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EDITORIAL - Revista Sobrape

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R. Periodontia - 21(1):7-9<br />

VOL. 21 - Nº 01<br />

MARÇO 2011<br />

<strong>EDITORIAL</strong><br />

Caros leitores,<br />

Ser pesquisador sempre foi um desafio, entretanto, houve uma época na qual essa figura era envolta por poesia. Na<br />

atualidade sua imagem encontra-se deturpada e sem dúvida seu maior projeto é definir seus próprios limites. Perante<br />

tantas exigências não se consegue precisar o que é realmente possível. Mas em nosso país esse esforço sobre-humano<br />

tem sido recompensado.<br />

Apesar de uma estrutura e organização distintas daquelas encontradas nos maiores produtores de ciência mundial, o<br />

Brasil, desde o início da década de 1990, vem se posicionando entre os quatro países com maior crescimento em número<br />

de artigos científicos publicados. Estamos também ascendendo qualitativamente e publicar em revistas internacionais<br />

relevantes já se tornou uma realidade para o pesquisador brasileiro.<br />

Nesse turbilhão de descobertas e emoções o pesquisador aprendeu a desfrutar o agora pois o planejamento mais<br />

longo se tornou impossível. Sem dúvida, o momento induz a uma profunda reflexão, mas como o pesquisador aprendeu<br />

não há tempo suficiente! Por isso a <strong>Sobrape</strong>, e em especial, a equipe da <strong>Revista</strong> agradece a todos que têm contribuído<br />

e participado desse extenuante e maravilhoso processo de geração de conhecimento.<br />

Boa leitura!<br />

Sheila Cavalca Cortelli<br />

Editora-chefe<br />

3


REVISTA PERIODONTIA<br />

SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA<br />

DE PERIODONTOLOGIA<br />

SOBRAPE - SOCIEDADE BRASILEIRA DE<br />

PERIODONTOLOGIA<br />

Fundada em 05/10/1970 Gestão 2010/2011<br />

Sede: Rua Tres Pontes, 52<br />

CEP: 05042-020 - São Paulo - SP<br />

Tel/Fax: (11) 11 3862-1422 / 11 9611-7257<br />

Home-page: www.sobrape.org.br<br />

E-mail: sobrape@sobrape.org.br<br />

Diretoria Executiva<br />

Presidente: Joaquim Resende - MG<br />

Vice-Presidente: Ricardo Guimarães Fischer - RJ<br />

1º Secretário: Lívio de Barros Silveira - MG<br />

2º Secretária: Carolina Ferreira Franco - MG<br />

1º Tesoureiro: Gerdal Roberto de Sousa - MG<br />

2º Tesoureira: Telma Campos Medeiros Lorentz - MG<br />

7<br />

passo-a-passo da pesquisa<br />

A BIOESTATÍSTICA É ÚTIL EM ESTUDOS<br />

DESCRITIVOS?<br />

Biostatistics is useful in descriptive studies?<br />

Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu<br />

<strong>Revista</strong> Periodontia<br />

Editora: Sheila Cavalca Cortelli - SP<br />

Editores Associados: Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira, Davi<br />

Romeiro Aquino,Fernando de Oliveira Costa, Gilson César Nobre<br />

Franco, Luis Otávio de Miranda Cota, Marinella Holzhausen, Mônica<br />

César do Patrocínio<br />

Corpo Editorial: Alexandre Prado Scherma – SP, Ângela G. Martins<br />

- BA, Arthur B. Novaes Jr. - SP, Bruno C. De V. Gurgel - RN, Cristiano<br />

Susin - RS, Delane M. Rêgo - RN, Eduardo Feres - RJ, Élcio Marcantonio<br />

Júnior - SP, Estela S. Gusmão - PE, Francisco E. Pustiglioni - SP,<br />

Francisco H. Nociti Jr. - SP, Gerdal Roberto de Sousa - MG, Geraldo A.<br />

Chiapinotto - RS, Getúlio R. Nogueira Filho - CA, Giuseppe Alexandre<br />

Romito - SP, Isaac S. Gomes Filho - BA, Joaquim Resende – MG, João<br />

B. César-Neto - RS, Joni A. Cirelli - SP, José E. C. Sampaio - SP , José<br />

Roberto Cortelli - SP, Karina Cogo – SP, Karina Silverio - SP, Lívio de<br />

Barros Siveira - MG, Luciene Figueiredo - SP, Luis A. P. de Lima - SP,<br />

Marcio F. M. Grisi - SP, Marcos Pontual - SC, Maria Â. N. Machado - PR,<br />

Mauricio Araújo - PR, Patrícia Furtado Gonçalves - MG, Plínio Macedo -<br />

PI, Poliana M. Duarte - SP, Raul G. Caffesse - (EUA), Ricardo G. Fischer -<br />

RJ, Rosemary A. C. Marcantonio - SP, Renata Cimões - PE, Renato de V.<br />

Alves - PE, Rodrigo O. C. C. Rêgo - CE, Rosenês L. dos Santos - PB, Rui<br />

V. Oppermann - RS, Sabrina Gomes - (RS), Sebastião L. A. Greghi - SP,<br />

Sergio L. da S. Pereira - CE, Sheila Cavalca Cortelli - SP, Telma Campos<br />

Medeiros Lorentz - MG<br />

Auxiliar técnica: Thaís Pereira Peixoto<br />

Diretor do Jornal Periodonto: Mauro Ivan Salgado - MG<br />

Divulgação e Promoção: Rodrigo Seabra - MG, Orley Araújo Alves<br />

- MG<br />

Redação / Seleção de Pauta: Alcione Maria Dutra de Oliveira,<br />

Carlos Roberto Martins - MG<br />

Diretor Cultural: Lorenza Carvalhais Souza - MG, José Eustáquio<br />

da Costa - MG<br />

Diretor Social: Ana Carolina Duppin Souza - MG, Arnaud Bezerra -<br />

MG<br />

Diretor Bibliotecário: Jayme Reis Ferracioli - MG<br />

Diretor de Informática: Douglas Campidelli Fonseca - MG<br />

Equipe comercial: Eleine Claudino Aguiar Quintella - MG, Henrique<br />

Teixeira de Castro - RJ, Marcio Eduardo Vieira Falabella - MG<br />

Diretor Acadêmico: Luis Otávio de Miranda Cota - MG<br />

Assessores da Presidência: Alfeu Eloy Bari - SP, Cesário Antônio<br />

Duarte - SP, Charles Menezes Leahy - AL, Moyses Moreinos - RJ<br />

Assessores Internacionais: Antônio Wilson Sallum - SP, Arthur Belém<br />

Novaes Junior - SP, Eduardo Tinoco - RJ<br />

Conselho Científico: Carlos Marcelo Figueiredo - RJ, Fernando de<br />

Oliveira Costa - MG, Valdir Golveia Garcia - SP<br />

Conselho Deliberativo<br />

Efetivos: Alfeu Eloy Bari - SP, Antônio Wilson Sallum - SP, Benedicto<br />

Egbert Corrêa de Toledo - SP, Cesário Antônio Duarte - SP, Hamilton<br />

Taddei Bellini - SP, Urbino da Rocha Tunnes - BA<br />

Membros Natos: Moyses Moreinos - RJ, Paulo Roberto Pereira de Sá<br />

- RJ Javan Seixas de Paiva - PE, Rodrigo Veras de Almeida - PE, Antônio<br />

Wilson Sallum - SP, Giuseppe Alexandre Romito - SP<br />

Suplentes: Inácio Rocha - RJ, Henrique Guilherme de Castro Teixeira<br />

- MG, Walter Augusto Soares Machado - RJ, Juracy Corrêa da Silveira<br />

- MG<br />

In Memoriam: João Nunes Pinheiro - CE, Juarez Corrêa da Silveira -<br />

MG, Rugerpe Antônio Pedreira - RJ, Yeddi Pereira - RJ, Nelson Thomaz<br />

Lascala - SP, Roberto Fraga Moreira Lotufo - SP<br />

Conselho Fiscal: Marcos Vinicius Moreira de Castro - GO, Charles<br />

Menezes Leahy - AL, Carlos Roberto Martins - MG<br />

Suplentes: José Márcios Falabella - MG, Guido de Oliveira - MG,<br />

Ibajay Brito de Oliveira - MG<br />

Representantes Regionais<br />

REGIÃO NORTE: Am - Anne Michelle Lima Ferreira, Pa - Mario Jardeo<br />

Diniz Da Silva, Ac - José Américo Gonçalves Fagundes, Ro - Mário Umezawa<br />

REGIÃO NORDESTE: AL - Charles Menezes Leahy; BA - Safy Rodrigues Pires, PE -<br />

Renata Cimões, PB - Dejanildo Jorge Veloso, CE - Raimundo Nonato Soares de Castro,<br />

PI - Plínio da Silva Macêdo, RGN - Eduardo Gomes Seabra<br />

REGIÃO SUDESTE: ES - Fábio Matos Chiarelli, RJ - Neyde M. B. Tinoco, MG - Vanessa<br />

Frazão Cury, SP - José Roberto Cortelli<br />

REGIÃO CENTRO OESTE: GO - Marcos Vinícius M. de Castro, TO - Joana Estela<br />

Rezende Vilela, MS - José Peixoto Ferrão Junior, DF - Emílio Barbosa e Silva<br />

REGIÃO SUL: PR - Ricardo Luiz Grein, SC- José Luiz do Couto, RS - Cassiano H. Rosing<br />

índice<br />

10<br />

12<br />

20<br />

passo-a-passo prática clínica<br />

DIABETE MELITO: CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />

PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA<br />

Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />

artigos originais<br />

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TERAPIA<br />

FOTODINÂMICA COMO ADJUNTO AO<br />

TRATAMENTO PERIODONTAL DE PACIENTES<br />

COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />

Evaluation of the Efficacy of Photodynamic Therapy as<br />

Adjunct to periodontal treatment in Patients with Aggressive<br />

Periodontitis<br />

Flavia Bomfim Garcia, Alexandra Tavares Dias, Eduardo Muniz<br />

Barreto Tinoco, Ricardo Guimarães Fischer<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />

NÃO CIRÚRGICO SOBRE AS CÉLULAS BRANCAS<br />

E VERMELHAS DO SANGUE DE PACIENTES<br />

PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />

GENERALIZADA<br />

The influence of non-surgical periodontal treatment on white<br />

and red blood cells of patients with chronic periodontitis<br />

Caroline Moura, Gabriela G. de Moraes, Marília da S. P.<br />

Bittencourt, Marilisa L. F. Terezan<br />

Jornalista Responsável: Sueli dos Santos (MTB 25034) SP<br />

Impressão:<br />

Tiragem da <strong>Revista</strong>: 500 Exemplares<br />

Periodicidade: Trimestral<br />

Os conceitos e opiniões contidos neste veículo são de responsabilidade do(s)<br />

autor(es) e não expressam, a priori, os interesses da <strong>Sobrape</strong>. É proibida a reprodução total ou parcial<br />

dos artigos sem a devida autorização.


INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />

PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO SOBRE<br />

PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS E<br />

BIOQUÍMICOS DE PACIENTES RENAIS<br />

CRÔNICOS EM PRÉ-DIÁLISE<br />

Influence of non-surgical periodontal treatment<br />

on hematological and biochemical parameters of<br />

patients with chronic renal failure in pre-dialysis<br />

27<br />

revisão de literatura<br />

CLINICAL IMPLICATIONS OF<br />

NANOSURFACE TECHNOLOGY ON<br />

CLINICAL SUCCESS AND SURVIVAL RATE<br />

OF SINGLE IMPLANT RESTORATIONS:<br />

A REVIEW<br />

55<br />

Aline de Almeida Carvalho, Patrícia Pereira Farsura,<br />

Marcos Gomes Bastos, Eduardo Machado Vilela<br />

Gareth Z. Benic, Andrew Tawse-Smith and Vincent<br />

Bennani<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />

PERIODONTAL NO CONTROLE<br />

GLICÊMICO EM PACIENTES DIABÉTICOS<br />

TIPO 2 NÃO INSULINO-DEPENDENTES –<br />

ARTIGO ORIGINAL<br />

Influence of periodontal treatment on glycemic<br />

control in diabetic patients type 2 non-insulin<br />

dependent – Original paper.<br />

Dário da Rocha Pereira, Léo Guimarães Soares, Márcio<br />

Eduardo Vieira Falabella, Denise Gomes da Silva,<br />

Eduardo Muniz Barretto Tinoco<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO<br />

PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO SOBRE<br />

O PERFIL LIPÍDICO DE PACIENTES<br />

PORTADORES DE PERIODONTITE<br />

CRÔNICA<br />

The influence of non-surgical periodontal treatment<br />

on lipid profile of patients with chronic periodontitis<br />

34<br />

43<br />

TERAPIA FOTODINÂMICA PARA A<br />

REDUÇÃO MICROBIANA NO<br />

TRATAMENTO DAS DOENÇAS<br />

PERIODONTAIS: REVISÃO DE<br />

LITERATURA<br />

Photodynamic therapy for microbial reducing in<br />

periodontal treatment diseases: A review<br />

Andre Luis Gomes Moreira, Adriano Monteiro<br />

D´Almeida Monteiro, Marcelo de Azevedo Rios<br />

A RELAÇÃO BIDIRECIONAL ENTRE<br />

DOENÇA PERIODONTAL E DOENÇA<br />

RENAL CRÔNICA: DA PROGRESSÃO DA<br />

DOENÇA RENAL CRÔNICA À TERAPIA<br />

RENAL SUBSTITUTIVA DE DIÁLISE<br />

Diva Claudia de Almeida, Carlos Sardenberg Pereira,<br />

José Mauro Granjeiro , Walter Augusto Soares<br />

Machado, Fátima Regina Veiga Tostes, Eliane dos<br />

Santos Porto Barboza<br />

65<br />

73<br />

Gabriela G. de Moraes, Caroline Moura, Marília da S. P.<br />

Bittencourt, Marilisa L. F. Terezan<br />

<strong>EDITORIAL</strong><br />

3<br />

REDUÇÃO DO ÍNDICE DE CÁLCULO<br />

SUPRAGENGIVAL: DENTIFRÍCIO<br />

ANTICÁLCULO VERSUS DENTIFRÍCIO<br />

CONVENCIONAL<br />

Reduction in supragingival calculus index: anticalculus<br />

dentifrice versus conventional dentifrice<br />

49<br />

resumos fórum científico<br />

Relação de Revisores<br />

80<br />

109<br />

Bruna de Carvalho Farias, Felipe Bravo Machado de<br />

Andrade, Valma Maria Lins Gondim, Renata de Souza<br />

Coelho Soares, Estela Santos Gusmão, Renata Cimões<br />

Normas para publicação de<br />

artigos<br />

110


VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

REVISTA PERIODONTIA v. 21, n. 01, 2011. São Paulo: Sociedade Brasileira de<br />

Periodontologia.<br />

TRIMESTRAL<br />

ISSN 0103-9393<br />

CDD 617.6<br />

CDD 617.632005<br />

A <strong>Revista</strong> Periodontia (ISSN 0103-9393) é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Periodontologia. Os artigos<br />

publicados são de responsabilidade dos seus autores. As opiniões e conclusões explicitadas nos artigos não necessariamente<br />

correspondem às opiniões da <strong>Revista</strong> e/ou da SOBRAPE. O material vinculado à publicidade é de inteira responsabilidade do<br />

anunciante.<br />

Associação e assinaturas: sobrape@sobrape.org.br<br />

6


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

passo-a-passo da pesquisa<br />

A BIOESTATÍSTICA É ÚTIL EM ESTUDOS DESCRITIVOS?<br />

Biostatistics is useful in descriptive studies?<br />

Mauro Henrique Nogueira<br />

Guimarães de Abreu<br />

INTRODUÇÃO<br />

Apesar de se reconhecer a importância da<br />

abordagem qualitativa (Minayo, 1993), a pesquisa<br />

científica na área da saúde é hegemonicamente<br />

quantitativa. Desta forma, quando desenvolvemos estudos<br />

laboratoriais e clínico-epidemiológicos, um dos tripés da pesquisa é<br />

a estatística que aplicada à área das ciências da saúde e biológicas<br />

é denominada de bioestatística.<br />

A bioestatística será útil, pelo menos em dois momentos<br />

da pesquisa científica: no delineamento do estudo e na análise<br />

dos dados (Walter, 1995). Não será objetivo do presente artigo,<br />

discutir aprofundadamente a primeira etapa. Livros clássicos de<br />

epidemiologia e pesquisa odontológica (Gordis, 2008; Luiz et<br />

al., 2005) abordam esta etapa de forma bastante adequada.<br />

Abordaremos questões relativas ao delineamento amostral,<br />

quando esse repercutir na etapa seguinte.<br />

Os resultados de (quase) todo estudo quantitativo deveria<br />

envolver a descrição de variáveis. Algumas vezes, o estudo é<br />

Recebimento: 19/01/11 - Correção: 01/02/11 - Aceite: 14/02/11<br />

eminentemente descritivo. Uma dúvida que aparece<br />

entre alguns pesquisadores é não considerar a análise<br />

descritiva como análise estatística. Além disso, alguns<br />

artigos publicados insistem na inclusão de testes<br />

estatísticos, quando os objetivos do estudo não<br />

demandam tal técnica.<br />

Considerando assim a importância da descrição<br />

dos resultados em qualquer pesquisa, o presente<br />

artigo abordará a utilidade da bioestatístca em estudos<br />

descritivos.<br />

UNITERMOS: bioestatística, pesquisa, periodontia<br />

Análise estatística descritiva dos resultados<br />

Bom referencial teórico, objetivo relevante,<br />

desenho do estudo elegante e uma honesta coleta de<br />

dados são imprescindíveis e não há análise estatística,<br />

a posteriori, que possa superar problemas com os<br />

três tópicos.<br />

Considerando que o pesquisador foi cuidadoso<br />

nos seus objetivos, no delineamento do estudo<br />

7


R. Periodontia - 21(1):7-9<br />

e na coleta de dados, chega o momento da análise dos<br />

mesmos. Basicamente, podemos dividir a análise estatística<br />

em dois tipos: a análise estatística descritiva e a inferencial.<br />

O pesquisador deve utilizar uma e/ou outra dependendo<br />

do objetivo do estudo que foi realizado. Se a pergunta do<br />

pesquisador envolve a descrição de um fenômeno qualquer,<br />

deve-se realizar análise estatística descritiva. Caso a pergunta<br />

da pesquisa envolva a associação entre duas ou mais variáveis,<br />

deve-se realizar, também, a análise estatística inferencial.<br />

Serão discutidas apenas algumas técnicas úteis para análise<br />

descritiva<br />

A análise estatística descritiva é fundamental para o<br />

entendimento do que se pesquisou. Ela envolve a descrição de<br />

freqüências, para as variáveis quantitativas e, especialmente,<br />

para as categóricas. Para as variáveis quantitativas, cálculos<br />

de medidas de tendência central e de variabilidade também<br />

são utilizados.<br />

Quando se estuda a frequência de pacientes com<br />

periodontite por algum critério internacional qualquer, há<br />

apenas duas possibilidades de respostas: ou o indivíduo<br />

apresenta a doença ou não. Para este último exemplo, temos<br />

uma variável categórica dicotômica. Em estudos descritivos,<br />

nossa única opção é descrever a freqüência, geralmente em<br />

termos percentuais, dos indivíduos com e sem periodontite.<br />

Quadro 1<br />

Indicação de algumas análises descritivas<br />

Variável Exemplo Análise(s) indicada(s) Figuras indicadas<br />

Categórica<br />

Presença de<br />

periodontite<br />

Cálculo de proporção<br />

Gráfico de barras<br />

Gráfico de colunas<br />

Gráfico de setor (pizza)<br />

Tabelas<br />

Quantitativa<br />

Profundidade<br />

de sondagem<br />

Medidas de tendência central<br />

Medidas de variabilidade<br />

Testes de avaliação de normalidade<br />

(KS e SW)<br />

Histograma<br />

Box-Plot<br />

Gráfico Q-Q<br />

Apresentações gráficas e tabelas podem ser úteis para<br />

descrever frequências.<br />

Quando se deseja descrever a profundidade de sondagem<br />

periodontal em um sítio periodontal de um dente específico,<br />

podem-se calcular as medidas de tendência central (média,<br />

mediana, moda), bem como as medidas de variabilidade<br />

(desvio-padrão, coeficientes de variação) e quartis, percentis,<br />

dentre outros. Além dessas medidas é muito útil que se saiba<br />

se a variável estudada apresenta ou não distribuição normal,<br />

também chamada de gausssiana. Análises gráficas e testes<br />

estatísticos (Testes de Kolmogorov-Smirnov - KS, Shapiro-Wilk<br />

- SW) são utilizados para essa avaliação (Soares & Siqueira,<br />

2002; Kim & Dailey, 2008). Vamos exemplificar um pouco,<br />

para clarear esses conceitos. É bastante comum lermos<br />

em artigos científicos que a profundidade de sondagem<br />

média foi igual a 4,0 (±0,4) mm. A interpretação destes<br />

resultados é importante para o entendimento do que se<br />

estudou. Considerando que a distribuição dessa variável é<br />

normal, aproximadamente 68% dos indivíduos apresentam<br />

profundidade de sondagem entre 3,6 e 4,4 mm. Quando o<br />

dobro do valor do desvio-padrão é adicionado e subtraído da<br />

média, ou seja, de 3,2 a 4,8 mm, temos, aproximadamente,<br />

95% dos pacientes do estudo.<br />

Pode-se verificar, ainda, se a variável quantitativa<br />

apresenta distribuição de Poisson ou Binomial. A utilidade<br />

do desvio-padrão e da média é questionável, quando a<br />

distribuição da variável não é gaussiana.<br />

Quando a distribuição de uma variável quantitativa não é<br />

normal, é interessante apresentar os valores mínimo, máximo<br />

e os quartis. Quando se afirma que para a variável perda de<br />

inserção periodontal, o primeiro quartil é igual a 2,0 mm, isso<br />

significa que 25% dos pacientes apresentam até 2,0 mm<br />

de perda de inserção periodontal. Se a mediana, sinônimo<br />

de Segundo quartil, for igual a 3,5 mm, podemos afirmar<br />

que metade dos indivíduos pesquisados perdeu até 3,5 mm<br />

de inserção periodontal. Esse mesmo raciocínio vale para o<br />

terceiro quartil e para os percentis, tercis etc.<br />

Algumas apresentações gráficas são úteis para a<br />

apresentação de uma variável quantitativa. Histograma e Q-Q<br />

plot também permitem avaliar se há ou não distribuição normal<br />

8


R. Periodontia - 21(1):7-9<br />

dos dados. O gráfico Box-Plot é útil para a apresentação das<br />

medidas de tendência central e variabilidade em uma única<br />

figura (Soares & Siqueira, 2002; Kim & Dailey, 2008).<br />

Quando se descreve uma amostra calculada e selecionada<br />

de forma aleatória, deve-se apresentar ainda o Intervalo de<br />

Confiança, geralmente de 95% (IC95%), para a estimativa<br />

calculada (Walter, 1995; Soares & Siqueira, 2002; Kim &<br />

Dailey, 2008). Por exemplo, se a prevalência de gengivite<br />

associada à placa em uma amostra aleatória simples de 1000<br />

crianças de uma cidade foi igual a 22%, o IC 95% variará de<br />

19,5% a 24,7%. Pode-se concluir que se fossem realizadas,<br />

por exemplo, 100 outras amostras aleatórias simples neste<br />

município em 95 destas amostras, a prevalência de gengivite<br />

variaria de 19,5% a 24,7%. Especificamente na amostra que foi<br />

sorteada, observou-se a prevalência de 22%. Intuitivamente,<br />

pode-se afirmar que quando se pesquisa o universo de<br />

indivíduos (estudos censitários), não se deve calcular tal<br />

intervalo.<br />

Em estudos com amostras selecionadas por<br />

conglomerados, estratificação ou pela combinação<br />

destas técnicas, as estimativas das variáveis categóricas<br />

ou quantitativas devem ser calculadas considerando o<br />

delineamento amostral. Tanto as estimativas descritivas<br />

quanto as inferenciais devem considerar, neste caso, que o<br />

plano amostral foi complexo (Queiroz et al., 2009).<br />

Há vários anos, quem desenvolve pesquisas na área da<br />

saúde, utiliza, inevitavelmente, algum software para a análise<br />

dos seus dados. Há boas e amigáveis opções no mercado.<br />

Quando se deseja um programa de uso livre, o Epi-Info (Dean,<br />

1999) é, ainda, uma opção confiável e que abarca quase a<br />

totalidade do que se discutiu no presente artigo. Softwares<br />

licenciados podem até ser amigáveis, mas muitos têm custo<br />

proibitivo.<br />

A utilização e interpretação adequadas dos estudos<br />

descritivos, além de responder às perguntas colocadas pelo<br />

pesquisador, geram novas perguntas descritivas ou sobre<br />

determinantes dos fenômenos que foram pesquisados. Assim,<br />

interpretando bem seus dados descritivos, além de conhecer<br />

bem o que foi pesquisado, sua pesquisa poderá ser útil para a<br />

formulação de novas hipóteses, contribuindo para o avanço<br />

do conhecimento científico.<br />

Finalmente, respondendo ao título do trabalho, a<br />

bioestatística é, não apenas útil, mas fundamental em<br />

estudos descritivos na área da saúde. O (ab)uso de técnicas<br />

estatísticas (bivariadas, multivariadas, multiníveis, etc, etc...)<br />

tão em moda nos dias de hoje, não pode passar a sensação<br />

de que a descrição dos resultados é algo de menor valor ou<br />

ultrapassado.<br />

UNITERMS: biostatistics, research, periodontics<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1- Minayo MCS. Desafio do conhecimento. A pesquisa qualitativa em<br />

saúde. 2a ed. Rio de Janeiro: Hucitec; 1993. p.269.<br />

2- Walter SD. Methods of Reporting Statistical Results from Medical<br />

Research Studies. Am J Epidemiol 1995; 141:896-906.<br />

3- Gordis L. Epidemiologia. 4a. Ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010. p.392.<br />

4- Luiz RR, Costa AJL, Nadanovsky P. Epidemiologia e bioestatística na<br />

pesquisa odontológica. São Paulo: Atheneu; 2005. p.473.<br />

5- Soares JF, Siqueira AL. Introdução à estatística médica. 2a Ed. Belo<br />

Horizonte: Coopmed; 2002. p.300.<br />

6- Kim JS, Dailey RJ. Biostatistics for oral healthcare. Oxford: Blackwell<br />

Munksgaard; 2008. p.332<br />

7- Queiroz RCS, Portela MC, Vasconcellos MTL. Pesquisa sobre as<br />

Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil 2003): seus<br />

dados não produzem estimativas populacionais, mas há possibilidade<br />

de correção. Cad Saude Publica 2009; 25:47-58.<br />

8- Dean AG. Epi Info and Epi Map: current status and plans for Epi info<br />

2000. J Public Health Manag Pract 1999; 5:54-7.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu<br />

Departamento de Odontologia Social e Preventiva,<br />

Faculdade de Odontologia, Universidade Federal de Minas Gerais<br />

Av. Antônio Carlos, 6627<br />

CEP: 312.70901 - Belo Horizonte - MG - Brasil<br />

E-mail: maurohenrique@ufmg.br<br />

9


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

passo-a-passo Prática clínica<br />

DIABETE MELITO: CONSIDERAÇÕES GERAIS<br />

PARA O CIRURGIÃO-DENTISTA<br />

Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />

Médica Endocrinologista titulada pela SBEM<br />

O Diabete Melito (DM) tipo 2 é uma doença<br />

crônica caracterizada por aumento da glicemia<br />

(taxa de açúcar no sangue), resistência insulínica<br />

(defeito na ligação da insulina no seu receptor),<br />

e deficiência relativa da secreção pancreática de<br />

insulina. A prevalência da doença tem assumido<br />

proporções epidêmicas, sendo um dos principais<br />

problemas de saúde publica no mundo. Globalmente afeta cerca<br />

de 285 milhões de indivíduos, dos quais 46% se encontram na<br />

faixa etária de 40 a 59 anos. O DM causa um impacto negativo<br />

sobre a qualidade de vida dos indivíduos além de uma sobrecarga<br />

aos sistemas de saúde. Infelizmente estima-se que em 2025, a<br />

doença possa acometer 380 milhões de indivíduos caso medidas<br />

preventivas não sejam adotadas. Cabe ressaltar que existe<br />

um número significativo de portadores assintomáticos, pois o<br />

quadro clínico muitas vezes é insidioso. Entretanto, alterações<br />

no metabolismo da glicose podem ser observadas anos antes<br />

Recebimento: 15/01/11 - Correção: 04/02/11 - Aceite: 17/02/11<br />

do diagnóstico do DM tipo 2, o que justifica nesse<br />

momento a freqüente presença de complicações<br />

associadas. O fato do DM tipo 2 acarretar em diversas<br />

complicações crônicas torna o diagnóstico precoce<br />

ainda mais importante. Assim, o cirurgião-dentista por<br />

vezes pode se tornar o responsável pelo diagnóstico<br />

da doença e considerando-se o número crescente<br />

de casos deve estar preparado para o manejo clínico<br />

adequado de tais pacientes.<br />

As complicações crônicas do DM classificamse<br />

em: microvasculares (microangiopaticas) e<br />

macrovasculares (macroangiopaticas). As complicações<br />

microvasculares são advindas principalmente do<br />

controle inadequado da doença, do tempo de<br />

evolução e de fatores genéticos, e são divididas em:<br />

nefropatias, retinopatias e neuropatias diabéticas.<br />

Por outro lado, as complicações macrovasculares<br />

incluem desordens cardiovasculares, cerebrovasculares<br />

e periféricas.<br />

10


R. Periodontia - 21(1):10-11<br />

A fim de se padronizar os critérios em 1997 a American<br />

Diabetes Association (ADA), determinou os seguintes<br />

parâmetros diagnósticos:<br />

1 – Glicemia de jejum (GJ), exame no qual se determina<br />

a taxa glicêmica em amostra de sangue periférico coletada<br />

após 12 horas de jejum. Esse exame permite as seguintes<br />

interpretações:<br />

- Normal: GJ ≤100 mg/dL<br />

- Glicemia de jejum inadequada (GJI): GJ entre 101<br />

e 125 mg/dL<br />

- DM tipo 2: GJ ≥ 126 mg/dL, em pelo menos dois<br />

episódios de análise<br />

2 – Teste de tolerância oral à glicose (TTOG), exame<br />

onde na mesma avaliação são obtidas duas medições da<br />

glicemia em sangue periférico. A primeira taxa é determinada<br />

após 12 horas de jejum, e a segunda 120 minutos após a<br />

administração oral de 75g de glicose. Esse exame possibilita<br />

as seguintes interpretações:<br />

- Normal: Glicemia após 120 minutos ≤140 mg/dL<br />

- Intolerância à glicose (ITG): Glicemia após 120<br />

minutos entre 141 e 199 mg/dL<br />

- DM tipo 2: Glicemia após 120 minutos ≥ 200 mg/dL<br />

Embora mais sensível, o TTOG é mais caro e demanda<br />

mais tempo comparativamente a GJ. Talvez por isso,<br />

recentemente tenha-se sugerido usá-lo em pacientes de alto<br />

risco para doenças cardiovasculares, como os hipertensos<br />

e os obesos. Adicionalmente, a dosagem de Hemoglobina<br />

Glicosilada (HbA1c) tem se mostrado um terceiro exame útil<br />

e com ampla aplicabilidade clínica. Realizado em amostra<br />

única de sangue periférico, colhida após 12 horas de jejum,<br />

reflete a mediana dos últimos 90 dias, e mais sensivelmente<br />

dos últimos 60 dias. Baseado em estudos populacionais<br />

multicêntricos foi definido como ideal o valor menor ou<br />

igual a 7% (ADA tem proposto 6,5%), uma vez que tem<br />

sido sugerido que quanto menor o valor da hemoglobina<br />

glicosilada menores são as complicações crônicas, sobretudo<br />

as microvasculares.<br />

Existem fatores de risco bem estabelecidos para o<br />

desenvolvimento do metabolismo anormal da glicose, que<br />

por sua vez pode levar ao DM, GJI ou ITG. Assim, onde o<br />

profissional da saúde deve estar atento a: sedentarismo;<br />

parentesco de primeiro grau com DM tipo 2; gestação que<br />

se encerra com bebê macrossômico (maior 4 kg); diabetes<br />

gestacional: hipertensão arterial, dislipidemia (HDLc menor<br />

35mg/dL ou triglicerídeos maior 150 mg/dL), síndrome dos<br />

ovários policísticos em mulheres com idade reprodutiva,<br />

e história de acidente cardiovascular (infarto agudo do<br />

miocárdio, acidente vascular cerebral). Finalmente, deve-se<br />

atentar à obesidade que sem dúvida representa o fator de<br />

risco mais importante para o DM, pois ela induz a resistência<br />

periférica à captação de glicose mediada pela insulina e pode<br />

também diminuir a sensibilidade das células β à glicose.<br />

Concluindo-se, frente a um paciente com diagnóstico<br />

de DM deve-se contribuir e incentivar o adequado controle<br />

da doença para prevenir as complicações crônicas as<br />

quais incluem também o comprometimento dos tecidos<br />

periodontais. Já para os indivíduos que apresentam um ou<br />

mais dos fatores de risco acima mencionados deve-se ficar<br />

atento para uma possível realização do diagnóstico precoce.<br />

Cabe ainda ressaltar a necessidade de um bom controle<br />

metabólico antes da realização de qualquer intervenção<br />

cirúrgica frente aos riscos aumentados para complicações<br />

no trans- ou pós-operatório, tais como: infecções locais e<br />

em tecidos adjacentes, discrasias sanguíneas, deiscência de<br />

sutura e retardo de cicatrização.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1- American Diabetes Association. Standards of medical care in<br />

diabetes-2010. Diabetes Care. 2010 Jan:33 Suppl 1:S11-61. Erratum<br />

in: Diabetes Care. 2010 Mar; 33(3):692.<br />

2- UpToDate. Disponível em: URL: https://www.uptodate.com/online/<br />

login.do<br />

3- Gross JL, de Azevedo MJ, Silveiro SP, Canani LH, Caramori ML,<br />

Zelmanovitz T. Diabetic nephropathy: diagnosis, prevention, and<br />

treatment. Diabetes Care. 2005 Jan; 28(1): 164-76.<br />

4- The effect of intensive treatment of diabetes on the development and<br />

progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes<br />

mellitus. The Diabetes Control and Complications Trial Research Group.<br />

N Engl J Med. 1993. Sep 30; 329 (14):977-86.<br />

5- Writing Team for the Diabetes Control and Complications Trial/<br />

Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications Research<br />

Group. Sustained effect of intensive treatment of type 1 diabetes<br />

mellitus on development and progression of diabetic nephropathy:<br />

the Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (EDIC)<br />

study. JAMA. 2003 Oct 22; 290 (16): 2159-67.<br />

6- Randomised placebo-controlled trial of lisinopril in normotensive<br />

patients with insulin-dependent diabetes and normoalbuminuria or<br />

microalbuminuria. The EUCLID Study Group. Lancet. 1997 Jun 21;<br />

349 (9068): 1787-92.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Priscila Romeiro Aquino Pinho<br />

E-mail: priaquino@uol.com.br<br />

11


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TERAPIA FOTODINÂMICA<br />

COMO ADJUNTO AO TRATAMENTO PERIODONTAL DE<br />

PACIENTES COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />

Evaluation of the efficacy of photodynamic therapy as adjunct to periodontal treatment in patients<br />

with aggressive periodontitis<br />

Flavia Bomfim Garcia 1 , Alexandra Tavares Dias 2 , Eduardo Muniz Barreto Tinoco 3 , Ricardo Guimarães Fischer 4<br />

RESUMO<br />

A periodontite agressiva é um processo inflamatório<br />

de origem bacteriana mediado pelo sistema imunológico<br />

do hospedeiro e é provavelmente a forma mais grave de<br />

doença periodontal com destruição das estruturas de<br />

proteção e de suporte, em um período relativamente<br />

rápido, normalmente levando a perda prematura dos<br />

elementos dentários. O objetivo do presente ensaio clínico<br />

randomizado controlado foi avaliar o efeito clínico da terapia<br />

fotodinâmica como adjunto ao tratamento periodontal não<br />

cirúrgico no tratamento da periodontite agressiva. Foram<br />

selecionados dez pacientes com periodontite agressiva, os<br />

quais foram examinados no dia zero e após três meses.<br />

O desenho do estudo consistiu em um modelo de boca<br />

dividida, onde um hemiarco foi tratado com raspagem e<br />

alisamento radicular e terapia fotodinâmica (laser diodo<br />

+ azul de metileno 0,005%) e o outro apenas com<br />

raspagem e alisamento radicular. Três meses após o término<br />

do tratamento, os grupos terapêuticos apresentaram<br />

resultados semelhantes para todos os parâmetros clínicos<br />

avaliados: ambas as terapias tiveram sucesso, como<br />

redução de profundidade de bolsa, ganho de nível de<br />

inserção clínica relativo, redução de índice de placa visível,<br />

redução de sangramento à sondagem, diminuição de<br />

envolvimento de furca e diminuição de mobilidade, porém<br />

sem diferenças estatisticamente significantes entre elas.<br />

Assim, os resultados sugeriram que a terapia fotodinâmica<br />

adjuntamente ao tratamento periodontal não cirúrgico<br />

mecânico foi tão eficaz quanto o tratamento periodontal<br />

não cirúrgico mecânico sozinho.<br />

UNITERMOS: agentes fotossensibilizadores, terapia<br />

fotodinâmica, periodontite agressiva, laser. R Periodontia<br />

2011; 21:12-19.<br />

1<br />

Mestre em Periodontia UERJ<br />

2<br />

Mestranda em Clínica Odontológica UFF<br />

3<br />

Pós Doutor em Periodontia TEMPLE UNIVERSITY<br />

4<br />

Doutor em Periodontia LUND UNIVERSITY<br />

Recebimento: 03/12/10 - Correção: 25/01/11 - Aceite: 21/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

Com caráter inflamatório e infeccioso, as<br />

periodontites são caracterizadas pela destruição<br />

tecidual tanto dos tecidos de proteção quanto dos<br />

tecidos de suporte dos dentes. Essa destruição<br />

resulta da combinação de um hospedeiro suscetível<br />

com bactérias periodontopatogênicas presentes<br />

no biofilme. 1,2 A interação entre o hospedeiro<br />

suscetível e a microbiota local é controlada por<br />

inúmeros moduladores, além de fatores ambientais<br />

e comportamentais. 3<br />

Desde 1999 já é aceito que as doenças periodontais<br />

podem ser síndromes e ter etiologias distintas, porém<br />

com manifestações clínicas semelhantes 4,5 , fato esse<br />

estabelecido no sistema classificatório realizado pela<br />

American Academy of Periodontology nesse mesmo<br />

ano. 6<br />

A Periodontite Agressiva (PA) é provavelmente a<br />

forma mais grave de doença periodontal, apresentando<br />

destruição das estruturas tanto de proteção quanto<br />

de suporte dentário, em um período relativamente<br />

rápido, normalmente levando a perda prematura<br />

dos elementos dentários. Apresenta-se por perda de<br />

inserção e perda vertical de osso alveolar principalmente<br />

em torno dos incisivos e primeiros molares, podendo<br />

12


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

ocorrer também em outros elementos dentários, aparecendo<br />

normalmente na puberdade. 7 Caracteriza-se por afetar<br />

adolescentes e adultos jovens e a prevalência de PA na<br />

população geral é de 0,1-5,0%, com alguns estudos sugerindo<br />

uma agregação familial e geográfica 7. Assim, dependendo do<br />

grupo étnico e das condicões sócio-econômicas, a prevalência<br />

pode variar de 0,1 a 3,0%. 8 Já no Brasil, em um estudo<br />

realizado na região sul, verificou-se que a prevalência de PA<br />

é de 5,5% em indivíduos até 29 anos. 9<br />

O tratamento da periodontite, incluindo a PA, tem<br />

o objetivo de eliminar depósitos de bactérias e nichos<br />

bacterianos através da remoção mecânica de biofilme<br />

supragengival e subgengival. 10 Segundo Rosling et al. 11 , nos<br />

20% dos pacientes que apresentam alta susceptibilidade à<br />

doença, a PA parece progredir apesar da terapia periodontal.<br />

Para controlar a recolonização e evitar a recorrência da<br />

doença, o uso de antibióticos sistêmicos associados à terapia<br />

periodontal tem sido preconizado, pricipalmente em pacientes<br />

com PA. 12,13 No entanto, todas essas opções de tratamento<br />

nem sempre são eficazes de maneira previsível.<br />

Novas tecnologias e técnicas vêm sendo testadas e<br />

utilizadas no tratamento das periodontites, inclusive na<br />

periodontite agressiva. Desde o início da década de 90 a<br />

aplicação de fototerapia, vem sendo considerada como uma<br />

nova abordagem no tratamento periodontal. De maneira<br />

geral, o uso de Light Amplification by Stimulated Emission<br />

(laser) vem sendo proposto como uma nova modalidade<br />

técnica no tratamento de doenças periodontais 14,15,16 e a<br />

terapia fotodinâmica (PDT) vem se destacando como um novo<br />

método eficaz de descontaminação das bolsas periodontais,<br />

dentre as fototerapias. 17<br />

Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar a<br />

eficácia da terapia fotodinâmica como adjunto à raspagem<br />

e alisamento radicular no tratamento de pacientes com<br />

periodontite agressiva.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Vinte pacientes com periodontite agressiva, recrutados<br />

na Clínica de Especialização em Periodontia do Instituto de<br />

Odontologia da PUC-Rio, foram selecionados. Perda óssea<br />

angular em primeiros molares e incisivos, e outros dentes<br />

adjacentes, com profundidade de bolsa maior ou igual a 5<br />

mm e perda de inserção clínica maior ou igual a 2 mm foram<br />

as características analisadas para o diagnóstico de PA. Os<br />

pacientes que consentiram em participar do estudo assinaram<br />

um termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado<br />

juntamente com o protocolo de pesquisa pelo Comitê de<br />

Ética do Hospital Pedro Ernesto, em 15 de outubro de 2008<br />

(2217 CEP/HUPE).<br />

Foram excluídos do estudo pacientes com<br />

comprometimento sistêmico que estivessem sob tratamento<br />

periodontal ou que tivessem sido submetidos ao tratamento<br />

periodontal nos últimos três meses antes do baseline;<br />

pacientes que tenham feito uso de antibioticoterapia nesse<br />

mesmo período e aqueles que consentiram em participar<br />

ou que não concordaram com os termos do protocolo de<br />

procedimentos do presente estudo.<br />

Após anamnese, médica e odontológica, foi realizada<br />

moldagem para confecção de um splint de silicone e instrução<br />

de higiene bucal. O exame periodontal foi realizado por<br />

uma única avaliadora devidamente calibrada até alcançar<br />

concordância intra-examinador ≥ 0,80 pelo índice ICC (Índice<br />

de Correlação Intraclasse) para as medidas contínuas de<br />

profundidade de bolsa à sondagem (PBS) e nível de inserção<br />

clínica relativo à sondagem (NICR). Os parâmetros clínicos<br />

periodontais foram avaliados em todos os dentes e incluíram:<br />

• medida de PBS, representada pela distância da margem<br />

gengival ao fundo da bolsa;<br />

• medida do NICR, representada pela margem do splint de<br />

silicone ao fundo da bolsa;<br />

• índice de sangramento à sondagem (SS); 18<br />

• índice de placa visível (IPV), 19 os dois últimos determinados<br />

de forma dicotômica;<br />

• envolvimento de furca; 20<br />

• grau de mobilidade. 21<br />

As medidas de PBS e NICR foram feitas em quatro sítios<br />

para cada dente (vestibular, lingual/palatino, mesial e distal) e<br />

o valor considerado foi o de maior profundidade à sondagem,<br />

por exemplo: sítio mésio-vestibular do elemento 36: é anotado<br />

que o maior valor foi por vestibular dessa área interproximal. As<br />

medidas de sangramento à sondagem e placa visível também<br />

foram realizadas em quatro sítios por dente. Uma sonda<br />

milimetrada calibrada (HU-FRIEDY de 15 mm) foi utilizada para<br />

as medidas de PBS e NICR, e uma sonda Nabers (NEUMAR)<br />

para avaliação de envolvimento de furca. Para a avaliação de<br />

mobilidade foram utilizados dois instrumentos rígidos para<br />

manter a precisão da medida. Exame radiográfico periapical<br />

completo inicial foi solicitado para ser realizado em uma<br />

única clínica radiológica previamente escolhida para critério<br />

de diagnóstico de periodontite agressiva. Os parâmetros<br />

clínicos foram registrados no exame inicial e aos três meses<br />

pós-terapia.<br />

Para tratamento periodontal foi utilizado um modelo<br />

de boca dividida onde os pacientes recrutados receberam<br />

de um lado raspagem e alisamento radicular, e de outro,<br />

raspagem e alisamento radicular associado à terapia<br />

fotodinâmica. O tratamento mecânico foi efetuado utilizando-<br />

13


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

se o aparelho ultrassônico Cavitron® (Dentisply, EUA) com<br />

pontas subgengivais, curetas Mcall 13-14, Gracey 11-12,<br />

Gracey 13-14 e limas de Hirschfield (HU- Friedy®, Chicago,<br />

EUA), sob anestesia local (Lidocaína 1:100.000® DFL, BR).<br />

A arcada tratada na consulta foi escolhida aleatoriamente<br />

através de cara ou coroa, e o hemiarco que recebeu a Terapia<br />

Fotodinâmica também foi determinado dessa forma, porém<br />

após a terapia mecânica ter sido realizada em ambos os<br />

hemiarcos para não gerar viés. No hemiarco que recebeu<br />

o tratamento mecânico e mais a terapia fotodinâmica, foi<br />

aplicado o corante fotossensibilizador no interior das bolsas<br />

periodontais (azul de metileno a 0,005%) com o auxílio de uma<br />

seringa descartável de três mililitros, cinco minutos antes da<br />

aplicação do laser diodo (TwinFlex®, MMOptics, São Paulo,<br />

BR). Essa aplicação do laser foi realizada de forma pontual<br />

por sítio, em todos os dentes do hemiarco, aplicando-se uma<br />

dose de 120 J/cm², por 120 segundos, com comprimento de<br />

onda de 660nm e potência de 40 mW.<br />

Após três meses, os pacientes eram submetidos à<br />

raspagem supragengival e nova instrução de higiene oral e<br />

a reavaliação periodontal era realizada seguindo os mesmos<br />

critérios anteriormente avaliados.<br />

Nessa rechamada após três meses, a metade dos<br />

pacientes recrutados foi perdida: 6 (seis) por abandono<br />

de tratamento e 4(quatro) por utilização de antibiótico<br />

por motivos diversos. Assim, o número de pacientes que<br />

finalizou o estudo dentro do prazo de três meses foi de 10<br />

(dez) pacientes, com média de idade de 39,3 anos e todos<br />

não fumantes.<br />

ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />

Todos os dados foram inseridos em planilha de Excel<br />

(Microsoft) e a entrada de dados e os testes estatísticos<br />

do estudo foram realizados utilizando-se o programa SPSS<br />

(Statistical Package for the Social Sciences).<br />

As médias de sítios com sangramento à sondagem e<br />

placa visível e as médias de profundidade de bolsa, nível de<br />

inserção clínica relativo, envolvimento de furca e mobilidade<br />

foram calculadas para cada hemiarco estudado nos dois<br />

tempos de avaliação do estudo. Os parâmetros clínicos de<br />

PBS e NICR ainda foram categorizados em: 1-4mm (rasos),<br />

5-6mm (médios) e ≥7mm (profundos); e os parâmetros de<br />

envolvimento de furca e mobilidade foram categorizados<br />

em:


