectos clínicos e radiográficos<br />
na hora de fechar o diagnóstico corretamente. O tratamento da periodontite agressiva pode ser pela combinação entre a<br />
terapia mecânica não cirúrgica, cirúrgica e antimicrobiana. O acompanhamento em longo prazo é fundamental devido à<br />
possibilidade de reinfecção. O objetivo deste trabalho é revisar as formas de apresentação da periodontite agressiva, sua<br />
etiologia, diagnóstico, formas de tratamento e prognóstico.<br />
CIRURGIA FLAPLESS PARA INSTALAÇÃO DE IMPLANTE DENTÁRIO<br />
Flapless surgery for placement of dental implants<br />
Luz, Claudia Oliveira; Amorim, Paula de Sant’Ana; Souza, Bury Luis Augusto Lordelo; Campista, Christian Cezane Cardoso;<br />
Barbosa, Ricardo Guanaes; Dourado, Viviane Coelho<br />
RESUMO<br />
Antigamente a cirurgia sem retalho era uma opção que não fazia parte do tratamento em pacientes com indicação de<br />
implantes dentários. Hoje é uma realidade que requer habilidade do profissional e total conhecimento da anatomia da área<br />
onde será inserido o implante. Este caso clínico ressalta como objetivo principal a importância de se avaliar a condição anatômica<br />
da região a ser inserido o implante e a destreza técnica do cirurgião na execução de uma cirurgia sem retalho para inserção<br />
de implantes dentários como alternativa de tratamento para pacientes sistemicamente comprometidos. Após recuperação de<br />
espaço perdido da unidade 3.6 através do uso de aparelho ortodôntico, a paciente M.A.S, 28 anos, hipertensa controlada,<br />
submeteu-se à instalação de implante dentário sem retalho cirúrgico para repor essa unidade perdida após análise criteriosa<br />
da localização do Nervo Alveolar Inferior, avaliação da altura óssea do rebordo remanescente e largura óssea através do uso<br />
da sonda periodontal Hu-Friedy 15mm e radiografias. Imediatamente após instalação do implante o cicatrizador foi colocado<br />
com o intuito de proporcionar condicionamento gengival. Esta técnica minimiza os riscos pós-operatórios e dispensa a sutura<br />
facilitando o controle de placa pelo paciente, além do conforto da técnica no trans-cirúrgico. Considerando que a habilidade<br />
do cirurgião e o conhecimento de anatomia sejam essenciais essa técnica cirúrgica se torna uma real opção dentro dos<br />
consultórios odontológicos na prática clínica da implantodontia, principalmente para àqueles pacientes odontofóbicos ou<br />
com algum comprometimento sistêmico que não contra-indique o procedimento.<br />
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TÉCNICA DO RÔLO COMO ALTERNATIVA ESTÉTICA PARA IMPLANTES ANTERIORES<br />
Roll’s Technique as an Alternative For Esthetic Implant Previous<br />
Luz, Claudia Oliveira; Cotias, Vânia Lima; Souza, Ricardo Guanaes Barbosa; Campista, Christian Cezane Cardoso; Dourado,<br />
Viviane Coelho<br />
RESUMO<br />
A estética é considerada, para a maioria dos pacientes, um fator fundamental na reabilitação oral. Muitos profissionais<br />
se preocupam em restabelecer a função mastigatória, mas esquecem de agregar o fator estético. Este caso clínico objetivou<br />
tratar um defeito ósseo anterior unitário em região de implante dentário utilizando a técnica do rolo. Paciente, E.A., 35<br />
anos, sexo feminino, após instalação de implante dentário unitário na região da unidade 2.2 realizou, como alternativa<br />
para correção do defeito ósseo em área estética, cirurgia de tecido mole pela técnica do rolo. Após o período de reparação<br />
tecidual a prótese unitária definitiva foi instalada e observou-se o resultado altamente satisfatório estético e funcional<br />
do tecido mole inclusive das papilas interdentárias favorecendo o sorriso mais estético e harmônico para a paciente.<br />
Conclui-se que a técnica do rolo é uma ótima opção para aqueles pacientes que têm tecido ósseo para instalação de implantes,<br />
mas que não possuem espessura tecidual em região anterior comprometendo a estética da prótese final, diminuindo, inclusive<br />
