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Anais do I Congresso de Bioetica e Bem-Estar Animal - Unoesc

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<strong>Anais</strong> <strong>do</strong> I <strong>Congresso</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e<br />

I Seminário Nacional <strong>de</strong> Biossegurança e Biotecnologia <strong>Animal</strong><br />

DOR, SENCIÊNCIA E BEM-ESTAR EM ANIMAIS<br />

GRANDES ANIMAIS<br />

Pedro Isidro da Nóbrega NETO <br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que to<strong>do</strong>s os animais vertebra<strong>do</strong>s são seres sencientes, ou<br />

seja, capazes <strong>de</strong> sentir, <strong>de</strong> interagir com outros animais e com seu ambiente, <strong>de</strong>vemos<br />

reportarmos que todas as espécies <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> produção hoje explora<strong>do</strong>s pelo homem<br />

são capazes <strong>de</strong> experimentar tais sentimentos, inclusive <strong>do</strong>r e prazer.<br />

Durante muito tempo a <strong>do</strong>r foi negligenciada, tanto em animais quanto em pessoas.<br />

No entanto, mesmo após décadas <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> geração da <strong>do</strong>r<br />

no homem, muitas dúvidas ainda pairam sobre este fenômeno nos animais. Mesmo o<br />

pensamento <strong>de</strong> que alguns animais não sentem <strong>do</strong>r, especialmente tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> animais<br />

<strong>de</strong> produção, ainda po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong> em comunida<strong>de</strong>s menos instruídas.<br />

A <strong>do</strong>r po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como uma experiência sensorial e emocional aversiva,<br />

que alerta o indivíduo sobre uma lesão ou ameaça à integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus teci<strong>do</strong>s. Ela altera<br />

o comportamento e a fisiologia <strong>do</strong> animal, tentan<strong>do</strong> evitar ou reduzir o dano tecidual,<br />

diminuir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrência e/ou promover a recuperação (MOLONY e KENT,<br />

1997).<br />

Como os animais <strong>de</strong> produção, particularmente ruminantes, têm comportamento<br />

relativamente tranquilo, é possível que os mesmos não <strong>de</strong>monstrem sinais <strong>de</strong> estresse e<br />

<strong>do</strong>r <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> claro, levan<strong>do</strong> a erros <strong>de</strong> avaliação pelos observa<strong>do</strong>res. Este comportamento<br />

po<strong>de</strong>, inclusive, ser resquício <strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s que, sen<strong>do</strong> animais preda<strong>do</strong>s,<br />

possivelmente obtinham vantagem em não <strong>de</strong>monstrarem sinais <strong>de</strong> <strong>do</strong>r ou <strong>do</strong>ença, o que,<br />

fatalmente, seria percebi<strong>do</strong> pelo preda<strong>do</strong>r e os tornaria presas fáceis. Portanto, méto<strong>do</strong>s<br />

para mensurar-se objetivamente <strong>do</strong>r e bem-estar em animais <strong>de</strong> produção precisam ser<br />

muito bem estuda<strong>do</strong>s, antes que possam-se obter resulta<strong>do</strong>s fi<strong>de</strong>dignos <strong>de</strong> tais avaliações<br />

(FITZPATRICK et al., 2006).<br />

A <strong>do</strong>r é produzida a partir da estimulação <strong>de</strong> receptores periféricos e transportada<br />

pelas fibras nervosas até a medula espinhal, daí encaminhan<strong>do</strong>-se ao tálamo, no sistema<br />

nervoso central. Uma vez no cérebro, estes estímulos provocam respostas reflexas e<br />

corticais. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> grau <strong>do</strong> estímulo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante, ela po<strong>de</strong> durar poucos minutos<br />

ou persistir por toda a vida <strong>do</strong> indivíduo (THURMON et al., 1996).<br />

Os animais <strong>de</strong> produção estão sujeitos a diversos fatores agressores, que<br />

potencialmente ou realmente produzem <strong>do</strong>r, em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> manejo a que são<br />

submeti<strong>do</strong>s, tais como: cau<strong>de</strong>ctomia, castração e <strong>de</strong>scorna em ruminantes; cau<strong>de</strong>ctomia,<br />

castração e corte <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes em suínos; <strong>de</strong>bicagem em aves; <strong>do</strong>ma não-racional, castração<br />

e cau<strong>de</strong>ctomia em equinos; e marcação com ferro quente ou química em várias espécies<br />

(DUNCAN, 2005). Em algumas regiões, os ruminantes <strong>de</strong> pequeno porte e suínos ainda<br />

são submeti<strong>do</strong>s a um tipo especial <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, o qual consiste no corte parcial <strong>de</strong> uma<br />

Médico Veterinário, Especialização em Clínica Médica e Reprodução <strong>de</strong> Ruminantes, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba - UFPB, Mestra<strong>do</strong> em Medicina<br />

Veterinária pela Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais - UFMG, Doutora<strong>do</strong> em Medicina Veterinária pela UNESP/Botucatu, Professor Adjunto<br />

da Unida<strong>de</strong> Acadêmica <strong>de</strong> Medicina Veterinária - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campina Gran<strong>de</strong> - UFCG, Campus <strong>de</strong> Patos, Paraíba/PB, 58700-970, e-mail:<br />

pedroisidronn@yahoo.com.br<br />

Sistema CFMV/CRMVs - Comissão <strong>de</strong> Ética, Bioética e <strong>Bem</strong>-<strong>Estar</strong> <strong>Animal</strong> e Comissão <strong>de</strong> Biotecnologia e Biossegurança

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