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

Tabela 2<br />

Média de PBS e nível de inserção relativo no baseline e aos 3 meses<br />

Tratamento Baseline (±DP) 3 Meses (±DP) P<br />

PBS<br />

PDT/RAR 2,67 ± 0,78 2,16 ± 0,62 *<br />

RAR 2,41 ± 0,78 2,04 ± 0,67 *<br />

VALOR DE P NS NS<br />

NIR<br />

PDT/RAR 5,08 ± 1,43 4,84 ± 1,35 *<br />

RAR 4,98 ± 1,47 4,77 ± 1,42 *<br />

VALOR DE P NS NS<br />

desvio padrão (DP), profundidade de bolsa à sondagem (PBS), terapia fotodinâmica antimicrobiana (PDT), raspagem e alisamento radicular (RAR), não significante (NS), nível de inserção clínica<br />

relativo (NIR). Nota: significância de diferenças intergrupo (Wilcoxon Signed-Rank Test; teste não-paramétrico) e entre os grupos (Mann-Whitney U Test; teste não-paramétrico) *(p=7MM<br />

Período de observação<br />

Gráfico 1 - Comparação dos parâmetros clínicos categorizados (1-4mm, 5-6mm e ≥7mm) ao exame inicial e aos 3 meses do grupo PDT/RAR<br />

15


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

Comparação entre o número de sítios do grupo controle<br />

50<br />

Número de sítios<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

1-4MM<br />

5-6MM<br />

>=7MM<br />

0<br />

antes<br />

3 meses<br />

Período de observação<br />

Gráfico 2 - Comparação dos parâmetros clínicos categorizados (1-4mm, 5-6mm e ≥7mm) ao exame inicial e aos 3 meses do grupo RAR.<br />

Sítios com envolvimento de furca<br />

Número de sítios<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

ANTES<br />

=2<br />

CONTROLE TESTE CONTROLE TESTE<br />

Período de observação<br />

Gráfico 3 - Comparação entre o número de sítios com envolvimento de furca ao exame inicial e aos 3 meses nos grupos PDT/RAR (teste) e RAR (controle)<br />

Mobilidade<br />

Número de dentes com<br />

mobilidade<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

ANTES<br />

=2<br />

CONTROLE TESTE CONTROLE TESTE<br />

Período de observação<br />

Gráfico 4 - Comparação entre o número de dentes com mobilidade ao exame inicial e aos 3 meses nos grupos PDT/RAR (teste) e RAR (controle)<br />

16


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

DISCUSSÃO<br />

A periodontite agressiva é uma forma de periodontite<br />

onde, em alguns casos, não se consegue a resolução do<br />

tratamento através apenas de terapia mecânica. Tem havido<br />

um debate na literatura sobre o emprego de terapias adjuntas<br />

ao tratamento periodontal não cirúrgico convencional com o<br />

intuito de resolver esses casos onde esse tratamento pode não<br />

apresentar resultados satisfatórios. Eventualmente quando<br />

essa remoçao mecânica não é efetiva devido a complexidade<br />

anatômica das raízes-furcas e concavidades 22, 23,24 e também<br />

devido a invasão bacteriana aos tecidos adjacentes por<br />

Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Porphyromonas<br />

gingivalis 25 presentes na periodontite agressiva, a utilização<br />

de antissépticos e antibióticos é realizada. Para tentar<br />

solucionar essa questão, terapias adjuntas como a citada<br />

antibioticoterapia e o emprego de terapia PDT 26 vêm sendo<br />

realizados.<br />

No presente estudo os resultados mostraram que a terapia<br />

fotodinâmica não demonstrou nenhum efeito adicional à<br />

terapia básica convencional não cirúrgica (raspagem e<br />

alisamento radicular). Portanto, o que foi observado, é que<br />

não houve diferença significativa em qualquer parâmetro<br />

clínico avaliado com o uso adjunto da PDT.<br />

Essa ausência de efeito adicional da terapia fotodinâmica<br />

pode ser explicada por dois motivos: a amostra estudada<br />

foi limitada de modo que o reduzido número de pacientes<br />

estudado não permitiu a avaliação real da eficácia da técnica<br />

testada; ou simplesmente não há na realidade qualquer<br />

efeito adicional no uso da PDT. A terapia básica convencional<br />

não cirúrgica sozinha alcança o resultado desejado para o<br />

tratamento da periodontite agressiva.<br />

Devido ao número limitado de estudos in vivo relacionados,<br />

a aplicação da terapia fotodinâmica apresenta uma dificuldade<br />

na avaliação da eficácia da mesma.<br />

Em estudo realizado por Yilmaz et al. 27 foram observadas<br />

melhoras clínicas e microbiológicas significativas apenas<br />

nos grupos que receberam raspagem/alisamento radicular<br />

em conjunto com PDT e raspagem/alisamento radicular,<br />

respectivamente. Os resultados desse estudo se assemelham<br />

totalmente com o nosso presente estudo, onde também não<br />

encontramos diferenças de parâmetros clínicos entre o grupo<br />

tratado com raspagem/alisamento radicular mais PDT e o<br />

grupo tratado apenas com raspagem/alisamento radicular.<br />

Dois estudos clínicos controlados recentes avaliaram<br />

os efeitos clínicos a curto prazo (3 meses) da PDT adjunta<br />

à raspagem e alisamento radicular em pacientes com<br />

periodontite crônica. Andersen et al. 28 observaram que<br />

a combinação de raspagem/alisamento radicular mais<br />

PDT resultou em melhoras significativas nos parâmetros<br />

investigados, o que não ocorreu no grupo que foi submetido<br />

à raspagem/alisamento radicular apenas. Braun et al. 29<br />

avaliaram o efeito adjunto da PDT na periodontite crônica<br />

usando um desenho de boca dividida e encontraram como<br />

o uso adjunto de PDT uma mudança significantemente mais<br />

alta na média de nível de inserção relativo, profundidade de<br />

bolsa à sondagem e sangramento à sondagem nos sítios<br />

testados com PDT em comparação aos sítios tratados apenas<br />

com raspagem/alisamento radicular. Os resultados relatando<br />

uma melhora significativa nos parâmetros clínicos com o uso<br />

adjunto da PDT nesses estudos contrastam com os resultados<br />

encontrados neste estudo, talvez pela amostra menor que<br />

foi avaliada mas também pelo perfil das doenças que foram<br />

incluídas nas amostras, pois apesar da periodontite crônica<br />

e agressiva serem a mesma doença, elas se apresentam com<br />

características diferentes e implicações imunológicas distintas,<br />

onde a susceptibilidade do hospedeiro parece ser bem mais<br />

importante e acentuada nos portadores de periodontite<br />

agressiva.<br />

Já Chistodoulides et al. 30 avaliaram os efeitos clínicos<br />

e também microbiológicos do uso adicional da PDT ao<br />

tratamento periodontal não cirúrgico. Após 3 e 6 meses<br />

ambos os tratamentos resultaram em reduções significantes<br />

estatísticamente e clinicamente na média de profundidade<br />

de bolsa à sondagem e nível de inserção. No entanto,<br />

nenhuma diferença estatística ou clínica no nível de inserção<br />

ou profundidade de bolsa foi encontrada entre os dois grupos.<br />

Baseado nesse achados, eles concluíram que um único<br />

episódio de terapia fotodinâmica, como adjunta a raspagem<br />

e alisamento radicular falhou em uma melhora adicional<br />

em relação à profundidade de bolsa à sondagem e nível de<br />

inserção, porém resultou em uma redução significante nos<br />

níveis de sangramento. Esses resultados são similares aos<br />

encontrados neste estudo em relação à profundidade de<br />

bolsa e nível de inserção, mas diferentemente aos achados<br />

de sangramento citados pelos autores. No presente estudo<br />

não foi encontrada melhora no sangramento à sondagem, o<br />

que pode ser explicado pelo fato de alguns pacientes terem<br />

retornado após três meses com gengivite.<br />

Apenas um estudo antes deste avaliou a PDT em<br />

pacientes com periodontite agressiva 31 , onde, após três<br />

meses, ambas as terapias aplicadas obtiveram resultados<br />

clínicos semelhantes, como redução da profundidade de<br />

bolsa e ganho de nível de inserção, sugerindo um efeito clínico<br />

potencial da PDT como alternativa a raspagem/alisamento<br />

radicular. Em ambos os grupos, os efeitos benéficos foram<br />

mais pronunciados nas bolsas inicialmente rasas e moderadas.<br />

Neste estudo, foram encontradas diferenças entre o baseline<br />

17


R. Periodontia - 21(1):12-19<br />

e o final do estudo com relação à sangramento à sondagem e<br />

profundidade de bolsa à sondagem tanto no grupo controle<br />

nas bolsas rasas, moderadas e profundas (estratificações 1-4<br />

mm; 5-6 mm; e ≥7 mm) quanto no grupo teste nas bolsas<br />

rasas e profundas (estratificações 1-4 mm; e ≥7 mm). Ou<br />

seja, os dois tratamentos foram igualmente eficazes nestes<br />

parâmetros, embora sem diferenças entre si.<br />

No presente estudo, a terapia básica periodontal não<br />

cirúrgica convencional apresentou os mesmos resultados<br />

do que quando combinada com a terapia fotodinâmica,<br />

em pacientes com periodontite agressiva. Para confirmação<br />

desses resultados encontrados, novos estudos clínicos<br />

randomizados controlados com amostras mais significativas<br />

e com tempos maiores de observação são necessários.<br />

CONCLUSÃO<br />

No presente estudo tanto a terapia periodontal<br />

convencional quanto a associada a PDT apresentaram<br />

melhora dos parâmetros clínicos após três meses de<br />

tratamento. No entanto, não foram encontradas diferenças<br />

significativas entre os grupos teste e controle.<br />

Estudos com uma amostra maior e com maior tempo de<br />

acompanhamento devem ser realizados para se verificar o<br />

efeito da terapia fotodinâmica como adjunto do tratamento<br />

da periodontite agressiva.<br />

ABSTRACT<br />

Aggressive periodontitis is an inflammatory process of<br />

bacterial origin mediated by host immune response and is<br />

probably the most serious form of periodontal disease, with<br />

destruction of the structures of protection and support, with<br />

fast course, often leading to premature loss of the teeth. The<br />

aim of this randomized controlled trial was to investigate<br />

the clinical effect of photodynamic therapy as an adjunct to<br />

nonsurgical periodontal treatment in patients with aggressive<br />

periodontitis. We selected ten patients with aggressive<br />

periodontitis, which were examined in the baseline to three<br />

months. The study design consisted of a split mouth model,<br />

where a quadrant was treated with scaling and root planing<br />

and photodynamic therapy (diode laser) and the other only<br />

with scaling and root planing. Three months after the end of<br />

the treatment, the treatment groups showed similar results<br />

for all clinical parameters evaluated: both therapies have<br />

been successful and showed reduction of pocket depth,<br />

gain of relative attachment level, reduction of visible plaque<br />

index, reduction of bleeding on probing, decreased furcation<br />

involvement and decreased mobility, but without statistically<br />

significant differences between them. The results suggest that<br />

photodynamic therapy adjunct to non-surgical periodontal<br />

mechanic treatment was as effective as the non-surgical<br />

periodontal mechanic treatment alone.<br />

UNITERMS: photosensitizing agents, photodynamic<br />

therapy, aggressive periodontitis, laser.<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Flavia Bomfim Garcia<br />

Av. Prefeito Dulcídio Cardoso, 1350 - bloco 1 - apt 2008<br />

Barra da Tijuca<br />

CEP: 22620-311 – Rio de Janeiro – RJ<br />

E-mail: flaviabgarcia@hotmail.com<br />

19


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL<br />

NÃO CIRÚRGICO SOBRE AS CÉLULAS BRANCAS E<br />

VERMELHAS DO SANGUE DE PACIENTES PORTADORES<br />

DE PERIODONTITE CRÔNICA GENERALIZADA<br />

The influence of non-surgical periodontal treatment on white and red blood cells of patients with<br />

chronic periodontitis<br />

Caroline Moura 1 , Gabriela G. de Moraes 2 , Marília da S. P. Bittencourt 3 , Marilisa L. F. Terezan 4<br />

RESUMO<br />

A periodontite crônica é capaz de gerar uma resposta<br />

inflamatória sistêmica subclínica e decorrentes alterações<br />

hematológicas vêm sendo estudadas nos últimos anos.<br />

O objetivo do nosso estudo foi desenvolver um plano<br />

piloto para uma futura investigação sobre a influência do<br />

tratamento periodontal não cirúrgico sobre as contagens<br />

totais de células brancas e vermelhas do sangue de pacientes<br />

portadores de periodontite crônica generalizada (PCG). Os<br />

pacientes foram encaminhados pela Clínica de Diagnóstico<br />

Bucal, tendo sido examinados e tratados periodontalmente<br />

na Clínica de Especialização em Periodontia da Faculdade<br />

de Odontologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro<br />

(UERJ). Participaram desse estudo 8 pacientes com PCG,<br />

fumantes e/ou não fumantes, 5 mulheres e 3 homens, com<br />

média de idade de 49,5 anos (±9,0) e de qualquer raça.<br />

Foram realizados exames periodontais clínicos antes e 30<br />

dias após o tratamento periodontal não cirúrgico, nestes<br />

mesmos períodos foram realizadas as coletas de sangue<br />

periférico para avaliação no Laboratório de Análises Clínicas<br />

do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Os resultados não<br />

demonstraram diferença significativa entre as contagens<br />

de células brancas e vermelhas, embora os parâmetros<br />

clínicos tenham apresentado melhora significativa (P <<br />

0,05), os níveis de hemoglobina e hematócrito tiveram uma<br />

tendência à redução (P= 0,09 e P= 0,07, respectivamente).<br />

Pode-se concluir que, nesse estudo piloto o tratamento<br />

periodontal não cirúrgico não exerceu influência sobre<br />

as células brancas e vermelhas do sangue nos pacientes<br />

portadores de PCG. No entanto, outros estudos são<br />

importantes para verificar essa questão.<br />

UNITERMOS: Periodontite crônica. Células brancas.<br />

Células vermelhas. R Periodontia 2011; 21:20-26.<br />

1<br />

Mestranda em Periodontia da UERJ<br />

2<br />

Mestranda em Periodontia da UFRJ<br />

3<br />

Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />

4<br />

Cordenadora e Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />

Recebimento: 03/12/10 - Correção: 27/01/11 - Aceite: 09/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

Doenças periodontais são um conjunto de<br />

patologias infecciosas que acometem os tecidos<br />

periodontais, podendo resultar na perda progressiva<br />

de inserção conjuntiva e osso alveolar. Suas formas<br />

mais comuns são a gengivite e as periodontites<br />

crônica (PC) e agressiva (PA). A PC é reconhecida como<br />

a forma mais comum de periodontite, sendo mais<br />

prevalente em adultos, podendo, no entanto, surgir<br />

em qualquer idade. É caracterizada pela formação de<br />

bolsas e/ou recessão gengival, sendo a quantidade<br />

de destruição compatível com a presença de fatores<br />

locais. Sua prevalência e severidade aumentam com<br />

a idade, pode afetar um número variável de dentes e<br />

apresentar diferentes taxas de progressão (1).<br />

O acúmulo de componentes antimicrobianos<br />

do biofilme dental é responsável pelo início da PC<br />

(2, 3, 4). Segundo Seymour e Heasman (5), o epitélio<br />

juncional constitui a via pela qual toxinas, antígenos<br />

e enzimas derivados deste biofilme, que se forma na<br />

superfície dental, podem penetrar e atingir o tecido<br />

conjuntivo subepitelial, iniciando um ciclo inflamatório<br />

e de injúrias teciduais. Bactérias periodontais ou<br />

seus produtos podem também invadir os tecidos<br />

periodontais (6, 7, 8) e ganhar acesso à circulação<br />

20


R. Periodontia - 21(1):20-26<br />

sistêmica. Esta bacteremia, que é gerada pela periodontite,<br />

está diretamente relacionada com a gravidade da inflamação<br />

dos tecidos periodontais (9). Estas observações indicam que<br />

pacientes portadores de periodontite podem ter uma reação<br />

inflamatória sistêmica subclínica (10).<br />

Já está bem documentado que a periodontite pode<br />

ser modificada por determinados fatores, como o fumo e o<br />

estresse, e supostamente por doenças sistêmicas, como certas<br />

disfunções neutrofílicas e o diabetes mellitus (11). Por outro<br />

lado, estudos epidemiológicos mais recentes sugerem que a<br />

periodontite também está associada a um risco aumentado<br />

de doenças sistêmicas como alterações cardiovasculares,<br />

isquemia cerebral, ateroscleroses (9) e baixo peso de recémnascidos<br />

(9). Foi demonstrado ainda que pacientes com<br />

periodontite têm níveis elevados de glóbulos brancos, em<br />

particular neutrófilos polimorfonucleares (PMNs), e de proteína<br />

C Reativa (PCR) (12, 13, 14, 15, 16). Tradicionalmente, o<br />

número total de glóbulos brancos no sangue periférico tem<br />

sido usado como uma medida diagnóstica para investigar se<br />

uma determinada pessoa sofre de uma infecção ou doença<br />

inflamatória (16). Alguns pesquisadores relatam que o total<br />

de células brancas do sangue ou leucócitos é outro fator<br />

importante na previsão de risco de doença cardíaca isquêmica<br />

(17, 18), sugerindo assim uma possível inter-relação entre<br />

doença periodontal e alterações cardiovasculares.<br />

Em relação aos glóbulos vermelhos do sangue, ou<br />

eritrócitos, a literatura vem associando um estado de anemia a<br />

infecções, principalmente as crônicas. Anemia leve a moderada<br />

tem sido relatada como uma manifestação freqüente de artrite<br />

reumatóide (19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26). De fato, em várias<br />

outras doenças crônicas, tais como doenças parasitárias,<br />

bacterianas e fúngicas e doenças neoplásicas, a anemia tem<br />

sido observada (22, 27, 28, 29, 30) e, conseqüentemente,<br />

foi atribuído a ela o termo de anemia de doença crônica<br />

(ACD) (22). Esta chamada anemia de doença crônica (ACD) é<br />

definida como a anemia que ocorre em infecções e condições<br />

inflamatórias crônicas, que não é devido a deficiências da<br />

medula ou outras doenças, bem como a presença de uma<br />

adequada reserva de ferro e vitaminas (22, 23, 30). É um<br />

reflexo de um sistema imune ativado e possivelmente resulta<br />

de uma inovadora estratégia de defesa do organismo no<br />

sentido de retirar o fator de crescimento de ferro essencial de<br />

patógenos invasores e de aumentar a eficácia da imunidade<br />

mediada por células (31). Embora a anemia não tenha<br />

sido identificada na literatura como uma conseqüência<br />

sistêmica da periodontite, os primeiros relatos (32, 33, 34,<br />

35) identificaram a anemia associada a periodontite como<br />

uma das causas desta infecção, em vez de considerar essa<br />

condição como uma consequência.<br />

Por milhares de anos o sangue tem sido considerado<br />

como o fluido corporal capaz de indicar processos de doença.<br />

Nas últimas décadas, tem havido um interesse crescente em<br />

saber se a periodontite pode provocar mudanças celulares e<br />

moleculares sobre componentes do sangue periférico. Sendo<br />

assim, o objetivo deste estudo é desenvolver um plano piloto<br />

para uma futura investigação sobre a influência do tratamento<br />

periodontal não cirúrgico sobre as contagens totais de células<br />

brancas e vermelhas do sangue de pacientes portadores de<br />

periodontite crônica generalizada.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Seleção de pacientes<br />

Foram selecionados 8 (oito) pacientes portadores de<br />

periodontite crônica generalizada, 5 mulheres e 3 homens<br />

(média de idade de 49,5 anos, ± 9,0), classificados de acordo<br />

com a Academia Americana de Periodontia (AAP) em 1999.<br />

Os pacientes selecionados foram encaminhados da Clínica<br />

de Diagnóstico Bucal para Clínica de Especialização em<br />

Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />

Estado do Rio de Janeiro (UERJ) para tratamento periodontal.<br />

Nenhum deles relatou doença sistêmica e não haviam<br />

utilizado antibióticos ou qualquer outro tipo de medicação,<br />

que pudesse ter efeito adverso direto sobre o periodonto,<br />

nos seis meses anteriores ao início do estudo. As pacientes<br />

que participaram do estudo não estavam grávidas ou eram<br />

lactentes. Todos possuíam no mínimo 18 dentes e pelo menos<br />

32 sítios com perda de inserção igual ou superior a 4 mm,<br />

evidência radiográfica de perda óssea vertical e horizontal<br />

nesses sítios e sinais de inflamação clínica generalizada. Todos<br />

relataram, ainda, não terem sido submetidos a tratamento<br />

periodontal prévio nos últimos 6 meses. O objetivo do estudo<br />

foi explicado, e um termo de consentimento foi assinado por<br />

todos. O protocolo deste estudo foi aprovado pelo Comitê<br />

de Ética e Pesquisa do Hospital Pedro Ernesto (2408-CEP/<br />

HUPE – CAAE: 0143.0228.000.09).<br />

Parâmetros clínicos utilizados<br />

Os exames clínicos incluíram: (1) Índice de Placa (IP) de<br />

Silness e Löe (36); (2) Índice Gengival (IG) de Löe (37); (3) Medida<br />

de Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS), caracterizada<br />

pela distância da margem gengival até o fundo da bolsa ou<br />

sulco; (4) Medida do Nível de Inserção Clínico à Sondagem<br />

(NIC), caracterizada pela distância da junção amelocementária<br />

até o fundo da bolsa ou sulco. Foram ainda registrados e<br />

classificados, segundo Hamp, Nyman e Lindhe (38), todos<br />

os sítios com envolvimento de furca. O exame periodontal<br />

foi realizado por um único examinador. Todas as medidas de<br />

21


R. Periodontia - 21(1):20-26<br />

PBS e NI foram determinadas com o mesmo tipo de sonda<br />

periodontal, manual, Williams (15mm com intervalos de 1mm)<br />

da marca Hu-Friedy®. Tais medidas foram realizadas em seis<br />

pontos (mesiovestibular, bucal, distovestibular, mesiolingual/<br />

palatino, lingual/palatino e distolingual/palatino) de todos<br />

os dentes presentes. Todos os pacientes foram submetidos<br />

a exame radiográfico periapical completo.<br />

Dados relativos à coleta de sangue<br />

Previamente ao tratamento periodontal e trinta dias após<br />

o mesmo (reavaliação), os pacientes foram encaminhados ao<br />

Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Pedro<br />

Ernesto e submetidos à coleta de 10ml de sangue periférico,<br />

depositado em tubo Vacutainer contendo EDTA, através de<br />

punção venosa.<br />

foram registrados. Raspagem supragengival, polimento<br />

coronário e reforço das medidas de higiene oral foram<br />

executados, quando necessário.<br />

Análises laboratoriais<br />

As células e índices da série vermelha, da série branca e as<br />

plaquetas foram determinados através de contagem eletrônica<br />

(HST Sysmex). A velocidade de hemossedimentação (VHS) foi<br />

obtida através de microfotometria capilar automatizada.<br />

Análises estatísticas<br />

Teste não paramétrico pareado foi utilizado. O teste<br />

T de Fischer foi usado para comparar valores obtidos nos<br />

diferentes exames clínicos (inicial e após trinta dias). O nível<br />

de significância foi determinado em 5% (p < 0,05).<br />

Tratamento periodontal<br />

Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />

periodontal não-cirúrgico que consistiu de instrução<br />

de higiene bucal e controle de placa dental, raspagem<br />

supragengival, polimento coronário, raspagem subgengival e<br />

alisamento radicular. A raspagem supragengival foi realizada<br />

através de instrumentos manuais (curetas do tipo McCall Hu-<br />

Friedy®) e ultra-sônicos (Cavitron, Dentsply®), enquanto a<br />

raspagem subgengival e o alisamento radicular foram feitos<br />

somente através de instrumentos manuais (curetas do tipo<br />

Gracey Hu-Friedy®, e limas de Hirschfeld, Hu-Friedy®). A<br />

afiação do instrumental era feita previamente às raspagens<br />

e durante o procedimento, sempre que necessário. Todo o<br />

tratamento foi realizado por um único operador.<br />

Reavaliações clínicas<br />

Consulta para reavaliação foi feita trinta dias após o<br />

término do tratamento. Novas medidas de PBS e NIC foram<br />

realizadas. Os índices de placa (IP) e gengival (IG) também<br />

Tabela 1<br />

Comparação dos valores médios (± desvio padrão) para número de dentes e sítios, índice de placa (IP), índice gengival (IG), porcentagem de sítios<br />

com profundidade de bolsa à sondagem (PBS) e nível de inserção clínico (NIC); iniciais e pós-tratamento (30 dias) (n=8)<br />

Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />

Nº de dentes 24,9 (±4,7) 24 (± 5,3) 0,3<br />

Nº de sítios 149,2 (±28,2) 144 (±31,9) 0,3<br />

% de sítios com IP≥2 63,2 (±16,5) 31,5 (±22,5) 0,003<br />

% de sítios com IG≥2 45,9 (±21,5) 25,5 (±12,0) 0,01<br />

% de sítios com PBS entre 1-3 mm 53,0 (±17,0) 74,9 (±17,2) 0,01<br />

% de sítios com PBS entre 4-6 mm 40,4 (±13,8) 22,1 (±15,1) 0,01<br />

% de sítios com PBS≥7 mm 6,9 (±7,7) 3,0 (±2,7) 0,09<br />

% de sítios com NIC entre 4-6 mm 44,0 (±12,1) 32,4 (±19,8) 0,08<br />

% de sítios com NIC≥7 mm 11,1 (±9,6) 6,5 (±5,9) 0,1<br />

22<br />

RESULTADOS PRELIMINARES<br />

A maioria dos parâmetros clínicos sofreu alterações<br />

significativas, conforme tabela 1. O número de dentes e o<br />

número de sítios não sofreram alterações (P= 0,3 em ambos<br />

parâmetros). A porcentagem de sítios com índices de placa (IP)<br />

e gengival (IG) maior ou igual a 2 diminuiu significativamente<br />

(P= 0,003, P= 0,01; respectivamente); assim como a<br />

porcentagem de sítios com profundidade de bolsa à<br />

sondagem (PBS) entre 4 e 6mm (P= 0,01). Já a porcentagem<br />

de sítios com profundidade de bolsa à sondagem (PBS) entre<br />

1 e 3mm aumentou (P= 0,01). A porcentagem de sítios com<br />

profundidade de bolsa à sondagem (PBS) maior ou igual a<br />

7mm e de sítios com nível de inserção clínico (NIC) entre 4 e<br />

6mm diminuíram, porém não significativamente (P= 0,09 e<br />

P= 0,08, respectivamente). A porcentagem de sítios com nível<br />

de inserção clínico (NIC) maior ou igual a 7mm não sofreu<br />

alteração (P= 0,1). Estes resultados estão demonstrados na<br />

tabela 1.


R. Periodontia - 21(1):20-26<br />

Tabela 2<br />

Comparação dos valores médios (± desvio padrão) para dados hematológicos iniciais e pós-tratamento (30 dias) (n=8)<br />

Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />

Leucócitos totais (10³/µL) 8,2 (±1,8) 7,7 (±1,5) 0,3<br />

Hemácias (10 6 /µL) 4,7 (±0,2) 4,6 (±0,1) 0,2<br />

Hemoglobina (g/dl) 13,9 (±0,6) 13,6 (±0,1) 0,09<br />

Hematócrito (%) 41,9 (±2,2) 40,6 (±0,7) 0,07<br />

VCM (fL) 89,2 (±2,7) 87,6 (±2,9) 0,1<br />

HCM (pg) 29,5 (±1,0) 29,5 (±1,6) 0,5<br />

CHCM (g/dl) 33,1 (±0,8) 31,0 (±7,5) 0,1<br />

Plaquetas (10³/µL) 254,8 (±49,1) 263,5 (±37,7) 0,3<br />

Linfócitos (%) 31,3 (±7,0) 32,8 (±4,3) 0,3<br />

Monócitos (%) 7,7 (±2,6) 6,8 (±2,5) 0,2<br />

Eosinófilos (%) 3,9 (±5,7) 3,8 (±4,1) 0,4<br />

Basófilos (%) 0,2 (±0,1) 0,2 (±0,1) 0,3<br />

Em relação aos resultados laboratoriais, não houve<br />

diferença entre as contagens de células brancas e vermelhas,<br />

assim como entre os demais parâmetros laboratoriais. Apesar<br />

disso, níveis de hemoglobina e hematócrito sofreram uma<br />

tendência à redução (P≤0,09), conforme tabela 2.<br />

DISCUSSÃO<br />

Acreditando que a periodontite pode gerar uma resposta<br />

inflamatória sistêmica subclínica, alguns autores vêm<br />

analisando a influência do tratamento periodontal sobre a<br />

contagem de células brancas e/ou vermelhas de pacientes<br />

portadores de periodontite. Em 2004, Bittencourt et al. (39)<br />

encontraram, após tratamento periodontal não cirúrgico,<br />

redução de hemoglobina e tendência à redução de hemácia<br />

e hematócrito. Apesar disso, não encontraram nenhuma<br />

influência do tratamento periodontal não cirúrgico sobre a<br />

contagem de células brancas, assim como Christigau et al.<br />

(40) e Worch et al. (41). Em contrapartida, Fokkema et al. (42),<br />

após exodontia de elementos dentários que não responderam<br />

a tratamento periodontal não cirúrgico, observaram que<br />

a contagem de células brancas do sangue periférico e de<br />

neutrófilos sofreram diminuição ao longo do tempo. Já o<br />

atual estudo mostrou que o tratamento periodontal não<br />

cirúrgico não exerceu nenhuma influência significativa sobre<br />

as células brancas e vermelhas do sangue de pacientes<br />

portadores de periodontite crônica generalizada, porém níveis<br />

de hemoglobina e hematócrito sofreram uma tendência à<br />

redução (P= 0,09 e P= 0,07; respectivamente).<br />

Estudos têm analisado variáveis hematológicas em<br />

pacientes com periodontite sendo seus resultados ainda<br />

contraditórios (10, 12, 16, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48,<br />

49, 50, 51, 52, 53, 54). Em 1993, Kweider et al. (12) relataram<br />

números mais elevados de leucócitos na periodontite. Outros<br />

encontraram níveis ligeiramente elevados de leucócitos,<br />

mesmo que não significativos (16, 41, 44, 45, 48, 50, 53). Em<br />

contrapartida, Gustafssom e Asman (43) não encontraram<br />

diferença significante entre os 14 pacientes com periodontite<br />

e os 14 pacientes saudáveis avaliados, apesar de sugerirem a<br />

presença de neutrófilos específicos na periodontite crônica.<br />

Os níveis de células brancas também têm sido investigados<br />

como indicadores da relação entre a doença periodontal e a<br />

doença arterial coronariana (12, 16, 45, 48, 50, 52, 53, 54).<br />

Apesar de Geerts et al. (55) não terem analisado a contagem<br />

de células brancas, eles avaliaram a presença e severidade da<br />

periodontite e sua correlação com doença arterial coronariana<br />

observando que a periodontite era significativamente mais<br />

freqüente em pacientes com doença sistêmica do que nos<br />

controles.<br />

Além disso, alguns autores têm analisado a contagem<br />

de glóbulos brancos como fator de risco para periodontite.<br />

Em 1999, Fredrikssom et al. ( 45) realizaram um estudo<br />

para observar a contagem de células brancas em pacientes<br />

portadores de periodontite, procurando diferenças entre<br />

pacientes fumantes e não fumantes. Encontraram uma forte<br />

influência do tabagismo, evidenciada pelo maior aumento<br />

sofrido entre os pacientes fumantes. Em 2002, Christian et al.<br />

(46) também realizaram um estudo para avaliar a influência<br />

do tratamento periodontal não cirúrgico sobre a contagem<br />

de células brancas de pacientes fumantes e não fumantes.<br />

Observaram significativa redução de células brancas e<br />

neutrófilos dos pacientes não fumantes quando comparados<br />

23


R. Periodontia - 21(1):20-26<br />

aos fumantes. Fritsche et al.(56), em 2004, realizaram<br />

um estudo para avaliar a associação entre um marcador<br />

inflamatório não específico, como a contagem de glóbulos<br />

brancos e fatores relevantes para a patogênese da diabetes<br />

tipo 2. Concluíram que o aumento do número de leucócitos<br />

estava associado à deteriorização da tolerância à glicose.<br />

Em 2007, Ishizaka et al. (49) realizaram um estudo com o<br />

objetivo de investigar a associação entre tabagismo, número<br />

de leucócitos (WBC) e síndrome metabólica em pacientes<br />

japoneses. Concluíram que o risco para síndrome metabólica<br />

pode ser estimado pelo número de leucócitos no homem<br />

japonês, independentemente da sua condição de fumante,<br />

apesar do tabagismo aumentar o número de leucócitos<br />

circulantes. Já Zaromb et al. (57) apresentaram um caso<br />

clínico onde foi descoberto que o paciente era portador de<br />

neutropenia crônica benigna a partir da manifestação clínica<br />

de periodontitite, relatando a importância de diagnosticar a<br />

doença periodontal como um possível indicador de doença<br />

sistêmica subjacente.<br />

Em relação a contagem de células vermelhas poucos<br />

estudos analisam essa variável. A anemia de doença<br />

crônica não tem sido identificada na literatura como uma<br />

conseqüência sistêmica de periodontite. Apesar disso, Hutter<br />

et al. (10) encontraram menor número de hemácias e baixos<br />

níveis de hemoglobina, não relacionados a deficiências de ferro<br />

e vitaminas, fornecendo evidências de que a periodontite tem<br />

efeitos sistêmicos e é capaz de causar anemia. Já Worch et al.<br />

(41) encontraram em pacientes portadores de periodontite<br />

crônica, no pré e pós-tratamento, níveis de distribuição ampla<br />

de glóbulos vermelhos (RDW); e, segundo os autores, RDWs<br />

elevadas são significativas para certas formas de anemia.<br />

Além disso, Erdemir et al. (51) concluíram que o tabagismo<br />

pode influenciar os sinais de anemia de doença crônica em<br />

pacientes com periodontite crônica.<br />

Diferentes materiais e métodos justificam em parte as<br />

contradições dos resultados relatados. Mesmo assim, a<br />

maioria dos estudos sugere que a periodontite pode ser capaz<br />

de gerar anemia de doença crônica, resposta inflamatória<br />

sistêmica subclínica e alterações hematológicas, capazes<br />

de influenciar na severidade de doenças como as doenças<br />

coronarianas.<br />

ABSTRACT<br />

Chronic Periodontitis is capable of generating an<br />

inflammatory response and necessitated subclinical<br />

hematological have been studied in recent years. The aim of<br />

our study was to develop a master plan for future research<br />

on the influence of non-surgical periodontal treatment on<br />

the total counts of white and red blood cells of patients with<br />

generalized chronic periodontitis (GCP). The patients were<br />

referred by the Oral Diagnosis Clinic and was examined in<br />

periodontally and treated Clinical Specialist in Periodontics,<br />

Faculty of Dentistry, State University of Rio de Janeiro (UERJ).<br />

8 pacients with PCG participated in this study, smokers<br />

/ nonsmokers, 5 women and 3 men, mean age of 49.5<br />

years (±9.0) and indifferent to race. Clinical periodontal<br />

examinations were performed before and 30 days after<br />

non-surgical periodontal treatment, these same periods were<br />

performed peripheral blood samples for evaluation in the<br />

Clinical Laboratory of University Hospital Pedro Ernesto. The<br />

results showed no significant difference between the white<br />

and red cell, although the clinical parameters have shown<br />

significant improvement (P


R. Periodontia - 21(1):20-26<br />

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Endereço para correspondência;<br />

Caroline Moura<br />

E-mail: carolinedemouramartins@yahoo.com.br<br />

26


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

influência do tratamento pERIODONTAL NÃO<br />

CIRÚRGICO sobre parâmetros hematológicos e<br />

bioquímicos de pacientes renais crônicos em prédiálise<br />

Influence of non-surgical periodontal treatment on hematological and biochemical<br />

parameters of patients with chronic renal failure in pre-dialysis<br />

Aline de Almeida Carvalho 1 , Patrícia Pereira Farsura 1 , Marcos Gomes Bastos 2 , Eduardo Machado Vilela 3<br />

RESUMO<br />

Objetivo: Avaliar e correlacionar o efeito do tratamento<br />

não cirúrgico da periodontite crônica sobre parâmetros<br />

hematológicos e bioquímicos em pacientes portadores de<br />

doença renal crônica. Métodos: 56 pacientes (36 casos<br />

e 20 controles) foram submetidos previamente ao exame<br />

clínico periodontal e à coleta de 10 mL de sangue periférico,<br />

por meio dos quais foram avaliados hemograma completo<br />

e marcadores de ferro. Os parâmetros clínicos periodontais<br />

utilizados foram nível de inserção clínica; profundidade de<br />

sondagem; sangramento à sondagem e profundidade<br />

de bolsa à sondagem >4 mm. Resultados: Após 90 dias<br />

da conclusão do tratamento, foi realizada reavaliação<br />

e constatada melhora estatisticamente significativa de<br />

todos os parâmetros clínicos. A hemoglobina aumentou<br />

significativamente (p=0,03) nos pacientes controles e houve<br />

tendência ao aumento no número de hemácias (p=0,05).<br />

Houve diminuição significativa no número de leucócitos<br />

global (p=0,004). Quanto aos marcadores de ferro, pacientes<br />

controles apresentaram redução significativa (p=0,03) no<br />

índice de saturação de transferrina e aumento nos níveis de<br />

ferritina (p=0,03). Pacientes experimentais não apresentaram<br />

alterações significativas em seus parâmetros hematológicos e<br />

bioquímicos, apesar da tendência ao aumento no número de<br />

hemácias (p=0,07). Conclusão: O tratamento não cirúrgico<br />

da periodontite crônica foi efetivo, e após o mesmo, pacientes<br />

do grupo controle apresentaram aumento significativo nos<br />

níveis de hemoglobina, diminuição no número de leucócitos<br />

global e tendência ao aumento no número de hemácias.<br />

Pacientes com doença renal crônica apresentaram uma<br />

tendência ao aumento no número de hemácias.<br />

UNITERMOS: periodontite crônica, insuficiência renal<br />

crônica, hemograma completo. R Periodontia 2011; 21:27-33.<br />

1<br />

Graduandas em Odontologia da FOUFJF<br />

2<br />

Núcleo Interdisciplinar de Estudos, Pesquisas e Extensão em Nefrologia – NIEPEN da Faculdade de<br />

Medicina e Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora; Coordenador do Programa<br />

de Pós-Graduação em Saúde (Mestrado e Doutorado) da UFJF; Professor Adjunto IV da FMUFJF<br />

3<br />

Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial – UF/Pelotas, Professor Adjunto IV da<br />

FOUFJF<br />

Recebimento: 08/11/10 - Correção: 21/12/11 - Aceite: 18/01/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

A doença renal crônica (DRC) é considerada<br />

um problema de saúde pública mundial. No Brasil,<br />

a incidência e a prevalência de falência funcional<br />

renal estão aumentando. O prognóstico ainda é<br />

considerado ruim e os custos do tratamento são<br />

altíssimos. O número projetado para pacientes<br />

brasileiros em tratamento dialítico e com transplante<br />

renal está próximo dos 120.000 a um custo de 1,4<br />

bilhões de reais (Bastos et al., 2010).<br />

As implicações clínicas da DRC incluem uma<br />

deficiente produção de eritropoetina, hormônio<br />

produzido pelos rins que participa da eritropoiese, e<br />

um acúmulo no sangue de substâncias que devem<br />

ser filtradas e excretadas pelos rins, caracterizando<br />

a uremia (Romão Júnior, 1995; Souza et al., 2005;<br />

Abensur et al., 2006). A anemia relacionada à DRC<br />

é do tipo normocrômica e normocítica, sendo suas<br />

causas mais importantes a produção diminuída de<br />

hemácias secundárias a um déficit de produção renal<br />

de eritropoetina e a carência de ferro (Romão Júnior,<br />

1995; Mafra, Cozzolino, 2000). Como esta anemia<br />

parece acelerar o declínio da função renal, sua correção<br />

pode interferir de forma favorável na evolução da DRC<br />

(Abensur et al., 2006). A evolução da DRC depende<br />

da qualidade do atendimento ofertado antes da<br />

27


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

ocorrência da falência funcional renal, de medidas que<br />

retardem a progressão da doença, bem como da correção de<br />

suas complicações e comorbidades mais frequentes (Bastos<br />

et al., 2004).<br />

A periodontite crônica é uma doença infecciosa que<br />

causa uma inflamação dos tecidos de suporte do dente.<br />

A placa bacteriana é a responsável pelo surgimento e<br />

pela manutenção da doença, mas mecanismos de defesa<br />

do hospedeiro são reconhecidos por desempenhar um<br />

importante papel na sua patogênese (Kornman, 2008). A<br />

periodontite contribui para a carga inflamatória sistêmica,<br />

incluindo elevação da proteína C-Reativa. A ação de citocinas<br />

pró-inflamatórias da DRC e da periodontite crônica contribui<br />

para uma menor produção renal de eritropoetina e também<br />

interfere na disponibilidade de ferro para eritropoiese (Klassen,<br />

Krasko, 2002; Bastos et al., 2004).<br />

De acordo com Craig (2008) a presença de periodontite<br />

não diagnosticada pode ter efeitos significativos sobre a<br />

gestão clínica dos pacientes renais crônicos e pode ser um<br />

fator tratável de inflamação sistêmica na população de<br />

doentes renais crônicos. Alguns estudos demonstraram que<br />

pacientes em diálise têm saúde bucal precária, apresentam<br />

grande acúmulo de placa bacteriana e elevada formação de<br />

cálculo dentário, necessitando de tratamento periodontal<br />

específico (Klassen, Krasko, 2002; Dias et al., 2007). Estes<br />

achados devem alertar os profissionais da área de saúde<br />

para uma maior assistência odontológica para doentes renais<br />

crônicos.<br />

O tratamento não cirúrgico da periodontite crônica<br />

poderia exercer influência nos parâmetros hematológicos<br />

e bioquímicos de pacientes renais crônicos, uma vez que<br />

elimina ou reduz um foco potencial de infecção e inflamação.<br />

Entretanto, poucos estudos avaliaram o efeito do tratamento<br />

periodontal sobre o perfil bioquímico sanguíneo de pacientes<br />

renais crônicos e apresentaram resultados diversos (Ide et<br />

al., 2003; Bittencourt et al., 2004). Assim, o presente estudo<br />

centrou-se em avaliar e comparar o efeito do tratamento<br />

não cirúrgico da periodontite crônica sobre parâmetros<br />

hematológicos e bioquímicos em pacientes portadores de<br />

doença renal crônica e controles saudáveis.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Estratégia amostral<br />

Conforme determina a Resolução n°. 196/96 do<br />

Conselho Nacional de Saúde, este estudo foi aprovado<br />

pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana da Universidade<br />

Federal de Juiz de Fora, sob o nº. 327/2006. Todos os<br />

pacientes receberam informações a respeito da pesquisa,<br />

seus objetivos, importância, benefícios e assinaram o Termo<br />

de Consentimento Livre e Esclarecido. A adesão ao estudo<br />

foi espontânea, não se promovendo obrigatoriedade ou<br />

constrangimento ao paciente.<br />

A amostra do estudo foi composta de 56 pacientes,<br />

sendo 20 do grupo controle (sem problemas renais) e 36 do<br />

grupo caso (pacientes portadores de DRC, nos estágios prédialítico<br />

III, IV e V). Os pacientes com DRC foram selecionados<br />

na Clínica de Nefrologia da Fundação IMEPEN, classificados<br />

de acordo com a tabela para cálculo estimado do ritmo de<br />

filtração glomerular, proposto por Bastos & Bastos (2005).<br />

Exame clínico<br />

Em um primeiro contato com os pacientes foram realizados<br />

exames clínicos geral e periodontal. No exame clínico geral<br />

foi realizada minuciosa anamnese, contendo registro de<br />

história da doença atual, presença de comorbidades, história<br />

e antecedentes familiares, tratamento medicamentoso<br />

atual e anterior, bem como história de hábitos nocivos entre<br />

outros. Realizou-se exame físico (profissional capacitado da<br />

área médica) para avaliação de pressão arterial, frequências<br />

cardíaca e respiratória, altura, cintura abdominal, cintura de<br />

quadril e presença de linfonodos cervicais.<br />

No exame clínico periodontal, foi observada história<br />

dental completa e realização de odontograma por um<br />

único examinador, previamente calibrado, utilizando-se<br />

instrumentos manuais, como sonda periodontal milimetrada<br />

tipo Williams (Hu Friedy ® ) e espelho bucal anteriormente<br />

esterilizados, obtendo-se desta forma, o diagnóstico dos<br />

pacientes como portadores ou não de periodontite crônica,<br />

segundo os preceitos de Machtei et al. (1992).<br />

No exame periodontal foi feita sondagem de 6 sítios<br />

em cada dente nas faces mesiovestibular (MV), mesial (M),<br />

mesiolingual (ML), distovestibular (DV), distal (D) e distolingual<br />

(DL) utilizando-se sonda periodontal milimetrada tipo Williams<br />

e os parâmetros clínicos foram: 1) profundidade de sondagem<br />

(PS), caracterizada pela distância da margem gengival até o<br />

fundo da bolsa ou sulco; 2) sangramento à sondagem (SS),<br />

determinado pela presença ou ausência de sangramento<br />

observado, durante 30 segundos, após a primeira inserção<br />

da sonda na bolsa periodontal; 3) nível de inserção clínica<br />

(NIC), caracterizada pela distância da junção amelocementária<br />

até o fundo da bolsa ou sulco; 4) Profundidade de bolsa à<br />

sondagem (PBS) > 4 mm, caracterizada pela distância da<br />

margem gengival até o fundo da bolsa ou sulco com valores<br />

> 4 mm.<br />

Foram utilizados como critérios de diagnóstico da<br />

periodontite crônica, os propostos por Machtei et al. (1992):<br />

pacientes com idade entre 30 a 65 anos, com no mínimo<br />

28


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

20 dentes remanescentes, apresentando 2 ou mais dentes<br />

com nível de inserção clínica ≥ 6 mm e um ou mais sítios<br />

com profundidade de sondagem ≥ 5 mm. Como critérios de<br />

exclusão foram utilizados os propostos por Ide et al. (2003):<br />

pacientes que tenham recebido tratamento periodontal no<br />

início do estudo; referência ao uso de tabaco nos últimos<br />

5 anos; uso de antibioticoterapia e de medicação antiinflamatória<br />

esteróide ou não esteróide nos últimos 6 meses<br />

antecessores ao estudo e durante o mesmo e pacientes em<br />

reposição de ferro para tratamento da anemia.<br />

Avaliação de parâmetros hematológicos<br />

Previamente ao tratamento periodontal e 90 dias após<br />

o mesmo (reavaliação), os pacientes foram submetidos à<br />

coleta de 10 mL de sangue periférico, com punção venosa<br />

realizada em condições padronizadas (todos os exames foram<br />

realizados no mesmo laboratório), após um jejum mínimo de<br />

12 horas, pelo mesmo técnico de enfermagem, em posição<br />

sentada e em cadeira apropriada. O plasma/soro foi obtido por<br />

centrifugação por 15 minutos a 2000 rpm até 1 hora após a<br />

coleta. As amostras foram estocadas a -70°C até a realização<br />

da análise padronizada. Foram avaliados marcadores da<br />

anemia como ferro sérico, ferritina, índice de saturação de<br />

transferrina e hemograma completo.<br />

A técnica utilizada para avaliação do ferro sérico foi a<br />

Ferrozine, com valores expressos em mcg/dL, com sensibilidade<br />

de 1,25 e linearidade de 1000.00. O nível de ferritina foi<br />

avaliado pela técnica de Electroquimioluminescência, com<br />

sensibilidade de 0,5 ng/mL, linearidade de 2000.00 ng/dL e<br />

coeficiente de variação biológica de 14,9%. Para avaliação<br />

do índice de saturação de transferrina utilizou-se o LABTEST<br />

ferrozina, com variação de 20 a 50%.<br />

O material utilizado para obtenção do hemograma<br />

completo foi o sangue total com EDTA, cuja técnica utilizada<br />

foi Automatizada Coulter STKS, com revisão de lâmina.<br />

Tratamento periodontal não-cirúrgico<br />

Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />

periodontal não cirúrgico que consistiu de instrução de<br />

higiene oral (utilização de escova dental pela técnica de<br />

Bass modificada, fio dental e outros meios complementares)<br />

e controle de placa, raspagem supragengival, polimento<br />

coronário, raspagem subgengival e alisamento radicular.<br />

As raspagens supragengival, subgengival e aplainamento<br />

radicular foram realizadas sob anestesia local, utilizandose<br />

ultrassom e instrumentos manuais como as curetas de<br />

Gracey e mini-Gracey da coleção principal (5-6, 7-8, 11-12 e<br />

13-14), profilaxia com taça de borracha e pasta profilática de<br />

granulação fina. Esta terapia foi realizada em 2 sessões no<br />

intervalo de 7 dias, sem limite de tempo, de acordo com a<br />

necessidade individual de cada paciente.<br />

As áreas instrumentadas foram reavaliadas após 2<br />

semanas e sofreram reinstrumentação em caso de persistência<br />

de cálculo e sangramento. Após 30 e 60 dias foram realizadas<br />

a manutenção do tratamento, com controle de placa supra<br />

e subgengival de todos os pacientes, profilaxia profissional e<br />

reforço das instruções de higiene oral. Ao final do tratamento,<br />

90 dias após, foi realizado novo exame e coletados os mesmos<br />

parâmetros clínicos e sangue.<br />

Análise estatística<br />

A análise estatística incluiu análise descritiva utilizando<br />

médias e desvios- padrão, para variáveis numéricas<br />

(quantitativas) e frequências relativas (percentagens). Para<br />

variáveis categóricas, foram realizados testes de normalidade<br />

para decisão sobre o teste a ser aplicado. Para marcadores<br />

com distribuição normal, testes paramétricos foram<br />

aplicados. Nas comparações de médias de cada marcador<br />

no Baseline “0” e no período final (após 3 meses) foi utilizado<br />

o teste t de Student, pareados. A diferença foi considerada<br />

estatisticamente significante quando o valor de p foi <<br />

0,05. Comparações entre as alterações nos parâmetros<br />

hematológicos e bioquímicos (hemograma e sorologia de<br />

ferro) com os parâmetros periodontais, foram analisadas pela<br />

correlação de Spearman.<br />

RESULTADOS<br />

A Tabela 1 mostra a caracterização da amostra de<br />

acordo com variáveis demográficas. Dentre as comorbidades<br />

presentes, foi prevalente a hipertensão arterial (97,2%) nos<br />

doentes renais crônicos e o diabetes mellitus, abrangendo<br />

27,8% dos pacientes do mesmo grupo (Tabela 1).<br />

Quando comparados os valores médios e seus respectivos<br />

desvios-padrão dos dados clínicos periodontais: NIC, PS, SS<br />

e PBS > 4 mm, iniciais e pós-tratamento da periodontite<br />

crônica de todos os pacientes, foi possível verificar melhora<br />

estatisticamente significativa (p < 0,05) de todos os índices<br />

avaliados em ambos os grupos. Os índices periodontais NIC e<br />

PBS > 4 mm foram numericamente mais elevados no grupo<br />

experimental em comparação com o grupo controle antes do<br />

tratamento da periodontite crônica (Tabela 2).<br />

Em relação aos dados hematológicos e bioquímicos dos<br />

pacientes estudados, foi observada melhora estatisticamente<br />

significativa dos níveis de hemoglobina nos pacientes do<br />

grupo controle após tratamento não cirúrgico da periodontite<br />

crônica (p = 0,03) e uma tendência ao aumento no número<br />

de hemácias (p = 0,05).<br />

29


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

Tabela 1<br />

Gênero<br />

Masculino<br />

Feminino<br />

Raça<br />

Branca<br />

Negra<br />

Mestiça<br />

Estágio DRC<br />

III<br />

IV<br />

V<br />

Doenças sistêmicas<br />

Diabetes Mellitus<br />

HAS<br />

± (desvio-padrão).<br />

Distribuição dos dados demográficos dos grupos experimental e controle<br />

Variáveis Experimental (DRC) Controle<br />

Idade 53,17±12,37 43,4±11,01<br />

23 (63,9%)<br />

13 (36,1%)<br />

23 (63,9%)<br />

6 (16,7%)<br />

9 (19,4%)<br />

21 (58,3%)<br />

12 (33,3%)<br />

3 (8,3%)<br />

10 (27,8%)<br />

35 (97,2%)<br />

9 (45,0%)<br />

11(55,0%)<br />

13 (65,0%)<br />

3 (15,0%)<br />

4 (20,0%)<br />

-<br />

-<br />

-<br />

1 (5,0%)<br />

5 (25,0%)<br />

Tabela 2<br />

Distribuição dos dados clínicos periodontais dos grupos DRC e controle antes e após o tratamento da periodontite crônica<br />