a morbidade para o paciente.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
REVISORES<br />
Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira<br />
Alexandre Prado Scherma<br />
André Luiz Pataro<br />
Caio Vinícius Gonçalves Ronan Torres<br />
Davi Romeiro Aquino<br />
Fernando de Oliveira Costa<br />
Gilson Cesar Nobre Franco<br />
José Eustáquio da Costa<br />
José Roberto Cortelli<br />
Luís Otávio de Miranda Cota<br />
Marinella Holzhausen<br />
Mônica Cesar do Patrocínio<br />
Sheila Cavalca Cortelli<br />
Contribuíram ainda para essa edição 129 revisores os quais avaliaram os resumos científicos apresentados no 1º ENCONTRO<br />
DE PERiODONTIA DA BAHIA.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
Sociedade Brasileira de Periodontia<br />
Normas para Preparação de Artigos<br />
Normas gerais<br />
Os artigos para a publicação na REVISTA PERIODONTIA da SOBRAPE deverão ser inéditos e redigidos em português,<br />
inglês ou espanhol. Artigos originais de pesquisa terão prioridade para apreciação, mas artigos de revisão e relatos de casos<br />
ou técnicas, de interesse na Periodontia, também poderão ser incluídos. A REVISTA PERIODONTIA reserva todos os direitos<br />
autorais do trabalho publicado. As informações contidas nos originais e publicadas na revista são de inteira responsabilidade<br />
do(s) autor(es), não refletindo necessariamente, a opinião do Corpo Editorial da revista ou a posição da SOBRAPE.<br />
Envio do Material<br />
Os arquivos abaixo indicados deverão ser submetidos para a <strong>Revista</strong> Periodontia pelo site www.sobrape.org.br.<br />
- Artigo (Seguir o item “Apresentação do material” )<br />
- Declaração de conflito de interesses (Disponível no site – Formulários)<br />
- Lista de conferência pré-submissão (Disponível no site – Formulários)<br />
Apresentação do material<br />
Os artigos deverão ser digitados em Word para Windows, com fonte Arial, tamanho 12, justificado, em folhas de papel A4<br />
numeradas consecutivamente. Deve ser usado espaço duplo com margem de 2,5 centímetros de todos os lados. As laudas<br />
deverão ter em média 1.600 toques (26 linhas de toques), perfazendo no máximo 20 páginas (excluindo gráficos, figuras e<br />
tabelas).<br />
Seleção de artigos<br />
A seleção dos artigos enviados à REVISTA PERIODONTIA será realizada pelo Conselho Editorial, que dispõe de autoridade<br />
para decidir sobre sua aceitação. No processo de revisão e aprovação, que será realizado em pares, serão avaliados: originalidade,<br />
relevância, metodologia e adequação às normas de publicação.<br />
Considerações Éticas<br />
Estudos que envolvam seres humanos deverão estar de acordo com a RESOLUÇÃO 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,<br />
e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Unidade /Instituição em que foram realizados. As mesmas considerações<br />
são feitas para estudos em animais. O número de aprovação do comitê deverá estar presente no artigo.<br />
Estudos clínicos<br />
A <strong>Revista</strong> Periodontia estimula que os pesquisadores responsáveis por estudos clínicos façam os registros dos mesmos<br />
(www.clinicaltrials.gov).<br />
Relatos de estudos clínicos randomizados devem contemplar os critérios disponíveis em: http://www.consort-statement.org/<br />
Estrutura do artigo<br />
O trabalho deverá ser numerado (canto inferior direito) e dividido conforme os itens abaixo:<br />
Primeira página (página 1):<br />
- Página de título (Português e Inglês – para artigos redigidos em português; Espanhol e Inglês – para artigos redigidos<br />
em espanhol; Inglês – para artigos redigidos em inglês): deverá conter o título do artigo em negrito, o nome dos autores<br />
numerados de acordo com a filiação (instituição de origem, cidade, país), a principal titulação dos autores de forma resumida<br />
(sem nota de rodapé) e endereço do autor correspondente (contendo o endereço eletrônico – e-mail). As demais páginas<br />
devem ser na forma de texto contínuo.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
Exemplo:<br />
Associação do PDGF e IGF na Regeneração Periodontal – Revisão de Literatura<br />
Fernando Hayashi 1 , Fernando Peixoto 1 , Chistiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2<br />
1<br />
Mestrandos em Periodontia da FOUSP<br />
2<br />
Professor titular de Periodontia da FOUSP<br />
Segunda página (página 2):<br />
- Resumo: deve fornecer uma visão concisa e objetiva do trabalho, incluindo objetivos, material e métodos, resultados e<br />
as conclusões. Deve conter no máximo 250 palavras (incluindo pontos, vírgulas etc).<br />
- Palavras-chave: são palavras ou expressões que identificam o conteúdo do texto. Para sua escolha, deverá ser consultada<br />
a lista “Descritores em Ciências de Saúde – DECS”, da BIREME. Número de palavras-chave: máximo 6.<br />
OBS: Para artigos redigidos em língua estrangeira, Espanhol ou Inglês, o item Resumo não configura item obrigatório.<br />
Terceira página (página 3):<br />
- Abstract e Keywords: cópia precisa e adequada do resumo e palavras-chave em Inglês. Deverá ser consultada a lista<br />
“Medical subject headings”. Disponível em www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html. Número de Keywords: máximo 6.<br />
- Sugere-se para autores não-nativos que procurem assistência com a sua escrita utilizando instituições especializadas<br />
como American Journal Experts (http://www.journalexperts.com)<br />
Quarta e demais páginas (página 4 e demais):<br />
- Introdução: é o sumário dos objetivos do estudo, de forma concisa, citando as referências mais pertinentes. Também<br />
deve apresentar as hipóteses em estudo e a justificativa do trabalho.<br />
- Material e Métodos: devem ser apresentados com suficientes detalhes que permitam confirmação das observações<br />
encontradas, indicando os testes estatísticos utilizados.<br />
- Resultados: as informações importantes do trabalho devem ser enfatizadas e apresentadas em sequência lógica no<br />
texto, nas figuras e tabelas, citando os testes estatísticos. As tabelas e figuras devem ser numeradas (algarismo arábico)<br />
e citadas durante a descrição do texto. Cada tabela deve conter sua respectiva legenda, citada acima, em espaço duplo,<br />
em página separada, no final do artigo depois das referências. As figuras também devem estar localizadas em páginas<br />
separadas, no final do texto, porém, as legendas devem estar localizadas a baixo.<br />
- Discussão: os resultados devem ser comparados com outros trabalhos descritos na literatura, onde também podem<br />
ser feitas as considerações finais do trabalho.<br />
- Conclusão: deve responder: objetivamente aos questionamentos propostos.<br />
- Agradecimentos (quando houver): a assistências técnicas, laboratórios, empresas e colegas participantes.<br />
- Referências Bibliográficas: Essa seção será elaborada de acordo com as Normas Vancouver (disponíveis em: www.<br />
icmje.org), devendo ser numeradas sequencialmente conforme aparição no texto. E, as abreviações das revistas devem<br />
estar em conformidade com o Index Medicus/ MEDLINE.<br />
Todos os autores da obra devem ser mencionados.<br />
Exemplos – Normas Vancouver:<br />
Artigo de <strong>Revista</strong>:<br />
1. Lima RC, Escobar M, Wanderley Neto J, Torres LD, Elias DO, Mendonça JT et al. Revascularização do miocárdio sem<br />
circulação extracorpórea: resultados imediatos. Rev Bras Cir Cardiovasc 1993; 8: 171-176.<br />
Instituição como Autor:<br />
1. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines.<br />
Med J Aust 1996; 116:41-42.<br />
Sem indicação de autoria:<br />
1. Cancer in South Africa. [editorial]. S Af Med J 1994; 84-85.<br />
Capítulo de Livro:<br />
1. Mylek WY. Endothelium and its properties. In: Clark BL Jr, editor. New frontiers in surgery. New York: McGraw-Hill; 1998.<br />