Variáveis<br />

DRC (média/desvio-padrão)<br />

CONTROLE (média/desvio-padrão)<br />

Pré Pós p* Pré Pós p*<br />

Nº dentes 22,97±5,27 22,33±5,30


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

Houve diminuição significativa no número de leucócitos<br />

global (p = 0,004) e no número de plaquetas (p = 0,01) dos<br />

pacientes do grupo controle. Quanto aos marcadores de<br />

ferro, pacientes do grupo controle apresentaram redução<br />

significativa no índice de saturação de transferrina (p = 0,03)<br />

e aumento significativo nos níveis de ferritina (p = 0,03) após<br />

tratamento da periodontite crônica. Pacientes portadores<br />

de doença renal crônica não apresentaram alterações<br />

significativas em seus dados hematológicos e bioquímicos<br />

após tratamento da periodontite crônica. Entretanto,<br />

apresentaram uma tendência ao aumento do número de<br />

hemácias (p = 0,07) (Tabela 3).<br />

Houve correlação positiva do índice periodontal SS com o<br />

número de leucócitos global (R = 0,003) no grupo DRC antes<br />

do tratamento da periodontite crônica. No grupo controle<br />

observou-se correlação negativa do índice PBS > 4 mm como<br />

número de leucócitos global (R= -0,025). Após o tratamento<br />

da periodontite crônica, houve correlação positiva entre o<br />

índice PS com a hemoglobina (R = 0,011) em pacientes renais<br />

crônicos. No grupo controle após tratamento da periodontite<br />

crônica, foi observada correlação negativa do NIC com os<br />

níveis de hemoglobina (R = -0,006) bem como entre o índice<br />

SS e o número de leucócitos global ( R = -0,006).<br />

DISCUSSÃO<br />

O número de pacientes com DRC está aumentando<br />

em todo o mundo o que tem levado autoridades médicas a<br />

considerá-lo como um problema de saúde pública (Bastos et<br />

al., 2004). No Brasil, as atenções com a DRC se restringem<br />

quase que exclusivamente ao seu estágio mais avançado,<br />

quando se necessita de terapia renal substitutiva. Contudo,<br />

a evolução da DRC depende da qualidade do atendimento<br />

ofertado antes da ocorrência da falência funcional renal<br />

(Bastos et al., 2004; Bastos, Bastos, 2005).<br />

A DRC que consiste na perda progressiva e irreversível da<br />

função renal (glomerular, tubular e endócrina) pode levar ao<br />

desenvolvimento da síndrome urêmica, quando um estado<br />

pré ou pró-inflamatório provoca imunodeficiência devido<br />

ao aumento de substâncias tóxicas na corrente sanguínea.<br />

Esses pacientes são mais susceptíveis ao desenvolvimento<br />

de inflamação crônica, e tem sido considerada como um<br />

fator de risco não tradicional preditor da morbimortalidade<br />

cardiovascular, principalmente nos pacientes em fase terminal<br />

da DRC (Bastos et al., 2004; Souza et al., 2005; Gricio et<br />

al., 2009). Em decorrência dessa inflamação crônica, a<br />

eritropoiese em pacientes portadores de DRC é diminuída,<br />

devido a deficiente produção do hormônio eritropoetina. A<br />

eritropoetina é produzida por fibroblastos próxima às células<br />

tubulares renais e tem um efeito antiapoptótico nas células<br />

precursoras de hemácias na medula óssea por inibir a via das<br />

caspases (Abensur et al., 2006).<br />

A periodontite crônica por sua vez, é uma doença<br />

infecciosa que causa uma inflamação dos tecidos de suporte<br />

do dente, levando a sua perda progressiva (Bittencourt et<br />

al., 2004). Células responsáveis pelo processo imunológico<br />

como os neutrófilos iniciam a resposta do hospedeiro contra<br />

a invasão de microrganismos periodontopatogênicos. A<br />

periodontite crônica tem contribuição para a inflamação<br />

generalizada e desenvolvimento de doenças sistêmicas,<br />

sabendo-se aterosclerose e doença cardiovascular (Abensur<br />

et al., 2006; Craig, 2008).<br />

Alguns estudos (Souza et al., 2005; Dias et al., 2007;<br />

Craig, 2008), têm tentado demonstrar uma relação entre<br />

a doença periodontal e a doença renal, mas os resultados<br />

encontrados foram inconsistentes. Neste estudo, 27,8% dos<br />

pacientes do grupo DRC pré-diálise apresentavam Diabetes<br />

Mellitus e 97,2% eram hipertensos. É sabido que a diabetes<br />

e a hipertensão são fatores de risco tradicionais para a DRC.<br />

Resultado semelhante foi observado no estudo de Klassen &<br />

Krasko (2002), onde um terço dos pacientes em diálise eram<br />

diabéticos e quase todos eram hipertensos e todos possuíam<br />

prótese não-dentária.<br />

No geral a literatura científica correlaciona a periodontite<br />

com a doença renal. Esses dados se baseiam em alguns<br />

estudos (Klassen, Krasko, 2002; Souza et al., 2005; Dias et al.,<br />

2007) que comparam os pacientes em tratamento de diálise<br />

(hemodiálise e diálise peritoneal) a um grupo controle ou em<br />

alguns outros estudos que incluíram um grupo pré-dialítico<br />

(Bastos et al., 2004; Bastos, Bastos, 2005).<br />

No presente estudo, observou-se após o tratamento<br />

não cirúrgico da periodontite crônica, uma melhora<br />

estatisticamente significativa dos parâmetros clínicos<br />

periodontais: NIC; PS; SS e PBS > 4 mm em todos os pacientes<br />

estudados, de ambos os grupos (DRC = 36 pacientes e<br />

controle = 20 pacientes). Resultado semelhante foi observado<br />

no estudo de Bittencourt et al. (2004), em que o tratamento<br />

periodontal não cirúrgico promoveu uma melhora significativa<br />

de todos os dados clínicos supracitados, embora como<br />

diferença sua amostra fosse constituída apenas de pacientes<br />

sistemicamente normais.<br />

A anemia é uma das alterações hematológicas que<br />

acomete precocemente os pacientes portadores de DRC.<br />

Suas causas mais importantes são a deficiente produção<br />

de hemácias secundárias a déficit de produção renal de<br />

eritropoetina e falta de elementos essenciais no processo de<br />

hematogênese como o ferro (Romão Júnior, 1995; Ide et al.,<br />

2003). Houve no presente estudo, após o tratamento não<br />

31


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

cirúrgico da periodontite crônica, uma melhora significativa (p<br />

= 0,03) dos níveis de hemoglobina nos pacientes do grupo<br />

controle e tendência ao aumento no número de hemácias (p<br />

= 0,05). Estes resultados podem ser explicados pelo fato de<br />

ao se tratar a periodontite, eliminou-se um foco potencial de<br />

infecção e inflamação, permitindo uma adequada eritropoiese.<br />

Resultado contrário foi observado no estudo de Bittencourt et<br />

al. (2004), em que foi observada uma redução significativa da<br />

hemoglobina e tendência à redução do número de hemácias.<br />

Bittencourt et al. (2004) demonstraram que pacientes<br />

portadores de periodontite de moderada a severa, quando<br />

comparados a controles saudáveis, apresentavam menor<br />

número de hemácias e níveis mais baixos de hematócrito e<br />

hemoglobina, o que justificaria a inclusão desses pacientes<br />

em um quadro sistêmico de anemia relacionada a doenças<br />

crônicas.<br />

No presente estudo foi observada uma diminuição<br />

significativa no número de leucócitos global dos pacientes do<br />

grupo controle após tratamento não cirúrgico da periodontite<br />

crônica (p = 0,004), embora seus valores estivessem dentro<br />

dos padrões normais tanto antes quanto depois. No entanto,<br />

Bittencourt et al. (2004) evidenciaram elevado número de<br />

leucócitos relacionados à periodontite nos estudos por ele<br />

pesquisado.<br />

Quanto aos marcadores de ferro, pacientes do grupo<br />

controle apresentaram redução significativa no índice de<br />

saturação de transferrina (p = 0,03) e aumento significativo<br />

nos níveis de ferritina (p = 0,03). Para Mafra & Cozzolino<br />

(2000), o ferro é um nutriente essencial à saúde humana.<br />

Cerca de 60% do conteúdo total de ferro encontra-se na<br />

hemoglobina para transporte de oxigênio e de dióxido de<br />

carbono. Do sangue o ferro é transportado pela transferrina<br />

para as células ou para eritropoiese na medula óssea. O<br />

índice de saturação de transferrina é um marcador de ferro<br />

que mensura a porcentagem de ferro circulante. Quando a<br />

necessidade de ferro é excedida, ele é armazenado como<br />

ferritina ou hemossiderina no fígado, baço ou osso. Por sua<br />

vez, pacientes portadores de DRC não apresentaram neste<br />

estudo, alterações estatisticamente significativas em seus<br />

parâmetros hematológicos e bioquímicos após tratamento<br />

da periodontite crônica. Entretanto, apresentaram uma<br />

tendência ao aumento no número de hemácias (p = 0,07).<br />

Pacientes renais crônicos em decorrência da uremia possuem<br />

alterações hematológicas que incluem anemia, alterações<br />

qualitativas plaquetárias e de glóbulos brancos (Romão Júnior,<br />

1995; Bastos, Bastos, 2005).<br />

Observou-se correlação positiva do SS com o número<br />

de leucócitos global no grupo DRC antes do tratamento da<br />

periodontite crônica (R = 0,003). O índice periodontal SS é<br />

indicativo de situação de inflamação. Em pacientes renais<br />

crônicos a carga inflamatória é altamente prevalente e elevada.<br />

Nos pacientes com DRC, a contagem global e diferencial<br />

de leucócitos é geralmente normal. Entretanto, a função<br />

dos glóbulos brancos parece estar diminuída e pacientes<br />

portadores de DRC são predispostos a infecções virais e<br />

bacterianas (Romão Júnior, 1995).<br />

No grupo controle foi possível observar uma correlação<br />

negativa do índice PBS > 4 mm com o número de leucócitos<br />

global antes do tratamento da periodontite crônica (R =<br />

-0,025). Após o tratamento da periodontite crônica houve no<br />

grupo DRC correlação positiva do índice PS com a hemoglobina<br />

(R = 0,011). À medida que diminuiu a inflamação, eliminando<br />

ou reduzindo bolsas periodontais, facilitou-se a eritropoiese e<br />

consequente produção de hemoglobina. Porém mais estudos<br />

ou pesquisas que melhor expliquem esta associação se fazem<br />

necessários. A relação entre a periodontite e a anemia vem<br />

sendo investigada há algum tempo sem, no entanto, atingir<br />

resultados satisfatórios (Bittencourt et al., 2004).<br />

No grupo controle pós-tratamento da periodontite<br />

crônica, também foi observada correlação negativa do índice<br />

periodontal NIC com o os níveis de hemoglobina (R = -0,006),<br />

assim como correlação negativa do SS com o número de<br />

leucócitos global (R = -0,006).<br />

Os parâmetros hematológicos e bioquímicos dos pacientes<br />

portadores de DRC deste estudo não apresentaram alterações<br />

significativas, ao contrário do que aconteceu com pacientes<br />

do grupo controle. Porém, a necessidade de aumentar o<br />

tamanho da amostra e mais estudos que procurem explicar<br />

a relação dos parâmetros hematológicos e bioquímicos antes<br />

e após o tratamento da periodontite crônica em pacientes<br />

renais crônicos e pacientes sistemicamente normais fazem-se<br />

necessários.<br />

CONCLUSÃO<br />

Pacientes portadores de doença renal crônica não<br />

apresentaram alterações significativas nos parâmetros<br />

hematológicos e bioquímicos após o tratamento periodontal<br />

não-cirúrgico. Entretanto, uma melhora nestes parâmetros,<br />

especialmente a hemoglobina, foi observada em pacientes<br />

sem problemas renais.<br />

ABSTRACT<br />

Objective: To evaluate and correlate the effect<br />

of nonsurgical treatment of chronic periodontitis on<br />

hematological and biochemical parameters in patients with<br />

chronic kidney disease and healthy controls.<br />

32


R. Periodontia - 21(1):27-33<br />

Methods: Fifty six patients (36 experimental group and 20<br />

control group) were previously submitted to periodontal and<br />

clinical examination, and to collection of 10 mL of peripheral<br />

blood by means the complete blood count and markers of<br />

iron were assessed. The clinical periodontal parameters used<br />

were: clinical attachment level, probing depth, bleeding on<br />

probing and probing pocket depth > 4 mm.<br />

Results: After 90 days of completion of treatment there<br />

was reevaluation and it was found statistically significant<br />

improvement (p


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL NO<br />

CONTROLE GLICÊMICO EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO<br />

2 NÃO INSULINO-DEPENDENTES – ARTIGO ORIGINAL<br />

Influence of periodontal treatment on glycemic control in diabetic patients type 2 non-insulin<br />

dependent – Original paper.<br />

Dário da Rocha Pereira 1 , Léo Guimarães Soares 1 , Márcio Eduardo Vieira Falabella 2 , Denise Gomes da Silva 3 , Eduardo Muniz<br />

Barretto Tinoco 4<br />

RESUMO<br />

O diabetes mellitus abrange um grupo de distúrbios<br />

metabólicos que levam à hiperglicemia e tem sido proposto<br />

que o tratamento periodontal em pacientes diabéticos pode<br />

contribuir para a redução dos níveis glicêmicos. O objetivo<br />

deste trabalho foi investigar os efeitos do tratamento<br />

periodontal usando-se a técnica de “desinfecção de boca<br />

total” sobre os níveis de glicose em pacientes diabéticos<br />

tipo 2 não insulino-dependentes. Um total de 20 indivíduos<br />

foram randomicamente divididos em grupo experimental<br />

e controle. Os resultados deste estudo demonstram que<br />

indivíduos com diabetes tipo 2, não insulino-dependentes,<br />

que receberam tratamento periodontal não cirúrgico,<br />

apresentaram uma redução significativa nos níveis de<br />

hemoglobina glicosilada após 3 meses de terapia, enquanto<br />

indivíduos do grupo controle não apresentaram uma<br />

redução estatisticamente significante. Os dados sugerem<br />

um possível efeito adjunto da terapia periodontal no<br />

controle glicêmico de pacientes diabéticos.<br />

UNITERMOS: Periodontite; diabetes; controle glicêmico;<br />

hemoglobina glicosilada. R Periodontia 2011; 21:34-<br />

42.<br />

1<br />

Mestre em Periodontia (UNIGRANRIO).<br />

2<br />

Professor Adjunto (UNIGRANRIO e UFJF); Doutor em Periodontia (UERJ).<br />

3<br />

Professor Adjunto (UNIGRANRIO); Doutor em Periodontia (UERJ).<br />

4<br />

Professor Adjunto (UNIGRANRIO e UERJ); Doutor em Periodontia (UNIVERSIDADE DE OSLO).<br />

Recebimento: 20/12/10 - Correção: 18/01/11 - Aceite: 22/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença<br />

metabólica, sistêmica, resultante de distúrbios<br />

endócrinos, caracterizado por um aumento anormal<br />

de glicose no sangue, provocada pela falta relativa ou<br />

absoluta de insulina, resultando em um defeito na<br />

utilização de carboidratos e alterações no metabolismo<br />

dos lipídios e proteínas. O Diabetes Mellitus tipo<br />

II (DMII) é resultado de uma alteração que pode<br />

ocorrer tanto em nível molecular da insulina quanto<br />

em nível celular dos receptores para insulina. Este<br />

tipo representa 85 a 90 % do grupo de diabéticos.<br />

Frequentemente os pacientes que sofrem de DMII<br />

são obesos, ocorrendo assim, a típica intolerância<br />

à glicose. Em consequência deste descontrole<br />

metabólico, ao longo do tempo, os pacientes<br />

diabéticos podem desenvolver retinopatia, neuropatia<br />

sensorial, nefropatia, miopatia, vasculopatia e doença<br />

periodontal (Souza et al., 2002).<br />

A doença periodontal leva em consideração<br />

o caráter multifatorial, uma vez que o hospedeiro<br />

está incluído em um conjunto de variáveis que,<br />

na saúde, acha-se em equilíbrio. Segundo Stamm<br />

(1998), o interesse está se voltando cada vez mais<br />

para determinados fatores do hospedeiro que<br />

34


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

provavelmente aumentam o risco da doença, justificando<br />

então as intensivas investigações científicas visando comprovar<br />

possíveis relações entre infecções orais e doenças sistêmicas.<br />

Por isso, o DM é um importante elemento a ser considerado.<br />

Segundo Oliver & Tervonen (1994), o controle metabólico<br />

inadequado está correlacionado à severidade da doença<br />

periodontal e ao aumento do risco de indivíduos diabéticos<br />

virem a desenvolvê-la.<br />

A Periodontite é a infecção oral crônica mais comum<br />

e maior causadora de perda de dentes em adultos e tem<br />

sido considerada a sexta complicação do diabetes mellitus.<br />

Reciprocamente, a periodontite mostrou ser um fator de<br />

risco para pacientes diabéticos com pobre controle glicêmico<br />

devido à ação bacteriana e de seus subprodutos no tecido<br />

periodontal inflamado constituindo uma fonte crônica de<br />

desafio sistemático para o hospedeiro. Alguns mediadores<br />

imunes pró-inflamatórios produzidos localmente como o<br />

fator α de necrose tumoral, o qual é conhecido por induzir a<br />

resistência insulínica, pode ser lançado da bolsa periodontal<br />

dentro do sistema circulatório e assim aumentar a resistência<br />

à insulina e exacerbar o controle metabólico glicêmico em<br />

pacientes com diabetes (Chen et al., 2010).<br />

Sastrowijoto et al. (1990) relataram que um melhor<br />

controle metabólico pode levar a uma melhor saúde<br />

periodontal, mas ainda não está claro se o controle das<br />

infecções periodontais pode melhorar o controle metabólico<br />

do diabetes, ou quais os marcadores sistêmicos estariam<br />

relacionados com a possível melhora do controle glicêmico.<br />

No estudo das manifestações periodontais em pacientes<br />

diabéticos, observa-se que o espessamento dos vasos<br />

sanguíneos no periodonto dificulta o transporte de<br />

oxigênio e nutrientes à intimidade dos tecidos, bem como<br />

a eliminação de resíduos metabólicos, desencadeando um<br />

desequilíbrio fisiológico, por meio da qual se torna aumentada<br />

a susceptibilidade desses tecidos à doença periodontal (DP),<br />

uma vez que tais alterações microvasculares comprometem o<br />

metabolismo de defesa do periodonto (Bridges, 1996).<br />

O DM é capaz de aumentar a susceptibilidade do<br />

hospedeiro à DP, facilitando a sua instalação ou agravando<br />

o curso da doença. As modificações teciduais patológicas<br />

evidentes no periodonto de pacientes diabéticos viriam a<br />

predispô-los à DP. Nesses relatos enfatiza-se, porém, que as<br />

alterações fisiopatológicas na estrutura do periodonto estão<br />

diretamente ligadas ao controle metabólico da doença,<br />

bem como ao tempo de instalação da mesma, sendo<br />

a descompensação glicêmica fundamental para que as<br />

mudanças histopatológicas aconteçam a nível periodontal<br />

(Carranza 1997).<br />

Diversos fatores têm sido associados à maior severidade<br />

das alterações periodontais observadas em diabéticos,<br />

incluindo modificações na composição da microbiota<br />

subgengival, alteração no metabolismo do colágeno e prejuízo<br />

funcional dos neutrófilos. Tomados em conjunto, esses fatores<br />

indicam menor resistência a infecção e menor capacidade<br />

reparativa, o que justificaria a maior severidade de doença<br />

periodontal observada nos diabéticos (Cianciola, 1982).<br />

O periodonto de uma pessoa diabética apresenta primeira<br />

linha de defesa alterada, isto é, as funções dos neutrófilos<br />

polimorfonucleares estão reduzidas, tais como: a quimiotaxia,<br />

aderência e a fagocitose; portanto, a resposta do hospedeiro<br />

fica debilitada. Além disso, o metabolismo do colágeno fica<br />

comprometido, devido à função reduzida dos fibroblastos,<br />

síntese do colágeno, maturação e estabilidade ao longo do<br />

tempo. Da mesma forma, as funções dos osteoblastos estão<br />

diminuídas, o que impossibilita a reposição óssea adequada<br />

no periodonto (Mealey, 2000).<br />

Oliver & Ternoven (1994) observaram diminuição da<br />

quimiotaxia, aderência e fagocitose dos leucócitos sanguíneos<br />

periféricos nos diabéticos. Estes indivíduos, portadores<br />

de periodontite severa, têm demonstrado depressão da<br />

quimiotaxia de leucócitos periféricos, quando comparados<br />

com diabéticos com periodontite moderada e não diabéticos<br />

com periodontite severa ou moderada.<br />

Segundo Borges & Moreira (1995), as propriedades do<br />

colágeno se modificam com a idade e com as alterações<br />

metabólicas do diabético. Isso afeta a progressão da doença<br />

periodontal e a cicatrização de feridas. Quando esses<br />

pacientes são submetidos a condições hiperglicemiantes, há<br />

uma diminuição na proliferação celular e redução da síntese<br />

do colágeno pelos fibroblastos. Além disso, a enfermidade<br />

periodontal nos diabéticos não segue um padrão consistente.<br />

Graus variáveis de inflamação podem ser encontrados<br />

relacionados a um controle insatisfatório de placa. Alterações<br />

no ambiente subgengival tais como aumento dos níveis da<br />

glicose e uréia no fluído crevicular gengival, favorecem o<br />

crescimento de algumas espécies microbianas.<br />

Um estudo realizado por Novaes Junior (1991) mostrou<br />

que o índice de placa foi maior nos pacientes diabéticos que<br />

no grupo controle, e que atingia mais mulheres que homens<br />

diabéticos, não havendo essa variação quanto ao gênero no<br />

grupo controle. Pacientes diabéticos bem controlados podem<br />

ser tratados de maneira similar ao paciente não diabético na<br />

maioria dos procedimentos dentários de rotina (Schneider,<br />

1995).<br />

Segundo Grossi et al. (1997), o tratamento periodontal<br />

com redução da inflamação periodontal está associado com a<br />

redução dos níveis de Hemoglobina Glicosilada em pacientes<br />

diabéticos não insulinodependentes.<br />

35


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

Muito se tem discutido sobre a hipótese de recolonização<br />

de sítios periodontais em tratamentos convencionais de<br />

múltiplas sessões em contrapartida com a possibilidade<br />

de minimização das probabilidades de recolonização no<br />

tratamento periodontal em full-mouth (desinfecção de boca<br />

total em um estágio). Zijnge et al. (2010) concluíram que os<br />

resultados de tratamento de full-mouth e múltiplas sessões<br />

são comparáveis, mas a recolonização de lesões periodontais<br />

pode ser melhor prevenida na full-mouth desinfection.<br />

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a<br />

influência do tratamento periodontal não cirúrgico na redução<br />

dos níveis glicêmicos em pacientes diabéticos tipo 2 não<br />

insulino-dependentes.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Seleção dos pacientes<br />

A população foi composta de 20 indivíduos de ambos os<br />

sexos, provenientes da Clínica de Mestrado em Periodontia<br />

da UNIGRANRIO, com idade entre 37 e 77 anos, sendo 8<br />

homens e 12 mulheres.<br />

tivessem recebido tratamento periodontal há menos de seis<br />

meses e também insulino-dependentes.<br />

Métodos<br />

Os pacientes foram divididos em dois grupos – Grupo<br />

Teste e Grupo Controle. Todos os participantes foram<br />

avaliados por um único pesquisador para se manter a<br />

calibragem de observação e foram avaliados com sonda<br />

periodontal milimetrada e sonda Nabers da mesma empresa<br />

fabricante. Após exame periodontal, profundidade de bolsa à<br />

sondagem, nível de inserção clínico e índice de sangramento,<br />

sendo constatada a presença da doença periodontal ativa, os<br />

indivíduos dos dois grupos tiveram a sua taxa glicêmica em<br />

jejum medidas por um aparelho portátil Accu-check Active<br />

(Laboratório Roche, SP, Brasil – Figuras 1 e 2) e posterior<br />

avaliação da taxa de Hemoglobina Glicosilada feita em<br />

Desenho do estudo<br />

Trata-se de um estudo intervencional longitudinal<br />

randomizado onde os indivíduos apresentavam diagnóstico<br />

de periodontite crônica e diabetes tipo 2 não insulinodependentes,<br />

com pelo menos 10 dentes. Estes pacientes<br />

assinaram um termo de consentimento informado (CEP<br />

UNIGRANRIO nº 0008.0.317.000-09) e responderam a um<br />

questionário de avaliação inicial onde constavam os dados<br />

de identificação, anamnese direcionada ao DM, medicações,<br />

valores de glicemia e hemoglobina glicosilada e os dados<br />

periodontais.<br />

Critérios de exclusão<br />

Foram excluídos deste estudo fumantes, grávidas,<br />

pacientes com doenças imunossupressoras, que estavam em<br />

uso de medicamentos à base de cortisona e pacientes que<br />

Figura 1 - Aparelho portátil Accu-check<br />

Active indicando a taxa glicêmica em<br />

jejum.<br />

Figura 2 - Demonstração da coleta da taxa glicêmica em jejum pelo Accu-check.<br />

36


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

Tabela 1<br />

Valores glicêmicos referentes aos dias 0, 30, 60 e 90<br />

Valores Glicêmicos<br />

Hemoglobina Glicosilada<br />

Taxa Glicêmica Capilar<br />

G. Teste Inicial 90 dias Redução Inicial 30 dias 60 dias 90 dias<br />

01 8,6 5,3 3,3 252 130 208 268<br />

02 10 7,8 2,2 379 133 120 115<br />

03 8,9 5,1 3,8 384 289 389 223<br />

04 8 5,6 2,4 125 113 117 91<br />

05 8,4 7,4 1 133 138 153 206<br />

06 10,5 8,4 2,1 317 292 263 253<br />

07 6 4,4 1,6 133 288 196 80<br />

08 7,7 7,4 0,3 285 176 155 135<br />

09 7,9 6,6 1,3 290 203 227 113<br />

10 7 5,8 1,2 133 143 135 115<br />

Média 8,3 6,38 1,92 243,1 190,5 196,3 159,9<br />

D Padrão 1,324135 1,328993 1,0675 104,4195 72,925 83,07299 70,27162<br />

Intra grupo<br />

In – Fn<br />

P = ,000<br />

In – 30 d<br />

P = 0,151<br />

In – 60 d<br />

P = 0,140<br />

In – 90 d<br />

P = 0,03<br />

% Redução 23,13 % 21,63 % 19,25 % 34,22 %<br />

Hemoglobina Glicosilada<br />

Taxa Glicêmica Capilar<br />

G. Controle Inicial 90 dias Redução Inicial 30 dias 60 dias 90 dias<br />

01 5,9 6,9 -1 133 115 106 152<br />

02 10,6 10,2 0,4 285 392 398 219<br />

03 8,2 7 1,2 189 141 180 115<br />

04 10 7,6 2,4 243 377 265 274<br />

05 10,6 10 0,6 289 302 290 250<br />

06 7 6,8 0,2 112 115 108 92<br />

07 6,2 5,8 0,4 131 125 128 112<br />

08 11,6 10,1 1,5 280 275 270 262<br />

09 7,8 8,5 -0,7 118 132 125 130<br />

10 6,9 7,3 -0,4 140 178 181 143<br />

Média 8,48 8,02 0,46 192 215,2 205,1 174,9<br />

DP 2,057939 1,58591 1,038375 74,68006 110,843 97,20477 69,09486<br />

Intra grupo<br />

In – Fn<br />

P = 0,195<br />

In – 30 d<br />

P = 0,225<br />

In – 60 d<br />

P = 0,324<br />

In – 90 d<br />

P = 0,156<br />

Entre grupos P = 0,097 P = 0,049 P = 0,014 P = 0,184 P = 0,910 P = 0,970 P = 0,520<br />

% Redução 5,42 % 8,90 %<br />

In = Inicial - Fn = Final<br />

37


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

Tabela 2<br />

Parâmetros periodontais dos pacientes do grupo teste.<br />

Parâmetros Periodontais do Grupo Teste<br />

Inicial Final Inicial Final Inicial Final Inicial Final<br />

PB ≥ 5 PB ≥ 5 PB < 5 PB < 5 NI ≥ 4 NI ≥ 4 NI < 4 NI < 4<br />

01 5 0 31 36 8 0 28 36<br />

02 8 2 80 86 12 10 76 78<br />

03 4 0 80 84 9 0 75 84<br />

04 28 5 44 67 29 6 43 66<br />

05 4 0 44 48 4 0 44 48<br />

06 5 2 79 82 6 2 78 82<br />

07 24 12 16 28 24 18 16 22<br />

08 18 6 94 106 22 4 90 108<br />

09 4 1 40 43 17 16 27 28<br />

10 17 0 16 33 19 6 14 27<br />

Média 11,7 2,8 52,4 61,3 15 6,2 49,1 57,9<br />

DP 9,226171 3,88158 28,60536 27,17454 8,445906 6,56252 28,33706 29,73382<br />

PB = profundidade de bolsa à sondagem<br />

NI = nível de inserção clínica<br />

(p = 0,003) (p = 0,003) (p = 0,004) (p = 0,004)<br />

laboratório de análises clínicas. Os 10 primeiros pacientes<br />

atendidos formaram o grupo experimental e os 10 seguintes<br />

formaram o grupo controle. Todos os pacientes foram tratados<br />

com raspagem e alisamento radicular, instrução de higiene<br />

oral, controle de placa e profilaxia. Os indivíduos do grupo<br />

controle foram tratados de forma igualitária, com raspagem<br />

e alisamento radicular, instrução de higiene oral, controle de<br />

placa e profilaxia, porém somente após o período de controle<br />

de 90 dias. Durante este período de controle os pacientes<br />

foram avaliados em suas taxas glicêmicas no mesmo intervalo<br />

de tempo do grupo teste. A avaliação da taxa glicêmica foi<br />

feita nos dias 0, 30, 60, 90 do tratamento periodontal, sendo<br />

orientado aos pacientes sobre a necessidade de estarem em<br />

jejum. A avaliação da taxa de Hemoglobina Glicosilada foi<br />

realizada nos dias 0 e 90 do tratamento periodontal, sendo<br />

os indivíduos orientados a fazerem os exames no mesmo<br />

laboratório. Por não terem sido encontrados pacientes com<br />

casos agudos e lesões apresentando supuração, os pacientes<br />

não receberam tratamento com antibióticos. Após os exames<br />

todos os pacientes foram reavaliados de acordo com os<br />

parâmetros periodontais.<br />

Tratamento dos dados<br />

Os dados foram tratados estatisticamente utilizando<br />

testes paramétricos. Teste T Student para análise dos valores<br />

iniciais e finais de cada paciente intra-grupos e o Teste Mann-<br />

Whitney para análise das médias entre os grupos teste e<br />

controle. O nível de significância estatística foi de α = 0,05.<br />

RESULTADOS<br />

Os dados dos valores glicêmicos referentes aos dias 0,<br />

30, 60 e 90 estão apresentados na Tabela 1.<br />

Houve uma redução estatisticamente significante nos<br />

níveis de hemoglobina glicosilada após 90 dias nos pacientes<br />

do Grupo Teste (p = 0,000), representando uma redução<br />

percentual de 23,13% e uma redução na média de 1,92%.<br />

Também houve uma redução estatisticamente significante<br />

nos níveis de glicemia após 90 dias nos pacientes de Grupo<br />

Teste (p = 0,03), porém não foi encontrada diferença<br />

estatística nas medidas de 30 e 60 dias.<br />

Na comparação entre os valores de redução dos índices<br />

de hemoglobina glicosilada entre grupo teste e grupo controle<br />

38


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

foi encontrado p = 0,014, o que indica que houve diferença<br />

estatisticamente significante entre os grupos.<br />

Os dados referentes aos parâmetros periodontais dos<br />

pacientes do grupo teste no início e fim do estudo estão<br />

apresentados na Tabela 2.<br />

Com relação aos parâmetros periodontais, o grupo teste<br />

apresentou, após 90 dias, uma redução estatisticamente<br />

significante no número de bolsas ≥ 5mm e também no<br />

número de bolsas com nível de inserção ≥ 4 mm. O grupo<br />

controle teve o seu tratamento periodontal adiado, e não<br />

apresentou alterações significantes durante o período sem<br />

tratamento.<br />

DISCUSSÃO<br />

O presente estudo, utilizando a terapia periodontal<br />

não cirúrgica, sugeriu que com a redução da infecção<br />

periodontal e a concomitante manutenção do estado<br />

de saúde periodontal do paciente, houve uma redução<br />

significativa dos níveis de hemoglobina glicosilada após três<br />

meses de tratamento. Todos os pacientes foram orientados<br />

a manter a rotina medicamentosa estabelecida pelo médico<br />

endocrinologista, bem como a rotina de atividades diárias<br />

normais e alimentação.<br />

A influência do DM sobre a doença periodontal tem sido<br />

grandemente relatada pela literatura (Novaes Junior, 1991;<br />

Sepala & Ainamo, 1993; Oliver & Tervonen, 1994; Stamm,<br />

1998; Rocha, 2001; Souza et al., 2002) assim como há uma<br />

grande quantidade de estudos que relatam a alta incidência<br />

e severidade da doença periodontal em pacientes diabéticos<br />

comparados com os não diabéticos. (Hugoson et al., 1989;<br />

Sastrowijo et al., 1990, Taylor et al., 1998; Kiran et al., 2005)<br />

No entanto, ainda são inconclusivos os resultados sobre<br />

a influência do tratamento periodontal sobre o controle<br />

glicêmico, havendo certas discordâncias dos autores em<br />

relação aos resultados obtidos.<br />

Mongardini et al. (1999) mostraram que os efeitos da<br />

terapia periodontal não cirúrgica em um estágio é superior<br />

à terapia periodontal convencional nos resultados clínicos e<br />

microbiológicos. Os pacientes diabéticos são considerados<br />

de alto risco de infecções devido às alterações vasculares e<br />

podem se beneficiar deste tipo de tratamento. A terapia de<br />

full-mouth em um estágio minimiza os riscos de infecções<br />

recorrentes nas áreas tratadas, diminuindo a chance de<br />

translocação bacteriana entre sítios contaminados. Em uma<br />

revisão de Taylor (2001), o autor sugere que um controle da<br />

infecção periodontal pode levar a uma redução dos sintomas<br />

da doença local e controlaria o metabolismo da glicose.<br />

A redução na média dos níveis de hemoglobina glicosilada<br />

após 90 dias nos pacientes do Grupo Teste de 1,92%<br />

encontrada no presente estudo esteve em acordo com<br />

achados de Khaw et al. (2001), que avaliou 4662 homens<br />

com idade entre 45 e 79 anos e verificou a importância da<br />

hemoglobina glicosilada como preditor do risco de morte<br />

por todas as causas. Um aumento de 1% da HbA1c esteve<br />

associado à elevação de 28% do risco de morte, independente<br />

da idade, pressão, lipidemia, IMC ou fumo.<br />

Embora alguns estudos evidenciem uma ação mais direta<br />

do tratamento periodontal sobre o controle glicêmico, como<br />

Tervonen et al. (1991), Tervonen & Oliver (1993), Miller et al.<br />

(1992), Grossi et al. (1997), Iwamoto et al. (2001), nem todos<br />

relatam uma melhora no controle glicêmico após tratamento<br />

periodontal como Seppala & Ainamo (1994), Smith et al.<br />

(1996) e Westfeld et al. (1996). Diferenças metodológicas<br />

nestes estudos impossibilitam uma comparação direta entre<br />

os resultados.<br />

Um estudo de Kiran et al. (2005), feito com 44 pacientes<br />

randomizados em 2 grupos, comparou os resultados<br />

do tratamento periodontal na técnica de full-mouth<br />

tendo como grupo controle indivíduos sem tratamento<br />

periodontal. Mostraram que no grupo teste houve uma<br />

redução significativa da taxa de HbA1c enquanto no grupo<br />

controle houve um leve, porém insignificante aumento deste<br />

parâmetro. Entretanto em nosso estudo, houve uma redução<br />

dos parâmetros de HbA1c nos grupos teste e controle, com<br />

significância estatística apenas no primeiro.<br />

Embora haja diversidade de entendimento no tempo de<br />

resposta do tratamento periodontal, Morrison et al. (1980)<br />

sugerem um período de 1 mês, Badersten et al. (1981)<br />

sugerem de 4-5 meses para bolsas de 4-7 mm, em nosso<br />

estudo usamos como parâmetro de tempo o período de 3<br />

meses.<br />

A boa resposta do tratamento periodontal no controle<br />

glicêmico em pacientes diabéticos em nosso estudo após<br />

90 dias, confirma os resultados de Tervonen et al. (1991),<br />

enquanto Christgau et al. (1998) reportaram que a terapia<br />

mecânica não teve efeitos sobre os níveis de HbA1c em<br />

pacientes diabéticos mal controlados. Entretanto, o grupo<br />

teste consistia de apenas 3 indivíduos, o que impossibilita<br />

qualquer conclusão definitiva.<br />

Westfeld et al. (1996) não encontraram alterações nos<br />

níveis de HbA1c no grupo controle de pacientes diabéticos<br />

moderadamente controlados. Por outro lado, Steward et al.<br />

(2001), em um estudo retrospectivo, relataram que houve<br />

uma melhora significativa no controle glicêmico em indivíduos<br />

com DM tipo 2 após tratamento periodontal.<br />

Em um estudo de Rodrigues et al. (2003), com 30<br />

pacientes randomizados em 2 grupos, sendo G1 indivíduos<br />

39


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

que receberam terapia periodontal mais amoxicilina com<br />

ácido clavulânico 850 mg e G2 indivíduos que foram<br />

tratados apenas com terapia periodontal, mostrou que<br />

ambos os grupos obtiveram redução nos índices de HbA1c.<br />

Entretanto o G1 não teve diferença significativa enquanto a<br />

redução foi significativa no G2, confirmando o encontrado<br />

em nosso estudo de que a terapia periodontal mesmo sem<br />

administração antibiótica proporciona resposta satisfatória na<br />

redução dos índices de HbA1c em face à terapia periodontal.<br />

Grossi et al. (1997) também encontraram resposta similar<br />

ao encontrado por Rodrigues et al. (2003), após 3 meses com<br />

a combinação de terapia periodontal não cirúrgica e doxiciclina<br />

enquanto Steward et al. (2001) mostraram redução média<br />

de 17% nos níveis de HbA1c após terapia periodontal sem<br />

uso de antibióticos, confirmando nosso estudo onde foram<br />

encontrados 23,13%.<br />

Estudos anteriores envolvendo apenas terapia periodontal<br />

sem uso de antibióticos reportaram melhora apenas da<br />

condição periodontal (Seppala & Ainamo, 1994; Smith et al.,<br />

1996; Westfelt et al., 1996) enquanto estudos incluindo terapia<br />

antibiótica acompanhado de terapia periodontal reportaram<br />

melhora em ambos os índices, nos níveis de HbA1c e nos<br />

índices periodontais (Grossi et al., 1997; Iwamoto et al.,<br />

2001), entretanto nosso estudo confirma os achados de<br />

Kiran et al 2005. O achado mais significativo deste estudo<br />

é que os dados clínicos mostram a redução dos índices de<br />

HbA1c em pacientes diabéticos tipo 2 com terapia periodontal<br />

apenas. Nosso estudo sugere que a eliminação da infecção<br />

periodontal pela terapia periodontal reduz significativamente,<br />

em curto prazo os índices de HbA1c, melhorando então a<br />

diabetes e o controle metabólico.<br />

are polydipsia, polyuria, polyphagia and weight loss. Some<br />

authors suggested that periodontal treatment in diabetic<br />

patients may contribute to the reduction of blood glucose<br />

levels. The aim of this study was to investigate the effects<br />

of periodontal treatment using “full mouth disinfection”<br />

on glucose levels in type 2 diabetic non-insulin-dependent<br />

patients. A total of 20 individuals were randomly divided<br />

into experimental and control groups. The results of this<br />

study demonstrate that individuals with type 2 diabetes,<br />

insulin-dependent, which received non-surgical periodontal<br />

treatment, showed a significant reduction in levels of glycated<br />

hemoglobin after 3 months of therapy, while the control group<br />

did not show a statistically significant reduction. Data suggest<br />

a possible effect of periodontal therapy assistant in glycemic<br />

control in diabetic patients.<br />

UNITERMS: periodontitis, full-mouth, diabetes, glycemic<br />

control, glycated hemoglobin.<br />

Declaração de conflitos de interesse e fomento<br />

Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse<br />

e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resultados deste estudo demonstram que:<br />

Indivíduos com diabetes tipo 2, não insulino dependentes,<br />

que receberam tratamento periodontal não cirúrgico, sem uso<br />

de antibióticos, apresentaram uma redução significante nos<br />

níveis de hemoglobina glicosilada após 3 meses de terapia.<br />

Os indivíduos do grupo controle não apresentaram uma<br />

redução estatisticamente significante.<br />

Dentro das limitações deste estudo, os dados sugerem<br />

um possível efeito adjunto da terapia periodontal no controle<br />

glicêmico de pacientes diabéticos.<br />

ABSTRACT<br />

Diabetes mellitus comprises a group of metabolic<br />

disorders that lead to hyperglycemia and its main symptoms<br />

40


R. Periodontia - 21(1):34-42<br />

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Saúde do Idoso. Ministério da Saúde: 1997.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Léo Guimarães Soares<br />

Praça Garcia, 99 - centro<br />

CEP: 25850-000 - Paraíba do Sul - RJ<br />

E-mail: dr_leog@hotmail.com<br />

42


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

A INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO<br />

CIRÚRGICO SOBRE O PERFIL LIPÍDICO DE PACIENTES<br />

PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />

The influence of non-surgical periodontal treatment on lipid profile of patients with chronic periodontitis<br />

Gabriela G. de Moraes 1 , Caroline Moura 2 , Marília da S. P. Bittencourt 3 , Marilisa L. F. Terezan 4<br />

RESUMO<br />

A periodontite crônica tem sido associada a alterações<br />

sistêmicas, entre elas as dislipidemias, que por sua<br />

vez apresentam relação direta com a aterosclerose. A<br />

proposta do presente estudo foi desenvolver um plano<br />

piloto para uma futura investigação sobre a influência<br />

do tratamento periodontal não cirúrgico sobre o perfil<br />

lipídico de pacientes portadores de periodontite crônica<br />

generalizada. Participaram do estudo oito indivíduos (5<br />

mulheres e 3 homens), com média de idade de 49,5 anos,<br />

portadores de periodontite crônica generalizada. Exames<br />

clínicos foram realizados para avaliação de Índice de Placa<br />

(IP), Índice Gengival (IG), Profundidade de Bolsa à Sondagem<br />

(PBS) e Nível de Inserção (NI). Foram também coletadas<br />

amostras de sangue, para a verificação de colesterol total<br />

e triglicerídeos antes e após 30 dias de terapia básica<br />

periodontal. Através da análise dos dados, não foram<br />

observadas alterações significativas nos valores de colesterol<br />

total (P= 0,3) e triglicerídeos (P= 0,06), apesar da melhora<br />

dos parâmetros clínicos, concluindo que neste grupo de<br />

pacientes, o tratamento periodontal não exerceu influência<br />

sobre o perfil lipídico.<br />

UNITERMOS: periodontite crônica, perfil lipídico.<br />

R Periodontia 2011; 21:43-48.<br />

1<br />

Mestranda em Periodontia da UFRJ<br />

2<br />

Mestranda em Periodontia da UERJ<br />

3<br />

Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />

4<br />

Coordenadora e Professora do Curso de Especialização em Periodontia da UERJ<br />

Recebimento: 21/12/10 - Correção: 26/01/11 - Aceite: 23/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