p.55-64.<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
112<br />
Livro:<br />
1. Nunes EJ, Gomes SC. Cirurgia das cardiopatias congênitas. 2a ed. São Paulo: Sarvier; 1961. p.701.<br />
Tese:<br />
1. Brasil LA. Uso da metilprednisolona como inibidor da resposta inflamatória sistêmica induzida pela circulação extracorpórea<br />
[Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1999. 122p.<br />
Eventos:<br />
1. Silva JH. Preparo intestinal transoperatório. In: 45° Congresso Brasileiro de Atualização em Coloproctologia; 1995; São<br />
Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; 1995. p.27-9.<br />
1. Minna JD. Recent advances for potential clinical importance in the biology of lung cancer. In: Annual Meeting of the<br />
American Medical Association for Cancer Research; 1984 Sep 6-10. Proceedings. Toronto: AMA; 1984;25:293-4.<br />
Material eletrônico:<br />
Artigo de revista:<br />
1. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun<br />
5]; 1(1):[24 screens]. Disponível em: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm<br />
Livros:<br />
1. Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies too [monograph online]. New York: Health<br />
On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em : URL: http://www.sinuses.com<br />
Capítulo de livro:<br />
1. Tichenor WS. Persistent sinusitis after surgery. In: Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and<br />
allergies too [monograph online]. New York: Health On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em:<br />
URL: http://www.sinuses.com/postsurg.htm<br />
Tese:<br />
1. Lourenço LG. Relação entre a contagem de microdensidade vasal tumoral e o prognóstico do adenocarcinoma gástrico<br />
operado [tese online]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. [citado 1999 Jun 10]. Disponível em: URL:http://<br />
www.epm.br/cirurgia/gastro/laercio<br />
Eventos:<br />
1. Barata RB. Epidemiologia no século XXI: perspectivas para o Brasil. In: 4° Congresso Brasileiro de Epidemiologia [online].;<br />
1998 Ago 1-5; Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1998. [citado 1999 Jan 17]. Disponível em:<br />
URL: http://www.abrasco.com.br/epirio98<br />
Informações adicionais podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_<br />
requirements.html<br />
- Citações no texto: Ao longo do texto, deve ser empregado o sistema autor-data. Segundo as normas Vancouver,<br />
apenas a primeira letra do sobrenome do autor é grafada em maiúscula, sendo o ano da publicação apresentado entre<br />
parênteses. Trabalhos com até dois autores, têm ambos os sobrenomes mencionados no texto, separados por “&”.<br />
Trabalhos com três ou mais autores, terão ao longo do texto mencionado apenas o primeiro seguido da expressão “et al”.<br />
Se um determinado conceito for suportado por vários estudos, para a citação desses, deverá ser empregada a ordem<br />
cronológica das publicações. Nesse caso, o ano de publicação é separado do autor por vírgula (“,”) e as diferentes publicações<br />
separadas entre si por ponto e vírgula (“;”).<br />
- Declaração de conflitos de interesse e fomento: esse é um item obrigatório que deve ser conciso indicando: a) se<br />
houve apoio financeiro de qualquer natureza devendo-se nesse caso mencionar nominalmente a agência de fomento e<br />
b) se há qualquer tipo de conflito de interesse relacionado à pesquisa em questão. Em casos negativos sugere-se o uso<br />
da frase<br />
Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />
- Figuras e Tabelas<br />
As tabelas e figuras deverão ser apresentadas em folhas separadas após a seção: Referências Bibliográficas (uma tabela/<br />
figura por folha com a sua respectiva legenda).<br />
Figuras em formato digital (arquivo JPG ou TIFF): Resolução de 300 DPIs.<br />
As imagens serão publicadas em preto e branco. Caso haja interesse dos autores há possibilidade de impressão colorida<br />
das imagens, havendo custo adicional de responsabilidade dos autores.
VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
Sociedade Brasileira de Periodontia<br />
Guidelines to Preparation and Publication of Manuscripts<br />
General guidelines<br />
The articles to be published at the REVISTA PERIODONTIA from SOBRAPE should not have been published before and<br />
should be written in Portuguese, English or Spanish. Original research articles will receive priority for consideration but, review<br />
articles, and report of cases or techniques in Periodontology, could also be included. The REVISTA PERIODONTIA reserves all<br />
the authorial rights from the published manuscript. The information contained in the originals and published in the journal will<br />
be the responsibility of the author(s), and do not necessarily reflect the Editorial Board’s opinion or the position of SOBRAPE.<br />
Submission<br />
To submit your paper access www.sobrape.org.br<br />
The letter of submission should be signed by all the authors and attached as a supplementary file (JPEG or PDF format)<br />
during submission.<br />
Letter of Submission:<br />
Title: __________________________________________<br />
We hereby state that the material which is being submitted to the REVISTA PERIODONTIA from SOBRAPE is original and<br />
has not been published elsewhere. We agree that the copyright ownership of the work belong to the REVISTA PERIODONTIA.<br />
We are responsible for all the ethical aspects and for all the information contained in the article.<br />
Manuscript format and Structure<br />
The articles should be typed in Arial 12 on A4 paper using the Word processor from Windows. They should be doublespaced<br />
and the margins should be 3 cm on all sides. The pages should have an average of 1600 characters (26 lines). The<br />
maximum number of pages is 20, excluding the references, graphs, figures and tables.<br />
The pictures should be presented in one of the following options:<br />
1- Photographic prints should have a minimum size of 15 cm x 10 cm and should be identified and numbered on the back;<br />
2- Digitalized images in JPG file with 300 DPIs resolution and minimum size of 15 cm x 10cm should be sent separated<br />
from the body of the text and properly identified. Ex. (If the picture’s name that appears in the text is FIG.01, than the<br />
file’s name should be FIG.01.JPG);<br />
3- Digitalized images in TIFF file with 300 DPIs resolution and minimum size of 15 cm x 10cm should be sent separated<br />
from the body of the text and properly identified. Ex. (If the picture’s name that appears in the text is FIG.01, than the<br />
file’s name should be FIG.01.TIFF);<br />
The digital images that do not attend to these specifications should be sent for technical analysis regarding the viability<br />
to be published.<br />
4- The legends should appear in a separated page, indicating the correct sequence.<br />
5- The images will be published in black-and-white. There is a charge to the authors for publication of Color illustrations<br />
Selection of the articles<br />
The selection of the articles sent to the REVISTA PERIODONTIA will be performed by the Editorial Board, which has the<br />
authority to decide about their approval. In the review and approval process, which is going to be performed by a pair of<br />
reviewers, it is going to be evaluated: originality, methodological relevance, and adequacy to the publication guidelines.<br />
Ethical considerations<br />
Studies involving human subjects must be in accordance with the Helsinki Declaration of 1975, as revised in 1983, and must<br />
have been approved by the author’s institutional ethical committee. The same considerations are valid for studies involving<br />
animals. The committee’s certificate of approval should be sent by mail or fax, and the protocol number should be present<br />
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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />
in the body of the text.<br />
Clinical trial<br />
<strong>Revista</strong> Periodontia encourages the Principal Investigators to register the Clinical trial studies (www.clinicaltrials.gov).<br />
Randomized clinical trial should follow the CONSORT guidelines (http://www.consort-statement.org/).<br />