Periodontite Crônica é uma doença infecciosa<br />

resultante da inflamação dos tecidos de suporte<br />

e perda progressiva da inserção conjuntiva. Seu<br />

início pode ocorrer em qualquer idade sendo,<br />

entretanto, mais prevalente em adultos (Academia<br />

Americana de Periodontia, 1999). Micro-organismos<br />

como Porphyromonas gingivalis, Prevotella<br />

intermedia, Tanerela forsythensis e Actinomyces<br />

actinomycetemcomitans são reconhecidos como<br />

os principais agentes etiológicos das periodontites.<br />

Suas endotoxinas, principalmente lipopolissacarídeos,<br />

provocam uma resposta mediada pelo hospedeiro com<br />

conseqüente destruição tecidual (Beck & Offenbacher,<br />

2001). A Periodontite era identificada como uma<br />

doença oral cuja resposta, associada à destruição<br />

tecidual, permanecia limitada ao periodonto. Recentes<br />

estudos têm indicado, no entanto, que a Periodontite<br />

pode produzir também alterações sobre a saúde<br />

sistêmica, incluindo Acidente Vascular Cerebral,<br />

Insuficiência Renal, Parto Prematuro (Iacopino &<br />

Cutler, 2000), Diabetes (Genco et al., 2005) e Doença<br />

Coronariana (Geismar et al., 2006).<br />

Atenção especial tem sido dada a possível<br />

43


R. Periodontia - 21(1):43-48<br />

relação entre periodontite e aterosclerose através do efeito<br />

causado pelas endotoxinas liberadas de patógenos e as<br />

citocinas de linfócitos e monócitos produzidas durante o<br />

processo infeccioso dessa doença sobre as paredes dos vasos<br />

sanguíneos, contribuindo para o processo de aterogênese e<br />

eventos tromboembolíticos (Beck et al., 2001). A Periodontite e<br />

suas citocinas pró-inflamatórias, também induzem mudanças<br />

na função das células imunes, promovendo desregulação<br />

do metabolismo de lipídios. A alteração no perfil lipídico de<br />

indivíduos portadores de Periodontite pode não ser somente<br />

explicado pelos hábitos comportamentais, mas talvez<br />

também pela presença de crônicos episódios de bacteremia<br />

e disseminação de endotoxinas (Iacopino & Cutler, 2000).<br />

A Periodontite pode estar associada ao aumento nos níveis<br />

de colesterol total, de lipoproteínas plasmáticas de baixa<br />

densidade (LDL) e de triglicerídeos (Löesche et al., 2000).<br />

Gallin et al. (1969) observaram elevações nos níveis de lipídios<br />

em pacientes com hepatite e infecção severa causada por<br />

bacilos gram negativos, quando comparados aos indivíduos<br />

saudáveis. Já Alvarez et al. (1986) observaram que pacientes<br />

com infecção apresentavam diminuição significante nas taxas<br />

de colesterol total, lipoproteína de alta intensidade (HDL),<br />

apoproteínas A e B, e aumento nas taxas de triglicerídeos (P<br />

< 0,05). Os autores encontraram também correlação positiva<br />

no decréscimo das concentrações de HDL e hipoalbuminemia,<br />

sugerindo uma via comum entre as duas anormalidades.<br />

Taxas de LDL e HDL reduzidas foram observadas por<br />

Sammalkorpi et al. (1988) durante a fase aguda de infecção<br />

viral relacionadas à severidade da infecção, independentes<br />

dos agentes infecciosos. Quanto aos triglicerídeos, Cutler et<br />

al. (1999) observaram que a presença de periodontite estava<br />

significantemente associada a níveis elevados (OR= 8.6, P =<br />

0,0009), assim como colesterol (OR = 7, P = 0,004) e elevada<br />

concentração de anticorpos para LPS de P. Gingivalis. Além<br />

disso, Iacopino et al. (2000) relataram que a periodontite<br />

eleva os níveis de lipídios, promovendo também aumento da<br />

infecção pela ação de citocinas pró-inflamatórias. Taxas de<br />

colesterol total (P < 0,03), LDL (P < 0,003) e triglicerídeos (P<br />

< 0,001) também foram observadas maiores em indivíduos<br />

com doença periodontal, quando comparados aos controles<br />

(Lösche et al., 2000).<br />

Katz et al. (2001) observaram importante associação<br />

do Índice Periodontal das Necessidades de Tratamento<br />

(CPITN) com hipercolesterolemia e uma possível associação<br />

com doença coronária. Segundo os autores, é possível<br />

a associação entre altos níveis de colesterol sanguíneo,<br />

inflamação periodontal crônica e aterosclerose. Ainda, Katz et<br />

al. (2002) relataram uma forte associação entre a existência<br />

de bolsas periodontais e níveis de lipídios plasmáticos, sem,<br />

no entanto, poder estabelecer causalidade. Craig et al. (2003)<br />

observaram taxas de colesterol total e LDL aumentadas<br />

em pacientes portadores de periodontite, concluindo que<br />

a doença periodontal destrutiva e a progressão da doença<br />

estão associadas aos componentes séricos presentes na<br />

resposta de fase aguda. Já Ide et al. (2003) não observaram<br />

mudanças nos níveis dos marcadores cardiovasculares em<br />

pacientes peridontais submetidos ao tratamento periodontal<br />

bem sucedido.<br />

Segundo Khovidhunkit et al. (2004), inflamação e infecção<br />

induzem a resposta de fase aguda. Alterações específicas<br />

nas concentrações de proteínas plasmáticas ocorrem<br />

concomitantemente com essa resposta, mediadas por<br />

citocinas, que também promovem alteração no metabolismo<br />

de lipídios. O aumento dos níveis de triglicerídeos, oxidação<br />

de LDL e lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e a<br />

transformação de HDL em molécula pró-inflamatória poderão<br />

ocorrer. Se prolongada a resposta de fase aguda, mudanças<br />

na estrutura e função das lipoproteínas poderão causar<br />

efeitos deletérios e contribuir para o desenvolvimento de<br />

condições como a aterosclerose. Além disso, D’ Aiuto et al.<br />

(2005) observaram que pacientes submetidos ao tratamento<br />

peridontal apresentaram reduções nos níveis de proteína C<br />

reativa e IL-6 assim como LDL.<br />

Machado et al. (2005) não observaram relação entre<br />

a doença periodontal, independente da intensidade, e a<br />

dislipidemia. Aumento significativo das taxas de colesterol total<br />

e triglicerídeos nos pacientes com periodontite (P = 0,045 e P<br />

= 0,016, respectivamente), foram relatados por Moeintaghayl<br />

et al. (2005), concluindo que a dislipidemia pode estar<br />

associada à periodontite em indivíduos saudáveis. No entanto,<br />

os autores enfatizam que não está claro se as mudanças<br />

observadas no metabolismo de lipídios são de fato a causa<br />

ou a consequência da periodontite. Além de dislipidemia (HDL<br />

mais baixo e LDL mais alto) citada anteriormente, aumento<br />

de contagem de células brancas e maiores níveis de glicose<br />

foram relatados por Nibali et al. (2007). Eles observaram que<br />

pacientes portadores de periodontite apresentavam um baixo<br />

grau de inflamação sistêmica, comparados aos controles<br />

periodontalmente saudáveis, sugerindo uma possível ligação<br />

entre a periodontite generalizada severa, a inflamação<br />

sistêmica e o estado de desequilíbrio metabólico. Enquanto<br />

isso, Oz et al. (2007) observaram decréscimo nas taxas de<br />

colesterol total e LDL do grupo submetido ao tratamento<br />

quando comparados seus valores iniciais e pós-tratamento.<br />

Fentoglu et al. (2009) obser varam que taxas de<br />

triglicerídeos, colesterol total e LDL-C foram significantemente<br />

mais altas no grupo dislipidêmico comparado ao grupo<br />

controle. Segundo os autores, é possível que a severidade e<br />

44


R. Periodontia - 21(1):43-48<br />

o pobre controle da dislipidemia possam afetar a severidade<br />

da doença periodontal. Monteiro et al. (2009) também<br />

relataram que os níveis de triglicerídeos e HDL de pacientes<br />

com periodontite eram significativamente mais altos e mais<br />

baixos respectivamente, quando comparados aos controles.<br />

Através desses resultados, os autores sugeriram uma possível<br />

associação entre a periodontite crônica e a doença coronária.<br />

Níveis altos de triglicerídeos foram igualmente verificados por<br />

Izumi et al. (2009) associados a um aumento da prevalência<br />

de periodontite em pacientes idosos não fumantes, enquanto<br />

que HDL e LDL podem apresentar diferentes efeitos sobre a<br />

doença periodontal.<br />

Desta forma, o objetivo deste estudo foi desenvolver um<br />

plano piloto para uma futura investigação sobre a influência<br />

do tratamento periodontal não cirúrgico sobre o perfil lipídico<br />

de pacientes portadores de periodontite crônica generalizada.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram selecionados 8 pacientes, 5 mulheres e 3 homens<br />

(49,5 ± 9,0 anos), de raça indiferente, portadores de<br />

periodontite crônica generalizada. Todos apresentavam, no<br />

mínimo, 18 dentes e, pelo menos, 29 sítios com profundidade<br />

de bolsas acima de 4 mm. Nenhum dos participantes recebeu<br />

tratamento periodontal prévio nos últimos seis meses<br />

anteriores ao início do tratamento.<br />

Os pacientes foram selecionados pelos serviços de<br />

Triagem da Faculdade de Odontologia da Universidade do<br />

Estado do Rio de Janeiro (FO/UERJ) e encaminhados para<br />

tratamento na clínica de Especialização de Periodontia desta<br />

Faculdade. Os indivíduos foram informados sobre a natureza<br />

do estudo e assinaram um termo de consentimento. Este<br />

estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do<br />

Hospital Universitário Pedro Ernesto (2407-CEP/HUPE – CAAE:<br />

0142.0.228.000.09).<br />

Indivíduos portadores de patologia sistêmica como<br />

diabetes, AIDS, doenças autoimunes e que tenham utilizado<br />

medicamentos de uso prolongado nos seis meses anteriores<br />

ao início do estudo ou muito frequentemente (mais de três<br />

vezes por ano) como antibióticos, anti-histamínicos, cortisona,<br />

hormônios, nifedipina e outros que possam ter efeitos<br />

adversos direto sobre o periodonto não foram incluídos no<br />

estudo.<br />

Os exames clínicos, realizados antes e 30 dias após o<br />

término do tratamento periodontal, consistiram de Índice de<br />

Placa (IP) de Silness & Löe (1964), Índice Gengival (IG) de Löe<br />

(1967), Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS) e Nível de<br />

Inserção (NI) à Sondagem. A avaliação da perda óssea foi feita<br />

através de radiografias periapicais. O exame periodontal foi<br />

realizado por um único examinador. As medidas de PBS e NI<br />

foram determinadas com uma sonda periodontal manual do<br />

tipo Williams (15mm com intervalos de 1mm) da marca Hu-<br />

Friedy®. As medidas foram realizadas em seis sítios de todos<br />

os dentes (mesio-vestibular, médio-vestibular, disto-vestibular,<br />

mesio-lingual, médio-lingual e disto-lingual).<br />

Previamente ao tratamento periodontal e 30 dias após o<br />

mesmo, os pacientes foram submetidos à coleta de 10ml de<br />

sangue periférico, depositado em tubo Vacuntainer contendo<br />

EDTA, através de punção venosa, após um jejum mínimo de<br />

12 horas.<br />

Todos os pacientes foram submetidos a tratamento<br />

periodontal não-cirúrgico que consistiu de instrução de<br />

higiene oral, controle de placa, raspagem supragengival<br />

realizada por meio de instrumentos manuais (curetas do<br />

tipo McCall da marca Hu-Friedy®) e ultrassônicos (Cavitron,<br />

Dentsply®), raspagem subgengival e alisamento radicular<br />

realizada somente através de instrumentos manuais (curetas<br />

do tipo Gracey da marca Hu-Friedy® e limas de Hirshfeld da<br />

marca Hu-Friedy®). Todo o tratamento foi realizado por um<br />

único operador.<br />

Consulta para reavaliação foi feita 30 dias após o término<br />

do tratamento. Novas medidas de PBS e NI foram realizadas.<br />

Os índices de placa (IP) e gengival (IG) também foram<br />

registrados. Raspagem supragengival, polimento coronário<br />

e reforço das medidas de higiene oral foram executados,<br />

quando necessário.<br />

As amostras de sangue foram colhidas para obtenção<br />

do colesterol total (COL), o colesterol HDL, o colesterol<br />

LDL, o colesterol VLDL e os triglicerídeos através do método<br />

colorimétrico-enzimático (Automação, MODULAR Roche).<br />

A análise estatística foi realizada através do teste T de<br />

Fischer, usado para comparar valores obtidos nos diferentes<br />

exames clínicos (inicial e 30 dias). O nível de significância<br />

foi determinado em 5% (p < 0,05). Os valores obtidos nos<br />

resultados estatísticos das amostras foram aproximados para<br />

uma casa decimal após a vírgula.<br />

RESULTADOS<br />

Quando os valores médios (± desvio padrão) do IP e<br />

IG, iniciais e pós-tratamento, dos 8 pacientes selecionados,<br />

foram comparados, foi possível verificar melhora estatística<br />

(P = 0,003 e P = 0,01, respectivamente). Profundidade de<br />

Bolsa à Sondagem entre 1-3 mm sofreu aumento significativo<br />

(P = 0,01), enquanto que as de 4-6mm sofreram redução<br />

significativa (P = 0,01). Não foram observadas alterações<br />

significativas nos demais parâmetros clínicos, conforme<br />

tabela 1<br />

45


R. Periodontia - 21(1):43-48<br />

Tabela 1<br />

Pré-tratamento Pós-tratamento P<br />

Número de Dentes 24,9 (± 4,7) 24 (± 5,3) 0,3<br />

Número de sítios 149,2 (± 28,2) 144 (± 32) 0,3<br />

% de sítios com IP=2 63,2 (± 16,5) 31,5 (± 22,4) 0,003<br />

% de sítios com IG=2 45,9 (± 21,5) 25,5 (± 12,0) 0,01<br />

% de sítios com PBS entre 1 - 3 mm 53 (± 17,0) 74,9 (± 17,2) 0,01<br />

% de sítios com PBS entre 4-6 mm 40,4 (± 13,8) 22,1 (± 15) 0,01<br />

% de sítios com PBS=7 mm 6,9 (± 7,7) 3 (± 2,7) 0,09<br />

% de sítios com PBS entre 4-6 mm 44 (± 12) 32,3 (± 19,8) 0,08<br />

% de sítios com PBS=7 mm 11,1 (± 9,6) 6,5 (± 5,9) 0,1<br />

Colesterol total (mg/dl) 200,5 (± 44,2) 191,9 (± 32,9) 0,3<br />

Triglicerídeos (mg/dl) 83,4 (± 31,4) 127,6 (± 72,9) 0,06<br />

Tabela 1 – Número de dentes e sítios, porcentagem de sítios com Índice de Placa (IP), Índice Gengival (IG), Profundidade de Bolsa à Sondagem (PBS) de 1 à 3mm, 4 e 6mm, e ≥ 7mm, porcentagem<br />

de sítios com Nível de Inserção (NI) de 4 à 6mm , ≥ 7mm, e dados hematológicos iniciais e pós-tratamento (30dias) (n=8).<br />

DISCUSSÃO<br />

A dislipidemia, doença metabólica caracterizada por<br />

níveis elevados ou anormais de lipídios e/ou lipoproteínas no<br />

sangue, frequentemente acompanha infecções e doenças<br />

inflamatórias. Pacientes portadores de periodontite tendem<br />

a apresentar uma dislipidemia, identificada por um HDL<br />

mais baixo e LDL mais alto, quando comparados a controles<br />

periodontalmente saudáveis (Nibali et al., 2007). Neste<br />

trabalho não foram observadas diferenças significativas (P<br />

> 0,05) nos níveis de colesterol total e triglicerídeos entre<br />

pacientes portadores de periodontite. Por outro lado, estudos<br />

mostram que indivíduos que apresentam dislipidemia possuem<br />

valores maiores de profundidade de bolsa, nível de inserção<br />

e sangramento a sondagem (Fentoglu et al., 2009). Altos<br />

níveis de triglicerídeos também estão associados a uma maior<br />

prevalência de periodontite em pacientes idosos não fumantes<br />

(Izumi et al., 2009). Apesar dessas informações, Machado<br />

et al., (2005) observaram que, independente da severidade<br />

da doença periodontal, não existe correlação significativa<br />

entre esta patologia e a dislipidemia. Esta discrepância de<br />

dados, segundo esses autores, justifica-se pela dificuldade<br />

metodológica associada a um grande número de variáveis<br />

envolvidas, como hábitos de alimentação, atividade física,<br />

condições sócio-econômicas, obesidade, idade e estresse.<br />

Também, segundo Loesche et al., (2000) a complexidade do<br />

metabolismo de lipídios e a variedade de seus parâmetros<br />

contribuem para a diversidade de resultados.<br />

Infecções agudas são conhecidas por interferirem no<br />

metabolismo de lipídios e triglicerídeos plasmáticos, (Alvarez<br />

C. et al., 1986). Indivíduos que apresentam infecções severas<br />

possuem aumento nos níveis de lipídios, quando comparados<br />

aos controles saudáveis. A dislipidemia observada em<br />

pacientes com infecções causadas por bactérias não pode<br />

ser explicada por nenhuma característica especial quanto<br />

ao estado clínico do paciente (Gallin et al., 1969). A doença<br />

periodontal destrutiva e sua progressão também estão<br />

associadas aos componentes séricos presentes na resposta<br />

de fase aguda (Craig et al., 2003). D´Aiuto et al., (2005)<br />

mostraram que a periodontite é capaz de causar inflamação<br />

sistêmica moderada em indivíduos sistemicamente saudáveis.<br />

Durante a periodontite, a presença de patógenos<br />

subgengivais provoca uma resposta inflamatória local<br />

representada pela formação de um infiltrado inflamatório<br />

crônico caracterizado por exudato e migração de um<br />

grande número de leucócitos que fazem parte da primeira<br />

linha de defesa do hospedeiro. Essa resposta inflamatória<br />

é ampliada pela produção de citocinas pró-inflamatórias e<br />

prostaglandinas. A liberação dessas substâncias na circulação<br />

sanguínea estimula maior recrutamento de mediadores<br />

46


R. Periodontia - 21(1):43-48<br />

inflamatórios e leucócitos para o sítio da infecção, induzem<br />

alterações no metabolismo de lipídios, como aumento de<br />

LDL e de triglicerídeos, da lipogênese hepática e da lipólise<br />

do tecido adiposo ou reduzem “limpeza” sanguínea (Iacopino<br />

et al., 2000).<br />

Alvarez C. et al., (1986) mostraram que níveis de colesterol<br />

total, LDL e HDL diminuem durante as infecções virais e<br />

bacterianas podendo estar relacionados ao aumento da<br />

permeabilidade vascular durante o processo inflamatório.<br />

Em contrapartida, Sammalkorpi et al., (1988) demonstram<br />

que muitas vezes essas alterações estão mais associadas<br />

a severidade da infecção do que aos agentes infecciosos<br />

propriamente ditos. Katz et al., (2002) observaram que<br />

níveis de colesterol total e LDL são mais altos em pacientes<br />

com periodontite, quando comparados aos pacientes com<br />

periodonto saudável, enquanto que Machado et al., (2005)<br />

não observaram diferença significativa entre concentrações<br />

de colesterol total, triglicerídeos, HDL e LDL entre indivíduos<br />

saudáveis e com periodontite. Por outro lado, na periodontite<br />

o recrutamento de leucócitos polimorfonucleares estimulado<br />

pelos LPS de Porphyromonas gingivalis poderá elevar as<br />

taxas de triglicerídeos, capazes de modular a produção de<br />

IL- 1β (Cutler et al., 1999). Katz et al., (2002) demonstraram<br />

associação entre níveis de lipídios sanguíneos, presença de<br />

bolsas periodontais e altos níveis de triglicerídeos.<br />

Uma forte associação estatística positiva entre a existência<br />

de bolsas periodontais e níveis de lipídios plasmáticos<br />

suportam a ligação entre o aumento da prevalência da<br />

mortalidade cardiovascular entre pacientes com doença<br />

periodontal (Katz et al., 2002). Do mesmo modo, pacientes<br />

com doença coronária apresentam altos níveis de colesterol<br />

sanguíneo, associados à inflamação periodontal crônica e a<br />

aterosclerose (Katz et al., 2001). Apesar dessas afirmações,<br />

têm-se obser vado que em alguns casos de doença<br />

coronária existem valores mais baixos ou insignificantes<br />

de HDL, LDL, triglicerídeos e pressão sanguínea quando<br />

comparados aos controles saudáveis (Machado et al.,<br />

2005). Por outro lado, elevação nas taxas de colesterol total<br />

e triglicerídeos, caracterizando o processo de dislipidemia,<br />

poderá estar associado à periodontite em indivíduos<br />

saudáveis, aumentando o risco para doença cardiovascular<br />

(Löesche et al., 2000). Ainda existem dúvidas se a doença<br />

periodontal pode provocar um aumento da dislipidemia ou se<br />

a doença periodontal e a doença cardiovascular compartilham<br />

a dislipidemia como um fator de risco em comum (Löesche<br />

et al., 2000).<br />

A melhora da saúde periodontal através de tratamento<br />

poderá não influenciar nos níveis de marcadores vasculares,<br />

como as IL-6 e IL-8 (Ide M et al., 2003). Todavia, D’Aiuto et<br />

al., (2005) observaram redução nos níveis de IL-6 e Proteína<br />

C Reativa (PCR) em pacientes sob tratamento comparados<br />

a controles sem tratamento. A terapia periodontal poderá<br />

provocar decréscimo nas taxas de colesterol total e LDL em<br />

grupo de pacientes com periodontite crônica severa quando<br />

seus valores iniciais e pós-tratamento são comparados.<br />

Oz et al. (2007), no entanto mostraram que o tratamento<br />

periodontal não exerceu influência significativa (P > 0,05) nos<br />

níveis de colesterol total e triglicerídeos entre as fases pré e<br />

pós – tratamento, apesar da melhora dos parâmetros clínicos<br />

periodontais (P< 0,05).<br />

Considerando a diversidade dos poucos estudos<br />

desenvolvidos, assim como diferentes hábitos de alimentação<br />

e populações estudadas, novas pesquisas são necessárias<br />

para estabelecer as reais mudanças sistêmicas causadas pela<br />

periodontite, em especial sobre o metabolismo de lipídios<br />

(Machado et al., 2005).<br />

CONCLUSÃO<br />

Através desses resultados, observou-se que neste grupo<br />

de pacientes portadores de periodontite crônica generalizada<br />

o tratamento periodontal não cirúrgico não exerceu influência<br />

sobre o perfil lipídico.<br />

ABSTRACT<br />

Chronic periodontitis, has been associated to systemic<br />

changes, including dyslipidemia, which is directly related to<br />

atherosclerosis. The purpose of this study was to develop a<br />

master plan for future research about the influence of nonsurgical<br />

periodontal treatment on the lipid profile of patients<br />

with chronic periodontitis. Eight subjects (5 women and 3<br />

men) with a mean age of 49.5 years. Clinical examinations<br />

were performed for evaluation of Plaque Index (PI), Gingival<br />

Index (GI), Pocket Probing Depth (PPD) and Attachment<br />

Level (AL). We also collected blood samples for checking<br />

total cholesterol and triglycerides before and after 30 days<br />

of basic therapy. By analyzing data, there were no significant<br />

changes in total cholesterol (P=0.3) and triglycerides (P=0.06),<br />

despite improvement in clinical parameters, concluding that<br />

in this group of patients, lipid profile was not influenced by<br />

periodontal treatment.<br />

UNITERMS: chronic periodontitis, lipid profile.<br />

47


R. Periodontia - 21(1):43-48<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Gabriela G. de Moraes<br />

E-mail: moraesgabriela36@yahoo.com.br<br />

48


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

REDUÇÃO DO ÍNDICE DE CÁLCULO SUPRAGENGIVAL:<br />

DENTIFRÍCIO ANTICÁLCULO VERSUS DENTIFRÍCIO<br />

CONVENCIONAL<br />

Reduction in supragingival calculus index: anti-calculus dentifrice versus conventional dentifrice<br />

Bruna de Carvalho Farias 1 , Felipe Bravo Machado de Andrade 1 , Valma Maria Lins Gondim 2 , Renata de Souza Coelho Soares 3 ,<br />

Estela Santos Gusmão 4 , Renata Cimões 5<br />

RESUMO<br />

O presente estudo clínico randomizado simples-cego,<br />

analisou um dentifrício anticálculo a base de pirofosfato<br />

tetrassódico comparado a um dentifrício convencional. O<br />

estudo foi realizado em 26 participantes, de ambos os sexos<br />

os quais apresentavam cálculo supragengival em todos os<br />

dentes anteriores inferiores registrado pelo índice de Volpe et<br />

al (1965). Os participantes foram divididos em dois grupos:<br />

teste e controle. Após registro do índice de cálculo, os<br />

indivíduos receberam tratamento periodontal convencional,<br />

orientação de higiene bucal quanto ao uso do fio dental<br />

e do dentifrício (2 escovações diárias) por um período de<br />

16 semanas, e alertados quanto à proibição da utilização<br />

de outros métodos de higiene no decorrer do estudo.<br />

Não se observou diferença estatisticamente significante<br />

entre o dentifrício anticálculo e o dentifrício controle sob<br />

as condições experimentais aplicadas no presente estudo.<br />

Portanto, pode-se inferir que a concentração do pirofosfato<br />

tetrassódico no dentifrício experimental avaliado não foi<br />

suficiente para obter benefícios significativos na redução<br />

do acúmulo de cálculo supragengival.<br />

UNITERMOS: cálculos dentários, dentifrícios. R<br />

Periodontia 2011; 21:49-54.<br />

1<br />

Doutorando(a) em Odontologia UFPE<br />

2<br />

Especialista em Periodontia UFPE<br />

3<br />

Profa. Adjunto Doutora de Periodontia na UFPB<br />

4<br />

Profa. Adjunto Doutora do Depto. Medicina Oral FOP-UPE<br />

5<br />

Profa. Adjunto Doutora do Depto. Prótese e Cirurgia Buco Facial UFPE<br />

Recebimento: 24/01/11 - Correção: 04/02/11 - Aceite: 23/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

A doença periodontal tem como agente etiológico<br />

de maior determinação para o seu desenvolvimento<br />

uma microbiota bacteriana periodontopatogênica<br />

aderida à superfície dentária, denominada biofilme<br />

dental. A presença constante deste biofilme<br />

normalmente sofre um processo de calcificação ou<br />

mineralização, formando o cálculo ou tártaro dentário,<br />

que assim como o biofilme pode ser localizado acima<br />

(supragengival) ou abaixo (subgengival) da margem<br />

gengival (Addy & Moran, 1997; Lang et al 2005).<br />

Existem várias teorias explicativas e sugestivas<br />

de como ocorre o processo de mineralização ou<br />

calcificação, sendo os mais conhecidos: o núcleo inicial<br />

de mineralização e o crescimento do cristal, onde a<br />

nucleação do cálcio e fosfato pode ser homogênea<br />

(ocorre em condições experimentais) ou heterogênea<br />

que ocorre dentro das variáveis biológicas do processo<br />

de calcificação, com o biofilme dental formando o<br />

ambiente para que a nucleação dos cristais de fosfato<br />

de cálcio ocorra (Roberts-Harry & Clerehugh, 2004).<br />

O diagnóstico do cálculo supragengival é<br />

realizado por meio da inspeção visual e através da<br />

sondagem clínica. Os depósitos são mais prevalentes<br />

49


R. Periodontia - 21(1):49-54<br />

e próximos aos ductos excretores das glândulas salivares<br />

parótidas, sublinguais e submandibulares, estando, portanto,<br />

com mais frequência nas superfícies linguais dos dentes<br />

anteriores inferiores e vestibulares dos molares superiores. Sua<br />

quantificação para efeito de controle clínico e para pesquisas<br />

é realizada por meio de vários índices, sendo, no entanto, o<br />

índice de cálculo de Volpe et al (1965), o mais empregado<br />

nas pesquisas epidemiológicas e clínicas.<br />

Normalmente, os dentifrícios são utilizados em<br />

combinação com a escovação dentária com o objetivo<br />

de facilitar a remoção do biofilme dental, e como agentes<br />

preventivos e terapêuticos. Existem no mercado várias marcas<br />

de dentifrícios especificados como anticálculo, onde é incluído<br />

nas suas formulações vários agentes, sendo o principal<br />

elemento o pirofosfato monofásico e de dupla fase.<br />

De acordo com as pesquisas estas substâncias são<br />

capazes de inibir a nucleação e o crescimento de cristais de<br />

fosfato de cálcio, em torno de 15 a 50% (Yiu & Wei, 1993;<br />

Sowinski, 2000; Liu et al, 2002; LeGeros, 2003; Van der<br />

Weijden et al, 2005).<br />

A presente pesquisa teve como objetivo testar um<br />

dentifrício anticálculo a base de pirofosfato, a fim de verificar<br />

a ação do mesmo num período experimental de 30, 60 e 90<br />

dias, comparativamente a um dentifrício convencional.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A pesquisa foi realizada em 26 pacientes, sendo 10 do<br />

sexo masculino e 16 do sexo feminino, cuja faixa etária variou<br />

de 13 a 50 anos, inscritos para tratamento na clínica do curso<br />

de Especialização em Periodontia da Universidade Federal de<br />

Pernambuco (UFPE). A presente pesquisa foi aprovada pelo<br />

Comitê de Ética da UPE parecer nº 032/05.<br />

O critério de inclusão estabelecido pela pesquisa foi que<br />

os pacientes deveriam apresentar todos os dentes anteriores<br />

inferiores com presença de cálculo supragengival na região<br />

lingual, registrado pelo índice de Volpe et al (1965). Foram<br />

excluídos os pacientes que apresentavam doença sistêmica;<br />

estavam fazendo uso de qualquer tipo de medicação<br />

sistêmica; pacientes fumantes; fazendo uso de antissépticos<br />

bucais e dentifrícios medicamentosos; respiradores bucais;<br />

que usavam aparelho ortodôntico fixo; que apresentavam<br />

alterações nos níveis dos hormônios sexuais (menopausa);<br />

estavam em período gestacional, e os que tinham nos dentes<br />

restaurações e coroas protéticas.<br />

O índice determinado para esta pesquisa teve como<br />

princípio de diagnóstico a realização da medição do cálculo<br />

supragengival com uma sonda periodontal milimetrada, em<br />

três sítios da superfície lingual, ou seja: médio lingual, mésio<br />

lingual, disto lingual, nos dentes anteriores inferiores. Após<br />

a obtenção das medidas em milímetros, correspondentes a<br />

cada dente, essas foram somadas entre si, obtendo-se o total<br />

de cálculo da área examinada.<br />

Após determinação das medidas, todos os pacientes<br />

receberam raspagem e alisamento da região com raspadores<br />

manuais e em seguida polimento dental, considerando<br />

o momento “zero”, que se deu início ao experimento.<br />

Receberam orientação para realizar 2 escovações diárias<br />

(manhã e noite) com os correspondentes dentifrícios (teste<br />

e controle), por um minuto e utilizar o fio dental na mesma<br />

frequência da escovação. Todos os participantes receberam<br />

um kit contendo uma escova dentária, marca Colgate<br />

Professional®, cabeça pequena com cerdas macias, dois<br />

dentifrícios, respectivos a cada grupo e um estojo de fio dental<br />

com 100 metros. Foram instruídos, através de demonstração,<br />

em relação à quantidade de dentifrício a ser utilizada, que<br />

correspondeu ao comprimento das cerdas, e receberam<br />

orientações prática de como realizar a escovação.<br />

O dentifrício teste Máxima Proteção Anticáries®<br />

(Colgate) tinha como composição: 1450 ppm de Flúor,<br />

Carbonato de Cálcio, Lauril Sulfato de Sódio, Sacarina<br />

Sódica, Pirofosfato Tetrassódico, Silicato de Sódio, Sorbitol,<br />

Carboximetilcelulose, Metilparabeno, Propilparabeno, Aroma,<br />

Água e Monofluorfosfato. Já o dentifrício controle Tripla<br />

Ação® (Colgate) era composto de: 1,1% de Monofluorfosfato<br />

de Sódio, Água, Carbonato de Cálcio, Sorbitol, Lauril Sulfato de<br />

Sódio, Sabor, Goma de Celulose, Silicato de Sódio, Bicarbonato<br />

de Sódio, Sacarina Sódica, Goma Xantan, Metilparabeno.<br />

Os 26 participantes foram divididos equitativamente<br />

em dois grupos, assim distribuídos: grupo teste com 13<br />

participantes que utilizaram o dentifrício anticálculo duas vezes<br />

ao dia, por um período de 30, 60 e 90 dias; grupo controle<br />

com 13 participantes que utilizaram o dentifrício convencional<br />

obedecendo aos mesmos critérios do experimental.<br />

Os dados obtidos de cada mensuração através do índice<br />

foram submetidos a testes estatísticos (análise descritiva e<br />

inferencial). Para análise dos dados foram obtidas distribuições<br />

absolutas e percentuais e as medidas estatísticas: média,<br />

mediana, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo.<br />

Utilizou-se os testes t-Student com variâncias iguais ou<br />

desiguais, F (NOVA) para medidas repetidas incluindo<br />

as correções dos graus de liberdade Greenhouse-Geiser,<br />

e no caso da comprovação de diferenças significantes<br />

entre os tempos de avaliação foram utilizados os testes<br />

de comparações pareadas de Bonferroni. A verificação da<br />

hipótese de igualdade de variância foi realizada através do<br />

teste F de Levene. O nível de significância utilizado nos testes<br />

foi de 5%.<br />

50


R. Periodontia - 21(1):49-54<br />

RESULTADOS<br />

Foi constatado no presente estudo que a maioria dos<br />

participantes era do sexo feminino, sendo mais prevalente<br />

em ambos os grupos, embora mais elevado no grupo teste<br />

(69,2%) do que no grupo controle (53,8%). As médias de idade<br />

foram aproximadas entre os dois grupos (35,15) e (36,23),<br />

respectivamente.<br />

Na Tabela 1 apresenta-se a média e o desvio padrão do<br />

acúmulo de cálculo supragengival por superfície, por grupo e<br />

tempo de avaliação e os resultados dos testes comparativos<br />

entre: os grupos para cada superfície e tempo de avaliação;<br />

entre os tempos de avaliação para cada grupo e superfície.<br />

A maior diferença entre as médias de cada superfície e do<br />

tempo de avaliação ocorreu na avaliação inicial da superfície<br />

disto lingual com valor 0,12 mais elevado no grupo teste do<br />

que no grupo controle (1,13 x 1,01), não se comprovando<br />

diferença significante entre os grupos para nenhuma das<br />

superfícies e os tempos de avaliações. A média foi mais elevada<br />

em cada um dos grupos e das superfícies no período da<br />

avaliação inicial do que nas demais avaliações, sendo menos<br />

elevada na avaliação com 30 dias, seguido da avaliação com<br />

60 dias e 90 dias. Comprovou-se diferença significante entre<br />

os tempos de avaliação para cada uma das superfícies e<br />

grupos e pelos testes de comparações pareadas de Bonferroni,<br />

observou-se diferença significante entre: a avaliação inicial<br />

com cada uma das avaliações e entre a avaliação de 30<br />

dias com a avaliação de 90 dias na superfície médio lingual<br />

do grupo teste; entre a avaliação inicial com cada uma das<br />

avaliações nas superfícies mésio lingual e disto lingual do<br />

grupo teste; e entre a avaliação inicial e final com cada uma<br />

das outras duas avaliações do grupo controle em cada uma<br />

das superfícies pesquisadas.<br />

Tabela 1<br />

Média e desvio padrão do acúmulo de cálculo supragengival por avaliação e grupo, segundo a superfície dentária.<br />

Grupo<br />

Superfície Avaliação Teste Controle Valor de p<br />

Média ± DP<br />

Média ± DP<br />

Médio lingual Inicial 1,08 ± 1,58 (A) 1,13 ± 1,05 (A) p(1) = 0,789<br />

30 dias 0,39 ± 0,94 (B) 0,40 ± 0,59 (B) p(1) = 0,959<br />

60 dias 0,46 ± 0,98 (BC) 0,44 ± 0,59 (B) p(1) = 0,882<br />

90 dias 0,51 ± 1,05 (C) 0,53 ± 0,61 (C) p(1) = 0,889<br />

Valor de p p (3) < 0,001* P (3) < 0,001*<br />

Mésio lingual Inicial 1,21 ± 1,43 (A) 1,17 ± 1,16 (A) p(2) = 0,853<br />

30 dias 0,35 ± 0,59 (B) 0,35 ± 0,55 (B) p(2) = 1,000<br />

60 dias 0,41 ± 0,63 (B) 0,40 ± 0,53 (B) p(1) = 0,945<br />

90 dias 0,47 ± 0,71 (B) 0,49 ± 0,53 (C) p(2) = 0,899<br />

Valor de p p (3) < 0,001* P (3) < 0,001*<br />

Disto lingual Inicial 1,13 ± 1,49 (A) 1,01 ± 1,07 (A) p(1) = 0,5795<br />

30 dias 0,29 ± 0,58 (B) 0,33 ± 0,59 (B) p(2) = 0,6815<br />

60 dias 0,35 ± 0,66 (B) 0,38 ± 0,59 (B) p(2 = 0,7489<br />

90 dias 0,40 ± 0,76 (B) 0,49 ± 0,56 (C) p(1) = 0,4349<br />

Valor de p p (3) < 0,001* p (3) < 0,001*<br />

(*): Diferença significante a 5,0%.<br />

(1): Através do teste t-Student com variâncias desiguais.<br />

(2): Através do teste t-Student com variâncias iguais.<br />

(3): Através do teste F(ANOVA) para medidas repetidas.<br />

Obs. Se as letras entre parêntesis são todas distintas existe diferença significante entre os tempos de avaliação correspondentes em cada grupo através do teste de Bonferroni.<br />

51


R. Periodontia - 21(1):49-54<br />

A média do acúmulo de cálculo supragengival mais<br />

elevada ocorreu na avaliação inicial, enquanto a menos<br />

elevada foi observada na avaliação com 30 dias. Houve um<br />

aumento no valor da média da avaliação de 30 para 60 dias<br />

e de 60 para 90 dias. A maior diferença no valor da média<br />

entre os grupos ocorreu na avaliação com 90 dias com valor<br />

0,12 mais elevado no grupo controle (1,38 no grupo teste<br />

e 1,50 no grupo controle), entretanto não se comprovou<br />

diferença estatisticamente significante entre os grupos para<br />

nenhuma das avaliações. Observou-se diferença significante<br />

entre os tempos de avaliação em cada um dos grupos,<br />

assim como também se verificou diferença no grupo teste<br />

entre a avaliação inicial com cada uma das avaliações e<br />

entre a avaliação de 30 com de 90 dias. No grupo controle,<br />

com exceção das avaliações de 30 e de 60 dias, observouse<br />

diferença estatisticamente significante entre as demais<br />

avaliações (Tabela 2).<br />

Tabela 2<br />

Média e desvio padrão do acúmulo de cálculo supragengival por avaliação e grupo.<br />

Grupo<br />

Avaliação Teste Controle Valor de p<br />

Média ± DP<br />

Média ± DP<br />

Inicial 3,41 ± 4,41 (A) 3,31 ± 3,08 (A) P(1) = 0,8748<br />

30 dias 1,03 ± 1,96 (B) 1,08 ± 1,60 (B) P(2) = 0,8558<br />

60 dias 1,22 ± 2,10 (BC) 1,22 ± 1,55 (B) P(1) = 0,9827<br />

90 dias 1,38 ± 2,32 (C) 1,50 ± 1,52 (C) P(1) = 0,7144<br />

Valor de p p (3) < 0,001* p (3) < 0,001*<br />

(*): Diferença significante a 5,0%.<br />

(1): Através do teste t-Student com variâncias desiguais.<br />

(2): Através do teste t-Student com variâncias iguais.<br />

(3): Através do teste F(ANOVA) para medidas repetidas.<br />

Obs. Se as letras entre parêntesis são todas distintas existe diferença significante entre os tempos de avaliação correspondentes em cada grupo através do teste de Bonferroni.<br />

DISCUSSÃO<br />

A formação do cálculo dental supragengival é<br />

consequência da mineralização ou calcificação do biofilme<br />

dental com participação de vários elementos, acrescido, ainda<br />

pela saliva (Lang et al, 2005). Destacam-se os componentes<br />

orgânicos e inorgânicos, onde os principais inorgânicos são o<br />

fosfato de cálcio e a hidroxiapatita (LeGeros, 2003).<br />

Agentes anticálculo (pirofosfato, triclosan, citrato de<br />

zinco) estão sendo incorporados aos dentifrícios comerciais<br />

para controlar o cálculo supragengival. A hipótese testada<br />

por LeGeros (2003) afirma que estes agentes não inibem<br />

totalmente a sua formação, no entanto podem afetar<br />

a composição do componente inorgânico do cálculo.<br />

A relevância desta alteração composicional é que pode<br />

afetar tanto a solubilidade como a estabilidade do mesmo.<br />

Os benefícios obtidos com o uso frequente de dentifrício<br />

anticálculo vão além da redução da sua formação, uma<br />

vez que auxiliam o profissional durante o ato da raspagem,<br />

diminuindo o número de movimentos e a força aplicada<br />

(White et al, 1996a) .<br />

Na revisão sistemática realizada por Netuvelli & Sheiham<br />

(2004), observou-se que dentifrícios anticálculo podem ter<br />

variação na sua efetividade dependendo do seu agente ativo<br />

e de sua concentração.<br />

Nesta pesquisa comparou-se a eficácia na redução da<br />

formação do cálculo supragengival do dentifrício Máxima<br />

Proteção Anticáries® (Colgate), contendo o pirofosfato<br />

tetrassódico, com a do dentifrício Tripla Ação® (Colgate),<br />

apenas com o flúor, onde os mesmos apresentaram um<br />

padrão semelhante de atuação na redução dos índices de<br />

cálculo inicial e final.<br />

A menor média de redução em cada grupo foi registrada<br />

na avaliação de 30 dias, ocorrendo em seguida um aumento<br />

no valor médio de 30 para 60 dias e de 60 para 90 dias. O<br />

procedimento de raspagem realizado na primeira fase da<br />

pesquisa, juntamente com a orientação de higiene bucal<br />

dada aos pacientes e a efetivação desta pelos mesmos neste<br />

período, pode explicar a significativa queda no índice após<br />

o período de 30 dias. Entretanto, com o prosseguimento<br />

do estudo não se observou continuidade na diminuição do<br />

acúmulo de cálculo nas avaliações com 60 e 90 dias, podendo<br />

52


R. Periodontia - 21(1):49-54<br />

este fato estar associado à dificuldade de manutenção do<br />

padrão ideal de higiene bucal pelos pacientes com o passar<br />

do tempo.<br />

Assim como Cohen et al (1994), os quais compararam<br />

o dentifrício à base de nitrato de potássio a 5%, pirofosfato<br />

a 1,3% solúvel e 1,5% de copolímero com o dentifrício com<br />

0,243% fluoreto de sódio e sílica, diversos outros autores<br />

comprovaram a eficácia da atividade anticálculo dos dentifrícios<br />

à base de pirofosfato: Banoczy et al (1995) analisaram o<br />

dentifrício com pirofosfato a 1,3% solúvel com outro apenas<br />

com flúor; Bollmer et al (1995) utilizaram o dentifrício com<br />

3,3% de pirofosfato comparado a um convencional apenas<br />

com flúor; White et al (1996a) compararam o pirofosfato a<br />

5% com o 5% de pirofosfato e 0,28% de triclosan e ainda<br />

com um terceiro dentifrício apenas com flúor; White et<br />

al (1996b) estudaram o dentifrício com pirofosfato a 5%<br />

e outro contendo a associação de 1,3% de pirofosfato e<br />

1,5% copolímero gantrex; Liu et al (2002) compararam o<br />

hexametafosfato de sódio a 7% com um dentifrício apenas<br />

com flúor e outro com triclosan. Apesar dos estudos descritos<br />

terem obtidos resultados significantes quanto à eficácia dos<br />

dentifrícios à base de pirofosfato, na presente pesquisa não<br />

se verificou diferenças estatisticamente significantes, quanto<br />

ao uso do dentifrício Máxima Proteção Anticáries, contendo<br />

pirofosfato tetrassódico, com a utilização do dentifrício Tripla<br />

Ação, com apenas flúor.<br />

A não efetividade significativa entre os dois dentifrícios<br />

empregados nesta pesquisa conduz a uma análise quanto<br />

às variáveis: ausência da concentração do agente ativo<br />

(pirofosfato tetrassódico) descrita na embalagem do dentifrício<br />

teste e a adequação do tempo de uso do mesmo. A literatura<br />

relata que os dentifrícios mais efetivos possuem maior<br />

concentração de pirofosfatos (7%, 5%, 3,3%), assim como<br />

os que contêm associação do pirofosfato com o copolímero<br />

(Gantrex), e que o benefício aumenta com um período mais<br />

prolongado de uso (6 a 12 meses) (Liu et al, 2002; Netuveli<br />

& Sheiham, 2004).<br />

Diante das análises realizadas neste estudo, pode-se<br />

inferir que a concentração do pirofosfato tetrassódico no<br />

dentifrício experimental avaliado, provavelmente não foi<br />

significativo, comparativamente a literatura pesquisada,<br />

para obter benefícios na redução do acúmulo de cálculo<br />

supragengival. Além disso, sugere-se que a manutenção do<br />

padrão de higiene bucal realizada pelos participantes, pode<br />

ter sido falha ao longo da pesquisa, variável esta de extrema<br />

importância na obtenção dos resultados, quando se exige um<br />

autocontrole efetivo do biofilme dental e consequentemente<br />

do cálculo dentário.<br />

CONCLUSÃO<br />

Através do presente estudo pode-se concluir:<br />

Os índices iniciais de cálculos foram semelhantes nos<br />

dois grupos com a média de 3,4 no grupo teste e 3,3 no<br />

grupo controle;<br />

Não houve interferência das variáveis sexo e idade,<br />

entre os grupos, nos resultados obtidos, em ambos houve<br />

a prevalência do sexo feminino e a média de idade foi de 30<br />

anos;<br />

Não se verificou diferença significante entre os dentifrícios<br />

anticálculo e convencional nos períodos avaliados.<br />

ABSTRACT<br />

The present single-blind, randomized clinical study,<br />

analyze a commercially avaliable anti-calculus dentifrice,<br />

containig tetrasodium pyrosphosphate, in contrast with<br />

another conventional dentifrice. The study was conducted on<br />

26 adults subjects, from both sexes that showed supragingival<br />

calculus on all their anterior mandibular teeth quantified<br />

by the Volpe et al (1965). The subject was divided in two<br />

groups, test and control. After recording calculus index, the<br />

subject received conventional periodontal treatment, as well<br />

instruction about the use of dental floss and the dentifrice<br />

(twice daily) for a period of 16 weeks, and also was forbidden<br />

to use any other hygiene method during the study. There<br />

was no statistically significant difference between anticalculus<br />

dentifrice and control dentifrice under experimental conditions<br />

and the period of this study. It was concluded that the<br />

tetrasodium pyrophosphate concentration may be not<br />

enough to provide a significant reduction on the accumulation<br />

of supragingival calculus.<br />

UNITERMS: dental calculus, dentifrices.<br />

Declaração de conflitos de interesse e fomento:<br />

Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse<br />

e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />

53


R. Periodontia - 21(1):49-54<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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and its reproducibility. J Periodontol 1965;36:292.<br />

2- Addy M, Moran JM. Clinical indications for the use of chemical adjuncts<br />

to plaque control. Periodontol 2000 1997;15:52-3.<br />

3- Lang NP, Mombelli A, Attström R. Placa e cálculo dentais. In: Lindhe<br />

J, Lang NP, Karring T. Tratado de periodontia clínica e implantologia<br />

oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005 .p.81-104.<br />

4- Roberts-Harry EA, Clerehugh V. Subdingival calculus: where are now?<br />

A comparative review. J Dentistry 2004;28:93-102.<br />

5- Yiu CK, Wei SH. Clinical efficacy of dentifrices in the control of calculus,<br />

plaque, and gingivitis. Quintessence Int 1993;24(3):181-8.<br />

6- Sowinski J, Battista G, Petrone DM, Petrone ME, DeVizio W, Volpe<br />

AR, et al. A twelve-week clinical comparison of two tartar control<br />

dentifrices. J Clin Dent 2000;11(3):76-9.<br />

7- Liu H, Segreto VA, Baker RA, Vastola KA, Ramsey LL, Gerlach<br />

RW. Anticalculus efficacy and safety of novel whitening dentifrice<br />

containing sodium hexametaphosphate: A controlled six-month clinical<br />

trial. J Clin Dent 2002;13(1):25-8.<br />

8- LeGeros RZ. Dental calculus composition following use of essential-oil/<br />

ZnCl2 mouthrinse. Am J Dent 2003;16(3):155-60.<br />

9- Van der Weijden F, Echeverría JJ, Sanz M, Lindhe J. Controle mecânico<br />

da placa supragengival. In: Lindhe J, Lang NP, Karring T. Tratado de<br />

periodontia clínica e implantologia oral. Rio de Janeiro: Guanabara<br />

Koogan; 2005. p.435-49.<br />

10- White DJ, Bollmer BW, Baker RA, Cox ER, Perlich MA, McClanahan SF,<br />

et al. Quanticalc assessment of the clinical scaling benefits provided<br />

by pyrophosphate dentifrices with and without triclosan. J Clin Dent<br />

1996a;2(2):46-9.<br />

11- Netuveli GS, Sheiham A. A systematic review of the effectiveness of<br />

anticalculus dentifrices. Oral Health Prev Dent 2004;2(1):49-58.<br />

12- Cohen S, Schiff T, McCool J, Volpe A, Petrone ME. Anticalculus efficacy<br />

of a dentifrice containing potassium nitrate, soluble pyrophosphate,<br />

PVM/MA copolymer, and sodium fluoride in a silica base: a welve-week<br />

clinical study. J Clin Dent 1994;5:93-6.<br />

13- Banoczy J, Sari K, Schiff T, Petrone M, Davies R. Anticalculus efficacy<br />

of three dentifrices. Am J Dent 1995;8(4):205-8.<br />

14- Bollmer BW, Sturzenberger OP, Vick V, Grossman E. Reduction<br />

of calculus and Peridex stain with Tartar-Control Crest. J Clin<br />

Dent1995;6(4):185-7.<br />

15- White DJ, McClanahan SF, Lanzalaco AC, Cox ER, Bacca L, Perlich<br />

MA, et al. The comparative efficacy of two commercial tartar control<br />

dentifrices in preventing calculus development and facilitating easier<br />

dental cleanings. J Clin Dent 1996b;7(2):58-64.<br />

Endereço para correspondência:<br />

Bruna de Carvalho Farias<br />

Rua José Aderval Chaves, 264 / 402, Boa Viagem<br />

CEP: 51111-030 - Recife - PE - Brasil<br />

Tel: (81) 3325-1232<br />

E-mail: bruna_farias@hotmail.com<br />

54


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

CLINICAL IMPLICATIONS OF NANOSURFACE<br />

TECHNOLOGY ON CLINICAL SUCCESS AND SURVIVAL<br />

RATE OF SINGLE IMPLANT RESTORATIONS: A REVIEW<br />

Gareth Z. Benic 1 , Andrew Tawse-Smith 2 and Vincent Bennani 3<br />

ABSTRACT<br />

Background: Surface nanofeatures of commercially<br />

available dental implants have been assessed only recently.<br />

Preclinical studies demonstrate a substantial improvement<br />

on the rate and extent of osseointegration for nanosurface<br />

implants compared to their predecessors. However, to our<br />

knowledge few human studies have been conducted to<br />

report on this recently introduced implant surface.<br />

Aim: To review the clinical success and survival rate<br />

of nanosurface single implant restorations by focusing on<br />

human studies using the Nanotite dental implant<br />

Materials and Methods: A search of the main<br />

electronic databases for articles published in the last 10<br />

years was conducted. The present review focussed on<br />

literature involving Biomet3i’s Nanotite implant only, with<br />

the intention to investigate other implant companies in the<br />

near future. Case reports and review articles were discluded.<br />

Results: Out of 302 studies, two were identified to<br />

meet the author’s inclusion criteria. These two studies<br />

described a combined survival rate of 95.3% for 142<br />

Nanotite single tooth dental implants, both for immediately<br />

loaded scenarios. Nanotite implants seem to be a viable<br />

option in implant rehabilitation and perform comparatively<br />

well to other immediately loaded implants with various<br />

surface enhancements.<br />

Conclusion: Nanosurfaced implants, such as Nanotite,<br />

show potential to control the biological activity of the<br />

implant surface but additional human studies with longer<br />

follow-ups are needed to provide more insight into the longterm<br />

clinical outcomes. Standardisation of future implant<br />

studies is also necessary.<br />

UNITERMS: Dental implants; Single-tooth implant;<br />

Nanotechnology. R Periodontia 2011; 21:55-64.<br />

1<br />

Final Year BDS, School of Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />

2<br />

Senior Lecturer, DDS, Cert. Perio, Periodontist, Sir John Walsh Research Institute, School of<br />

Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />

3<br />

Senior Lecturer, DDS, PhD, Prosthodontist, Department of Oral Rehabilitation, Sir John Walsh<br />

Research Institute, School of Dentistry, University of Otago, New Zealand<br />

Recebimento: 02/12/10 - Correção: 26/01/11 - Aceite: 25/02/11<br />

INTRODUCTION<br />

Osseointegration and implant surface<br />

engineering<br />

Osseointegration is defined as the time dependent<br />

healing process whereby clinically asymptomatic<br />

rigid fixation of alloplastic materials is achieved<br />

and maintained in bone during functional loading<br />

(Zarb & Albrektsson 1991). Osseointegration<br />

was originally observed in implants with titanium<br />

surfaces and was considered the consequence of<br />

a foreign body response: the surgical trauma due<br />

to implantation causes a severe oxidative stress<br />

resulting in the overproduction of free radicals and<br />

oxygenated derivatives at the titanium surface. This<br />

leads to the thickening of the titanium dioxide (TiO 2<br />

)<br />

layer of the surface (Dohan Ehrenfest et al. 2010).<br />

Calcium and phosphorus ions from the bone matrix<br />

are then incorporated into the TiO 2<br />

porous layer<br />

making the bone/implant interface highly dynamic<br />

(Dohan Ehrenfest et al. 2010). On the other hand, the<br />

contamination or destruction of the TiO 2<br />

layer results<br />

in the pathological loss of osseointegration, called<br />

peri-implantitis (Mouhyi et al. 2009).<br />

Characteristics of the bone implant interface have<br />

been of particular interest in dental implant research.<br />

55


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

Table 1<br />

1st generation<br />

Techniques for the modification of the implant surface<br />

2nd generation<br />

3rd generation<br />

Enhanced / nano-enhanced<br />

Machined surface<br />

Sand blasted<br />

Titanium plasma sprayed (TPS)<br />

Hydroxyapatite coated<br />

Titanium blasted<br />

Sand blasted and acid etched<br />

Dual acid etched<br />

Electrolyte enhancement<br />

Hydroxyapatite crystal<br />

Genetically enhanced<br />

Recombinant BMP<br />

Different techniques have been attempted to improve the<br />

bone implant interface by modifying implant surfaces with<br />

the aim of accelerating bone healing and improving bone<br />

anchorage to the implant (Albrektsson & Wennerberg 2004a,<br />

Albrektsson & Wennerberg 2004b) (see Table 1).<br />

Typically there have been two different techniques used.<br />

In the first technique, the interface is improved chemically by<br />

incorporating inorganic phases, such as calcium phosphate,<br />

on or into the TiO2 interface layer, which might stimulate<br />

bone regeneration and improve the biochemical interlocking<br />

between bone matrix proteins and surface materials (Coelho<br />

et al. 2009). Incorporation of organic molecules, such as<br />

proteins, enzymes or peptides, to induce specific cell and tissue<br />

responses is a variant of this first approach and is known as<br />

biochemical surface modification (Puleo & Nanci 2009, Morra<br />

2006, Morra 2007, Morra et al. 2009, Bussy et al. 2008, Morra<br />

et al. 2006).<br />

In the second technique, the interface is improved<br />

physically by surface topography. How these surface structures<br />

influence the healing response has until recently been limited<br />

to the millimetre (mm) and micrometre (µm) length scales<br />

(Svanborg et al. 2009). At the micrometre level, the reasoning<br />

for this approach is that a rough surface presents a higher<br />

developed area than a smooth surface, and thus increases<br />

bone anchorage and reinforces the biomechanical interlocking<br />

of the bone with the implant, at least up to a certain level<br />

of roughness (Coelho et al. 2009). Surface nanofeatures of<br />

commercially available dental implants have been assessed<br />

only recently (Svanborg et al. 2009).<br />

What is Nanotopography?<br />

Nanotechnology has been defined as ‘the creation of<br />

functional materials, devices and systems through control<br />

of matter on the nanometer length scale (1–100 nm), and<br />

exploitation of novel phenomena and properties (physical,<br />

chemical, and biological) at that length scale’ (National<br />

Aeronautics and Space Administration). Nanotechnology<br />

involves materials that have a nanosized topography or are<br />

composed of nanosized structures (Junker et al. 2009). All<br />

surfaces show nanotopography, but not all of them have<br />

significant nanosized structures (Dohan Ehrenfest et al.<br />

2010). When describing nanostructures, it is essential to<br />

differentiate between the number of nanoscale dimensions:<br />

smooth, rough (one dimension), patterned/porous/tubes (two<br />

dimensions), particle (three dimensions) (Dohan Ehrenfest<br />

et al. 2010). Nanotextured surfaces have one dimension<br />

at the nanoscale (peak height), which can also appear in<br />

repetitive and homogeneous forms as nanoroughness or<br />

nanorugosity (Bucci-Sabattini et al. 2010). Nanopatterns have<br />

two nanoscale dimensions so the dimensions of the repetitive<br />

pattern are nanometric. Nanoparticles have three nanoscale<br />

dimensions so each of their three spatial dimensions are also<br />

in the nanometre range (Dohan Ehrenfest et al. 2010).<br />

Repetitiveness and homogeneity are key parameters<br />

to define the nanostructure of an implant surface, but<br />

these are difficult to quantify and are considered qualitative<br />

morphological parameters (Dohan Ehrenfest et al. 2010). If<br />

nanostructures are not clearly visible (no patterns, no particles,<br />

insignificant texture) or not homogeneous and repetitive,<br />

the surface is considered as nanosmooth (Dohan Ehrenfest<br />

et al. 2010).<br />

At the nanometre level, the effects on the biological<br />

response are almost entirely unknown for commercially<br />

available implants (Wennerberg & Albrektsson 2010).<br />

Nanofeatures of the most common commercially available<br />

dental implants have been assessed just recently (Svanborg et<br />

al. 2009). A handful of experimental studies have shown that<br />

a change in the nanotopography of an implant surface has a<br />

significant impact on the behaviour of bone cells (Mendonca et<br />

al. 2009, Vetrone et al. 2009, Dalby et al. 2006). It is thought<br />

that a more textured (rough) surface topography increases<br />

the surface energy. A high surface energy increases its<br />

wettability to blood and increases the spreading and binding<br />

of fibrin and matrix proteins (Dohan Ehrenfest et al. 2010). A<br />

more textured surface thus favours bone cell differentiation,<br />

migration, proliferation and attachment. This in turn influences<br />

tissue healing particularly directly after implantation which is<br />

an important part of the osseointegration process (Dohan<br />

56


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

Ehrenfest et al. 2010).<br />

Since previous studies have shown that these<br />

nanostructures can be of importance in the bone healing<br />

process, Svanborg et al. (2009) recently made the first<br />

attempt to characterise commercial oral implants not only<br />

at a micrometer level, which has been standard procedure<br />

up to today, but also at the nanometer level. The authors<br />

investigated whether the surface roughness on the nanometer<br />

level was correlated to the micrometer roughness of the<br />

implants. Their results showed that some of the commercial<br />

implants do have structures in the nanometer range of the<br />

implants investigated (Svanborg et al. 2009).<br />

Although there have been in vitro and in vivo studies<br />

performed on implants marketed as having nanosurface<br />

enhancements, little research has been published on<br />

human studies using these nanophase implants. This has<br />

consequently limited the evidence available to confidently<br />

claim that nanosurface implant performance is superior to<br />

their predecessors. For this reason, the aim of our study is to<br />

review literature that fulfilled the selection criteria.<br />

The present review focussed on literature involving<br />

Biomet3i’s Nanotite implant only, with the intention to<br />

investigate other implant companies in the near future.<br />

It should be noted that selection of the Nanotite implant<br />

as a representation of an implant expressing nanosurface<br />

technology was purely random and that the authors have no<br />

financial interests or associations with this particular company<br />

whatsoever.<br />

MATERIALS AND METHODS<br />

Nanotite<br />

The Nanotite implant is Biomet3i’s (Palm Beach Gardens,<br />

Florida, USA) “new generation” titanium dental implant<br />

that entered the market in the last three to four years. The<br />

complexity of the surface topography is increased through a<br />

Discrete Crystalline Deposition (DCD), a process in which<br />

nano-scale crystals of Calcium Phosphate are added to<br />

about 50% of the Biomet3i’s Osseotite dual acid-etched<br />

surface (Mendes et al, 2009). The Calcium Phosphate<br />

crystals are between 20-100nm in size (Mendes et al, 2009).<br />

Biomet3i’s website (www.Biomet3i.com) state that the<br />

resulting undercuts of the nano-scale crystals act as the main<br />

driving force for “Bone Bonding” by means of a mechanical<br />

interlocking of bone matrix with the Calcium Phosphate crystal<br />

modified implant surface.<br />

Search Methodology<br />

Ovid MEDLINE (2000 through September 2010)<br />

EMBASE (2000 through September 2010)<br />

Cochrane database of systematic review (2000 through<br />

September 2010)<br />

The search for international peer reviewed journal<br />

articles was through the above databases. The search<br />

parameters involved human studies reported in English<br />

and published between the years 2000 and current 2010<br />

(4/9/2010). The following combinations of search terms and<br />

keywords were used: “nanotechnology” OR “nanosurface”<br />

OR “nanostructures” OR “topography” OR “surface coating”<br />

OR “nanotite” OR “Biomet3i” AND “single implant” OR<br />

“single tooth implant” OR “single oral implant” OR “single<br />

dental implant” OR “single implant restoration”. The above<br />

protocol was carried out in order to obtain research articles<br />

on Biomet3i’s Nanotite dental implant used in single implant<br />

cases. As we were searching three different databases, some<br />

articles appeared in more than one database, these are<br />

termed duplicates and were subsequently removed ensuring<br />

articles were not accounted for more than once. The resulting<br />

articles were manually searched.<br />

Furthermore, bibliographies of research articles from<br />

the Biomet3i’s company website were sourced and relevant<br />

articles were manually searched. A further database search<br />

with terms “Biomet3i” OR “Nanotite” was also performed, as<br />

the initial database search was inconclusive (Figure 1).<br />

In addition, the reviewers attempted to contact<br />

corresponding authors, where appropriate, to confirm data<br />

extraction and/or obtain missing data (Figure 1).<br />

Study Selection<br />

The searches were carried out by one author (GB)<br />

independently. All types of study designs were included,<br />

except for case reports because of their lack of quantitative<br />

outcomes (Atieh et al. 2009). Review articles were also<br />

discluded, however their bibliographies were searched for<br />

any potential articles. No further inclusion criteria for study<br />

selection were specified. All duplicates were removed.<br />

Data Abstraction<br />

The following information was retrieved from the selected<br />

studies using a specially designed data template:<br />

• Publication details (title, author(s), journal, year, volume,<br />

issue number, pages)<br />

• Type of study (ie. clinical trial, review)<br />

• Patient details (sex, age)<br />

• Number of implants placed/participants involved<br />

• Details of the surgical approach<br />

• Treatment modality (ie single unit or multi unit restoration)<br />

• Implant diameter<br />

57


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

Figure 1<br />

First Data Search<br />

Database Search A (all fields): EMBASE,<br />

Ovid MEDLINE, Cochrane database of<br />

systematic reviews:<br />

• “single implant” OR<br />

• “single tooth implant” OR<br />

• “single oral implant” OR<br />

• “single dental implant” OR<br />

• “single implant restoration” (895 articles)<br />

Limit by: English Language, Human Year<br />

2000-current (4/9/10), Removing duplicates<br />

(289 articles)<br />

AND<br />

Database Search B (all fields): EMBASE, Ovid<br />

MEDLINE, Cochrane database of systematic<br />

reviews:<br />

• “nanotechnology” OR<br />

• “nanosurface” OR<br />

• “nanostructures OR “topography” OR<br />

• “surface coating” OR “Biomet3i” OR<br />

“Nanotite” (95672 articles)<br />

Limit by: English Language, Human Year<br />

2000-current (4/9/10), unable to remove<br />

duplicates (22913 articles)<br />

Database search A+B<br />

Results=4 articles<br />

<br />

After removing:<br />

- case reports, review articles, non dental articles<br />

- articles focussing on other aspects of the implant system and implant related<br />

procedures (ie abutments, or grafting procedures)<br />

<br />

Database search A+B<br />

Results=0 articles<br />

Data Search A and B were not conclusive, therefore the authors further looked at search results of specific<br />

keywords and one implant company website and performed a second search<br />

Second Data Search<br />

Database search C (all fields): EMBASE, Ovid<br />

MEDLINE, Cochrane database of systematic reviews<br />

“biomet3i” OR “nanotite” (22 articles)<br />

Limit by: English Language, Human Year<br />

2000-current (4/9/10), Removing duplicates<br />

(8 articles)<br />

<br />

After removing:<br />

-case reports, review articles, non dental articles<br />

-articles focussing on other aspects of the implant<br />

system and implant related procedures (ie abutments,<br />

or grafting procedures)<br />

<br />

Database search C<br />

Results= 6 articles<br />

<br />

Reading full articles to confirm they make<br />

the inclusion criteria and omit duplicates<br />

<br />

Database search C+D<br />

Results= 2 Articles<br />

Data search D-Biomet3i company<br />

website<br />

-All references to research on<br />

Nanotite implants<br />

(www.biomet3i.com)<br />

(32 articles)<br />

After removing:<br />

-articles not satisfying inclusion criteria as<br />

set out in methods<br />

<br />

<br />

<br />

Data search D<br />

Results=4 articles<br />

58


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

• Implant location<br />

• Implant length<br />

• Time to loading/placing of the implant<br />

• Implant survival or success rate of treatment groups<br />

• Observation/follow-up period<br />

RESULTS<br />

Out of 302 studies, two were identified to meet the<br />

author’s inclusion criteria. Those two studies describing 142<br />

single tooth implants were included to support a survival rate<br />

of 95.3%, both for immediately loaded scenarios (as shown in<br />

Table 2). Both of these articles were prospective study designs,<br />

furthermore Ostman et al. (2010) is also a one year report of<br />

a multicentre study.<br />

DISCUSSION<br />

Through an extensive search on Nanotite’s current use<br />

in Dentistry only two articles met our inclusion criteria. These<br />

two articles were produced by the same research teams. The<br />

Biomet3i website cited other articles as evidence of the success<br />

with Nanotite surfaces, however under careful scrutiny there<br />

were few human studies available. Of these studies, sample<br />

sizes differed and single tooth replacement information<br />

provided by the authors was limited. Follow up periods were<br />

no greater than one year.<br />

Although somewhat limited in the aforementioned human<br />

studies, the Nanotite implant surface featuring application of<br />

nanometer-scale calcium phosphate, has been shown to<br />

enhance early bone fixation and formation in preclinical and<br />

Table . 2<br />

Characteristics of the studies on the Nanotite (Biomet3i) Implant surface<br />

Characteristic Östman et al. 2010(a) Östman et al. 2010(b)<br />

Study Design Prospective Prospective (multicentre)<br />

No. of implants/<br />

participants<br />

102 implants<br />

355 implants<br />

185 patients<br />

Age (years) NA 51.5 (mean)<br />

Gender NA 56 %F, 46%M<br />

Implant length (mm) 8.5, 10, 11.5, 13,15 8.5, 10, 11.5, 13<br />

Implant diameter<br />

(mm)<br />

4 and 5 4 and 5<br />

Ant Mx-18.4% Ant Mn- 4.7%<br />

Mx-7 single implants<br />

Post.Mx – 26.2% Post Mn- 50.4%<br />

Implant location<br />

Mn-7single implants<br />

(Single implant vs multi-unit implant location<br />

not specified)<br />

Surgical protocol<br />

Modified drill technique<br />

Undersized osteotomies<br />

Different. As 15 different study centres<br />

Treatment modality<br />

Time to loading<br />

/placing of restoration<br />

-Multi-unit restorations (64 implants)<br />

-Single-tooth restorations (14 implants)<br />

-Maxillary full-arch fixed prostheses (24<br />

implants)<br />

Immediate<br />

216 cases<br />

-single tooth restorations (128 cases/<br />

implants)<br />

-multi unit fixed prostheses (88 cases)<br />

Immediate<br />

Observation period 3, 6, 12months 6, 12 months (then yearly for 5 years)<br />

Measurement of<br />

success/survival<br />

Clinically<br />

Radiographically<br />

Clinically<br />

PA’s,<br />

Implant success/<br />

survival rate (%)<br />

NA=not available<br />

99.2% CSR 94.9% CSR<br />

59


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

in human histomorphometric studies (Goene´ et al. 2007,<br />

Orsini et al. 2007), although human histomorphometric data<br />

from prospective, randomised, controlled, double-blind studies<br />

are understandably restricted.<br />

Orsini et al (2007) enrolled 15 patients (mean age: 56.9<br />

years) with partial or full edentulism, who had elected to<br />

receive dental implants to restore their dentition in a study.<br />

One custom-made 2mm by 10mm implant with a DCDmodified<br />

DAE surface (Nanotite) and one implant with only<br />

a DAE surface (Osseotite) was placed in the posterior maxilla<br />

of the 15 patients. After a mean healing time of 7-8 weeks,<br />

implants and surrounding hard and soft tissue were retrieved<br />

by trephine. The mean bone-to-implant contact was 32% for<br />

the Nanotite surfaces and 19% for the Osseotite surfaces and<br />

was statistically significant. The authors concluded that the<br />

DCD treatment increased the osteoconduction of the implant<br />

surface during the first 2 months after the implant was placed.<br />

They also suggested that DCD surface modification can lead<br />

to a shorter healing period once the implant has been placed.<br />

The results of Goene´ et al (2007) are similar to those of<br />

Orsini et al (2007). In a prospective randomised controlled<br />

trial in humans, nine pairs of implants, with the Nanotite or<br />

Osseotite surface, were placed in the posterior maxillae. Three<br />

pairs were retrieved by a trephine with surrounding soft and<br />

hard tissue following 4 weeks of healing, five after 8 weeks of<br />

healing and one pair after 12 weeks of healing. After 4 weeks,<br />

there was no significant difference reported between the<br />

two implant surfaces. After 8–12 weeks the mean bone-toimplant<br />

contact percentages were 45% for Nanotite implants<br />

and 18% for Osseotite implants. It was concluded that the<br />

DCD modification of Nanotite implants appeared to have a<br />

profound effect on the development of new bone following<br />

implant placement.<br />

CLINICAL IMPLICATIONS<br />

A reduced healing period and increased osteoconduction<br />

can enable earlier fixation as well as minimise micromotion,<br />

thus allowing immediate or accelerated loading protocols<br />

and restoration of function for implants placed in areas with<br />

low-density and poor bone quality and quantity (Junker et<br />

al. 2009). As preclinical studies demonstrate a substantial<br />

improvement on the rate and extent of osseointegration for<br />

nanosurface implants compared to their predecessors, there<br />

are a number of other potential scenarios where such an<br />

implant might be beneficial to patient and practice such as<br />

immediate replacement in extraction sockets, simultaneous<br />

grafted sites and implant placement, esthetic areas where<br />

bone preservation is critical and locations requiring short or<br />

wide implants (www.biomet3i.com).<br />

Review of study one (Ostman et al. 2010(a))<br />

Ostman et al. (2010a) published a prospective, singlecentre<br />

clinical study that clinically and radiographically<br />

evaluated the outcome of the Nanotite implant when used<br />

for immediate loading of multiple fixed prostheses and singletooth<br />

restorations in a patient group with an initial implant<br />

stability corresponding to an Implant stability quotient (ISQ)<br />

value of 55 and final torque of 25Ncm.<br />

Bone quality and quantity were assessed according<br />

to Lekholm and Zarb’s criteria (Lekholm & Zarb 1985) and<br />

implants were placed in underprepared osteotomies to<br />

increase initial stability (Ostman et al. 2006). Selection of the<br />

final drill size was based on bone quality and a countersinking<br />

technique was utilised in order for the implant to engage as<br />

much cortical crestal bone as possible. Resonance frequency<br />

analysis (RFA) measurements were performed to then assess<br />

implant stability.<br />

Although this study included multiple fixed prostheses<br />

and single-tooth restorations, single tooth implant location<br />

and length were not specified. Additionally, marginal bone<br />

loss was presented combining both multiple fixed prosthesis<br />

and single tooth restorations; six implants showed more than<br />

1mm of bone loss after one year, but it was not clear what<br />

sites these implants were placed in. Implant stability quotient<br />

(ISQ) measurements were recorded at implant placement and<br />

at 6 months when the temporary prosthesis was removed, but<br />

further measurements at the one year recall are not stated.<br />

Success was evaluated using a four-field table according<br />

to Albrektsson & Zarb (1993) using the following categories:<br />

Success, survival, unaccounted for, failure:<br />

1. Success-An implant meeting with success criteria.<br />

Criteria for success according to Albrektsson and Zarb (1993)<br />

include absence of implant mobility and absence of pain<br />

and neuropathy. Also, 1 mm of bone loss from the implant<br />

head was acceptable during the first year and less than 0.2<br />

mm bone loss annually thereafter. Less strict criteria were<br />

used in the study by Ostman et al. (2010a) since implants<br />

were individually tested for mobility only after 3 months and<br />

not later. Success grade 1 was defined as an implant with<br />

no clinical and radiographic signs of pathology showing less<br />

than 1 mm of bone resorption at 1 year of follow-up whereas<br />

success grade 2 was defined as an implant with no clinical<br />

and radiographic signs of pathology showing less than 2 mm<br />

of bone resorption at 1 year of follow-up.<br />

2. Survival-An implant still in the bone that does not meet<br />

with or has not been tested for success criteria.<br />

3. Unaccounted for-An implant in a patient who dropped<br />

60


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

out of the study for any reason.<br />

4. Failure-An implant removed for any reason.<br />

According to Ostman and colleagues (2010(a)) the overall<br />

cumulative success rate for implants was 99.2% after one<br />

year, with one representing failure by showing rotational<br />

mobility after three months. The failed implant showed no<br />

radiographic signs of loss of integration and was part of a<br />

three unit bridge. However based on radiographs and clinical<br />

examinations, success grade 1 was applicable for 93%,<br />

survived 6%, unaccounted for 0% and failed 1%. Although<br />

two single provisional crowns were noted to fracture and had<br />

to be rebuilt, there was no distinguishing between success<br />

of single implant restorations (which we were interested in)<br />

versus those being used for multiple fixed prostheses.<br />

The marginal bone levels were evaluated from digital<br />

periapical radiographs by a radiologist. A silicone index material<br />

with an individually constructed radiograph holder for each<br />

participant was used. Periapical radiographs were exposed<br />

after implant surgery to establish baseline, at six months and<br />

at one year of function. Crestal bone loss was determined by<br />

measuring the distance from the implant/abutment junction<br />

(IAJ) on the mesial and distal aspects to the level of the margin<br />

of the crestal bone. Bone loss was presented as the mean<br />

values for distal and mesial changes from baseline for each<br />

implant and each time point. At baseline implant placement,<br />

the mean crestal bone level was 0.19 mm (SD 0.3) below the<br />

IAJ, and after one year of loading, the level was 0.56 mm (SD<br />

0.37) from the IAJ. The average bone loss for 102 surviving<br />

implants was calculated to be 0.37 mm (SD 0.39) after one<br />

year of follow-up. Six implants showed more than 1 mm<br />

of bone loss, and no implants showed more than 2 mm of<br />

bone loss after 1 year. However, bone level measurements<br />

presented in this study included both single implant and<br />

multiunit implant restorations without distinction.<br />

The authors state that other factors which could<br />

contribute to the good outcome of their research are: the<br />

modified drilling protocol aiming for high primary stability;<br />

the macroanatomy of the Prevail implant and implant surface<br />

used. This may suggest that the success seen in this study<br />

may be due to a combination of various determinants and<br />

not only to implant surface modification.<br />

Review of study two (Ostman et al. 2010(b))<br />

In the one-year interim report by Ostman et al. (2010(b))<br />

on the prospective multicentre study on the “immediate<br />

provisionalisation in support of single-tooth and unilateral<br />

restorations”, one hundred and eighty-five patients in 15<br />

international study centres received a total of 335 implants<br />

of which 128 were single-tooth implants.<br />

The study had no restrictions on bone quality and quantity<br />

and researchers were directed to reference bone density by<br />

recording it as soft, normal or dense according to the clinician’s<br />

tactile assessment during osteotomy preparation. However<br />

it was reported that about 80% of implants were placed in<br />

normal or dense bone.<br />

Standardised periapical radiographs are implicated in the<br />

study to indicate perimplant radiolucencies and crestal bone<br />

levels at 6 months following implant placement and yearly<br />

for 5 years, however findings of any radiographs of the 128<br />

single tooth implants taken at any follow-up period are not<br />

presented in the study. Similarly this one year report does not<br />

present records of bone levels even though the study states<br />

that it would analyse bone levels at 6 months. Information<br />

regarding how periapical radiographs were standardised is<br />

not presented.<br />

Implant survival is based on the absence of persistent signs<br />

and symptoms of pain, infection, paresthesia, inflammation,<br />

and implant mobility, with no clarification on how each of<br />

these symptoms were assessed. At one year 17 implants in<br />

11 patients had been declared failures for an overall implant<br />

cumulative survival rate (CSR) of 94.9%, with the exact CSR<br />

for single tooth implants alone being 94.5% (7 failures out of<br />

128 single tooth restoration implants).<br />

It is noteworthy that 53% of NanoTite implants were<br />

restored with a pre-surgical approach and that in-house<br />

laboratories were available for nearly half of all procedures.<br />

For the presurgical approach, “an indirect impression is taken<br />

with construction of a prosthesis that is relined and cemented<br />

onto the abutments at the time of the implant placement<br />

surgery”(Ostman et al. 2010b). Investigators who selected<br />

abutments intended for permanent prostheses, avoided<br />

the need for removal and reconnection which is thought to<br />

promote increased regressive crestal bone remodelling (King<br />

et al. 2010). Ostman and colleagues (2010b) deem this as an<br />

advantage and hence suggest that it may facilitate procedural<br />

success.<br />

The authors also note that the occlusion on most of<br />

the provisional prostheses lacked direct occlusal contacts.<br />

However claim that because their subjects experienced<br />

forces generated during mastication, from surrounding soft<br />

tissues and the musculature of the tongue, functional loads<br />

were delivered on these prostheses and therefore the study’s<br />

immediately provisionalised implant is also an immediately<br />

loaded implant. It is important to consider this information<br />

when comparing success and survival rates of different<br />

studies as the magnitude of occlusal forces that a prosthesis<br />

experiences can greatly affect its success, especially in the<br />

early stages after implant placement when osseointegration<br />

61


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

hasn’t fully completed.<br />

Fur thermore, a recent consensus conference<br />

recommended that further prospective clinical trials with<br />

large patient numbers are urgently needed to provide definitive<br />

data on the effectiveness of immediately loaded single tooth<br />

restoration implants (Wang et al. 2006).<br />

Standardisation of future implant studies is needed<br />

The present review was concentrated on investigating<br />

Biomet 3i therefore this review has limited impact.<br />

Unfortunately, at this stage it seems there is little literature<br />

available from other companies on their nanosurface<br />

implants which warrants their investigation and comparison.<br />

Nevertheless further information on these new nanosurface<br />

implant’s chemical and physical characteristics is needed. Size,<br />

shape and width of implants as well as site placement all have<br />

an effect on implant success, therefore it is of paramount<br />

importance to have this information when comparing different<br />

implants. Standardisation of research would mean that<br />

implants could be effectively compared and thus this field of<br />

dentistry could advance at a much greater rate.<br />

Until now, implant surfaces have been classified by the<br />

way they are produced (e.g. grit-blasting, anodisation, acidetching)<br />

and not by their chemical and physical features<br />

(Coelho et al. 2009). Consequently, in many studies surface<br />

characterisation is not as thorough as one would like it to<br />

be which has resulted in limited data and difficulty in crossevaluating<br />

the numerous studies available and conducting<br />

meta-analyses (Wennerberg & Albrektsson 2009).<br />

It should become possible to compare data from the<br />

literature in a relevant and standardised way by using a simple<br />

characterisation code for each tested surface which will help<br />

investigators to better understand and interpret published<br />

results (Dohan Ehrenfest et al. 2010). This tool might be<br />

especially useful to establish an inventory of surface-related<br />

osteogenic behaviours, particularly in the field of bone tissue<br />

engineering that requires an accurate library of knowledge<br />

(Lovmand et al. 2009).<br />

Dohan Ehrenfest and colleagues (2009), recently<br />

presented such a standardised characterisation code for<br />

osseointegrated implant surfaces. This code describes<br />

the chemical composition of the surface such as the core<br />

material and its chemical or biochemical modification through<br />

impregnation or coating. This code also defines the physical<br />

surface features, at the micro- and nanoscale, such as<br />

microroughness, microporosity, nanoroughness, nanotubes,<br />

nanoparticles, nanopatterning and fractal architecture. This<br />

standardised classification system will allow investigators to<br />

clarify unambiguously the identity of any given osseointegrated<br />

surface and help to identify the biological outcomes of each<br />

surface characteristic. It is therefore a system that should<br />

be adopted and implemented by all academics performing<br />

implant research.<br />

CONCLUSION<br />

Evidently, the currently available methods to modify<br />

implant surface composition at the nano level as demonstrated<br />

through the Nanotite surface, cannot be concluded to show<br />

greater success and survival than their predecessors at<br />

this point in time, although their potential to control the<br />

biological activity of the implant surface does warrant further<br />

investigation. Thus, additional human studies are needed<br />

to provide more insight into a predicted bone response.<br />

Standardisation of future implant studies is necessary.<br />

Conflict of interest and source of funding statement:<br />

No external funding, apart from the support of the<br />

authors’ institution, was available for this study and the<br />

authors declare that there are no conflicts of interest in this<br />

study.<br />

CLINICAL RELEVANCE<br />

Scientific rationale for study: The introduction of<br />

“modified” implant surfaces has broadened treatment<br />

strategies in dental implantology. Benefits of the new<br />

generation nano-enhanced implants show further promising<br />

success and survival rates in preclinical studies and thus<br />

suggest positive benefits over their predecessors, such as<br />

shortened healing times and earlier implant loading. Humans<br />

studies on these surfaces are however limited.<br />

Principal findings: Nanosurface-enhanced implants<br />

seem to be a viable option in implant rehabilitation and perform<br />

comparatively well to other immediately loaded implants with<br />

various surface modifications when immediately provisionalised<br />

with single tooth restorations. However additional studies, as<br />

well as studies of longer duration are needed.<br />

Practical implications: Nanosurfaced implants, such as<br />

Nanotite, show potential to control the biological activity of<br />

the implant surface as demonstrated in preclinical studies.<br />

However the author’s research showed similar evidence of<br />

superior success and survival rates on human studies than<br />

other implant surfaces, suggesting additional human studies<br />

with longer follow-ups are needed to provide more insight<br />

into a predicted bone response.<br />

62


R. Periodontia - 21(1):55-64<br />

REFERENCES<br />

1- Albrektsson T & Wennerberg A. (2004a) Oral implant surfaces:<br />

Part 1—review focusing on topographic and chemical properties of<br />

different surfaces and in vivo responses to them. International Journal<br />

of Prosthodontology 17, 536–543.<br />

2- Albrektsson T & Wennerberg A. (2004b) Oral implant surfaces:<br />

Part 2—review focusing on clinical knowledge of different surfaces.<br />

International Journal of Prosthodontology 17, 544–564.<br />

3- Albrektsson T & Zarb GA. (1993). Current interpretations of the<br />

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Correspondence Address:<br />

Andrew Tawse-Smith<br />

DDS, Cert Perio, Periodontist, Senior Lecturer, Deans Office, School of<br />

Dentistry, University of Otago<br />

P.O. Box 647 - Dunedin 9054 - New Zealand<br />

Tel: +64 3 470-3589<br />

E-mail: andrew.tawse-smith@otago.ac.nz<br />

64


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

TERAPIA FOTODINÂMICA PARA A REDUÇÃO MICROBIANA<br />

NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS PERIODONTAIS: REVISÃO<br />

DE LITERATURA<br />

Photodynamic therapy for microbial reducing in periodontal treatment diseases: A review<br />

Andre Luis Gomes Moreira 1 , Adriano Monteiro D´Almeida Monteiro 2 , Marcelo de Azevedo Rios 3<br />

RESUMO<br />

O objetivo do tratamento periodontal é o<br />

restabelecimento da saúde do periodonto, a partir da<br />

remoção dos redutos bacterianos presentes na superfície<br />

radicular. Seu sucesso depende da eliminação dos agentes<br />

que promovem a destruição dos tecidos periodontais.<br />

No entanto, a terapia mecânica é limitada em remover<br />

os patógenos periodontais devido à habilidade de alguns<br />

microrganismos em invadir o interior dos tecidos, tornando<br />

a bolsa inacessível aos instrumentos periodontais, além<br />

de servir como foco de reinfecção. Deste modo, a busca<br />

por métodos coadjuvantes ao tratamento periodontal<br />

tem aumentado nos últimos tempos. Frente a estes fatos,<br />

constitui propósito do presente estudo apresentar uma<br />

revisão da literatura sobre o efeito da terapia fotodinâmica nos<br />

patógenos periodontais. A análise da literatura demonstrou<br />

que a terapia fotodinâmica mostrou-se eficaz na redução<br />

bacteriana, inclusive bactérias periodontopatogênicas,<br />

apresentando-se como um coadjuvante promissor à terapia<br />

periodontal básica. Embora existam evidências científicas<br />

desses achados, novos estudos devem ser realizados para<br />

se determinar parâmetros específicos do laser e do agente<br />

fotossensibilizador, para tornar a terapia fotodinâmica mais<br />

efetiva e previsível.<br />

UNITERMOS: doença periodontal, laser, terapia<br />

fotodinâmica. R Periodontia 2011; 21:65-72.<br />

1<br />

Especialista em Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura<br />

2<br />

Professor adjunto. Departamento de Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura.<br />

3<br />

Professor assistente. Departamento de Periodontia - União Metropolitana de Educação e Cultura.<br />

Recebimento: 24/01/11 - Correção: 07/02/11 - Aceite: 25/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

A periodontite é uma das maiores causas de perda<br />

dental em adultos, sendo causada, primariamente,<br />

por bactérias anaeróbias do biofilme dental que se<br />

acumulam ao longo da margem gengival (Jenkins<br />

et al.,1988). Enzimas, endotoxinas e outros fatores<br />

citotóxicos liberados por estas bactérias, no fluido<br />

crevicular, conduzem à destruição tecidual e a secreção<br />

de citocinas pro-inflamatórias como: interleucina 1-b<br />

(IL1-b), diretamente associada à reabsorção óssea;<br />

o fator de necrose tumoral-a (TNF-a), molécula<br />

reguladora positiva da produção de colagenase e<br />

prostaglandina E2, além de promover o colapso<br />

do ligamento periodontal utilizando mecanismos<br />

mediados por proteases (Loos et al, 1987; Jepsen et al.<br />

2003; Gemmell & Seymour, 2004). Esta complexa rede<br />

de citocinas direciona os mecanismos da inflamação,<br />

ampliando ou suprimindo as reações tissulares.<br />

A remoção mecânica dos agentes contaminantes<br />

via raspagem e alisamento radicular é o método mais<br />

efetivo para tratar a doença periodontal, algumas<br />

vezes com cirurgias complementares. Contudo, o<br />

uso sistêmico de antibióticos pode ser benéfico,<br />

pois reduz as perdas dentarias e necessidades<br />

cirúrgicas (Loesche et al, 1992). O principal objetivo<br />

65


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

da terapia não-cirúrgica é remover depósitos moles e duros,<br />

sub ou supra-gengivais para deter a progressão da doença<br />

(Cobb, 2006). Estudos relataram importantes melhoras nos<br />

parâmetros clínicos e microbiológicos no acompanhamento<br />

de pacientes submetidos à raspagem e alisamento radicular<br />

(Lindhe et al, 1984; Ramfjord et al, 1987). Surgiram no mercado<br />

instrumentos sônicos e ultrassônicas que potencializaram<br />

os efeitos da terapia não- cirúrgica. Em 1987, Loss et al<br />

(2005) encontraram resultados clínicos, após a terapia<br />

com instrumentos sônicos e ultrassônicos, comparáveis<br />

aos da instrumentação manual. A despeito dos ganhos<br />

clínicos obtidos com a terapia não- cirúrgica, na maioria dos<br />

casos, nenhuma das técnicas atuais de instrumentação é<br />

completamente efetiva na eliminação do calculo e bactérias<br />

subgengivais. Esta limitação é atribuída a diversos fatores<br />

como: complexa anatomia dentária (região de furca);<br />

habilidade do operador; bolsas de trajetos sinuosos ou ainda<br />

pela invasão dos periodontopatógenos nos tecidos vizinhos<br />

ou recolonização de bolsas periodontais a partir de outros<br />

sítios doentes (Adriaens & Adriaens, 2004). Adicionalmente,<br />

deve-se ter cuidado com os efeitos colaterais consequentes<br />

do uso de antibióticos sistêmicos, tais como: enterocolite<br />

pseudomembranosa, superinfecção e outras desordens<br />

gastrointestinais, e o surgimento de formas resistentes aos<br />

antibióticos. A aplicação local de antibióticos é uma alternativa<br />

aceitável pela eficácia e por gerar menores efeitos sistêmicos.<br />

Contudo, possui algumas desvantagens como a plena<br />

adesão do paciente ao tratamento, custo e aplicabilidade em<br />

pequenas áreas da boca (Azarpazhooh et al., 2010).<br />

Por estas razões, alternativas que possibilitem remover<br />

ou reduzir eficientemente as bactérias periodontais das<br />

superfícies dos tecidos duros têm sido pesquisadas. E neste<br />

bojo, a terapia fotodinâmica (TFD) surge como um novo<br />

horizonte, com chances de tornar-se um método bactericida<br />

eficaz auxiliando a instrumentação manual, ou como a própria<br />

terapia para o tratamento da periodontite.<br />

O objetivo deste trabalho é explorar a literatura corrente<br />

sobre a terapia fotodinâmica, analisando a sua eficácia e<br />

eficiência no tratamento da periodontite em adultos, como<br />

forma primária de tratamento ou sendo adjunta à raspagem e<br />

alisamento radicular, comparada ao tratamento não cirúrgico<br />

convencional.<br />

Revisão de literatura<br />

Desde os idos de 1890, cientistas utilizam os<br />

fotossensibilizantes no desenvolvimento de uma substância<br />

de toxicidade seletiva (Azarpazhooh et al., 2010). Este foi<br />

o fundamento para a quimioterapia. A aplicação de luz e<br />

tintas para destruir bactérias in vitro é pesquisada há muitos<br />

anos (Pfitzner et al., 2004) e a atividade antimicrobiana<br />

de substancias fotossensíveis, como o azul de metileno,<br />

é conhecida desde a segunda guerra mundial (Oliveira et<br />

al.,2009)<br />

A TFD consiste na associação de uma substância<br />

fotossensível com uma intensa fonte de luz com o objetivo<br />

de promover a destruição celular. A atividade fotodinâmica<br />

do fotossensibilizador é baseada em reações foto-oxidativas<br />

que induzem alterações morfobiológicas na célula alvo. A<br />

ação fotodinâmica se dá quando o agente fotossensibilizante<br />

absorve fótons da fonte luz e seus elétrons passam a<br />

um estado excitado de singleto. Subsequentemente, o<br />

fotossensibilizante pode tanto voltar para seu estado inicial,<br />

com emissão de fluorescência ou sofrer uma transição<br />

para um estado tripleto altamente energético. Através de<br />

um processo de cruzamento intersistemas, caracterizado<br />

pela inversão do spin eletrônico, a molécula do oxigênio<br />

pode passar do estado S1 para o estado excitado tripleto,<br />

caracterizado pelo tempo de vida muito mais longo que o<br />

estado S1. A interação do fotossensibilizante em seu estado<br />

tripleto excitado com o oxigênio endógeno das células alvo<br />

resulta nos efeitos citotóxicos (Machado, 2000).<br />

Tais interações podem ser por dois mecanismos<br />

principais de reação: tipo I ou tipo II. Na reação Tipo I, o<br />

fotossensibilizante reage diretamente com o substrato, que<br />

pode ser a membrana celular ou uma molécula, para formar<br />

radicais livres. Estes radicais irão posteriormente reagir com o<br />

oxigênio, produzindo as espécies reativas do oxigênio como<br />

os radicais superóxido, hidroxila e peróxido. Na reação tipo<br />

II, o fotossensibilizante transfere sua energia diretamente<br />

para o oxigênio molecular, para formar o oxigênio singleto.<br />

A vida útil do oxigênio singleto em sistemas biológicos é<br />

menor e estruturas que estiverem próximas da sua área de<br />

produção são diretamente afetadas. Ambas as reações podem<br />

ocorrer simultaneamente e a razão entre elas é influenciada<br />

pelas características do fotossensibilizante, dos substratos<br />

intracelulares e da concentração de oxigênio no meio. Porém,<br />

a presença do oxigênio singleto parece ser o principal fator<br />

para ocorrência de citotoxicidade (Fernandes et al, 2009).<br />

A primeira geração de agentes fotossensibilizante foi<br />

baseada em misturas de derivados porfirínicos. O agente<br />

fotossensibilizante tende a se concentrar no tecido alvo.<br />

O mecanismo para essa seletividade ainda não está bem<br />

esclarecido. No entanto, sabe-se que, ao menos em<br />

parte, essa seletividade decorre da associação do agente<br />

fotossensibilizante a lipoproteínas do plasma, que assim o<br />

transporta preferencialmente para as células anormais. Um<br />

agente fotossensibilizante clinicamente adequado (tabela<br />

1) deve possuir no seu estado tripleto excitado um tempo<br />

66


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

Tabela 1<br />

Propriedades ideais para um fotossensibilizador<br />

Alta seletividade.<br />

Baixa toxicidade e rápida eliminação da pele e do epitélio.<br />

Absorção em picos com baixa perda energetica na janela de transmissão para os tecidos biológicos.<br />