Manuscript format<br />
The manuscripts should be divided according to the following sections:<br />
1- Title page (papers written in English): should contain the manuscript’s title written in bold, the name of each author<br />
numbered according to their affiliation (institution, city, country), the highest academic degree of each author, and the address<br />
of the author responsible for correspondence. The following pages should be presented in a continuous text form.<br />
Ex: Association of PDGF and IGF in Periodontal Regeneration – a review of the literature<br />
Fernando Hayashi 1 , Fernado Peixoto 1 , Christiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2 ,<br />
1<br />
MSc students in Periodontology, FOUSP<br />
2<br />
PhD in Periodontology, FOUSP<br />
2- Abstract: should give a concise and objective view of the research, including objectives, methods, results and conclusions.<br />
It should consist of no more than 1300 characters including dots, commas, etc…<br />
3- Key words: they are the words or short phrases that identify the text’s content. For your choice, you should consult<br />
the MeSH documentation. Number of key words: maximum of 6.<br />
4- Introduction: it is a concise summary of the objectives of the study, and should cite the most relevant previous work.<br />
It should also present the hypothesis and the justification of the study.<br />
5- Methods: should be presented in sufficient details so that it allows the confirmation of the findings, indicating the<br />
statistical analysis applied, when it is necessary.<br />
6- Results: the relevant information of the work should be emphasized and presented in a logical sequence through the<br />
body of the text, figures, and tables, always making reference of the statistical tests that were used. The tables and figures<br />
should be numbered by Arabic numbers in the order of their appearance in the body of the text. Each table should contain<br />
its respective legend, which should be cited in the upper part of the table and prepared double-spaced on a separate page,<br />
after the references section. The figures should also be localized in a separate page, at the end of the text; however, their<br />
legends should be cited above them.<br />
7- Discussion: the results should be compared to previous work in the literature. Final considerations about the work<br />
should also be given in this section.<br />
8- Conclusion: it should objectively answer the proposed questionings.<br />
9- Acknowledgements: Under acknowledgements please specify contributors to the article other than the authors<br />
accredited.<br />
10- References: should be numbered in alphabetical order by the author’s last name and should be written according<br />
to MEDLINE’s style (Vancouver). The references in the text should be identified by the author’s name and should be written<br />
in bold followed by the year of publication, without numbering (ex: LASCALA, 1989)<br />
In the cases where there are only two authors, the names should be separated by & (LANGER & LANGER, 1985). If there<br />
are more than two authors, it should be used the expression et al (SALLUM et al, 1998)<br />
Examples of references:<br />
Journals: 1.Blomlof JP, Blomlof LB, Lindskog SF. Smear removal and collagen exposure after non-surgical root planing<br />
followed by etching with an EDTA gel preperation. J Periodontol 1996; 67:841-845<br />
Books: 2. Shafer WG, Hine MK, Levy BM. Tratado de Patologia Bucal.4th ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara,1987.<br />
Chapter in a book: 3. Wton RE, Rotstein I. Bleaching discolored teeth: internal and external. In: Principles and Practice<br />
of Endodontics. Walton RE. Ed. Vil 2. Philadelphia: WB Saunders: 1996.p385-400<br />
Dissertation or thesis: 4. Hyde DG. Physical properties of root canal sealers containing calcium hydroxide. [Mestrado].<br />
Michigan: University of Michigan; 1986. 80 p.<br />
11 – Conflict of interest and sources of funding: Authors are required to disclose all sources of institutional, private<br />
and corporate financial support for their study. Authors are also required to disclose any potential conflict of interest.<br />
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