Máximo rendimento quântico de fluorescência.<br />

Máximo rendimento quântico de produção de oxigênio singlet in vivo.<br />

Alta solubilidade em água, soluções injetáveis e sangue.<br />

Adaptado de diversos trabalhos<br />

Estabilidade no armazenamento e aplicação da luz.<br />

de vida de longa duração (τT ≥ 500 ns), podendo reagir<br />

eficientemente tanto com moléculas vizinhas como com o<br />

oxigênio. Deve também apresentar elevada absortividade<br />

molar na região espectral compreendida entre 600 e 1000<br />

nm, conhecida como ‘janela fototerapêutica’, onde a<br />

membrana celular apresenta considerável transparência à<br />

radiação eletromagnética. Os tecidos humanos transmitem a<br />

luz vermelha de forma eficiente em comprimentos de<br />

onda entre 630 nm e 700 nm, correspondendo a uma faixa<br />

de penetração da luz de 5 mm a 15 mm respectivamente<br />

(Machado, 2000; Raghavendra et al., 2009) .<br />

A TFD pode favorecer o processo de reparo por promover a<br />

biomodulação no tecido a ser irradiado e reduzir a inflamação<br />

local, pois a laserterapia aumenta a atividade mitocondrial<br />

e a síntese de ATP, induz a proliferação celular, aumenta<br />

a produção de ácidos nucléicos e a síntese de colágeno<br />

(Raghavendra et al., 2009). As principais vantagens da TFD<br />

são: especificidade; não possui efeito colateral conhecido;<br />

não criar resistência bacteriana; ativo somente na presença<br />

da luz (tabela 2).<br />

A eficácia e a eficiência da TFD no tratamento da<br />

periodontite como primeira opção terapêutica ou adjunto<br />

à raspagem e alisamento radicular foram o foco de um<br />

numero muito limitado de estudos in vivo com pequenas<br />

amostras e sem um protocolo experimental comum. Wilson<br />

et al (1993). utilizaram a TFD com azul de toluidina como<br />

fotossensibilizador, numa concentração de 81,7 mM e uma<br />

dose de 22 J/cm2 , em um estudo in vitro e conseguiram uma<br />

redução logarítmica de fator 5 para a P. gingivalis e de 1 para o<br />

F nucleatum. Sarkar & Wilson (1993) descreveram um grande<br />

halo de inibição formado numa cultura, em Agar sangue,<br />

que foi tratada com azul de toluidina (163,5 mM) e azul de<br />

metileno (156,3 mM) e uma dosagem de laser de 5,5 J/cm2.<br />

Em outro estudo, conseguiu-se inativar completamente a P.<br />

gingivalis, o F nucleatum, C. gingivalis com uma intensidade<br />

luminosa de 5,3 J/cm2 na presença de 10 mM de clorina e6 e<br />

10 mM de BLC 1010 (Pfitzner et al, 2004). Braham et al. (2009)<br />

alcançaram redução significativa na atividade do TNF-a e IL1-b<br />

após irradiação com TFD, este achado, quando associado<br />

à inativação dos patógenos periodontais, pode conduzir<br />

Tabela 2<br />

Vantagens da terapia fotodinâmica no tratamento periodontal<br />

O desenvolvimento de formas resistentes ao TFD é quase inexistente, pois o oxigênio singleto e outras formas<br />

reativas de oxigênio atuam em diversas estruturas celulares e por diferentes caminhos.<br />

O TFD é uma terapia local de baixa invasividade, pois a fonte de luz conduzida pelo cabo fibra ótica agira somente<br />

na área alvo. Deste modo não ocorrerá distúrbios na microflora em outros locais.<br />

PDT oferece irrigação abundante e eliminação de patógenos em áreas inacessíveis da bolsa periodontal em curto<br />

espaço de tempo, portanto, beneficiando ambos operador e paciente.<br />

O risco de bacteremia após debridamento periodontal pode ser minimizado.<br />

Não há necessidade de prescrever antibióticos, portanto, a possibilidade de efeitos colaterais são evitados.<br />

Não há necessidade de anestesiar a área e destruição das bactérias é alcançados em um período muito curto<br />

(


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

a recolonização, do ambiente, por bactérias comensais,<br />

auxiliando o hospedeiro no restabelecimento da homeostase<br />

e promovendo a cicatrização tecidual. Embora estes estudos<br />

tenham apresentado bons resultados, é necessário lembrar<br />

que o modelo in vitro não reflete as condições do biofilme<br />

oral que potencialmente interfeririam na efetividade da TFD,<br />

tais como: o fato de o biofilme ser liquido e não semi-sólido<br />

como os meios de cultura e a presença de sangue ou soro.<br />

Estudos, em modelo animal, obtiveram resultados<br />

bastante promissores. Ratos imunossuprimidos, apresentando<br />

periodontite induzida, foram submetidos ao tratamento com<br />

TFD (azul de toluidina + laser GaAlAs 660 nm), apresentaram<br />

menor grau de inflamação e perda óssea do que aqueles que<br />

foram submetidos ao tratamento convencional (Fernandes<br />

et al. ,2009). Em um estudo a TFD foi avaliada como uma<br />

terapia auxiliar ao tratamento não-cirúrgico em 100 ratos com<br />

periodontite induzida. Estes animais foram submetidos à TFD<br />

(GaAlAs 685 nm+ azul de toluidina), os exames radiográficos<br />

e histológicos não encontraram mudanças significativas<br />

no padrão de perda óssea e inflamação no grupo tratado<br />

com a TFD em relação ao grupo não tratado após 15 dias;<br />

notando-se que o TFD reduziu transitoriamente a destruição<br />

periodontal (Almeida et al., 2007). A terapia fotodinâmica<br />

também foi aplicada em cães da raça beagle, com periodontite<br />

induzida, utilizando-se a clorine e6 ou BLC 1010 e luz laser<br />

diodo de comprimento de onda 662 nm, foram observados<br />

significante redução na vermelhidão e sangramento à<br />

sondagem, além da supressão do P gingivalis quando na<br />

presença da clorine e6 (Sigusch et al., 2005).<br />

Resultados recentes, em humanos, foram controversos a<br />

respeito dos efeitos benéficos da TFD como auxiliar a terapia<br />

convencional (Oliveira et al., 2007; Christodoulides et al., 2008;<br />

Braun et al., 2008; Lopes et al. 2008; Oliveira et al., 2009; Alzahrani<br />

et al., 2009; Macedo, 2009; Chondros et al., 2009; Lulic<br />

et al., 2009; Pinheiro et al, 2010). Braun et al, (2008) estudaram<br />

vinte pacientes portadores de periodontite crônica não<br />

tratados, onde todos os dentes receberam terapia<br />

periodontal tradicional. Por meio de um modelo de boca dividida,<br />

no qual dois quadrantes (grupo teste) foram adicionalmente<br />

tratados com terapia fotodinâmica. Não foram observadas<br />

diferenças, estatisticamente significantes, entre os grupos para<br />

profundidade de sondagem, sangramento a sondagem e nível<br />

de inserção relativo após uma semana. Entretanto, houve uma<br />

redução significativa para os valores dos mesmos parâmetros<br />

clínicos após três meses de tratamento no grupo controle,<br />

com um maior impacto sobre os sítios tratados com a TFD<br />

como adjuvante. Dez pacientes com periodontite agressiva<br />

foram tratados com TFD (laser diodo 690 nm+ fenotiazina)<br />

ou raspagem e alisamento radicular, após três meses eles<br />

observaram um maior ganho de inserção, diminuição da<br />

profundidade de sondagem e índice de sangramento nos<br />

dentes tratados com a TFD (Oliveira et al., 2007). Em trabalho<br />

posterior, o mesmo grupo investigou as concentrações<br />

de TNF-a e RANKL no fluido crevicular de indivíduos<br />

portadores de periodontite agressiva que foram submetidos,<br />

aleatoriamente, ao tratamento tradicional ou utilizando a<br />

TFD, observando efeitos equivalentes nas dosagens destas<br />

citocinas em ambas as abordagens terapêuticas (Oliveira et al,<br />

2009). Noutro estudo em humanos, percebeu-se a falha da<br />

TFD (laser diodo 670nm + substancia fotoativada não citada)<br />

em melhorar os níveis de sondagem e inserção, além de não<br />

ter proporcionado mudanças microbiológicas, entretanto<br />

observou-se importante redução no índice de sangramento<br />

(Christodoulides et al, 2008).<br />

Em mais um trabalho, com diferente metodologia, Lopes<br />

et al. (2008) estudaram vinte e um indivíduos com bolsas<br />

entre 5 e 9 mm, em locais não-adjacentes, utilizando-se<br />

o desenho metodológico de boca dividida, onde cada<br />

sítio foi aleatoriamente distribuído entre os grupos: raspagem<br />

e alisamento radicular e laser (1), laser isoladamente<br />

(2), somente raspagem e alisamento radicular (3), ou nenhum<br />

tratamento (4). O índice de placa, sangramento à sondagem e<br />

concentração no fluido crevicular da IL-1b foram avaliados no<br />

início e apos 12 e 30 dias, enquanto que a profundidade de<br />

sondagem, recessão gengival e nível de inserção clínico foram<br />

avaliados no início e 30 dias após o tratamento. Após 12 dias<br />

da realização do procedimento, houve redução do índice de<br />

placa grupos 1 e 2 (p


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

No mesmo ano, Macedo (2009) avaliou o efeito da<br />

terapia fotodinâmica como adjuvante à terapia periodontal,<br />

de pacientes diabéticos tipo 2. O estudo foi divido em duas<br />

fases (fase 1 tratamento e fase 2 terapia de suporte). Foram<br />

selecionados 45 pacientes diabéticos tipo 2, dos quais 30<br />

receberam a terapia periodontal associada à TDF (Grupo<br />

G1) e 15 realizaram terapia periodontal apenas, sendo que<br />

todos fizeram uso de doxiciclina. Avaliou-se no exame inicial<br />

e três meses após a terapia os seguintes parâmetros: índice<br />

de placa, profundidade de sondagem, nível de inserção<br />

clínica, sangramento à sondagem, supuração, hemoglobina<br />

glicosilada (HbA1c), glicemia em jejum, além da coleta de<br />

amostras de fluido gengival e biofilme subgengival para<br />

análise da IL1-β e exame microbiológico. Os resultados<br />

da fase 1 serviram como dados iniciais para fase 2. Nesta<br />

fase 2, o Grupo G1 foi subdividido em dois grupos de 15<br />

indivíduos: G1R onde foi realizada raspagem e alisamento;<br />

e G1-F onde foi realizada somente aplicação de PDT. O<br />

grupo G2 (n=15) recebeu raspagem e alisamento radicular.<br />

As mesmas avaliações da fase 1 foram feitas após 3, 6 e 9<br />

meses da realização da TPS. Observou-se uma redução<br />

significativa da HbA1C e glicemia em jejum para o grupo G1<br />

e para as bactérias do complexo vermelho. Na fase 2 não<br />

houve diferenças entre grupos para os parâmetros avaliados.<br />

Houve redução significativa do número bolsas entre 4, 5 e<br />

≥ 6 mm e aumento de sítios ≤ 3 mm entre o tempo de 3<br />

meses e as demais reavaliações (P


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

reduções foram nas profundidades de sondagem observadas<br />

no grupo teste (-0,67 + / - 0,34 p = 0,01) em comparação<br />

com os pacientes do grupo controle (-0,04 + / - 0,33; NS)<br />

após seis meses. Significativo ganho de inserção (0,52 + / -<br />

0,31, p = 0,01) foi observado para o grupo teste, mas não<br />

no controle (-0,27 + / - 0,52 ) em pacientes após 6 meses.<br />

Os indicies de sangramento diminuíram significativamente<br />

nos pacientes teste (97-64%, 67%, 77%), mas não nos do<br />

grupo controle após 3, 6 e 12 meses. Deste modo fica clara<br />

a eficiência do TFD, neste protocolo, como adjuvante à<br />

raspagem e alisamento radicular em paciente de manutenção<br />

periodontal. Os melhores resultados foram mais bem<br />

observados após seis meses (Lulic et al, 2009).<br />

Estas discrepâncias nos resultados podem ser explicadas<br />

pela utilização de diferentes metodologias como: tipo<br />

fotossensibilizador usado; concentração do fotossensibilizador;<br />

período de manutenção do fotossensibilizador em contato<br />

com o tecido; tempo para a resposta biológica; pH local;<br />

presença de exsudato; composição do fluido gengival; modo<br />

e freqüência de aplicação do fotossensibilizante.<br />

Os benefícios do TFD na doença periodontal podem<br />

ser explicados não apenas pela ação antimicrobiana local,<br />

descrita anteriormente, mas também pelo aumento da<br />

angiogênese que irá oxigenar melhor a área (Fernandes et al.,<br />

2009). Outra possível explicação para tais resultados pode ser<br />

a biomodulação exercida pelo laser de baixa potência, pois,<br />

este acelera o reparo ósseo, exerce um efeito antiinflamatório,<br />

favorece a quimiotaxia celular além de promover vasodilatação<br />

local (Raghavendra et al., 2009). Portanto, neste contexto,<br />

observa-se um aumento do aporte local de oxigênio no<br />

tecido, favorecendo o processo de reparo por que a secreção<br />

de colágeno, pelos fibroblastos, no espaço extracelular, ocorre<br />

somente na presença de altas concentrações deste gás.<br />

Tabela 3<br />

Terapia fotodinâmica em estudos in vivo<br />

Fotossensibilizador Luz Resultados<br />

Chlorine e6 BLC1010 662nm/ LED S 21 ; TFD<br />

Azul de metileno GaAlAs 685 nm 4.5 J/cm 2 ns;SRPxPDT 24<br />

Phenothiazine chloride 660 nm/ LED/ 60 mw/cm 2 ns 31<br />

Phenothiazine chloride 670 nm/75 mw ns; SRP+TFD 22<br />

Nenhum Er:YAG laser/ 12.9 J/cm 2 /pulse S;SRP+TFD 25<br />

TBO GaAlAs 660nm 57.14 J/cm 2 /point S;SRP+TFD 31<br />

Phenothiazine chloride 660nm-100 mw S;SRP+TFD 23<br />

Phenothiazine chloride 670nm-75 mw ns; SRP+TFD 28<br />

Phenothiazine chloride 660nm-60 mw ns; SRP+TFD=SRP 27<br />

SRP= raspagem e alisamento radicular, TFD= terapia fotodinâmica, S= significante, ns= não significante<br />

Considerações finais<br />

Embora alguns resultados sejam bastante animadores em<br />

relação à TFD como uma ferramenta auxiliar no tratamento<br />

da doença periodontal, especialmente quando aplicada<br />

em episódios repetidos, faz-se necessário a realização de<br />

pesquisas bem desenhadas com protocolo de avaliação e<br />

diagnóstico precisos, ensaios clínicos aleatórios com um<br />

número limitado ou sem perdas no acompanhamento e com<br />

métodos de aferição de parâmetros clínicos cuidadosamente<br />

padronizados e suas respectivas análises.<br />

ABSTRACT<br />

The main goal of the periodontal treatment is the reestablishment<br />

of the periodontal health. The success of<br />

periodontal therapy depends on the adequate elimination<br />

of the etiological factors, such as dental plaque and calculus<br />

deposited over root surface. However, mechanical therapy<br />

may not be sufficient for the total elimination of bacterial<br />

biofilm. Some areas are unaccessible to adequate periodontal<br />

instrumentation, thus some periodontal pathogenic bacteria<br />

can run into the soft tissues. Therefore, there is a continuous<br />

70


R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

search for adjunctive methods to improve the results obtained<br />

by mechanical therapy. The purpose of this paper is to present<br />

a review of the literature focusing on studies that evaluated<br />

the effect of photodynamic therapy (PDT) on periodontal<br />

pathogens. The studies demonstrated that PDT is effective<br />

in reducing the amount of bacteria, including periodontal<br />

pathogens; and, thus, can be considered as an adjunctive<br />

method for non-surgical periodontal treatment. New studies<br />

should be conducted in order to determine the specific lasers<br />

parameters to make PDT more effective and predictable.<br />

UNITERMS: periodontal disease, lasers, photochemotherapy<br />

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R. Periodontia - 21(1):65-72<br />

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Endereço para correspondência:<br />

André Luis Gomes Moreira<br />

Celular: (71) 9652-7274<br />

E-mail: almoreira21@yahoo.com.br<br />

72


R. Periodontia - Março 2011 - Volume 21 - Número 01<br />

A RELAÇÃO BIDIRECIONAL ENTRE DOENÇA PERIODONTAL<br />

E DOENÇA RENAL CRÔNICA: DA PROGRESSÃO DA DOENÇA<br />

RENAL CRÔNICA À TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA DE<br />

DIÁLISE<br />

Diva Claudia de Almeida 1 , Carlos Sardenberg Pereira 2 , José Mauro Granjeiro 3 , Walter Augusto Soares Machado 4 , Fátima Regina<br />

Veiga Tostes 5 , Eliane dos Santos Porto Barboza 6<br />

RESUMO<br />

A doença periodontal (DP) e a doença renal crônica<br />

(DRC) apresentam vários fatores em comum, os quais tanto<br />

são fatores de predisposição e/ou agravamento da DP<br />

quanto são causa, progressão, comorbidade/mortalidade<br />

ou risco de agravamento da DRC, principalmente no que<br />

tange à inflamação. Os estudos que correlacionam ambas<br />

as doenças são escassos, contraditórios, com metodologia<br />

variada, e a grande maioria refere-se especificamente à<br />

relação da DP com a DRC em terapia renal de substituição<br />

(TRS) de hemodiálise (HD). Os trabalhos relacionados à DP<br />

e DRC nas suas fases de progressão e em TRS de diálise<br />

peritoneal não elucidam, de forma suficiente, a possível<br />

relação ou não entre as duas doenças. Apesar desta<br />

limitação, parece haver uma viabilidade de correlação<br />

positiva ente ambas as doenças, em uma relação bilateral<br />

de causa-efeito, além de maior prevalência e severidade<br />

da DP na TRS em HD, que em diálise peritoneal, tendendo<br />

a diminuir sucessivamente em pacientes pré-diálise. Este<br />

artigo apresenta uma revisão da literatura discutindo a<br />

possível relação entre a DP e a DRC em suas fases de<br />

progressão e na TRS em hemodiálise e diálise peritoneal.<br />

UNITERMOS: periodontite, doença renal crônica,<br />

hemodiálise, diálise peritoneal. R Periodontia 2011; 21:73-<br />

79.<br />

1<br />

Mestranda em Odontologia (UFF), Professora Auxiliar de periodontia do Curso de<br />

Especialização em Periodontia da Universidade Veiga de Almeida.<br />

2<br />

Pós-graduando em Periodontia Odontoclínica Central do Exército (OCEX).<br />

3<br />

Livre Docente em Odontologia (FOB – USP), Professor Adjunto III da Universidade Federal<br />

Fluminense.<br />

4<br />

Livre Docente em Periodontia (Uerj), Professor Titular de Periodontia da Universidade Veiga de<br />

Almeida<br />

5<br />

Mestre em Nefrologia (Uerj), Médica Nefrologista da Policlínica Geral de Botafogo.<br />

6<br />

Mestre e Doutora em Periodontia (Universidade de Boston), Professora Associada da<br />

Universidade Federal Fluminense.<br />

Recebimento: 24/01/11 - Correção: 10/02/11 - Aceite: 25/02/11<br />

INTRODUÇÃO<br />

A prevalência da doença renal crônica (DRC) no<br />

Brasil, semelhante à observada em outros países,<br />

aumenta de forma alarmante, embora seja importante<br />

destacar que existem poucos estudos disponíveis na<br />

literatura sobre a prevalência da DRC no Brasil (Ajzen<br />

& Schor, 2002; Arora & Verrellim, 2010).<br />

Segundo censo da Sociedade Brasileira de<br />

Nefrologia, em 2008, cerca de 87.044 brasileiros<br />

faziam terapia renal substitutiva (TRS) por diálise. Em<br />

2007, ocorreram 13.338 óbitos, sendo as principais<br />

causas, doença cardiovascular (37%), infecção (26%)<br />

e doença cerebrovascular (10%). Em 2008, o aumento<br />

do número de casos de DRC foi 18%. Com base no<br />

grande número de grupos de risco, a previsão é que<br />

ultrapasse 125.000 casos em 2010 (Sesso et al, 2008;<br />

Arora & Verrellim, 2010).<br />

Essa situação mundial da DRC assume grande<br />

importância no que se refere à doença periodontal,<br />

por se tratar de uma doença de caráter infeccioso<br />

Multifatorial (Almeida et al, 2009), associada como<br />

fator de risco para algumas doenças sistêmicas (Craig<br />

et al, 2007; Bastos et al, 2009; Bastos et al, 2010).<br />

A maioria dos pacientes renais crônicos, em<br />

função da preocupação com a saúde sistêmica, não<br />

73


R. Periodontia - 21(1):73-79<br />

tem como prioridade a higiene bucal e o tratamento dos<br />

dentes. Além disso, existe também a dificuldade de acesso ao<br />

tratamento dentário público ou privado, contribuindo assim<br />

para o aparecimento de doenças periodontais, que podem<br />

representar focos de infecções aos pacientes renais crônicos,<br />

inclusive motivo de impedimento ao transplante renal (Castillo<br />

et al, 2007; Almeida et al, 2009)<br />

O objetivo deste artigo é revisar a literatura pertinente<br />

sobre a possível relação entre a DP e a DRC em suas fases de<br />

progressão e na TRS em hemodiálise (HD) e diálise peritoneal<br />

(PD).<br />

REVISÃO DE LITERATURA<br />

Doença Renal Crônica<br />

A Doença Renal Crônica é definida por anormalidades<br />

estruturais ou funcionais do rim, com ou sem diminuição<br />

da Taxa de Função Glomerular (TFG), evidenciada por<br />

anormalidades histopatológicas ou de marcadores de lesão<br />

renal, incluindo alterações sanguíneas ou urinárias, ou ainda<br />

de exames de imagem; TFG <br />

90 m mL/min/1,73 2 ); Fase 2: leve redução na TFG (60-89 mL/<br />

min/1,73 m 2 ); Fase 3: redução moderada da TFG (30-59 m<br />

mL/min/1.73 2 ); Fase 4: redução acentuada da TFG (15-29<br />

mL/min/1,73 m 2 ); Fase 5: Insuficiência renal (TFG


R. Periodontia - 21(1):73-79<br />

disfunção imune com impedimento de resposta à infecção<br />

e baixa resposta à vacinas (Cilkuba et al, 2007; Hauser et al,<br />

2008; Guzeldemir et al, 2009).<br />

A uremia causada pela baixa TFG provoca imunodeficiência<br />

devido ao aumento de substâncias tóxicas na corrente<br />

sanguínea. Pacientes com DRC apresentam as respostas<br />

imunes celulares e humoral suprimidas e concentrações séricas<br />

de IgA, IgM e IgG subnormais em um terço dessa população<br />

(Kshirsagar et al, 2007).<br />

O Diabete Mellitus é considerado a segunda maior causa<br />

de DRC. AGEs são uma das causas da disfunção imune<br />

em DRC e mostram uma estreita relação com marcadores<br />

inflamatórios, como proteína C- reativa (PCR) e IL-6,<br />

induzindo ao risco aumentado de eventos cardiovasculares,<br />

principalmente aterosclerose (Chen et al, 2006; Cilkuba et al,<br />

2007; Hauser et al, 2008; Arora & Verrellim, 2010).<br />

A inflamação crônica, comum em pacientes com DRC,<br />

contribui também para o desenvolvimento da anemia, em<br />

virtude da eritropoiese ser inibida por várias citocinas próinflamatórias<br />

como a interleucina -1, TNF- α, e gama interferon<br />

(IFN- γ). Além disso, altas concentrações de PCR plasmáticas<br />

têm se mostrado associado com anemia crônica em pacientes<br />

em hemodiálise (Chonchol et al, 2008).<br />

O hiperparatiroidismo secundário (PTHS), resultado da<br />

alteração do metabolismo cálcio-fósforo, na progressão<br />

da DRC, está associado a várias complicações, incluindo<br />

inflamação e alteração do metabolismo ósseo, levando a<br />

doenças ósseas e maior risco de morbidade e mortalidade<br />

cardiovascular. Pacientes nos estágios iniciais da DRC também<br />

apresentam PTHS e tende a progredir com a deterioração da<br />

função renal (Craig et al, 2007; Guzeldemir et al, 2009).<br />

Além da inflamação que ocorre como consequência da<br />

progressão da DRC, a reação inflamatória inespecífica que<br />

ocorre na terapia renal substitutiva (TRS) de hemodiálise pode<br />

ser induzida por vários mecanismos tais como o contato<br />

do sangue com a membrana do hemodialisador, qualidade<br />

da água, qualidade da diálise, presença de bactérias ou de<br />

fragmentos lipopolissacarídicos capsulares. Além da ocorrência<br />

de biofilme na superfície interna dos condutos de sangue ou<br />

de líquido de diálise, que podem ativar o sistema imunológico<br />

com diferentes intensidades e despertar reação inflamatória<br />

(Kim & Amar, 2006; Hauser et al, 2008).<br />

A mesma situação ocorre em diálise peritoneal, onde as<br />

alterações de características inflamatórias são freqüentemente<br />

identificadas na membrana peritoneal, apresentando nesses<br />

pacientes elevados índices de marcadores bioquímicos e<br />

inflamatórios, com aumento dos níveis séricos de proteínas de<br />

fase aguda positiva (proteína C-reativa, amilóide A e ferritina)<br />

e redução de proteínas de fase aguda negativas (transferrina,<br />

albumina e leptina séricas) (Kshirsagar et al, 2007; Kotanko,<br />

2008).<br />

Doença Periodontal e Doença Renal Crônica<br />

Nos últimos 10 anos, vários estudos foram realizados<br />

no sentido de relacionar DP e DRC (Offenbacher et al, 2008;<br />

Bayraktar et al, 2009; Thorman et al, 2009; Bastos et al, 2010;<br />

Um et al, 2010; El-Minshawy et al, 2010). No entanto, além de<br />

escassos, contraditórios e com metodologia muito variada, a<br />

grande maioria é direcionada à TRS em HD (Craig et al, 2007;<br />

Bastos et al, 2009).<br />

Os mecanismos da relação entre DRC e DP têm sido<br />

explicados por diversos autores, em virtude de alterações no<br />

periodonto que podem ser provocadas principalmente pela<br />

carga inflamatória sistêmica e pela baixa imunidade, além<br />

dos seus fatores em comum. Estes fatores são considerados<br />

tanto como fatores de predisposição e /ou agravamento da DP<br />

quanto são causas, progressão, comorbidade/mortalidade,<br />

ou risco de agravamento da DRC (Riella, 2003; Bastos et al,<br />

2009; Um et al, 2010; Kovesdy, 2010).<br />

Comorbidades e doenças sistêmicas, inerentes à DRC,<br />

ocasionam várias alterações no periodonto: 1- anemia,<br />

desnutrição e alterações imunológicas, que resultam na<br />

falta de integridade dos tecidos periodontais, exacerbando a<br />

resposta inflamatória da gengiva ao biofilme dental, além de<br />

mudanças degenerativas na gengiva, ao exame morfológico,<br />

as quais não são observadas em indivíduos com periodontite<br />

sem DRC (Craig et al, 2007; Castillo et al, 2007;Bayraktar et<br />

al, 2009); 2- alterações do metabolismo Ca e P, e o PTHS<br />

que envolvem atuação das prostaglandinas, IL1, IL6, TNF<br />

e interferon, as quais atuam no metabolismo do tecido<br />

ósseo, interferindo na sua remodelação e promovendo maior<br />

reabsorção óssea, o que pode contribuir para maior severidade<br />

da doença periodontal (Thorman et al, 2009; Guzeldemir<br />

et al, 2009); 3- diabete mellitus, que provoca alteração na<br />

função imune, aumento em número e na função de leucócitos<br />

polimorfonucleares, acúmulo de AGEs, redução na síntese<br />

do colágeno e um aumento na atividade da colagenase, o<br />

que influenciará negativamente o metabolismo do colágeno,<br />

causando a ruptura do tecido periodontal e cicatrização<br />

comprometida (Um et al, 2010); 4- uremia que propicia o<br />

aumento da uréia salivar e consequente alteração do pH do<br />

biofilme dental, ocasionando maiores depósitos de cálculo<br />

dental (Thorman et al, 2009); 5- fatores psicossociais como a<br />

depressão, que ocasionam baixa qualidade de higiene bucal<br />

e consequente baixa saúde bucal, por aumento do biofilme<br />

dental, principal fator etiológico da DP (Castillo et al, 2007;<br />

Thorman et al, 2009).<br />

Os fatores psicossociais, comuns na DRC, principalmente<br />

75


R. Periodontia - 21(1):73-79<br />

depressão (Cilkuba & Racek, 2007), pode ter influência<br />

na DP. Tal situação foi demonstrada em um estudo sobre<br />

qualidade de vida e status de saúde periodontal em pacientes<br />

submetidos à TRS de hemodiálise (Guzeldemir et al, 2009).<br />

Esse estudo revelou que quase a metade dos participantes<br />

não tinha hábitos de escovação. Somente um entre os<br />

participantes declarou usar fio dental diariamente. O número<br />

médio de dentes perdidos (6,53 ± 7,16) foi considerado alto.<br />

Em situação inversa, a DP tem sido relacionada como<br />

fator de risco à DRC (Borawski et al, 2007; Bastos et al,<br />

2010) devido à inflamação periodontal poder disseminar-se<br />

sistemicamente através da reação imune do hospedeiro, da<br />

injúria provocada pelas toxinas bacterianas e pela translocação<br />

de bactérias (Kim & Amar, 2006). Esses fatos tornaram-se<br />

evidentes quando anticorpos de Porphyromonas gingivalis,<br />

foram encontrados em autópsia humana, armazenados<br />

pelo ateroma. Modelos animais também mostraram que<br />

culturas bacterianas com cepas de P. gingivalis aceleraram<br />

a formação de placas ateroscleróticas na artéria coronária e<br />

aorta (Bayraktar et al, 2009).<br />

Além disso, Kshirsagar et al, (2007) concluíram que<br />

nível elevado de IgG para patógenos periodontais estava<br />

significativamente associado com diminuição da função renal,<br />

independente dos fatores de risco tradicionais da DRC.<br />

Outro fator é obser vado em estudos recentes<br />

demonstrando que infecções periodontais estão associadas<br />

com o aumento da incidência de complicações ateroscleróticas,<br />

uma das principais causas de mortalidade em DRC<br />

(Scannapieco et al, 2006; Bayraktar et al, 2009), podendo<br />

induzir ou perpetuar uma elevação do estado inflamatório<br />

crônico sistêmico, através da ativação hepática da resposta de<br />

fase aguda, causada pelos efeitos sistêmicos da disseminação<br />

da bactéria periodontal ou das suas toxinas bacterianas<br />

(Bayraktar et al, 2009). Como consequência, haverá um<br />

aumento dos níveis elevados de PCR, IL6, TNF- α e PGE 2<br />

, além<br />

de promover diminuição da lipoproteína de alta densidade,<br />

aumento da lipoproteína de baixa densidade, aumento de<br />

glicose no sangue, e diminuição da função e contagem dos<br />

neutrófilos no sangue periférico, resultando em episódios de<br />

hiperglicemia e mau controle metabólico (Souza et al, 2007).<br />

Alguns poucos estudos objetivaram avaliar a condição<br />

periodontal dos pacientes renais crônicos nas fases pré-diálise<br />

e em diálise peritoneal (St Peter, 2007; Bastos et al, 2009;<br />

Thorman et al, 2009). Além da limitação quantitativa desses<br />

estudos, os resultados encontrados não fornecem subsídios<br />

conclusivos suficientes. Este fato pode ser observado nos<br />

estudos de Davidovich et al, (2005), Borawski et al, (2007),<br />

Bayraktar et al, (2008), Garcez et al, (2009) e Thorman et al,<br />

(2009), que apresentaram resultados conflitantes quanto<br />

à severidade da DP na fase pré-diálise, na TRS de diálise<br />

peritoneal e nas duas modalidades de TRS (HD e PD).<br />

A terapia periodontal tem sido demonstrada como<br />

fator de diminuição dos índices de marcadores sistêmicos<br />

de inflamação como PCR, IL-6 e haptoglobina, além de<br />

melhor controle glicêmico e metabólico em indivíduos com<br />

periodontite e parcialmente restaurar a disfunção endotelial<br />

(Souza et al, 2007; Offenbacher et al, 2008). Recentemente<br />

foi demonstrado que, após 4 a 6 semanas do tratamento<br />

periodontal tradicional, há um decréscimo de 3 vezes em<br />

proteína C reativa e um aumento nos níveis de hemoglobina<br />

em pacientes de HD, além de decréscimo de IL-6 (Bayraktar<br />

et al, 2009).<br />

DISCUSSÃO<br />

O estudo da possível relação entre a doença periodontal<br />

e a doença renal crônica é relativamente novo na ciência da<br />

saúde. Embora nos últimos 5 anos o número desses trabalhos<br />

venha aumentando significativamente, a grande maioria<br />

refere-se especificamente à DRC em TRS de hemodiálise e,<br />

mesmo assim, apresentando resultados conflitantes.<br />

Os trabalhos relacionados à DP e DRC nas suas fases<br />

de progressão e em TRS de diálise peritoneal, além de não<br />

possuírem quantitativo significante, são muito controversos,<br />

não elucidando de forma suficiente, se existe ou não relação<br />

entre as duas doenças. Isto também é uma grande limitação<br />

para que os estudos possam ser comparados e discutidos.<br />

Tal situação foi também observada por Borawski et al, (2007),<br />

que relatou a mesma situação nos últimos 10 anos, tendo<br />

encontrado em sua busca na literatura, apenas 9 estudos<br />

pertinentes e, ainda assim, com resultados inconsistentes, em<br />

função de metodologia variada e não representativa.<br />

Apesar desta situação, parece existir uma tendência<br />

à viabilidade de uma relação bidirecional entre DRC e DP,<br />

baseada nos fatores comuns entre ambas (Riella, 2003;<br />

Borawski et al, 2007; Bastos et al, 2009; Um et al, 2010).<br />

Além desses fatores, a inflamação/infecção com seu<br />

impacto sistêmico, inerente a ambas as doenças, parece<br />

ser o maior fator de correlação. A plausibilidade biológica<br />

para considerar a DP como fator de risco à DRC é derivada<br />

do potencial da resposta inflamatória para a DP, na carga<br />

inflamatória crônica sistêmica, associada à DRC (Fisher et al,<br />

2008; Kovesdy, 2010).<br />

A resposta imunoinflamatória de destruição tecidual local<br />

aos periodontopatógenos, seus produtos (LPS) e citocinas<br />

inflamatórias, contribuem para a inflamação sistêmica<br />

crônica, podendo não apenas ser um fator de risco de<br />

infecção sistêmica a esses pacientes, como também um<br />

76


R. Periodontia - 21(1):73-79<br />

fator de impedimento e/ou de insucesso do procedimento de<br />

transplante renal, em função do risco de infecção oportunista<br />

no enxerto renal (Um et al, 2010; Kovesdy, 2010).<br />

Outro importante fator a se considerar que corrobora com<br />

essa plausibilidade biológica reside nas vias de disseminação<br />

da inflamação periodontal (Castillo et al, 2007), não apenas<br />

devido ao aumento da carga inflamatória sistêmica, mas<br />

também devido à translocação bacteriana, representando<br />

assim, possíveis focos de infecções aos pacientes renais<br />

crônicos (Craig et al, 2007).<br />

Esse fator pode ser extremamente importante no que<br />

se refere às fases de progressão da DRC, pois a resposta<br />

inflamatória crônica do hospedeiro às bactérias periodontais,<br />

ou aos seus produtos bacterianos, pode causar e/ou predispor<br />

a dano renal agravando a DRC (Um et al,Além disso, a bactéria<br />

periodontal pode instalar-se não apenas no glomérulo, mas<br />

inclusive nos vasos, acelerando a aterosclerose, principal causa<br />

de complicação cardiovascular nesses pacientes e responsável<br />

por 60% da taxa de mortalidade de pacientes em diálise<br />

(Bayraktar et al, 2009).<br />

Nesse contexto, a periodontite tem sido considerada<br />

atualmente como origem “oculta” de inflamação em<br />

pacientes com DRC, fator de risco não tradicional para DRC<br />

e, consequentemente, fator de comorbidade e agravamento<br />

da DRC (Thorman et al, 2009; Bastos et al, 2009; Bayraktar<br />

et al, 2009).<br />

A periodontite parece ser mais severa na TRS de HD,<br />

quando comparada à diálise peritoneal (Bastos et al, 2009;<br />

Thorman et al, 2009). Tal situação provavelmente pode ser<br />

devido a vários fatores, sendo um deles a inflamação, pois<br />

apesar das alterações inflamatórias na membrana peritoneal,<br />

características da terapia de diálise peritoneal, pacientes em<br />

HD podem tender a apresentar nível maior de inflamação em<br />

função de fatores próprios da HD, sendo um deles a perda<br />

crônica de sangue nos dialisadores, gerando a anemia crônica,<br />

um grande fator de inflamação e consequente desnutrição<br />

(Kshirsagar et al, 2007). Em adição, anemia e desnutrição estão<br />

relacionadas com diminuição da imunidade e agravamento<br />

de DP (Castillo et al, 2007; Thorman et al, 2009; Bayraktar<br />

et al, 2009).<br />

Davidovich et al, (2005), Borawski et al (2007) e Thorman<br />

et al, (2009) contrariando os estudos de Garcez et al, (2009)<br />

e Vesterinen et al, (2007) demonstraram que a doença<br />

periodontal pode tornar-se mais grave, conforme a DRC<br />

progride. Embora não existam estudos suficientes que<br />

justifiquem esses resultados, talvez o raciocínio que suporte<br />

esta hipótese resida no grau de inflamação e comorbidades<br />

que tendem a aumentar em função da progressão do dano<br />

renal, os quais normalmente são fatores de risco à DP. É<br />

importante enfatizar que a partir da fase 3 é que ocorre<br />

azotemia intensa, anemia e outros fatores que podem<br />

influenciar a evolução e severidade da DP (D’Ajuto et al, 2004;<br />

Borawski et al, 2007; Cilkuba & Racek, 2007; El-Minshawy<br />

et al, 2010).<br />

O estado psico-emocional dos pacientes renais crônicos<br />

pode influenciar fortemente a DP, pois a depressão é um<br />

dos motivos para negligenciar a higiene e saúde bucal,<br />

ocasionando acúmulo de biofilme dental e consequentemente<br />

maior colonização bacteriana e inflamação (Borawski et al,<br />

2007; Almeida et al, 2009; Kovesdy, 2010), o que está de<br />

acordo com o estudo de Guzeldemir et al, (2009).<br />

Associado a esse fato, várias comorbidades e doenças<br />

sistêmicas inerentes à DRC podem ocasionar alterações<br />

no periodonto, principalmente relacionadas à anemia,<br />

desnutrição, alterações imunológicas e diabete mellitus<br />

(Borawski et al, 2007; Castillo et al, 2007; Almeida et al,<br />

2009). Mudanças degenerativas na gengiva, observadas em<br />

exames morfológicos, não são observadas em indivíduos<br />

com periodontite sem DRC (Castillo et al, 2007). Além disso,<br />

as alterações do metabolismo Ca e P, e o PTHS parecem<br />

contribuir para maior perda de osso alveolar e severidade da<br />

DP (Borawski et al, 2007; Guzeldemir et al, 2009).<br />

Apesar do possível aumento da incidência e severidade<br />

da periodontite em pacientes com DRC, a mesma pode ser<br />

controlada através da terapia periodontal (Sesso et al, 2008;<br />

Bastos et al, 2009), propiciando melhoria da saúde bucal<br />

e efeito positivo sobre a morbidade e mortalidade desses<br />

pacientes. O tratamento da DP pode diminuir os índices de<br />

marcadores sistêmicos de inflamação, melhorar a glicemia<br />

e o controle metabólico, podendo inclusive parcialmente<br />

restaurar a disfunção endotelial (Offenbacher et al, 2008; Um<br />

et al, 2010), com consequente melhoria de saúde sistêmica<br />

e qualidade de vida dos pacientes renais crônicos (Garcez et<br />

al, 2009).<br />

Outra importante situação a ser considerada para a<br />

importância e necessidade de tratamento e controle da DP<br />

refere-se à TRS de transplante renal. Pacientes em diálise<br />

normalmente estão á espera do transplante renal e o mesmo<br />

ocorre de forma inesperada, porém a presença de infecção<br />

dentária e doença periodontal, tornam-se motivo para não<br />

realização, em função do risco de infecção oportunista no<br />

novo órgão (Borawski et al, 2007).<br />

CONCLUSÕES<br />

A DRC pode predispor e/ou agravar a DP, da mesma forma<br />

que, em sentido inverso, a DP pode ser fator de comorbidade<br />

e fonte oculta de inflamação, podendo causar e/ou predispor<br />

77


R. Periodontia - 21(1):73-79<br />

ao dano renal agravando a DRC, inclusive risco de dano ao<br />

enxerto renal.<br />

A viabilidade desta relação bidirecional de causa-efeito<br />

entre DRC e DP, está baseada nos fatores em comum<br />

entre ambas as doenças, principalmente no impacto<br />

sistêmico da inflamação/infecção e potencial da resposta<br />

imunoinflamatória.<br />

É possível que a DP seja mais leve nos estágios iniciais da<br />

DRC, evoluindo para fases modera e severa, de acordo com<br />

a progressão da DRC e modalidade de TRS, em função da<br />

progressão do grau de inflamação, azotemia, comorbidades<br />

e doenças sistêmicas associadas, além de fatores inerentes<br />

à diálise.<br />

O diagnóstico precoce, tratamento e controle da DP,<br />

associados à avaliação periódica da saúde bucal, desde<br />

os estágios iniciais da DRC, devem ser intensificados,<br />

como fator de prevenção de comorbidade, inclusive com<br />

a integração do cirurgião-dentista nas clínicas de diálise e<br />

equipe multiprofissional, o que pode ter um impacto positivo<br />

no estado de saúde bucal e sistêmica dos pacientes renais<br />

crônicos.<br />

Considerando que nos seus estágios iniciais a DRC é<br />

assintomática, é importante que o protocolo de rotina dos<br />

exames pré-operatórios odontológicos inclua dosagem<br />

sorológica de uréia e creatinina, como forma de prevenção<br />

de complicações pós-cirúrgicas e de auxílio no diagnóstico<br />

precoce da DRC.<br />

ABSTRACT<br />

Periodontal disease (PD) and Chronic Kidney Disease (CKD)<br />

share different factors, which are either predisposing and/<br />

or severity factors of PD and cause ative agent, progressive,<br />

comorbidity/mortality or severity risk of CKD, particularly with<br />

regard to inflammation. Studies that have correlated the<br />

two diseases are scarce, their results are contradictory, they<br />

differed on methodology, and focused on the relationship<br />

between PD and CKD in renal replacement therapy (RRT) by<br />

hemodialysis (HD). Studies related to PD and CKD in their<br />

stages of progression and in RRT in peritoneal dialysis do<br />

not sufficiently support the possible relationship between<br />

the two diseases. However positive correlation between PD<br />

and CKD seen is to be reasonable, in a bilateral cause-effect<br />

relationship, in addition to greater prevalence and severity<br />

of PD in RRT in HD than in peritoneal dialysis, which tends<br />

to diminish successively in pre-dialysis patients. This article<br />

presents a literature review discussing the possible relationship<br />

between PD and CKD in its stages of progression and in RRT<br />

in hemodialysis and peritoneal dialysis.<br />

UNITERMS: Periodontitis; Chronic Kidney Disease;<br />

Hemodialysis; Peritoneal Dialysis.<br />

Declaração de conflitos de interesse e fomento<br />

Os autores não declararam conflitos de interesse, nem<br />

suporte financeiro.<br />

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Endereço para correspondência:<br />

Diva Claudia de Almeida<br />

Largo do Machado, 29 - SL 603 - Catete<br />

CEP: 22221-020 – Rio de Janeiro - RJ<br />

E-mail: diclalm@gmail.com<br />

Tel: (21) 91240228<br />

79


VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

PROJETO<br />

80


VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

CONDUTA DO CIRURGIÃO DENTISTA NO SUS AO ATENDIMENTO PERIODONTAL<br />

Conduct of dentists in the SUS to periodontal care<br />

Rodrigues, Ananda Beatrice Danta Bahia; Brandão,Márcia<br />

RESUMO<br />

As Unidades Básicas de Saúde criada pelo Ministério de Saúde constituem-se a “porta de entrada” de pacientes para o<br />

SUS e sua importância está relacionada com a absorção de um contingente populacional que apresenta pouco ou nenhum<br />

acesso aos serviços odontológicos privados dada a situação econômica desfavorável. Atenção Básica considera o sujeito em sua<br />

singularidade, na complexidade, na integralidade, na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e<br />

tratamento de doenças e redução de danos ou sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver saudável.<br />

Em relação ao atendimento periodontal na USB o cirurgião-dentista deve saber diagnosticar as alterações periodontais antes<br />

de iniciar qualquer tratamento. Segundo o ministério da saúde o mesmo deve intervir nos fatores modificadores da doença<br />

periodontal; raspagem supragengival e subgengival, orientação de higiene oral, remoção de fatores de retenção de placa e<br />

outros procedimentos que sejam compatíveis com a capacidade instalada na clínica odontológica da unidade básica de saúde<br />

e quando não possível a realização de alguns procedimentos encaminhar para unidades especializadas. O objetivo do presente<br />

estudo é, pro meio de entrevista realizada com cirurgiões-dentistas das unidades básicas, em municípios que possuem Centros<br />

de especialidades odontológicas CEO, avaliar as condutas dos mesmos na terapia periodontal básica, avaliando critérios de<br />

diagnóstico, instrumentais utilizados e plano de tratamento. Os resultados apresentados são estudo piloto realizado no<br />

município de São Sebastião do Passé.<br />

UNITERMOS: SUS, USB<br />

AVALIAÇÃO DO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL NO TRATAMENTO DA PERIODONTITE CRÔNICA EM<br />

PACIENTES DIABÉTICOS<br />

Evaluation of debridement periodontal in the treatment of the chronic periodontite in subjects with diabetes.<br />

Nobre, Camila Neves; Nascimento, Maísa Cardozo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso.<br />

RESUMO<br />

O papel do biofilme como fator etiológico da doença periodontal já está bem estabelecido na literatura. No entanto,<br />

evidências sugerem que a gravidade e progressão da doença podem estar relacionadas a fatores ambientais e modificadores<br />

sistêmicos tais como o fumo e o Diabetes Melitus. Esta última alteração metabólica tem sido freqüentemente associada à<br />

doença periodontal, sendo a terapia periodontal mecânica associada ou não à antibioticoterapia a resolução da inflamação<br />

gengival. Entretanto, pela persistência ou recolonização de microorganismos, em alguns casos parece não ser capaz de devolver<br />

ou manter a saúde periodontal. Estudos sugerem que o debridamento em sessão única pode eliminar os periodontopatógenos<br />

e assim evitar reinfecções. Tratando-se de um grupo mais susceptível a infecção, como os portadores de diabetes mellitus<br />

esta nova abordagem de tratamento não cirúrgico pode apresentar algumas vantagens sobre o tratamento convencional em<br />

4 sessões, tais como uma diminuição do número de visitas ao dentista e uma redução abrupta nas bactérias causadoras da<br />

infecção. Dessa forma, o debridamento periodontal parece melhorar os resultados do tratamento periodontal não-cirúrgico e<br />

controle glicêmico. Sendo assim, o presente estudo justifica-se pela necessidade de novas investigações sobre a relação entre<br />

diabetes e doença periodontal, com o intuito de avaliar as alterações nos níveis séricos de HbA após terapia periodontal nãocirúrgica<br />

em sessão única e o efeito do debridamento periodontal no tratamento de pacientes portadores de periodontite<br />

crônica avançada.<br />

UNITERMOS: debridamento periodontal, diabetes, periodontite.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

EFEITO DA TFD AO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL EM FUMANTES COM PERIODONTITE CRÔNICA<br />

Photodynamic therapy as an adjunct to non-surgical treatment of chronic periodontitis in smokers<br />

Santos, David Barros Nunes; Balata, Maybel Lage; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso Ribeiro; Tunes, Urbino da Rocha<br />

RESUMO<br />

A raspagem e alisamento radicular é eficaz no tratamento da doença periodontal, entretanto, em alguns casos parece não<br />

ser capaz de devolver ou manter a saúde periodontal. A terapia fotodinâmica (TFD) é uma técnica que pode potencialmente<br />

atingir periodontopatógenos sem afetar os tecidos do hospedeiro. Diante disso, o objetivo do presente estudo é avaliar o<br />

efeito da instrumentação mecânica subgengival associada à TFD em pacientes fumantes com periodontite crônica severa.<br />

Será feito então um estudo clínico controlado, randomizado e cego com 12 pacientes. Os critérios de inclusão serão: presença<br />

de pelo menos dois dentes com sangramento à sondagem (SS) e profundidade de sondagem (PS) > 5 mm e dois dentes<br />

com SS e PS > 7 mm em lados opostos da boca; hábito de fumar mais de 10 cigarros por dia. Serão excluídos pacientes com<br />

doenças sistêmicas relevantes e que tenham recebido tratamento periodontal ou antibioticoterapia nos 6 meses anteriores<br />

ao estudo. Os pacientes serão submetidos à instrumentação mecânica subgengival em todos os sextantes e a TFD será<br />

realizada apenas em um dos lados da boca (modelo de boca dividida). Serão avaliados por examinador calibrado: Índice de<br />

placa, índice gengival, SS, recessão gengival, PS e nível de inserção clínica (NIC). Os parâmetros descritos acima serão avaliados<br />

antes do tratamento e 1, 3 e 6 meses depois. Os resultados obtidos serão comparados estatisticamente através da análise<br />

de variância com medidas repetidas.<br />

UNITERMOS: terapia fotodinâmica, doença periodontal, tratamento.<br />

LEVANTAMENTO DE SEIO MAXILAR COM XENOENXERTOS: AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA<br />

Sinus floor augmentation with xenografts: histological evaluation<br />

Costa, Gúbia Chagas de Araújo; Bittencourt, Sandro; Érica Del Peloso Ribeiro; Bezerra, Fábio<br />

RESUMO<br />

O objetivo do presente estudo é avaliar comparativamente a resposta histopatológica da cicatrização de assoalhos de<br />

seios maxilares após a colocação de xenoenxertos (derivado de osso medular bovino) para o preenchimento subantral, como<br />

procedimento de aumento no sentido vertical do soalho do seio maxilar. Serão selecionados 24 pacientes com indicação para<br />

a realização do levantamento do assoalho do seio maxilar com enxerto subantral. Aleatoriamente, os pacientes serão divididos<br />

em dois grupos: xenoenxerto - BioOss® (grupo controle) e o outro lado receberá o xenoenxerto - Osseus® (grupo teste).<br />

Após 6 meses, no momento em que o implante for realizado, será removida uma amostra de osso (3 X 7 mm) através de uma<br />

broca trefina de 3 mm. Esse material será processado para posterior análise microscópica descritiva, onde será visualizada a<br />

ocorrência dos seguintes eventos: presença de infiltrado inflamatório, formação do tecido ósseo, presença de tecido conjuntivo<br />

fibroso e reabsorção dos materiais. A histomorfometria será também realizada com a finalidade de se medir a área de osso<br />

neoformado, tecido conjuntivo fibroso e de biomaterial na área em reparo. As imagens serão capturadas utilizando uma câmera<br />

fotográfica digital acoplada ao microscópio ótico com objetiva de 12,5x e analisadas utilizando o programa Image Pro Plus.<br />

Os dados obtidos serão submetidos à análise estatística para comparação entre os grupos e determinação de correlações.<br />

UNITERMOS: xenoenxerto, seio maxilar, implante dental.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

DOCICICLINA ADJUNTO À TERAPIA PERIODONTAL MECÂNICA EM LESÕES DE FURCA CLASSE I e II:<br />

AVALIAÇÃO CLÍNICA<br />

Locally delivered doxycycline as an adjunct to mechanical periodontal therapy of class I and II furcation lesions: clinical<br />

evaluation<br />

Barbosa, Lígia Araujo; Cardozo, Maísa; Barbosa, Renata de Araujo; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

Um dos objetivos do tratamento dos defeitos de furca é a redução do biofilme dental das superfícies expostas do complexo<br />

radicular. Entretanto, em muitos casos, o debridamento mecânico não é suficiente para devolver às superfícies afetadas<br />

uma anatomia que facilite o controle da doença periodontal. A utilização tópica de doxiciclina tem sido proposta como<br />

uma alternativa não-cirúrgica para o tratamento desses pacientes, e tem demonstrando resultados positivos na redução de<br />

profundidade de sondagem (PS), nível de inserção clínica (NIC) e sangramento à sondagem (SS). Entretanto, poucos estudos<br />

analisam sua resposta em sítios associados a defeitos de furca. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar clinicamente os<br />

efeitos da doxiciclina a 10% no tratamento de lesões de furca classe I e II através da observação de seus efeitos associado ao<br />

tratamento de raspagem e alisamento radicular. Serão selecionados 20 pacientes com diagnóstico de periodontite crônica e<br />

que possuem pelo menos 01 sítio com envolvimento de furca classe I ou II em faces livres (V ou L). Eles serão aleatoriamente<br />

divididos em grupo teste, que receberá tratamento de RAR seguida da aplicação de doxiciclina nos sítios com defeitos de furca;<br />

e controle, que receberá a RAR e aplicação de placebo. Serão avaliados o índice de placa visível (IP), sangramento gengival (IG),<br />

sangramento à sondagem (SS), profundidade de sondagem (PF), recessão gengival (Rec), nível de inserção clínica (NIC), grau<br />

de mobilidade dental e envolvimento de furca. Estes parâmetros serão reavaliados 30 e 90 dias após o tratamento.<br />

UNITERMOS: raspagem dentária, lesão de furca, antimicrobianos<br />

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA, CLÍNICOS-GEAIS E<br />

ESPECIALISTAS SOBRE O ESPAÇO BIOLÓGICO PERIODONTAL<br />

Evaluation of the knowledge of Dentistry students, clinicians and specialists about periodontal biologic width<br />

Almeida, Lorena Rodrigues; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A preservação do espaço biológico é de grande importância para a saúde dos tecidos periodontais diante de procedimentos<br />

restauradores e protéticos, e esta noção deve ser adquirida no período acadêmico para que seja posta em prática durante<br />

toda a carreira profissional. Assim, o objetivo deste estudo será avaliar o conhecimento de acadêmicos de Odontologia, clínicos<br />

gerais e especialistas em Periodontia ou Prótese sobre o espaço biológico periodontal. Para isto, esta pesquisa contará com 240<br />

participantes e dentre estes estarão: 80 alunos do último semestre do Curso de Odontologia, sendo 20 alunos da Universidade<br />

Federal da Bahia, 20 alunos da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, 20 alunos da União Metropolitana de Educação e<br />

Cultura e 20 alunos da Universidade Estadual de Feira de Santana; 80 clínico-gerais, com pelo menos dois anos de formados,<br />

que realizem procedimentos periodontais e/ou protéticos e 80 especialistas, sendo 40 protesistas e 40 periodontistas. Estes<br />

responderão a um questionário que avaliará o conhecimento do conceito de espaço biológico, sua medida e importância na<br />

manutenção da saúde periodontal. Esses dados serão relacionados ao tempo de formado e a realização de pós-graduação<br />

“lactu senso”. Espera-se com os resultados desta avaliação, determinar as falhas existentes no conhecimento sobre espaço<br />

biológico para então propor formas de solucioná-las. Espera-se também ainda ressaltar a importância do conhecimento das<br />

estruturas do espaço biológico e sua preservação para evitar a ocorrência de problemas periodontais.<br />

UNITERMOS: espaço biológico, estudos epidemiológicos, conhecimento.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE MICROCIRURGIA PERIODONATAL PARA TRATAMENTO DE RECESSÕES<br />

GENGIVAIS EM FUMANTES<br />

Evaluation of periodontal microsurgery technique used to treat gingival recessions in smokers.<br />

Prates, Lyla; Araújo, Renata; Cardoso, Pauline; Ribeiro, Érica Del Peloso; Dourado, Mônica; Bittencourt, Sandro<br />

RESUMO<br />

Estudos clínicos vêm demonstrando que o hábito de fumar influencia negativamente o tratamento de recessões gengivais.<br />

Por outro lado, estudos em pacientes não fumantes vem confirmando que o uso da magnificação cirúrgica poderia facilitar<br />

a confecção do retalho cirúrgico, além de melhorar o suprimento sanguíneo e resultado estético. O objetivo deste estudo<br />

será avaliar a técnica de microcirurgia periodontal para tratamento de recessões gengivais em pacientes fumantes. Serão<br />

selecionados 15 pacientes não fumantes e 15 pacientes que fumam mais de 10 cigarros por dia e que apresentam recessões<br />

gengivais > 2,0 mm, localizadas em caninos e pré-molares superiores. Para ambos os grupos de pacientes, será utilizado o<br />

enxerto de tecido conjuntivo subepitelial, com o auxílio do microscópio operatório. Os parâmetros clínicos a serem avaliados<br />

incluem a largura e altura da recessão gengival, altura e espessura de mucosa queratinizada, profundidade de sondagem<br />

e nível de inserção clínica. A morbidade pós-operatória será medida através da escala visual analógica. Ao final do período<br />

experimental, a satisfação estética, morbidade pós-operatória e hipersensibilidade dentinária dos pacientes serão avaliadas<br />

através da aplicação de um questionário. A cicatrização e a estética das áreas operadas serão avaliadas por periodontistas<br />

independentes através de fotografias obtidas semanalmente, no primeiro mês pós-cirúrgico, e mensalmente até o sexto mês.<br />

Os dados clínicos serão coletados no pré-operatório e com seis meses após as cirurgias. Após a obtenção das médias, estas<br />

serão submetidas a um teste estatístico (ANOVA de Medidas Repetidas) para comparação entre os grupos e entre o período<br />

inicial e final do experimento.<br />

UNITERMOS: cirurgia periodontal; recobrimento radicular; microscópio<br />

AVALIAÇÃO DA AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE PERIODONTAL EM PACIENTES COM DOENÇA<br />

PERIODONTAL CRÔNICA<br />

Assessing self-perceptions of periodontal health in patients with chronic periodontal disease<br />

Nascimento, Maísa Cardozo; Nobre, Camila Neves; Barbosa, Ligia; Bittencourt, Sandro<br />

RESUMO<br />

A percepção da condição bucal, e a importância dada a ela, influencia o comportamento do indivíduo. Na maioria das vezes<br />

a razão para as pessoas não procurarem o atendimento odontológico é a não percepção de suas necessidades. Nos últimos<br />

anos, a Periodontia conquistou avanços muito significativos. Porém, poucos são os estudos que avaliam a autopercepção<br />

do processo saúde–doença periodontal, a mudança nos parâmetros clínicos de acordo com o conhecimento a respeito da<br />

doença e a efetividade da instrução e motivação antes, durante e depois do tratamento. Diante desta realidade, este estudo<br />

tem como objetivo avaliar a autopercepção dos pacientes em relação a doença periodontal e a efetividade da motivação e<br />

tomada de consciência sobre o tratamento da doença periodontal, através da aplicação de 3 questionários semi-estruturados.<br />

UNITERMOS: Autopercepção, Periodontite, Promoção a saúde<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

IODO POVIDINE ASSOCIADO AO DEBRIDAMENTO PERIODONTAL NO TRATAMENTO DE PACIENTES<br />

COM PERIODONTITE AGRESSIVA<br />

Povidone iodine as an adjunct to periodontal debridement in the treatment of aggressive periodontitis<br />

Oliveira, Márcio Bastos; Almeida, Renato Augusto Rosal; Bastos, Vanda Emília Monte; Barbosa, Renata de Araújo; Ribeiro,<br />

Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro<br />

RESUMO<br />

A periodontite agressiva geralmente acomete indivíduos jovens, apresenta forte fator de agregação familiar e um perfil<br />

de perda óssea com rápida evolução. Especula-se ainda sobre sua ocorrência estar relacionada a uma maior susceptibilidade<br />

do indivíduo ou a microorganismos mais virulentos. No entanto, é fato relatado na literatura, que os pacientes acometidos<br />

apresentam pior resposta ao tratamento periodontal não-cirúrgico. Em adição, não há relatos na literatura sobre a ação<br />

antimicrobiana do iodo povidine, antimicrobiano de amplo espectro de ação, baixo potencial alergênico, baixos custos<br />

financeiros, no tratamento de pacientes com periodontite agressiva associado ao debridamento periodontal. O objetivo<br />

deste trabalho é avaliar os efeitos clínicos, microbiológicos e imunológicos da aplicação tópica subgengival de iodo povidine<br />

10% como adjunto da terapia mecânica em pacientes com periodontite agressiva. Serão selecionados 10 pacientes com o<br />

diagnóstico de periodontite agressiva. Um grupo receberá o tratamento de debridamento periodontal em sessão única com<br />

irrigação de cloreto de sódio 0,9% (controle) e o outro grupo receberá a irrigação com iodo povidine 10% (teste). O estudo é<br />

cego e o examinador é único e previamente calibrado.<br />

UNITERMOS: antimicrobianos, periodontite agressiva, raspagem dentária<br />

RESPOSTA IMUNE CELULAR E APOPTOSE EM PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA<br />

Cellular immune response and Apoptosis in Individuals with Chronic Periodontitis<br />

Carvalho-Filho, Paulo Cirino; Fernandes, Bianca Franco Públio Pereira; Trindade, Soraya Castro; Meyer Roberto; Xavier, Márcia Tosta<br />

RESUMO<br />

A Periodontite é uma doença multifatorial, resultante da resposta imuno-inflamatória do hospedeiro frente a estímulos<br />

de bactérias do biofilme subgengival, destruindo tecidos de suporte e levando a perda dental. Pacientes com peridontite<br />

crônica podem apresentar alterações salivares, comprometendo ainda mais a saúde bucal. Este projeto objetiva avaliar a<br />

indução de apoptose em linfócitos T, o fenótipo de células T regulatórias e Th17, bem como a liberação das citocinas IL-17,<br />

IL-10 e TGF-β em cultura de Células Mononucleares de Sangue Periférico de indivíduos com periodontite crônica, estimuladas<br />

in vitro com antígeno de Porphyromonas gingivalis(Pg). As condições salivares desses indivíduos serão também avaliadas. Os<br />

participantes, cadastrados no Centro de Especialidades Odontológicas, da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, após<br />

esclarecidos quanto aos termos da pesquisa, responderão a um questionário sobre condições de saúde e serão classificados<br />

quanto aos descritores clínicos periodontais (profundidade de sondagem, índice de recessão gengival e nível de inserção<br />

clínica). A determinação do fluxo e capacidade tampão salivar será realizada de acordo com Krasse (1988). Cálcio e proteínas<br />

salivares serão dosados utilizando-se Kits comerciais. As células cultivadas, utilizando-se os estímulos de Pg e de mitógenos<br />

convencionais, serão avaliadas quanto a apoptose por citometria de fluxo, também utilizada para a fenotipagem das células T<br />

regulatórias e Th17. A produção de IL-17, IL-10 e TGF-β será avaliada pelo teste de ELISA. O projeto foi aprovado pelo Comitê<br />

de Ética da Maternidade Climério de Oliveira /UFBA (N.053/2010). Os resultados deste trabalho poderão contribuir para um<br />

melhor entendimento da evolução da doença periodontal.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

IODO POVIDINE ASSOCIADO À RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR NO TRATAMENTO DE<br />

PACIENTES COM PERIODONTITE CRÔNICA<br />

Povidone iodine as an adjunct to scrapping and planning root in the treatment of patients with chronic peridontitis<br />

Almeida, Renato Augusto Rosal de; Bastos, Vanda Emília Monte; Barbosa, Renata de Araújo; Oliveira, Marcio Bastos; Ribeiro,<br />

Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro<br />

RESUMO<br />

O objetivo do presente estudo é avaliar a ação do iodo povidine 10% (PVP-I) tópico, como solução irrigadora, associado à<br />

raspagem e alisamento radicular, no tratamento de pacientes com periodontite crônica. Serão selecionados 20 pacientes, de<br />

ambos os gêneros, com periodontite crônica e mínimo 20 dentes e de quatro sítios com profundidade de sondagem (PS) ≥ 4<br />

mm e sangramento à sondagem; destes pelo menos dois com PS ≥ 7 mm. Serão excluídos pacientes portadores de doenças<br />

sistêmicas, que tenham utilizado antibiótico nos 60 dias anteriores ao exame, fumantes e mulheres grávidas ou amamentando.<br />

Os pacientes serão divididos, aleatoriamente, em 2 grupos, caracterizando um estudo paralelo, que receberão os seguintes<br />

tratamentos: grupo controle (10 pacientes)= Raspagem e alisamento radicular + irrigação subgengival com solução de NaCl<br />

0,9% e grupo teste (10 pacientes) = Raspagem e alisamento radicular + irrigação subgengival com PVP-I 10%. Serão avaliados<br />

os seguintes parâmetros clínicos: Índice de Placa Visível (IPV), Índice Gengival (IG), Sangramento à Sondagem (SS); Posição da<br />

Margem Gengival (PMG), Nível de Inserção Clínica (NIC) e PS. As avaliações clínicas serão realizadas na consulta inicial, 30,<br />

60 e 90 dias pós-terapia. Os resultados obtidos serão comparados estatisticamente através da análise de variância, teste de<br />

Tukey e teste qui-quadrado. A significância estatística será estabelecida em 5%<br />

UNITERMOS: raspagem dentária, periodontite crônica, antimicrobiano<br />

ESTUDO DA DOENÇA PERIODONTAL EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA<br />

Study of periodontal disease in patients submitted bariatric surgery<br />

Dias, Rosane Borges; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A obesidade é um problema crescente e contemporâneo de saúde pública. Esta patologia é considerada como fator<br />

de risco para o desenvolvimento de várias doenças como a diabetes mellitus tipo II, hiperlipidemia, hipertensão, doenças<br />

cardiovasculares e a colelitíase. Atualmente, vários estudos epidemiológicos tem investigado a relação da obesidade com a<br />

doença periodontal. A associação entre elas está relacionada a um processo inflamatório crônico, pois mediadores como o fator<br />

de necrose tumoral, interleucina-6 e interleucina-8 são secretados pelo tecido adiposo, o que faz com que estejam presentes<br />

em maior quantidade em pacientes obesos, podendo, por conseguinte levar a um estado hiper-inflamatório, aumentando o<br />

risco ou a progressão das doenças periodontais. E na ocorrência da cirurgia bariátrica essa condição bucal deve sofrer algum<br />

impacto. Assim, o objetivo do presente estudo é avaliar os efeitos da redução de peso corporal, obtida após cirurgia bariátrica,<br />

na prevalência e severidade da doença periodontal. Serão selecionados 50 pacientes não obesos, 50 pacientes obesos e 50<br />

pacientes que tenham sido submetidos à cirurgia bariátrica. Os parâmetros periodontais avaliados serão: índice de placa,<br />

sangramento à sondagem, posição da margem gengival, profundidade de sondagem, nível clínico de inserção e volume do<br />

fluido gengival. Mensurações do hálito matinal também serão feitas. Os dados obtidos serão submetidos à análise estatística<br />

para comparação entre os grupos e determinação de correlações. Espera-se que esses resultados auxiliem na disseminação<br />

do conhecimento sobre a associação entre obesidade e doença periodontal e sobre os efeitos da cirurgia bariátrica nessa<br />

associação.<br />

UNITERMOS: doença periodontal; obesidade; cirurgia bariátrica.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

TRABALHO CONCLUÍDO<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

CONDIÇÃO PERIODONTAL EM PORTADORES DE HIV NO MUNÍCIPIO DE JUAZEIRO, BAHIA<br />

Positive HIV subjects periodontal status in the municipality of Juazeiro, Bahia.<br />

Jambeiro, Anderson; Damasceno, Murilo Cândido do Monte; Figueiredo, Ana Cláudia Morais Godoy ; Passos, Johelle Santana;<br />

Gomes Filho, Isaac Suzart; Cruz, Simone Seixas da<br />

RESUMO<br />

As manifestações periodontais têm se mostrado como sinais de comprometimento do sistema imunológico de indivíduos<br />

portadores do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e seu reconhecimento precoce pode facilitar o diagnóstico de pacientes<br />

infectados. Essas afecções, em portadores de HIV, geralmente apresentam quadros mais acelerados, comprometendo<br />

rapidamente os tecidos periodontais. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo piloto acerca da condição periodontal<br />

de indivíduos portadores de HIV no município de Juazeiro/BA. Neste estudo transversal exploratório, com 32 participantes,<br />

foram coletadas informações sobre características sócio-demográficas, de estilo de vida, de saúde geral e bucal contidas<br />

em prontuários clínicos ou obtidas através de exame bucal, bem como pela aplicação de um questionário. Foi avaliada a<br />

distribuição de todas as variáveis consideradas. Posteriormente, foram estimadas as medidas de associação desses fatores com<br />

a presença de periodontite grave. A lesão em tecidos moles mais frequente foi o Eritema Gengival Linear, presente em 9,75%<br />

da amostra. Apresentaram periodontite grave, 37,5% dos participantes. A média de sangramento gengival foi da ordem de<br />

3,3%, a Profundidade de Sondagem média foi de aproximadamente 1,38 mm e o Nível de Inserção Clínico médio foi de 1,74<br />

mm. Observou-se a existência de associação, mesmo após ajustes por idade, entre a presença de doenças sistêmicas e a<br />

ocorrência de periodontite grave [RP ajustada<br />

=3,30; IC 95%<br />

(0,95 – 11,50)]. Concluiu-se que há associação entre a presença das<br />

doenças sistêmicas investigadas e a ocorrência de periodontite grave.<br />

UNITERMOS: síndrome de imunodeficiência adquirida, infecções por HIV, periodontite, manifestações bucais.<br />

EFICÁCIA ANTIMICROBIANA IN VITRO DE COLUTÓRIOS ANTISSÉPTICOS EM PERIODONTOPATÓGENOS<br />

– ESTUDO PILOTO<br />

In vitro antimicrobial effectiveness of different mouth rinses on periodontal pathogens – a pilot study<br />

Pinto-Filho, Jorge Moreira; Araújo, Roberto Paulo Correia de; Costa, Lília Ferreira de Moura; Vieira, Cecília de Oliveira; Monteiro,<br />

Adriano Monteiro d´ Almeida<br />

RESUMO<br />

O papel do biofilme dental como fator etiológico primário da Doença Periodontal faz com que seu controle seja um dos<br />

tópicos mais discutidos da periodontia. Ainda que a remoção mecânica seja considerada o “padrão ouro” para controle de<br />

biofilme, diversos enxaguatórios bucais chegam diariamente até os pacientes e profissionais de odontologia com a promessa<br />

de auxiliar nesta tarefa. Este estudo avaliou a eficácia antimicrobiana in vitro de quatro bochechos antissépticos em cepas de<br />

Aggregatibacter actinomycetemcomitans (AA) e Porphyromonas gingivalis (PG), bactérias presentes no biofilme dental. Cada<br />

cepa foi semeada em cinco placas de petri, onde receberam discos de papel embebidos nas soluções a serem testadas. As<br />

placas foram incubadas em anaerobiose, e os alos de inibição gerados pelos discos foram medidos. Os bochechos a base de<br />

clorexidina e triclosan foram igualmente eficazes na inibição do AA, sendo que o segundo foi mais eficaz contra as PG. Podese<br />

concluir que o triclosan é uma excelente alternativa no controle químico da placa bacteriana.<br />

UNITERMOS: enxaguatórios bucais, clorexidina, triclosan, cloreto de cetilpiridínio, óleos essenciais.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA DECORRENTE DA INSTRUMENTAÇÃO MANUAL OU ULTRASSÔNICA<br />

Dentin Hypersensitivity resulting from manual or ultrasonic instrumentation<br />

Macedo, Margareth; Gaspar, Laíse Silva; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A instrumentação periodontal tem como objetivo remover biofilme e cálculo dental da superfície radicular. Tanto instrumentos<br />

manuais quanto ultrassônicos já foram consolidados como capazes de promover essa descontaminação. Contudo, o<br />

estabelecimento de um periodonto saudável pode resultar em efeitos adversos como a hipersensibilidade dentinária. O objetivo<br />

do presente estudo foi avaliar os efeitos da instrumentação manual ou ultra-sônica sobre a hipersensibilidade dentinária em<br />

pacientes submetidos ao tratamento periodontal não cirúrgico. Para realização deste estudo clínico controlado de “boca<br />

dividida” foram selecionados 14 pacientes que tinham em 2 quadrantes, dentes homólogos na região de incisivos a prémolares<br />

com profundidade de sondagem ≥ 5 mm, na face vestibular. A hipersensibilidade dentinária foi avaliada utilizando<br />

tanto uma sonda periodontal para arranhar a superfície radicular, quanto à seringa de ar. A resposta do paciente foi detectada<br />

por meio de uma escala visual analógica. Após a primeira semana do tratamento, o grupo teste (tratado com ultrassom)<br />

não apresentou hipersensibilidade quanto à ranhura, porém apresentou hipersensibilidade 2 quando acionado o jato de ar.<br />

Enquanto o grupo controle (tratado com cureta gracey) apresentou hipersensibilidade 0,5 quanto à ranhura e 2,5 quanto<br />

ao jato de ar. Com o decorrer do tempo, 4 semanas depois do tratamento, os níveis de hipersensibilidade chegaram a zero,<br />

em ambos os grupos. Não houve diferença entre a efetividade das terapias propostas e ocorrência de hipersensibilidade. O<br />

estímulo do ar em comparação ao estímulo de ranhura causou mais desconforto na avaliação da hipersensibilidade após o<br />

tratamento com curetas ou pontas ultrassônicas.<br />

UNITERMOS: hipersensibilidade dentinária, instrumentação manual, instrumentação ultrassônica.<br />

TERAPIA FOTODINÂMICA ASSOCIADA AO TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO EM<br />

PACIENTES COM PERIODONTITE CRÔNICA SEVERA<br />

Photodynamic therapy association non-surgical periodontal treatment in patients with severe chronic periodontitis.<br />

Balata, Maybel Lages; Barros, David; Lopes Louise; Ribeiro, Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro; Tunes, Urbino da Rocha<br />

RESUMO<br />

A terapia fotodinâmica (TFD) é um método de redução microbiana que pode ser benéfica nos locais de difícil acesso,<br />

como bolsas profundas, depressões e concavidades. O objetivo desse estudo clínico controlado randomizado e cego foi avaliar<br />

clinicamente os efeitos da TFD como adjuvante do tratamento periodontal não cirúrgico em pacientes com periodontite crônica<br />

severa. Vinte e dois pacientes com no mínimo 2 bolsas com profundidade de sondagem (PS) ≥ 7 mm e 2 bolsas com PS ≥<br />

5 mm e sangramento à sondagem (SS) em lados opostos da boca foram incluídos no estudo. Em um dos lados da boca, o<br />

paciente foi submetido à raspagem e alisamento radicular – RAR (grupo controle) e no outro lado recebeu RAR associada à<br />

TFD (grupo teste), caracterizando um estudo de boca dividida. O índice de placa, índice gengival, recessão gengival, nível<br />

de inserção clínica (NIC), PS e SS foram coletados antes e 3 meses após o tratamento. A PS diminuiu de 7,53±0,57 mm para<br />

3,89±1,16 mm no grupo teste e de 7,43±0,42 mm para 3,97±1,36 mm no grupo controle. Essa redução foi estatisticamente<br />

significante nos dois grupos. O ganho de NIC foi de 7,94±0,93 mm para 4,83±1,60 mm no grupo teste e de 7,88±1,36 mm<br />

para 4,59±1,79 mm no grupo controle. No grupo teste 62,47% dos sítios e no grupo controle 58,95% dos sítios ganharam<br />

NIC ≥ 2 mm aos 3 meses. Não foram detectadas diferenças significativas entre os tratamentos. Conclui-se que a TFD não<br />

promoveu benefícios adicionais aos conseguidos com a RAR.<br />

UNITERMOS: terapia fotodinâmica, raspagem subgengival, periodontite crônica<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

ASSOCIAÇÃO ENTRE PERIODONTITE GRAVE E INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO<br />

Association between severe periodontitis and acute myocardial infarction<br />

Farias, Naiara Silva Aragão; Passos, Johelle Santana; Cruz,Simone Seixas; Coelho, Julita Maria Freitas; Santos, Carlos Antonio<br />

de Souza Teles; Gomes Filho, Isaac Suzart<br />

RESUMO<br />

A doença periodontal tem sido sugerida como fator de risco para algumas complicações sistêmicas (BECK; OFFENBACHER,<br />

2005), a exemplo do infarto agudo do miocárdio (IAM). Um tema ainda controverso que aborda enfermidades de grande<br />

interesse para a saúde pública, dado à prevalência destas e à alta morbimortalidade do IAM. Nesta perspectiva, foi desenvolvido<br />

um estudo caso - controle, em dois Hospitais da cidade Feira de Santana – Bahia – Brasil, com o objetivo de estudar possível<br />

associação entre estas enfermidades. A amostra foi de 290 indivíduos, 216 controles e 74 casos. Os casos foram pacientes<br />

internados com IAM. Os controles por sua vez, foram acompanhantes dos casos e de outros pacientes internados nos referidos<br />

hospitais. Em toda a amostra foi realizado exame clínico bucal e diagnosticada quanto à doença periodontal, e classificou os<br />

indivíduos com periodontite grave (30% dos dentes com nível inserção clínica ≥ 5 mm) e indivíduos sem periodontite grave.<br />

Para diagnóstico do IAM realizou-se eletrocardiograma, dosagem de enzimas CK (MB) e troponina. Para análise dos dados<br />

empregou-se análise bivariada, análise estratificada e multivariada, além de regressão logística. Os resultados apresentaram<br />

uma odds ratio (OR) para a associação principal estudada de OR bruta<br />

=2,52 (I.C. 95% [1.38 - 4.70]), quando ajustado por<br />

idade, nível de escolaridade, hábito de fumar, hipertensão e diabete a medida foi de OR ajustada<br />

=1,87 (IC 95% [1.01- 3.48]) e<br />

nível de significância de 5%. Os resultados apontam para uma associação positiva entre a periodontite grave e infarto agudo<br />

do miocárdio.<br />

UNITERMOS: periodontite grave, infarto agudo do miocárdio, aterosclerose.<br />

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fórum clínico<br />

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TRATAMENTO DE REABSORÇÃO RADICULAR EXTERNA CAUSADA PELO USO DO ÁCIDO CÍTRICO COM<br />

TETRACICLINA – RELATO DE CASO CLÍNICO<br />

Treatment of external root resorption caused by the use of citric acid with tetracycline: case reported<br />

Santos, Jordana Alcântara; Silva, Laise Luduvic; Bittencourt, Sandro<br />

RESUMO<br />

O condicionamento da superfície radicular com ácido cítrico vem sendo proposto há algum tempo, mas os resultados<br />

dos estudos são inconclusivos e contraditórios. O presente estudo descreve um caso clínico de reabsorção radicular externa<br />

cervical presente nas unidades 13 e 23, tendo como principal suspeita da causa desta reabsorção o uso do ácido cítrico pH 1,0<br />

com tetraciclina durante a cirurgia periodontal para tratamento de recessão gengival nestas unidades. A reabsorção radicular é<br />

desencadeada por um desequilíbrio funcional entre os osteoblastos e osteoclastos que, em situação clínica normal, mantêm<br />

ou remodelam as estruturas periodontais de suporte. A reabsorção externa cervical tem sido considerada por muitos autores<br />

como sendo um tipo específico de reabsorção radicular, devido às características peculiares, como a extensiva destruição<br />

dentária e, histologicamente, variar aspectos inflamatórios e proliferativos. O tratamento das reabsorções cervicais é sempre<br />

problemático. Sua localização, muito próxima à inserção do periodonto, e suas dimensões quase sempre avantajadas, são<br />

obstáculos difíceis de serem superados. Optou-se pelo tratamento transcirurgico-restaurador-endodôntico. O acompanhamento<br />

clínico e radiográfico está sendo executado, e no presente momento o tratamento realizado tem demonstrado sucesso,<br />

podemos assim, considerar esta opção, como sendo adequada para o tratamento de reabsorções radiculares externas cervicais.<br />

UNITERMOS: reabsorção radicular; ácido cítrico.<br />

REGENERAÇÃO TECIDUAL GUIADA: 15 ANOS DE ACOMPANHAMENTO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Guided tissue regeneration: 15 years follow-up of a clinical case.<br />

Meira, Ana Luísa Teixeira; Balata, Maybel Lages; Ribeiro, Érica Del Peloso; Bittencourt, Sandro; Tunes, Urbino da Rocha<br />

RESUMO<br />

A doença periodontal leva à perda dos tecidos de suporte dos dentes e a terapia periodontal regenerativa visa reconstituir as<br />

estruturas perdidas com essa doença por meio da regeneração do cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. O objetivo<br />

deste trabalho é relatar, pelo acompanhamento clínico e radiográfico, o sucesso no tratamento periodontal regenerativo de<br />

um caso clínico. Uma paciente com 40 anos de idade portadora de periodontite crônica moderada localizada e lesão de<br />

bifurcação classe II no dente 37 foi submetida à raspagem e alisamento radicular e, posteriormente, à regeneração tecidual<br />

guiada (membrana de politetrafluoretileno expandido - PTFE-e) na unidade referida. A cirurgia de reabertura foi realizada após<br />

doze meses, e a paciente encontra-se em terapia periodontal de suporte há 15 anos. Quando devidamente indicada, a RTG<br />

mostra-se uma opção terapêutica eficaz para os molares com envolvimento de bifurcação classe I.<br />

UNITERMOS: periodontite, regeneração tecidual guiada, furca<br />

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UTILIZAÇÃO DE ANTIBIOTICOTERAPIA NO TRATAMENTO DA PERIODONTITE AGRESSIVA – RELATO DE<br />

CASO<br />

Use of systemic antibiotic theraphy on the treatment of agressive periodontitis – a case report.<br />

Matos, Anna Manuelle Correia de; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A periodontite agressiva consiste em um tipo distinto de doença que afeta indivíduos que, na maioria dos casos, parece<br />

saudável. Causa rápida destruição dos tecidos periodontais resultando em perda do osso alveolar de suporte. O seu tratamento<br />

é bastante discutido, mas assim como nas outras periodontites, o primeiro passo é a remoção da causa, ou seja, redução e/ou<br />

eliminação da microbiota patogênica. Acredita-se que a periodontite agressiva está associada a algumas bactérias específicas<br />

bastante virulentas. Sendo assim, a administração sistêmica de antibióticos para eliminação ou supressão desses patógenos<br />

tornou-se um forte aliado no tratamento dessas periodontites. O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir, por meio de<br />

caso clínico, o tratamento não-cirúrgico associado à antibioticoterapia sistêmica da periodontite agressiva. Paciente do sexo<br />

feminino, 35 anos, melanoderma, sem alterações sistêmicas, portadora de periodontite agressiva localizada, foi submetida<br />

ao tratamento periodontal não-cirúrgico em sessão única associado ao uso sistêmico de amoxicilina (500 mg) e metronidazol<br />

(400mg) por 7 dias. Reavaliação após 30 dias mostrou redução das profundidades de sondagem e ganho no nível clínico de<br />

inserção. A paciente foi então incluída em terapia periodontal de suporte. Pode-se concluir que a antibioticoterapia sistêmica<br />

é um importante adjunto no tratamento da periodontite agressiva.<br />

UNITERMOS: periodontite agressiva, antibióticos, raspagem dentária<br />

FRENETCTOMIA ASSOCIADA AO ENXERTO DE MUCOSA MASTIGATÓRIA: INDICAÇÃO E TÉCNICA<br />

Frenectomy associated with free gingival graft: Indication and Technique<br />

Santos, Camila Farias; Sobral, Luciana; Naves, Roberta Catapano; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A contribuição do freio labial maxilar para a etiologia de um diastema, dificuldade de higienização, limitação dos movimentos<br />

labiais e estética é frequente, havendo vários tipos de freios volumosos com inserção marginal ou papilar. Nesses casos, os<br />

freios devem ser removidos pela técnica de frenectomia labial que é um procedimento comum na área da cirurgia oral. Sendo<br />

assim, o objetivo deste trabalho, é relatar um caso clínico de frenectomia associada ao enxerto de mucosa mastigatória para<br />

discutir as indicações deste procedimento e as técnicas cirúrgicas envolvidas. No presente estudo, a paciente apresentava um<br />

freio patológico diagnosticado como sendo do tipo teto labial persistente, com extensão para o palato na região inter-incisal.<br />

Em função do planejamento ortodôntico foi decidido realizar uma frenectomia e em função do volume do freio foi indicado<br />

a realização simultânea de um enxerto de mucosa mastigatório para evitar deformidades de tecido mole. Após 30 dias de<br />

realização da cirurgia, com pós-operatório satisfatório do ponto de vista estético e funcional, a paciente foi encaminhada para<br />

o ortodontista. Pode-se então concluir que a frenectomia associada ao enxerto de mucosa mastigatória é um procedimento<br />

previsível e por isso de escolha para eliminação de freios volumosos cuja remoção estaria associada à seqüelas mucogengivais.<br />

UNITERMOS: frenectomia, diastemas na linha média<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

TUNELIZAÇÃO: OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA LESÕES DE FURCA CLASSE III<br />

Tunnel preparation: a therapeutic option for treatment of class III furcation involvement<br />

Marinho, Tatiana Araújo; Barbosa, Renata de Araújo; Casati, Márcio Zaffalon; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

A complexa morfologia radicular da região de furca dificulta a eliminação de biofilme e cálculo e, assim, a adequada<br />

instrumentação radicular. Existem diversos tratamentos para os diferentes graus de envolvimentos de furca e esses reservam<br />

diferentes prognósticos. A tunelização é um procedimento ressectivo que tem como objetivo a remoção de defeitos interradiculares,<br />

restabelecendo a arquitetura óssea e a exposição da área de furca. Desta forma, melhora o acesso para higienização<br />

e mantém a dentição saudável e funcional. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico de tunelização, considerando<br />

as condições clínicas e radiográficas assim como as vantagens e desvantagens pertinentes a este tratamento periodontal. O<br />

paciente AECA, 36 anos, gênero masculino, queixava-se de sangramento gengival. O exame clínico indicou a presença de<br />

periodontite crônica severa generalizada e envolvimento de furca classe III na unidade 46. Ao exame radiográfico periapical<br />

desta região foi observada área radiolúcida inter-radicular, boa divergência das raízes e tronco radicular curto. Desta maneira,<br />

o paciente foi inicialmente submetido à fase de preparo inicial e raspagem e alisamento radicular. No momento da reavaliação,<br />

optou-se pela realização do procedimento de tunelização na unidade 46. A adequada indicação da técnica e a adesão do<br />

paciente à terapia periodontal de suporte garantiram manutenção da saúde periodontal na região durante todo o período de<br />

acompanhamento de 2 anos. Esse relato indica a possibilidade de manter dentes com envolvimentos de lesões de bifurcação<br />

classe III, tratados pela técnica de tunelização.<br />

UNITERMOS: defeitos de furca, cirurgia, raspagem dentária<br />

CORREÇÃO DE SORRISO GENGIVAL: RELATO DE UM CASO CLÍNICO<br />

Correction of gum smile: clinical case report.<br />

Sobral, Luciana dos Anjos; Nascimento, Maísa Cardozo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

O sorriso ideal leva em consideração simetria facial, linha interpupilar (nivelada ou desnivelada), linha do sorriso (baixa,<br />

média, ou alta), linha média dental em relação a linha média facial, exposição gengival durante a conversação, harmonia das<br />

margens gengivais, localização das margens gengivais em relação a JCE, tamanho e proporções do dente/harmonia e plano<br />

incisal/oclusal. Sua etiologia esta relacionada a diferentes fatores: erupção passiva alterada, aumento do volume de gengiva<br />

devido ao acúmulo de placa ou uso de medicamentos e excesso vertical da maxila. O aumento de coroa estético é realizado<br />

quando existe exposição excessiva da gengiva ou “sorriso gengival. A técnica cirúrgica para o aumento de coroa estético é a<br />

gengivectomia. O objetivo deste trabalho é através de um caso clínico mostrar o correção do sorriso gengival em uma paciente<br />

que apresenta excesso vertical da maxila associada a erupção passiva , o qual foi realizado pela técnica de gengivoplastia com<br />

incisão em bisel interno.<br />

UNITERMOS: cirurgia, sorriso gengival, estética<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

CONTRIBUIÇÃO PERIODONTAL PARA ESTÉTICA PERI-IMPLANTAR -RELATO DE CASO CLÍNICO<br />

Periodontal contribution to peri-implantar esthethics – case report.<br />

Barbosa, Renata de Araújo; Bittencourt, Sandro; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

O sucesso dos implantes, principalmente na região anterior da maxila, envolve a obtenção de estética e função, além da<br />

osseointegração. No entanto, nos casos de perda da tábua óssea vestibular e de tecido gengival, a busca pela estética pode<br />

se tornar um grande desafio. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é abordar a utilização do enxerto de tecido conjuntivo<br />

subepitelial como uma boa alternativa para alcançar a estética peri-implantar. A paciente C.M, 25 anos apresentava queixa<br />

sobre o aspecto acinzentado que sua gengiva apresentava na região do implante (unidade 21). A unidade sofreu uma fratura<br />

no terço médio após um acidente doméstico. No momento da extração, foi detectada perda cervical da tábua óssea vestibular,<br />

tendo sido realizado o implante e simultaneamente um enxerto ósseo (hidroxiapatita). Já com a prótese definitiva foi realizado<br />

um enxerto de tecido conjuntivo para aumento da espessura gengival e assim mascarar o aspecto acinzentado causado pelo<br />

implante. O fenótipo gengival denso da paciente favoreceu o sucesso do caso, apresentando-se estável após um ano de<br />

acompanhamento. Este caso confirma a relevância da estética vermelha e o papel das cirurgias plásticas mucogengivais na<br />

busca pela estética peri-implantar.<br />

UNITERMOS: estética, implante dentário, cirurgia<br />

TRATAMENTO DE RECESSÃO GENGIVAL ASSOCIADA A LESÕES CERVICAIS – RELATO DE CASO CLÍNICO<br />

Treatment of gingival recession associated cervical lesions – Clinical case report.<br />

Barbosa, Viviene Santana; Rios, Marcelo de Azevedo<br />

RESUMO<br />

Situações clínicas onde há a combinação de lesões cervicais, cariosas ou não, com recessão gengival, muitas vezes gera a<br />

necessidade de um planejamento restaurador-periodontal integrado. O tratamento para essas condições passa pelo uso de<br />

técnicas de enxerto de tecido conjuntivo associado ao aplainamento das lesões dentárias, restauração direta com ionômero<br />

de vidro ou resina composta, ou ainda, apenas com enxerto. A combinação imediata de restaurações e enxerto pode otimizar<br />

os resultados do tratamento, principalmente em casos com amplas recessões, sensibilidade ou risco estético. Este trabalho<br />

tem o intuito de mostrar, através de elementos da literatura e relato de um caso clínico, uma abordagem combinada de<br />

procedimento restaurador e periodontal no tratamento de recessões gengivais associadas a lesões cervicais.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

USO DE PELÍCULA DE CELULOSE PARA PROTEÇÃO DE FERIDAS CIRÚRGICAS DO PALATO<br />

Use of the new dressing for protection of surgical wounds in palate<br />

Barbosa, Viviene Santana; Souza, Thamires Silva; Marques, Vanessa Rios; Rios, Marcelo de Azevedo<br />

RESUMO<br />

Os procedimentos de enxertos de tecido mole em Periodontia são classicamente usados para recobrimento radicular,<br />

aumento mucoso de rebordos, ganho de mucosa ceratinizada, entre outros. Destes, as enxertias de tecido conjuntivo subepitelial<br />

e de tecido do palato epitelizado figuram como as mais utilizadas. No entanto, o procedimento de enxerto epitelizado apresenta<br />

algumas limitações e desvantagens como, desconforto aumentado e potencial para sangramento pós-operatório da área<br />

doadora, em virtude da presença de uma grande área cruenta que cicatriza por segunda intenção. Para tentar minorar esses<br />

sintomas, além da sutura, é comum tentar recobrir a área doadora com recursos como cimento cirúrgico, placas de acrílico<br />

ou acetato de celulose, tentando proteger a área. Em Medicina, existem recursos terapêuticos auxiliares muito empregados<br />

no tratamento de feridas cutâneas, que são capazes de fornecer um microambiente para formação de tecido de reparo de<br />

excelente qualidade estética e funcional. Dentre eles, mais recentemente, está disponível o Veloderm®, que consiste em uma<br />

película biológica natural, de origem vegetal, com uma estrutura baseada em microfibras de hemicelulose. Dessa forma, o<br />

objetivo desse trabalho é relatar um caso de enxerto de tecido do palato epitelizado com a aplicação de Veloderm® na área<br />

doadora e acompanhar o reparo por 15 dias.<br />

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tema livre<br />

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ASSOCIAÇÃO ENTRE A DOENÇA PERIODONTAL E A OBESIDADE<br />

Association between a periodontal disease and obesity<br />

Dias, Rosane Borges; Almeida, Mário Osvaldo Santana de; Ribeiro, Érica Del Peloso; Naves, Roberta Catapano<br />

RESUMO<br />

A prevalência da obesidade vem aumentando nas últimas décadas, representando uma preocupação para a saúde pública.<br />

Essa patologia é um importante fator de risco para o desenvolvimento de várias doenças sistêmicas como diabetes mellitus<br />

tipo II, hiperlipidemia, hipertensão, doenças cardiovasculares e colelitíase. Estudos epidemiológicos recentes demonstraram<br />

uma possível relação entre a obesidade e a doença periodontal. Esta é uma patologia infecto-inflamatória do tecido gengival<br />

e do periodonto de sustentação, cujo fator etiológico primário é a presença do biofilme bacteriano nas unidades dentárias. A<br />

associação entre a doença periodontal e a obesidade está diretamente relacionada ao processo inflamatório, pois mediadores<br />

como o fator de necrose tumoral, interleucina-6 e interleucina-8 são secretados pelo tecido adiposo, o que faz com que<br />

estejam presentes em maior quantidade em pacientes obesos, podendo, por conseguinte levar a um estado hiperinflamatório,<br />

aumentando o risco ou a progressão das doenças periodontais. Essa associação foi descrita inicialmente na década de 1970 por<br />

um estudo que avaliava se a resposta periodontal a irritantes gengivais apresentava-se alterada em ratos obesos e hipertensos.<br />

Foi observado que a obesidade contribuiu significativamente com a condição de severidade da doença periodontal. A partir<br />

disso, o objetivo deste trabalho é apresentar os possíveis mecanismos que mostram uma relação entre a doença periodontal<br />

e a obesidade e as evidências apresentadas na literatura sobre o assunto.<br />

UNITERMOS: doença periodontal, obesidade, medicina periodontal<br />

FULL MOUTH THERAPY: UM NOVO CONCEITO NO TRATAMENTO DA DOENÇA PERIODONTAL<br />

Full mouth therapy: a new concept of periodontal disease treatment.<br />

Santos, Ana Gabriele da Cruz; Carvalho, Alline Passos; Soares, Felipe Fagundes; Nascimento, Maisa Cardozo; Viana, Aline<br />

Cavalcanti; Carvalho, Elizabeth Maria Costa de<br />

RESUMO<br />

O sucesso da terapia periodontal depende da redução de bactérias periodontopatogênicas que estão no biofilme dental,<br />

associada com a superfície dentária e outros nichos da cavidade bucal. Com o objetivo de aumentar a eficácia da terapia<br />

periodontal foi implementada a Full Mouth Therapy (FMT), que é um método farmacomecânico de tratamento periodontal<br />

não-cirúrgico, visando não só a assepsia como também o debridamento da boca completa no espaço de 24 horas, prevenindo<br />

assim a reinfecção das bolsas já tratadas por outras não tratadas. Essa técnica antiinfecciosa inicia-se com a fase de higienização,<br />

onde são transmitidas instruções de higiene bucal para o paciente. Em seguida, o paciente é submetido à desinfecção da boca<br />

completa dentro de 24 horas, com o auxílio de aparelhos ultrassônicos, e associado ao uso de clorexidina 0,2%, antes, durante<br />

e após o tratamento. Estudos que comparam o método convencional e a FMT têm demonstrado que esta técnica oferece<br />

resultados superiores de diminuição da profundidade de sondagem e ganho do nível de inserção clínica quando comparado<br />

à raspagem e alisamento radicular em múltiplas sessões. Neste trabalho descreveremos a conduta clínica deste método de<br />

tratamento, abordando suas vantagens e desvantagens, bem como sua efetividade.<br />

UNITERMOS: raspagem dentária, periodontite, clorexidina<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

RECOBRIMENTO RADICULAR DE RECESSÕES GENGIVAIS ASSOCIADAS A LESÕES CERVICAIS NÃO<br />

CARIOSAS<br />

Root coverage of gingival recessions associated to non carious cervical lesions<br />

Guida, Bruno; Damis, Lúcio Teixeira; Nasciben, Marcelo; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

Tem sido demonstrado que as recessões gengivais estão freqüentemente associadas às lesões cervicais não cariosas<br />

(LCNC), provocando queixas de hipersensibilidade e aspecto antiestético. Além da prevenção dos fatores etiológicos, as opções<br />

de tratamento geralmente são baseadas nos ajustes oclusais, restauração das lesões cervicais e cirurgias de recobrimento<br />

radicular. Essas terapias podem ser utilizadas individualmente ou combinadas. Porém, as restaurações são freqüentemente<br />

selecionadas como terapia única, desconsiderando a permanência da recessão gengival no resultado estético final. Alguns<br />

estudos comprovaram a eficácia e a previsibilidade do recobrimento radicular no tratamento de LCNC previamente restauradas.<br />

Entretanto, pouco se sabe a respeito da durabilidade das restaurações e se estas influenciarão negativamente a integridade do<br />

tecido periodontal em longo prazo. O objetivo desse trabalho é fazer uma revisão de literatura sobre o tratamento de recessões<br />

gengivais classe I e II de Miller associadas a lesões cervicais não cariosas e discutir a indicação e viabilidade de se restaurar<br />

essa lesão previamente à cirurgia de recobrimento radicular. Nesse sentido, demonstra-se que as técnicas cirúrgicas para o<br />

recobrimento radicular, os materiais restauradores estéticos ou a combinação de procedimentos aparecem como possíveis<br />

opções de tratamento de recessões gengivais associadas à LCNC, desde que o planejamento seja cauteloso e relacionado<br />

diretamente com a etiologia e características anatômicas da lesão.<br />

UNITERMOS: Recessão gengival / cirurgia; abrasão dentária; raiz dentária / cirurgia; restauração dentária permanente.<br />

INTER-RELAÇÃO DOENÇA PERIODONTAL E SÍNDROME METABÓLICA<br />

Relationship between metabolic syndrome and periodontal disease.<br />

Gaspar, Carolina Drummond Ruas; Tunes, Roberta Santos<br />

RESUMO<br />

Doença periodontal (DP) é uma infecção crônica provocada por bactérias que possuem um alto poder de virulência. Esta<br />

infecção resulta em uma reação imunoinflamatória no hospedeiro que, por sua vez, promove a liberação de citocinas para o<br />

organismo. Estudos demonstram que a DP está relacionada com patologias sistêmicas, entre elas as doenças cardiovasculares,<br />

diabetes mellitus e a síndrome metabólica (SM). Este trabalho pretende mostrar como os processos imunoinflamatórios,<br />

produzidos pela DP e pelas alterações metabólicas presentes em indivíduos com SM, inter-relacionam-se, contribuindo tanto<br />

para o agravamento da DP, como de tais alterações, reciprocamente. Estas relações se devem ao fato de o periodonto inflamado<br />

ser uma porta de entrada para a corrente circulatória, de bactérias, endotoxinas e citocinas, implicando no aparecimento ou no<br />

agravamento de doenças sistêmicas. A SM é considerada como um conjunto de alterações metabólicas que se manifestam em<br />

um indivíduo, e são responsáveis por um estado pró inflamatório subclínico caracterizado pela liberação de citocinas inflamatórias<br />

no organismo. Dentre essas alterações estão a hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade central, intolerância à glicose e<br />

resistência à insulina. Com isso, pode-se relacionar a DP, uma infecção imunoinflamatória local, como fator colaborador para esse<br />

processo sistêmico. Além disso, pode-se considerar que essas doenças sistêmicas também podem agravar o desenvolvimento<br />

da DP, por serem doenças também indutoras de um estado de inflamação crônica no organismo. Demonstra-se a importância<br />

do conhecimento das inter-relações oro-sistêmicas, para o tratamento interdisciplinar dos pacientes portadores de DP e SM.<br />

UNITERMOS: Síndrome Metabólica; Doença Periodontal; Inflamação; citocinas.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

DOENÇA PERIODONTAL: 6ª COMPLICAÇÃO DE DIABETES MELLITUS<br />

Periodontal disease: 6 th complication of diabetes mellitus<br />

Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Carvalho, José Roberto<br />

RESUMO<br />

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 11 milhões de indivíduos são diabéticos no nosso país, sendo que 90%<br />

apresentam Diabetes Mellitus tipo 2. Cerca da metade desses diabéticos desconhece que são portadores desta patologia e<br />

23% não faz qualquer tipo de tratamento. Dados estatísticos atualizados apontam que existem cerca de 5 milhões de prédiabéticos<br />

no Brasil. A Diabetes Mellitus pode ser categorizada como uma síndrome que engloba alterações cardiovasculares<br />

precoces, alterações macrovasculares (aterosclerose agressiva – acelerada), complicações renais, dermatológicas e oftalmológicas,<br />

O objetivo deste trabalho é sensibilizar o olhar dos cirurgiões-dentistas para a necessidade de uma atenção odontológica<br />

diferenciada aos diabéticos, na perspectiva do diagnóstico precoce das alterações bucais associadas, em particular da doença<br />

periodontal, citada na literatura especializada como sendo a 6ª complicação do Diabetes Mellitus.<br />

UNITERMOS: diabetes mellitus, doença periodontal, medicina periodontal<br />

DOENÇA PERIODONTAL NA 3ª IDADE: CUIDADO DIFERENCIADO<br />

Periodontal disease on 3rd age: special care<br />

Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Almeida, Isabella; Abreu, Marcela<br />

RESUMO<br />

A doença periodontal é uma doença infecciosa crônica, que afeta os tecidos periodontais. Essas patologias estão distribuídas<br />

por todo o mundo e representam um problema de saúde bucal importante na saúde dos países. Segundo a OMS, a partir<br />

dos 60 anos os indivíduos são considerados idosos e o processo de envelhecimento envolve alterações fisiológicas em todo o<br />

organismo e na cavidade bucal também. A finalidade deste trabalho é conscientizar os cirurgiões-dentistas, para as alterações<br />

bucais mais encontradas nos idosos, priorizando a doença periodontal, que quando não tratada pode levar à perda dental.<br />

Cabe ressaltar que o desenho da pirâmide etária brasileira está mudando com um aumento considerável, do patamar de<br />

pessoas com mais de 60 anos e este fato justifica uma maior atenção odontológica aos pacientes geriátricos garantindo<br />

qualidade de vida, sem perder de vista o respeito aos limites individuais.<br />

UNITERMOS: doença periodontal, terceira idade<br />

PARÂMETROS PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS PERIIMPLANTARES – REVISÃO DE LITERATURA<br />

Diagnostic parameters of periimplant diseases – review of literature<br />

Raimundo, Mariana Carvalho; Damis, Lúcio Flávio Teixeira<br />

RESUMO<br />

Os parâmetros clínicos e radiográficos estão sendo amplamente utilizados no diagnóstico das doenças periimplantares.<br />

O exame dos tecidos periimplantares por meio desses parâmetros permite a detecção dos sinais e sintomas da Mucosite<br />

Periimplantar e da Periimplantite. Além disso, os estudos atuais mostram um aumento na prevalência dessas alterações o que<br />

sugere a necessidade de um diagnóstico precoce. Os parâmetros clínicos mais comumente utilizados neste diagnóstico são<br />

os índices de placa, índice gengival e de sangramento, a profundidade de sondagem, a posição da margem gengival, o nível<br />

de inserção clínica, a supuração, a quantidade de mucosa queratinizada, o teste de mobilidade e a detecção da perda óssea<br />

radiográfica. Esta revisão de literatura tem como objetivo descrever, discutir e indicar quais os parâmetros clínicos e radiográficos<br />

mais confiáveis que podem ser utilizados na prática clínica diária a fim de diagnosticar as doenças periimplantares.<br />

UNITERMOS: Implantes dentários, diagnóstico, parâmetros.<br />

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EXISTE RELAÇÃO ENTRE DOENÇA PERIODONTAL E ANEMIA FALCIFORME?<br />

Is There Relationship between Periodontal Disease and Sickle Cell Disease?<br />

Faria, Thaís Bacellar de; Santos, Ivanise Barros; Barbosa, Mônica Dourado<br />

RESUMO<br />

A anemia falciforme é uma condição autossômica recessiva caracterizada clinicamente como uma doença inflamatória<br />

crônica. É causada por uma mutação na posição seis da cadeia beta da hemoglobina, originando hemácias em formato de<br />

foice. A anemia falciforme é a doença hereditária de maior prevalência no país, afetando cerca de 0,1% a 0,3% da população<br />

negra. O estado da Bahia apresenta uma alta taxa de indivíduos da raça negra, portanto a prevalência da doença no estado<br />

da Bahia é alta. A incidência é de 1: 650 nascimentos. O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão da literatura sobre a<br />

associação entre doença periodontal e anemia falciforme. As manifestações clínicas da doença são bem descritas na literatura<br />

médica. Algumas alterações orais podem ser observadas neste grupo específico de indivíduos e incluem: osteomielites na<br />

mandíbula, neuropatia do nervo mandibular, necrose pulpar assintomática e calcificação da câmara pulpar, lesões na mucosa<br />

oral, hipomaturação do esmalte e dentina, atraso na irrupção e palidez de mucosas. Alterações radiográficas em região de<br />

molares denominadas “Stepplader” têm sido relatadas. A fisiopatologia da anemia falciforme predispõe os indivíduos à infecções,<br />

existindo plausibilidade biológica para a investigação da doença periodontal neste grupo de indivíduos. Há na literatura estudos<br />

que avaliaram a doença periodontal em indivíduos com anemia falciforme, além do relato de crises falcêmicas desencadeadas<br />

por infecções periodontais. Porém, não há evidência da associação entre a anemia falciforme e a doença periodontal.<br />

UNITERMOS: Anemia falciforme; Periodonto, periodontite.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

painel<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

ANTIBIÓTICOS EM PERIODONTIA: COMO E QUANDO USAR?<br />

Antibiotics in periodontics: how and when to use?<br />

Cristina, Élica; Cordeiro, Rafael; Nunes Filho, José Luciano; Carvalho, Elisabeth<br />

RESUMO<br />

A decisão de usar a antibioticoterapia no tratamento da doença periodontal deve considerar primariamente a história<br />

médica do paciente, o exame clínico, dados laboratoriais e, principalmente, no diagnóstico acurado da doença. Em alguns<br />

casos, só a instrumentação mecânica da área afetada não é o suficiente. Embora tenha sido empregado muito esforço para<br />

controlar a progressão da doença e para identificar os agentes causadores da periodontite nos últimos trinta anos, em raras<br />

situações uma única espécie bacteriana tem sido associada diretamente às doenças periodontais com único fator etiológico<br />

ímpar. Existe, conscientemente, evidências fortes o suficiente para implicar pelo menos três microrganismos como agentes<br />

etiológicos da doença periodontal. Uma literatura abundante claramente indica que o Actinobacillus actinomycetemcomitans<br />

(Aa), está associado a periodontite agressiva tal como a Porphyromonas gingivalis e a Tannarella forsythia que se encontram<br />

em altas proporções nas lesões progressivas, e pode ser considerada como um forte indicador etiológico. Infelizmente nem<br />

a identidade do microrganismo causador, nem a susceptibilidade microbiana a um agente antimicrobiano são facilmente<br />

avaliadas pelos clínicos periodontistas. Como reconhecer o paciente que se beneficiará da terapia adjunta antimicrobiana?<br />

Qual o antimicrobiano que promoverá uma resposta benéfica com o mínimo de efeitos colaterais? O objetivo deste trabalho<br />

é salientar qual a relevância e importância do uso do antibiótico na Periodontia, sendo feita uma revisão das vantagens e<br />

das desvantagens do uso desses, associados ao tratamento periodontal não cirúrgico. A maioria dos pesquisadores em<br />

PERIODONTIA concordam que os microrganismos patogênicos que colonizam o biofilme subgengival são os primeiros<br />

agentes etiológicos nas doenças periodontais destrutivas. Já existem evidências de que a supressão ou erradicação desses<br />

microrganismos resulte na melhoria da saúde periodontal e talvez da saúde sistêmica.<br />

UNITERMOS: Antibióticos, Periodontia, Periodontite.<br />

HÁBITOS NOCIVOS AOS TECIDOS PERIODONTAIS<br />

Harmful habits on periodontal tissues<br />

Carneiro, Daline; Oliveira, Sandro; Pontes, Gleydson; Brito, Andrea; Cury, Patrícia<br />

RESUMO<br />

Apesar de o biofilme dental ser fator etiológico primário da doença periodontal, esta tem caráter multifatorial, de forma<br />

que o estado de saúde do paciente e hábitos nocivos podem também interferir negativamente nos tecidos periodontais. Os<br />

hábitos são classificados segundo a etiologia das doenças periodontais em: a) Neuroses (hábitos que levam a mandíbula<br />

numa posição extra-funcional): como morder lábios ou bochechas, morder palitos ou deixá-los entre os dentes, protrusão de<br />

língua, roer unhas, morder lápis ou canetas, bruxismo; b) Hábitos ocupacionais: segurar pregos/agulhas na boca (sapateiros,<br />

costureiros, estofadores ou carpinteiros), morder roscas de parafuso e pressionar uma palheta durante o uso de certos<br />

instrumentos musicais; c) Heterogêneos: cachimbo, cigarro, mascar fumo, sucção digital e hábitos inadequados de escovação.<br />

Essas forças parafuncionais geram uma série de estímulos no comportamento homeostático do periodonto de sustentação,<br />

do sistema neuromuscular, da ATM e dos dentes. No periodonto, estas alterações podem ser diagnosticadas por recessão<br />

gengival, mobilidade dental e colapso periodontal. Os pacientes podem não estar cientes de seus hábitos nocivos, que podem<br />

ser importantes no início e progressão de suas doenças periodontais e, cabe ao cirurgião-dentista informá-los e adverti-los<br />

sobre o risco de tais práticas.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

DOENÇA PERIODONTAL: AUMENTO GENGIVAL INDUZIDO POR DROGAS ANTI CONVULSIVANTES:<br />

EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL JULIANO MOREIRA – SALVADOR – BAHIA<br />

Periodontal disease: gingival increase induced for drugs anticonvulsants: experiences of the hospital Juliano Moreira –<br />

Salvador - Bahia<br />

Carvalho, Elizabeth Maria Costa de; Oliveira, Eulália Nogueira; Calmon, Lívia<br />

RESUMO<br />

A epilepsia é a condição neurológica grave mais comum que se caracteriza pela tendência a apresentar crises epilépticas<br />

que são as manifestações clínicas decorrentes da descarga síncrona, excessiva e anormal de um grupo de neurônios. Estudos<br />

realizados no Brasil apontam que aproximadamente 1% da população tem epilepsia. Muitas formas de epilepsia são tratáveis e<br />

cerca de 70% dos pacientes têm suas crises controladas com medicamentos e o tratamento precoce é fundamental. A terapia<br />

medicamentosa pode ser realizada com as seguintes drogas: oxcarbazepina, carbamazepina, fenobarbital, fenitoína, ácido<br />

valproíco, dentre outras. A finalidade deste trabalho é relatar casos clínicos de aumento gengival induzido pelo uso diário de<br />

medicações anticonvulsivantes, registrados no Núcleo Docente Assistencial de Odontologia & Saúde Mental –HJM –Salvador,<br />

Bahia. Cabe ressalvar, o papel decisivo da equipe multidisciplinar envolvida na ajuda e cuidado, situados no cruzamento do<br />

cientifico e da compaixão, traduzindo muitas vezes a humanização da atenção e o resgate da cidadania desses pacientes<br />

especiais.<br />

UNITERMOS: drogas anticonvulsivantes, doença periodontal<br />

DOENÇAS PERIODONTAIS<br />

Periodontal Disease<br />

Araujo, Gabriela; Guimarães, Huda; Tunes,Roberta<br />

RESUMO<br />

As doenças periodontais são classificadas de acordo com APP-1999 em I-Doenças gengivais; II- Periodontite Crônica; III-<br />

Periodontite Agressiva; IV- Periodontite com modificação sistêmica; V- Doenças periodontais necrosantes; VI- Abscesso do<br />

periodonto; VII- Desenvolvimentos ou deformidades e condições adquiridas. Este presente trabalho tem como objetivo dar<br />

ênfase a periodontite crônica e agressiva abordando suas características, tais como: CRÔNICA: maior prevalência em adultos;<br />

cálculo subgengival é um achado frequente; progressão lenta a moderada, podendo ter períodos de progressão rápida;<br />

outras e AGRESSIVA: indivíduos clinicamente saudáveis; relação familiar; rápida destruição óssea acompanhada por perda de<br />

inserção; outras. Quanto à classificação a periodontite crônica, se classifica de acordo com os sítios afetados em localizada ou<br />

generalizada e sub dividida também em relação a sua severidade (leve,moderada e severa). A periodontite agressiva, por sua<br />

vez se classifica com as mesmas nomenclaturas só que de acordo com o número de unidades dentárias afetadas. Ressaltando<br />

também as formas tratamento das doenças Periodontais, tais como o plano de tratamento e a execução do mesmo.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

MEDICINA PERIODONTAL<br />

Periodontal medicine<br />

Araújo, Gabriela; Guimarães, Huda; Tunes, Roberta<br />

RESUMO<br />

A medicina periodontal é um tema de grande importância para a odontologia e a medicina. Os profissionais que atuam<br />

nessas áreas e sua clientela devem deixar de encarar as doenças periodontais como problemas restritos à cavidade bucal,<br />

pois existem demonstrações com relação à possibilidade de impacto negativo sobre a saúde no geral. O objetivo do presente<br />

trabalho é fazer um breve relato abordando a origem da Medicina Periodontal e alguns estudos que tratam da condição<br />

periodontal como fator para desencadear ou interferir em algumas condições sistêmicas. O trabalho tem como objetivo, a<br />

consolidação do novo paradigma na Odontologia, que é a medicina periodontal e relacionar as principais doenças sistêmicas<br />

que podem ser influenciadas pelas patologias periodontais. Irá ser demonstrado o histórico da medicina periodontal, no qual<br />

durante anos a odontologia esteve baseada no paradigma cirúrgico-restaurador, com foco voltado para o tratamento das<br />

doenças da cavidade bucal. Porém, desde a Antiguidade existem relatos sugerindo que existe possibilidade de certas condições<br />

sistêmicas terem repercussão sobre a cavidade bucal e vice-versa. Nesse sentido, foi proposto o termo medicina periodontal para<br />

designar o novo paradigma que procura estudar o relacionamento bidirecional entre as doenças periodontais e as condições<br />

gerais do indivíduo. Algumas dessas condições sistêmicas serão discutidas no presente trabalho como a artrite reumatóide,<br />

Diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, parto pré-termo e nascimento de bebês com baixo peso. A<br />

educação em saúde é tão importante quanto os trabalhos científicos e a prática odontológica, por isso cabe a nós da área da<br />

odontologia nos preocupar mais com o papel informativo, não se pode admitir que as doenças da cavidade bucal continuem<br />

sendo vistas como restritas à boca. A sociedade precisa entender que a saúde da boca contribui para a saúde do corpo.<br />

UNITERMOS: Condição sistêmica. Doença periodontal. Medicina periodontal.<br />

O PAPEL DOS VÍRUS NA DOENÇA PERIODONTAL<br />

The role of viruses in periodontal disease<br />

Almeida, Inamari Souza; Ribeiro, Marlos Barbosa; Matos, Talita; Cury, Patricia; Brito, Andrea<br />

RESUMO<br />

O desenvolvimento e progressão da doença periodontal (DP) inclui interações dinâmicas entre os agentes infecciosos e a<br />

resposta imune do hospedeiro. A infecção bacteriana sozinha pode não explicar o padrão agressivo de destruição tecidual e as<br />

fases de atividade/remissão da doença; têm-se procurado outros fatores que atuem junto com o sistema imune do hospedeiro<br />

no curso da DP. Há alguns anos os vírus têm sido associados à etiologia de muitas doenças orais, no entanto, pouca ou<br />

nenhuma consideração foi dada ao envolvimento de vírus humanos na etiologia desta doença. A proposta deste trabalho<br />

é, através de uma revisão de literatura, avaliar o papel dos vírus humanos na etiologia e patogênese da DP. Todos os vírus da<br />

família Herpes causam infecção primária no primeiro contato e tornam-se latentes durante toda a vida do indivíduo. Esses<br />

vírus podem causar DP como resultado direto de sua infecção e replicação, ou resultando de reações da defesa do hospedeiro.<br />

O citomegalovírus humano e herpes simples parecem ser os responsáveis pelas lesões ulcerativas orais, especialmente em<br />

pacientes imunocomprometidos; essas infecções podem acentuar a imunossupressão local, perturbar a imunidade protetora<br />

do periodonto, induzir a produção de citocinas, alterar a integridade estrutural do periodonto e levar ao crescimento de<br />

bactérias periodontopatógenas. Conclui-se, que existem associações diretas e/ou co-adjuvantes entre a DP e os vírus humanos,<br />

que contribuem para a morbidade dos tecidos de suporte do dente, o que torna evidente a necessidade de uma avaliação<br />

completa dos portadores destes vírus.<br />

UNITERMOS: doença periodontal, vírus, herpes<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS DA RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR<br />

Biological principles of the root scaling and planning<br />

Valverde, Larissa de Faro; Amaral, Márcia Daniela Santana do; Viana, Mariana Andrade; Ribeiro, Érica Del Peloso<br />

RESUMO<br />

O tratamento mecânico não-cirúrgico é a primeira conduta clínica proposta e fase indispensável da Terapia Periodontal.<br />

Consiste na raspagem supra e subgengival, além de medidas auto-administrativas de controle de placa. O objetivo do trabalho é<br />

apresentar e discutir a literatura a respeito dos princípios biológicos da Raspagem e Alisamento Radicular (RAR). A desorganização<br />

do biofilme bacteriano, proposta na RAR, visa o controle da doença periodontal e prevenção de sua recidiva. Entretanto,<br />

alguns fatores são determinantes para este sucesso: habilidade do operador, patogenicidade dos microorganismos envolvidos,<br />

resposta imunológica e controle de placa do paciente. A RAR apresenta a diminuição das bactérias periodontopatogênicas<br />

como seu principal aspecto microbiológico, permitindo assim, a diminuição da inflamação gengival, sangramento a sondagem,<br />

supuração, profundidade de sondagem, ganho no nível de inserção clínica e conseqüente formação de epitélio juncional<br />

longo, principalmente nos primeiros meses após o tratamento. Esses resultados são obtidos tanto com instrumentos manuais<br />

ou ultrassônicos ou com ou sem acesso cirúrgico. Pode-se então concluir que a RAR é um procedimento previsível e com<br />

efetividade comprovada.<br />

UNITERMOS: raspagem e alisamento radicular, princípios biológicos, terapia periodontal<br />

DOENÇA PERIODONTAL: ANEMIA FALCIFORME E DOENÇA PERIODONTAL<br />

Sickle cell disease and periodontal disease<br />

Barbosa, Maíra; Nogueira, Laís; Abdon, Luciana; Oliveira, Eulália Nogueira; Carvalho, Elizabeth<br />

RESUMO<br />

A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia que se caracteriza por apresentar uma anormalidade na estrutura da<br />

hemoglobina (HbS), sendo a doença hereditária de maior prevalência no Brasil e particularmente na população negra. A doença<br />

originou-se na África e foi trazida às Américas pelo processo de escravização dos africanos, e atualmente é encontrada em<br />

toda a Europa e em regiões da Ásia. A doença falciforme é predominante entre negros, pardos e afrodescendentes em geral.<br />

Dados oriundos da triagem neonatal apontam, que no nosso Estado entre os nascidos vivos, a incidência de traço falciforme é<br />

de 1:17 e da doença é de 1:650. Com base nestes dados, calcula-se que nasçam por ano, no país,cerca de 3500 crianças com<br />

doença falciforme e 200.000 portadores do traço. O diagnóstico laboratorial da doença falciforme é realizado pela detecção<br />

da Hb S, a técnica mais eficaz é a eletroforese de hemoglobina. Além de atingir pulmão, cérebro, baço, pele, rins e fígado, esta<br />

patologia também apresenta manifestações bucais dentre elas destacamos: glossite atrófica, queilite angular, parestesia do<br />

nervo mandibular e alterações periodontais. O objetivo deste trabalho é descrever as alterações bucais diagnosticadas com<br />

maior freqüência entre os portadores de anemia falciforme, com enfoque especial na doença periodontal, que pode levar à<br />

perda dental precoce. No Brasil, tendo em vista a importância epidemiológica significativa da anemia falciforme, advinda da<br />

sua alta prevalência e da morbimortalidade, o cenário determinado nos permite afirmar que esta patologia deve ser encarada<br />

como um problema de saúde pública.<br />

UNITERMOS: anemia falciforme, doença periodontal.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

ASPECTOS CLÍNICOS DA PERIODONTITE AGRESSIVA<br />

Clinical aspects of agressive periodontitis<br />

Cardoso, Filipe; Aragão, Paulo; Pereira, Francisco; Brito, Andrea; Cury, Patrícia; Carvalho, Elizabeth<br />

RESUMO<br />

O sistema atual de classificação proposto pela Academia Americana de Periodontia classifica a periodontite agressiva<br />

com base em achados clínicos, radiográficos, históricos e laboratoriais nas formas localizada e generalizada. Na periodontite<br />

agressiva localizada ocorre o comprometimento, principalmente, dos dentes incisivos e primeiros molares permanentes. A<br />

forma generalizada da periodontite agressiva mostra episódios pronunciados de destruição periodontal e sinais mais evidentes<br />

de inflamação dos tecidos periodontais. Fatores genéticos, ambientais, imunológicos e microbiológicos estão associados à<br />

etiologia da periodontite agressiva e devem ser levados em consideração juntamente com os aspectos clínicos e radiográficos<br />

na hora de fechar o diagnóstico corretamente. O tratamento da periodontite agressiva pode ser pela combinação entre a<br />

terapia mecânica não cirúrgica, cirúrgica e antimicrobiana. O acompanhamento em longo prazo é fundamental devido à<br />

possibilidade de reinfecção. O objetivo deste trabalho é revisar as formas de apresentação da periodontite agressiva, sua<br />

etiologia, diagnóstico, formas de tratamento e prognóstico.<br />

CIRURGIA FLAPLESS PARA INSTALAÇÃO DE IMPLANTE DENTÁRIO<br />

Flapless surgery for placement of dental implants<br />

Luz, Claudia Oliveira; Amorim, Paula de Sant’Ana; Souza, Bury Luis Augusto Lordelo; Campista, Christian Cezane Cardoso;<br />

Barbosa, Ricardo Guanaes; Dourado, Viviane Coelho<br />

RESUMO<br />

Antigamente a cirurgia sem retalho era uma opção que não fazia parte do tratamento em pacientes com indicação de<br />

implantes dentários. Hoje é uma realidade que requer habilidade do profissional e total conhecimento da anatomia da área<br />

onde será inserido o implante. Este caso clínico ressalta como objetivo principal a importância de se avaliar a condição anatômica<br />

da região a ser inserido o implante e a destreza técnica do cirurgião na execução de uma cirurgia sem retalho para inserção<br />

de implantes dentários como alternativa de tratamento para pacientes sistemicamente comprometidos. Após recuperação de<br />

espaço perdido da unidade 3.6 através do uso de aparelho ortodôntico, a paciente M.A.S, 28 anos, hipertensa controlada,<br />

submeteu-se à instalação de implante dentário sem retalho cirúrgico para repor essa unidade perdida após análise criteriosa<br />

da localização do Nervo Alveolar Inferior, avaliação da altura óssea do rebordo remanescente e largura óssea através do uso<br />

da sonda periodontal Hu-Friedy 15mm e radiografias. Imediatamente após instalação do implante o cicatrizador foi colocado<br />

com o intuito de proporcionar condicionamento gengival. Esta técnica minimiza os riscos pós-operatórios e dispensa a sutura<br />

facilitando o controle de placa pelo paciente, além do conforto da técnica no trans-cirúrgico. Considerando que a habilidade<br />

do cirurgião e o conhecimento de anatomia sejam essenciais essa técnica cirúrgica se torna uma real opção dentro dos<br />

consultórios odontológicos na prática clínica da implantodontia, principalmente para àqueles pacientes odontofóbicos ou<br />

com algum comprometimento sistêmico que não contra-indique o procedimento.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

TÉCNICA DO RÔLO COMO ALTERNATIVA ESTÉTICA PARA IMPLANTES ANTERIORES<br />

Roll’s Technique as an Alternative For Esthetic Implant Previous<br />

Luz, Claudia Oliveira; Cotias, Vânia Lima; Souza, Ricardo Guanaes Barbosa; Campista, Christian Cezane Cardoso; Dourado,<br />

Viviane Coelho<br />

RESUMO<br />

A estética é considerada, para a maioria dos pacientes, um fator fundamental na reabilitação oral. Muitos profissionais<br />

se preocupam em restabelecer a função mastigatória, mas esquecem de agregar o fator estético. Este caso clínico objetivou<br />

tratar um defeito ósseo anterior unitário em região de implante dentário utilizando a técnica do rolo. Paciente, E.A., 35<br />

anos, sexo feminino, após instalação de implante dentário unitário na região da unidade 2.2 realizou, como alternativa<br />

para correção do defeito ósseo em área estética, cirurgia de tecido mole pela técnica do rolo. Após o período de reparação<br />

tecidual a prótese unitária definitiva foi instalada e observou-se o resultado altamente satisfatório estético e funcional<br />

do tecido mole inclusive das papilas interdentárias favorecendo o sorriso mais estético e harmônico para a paciente.<br />

Conclui-se que a técnica do rolo é uma ótima opção para aqueles pacientes que têm tecido ósseo para instalação de implantes,<br />

mas que não possuem espessura tecidual em região anterior comprometendo a estética da prótese final, diminuindo, inclusive<br />

a morbidade para o paciente.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

REVISORES<br />

Alcione Maria Soares Dutra de Oliveira<br />

Alexandre Prado Scherma<br />

André Luiz Pataro<br />

Caio Vinícius Gonçalves Ronan Torres<br />

Davi Romeiro Aquino<br />

Fernando de Oliveira Costa<br />

Gilson Cesar Nobre Franco<br />

José Eustáquio da Costa<br />

José Roberto Cortelli<br />

Luís Otávio de Miranda Cota<br />

Marinella Holzhausen<br />

Mônica Cesar do Patrocínio<br />

Sheila Cavalca Cortelli<br />

Contribuíram ainda para essa edição 129 revisores os quais avaliaram os resumos científicos apresentados no 1º ENCONTRO<br />

DE PERiODONTIA DA BAHIA.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

Sociedade Brasileira de Periodontia<br />

Normas para Preparação de Artigos<br />

Normas gerais<br />

Os artigos para a publicação na REVISTA PERIODONTIA da SOBRAPE deverão ser inéditos e redigidos em português,<br />

inglês ou espanhol. Artigos originais de pesquisa terão prioridade para apreciação, mas artigos de revisão e relatos de casos<br />

ou técnicas, de interesse na Periodontia, também poderão ser incluídos. A REVISTA PERIODONTIA reserva todos os direitos<br />

autorais do trabalho publicado. As informações contidas nos originais e publicadas na revista são de inteira responsabilidade<br />

do(s) autor(es), não refletindo necessariamente, a opinião do Corpo Editorial da revista ou a posição da SOBRAPE.<br />

Envio do Material<br />

Os arquivos abaixo indicados deverão ser submetidos para a <strong>Revista</strong> Periodontia pelo site www.sobrape.org.br.<br />

- Artigo (Seguir o item “Apresentação do material” )<br />

- Declaração de conflito de interesses (Disponível no site – Formulários)<br />

- Lista de conferência pré-submissão (Disponível no site – Formulários)<br />

Apresentação do material<br />

Os artigos deverão ser digitados em Word para Windows, com fonte Arial, tamanho 12, justificado, em folhas de papel A4<br />

numeradas consecutivamente. Deve ser usado espaço duplo com margem de 2,5 centímetros de todos os lados. As laudas<br />

deverão ter em média 1.600 toques (26 linhas de toques), perfazendo no máximo 20 páginas (excluindo gráficos, figuras e<br />

tabelas).<br />

Seleção de artigos<br />

A seleção dos artigos enviados à REVISTA PERIODONTIA será realizada pelo Conselho Editorial, que dispõe de autoridade<br />

para decidir sobre sua aceitação. No processo de revisão e aprovação, que será realizado em pares, serão avaliados: originalidade,<br />

relevância, metodologia e adequação às normas de publicação.<br />

Considerações Éticas<br />

Estudos que envolvam seres humanos deverão estar de acordo com a RESOLUÇÃO 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,<br />

e terem sido aprovados pela Comissão de Ética da Unidade /Instituição em que foram realizados. As mesmas considerações<br />

são feitas para estudos em animais. O número de aprovação do comitê deverá estar presente no artigo.<br />

Estudos clínicos<br />

A <strong>Revista</strong> Periodontia estimula que os pesquisadores responsáveis por estudos clínicos façam os registros dos mesmos<br />

(www.clinicaltrials.gov).<br />

Relatos de estudos clínicos randomizados devem contemplar os critérios disponíveis em: http://www.consort-statement.org/<br />

Estrutura do artigo<br />

O trabalho deverá ser numerado (canto inferior direito) e dividido conforme os itens abaixo:<br />

Primeira página (página 1):<br />

- Página de título (Português e Inglês – para artigos redigidos em português; Espanhol e Inglês – para artigos redigidos<br />

em espanhol; Inglês – para artigos redigidos em inglês): deverá conter o título do artigo em negrito, o nome dos autores<br />

numerados de acordo com a filiação (instituição de origem, cidade, país), a principal titulação dos autores de forma resumida<br />

(sem nota de rodapé) e endereço do autor correspondente (contendo o endereço eletrônico – e-mail). As demais páginas<br />

devem ser na forma de texto contínuo.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

Exemplo:<br />

Associação do PDGF e IGF na Regeneração Periodontal – Revisão de Literatura<br />

Fernando Hayashi 1 , Fernando Peixoto 1 , Chistiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2<br />

1<br />

Mestrandos em Periodontia da FOUSP<br />

2<br />

Professor titular de Periodontia da FOUSP<br />

Segunda página (página 2):<br />

- Resumo: deve fornecer uma visão concisa e objetiva do trabalho, incluindo objetivos, material e métodos, resultados e<br />

as conclusões. Deve conter no máximo 250 palavras (incluindo pontos, vírgulas etc).<br />

- Palavras-chave: são palavras ou expressões que identificam o conteúdo do texto. Para sua escolha, deverá ser consultada<br />

a lista “Descritores em Ciências de Saúde – DECS”, da BIREME. Número de palavras-chave: máximo 6.<br />

OBS: Para artigos redigidos em língua estrangeira, Espanhol ou Inglês, o item Resumo não configura item obrigatório.<br />

Terceira página (página 3):<br />

- Abstract e Keywords: cópia precisa e adequada do resumo e palavras-chave em Inglês. Deverá ser consultada a lista<br />

“Medical subject headings”. Disponível em www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html. Número de Keywords: máximo 6.<br />

- Sugere-se para autores não-nativos que procurem assistência com a sua escrita utilizando instituições especializadas<br />

como American Journal Experts (http://www.journalexperts.com)<br />

Quarta e demais páginas (página 4 e demais):<br />

- Introdução: é o sumário dos objetivos do estudo, de forma concisa, citando as referências mais pertinentes. Também<br />

deve apresentar as hipóteses em estudo e a justificativa do trabalho.<br />

- Material e Métodos: devem ser apresentados com suficientes detalhes que permitam confirmação das observações<br />

encontradas, indicando os testes estatísticos utilizados.<br />

- Resultados: as informações importantes do trabalho devem ser enfatizadas e apresentadas em sequência lógica no<br />

texto, nas figuras e tabelas, citando os testes estatísticos. As tabelas e figuras devem ser numeradas (algarismo arábico)<br />

e citadas durante a descrição do texto. Cada tabela deve conter sua respectiva legenda, citada acima, em espaço duplo,<br />

em página separada, no final do artigo depois das referências. As figuras também devem estar localizadas em páginas<br />

separadas, no final do texto, porém, as legendas devem estar localizadas a baixo.<br />

- Discussão: os resultados devem ser comparados com outros trabalhos descritos na literatura, onde também podem<br />

ser feitas as considerações finais do trabalho.<br />

- Conclusão: deve responder: objetivamente aos questionamentos propostos.<br />

- Agradecimentos (quando houver): a assistências técnicas, laboratórios, empresas e colegas participantes.<br />

- Referências Bibliográficas: Essa seção será elaborada de acordo com as Normas Vancouver (disponíveis em: www.<br />

icmje.org), devendo ser numeradas sequencialmente conforme aparição no texto. E, as abreviações das revistas devem<br />

estar em conformidade com o Index Medicus/ MEDLINE.<br />

Todos os autores da obra devem ser mencionados.<br />

Exemplos – Normas Vancouver:<br />

Artigo de <strong>Revista</strong>:<br />

1. Lima RC, Escobar M, Wanderley Neto J, Torres LD, Elias DO, Mendonça JT et al. Revascularização do miocárdio sem<br />

circulação extracorpórea: resultados imediatos. Rev Bras Cir Cardiovasc 1993; 8: 171-176.<br />

Instituição como Autor:<br />

1. The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing. Safety and performance guidelines.<br />

Med J Aust 1996; 116:41-42.<br />

Sem indicação de autoria:<br />

1. Cancer in South Africa. [editorial]. S Af Med J 1994; 84-85.<br />

Capítulo de Livro:<br />

1. Mylek WY. Endothelium and its properties. In: Clark BL Jr, editor. New frontiers in surgery. New York: McGraw-Hill; 1998.<br />

p.55-64.<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

112<br />

Livro:<br />

1. Nunes EJ, Gomes SC. Cirurgia das cardiopatias congênitas. 2a ed. São Paulo: Sarvier; 1961. p.701.<br />

Tese:<br />

1. Brasil LA. Uso da metilprednisolona como inibidor da resposta inflamatória sistêmica induzida pela circulação extracorpórea<br />

[Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1999. 122p.<br />

Eventos:<br />

1. Silva JH. Preparo intestinal transoperatório. In: 45° Congresso Brasileiro de Atualização em Coloproctologia; 1995; São<br />

Paulo. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Coloproctologia; 1995. p.27-9.<br />

1. Minna JD. Recent advances for potential clinical importance in the biology of lung cancer. In: Annual Meeting of the<br />

American Medical Association for Cancer Research; 1984 Sep 6-10. Proceedings. Toronto: AMA; 1984;25:293-4.<br />

Material eletrônico:<br />

Artigo de revista:<br />

1. Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun<br />

5]; 1(1):[24 screens]. Disponível em: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm<br />

Livros:<br />

1. Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and allergies too [monograph online]. New York: Health<br />

On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em : URL: http://www.sinuses.com<br />

Capítulo de livro:<br />

1. Tichenor WS. Persistent sinusitis after surgery. In: Tichenor WS. Sinusitis: treatment plan that works for asthma and<br />

allergies too [monograph online]. New York: Health On the Net Foundation; 1996. [cited 1999 May 27]. Disponível em:<br />

URL: http://www.sinuses.com/postsurg.htm<br />

Tese:<br />

1. Lourenço LG. Relação entre a contagem de microdensidade vasal tumoral e o prognóstico do adenocarcinoma gástrico<br />

operado [tese online]. São Paulo: Universidade Federal de São Paulo; 1999. [citado 1999 Jun 10]. Disponível em: URL:http://<br />

www.epm.br/cirurgia/gastro/laercio<br />

Eventos:<br />

1. Barata RB. Epidemiologia no século XXI: perspectivas para o Brasil. In: 4° Congresso Brasileiro de Epidemiologia [online].;<br />

1998 Ago 1-5; Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1998. [citado 1999 Jan 17]. Disponível em:<br />

URL: http://www.abrasco.com.br/epirio98<br />

Informações adicionais podem ser obtidas no seguinte endereço eletrônico: http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_<br />

requirements.html<br />

- Citações no texto: Ao longo do texto, deve ser empregado o sistema autor-data. Segundo as normas Vancouver,<br />

apenas a primeira letra do sobrenome do autor é grafada em maiúscula, sendo o ano da publicação apresentado entre<br />

parênteses. Trabalhos com até dois autores, têm ambos os sobrenomes mencionados no texto, separados por “&”.<br />

Trabalhos com três ou mais autores, terão ao longo do texto mencionado apenas o primeiro seguido da expressão “et al”.<br />

Se um determinado conceito for suportado por vários estudos, para a citação desses, deverá ser empregada a ordem<br />

cronológica das publicações. Nesse caso, o ano de publicação é separado do autor por vírgula (“,”) e as diferentes publicações<br />

separadas entre si por ponto e vírgula (“;”).<br />

- Declaração de conflitos de interesse e fomento: esse é um item obrigatório que deve ser conciso indicando: a) se<br />

houve apoio financeiro de qualquer natureza devendo-se nesse caso mencionar nominalmente a agência de fomento e<br />

b) se há qualquer tipo de conflito de interesse relacionado à pesquisa em questão. Em casos negativos sugere-se o uso<br />

da frase<br />

Os autores declaram a inexistência de conflito de interesse e apoio financeiro relacionados ao presente artigo.<br />

- Figuras e Tabelas<br />

As tabelas e figuras deverão ser apresentadas em folhas separadas após a seção: Referências Bibliográficas (uma tabela/<br />

figura por folha com a sua respectiva legenda).<br />

Figuras em formato digital (arquivo JPG ou TIFF): Resolução de 300 DPIs.<br />

As imagens serão publicadas em preto e branco. Caso haja interesse dos autores há possibilidade de impressão colorida<br />

das imagens, havendo custo adicional de responsabilidade dos autores.


VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

Sociedade Brasileira de Periodontia<br />

Guidelines to Preparation and Publication of Manuscripts<br />

General guidelines<br />

The articles to be published at the REVISTA PERIODONTIA from SOBRAPE should not have been published before and<br />

should be written in Portuguese, English or Spanish. Original research articles will receive priority for consideration but, review<br />

articles, and report of cases or techniques in Periodontology, could also be included. The REVISTA PERIODONTIA reserves all<br />

the authorial rights from the published manuscript. The information contained in the originals and published in the journal will<br />

be the responsibility of the author(s), and do not necessarily reflect the Editorial Board’s opinion or the position of SOBRAPE.<br />

Submission<br />

To submit your paper access www.sobrape.org.br<br />

The letter of submission should be signed by all the authors and attached as a supplementary file (JPEG or PDF format)<br />

during submission.<br />

Letter of Submission:<br />

Title: __________________________________________<br />

We hereby state that the material which is being submitted to the REVISTA PERIODONTIA from SOBRAPE is original and<br />

has not been published elsewhere. We agree that the copyright ownership of the work belong to the REVISTA PERIODONTIA.<br />

We are responsible for all the ethical aspects and for all the information contained in the article.<br />

Manuscript format and Structure<br />

The articles should be typed in Arial 12 on A4 paper using the Word processor from Windows. They should be doublespaced<br />

and the margins should be 3 cm on all sides. The pages should have an average of 1600 characters (26 lines). The<br />

maximum number of pages is 20, excluding the references, graphs, figures and tables.<br />

The pictures should be presented in one of the following options:<br />

1- Photographic prints should have a minimum size of 15 cm x 10 cm and should be identified and numbered on the back;<br />

2- Digitalized images in JPG file with 300 DPIs resolution and minimum size of 15 cm x 10cm should be sent separated<br />

from the body of the text and properly identified. Ex. (If the picture’s name that appears in the text is FIG.01, than the<br />

file’s name should be FIG.01.JPG);<br />

3- Digitalized images in TIFF file with 300 DPIs resolution and minimum size of 15 cm x 10cm should be sent separated<br />

from the body of the text and properly identified. Ex. (If the picture’s name that appears in the text is FIG.01, than the<br />

file’s name should be FIG.01.TIFF);<br />

The digital images that do not attend to these specifications should be sent for technical analysis regarding the viability<br />

to be published.<br />

4- The legends should appear in a separated page, indicating the correct sequence.<br />

5- The images will be published in black-and-white. There is a charge to the authors for publication of Color illustrations<br />

Selection of the articles<br />

The selection of the articles sent to the REVISTA PERIODONTIA will be performed by the Editorial Board, which has the<br />

authority to decide about their approval. In the review and approval process, which is going to be performed by a pair of<br />

reviewers, it is going to be evaluated: originality, methodological relevance, and adequacy to the publication guidelines.<br />

Ethical considerations<br />

Studies involving human subjects must be in accordance with the Helsinki Declaration of 1975, as revised in 1983, and must<br />

have been approved by the author’s institutional ethical committee. The same considerations are valid for studies involving<br />

animals. The committee’s certificate of approval should be sent by mail or fax, and the protocol number should be present<br />

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VOL. 21 - Nº 01 - MARÇO 2011<br />

in the body of the text.<br />

Clinical trial<br />

<strong>Revista</strong> Periodontia encourages the Principal Investigators to register the Clinical trial studies (www.clinicaltrials.gov).<br />

Randomized clinical trial should follow the CONSORT guidelines (http://www.consort-statement.org/).<br />

Manuscript format<br />

The manuscripts should be divided according to the following sections:<br />

1- Title page (papers written in English): should contain the manuscript’s title written in bold, the name of each author<br />

numbered according to their affiliation (institution, city, country), the highest academic degree of each author, and the address<br />

of the author responsible for correspondence. The following pages should be presented in a continuous text form.<br />

Ex: Association of PDGF and IGF in Periodontal Regeneration – a review of the literature<br />

Fernando Hayashi 1 , Fernado Peixoto 1 , Christiane Watanabe Yorioka 1 , Francisco Emílio Pustiglioni 2 ,<br />

1<br />

MSc students in Periodontology, FOUSP<br />

2<br />

PhD in Periodontology, FOUSP<br />

2- Abstract: should give a concise and objective view of the research, including objectives, methods, results and conclusions.<br />

It should consist of no more than 1300 characters including dots, commas, etc…<br />

3- Key words: they are the words or short phrases that identify the text’s content. For your choice, you should consult<br />

the MeSH documentation. Number of key words: maximum of 6.<br />

4- Introduction: it is a concise summary of the objectives of the study, and should cite the most relevant previous work.<br />

It should also present the hypothesis and the justification of the study.<br />

5- Methods: should be presented in sufficient details so that it allows the confirmation of the findings, indicating the<br />

statistical analysis applied, when it is necessary.<br />

6- Results: the relevant information of the work should be emphasized and presented in a logical sequence through the<br />

body of the text, figures, and tables, always making reference of the statistical tests that were used. The tables and figures<br />

should be numbered by Arabic numbers in the order of their appearance in the body of the text. Each table should contain<br />

its respective legend, which should be cited in the upper part of the table and prepared double-spaced on a separate page,<br />

after the references section. The figures should also be localized in a separate page, at the end of the text; however, their<br />

legends should be cited above them.<br />

7- Discussion: the results should be compared to previous work in the literature. Final considerations about the work<br />

should also be given in this section.<br />

8- Conclusion: it should objectively answer the proposed questionings.<br />

9- Acknowledgements: Under acknowledgements please specify contributors to the article other than the authors<br />

accredited.<br />

10- References: should be numbered in alphabetical order by the author’s last name and should be written according<br />

to MEDLINE’s style (Vancouver). The references in the text should be identified by the author’s name and should be written<br />

in bold followed by the year of publication, without numbering (ex: LASCALA, 1989)<br />

In the cases where there are only two authors, the names should be separated by & (LANGER & LANGER, 1985). If there<br />

are more than two authors, it should be used the expression et al (SALLUM et al, 1998)<br />

Examples of references:<br />

Journals: 1.Blomlof JP, Blomlof LB, Lindskog SF. Smear removal and collagen exposure after non-surgical root planing<br />

followed by etching with an EDTA gel preperation. J Periodontol 1996; 67:841-845<br />

Books: 2. Shafer WG, Hine MK, Levy BM. Tratado de Patologia Bucal.4th ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara,1987.<br />

Chapter in a book: 3. Wton RE, Rotstein I. Bleaching discolored teeth: internal and external. In: Principles and Practice<br />

of Endodontics. Walton RE. Ed. Vil 2. Philadelphia: WB Saunders: 1996.p385-400<br />

Dissertation or thesis: 4. Hyde DG. Physical properties of root canal sealers containing calcium hydroxide. [Mestrado].<br />

Michigan: University of Michigan; 1986. 80 p.<br />

11 – Conflict of interest and sources of funding: Authors are required to disclose all sources of institutional, private<br />

and corporate financial support for their study. Authors are also required to disclose any potential conflict of interest.<br />

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